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RESUMO FUNDAMENTOS DA PSICANALISE 1º BIMESTRE

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A PRÉ HISTORIA DA PSICANÁLISE
A consciência da Loucura
Século XVI, foi um século crítico, por conta das grandes descobertas, pelas invenções, pelas transformações políticas e religiosas.
Montaigne volta-se para si próprio, para sua consciência, e tenta desesperadamente encontrar nela a garantia da distinção entre o verdadeiro e o falso. O que ele encontrou foi o vazio do ceticismo e a ausência de qualquer garantia. Ele permaneceu na duvida e no ceticismo. Descartes faz da duvida dele, não um ponto final, mas o ponto de partida de seu pensamento. Partindo da duvida, Descartes chega a certeza do cogito, feito pela razão.
Ao desvario e as incertezas da consciência no século XVI, seguiu-se a ordem da racionalidade da consciência no século XVII. Ela fazia parte de uma divisão mais ampla que colocou frente a frente a identidade e a diferença.
O século XVII, foi aquele que realizou a partilha entre razão e a desrazão, foi um momento de emergência da loucura, onde a razão produziu a loucura.
- relação entre a loucura e o asilo, e a relação entre o saber e o poder psiquiátrico.
O fundamental a se destacar no estudo de Foucault é o fato de que para ele, a loucura não se apresenta como uma substância que, tendo permanecido longo tempo oculta pela ignorância, fez finalmente seu aparecimento sob a visada aguda da racionalidade do século XVIII. Literalmente , a loucura não existia, o que existia era a diferença, e o lugar da diferença. 
Podemos falar do louco como um dos ocupantes desse espaço juntamente com o alcoólatra, o vagabundo, o delinquente, o sifilítico, ou o que restava dos leprosos. O que se tem nessa época é a consciência da diferença, que era vista como forma de suprema sabedoria, para se perder em seguida no mistério da diferença pura.
O que se tinha era a denuncia da loucura, e não a definição de sua especificidade ou das formas de sua aparição. Foi a visão cartesiana, do mundo que impôs que a denuncia da loucura fosse seguida de uma partilha tornando irredutíveis os termos de razão-desrazão. Era fundamental, naquele momento, que se estivesse de um lado ou de outro, não poderia mais haver lugar para a duvida.
O ponto mais significativo a ser destacado na visão cartesiana da loucura, é que segundo ela, como já vimos, a loucura não atingia o pensamento, mas apenas o homem. Não havia segundo Descartes, um pensamento louco, o pensamento era exatamente aquilo que por ser regulado pela razão, opunha-se a loucura. Ficar louco implica exatamente na perda da racionalidade. O homem pode ficar louco, mas seu pensamento não.
Se no século XVII o que distinguia o homem do animal era a racionalidade, então o louco identificava-se como um animal. Dai as praticas de dominação da loucura, num certo período, terem adquirido características idênticas as empregadas para se dominar um animal bravio.
A partir da denuncia da loucura, surge a consciência dos seus modos de aparição. Esse é o momento em que a loucura emerge como objeto do saber e não apenas como diferença a ser segregada e asilada. Produzir o saber sobre a loucura, é produzir a própria loucura.
O louco é o efeito da convergência de principalmente duas séries: a série asilar e a série médica. Isso significa que a loucura foi fabricada, sendo que a grande fábrica foi o hospital e que o grande artesão foi o psiquiatra. Se é possível falarmos numa substância louca, esta foi produzida no grande laboratório em que se transformou o hospital no século XVIII.
O Saber Psiquiátrico
A produção da loucura implica tanto um conjunto de praticas de dominação e controle, como a elaboração de um saber. Importava a psiquiatria, apresentar o louco como um indivíduo perigoso, e o psiquiatra como aquele que poderia resguardar a sociedade da ameaça que ele representava. O saber nesse caso, vinha no sentido de apontar de forma absoluta, se o indivíduo era ou não louco. O diagnóstico psiquiátrico, como salienta ainda Foucault, não era diferencial, mas absoluto.
O passo seguinte ao da denuncia da loucura, não era propriamente a cura, mas o controle disciplinar do individuo. O louco não era curado, mas sim, domado. A loucura deixa de ser vista apenas como desrazão, para ser vista também como paixão descontrolada. A cura não é mais a recuperação da verdade, mas sim, o retorno da ordem.
O interrogatório e a confissão
O interrogatório é uma das formas privilegiadas da articulação entre o poder e o saber psiquiátrico. Seu objetivo é a busca de antecedentes, e a obtenção de uma confissão.
Na impossibilidade de localizar no corpo do individuo a substância louca, a psiquiatria procurava esse substrato na família do louco. A loucura é a doença sem corpo, uma doença mental.
O interrogatório era a forma de chegar as lembranças infantis, individuais e familiares, que indicariam os antecedentes da doença. Antes de aparecer no individuo a loucura já estava presente como disposição hereditária. Essa hereditariedade familiar passa a ser dessa forma, o modo de substancialização da loucura.
Mas o saber obtido pelo interrogatório não era suficiente, não possuía valor terapêutico, era apenas prova de verdade. O objetivo final do interrogatório era a obtenção de uma confissão, isto é, o reconhecimento por parte do paciente, de sua própria loucura, através dela o doente se livraria do mal.
A loucura experimental
O problema principal ainda não estava resolvido, que era descobrir o que era a loucura. Todo esforço da psiquiatria no século XIX, ainda estava voltado no sentido de se encontrar um critério seguro para se distinguir a loucura da simulação.
O psiquiatra era capaz de identificar a loucura, mas não sabia o que ela era, sua relação com o louco, era de exclusão.
