Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNIDADE LORENA Nome: Guilherme de Freitas – 1º ano de filosofia Professor: Dr. P. Dilson Passos Junior Disciplina: História da Filosofia Antiga HISTÓRIA DA FILOSOFIA: DO MITO AOS PRÉ-SOCRÁTICOS 1. INTRODUÇÃO A Filosofia, segundo alguns pensadores, como Hegel, encontra seu início nos rastros racionais da mitologia grega, por meio da qual procura explicar a origem ou a causa primeira das coisas. Em contrapartida, existem outros autores, como Cornford, que afirma que a Filosofia nasce não destes traços, mas da negação do Mito, que, segundo esta linha, não contém nada de racional, mas é sim permeada por uma crença irracional. O desejo do homem por aprofundar os próprios questionamentos existenciais por meio da racionalidade encontra na Filosofia uma possibilidade de vazão. Além deste desejo, existe algumas outras causas que rodeavam o homem grego em sua época, causas essas que influenciaram neste impulso pela busca da essência de tudo. Os historiadores elencam uma série de nomes que se destacaram ao longo do percurso da história da Filosofia, pautando seus argumentos e linhas de raciocínio, bem como a origem das escolas que surgiram a partir dessas teorias. Neste trabalho abordar-se-á alguns aspectos deste primeiro momento da história da Filosofia, desde a sua relação com o Mito até o período dos Pré-Socráticos, analisando assim de que forma ela foi se desenvolvendo e tomando forma. 2. A PASSAGEM DO MITO PARA A FILOSOFIA: RUPTURAS E CONTINUIDADES. A Filosofia pode ser definida como um conjunto de conhecimentos baseado em uma estrutura racional de ideias e isso é o que a diferencia da mitologia. O Mito é constituído basicamente por um conjunto de histórias que justificam situações e buscas do homem, mas que não é baseado somente na razão ou na lógica, por este motivo ele é permeado por um tipo de fé ou crença. Mesmo sendo envolta por essas crenças, a 2 mitologia traz em si lampejos da razão, e é a partir deste ponto que surge o desenvolvimento da Filosofia, que é a busca racional para as histórias e as descobertas do homem. Dentro deste processo de surgimento da Filosofia, encontramos o seu primeiro representante, Tales de Mileto, que viveu no século VI a.C. Tales procurava entender o princípio universal e para isso ele analisava a natureza das coisas. Foi a partir dessa sua análise que ele acabou por definir a água como o princípio universal. Há quem afirme que essa sua teoria tenha seus fundamentos nos mitos, apontando para um dos deuses da mitologia grega, o deus Oceano, filho de Urano e Gaia, apontado na Teogonia de Hesíodo. A mitologia quando bem analisada leva a perceber que carrega em si uma base racional, e que só é visto com mais clareza nos dias de hoje devido aos diversos estudos já realizados sobre ela. Estes estudos criaram algumas teorias sobre a relação do mito e da Filosofia. Dentre essas teorias encontramos Hegel (1770 – 1831) que defende a ruptura neste processo. Ele acredita que os gregos despertaram de uma realidade mitológica, afirmando que é a partir da negação do Mito que nasce a Filosofia. Em contrapartida, Cornford (1874 – 1943), filósofo contemporâneo, afirma que a Filosofia nasce a partir da razão dos mitos, existindo assim uma continuidade, um amadurecimento. Com estas duas visões sobre a relação ou não-relação do Mito com a Filosofia, pode- se afirmar que não exista uma correta ou outra errada, pois aqui o que se deve notar é a importância de ambas, existindo ou não a continuidade de uma na outra. Além da relação de negação e continuidade existem três elementos filosóficos que tem grande relevância no estudo e entendimento da Filosofia e seu desenvolvimento, que são: o logos, a physis e a arché. O Logos está ligado à lógica, a razão das coisas. Ele pode ser definido como a base da Filosofia, pois dentro dela não se pode responder aos questionamentos de forma fantasiosa ou simplesmente baseada na fé, mas sim de forma racional e lógica. A Physis, ou natureza, é definida para a Filosofia como a realidade visível das coisas. A observação desta é que levará ao conhecimento de como os seres se desenvolvem, crescem e se modificam. A Arché, ou o princípio universal, é a meta a ser atingida após todo este processo do filosofar, pois ele busca a origem, o princípio universal, sendo ela o ponto de partida e de chegada. Tem-se como características marcantes da Filosofia o respeito ao argumento racional, com um caráter crítico e também a busca por conclusões gerais, fugindo de particularismos. 