Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA FERNANDO SALA MARIN 20. INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Refere-se a um dos grupos de agentes farmacológicos mais comumente utilizados, abrangendo também as drogas sociais difundidas pelo mundo (cafeína, álcool, nicotina) e drogas de abuso (cocaína, crack, LSD). A barreira hematoencefálica, que limita a entrada de substâncias prejudiciais ao SNC, também é um fator limitante para a entrada dos fármacos, portanto, para que exerçam seus efeitos, eles devem ser capazes de transpô- la. Os neurônios são células com a função de captar, processar e transportar as informações recebidas e as fazem através da transmissão de impulsos nervosos ao longo de sua estrutura, terminando em uma sinapse que pode ser elétrica ou química. A sinapse química depende de mediadores químicos chamados neurotransmissores, como exemplo: acetilcolina, noradrenalina, dopamina, serotonina, GABA, glutamato. Portanto, as sinapses são áreas especializadas de comunicação entre neurônios ou entre o neurônio e o efetor. Os neurotransmissores ficam concentrados em vesículas após a produção, quando o neurônio é estimulado e ocorre a despolarização de sua membrana, são liberados na fenda sináptica, ativando receptores que podem causar tanto a estimulação quanto a inibição da próxima célula; em seguida, esses mensageiros liberados são inativados por mecanismos distintos, cessando suas ações. As drogas que agem no SNC podem agir em diferentes locais ou etapas da neurotransmissão: na síntese dos neurotransmissores ou na sua estocagem, liberação, interação com receptores, no metabolismo e também na receptação dos mesmos. A cocaína, por exemplo, bloqueia a recaptação de catecolaminas nas sinapses adrenérgicas, potencializando a ação destas aminas. Tipos de vias: - Excitatórias (despolarização): aumento na permeabilidade ao sódio e ao potássio, causando liberação de neurotransmissores. - Inibitórias (hiperpolarização): aumento da permeabilidade aos íons de cloro que fluem para dentro das células (Ex: Diazepam, Barbitúricos), diminuindo a liberação de neurotransmissores. Neurotransmissores centrais: - Neurotransmissores AMINOGÊNICOS: Noradrenalina, adrenalina, dopamina, acetilcolina; - Aminoácidos EXCITATÓRIOS: Glutamato, aspartato; - Aminoácidos INIBITÓRIOS: Ácido gama-aminobutírico (GABA), glicina. � ACETILCOLINA (Ach): Local de ação: Núcleos basais de Meynert, Núcleos estriados e Núcleos accumbens. Envolvida nos processos de atenção, aprendizagem e memória. Na doença de Alzheimer há diminuição de Ach no hipocampo e neocórtex. Receptores da acetilcolina: - Nicotínicos: medeiam os efeitos centrais da nicotina; - Muscarínicos. Síntese e metabolismo: sintetizada nos terminais axonais a partir da colina e da acetilcoenzima A, é inativada pela acetilcolinesterase, uma enzima que quebra a acetilcolina em metabolitos inativos de colina, os quais são reabsorvidos e utilizados na síntese de novas Ach, e ácido acético. Esta enzima é abundante na fenda sináptica e rapidamente elimina a acetilcolina liberada (essencial para o adequado desempenho da função muscular, por exemplo). � DOPAMINA (DA): as vias dopaminérgicas principais são: - Vias mesocorticais e mesolímbicas: envolvidas no comportamento; - Via nigroestriatal: responsável pelo controle motor e postural; - Via túbero-infundibulares: via do hipotálamo até a glândula hipófise que regula secreções hormonais (diminui secreção de prolactina). Patologias relacionadas: Parkinson – Tem diminuição de dopamina na via nigroestriatal; Esquizofrenia –aumento de dopamina nas vias mesocorticais e mesolímbicas. FARMACOLOGIA FERNANDO SALA MARIN Síntese e metabolismo: o aminoácido L-tirosina é transportado para o interior do neurônio onde sofre ação da tirosina hidroxilase, formando a Dopa, esta última sofre ação da dopa-descarboxilase e origina a dopamina, que é armazenada em vesículas, onde fica até sua liberação. Na fenda sináptica se liga aos receptores das classes D1 (receptores D1 e D5) e D2 (receptores D2, D3 e D4); seu metabolismo é realizado em parte pela catecol-O- metiltransferase (COMT), porém, o principal mecanismo de finalização é através da receptação por transportadores de dopamina (DAT) e, já dentro do neurônio, sofre ação da monoamina oxidase (MAO). � NORADRENALINA (NORA): este neurotransmissor está envolvido em diversas funções comportamentais e fisiológicas, tanto em nível do sistema nervoso central quanto do sistema nervoso simpático. Está relacionado ao estado de vigília, humor, e aumento da pressão sanguínea. Seus receptores são denominados de α (1 e 2) e β (1, 2 e 3). Patologias relacionadas: a redução de NORA está relacionada a quadros de depressão. Síntese e metabolismo: o aminoácido L-tirosina é transportado para o interior do neurônio onde sofre ação da tirosina hidroxilase, formando a Dopa, esta sofre ação da dopa-descarboxilase originando a dopamina e, esta última, sofrendo ação da enzima dopamina β-hidroxilase dará origem à noradrenalina. Armazenada em vesículas até a liberação, na fenda sináptica se liga aos receptores α e β e possui o mesmo mecanismo de finalização que a dopamina, diferindo apenas pelo transportador que realizará a receptação, ou seja, o metabolismo é realizado em parte pela COMT e, o restante, através da receptação por transportadores de noradrenalina (NET), já dentro do neurônio sofre ação da MAO. � SEROTONINA (HIDROXITRIPTAMINA ou 5-HT): concentra-se nos núcleos da rafe (ponte e bulbo) com projeções amplamente espalhadas. Liga-se a 4 famílias de receptores denominados 5-HT (5-HT1, 2, 3 e 4). Suas funções estão relacionadas às respostas comportamentais, humor e emoção e também no controle do sono e da vigília. Patologias relacionadas: está envolvida em comportamentos psicóticos e transtornos obsessivos compulsivos quando aumentada, na depressão(quando diminuída) e também no comportamento alimentar. Síntese e metabolismo: o aminoácido L-triptofano é transportado para o interior do neurônio onde sofre ação da triptofano hidroxilase, formando o L-Hidroxitriptofano, este sofre ação da L-aminoácido aromárico-descarboxilase originando a 5-HT, armazenada em vesículas até a liberação, na fenda sináptica se liga aos receptores 5-HT e é inativada principalmente através da receptação por transportadores de serotonina (SERT) e dentro do neurônio sofre ação da MAO. � AMINOÁCIDOS INIBITÓRIOS - GABA e GLICINA: GABA é o principal neurotransmissor inibitório e está presente em todo o cérebro, seus receptores são GABAA (o mais importante) e GABAB. O GABAA pós- sináptico é acoplado a canais de cloreto, cuja abertura reduz a excitabilidade da membrana. � AMINOÁCIDOS EXCITATÓRIOS – GLUTAMATO: também amplamente distribuído no SNC, importante para o processo de aprendizagem e da memória. Seus receptores são: NMDA, AMPA, cainato e metabotrópicos. Os receptores NMDA (N-metil-D-aspartato), AMPA (ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolpropiônico) e cainato são associados a canais de Ca2+, já os metabotrópicos estão associados a proteína G. � ENCEFALINAS e ENDOFILINAS: não são neurotransmissores, são opiácios e modulam a dor. Drogas que atuam no SNC: - Agentes anestésicos: fármacos utilizados para anestesia cirúrgica. Exemplos: halotano, propofol. - Ansiolíticos: fármacos que causam sono e reduzem a ansiedade. Exemplos: barbitúricos, benzodiazepínicos. - Antipsicóticos: eficazes no alívio dos sintomas da esquizofrenia. Exemplos: clozapina, clorpromazina, haloperidol. - Antidepressivos: eficazes no alívio dos sintomas da doença depressiva. Exemplos: fluoxetina, venlafaxina. - Analgésicos opióides: usados clinicamente no controle da dor. Exemplos: morfina, codeína. - Anticonvulsivantes: fármacos utilizados no tratamento da epilepsia. Exemplos: carbamazepina, fenitoína. -Antiparkinsonianos: fármacos utilizados para controlar os sintomas da doença de Parkinson. Exemplos: levodopa + carbidopa. - Fármacos utilizados na doença de Alzheimer: utilizados para controlar os sintomas desta doença. Exemplo: rivastigmina.
Compartilhar