A possibilidade de compreensão da loucura é propiciada por Moreau de Tours com seus experimentos sobre o haxixe. Ele inverte o procedimento: ele aplica a droga em si próprio, procurando produzir os mesmos sintomas da loucura, e não indireto como obtido pela observação do outro ou pelo interrogatório. É a loucura produzida experimentalmente.
A partir de Moreau de Tours, a relação do psiquiatra com a loucura deixa de ser uma relação de exterioridade, e este era o caminho para sua compreensão. Fica criando um espaço comum ao normal e ao patológico. Moreau vai mais longe ainda, ele diz que o sonho produz as mesmas características da loucura. O sonho é a loucura do indivíduo adormecido enquanto os loucos são sonhadores acordados. Dessa forma, o sonho é o acontecimento que mais do que qualquer outro, aproxima-se da loucura e permite sua compreensão. Está ai quebrada a heterogeneidade entre o normal e o patológico. O que Freud fez foi tomar esse fato como um principio de análise.
Hipnose
A Hipnose foi precedida historicamente pelo mesmerismo, onde os seres animados estavam sujeitos as influências magnéticas, pois os corpos dos animais e do homem são dotados das mesmas propriedades que o imã. Essas ideias levaram Anton Mesmer a experimentar clinicamente a eficácia do magnetismo. Ele substituiu o imã, pelo seu próprio corpo. Não há necessidade de imãs, basta contato de sua própria mão, para que o efeito terapêutico seja alcançado.
Mesmer inventa uma forma de magnetização em grupo. Esta consistia em colocar varias pessoas dentro de uma tina com água, e magnetiza-las em conjunto, pois, segundo ele, o fluído magnético espalhava-se pela tina e atingia todos os que nela se encontravam mergulhados.
A popularidade do fluidismo, chegou a tal ponto, que o governo juntamente com a comunidade científica decretou condenação de Mesmer por charlatanismo. A conclusão da comissão, foi que não existia nenhum fluído magnético e que a cura se dava por efeito da imaginação. E é exatamente esse efeito que vai constituir o princípio de técnica hipnótica empregada inicialmente por Freud. O mesmerismo é abandonado, e uma nova técnica é inventada por James Braid: a hipnose, conhecida durante muito tempo como braidismo. 
A Hipnose não faz apelo a nenhum fluido magnético nem a nenhum poder especial do hipnotizador, depende apenas do estadofísico e psíquico do paciente. Uma vez obtido o efeito hipnótico, o poder é todo ele depositado no médico que passa a dispor inteiramente do corpo do paciente. Esse domínio sobre o corpo, permite tanto a eliminação de sintomas como a domesticação do comportamento. O psiquiatra passa a dispor de um controle sobre a mente e sobre o corpo do doente. Essa domesticação que reforça pela neurologia vai se transformar no grande empreendimento de Charcot.
Charcot e a Histeria
Formam-se então dois grandes grupos de doenças: aquelas com uma sintomatologia regular e possuíam lesões orgânicas, e aquelas outras, as neuroses, que eram perturbações, sem lesões, onde a sintomatologia não apresentava a regularidade desejada.
Charcot, neurologista, professor de anatomia e patologia, afirma que a histeria é como tantas outras esfinges, uma doença que escapa as mais penetrantes investigações anatômicas. Para ele, ela apresentava uma sintomatologia bem definida.
Ao produzir a separação da histeria com o respeito a anatomia patológica, Charcot a introduz no campo das perturbações fisiológicas do sistema nervoso e em função disso, procura novas formas de intervenção clinica dentre as quais a hipnose vai se constituir a mais importante.
A histeria não era uma simulação, segundo Charcot e Freud, ela era uma doença funcional, com um conjunto de sintomas bem definido e na qual a simulação desempenhava um papel desprezível. A histeria era tanto uma doença feminina, como masculina, desfazendo dessa forma a ideia de que apenas as mulheres padeciam de manifestações histéricas. (histeria –hystéra – útero). Mas entre essas afirmações, e a realidade da pratica hospitalar, havia uma distância considerável. Na verdade, Charcot foi o santo milagroso da histeria.
O problema continuava sendo apresentar uma sintomatologia regular para a histeria. Caso isso fosse obtido, a histeria seria incluída no campo das doenças neurológicas, caso não fosse, então o histérico seria identificado como louco. Persistia então a questão do diagnóstico diferencial, versus o diagnóstico absoluto.
Charcot passa a criar através das drogas e da hipnose, a regularidade do campo histérico, retirando ela do campo psiquiátrico e levando ao campo neurológico, dizendo que o lugar do histérico era o hospital, e não o asilo. Aconteceu então o inesperado: os pacientes apresentavam um conjunto de sintomas bem definido, e regular, rompendo dessa maneira a regularidade das crises, o medico era transformado em psiquiatra.
O emprego da hipnose tinha por objetivo o controle da situação, através da sugestão hipnótica, o medico podia obter um conjunto de sintomas histéricos bem definido e regular, mas isso evidenciava ao mesmo tempo, que a histeria nada tinha a ver com o corpo neurológico, mas com o desejo do médico. É numa tentativa de superar esse impasse que Charcot vai elaborar a teoria do trauma.
Segundo Charcot, o sistema nervoso pode ser dotado de uma predisposição hereditária para em decorrência de um trauma psíquico produzir um estado hipnótico que torna a pessoa suscetível a sugestão. O trauma formaria uma injunção permanente, um estado hipnótico permanente, que poderia ser objetivado corporalmente por uma paralisia, uma cegueira, ou qualquer outro tipo de sintoma. O papel da sugestão é idêntico ao desempenhado na situação traumática com a diferença apenas de não ser permanente. Na medida em que o trauma em questão não é de ordem física, o paciente deve narrar sua história pessoal, para que o medico possa localizar o momento traumático responsável pela histeria.