3 3. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA Todo o processo de transição do Mito para o nascimento da Filosofia teve como berço a Grécia Antiga e este processo foi movido por algumas causas que rodeava o homem grego. Entre as causas do surgimento da Filosofia na Grécia está o fator político, pois foi nesta época que o sistema democrático passou a ser vivenciado, substituindo o despotismo. A implementação deste sistema, que não é o mesmo vivenciado hoje em muitas partes do mundo, dado o fato que a definição de cidadão era outra, despertou no homem grego a participação dos acontecimentos da pólis. Existia um local na pólis chamado ágora, que era uma praça central, onde haviam discussões, debates, disputas de oratória, entre outras atividades. Em comparação a este sistema, existia na mesma época o governo do Egito, a Teocracia. Neste sistema egípcio preponderava a vontade do Faraó, pois tudo aquilo que ele falasse era tido como lei, visto que à sua figura estava vinculada a divindade, sendo assim não haviam debates ou discussões. Outra causa que teve grande influência no desenvolvimento da Filosofia na Grécia, foram as causas sociais, evidenciada aqui pelo escravismo, que gerava o ócio criativo. Ócio criativo era nada mais que o tempo livre que o cidadão grego ganhava ao colocar escravos para realizar os trabalhos manuais. Tamanha foi a influência desta forma de pensar e viver que, nesta época, o trabalho manual era tido como algo que diminuía a imagem do homem, pois ele tomava o tempo livre que poderia ser aplicado à república ou aos amigos. Com a escravidão, o homem grego foi abandonando o trabalho manual e preenchendo seu tempo com questões ligadas à Filosofia, aos esportes e à política. Além da política e da escravidão, um outro ponto de grande relevância para o desenvolvimento do homem pensante na Grécia era o seu vasto desenvolvimento comercial. Por estar em uma região que necessitava e também proporcionava ampla experiência comercial marítima, os gregos tinham grande contato com outras culturas e outras realidades, e fora este contato que lhes dava uma visão mais alargada de mundo. São então estes três fatores que geraram o desenvolvimento da Filosofia nas terras gregas: o político, o social e o econômico. 4 4. OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS Envoltos pelo processo do ócio criativo, começaram a existir alguns homens que questionavam sobre a origem universal das coisas, mas não mais em uma perspectiva cosmo- mitológica, e sim, dentro da descoberta e do uso da razão, procurando a arché, a origem, mas de forma que o princípio fundamental desta origem, sua substância, pudesse mudar de aparência, não perdendo, contudo, a sua essência. Muitos foram os homens que iniciaram estas perguntas, mas existem alguns que ganharam maior destaque, por contribuir no desenvolvimento filosófico e científico que chega até dos dias de hoje. O primeiro grupo de filósofos que ganhou destaque foi o dos Milésios, também conhecidos pela chamada Escola Jônica. Essa escola faziatoda essa busca tendo o homem como parte da natureza, sendo ele parte de um todo e realizavam, assim, seus estudos a partir da natureza por ela mesma. Seu iniciador e primeiro filósofo fora o já citado Tales de Mileto. Este, por um longo tempo, observou o Rio Nilo e a partir de suas observações e experimentos definiu como princípio universal a água. Em seguida, um de seus discípulos, Anaximandro de Mileto, dando continuidade nos ensinamentos de Tales, mas discordando de alguns pontos, define como princípio universal o