O que Charcot não esperava era que dessas narrativas surgissem sistematicamente histórias cujo componente sexual desempenhasse um papel preponderante. Estava selado o pacto entre histeria e sexualidade. Ai foi que Charcot recusou continuar, e então se tornou ponto de partida e núcleo central da investigação freudiana.
Trauma e AB-Reação
A teoria do trauma psíquico vai ter profunda repercussão sobre os escritos iniciais de Freud, ajudando na criação da teoria psicanalítica. Enquanto persistir a teoria do trauma, a sexualidade infantil e o Édipo não poderão fazer sua entrada em cena.
Freud recomenda dois tipos para a neurose histérica. O primeiro consiste no afastamento do paciente de seu ambiente familiar considerado por ele como gerador de crises e sua internação num hospital, buscando uma mudança de ambiente. E em segundo lugar, a internação criaria condições ideais de observação e de controle das crises. Após um ou dois meses se usa a hidroterapia e a ginastica. O segundo tipo de tratamento consiste na remoção das causas psíquicas dos sintomas histéricos. São causas inconscientes, o método a eliminar os sintomas é dar ao paciente, sob hipnose, uma sugestão que remova o distúrbio. Esse procedimento, apenas elimina o sintoma, mas não remove a causa. Freud então propõe que se empregue um método elaborado por Joseph Breuer, onde o paciente remonta sobre efeito hipnótico a pré historia psíquica da doença a fim de que possa ser localizado o acontecimento traumático que originou o distubio.
Breuer havia chamado seu método de Catartico (purgação) pois o que ocorria durante o tratamento era uma purgação ou uma descarga do afeto que originalmente estava ligado a experiência traumática. A função da hipnose era a de por sugestão, remeter o paciente ao seu passado de modo que ele próprio encontrasse o fato traumático, produzindo-se em decorrência disso a Ab-reação, que é a liberação da carga de afeto.
Freud Passou a empregar a sugestão diretamente como meio terapêutico. Assim a hipnose era empregada para se chegar aos fatos traumáticos, mas uma vez que esses fatos foram identificados, Freud fazia uso da sugestão para elimina-los ou pelo menos para debilita-los em sua força patogênica.
AS NEUROPSICOSES DE DEFESA
Depois de fazer um estudo detalhado de diversos pacientes nervosos, cheguei a uma tentativa de explicação desses sintomas com êxito, a origem desse tipo de representação patológica em casos novos e diferentes. Tive a oportunidade também de discernir o que sem dúvida constitui uma forma de doença mental, estabelecendo uma conexão inteligível entre essas psicoses e as duas neuroses em questão.
I – Comecemos pela modificação que a teoria de neurose histérica me parece reclamar. Pode-se considerar geralmente aceito que a síndrome da histeria, tanto quanto é inteligível ate o momento, justifica a suposição de que haja uma divisão da consciência, acompanhada da formação de grupos psíquicos separados. 
A origem dessa divisão da consciência e ao papel desempenhado por essa característica na estrutura da neurose histérica. De acordo com a teoria de Janet, a divisão da consciência é um traço primário da alteração mental na histeria.
Contrapondo-se a concepção de Janet, existe a posição proposta por Breuer. Segundo ele, os estados de consciência semelhantes ao sonho, com uma capacidade de associação restrita, propôs o nome dele de “estados hipnoides”. Nesse caso a divisão da consciência é secundária e adquirida: ocorre porque as representações que emergem nos estados hipnoides são excluídas da comunicação associativa com o resto do conteúdo da consciência.
Na primeira dessas duas outras formas, a divisão do conteúdo da consciência resulta de um ato voluntário do paciente, ou seja, é promovida por um esforço de vontade cujo motivo pode ser especificado. O paciente então, produz uma divisão da consciência, ao invés de alcançar seu objetivo.
Na terceira forma de histeria, a divisão da consciência desempenha um papel insignificante ou ate nulo. São casos que podem ser resolvidos e curados através de ab-reação. Estas são as histerias de retenção puras.
Histeria de defesa: usa-se esse nome para distingui-la da histeria hipnoide e da histeria de retenção. 
Os pacientes que analisei, possuíam boa saúde mental ate que houve alguma incompatibilidade em sua vida representativa, onde seu eu, se confrontou com uma experiência que suscitava um afeto aflitivo onde o sujeito decidira esquece-lo. Nas mulheresesse tipo de representação incompatível, esta quase sempre no campo da experiência e das sensações sexuais.
Não posso naturalmente afirmar que um esforço voluntário de eliminar da mente coisas desse tipo seja um ato patológico, nem sei dizer se e de que modo o esquecimento intencional é bem sucedido nas pessoas que sob as mesmas influências psíquicas permanecem saudáveis. Esse tipo de esquecimento não funcionou nos pacientes que analisei, mas levou a varias reações patológicas que produziram ou a histeria ou a obsessão, ou a psicose alucinatória. A capacidade de promover um desses estados que estão todos ligados a uma divisão da consciência, deve ser considerada como manifestação de uma disposição patológica.
Quanto ao trajeto entre o esforço voluntário do paciente e o surgimento do sintoma neurótico, a tarefa que o eu se impõe em sua atitude defensiva, de tratar a representação incompatível, simplesmente não pode ser realizada por ele. Tanto o traço mnêmico como o afeto ligado a representação, la estão de uma vez por todas e não podem ser erradicados. Mas uma realização aproximada da tarefa se da quando o eu transforma essa representação poderosa numa representação fraca, retirando-lhe o afeto, a soma de excitação do qual está carregada. Essa soma de excitação desvinculada dela tem que ser utilizada de alguma outra forma.