apeíron, que é como que um ciclo infinito, algo mais abstrato do que o apresentado por Tales. E em seguida dele, Anaximenes, apresenta como princípio fundamental o ar. Mais à frente surge Pitágoras e a escola pitagórica, que coloca no lugar da água e do apeíron, o número. Segundo esta escola, o número aqui representa a arché, deixando de lado o plano abstrato e assumindo um corpo, tornando-se uma entidade real. Dentro desta sua teoria, todo o universo possui base no número, defendendo que antes mesmo do homem existir, o número já existia. Essa escola teve como referências Filolau de Crotona e Áquila de Tarento e teve grande influência mais à frente no platonismo e cristianismo. Existiram também os Eleatas, que comparavam o valor do conhecimento sensível e o conhecimento racional, chegando à conclusão que o único válido é o que é movido pela razão. Defendiam que os sentidos atrapalham a razão, confundindo o homem neste autoconhecimento e daquilo que lhe rodeia, sendo assim, enfatizavam que somente a razão poderia ser levada em consideração como um verdadeiro caminho do conhecer. Grandes nomes na escola dos Eleatas foram Xenofanes, Parmenides, Zelão e Melissossos. Após os Eleatas, aparecem os Atomistas, que apresentam como princípio universal o átomo. A ideia de átomo é apresentada como algo indivisível, invisível e inteligível, onde ele 5 se une e se separa, mas não explicavam o porquê, afirmavam simplesmente que era de sua natureza. Os personagens de maior relevância desta escola são Leucipo e Demócrito. Este, por sua vez, além de apresentar o átomo como princípio, também afirma a existência do vazio. Por fim, encontramos com Heráclito e Parmênides, que apesar de apresentarem ideias contraditória, também serão a base para o pensamento de Platão. Heráclito defende a ideia de que tudo muda, em um fluxo contínuo, colocando como princípio a mobilidade. Já Parmênides, afirma o contrário, dizendo que nada muda e que a mudança é uma ilusão, com isso coloca como princípio o imobilismo. A falta de continuidade ou relação entre essas escolas e teorias levam esses filósofos a darem muitas voltas, mas sem chegar a uma conclusão assertiva, mas que mesmo assim levantaram muitos e válidos questionamentos. 5. CONCLUSÃO Ao conhecer um pouco mais sobre a origem e o desenvolvimento inicial da Filosofia, percebe-se que ela é fruto do desejo do homem em conhecer a si mesmo, àquilo que o rodeia, bem como decifrar seus significados e suas origens. Considerando-se que o Mito é um ponto de partida para a Filosofia, encontra-se uma continuidade de um processo que percorre os anos, alcançado os homens do século XXI, que ainda provocados pela ânsia do conhecimento e entendimento, se propõem a desafiar as teorias já criadas, modificando, personalizando e amadurecendo seus conceitos e ideias. Apesar de todo o processo realizado, a cada passo dado pelo homem grego neste ínterim, evidencia-se que a busca pela essência é algo continuo, mas que sempre estará permeado pelos desafios do tempo, da cultura e da realidade vivenciada. Todo este desafio permanece, pois a cada homem que descobre em si o seu “ser-filósofo”, deverá partir dos esquemas já propostos, colocando em evidência na realidade de onde está inserido, confrontando tudo e procurando, de forma racional, respostas para seus angustiantes questionamentos, sobre si, o outro e a natureza. 6 6. REFERÊNCIAS FRANCO, Guilherme de. Aula 01 - Filosofia - Da Mitologia à Filosofia: Rupturas e Continuidades. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=QH1ByP5Ka6o > Acessado em 27 mar 2017. GOMES, Daniel. Aula 02 - Filosofia - Causas do Surgimento da Filosofia na Grécia Antiga. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=Ni85RNLdAQw > Acessado em 27 mar 2017. FRANCO, Guilherme de. Aula 03 - Filosofia - Os Filósofos Pré-Socráticos. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=XrdTNJkupiY > Acessado em 27 mar 2017. YOUTUBE. Os Pré-Socráticos. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=Xc9LiBnOObY > Acessado em 27 mar 2017.
Compartilhar