Até esse ponto, os processos observados na histeria, nas fobias e nas obsessões são os mesmos, daí por diante, seus caminhos divergem. Na histeria, se transforma sua excitação, em algo somático, Isso pode se chamado de Conversão. Essa conversão pode ser total ou parcial. Assim o ego consegue libertar-se da contradição com o qual é confrontado, porém, ele se sobrecarrega com um símbolo mnêmico que se aloja na consciência como uma espécie de parasita. Consequentemente o traço mnêmico da ideia recalcada, não é afinal dissolvido, dai por diante, forma o núcleo de um segundo grupo psíquico.
Uma vez formado tal núcleo para uma expulsão histérica num momento traumático, ele passa a ser aumentado em outros momentos (momentos auxiliares). Se a divisão da consciência que ocorre na histeria adquirida se baseia num ato voluntário, temos então uma explicação surpreendentemente simples para o notável fato de a hipnose ampliar regularmente a consciência restrita do histérico e permitiria acesso ao grupo psíquico que foi expelido. É algo que ocorre em todos os estados similares ao sono, onde suspendem a distribuição da excitação em que se baseia a vontade da personalidade consciente. Assim, vemos que o fator característico da histeria não é a divisão da consciência, mas a capacidade de conversão, e podemos aduzir, como parte importante da predisposição para a histeria. A apresentação aqui fornecida, pode sustentar a pretensão de ter tornado inteligível a conexão entre a conversão e a divisão histérica da consciência.
II- Quando alguém com predisposição a neurose carece de aptidão para a conversão, dispõe-se a separa-la de seu afeto, fica obrigado a permanecer na esfera psíquica. 
Falsa ligação: representações se transformam em representações obsessivas. Seu afeto tem livre ligação para se ligar a representações que são incompatíveis. 
Obsessão: fonte de afeto colocada em uma falsa ligação, normalmente ligada a vida sexual. É essa ligação a sexualidade que normalmente leva a numerosas oportunidades para o surgimento de representações incompatíveis.
Declarações dos pacientes, informam-nos, que sua fobia ou obsessão, apareceu pela primeira vez depois que um esforço de vontade aparentemente atingiu seu objetivo com êxito.
Entre o esforço voluntário do paciente que consegue recalcar a representação sexual inaceitável e o surgimento da representação obsessiva que está suprida de um afeto incompreensivelmente forte, subsiste o hiato que a teoria aqui desenvolvida busca preencher. A separação da representação sexual de seu afeto e a ligação deste com outra representação, adequada, mas não incompatível, são processos que ocorrem fora da consciência. Pode se apenas presumir sua existência mas não prova-la através de qualquer análise clinico- psicológica.
O caráter aflitivo das representações obsessivas comuns é um problema tanto para o medico quanto para o paciente. O que ocorre é que uma defesa perpétua vai se erigindo contra as representações sexuais que reemergem continuamente, ou seja, um trabalho que ainda não chegou a sua conclusão, ja que os pacientes costumam manter em segredo a origem se suas obsessões sexuais . O afeto da obsessão em outras palavras, parece lhe estar desalojado ou transposto e em diversos casos de obsessão retraduzi-las em termos sexuais.
A angustia liberada cujo origem é sexual, não deve ser lembrada pelo paciente, ira aponderar-se das fobias primárias comuns da espécie humana, relacionadas com animais, tempestades, escuridão, e assim por diante, ou de coisas inequivocamente associadas de um modo ou de outro com o que é sexual, tais como a micção, defecação ou de um modo geral a sujeira e o contagio.
O afeto de que o eu sofre, permanece como antes, inalterado e não diminuído, com a única diferença de que a representação incompatível é abafada e isolada da memória. As representações recalcadas como no outro caso, formam o núcleo de um segundo grupo psíquico, que é acessível mesmo sem ajuda da hipnose.
Existem por exemplo, fobias puramente histéricas. Será possível mostrar a presença do mecanismo de transposição do afeto na maioria das fobias e obsessões e portanto insisto em que essas neuroses que são encontradas isoladamente com tanta frequência quanto combinadas com a histeria ou a neurastenia, não devem ser indiscriminadamente misturadas com a neurastenia comum, para cujos sintomas básicos não há nenhum fundamento para se pressupor um mecanismo psíquico.
FORMULAÇÃO SOBRE OS DOIS PRINCÍPIOS DO FUNCIONAMENTO MENTAL
Toda Neurose tem como resultado e portanto provavelmente como propósito arrancar o paciente da vida real, aliena-lo da realidade.
Pierre Janet falou de uma perda da função da realidade, como sendo a característica especial do Neurótico. 
Os neuróticos afastam-se da realidade por acha-la insuportável. O tipo mais extremo deste afastamento da realidade é apresentado por certos casos de psicose alucinatória que procuram negar o evento específico que ocasionou o desencadeamento de sua insanidade.
Processos Primários: único tipo de processo mental, o propósito dominante, ele é descrito como princípio de prazer-desprazer. Estes processos esforçam-se por alcançar prazer a atividade psíquica afasta-se de qualquer evento que possa despertar desprazer (aqui temos a repressão). Nossos sonhos são resquícios do predomínio deste princípio e provas de seu poder.
O aparelho psíquico teve de decidir formar uma concepção das circunstâncias reais no mundo externo e empenhar-se por efetuar nelas uma alteração real. Um novo princípio de funcionamento mental foi assim introduzido, o que se apresentava na mente não era mais o agradável, mas o real, mesmo que acontecesse ser desagradável. Este estabelecimento do princípio da realidade provou ser um passo mentoso.
1- Adaptações necessárias no aparelho psíquico, ressalta a importância dos órgãos sensoriais e da consciência a eles ligada. Institui-se aqui a função da atenção onde sua atividade vai encontrar as impressões sensórias a meio caminho.
O lugar da repressão que excluía a catexia como produtora de desprazer algumas idéias emergentes foi assumido por uma passagem de julgamento imparcial que decidia se determinada ideia era verdadeira ou falsa. Tal decisão era determinada com comparações dos traços de memória da realidade.
Descarga motora ganhou nova função, que com o princípio do prazer servia para aliviar o aparelho mental de adição de estímulos, transformando em ação.
É provável que o pensar fosse originalmente inconsciente, não adquirindo outras qualidades perceptíveis a consciência ate haver-se ligado a resíduos verbais.
2- com a introdução do princípio da realidade uma das espécies de atividade de pensamentofoi separada. Essa atividade, é o FANTASIAR, que começa já nas brincadeiras infantis e posteriormente conservada.
3- a substituição do princípio do prazer pelo princípio da realidade, com todas as consequências psíquicas envolvidas aqui esquematicamente condensadas numa só frase, não se realiza na verdade de repente, tampouco se efetua simultaneamente em toda linha, pois enquanto este desenvolvimento tem lugar nos instintos do ego, os instintos sexuais se desligam deles de maneira muito significativa.
Dois fatores: auto-erotismo e período de latência, ocasionam que o instinto sexual seja detido em seu desenvolvimento psíquico e permaneça muito mais tempo sob o domínio do princípio do prazer, do qual em muitas pessoas nunca é capaz de se afastar. Em consequência destas condições, surge uma vinculação mais estreita entre o instinto sexual e a fantasia, por um lado e por outro, entre os instintos do ego e as atividades da consciência. 
No campo da fantasia, a repressão permanece todo-poderosa, ela ocasiona a inibição de ideias que possam ser notadas pela consciência, se a catexia destas tiver probabilidade de ocasionar uma liberação de desprazer. Este é o ponto fraco de nossa organização psíquica e ele pode ser empregado para restituir ao domínio do princípio de prazer processos que já se tornaram racionais. A neurose reside assim, na demora de ensinar os instintos sexuais a considerar a realidade.
4- Tal com o ego-prazer nada pode fazer a não ser querer trabalhar para produzir prazer e evitar o desprazer, assim o ego-realidade nada necessita fazer a não ser lutar pelo que é útil e resguardar-se contra danos.
A substituição do princípio do prazer pelo da realidade, não implica a deposição daquele mas apenas sua proteção. Um prazer momentâneo é abandonado, afim de ganhar mais tarde um prazer seguro.
5- a educação pode ser descrita sem mais, como um incentivo a conquista do princípio de prazer e a sua substituição pelo princípio de realidade. Ela procura auxiliar o processo de desenvolvimento que afeta o ego.
6- a arte ocasiona uma reconciliação entre os dois princípios de maneira peculiar.
7- enquanto o ego passa por suas transformações de ego-prazer para ego-realidade, os instintos sexuais sofrem as alterações que os levam de seu auto-erotismo original, através de diversas fases intermediárias, ao amor objetal a serviço de procriação.
8- a característica mais estranha dos processos inconscientes (reprimidos), a qual nenhum pesquisador se pode acostumar sem o exercício de grande auto-disciplina, deve-se ao seu inteiro desprezo pelo teste de realidade, eles equiparam a realidade do pensamento com a realidade externa e os desejos com sua realização. Dai, a dificuldade de distinguir fantasias inconscientes de lembranças que se tornaram inconscientes.
REVOLUÇÃO NA REVOLUÇÃO
2ª TÓPICA:
Freud elabora em 1923 uma nova concepção da estrutura da personalidade. Ao invés de abandonar a primeira concepção, ele integra essa nova, a 2ª tópica ou concepção estrutural da personalidade.
Essa 2ª divide a personalidade em 3 regiões que se relacionam mutuamente. São elas: ID EGO E SUPEREGO.
ID: parte obscura, parte inacessível da personalidade. É repleto de energias que chegam dos impulsos e luta exclusivamente por conseguir satisfaze-los. É orientado apenas pelo princípio do prazer. O Id não conhece nenhum julgamento de valor, ignora o bem o mal e a moralidade
As características do id: 1- não se aplicam leis logicas do pensamento 2- nada se compara a negação, não é autocontrolado. O Id de Freud procura aprimorar suas satisfações. 3- o conteúdo do id é de impulsos apenas, em busca de descarga afetiva. 4- nenhuma alteração em seus registros dos processos mentais é produzida pela passagem do tempo, impulsos plenos de desejos que jamais passaram além do id, e também impressões que foram mergulhadas no id pelos recalcamentos, assim com o passar do tempo os elementos recalcados não se alteram. 5- o fator econômico que está intimamente vinculado ao princípio de prazer, domina todos os processos do id. Os impulsos em busca de satisfação então estão submetidos a um regime de energia móvel.
Id – paixões indomadas.
Mecanismo de deslocamento: condensação, se torna possível pela mobilidade energética .
EGO: na visão freudiana, o ego não está presente no início da vida do indivíduo, devendo ser desenvolvido. O ego é aquela parte do id que é modificada pela proximidade e influência do mundo que circunda o sujeito, está pronto tanto para receber estímulos como a funcionar como escudo contra tudo que ameaçar o aparelho mental.
Voltado principalmente para o meio externo, sendo o instrumento perceptivo básico daquilo que surge de fora. Entretanto ele também recebe as excitações que vem de dentro do sujeito. Assim, durante seu fenômeno que surge o fenômeno da CONSCIÊNCIA.
Separa aquilo que é oriundo do mundo externo, daquilo que vem de fontes internas de excitação (separa realidade interna da externa).
Cabe a ele também controlar os impulsos provenientes do Id a motilidade.
O ego necessita de uma certa quantidade de energia, de libido que será por ele retirada do ID. Todo investimento libidinal do id, passa necessariamente pelo ego.
O ego é caracterizado por uma tendência a síntese de seu conteúdo, a combinação e a unificação em seus processos mentais. Atributos que não se encontram de forma alguma no id.
Muitas de suas partes são inconscientes, como os mecanismos de defesa.
Superego, ideal do ego e ego-ideal 
Superego: agência crítica de nossa personalidade. Se forma durante o declínio do complexo de Édipo, a partir da interiorização das imagens idealizadas dos pais.
Ele é introjetado no ego. A parte diferenciada do ego, constitui-se no superego.
Superego exerce uma função critica e normativa, mas também revela-se como base de todo ideal humano. É uma instância complexa, formada por um núcleo critico, em torno do qual, gravitam vários segmentos que lhe pertencem.
Daniel Lagache diz que primeiro temos o Ideal do Ego, que é tudo aquilo que o sujeito deve ser para responder as exigências do superego. Forma a base de todo ideal elevado. Em segundo lugar temos o Ego-ideal, que é o que o sujeito espera de si mesmo, a fim de responder as exigências de uma ilusão infantil de onipotência. Este ego-ideal corresponde a um estágio do desenvolvimento, onde a relação da criança com os pais, vistos como onipotentes era de natureza fusional.
O superego situa-se face ao ego como modelo e obstáculo. Modelo se é o ideal, e obstáculo se é o proibido. É responsável pela origem da consciência moral, sentimentos de auto-estima e de culpa.
RELAÇÕES ENTRE A REALIDADE EXTERNA, O ID O SUPEREGO E O EGO
A função básica do ego é tentar conciliar e sintetizar as exigências emanadas do id, do superego e da realidade externa. O ego é observado com severidade pelo Superego, sem levar em conta as demandas do Id.
O id também luta pela satisfação plena de seus impulsos, permanecendo rígido e intolerante no desconhecimento das imposições do superego e na ignorância dos limites impostos pela realidade externa.
O ego, pressionado pelo id, confinado pelo superego, repelido pela realidade, luta para exercer eficientemente sua incumbência de conciliar as forças que atuam nele e sobre ele. Se o ego fracassa, ele irrompe em ansiedade. Ansiedade realística, referente ao mundo externo. Ansiedade moral, referente ao superego (se manifesta em intenso sentimento de culpa e inferioridade) e ansiedade moral, referente as forças das paixões do id.
O DISCURSO DA PULSÃO
Os três ensaios sobre a sexualidade
Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade devem ser considerados como o discurso da pulsão.
Eles três não estão voltados para o desejo ou o fantasma e não encontramos nele nenhuma referência ao édipo. Não é o desejo, e sim a pulsão que deseja satisfazer-se, principalmente a pulsão sexual.
O neurótico em sua infância teria sido vitima de uma sedução sexual real e que esse fato, pelo seu caráter traumático teria sido recalcado e setransformado em núcleo patogênico cuja remoção só seria obtida com ab-reação e a elaboração psíquica da experiência traumática. Nessa época Freud ainda não admitia a existência de uma sexualidade infantil.
Freud desdobra a ação traumática em dois momentos, sendo que o segundo momento é que confere um caráter traumático ao primeiro. No primeiro haveria apenas a cena na qual a criança sofreria sedução sem que percebesse. O segundo ocorre na puberdade. Não é pois o passado que é traumático mas a lembrança do passado a partir de uma experiência atual.
A superação da teoria do trauma implicava duas descobertas: a do papel da fantasia e a da sexualidade infantil. Elas são concentradas em uma única descoberta: complexo de Édipo.
A interpretação dos sonhos e a sexualidade infantil serão desenvolvidas apenas nos três ensaios sobre a sexualidade.
Freud jamais abandona a teoria da sedução, ele abandona apenas a tentativa de chegar a uma cena originária, porque ninguém mesmo escapa da sedução dos cuidados maternos.
O que se coloca nos 3 ensaios é a perda da inocência infantil.
OS PERVERSOS
O primeiro dos 3 ensaios tem como título as aberrações sexuais.
Freud toma como ponto de partida do seu discurso um saber já existente que ele se propõe não a continuar ou a refutar, mas sobretudo a perverter.
As teorias existentes assentavam-se todas elas na noção de instinto, noção essa que vai ser submetida em Freud pelo conceito de pulsão. Os três ensaios, falam da pulsão sexual como modelo da pulsão geral.
Podemos apontar os desvios ou perversões do instinto por se tratar de uma conduta cujos padrões são fixados hereditariamente.
Freud define por inicio o objeto e o objetivo sexual. O objeto sexual é a pessoa de quem procede a atração sexual. E o objetivo sexual é o ato a que a pulsão conduz. Na pulsão esses padrões são fixados durante a história do indivíduo.
É perversa toda conduta sexual que não conduz a reprodução, já que ela colocaria em risco a preservação da espécie.
O objetivo do primeiro dos três ensaios, é mostrar a noção de sexualidade, como ela supera em muito os limites impostos por essas teorias, o que implica em repensar o próprio conceito de desvio ou perversão.
Freud destaca que apesar de considerar o objeto sexual como parte integrante da pulsão sexual, ele foi levado a afrouxar o laço que une um ao outro. A pulsão deve ser em primeiro lugar, independente de seu objeto, nem é provável que sua origem seja determinada pelos atrativos de seu objeto.
O objetivo sexual é caracterizado como a união dos órgãos genitais que conduz um alivio da tensão sexual. E as perversões são definidas como atividades sexuais que se entendem num sentido anatômico, além das regiões do corpo que se destinam a união sexual, ou demoram-se nas carícias prévias as quais passam a ser mais importantes que o objetivo sexual final.
O grau de perversão permitido por cada pessoa está na dependência da maior ou menor resistência oferecida pelas forças psíquicas, sobretudo a vergonha e a repugnância. Essas forças psíquicas vão ser responsáveis pela transformação desses impulsos em sintomas neuróticos, de modo que podemos considerar a neurose como o negativo das perversões, e os sintomas como a atividade sexual do indivíduo neurótico.
SEXUALIDADE INFANTIL
É no segundo dos três ensaios que Freud vai desenvolver sua teoria da sexualidade infantil. O que se tornou fundamento essencial da teoria psicanalítica.
O esquecimento por parte do saber da sexualidade infantil é uma das formas pelas quais se manifesta a recusa de nossa própria infância perversa. Nos três ensaios Freud se propõe a reconstruir essa pré historia da sexualidade.
O AUTO-EROTISMO
Era o estrato sexual mais primitivo, agindo como independência de qualquer fim psicossexual, e exigindo somente sensações locais de satisfação.
Ele é retomado por Freud nos 3 ensaios para caracterizar um estado original da sexualidade infantil, anterior ao do narcisismo, no qual a pulsão sexual, ligada a um órgão ou a excitação de uma zona erógena encontra satisfação sem recorrer a um objeto externo.
Quando Freud afirma que o auto-erotismo se caracteriza pela ausência de objeto sexual exterior, ele afirma então que o caráter contingente do objeto da pulsão sexual, pois é exatamente essa característica que vai distinguir a pulsão sexual do instinto.
Anteriormente a fase auto-erótica na qual a pulsão sexual perde seu objeto, há uma fase na qual a pulsão sexual perde seu objeto, há uma fase na qual a pulsão se satisfaz por apoio na pulsão de autoconversão e essa satisfação se da graças a um objeto: o seio materno. Sugar o dedo – manifestação sexual infantil- auto-erótica, e seu objetivo sexual é dominado por uma zona erógena.
O termo apoio ou anáclise, designa a relação que as pulsões sexuais mantém originalmente com as funções vitais que lhes fornecem uma fonte orgânica, uma direção e um objeto.
O apoio a que se refere Freud não é o da criança na mãe, mas o da pulsão sexual em outro processo não sexual, sobre uma das funções somáticas vitais.
O modelo dessa função somática vital tomado por Freud é o da amamentação do lactente. Nesse primeiro momento, o objeto específico não é como apressadamente poderíamos supor o seio da mãe, mas o leite. É a ingestão do leite e não o sugar o seio que satisfaz a fome da criança.
Ao mesmo tempo, ocorre um processo paralelo de natureza sexual: a excitação dos lábios e da língua pelo peito. Não reduz a saciedade alimentar, apesar de encontrar nela o seu apoio. O termo apoio explica essa relação primitiva da sexualidade com uma função ligada a conservação da vida. Mas ao mesmo tempo assinala a distância entre essa função conservadora e a pulsão sexual.
O objeto de instinto é o alimento. O objeto de pulsão sexual é o seio materno. E quando esse objeto da pulsão é abandonado, tanto o objetivo quanto o objeto ganham autonomia.
Para Freud chupar o dedo é o inicio do auto-erotismo. A pulsão sexual deve então ser entendida como desvio do instinto.
É essa dissociação da pulsão sexual com respeito ao instinto que vai constituir a diferença sexual entendido como instinto em face do sexual entendido como pulsão.
 ZONAS ERÓGENAS E PULSÕES PARCIAIS
O que havia ate essa fase era uma sexualidade anárquica ligada a zonas erógenas. Essas zonas eram regiões do corpo, sobretudo, os revestimentos cutâneo-mucoso, que Freud considerava como fontes das diversas pulsões parciais.
Não é a pulsão sexual, considerada como um todo que ao se fragmentar, produz as pulsões parciais, mas ao contrário, estas é que são os elementos primeiro, a partir dos quais se vão constituir as organizações da libido. Enquanto umas estão ligadas a uma zona erógena determinada, outras são independentes e definidas pelo seu alvo.
A liberação da sexualidade dar-se-ia não apenas mediante um estímulo externo sobre os órgãos sexuais ou de excitação interna, emanadas desses órgãos, mas também a partir de ideias isto é, a partir de traços de memória.
É nos acréscimos feitos aos três ensaios que a noção de organização pré-genital infantil, aparece de forma mais ampla, abarcando a organização oral, a anal-sádica e a fálica.
Atribui qualidade de erogeneidade a todas as partes do corpo e a todos os órgãos internos.
É evidente que o corpo psicanalítico é um corpo fantasmático e não um corpo anatomofisiológico.
Lacan diz que o desejo surge do afastamento entre a necessidade e a exigência como ele se dirige não a um objeto real, independente do indivíduo, mas a um fantasma.
AS FASES DE ORGANIZAÇÃO DA LIBIDO
Só após a emergência do conceito de organização pré-genital que a noção de fase da libido passa a ser possível.
A noção de fase libidinal designa uma etapa do desenvolvimento sexual da criança caracterizada por uma certa organização do libido determinada ou pela predominância de uma zona erógena ou por um modo de relação de objeto.
A partir do conceito de zona erógena e da suposição de que algumas partes do corpo são predestinadas no que se refere a erogeneidade queFreud desenvolveu seu conceito de organização da libido.
Inicialmente Freud distingue dentre as organizações pré genitais, duas fases, a oral e a sádico-anal. E depois inclui a fase fálica, que corresponde ao declínio do complexo de édipo.
Fase Oral: é a primeira fase da evolução sexual pré-genital. Nela o prazer ainda está ligado a ingestão de alimentos e a excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. O objetivo sexual consiste na incorporação do objeto.
A vivência de satisfação, constitui a base do desejo, é uma experiência oral, dai a ligação que se fará a partir dessa experiência entre o desejo e a satisfação.
A fonte é a zona oral, o objeto é o seio, e o objetivo é a incorporação do objeto.
Karl Abraham, propõe que subdividisse essa fase em duas: a fase oral precoce – sucção e a fase oral-sádica – aparecimento dos dentes, função de morder, implica em destruir o objeto.
Fase Anal-Sádica: segunda fase, entre 2 e 4 anos, caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona anal e por um modo de relação de objeto que Freud denomina de ativo e passivo. É ligado as fezes, a expulsão e retenção delas.
Fase Fálica: essa fase apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. Nela a oposição entre os sexos é caracterizada pela castração, isto é, pela distinção fálico-castrado. 
Nos três ensaios já se encontram duas teses que sustentam esse ponto de vista: a libido é de natureza masculina, tanto na mulher como no homem. E a zona erógena diretriz da criança de sexo feminino é localizada no clitóris, que é homólogo da zona genital masculina.
A importância da fase fálica está ligada ao fato de que ela assinala o ponto culminante do declínio do complexo de édipo pela ameaça da castração. No caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interesse narcísico que ele tem pelo próprio pênis em contraposição, a descoberta da ausência de pênis da menina. É essa diferença que vai marcar a oposição fálico-castrado. Na menina essa constatação determina o surgimento da inveja do pênis, e o consequente ressentimento para com a mãe, porque esta não lhe deu um pênis. O que será compensado com o desejo de ter um filho.
AS TRANSFORMAÇÕES DA PUBERDADE.
O terceiro ensaio é “transformações da puberdade”, se dedica a analise da sexualidade genital, vem com o início da puberdade, onde o desenvolvimento da sexualidade começa a se tornar de forma adulta. As pulsões sexuais encontram finalmente um objeto sexual em função da combinação das pulsões parciais sob o primado da zona genital.
A pulsão sexual está agora subordinada a função reprodutora, tornou-se altruísta, onde a reprodução busca manutenção da espécie, ultrapassando portanto o nível da simples satisfação individual.
Subordinar a pulsão sexual, a função reprodutora é reduzir a concepção psicanalítica da pulsão a uma concepção biológica. 
O objetivo da pulsão. É sempre a satisfação.
 estabelecer uma relação entre a sexualidade e a reprodução.
Freud tenta articular as duas perspectivas: a biológica e a psicológica, onde para ele, a característica essencial da puberdade é o crescimento manifesto dos órgãos sexuais externos, o qual é acompanhado pelo manifesto dos órgãos genitais internos responsáveis pela descarga dos produtos sexuais e pela formação de um novo organismo vivo. O aparelho assim constituído é movimentado por estímulos originados de 3 fontes: o mundo externo, o interior do organismo, e a própria vida mental. Essas três fontes produzem a excitação sexual que se mostra por duas espécies de indicadores: as indicações mentais que então num estado de tensão e as indicações corporais que consistem em alterações diversas nos órgãos genitais.
O desprazer é resultado de um aumento de tensão. E o prazer resultado da redução da tensão.
Como conciliar o sentimento de prazer com o aumento de tensão? Freud diz que enquanto o pré-prazer é caracterizado pela excitação das zonas erógenas, o segundo que é o prazer final, é devido a descarga das substâncias sexuais.
A estimulação apropriada de uma zona erógena sempre produz prazer, o qual provoca um aumento de tensão que é responsável pelo desencadeamento da energia motora, visando a descarga da tensão. Assim existe um estágio em que a tensão e prazer se dão conjuntamente, mas que se não foram acompanhados de uma descarga motora, resultam em desprazer. No adulto, a descarga é caracterizada pelo orgasmo.
TEORIA DA LIBIDO
No termo libido, designa uma energia postulada por Freud como substrato da pulsão sexual. A libido é essencialmente de natureza sexual sendo irredutível a outras formas de energia mental, não especificadas . (ponto de discordância entre Freud e Jung)
A libido para Freud é essencialmente de natureza sexual, apesar de poder ser dessexualizada no que se refere ao objetivo e é por ele concebida como a manifestação dinâmica na vida psíquica de pulsão sexual.
Na primeira formulação da teoria das pulsões, Freud elabora uma concepção dualista que opõe a pulsão sexual, as pulsões do ego.
Enquanto a energia da pulsão sexual é a libido, e seu objetivo é a satisfação, as pulsões do ego colocam sua energia a serviço do ego, visando a autoconservação do indivíduo e opondo-se dessa forma as pulsões sexuais.
A partir do conceito de narcisismo que a oposição entre essas duas pulsões, se desfaz.
O narcisismo dizia que as pulsões sexuais podiam retirar a libido investida nos objetos e faze-la voltar sobre o próprio ego.
A libido investida sobre os objetos era a libido narcísica.
A libido é invariável e necessariamente de natureza masculina, significa dizer que a libido é invariável e necessariamente de natureza ativa. Masculino – ativo feminino – passivo.
O mesmo conjunto de fatores constitucionais de características anormais pode levar a três resultados finais diferentes:
1- persistência na maturidade, relação entre fatores constitucionais que são considerados anormais, sendo visto como uma sexualidade perversa.
2- excitações continuam a ser geradas mas são psiquicamente impedidas de atingir seu objetivo, sendo desviadas para outras formas de expressão. Nesse sentido que Freud diz que a neurose é o negativo da perversão: haverá uma vida sexual aproximadamente normal, mas acompanhada de manifestações neuróticas.
3- processo de sublimação que ocorre quando excitações excessivamente fortes, encontram uma saída em outros campos que não o sexual. Uma das fontes da criação artística em particular da cultura em geral.

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