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1 Sir Arthur Lewis e o Desenvolvimento como Aumento da Produtividade. Fernando Henrique Cardos e a Teoria da Dependência. Celso Furtado e o Desenvolvimento como Acumulação de Excedente e Mito ESTRUTURA DA AULA 1. Introdução: - Bibliografia: LEWIS, A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1960. Cap. 01. VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2010, cap. 01 CARDOSO, F. H. Desenvolvimento: o mais político dos temas econômicos. Revista de Economia Política, v. 15, n.4, 148-155. http://www.rep.org.br/pdf/60-11.pdf. Complementar CARDOSO, F. H. As Tradições do Desenvolvimento-Associado. Estudos Cebrap, no8 São Paulo: CEBRAP, 1974 http://www.cebrap.org.br/v2/files/upload/biblioteca_virtual/as_tradicoes_do_desenvolvimento.pdf CARDOSO, F. H. Desenvolvimento: o mais político dos temas econômicos. Revista de Economia Política, v. 15, n.4, 148-155. http://www.rep.org.br/pdf/60-11.pdf. CARDOSO, F. H. e FALETTO, E. Repensando Dependência e desenvolvimento na América Latina. In: CARDOSO, Fernando Henrique (org). Economia e movimentos sociais na América Latina. São Paulo: Brasiliense, 1985. CARDOSO, F. H. Teoria da Dependência ou análises concretas de Situação de Dependência. ESTUDOS CEBRAP 01, São Paulo: CEBRAP, 1971. http://www.cebrap.org.br/v2/files/upload/biblioteca_virtual/teoria_da_dependencia_ou_analises_concretas.pdf CARDOSO, Fernando H. ―Estatização e Autoritarismo Esclarecido: Tendencias e Limites.‖ Estudos CEBRAP 15 (Feb.-March 1976) http://www.cebrap.org.br/v2/files/upload/biblioteca_virtual/estatizacao_e_autoritarismo.pdf SERRA, José ; CARDOSO, F. Henrique. As desventuras da dialética da dependência. In: Estudos Cebrap 23. São Paulo: Cebrap, s/d, p. 33-80. http://www.cebrap.org.br/v2/files/upload/biblioteca_virtual/as_desventuras_da_dialetica.pdf 2. Agenda: Assunto 30min 30min Sir Arthur Lewis e o Desenvolvimento como Aumento da Produtividade 30min Fernando Henrique Cardos e a Teoria da Dependência 30min Intervalo 30min Celso Furtado e o Desenvolvimento como Acumulação de Excedente e Mito 30min 30min 30min 2 o Sir Arthur Lewis e o Desenvolvimento como Aumento da Produtividade [Nobel 1979]. http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economic-sciences/laureates/1979/lewis-facts.html http://press.princeton.edu/titles/8045.html 3 “O assunto desse livro é o aumento da produção por habitante” (Lewis, 1960. P. 11) o ―Em primeiro lugar, cumpre notar que a nossa matéria é desenvolvimento, e não distribuição (...) a nossa atenção se concentra principalmente na produção, e não no consumo‖ (Lewis, 1960. P. 11). ―Finalmente, deve-se notar que recorremos frequentemente à abreviação. ‗Aumento da produção por habitante‘ é frase um tanto longa para se estar a repeti-la seguidamente no texto. Em geral, dizemos apenas ‗desenvolvimento‘ ou produção, com as variantes ocasionais de ‗expansão‘, ‗progresso‘ ou ‗crescimento‘‖ (Lewis, 1960. P. 13) ↑Produção per capita depende: Recursos Naturais disponíveis: o Define limites para ↑Produção Comportamento humano: Causas imediatas o Esforço para economizar = ↓Custos ou ↑Produção por fator via: Experimentação Aceitação do risco Mobilidade ocupacional 4 Especialização o ↑Conhecimento e sua aplicação = Inovação durante toda a história da humanidade o ↑Volume de Capital ―Primeiro cumpre indagar que espécies de instituições favorecem o crescimento, e quais as que são hostis ao esforço, à inovação ou ao investimento (...) depois (...) indagamos das causas que fazem a nação criar instituições favoráveis e não favoráveis, ao crescimento. Residirá parte da resposta que se busca nos diferentes valores que as diversas sociedades atribuem a produtos e a serviços, relativamente à sua estima de satisfações não-materiais, como o lazer, a segurança, a igualdade, a boa camaradagem ou a salvação religiosa‖ (Lewis, 1960. P. 14) Portanto, é preciso entender quais são as instituições favoráveis ao D e porque elas evoluem em direção a favorecer ou prejudicar o D. “Perigo a evitar-se na aplicação do método dedutivo à compatibilidade das instituições com o desenvolvimento é o do preconceito. Há uma inclinação natural de presumir que as coisas que se associam na sociedade que conhecemos devam também necessariamente associar-se nas demais. Nas sociedades capitalistas ocidentais, os homens reconhecem menos obrigações sociais do que o fazem na maioria das outras sociedades, e tendem naturalmente a presumir que o homem se esforçará mais para economizar se usufruir sozinho os resultados desse esforços do que se tivesse de repartir os ganhos (...) Essa hipótese pode ser falsa” (Lewis, 1960. P. 17) “O mais difícil problema de compatibilidade será explicar por que tem o povo as crenças que tem. O crescimento econômico depende de atitudes em relação ao trabalho, à riqueza, à poupança, à procriação, às invenções, aos estrangeiros, à aventura, e assim por diante, atitudes essas que brotam de fontes profundas da mente humana” (Lewis, 1960. P. 17) “Não acreditamos seja possível dizer como qualquer dado sistema social se vá desenvolver, e não formulamos, como Ricardo, ou Marx, ou Toynbee, ou Hansen ou Schumpeter, uma teoria das leis de evolução da sociedade. Não cremos na existência de estágios evolutivos através dos quais todas as sociedades necessariamente evoluam, a partir de formas primitivas (...) nossas previsões se acham no nível muito mais modesto de indagar até que ponto as variações que ocorreram nos países mais ricos quando se desenvolveram podem repetir-se nos países mais pobres, se se desenvolverem.” (Lewis, 1960. P. 22) 5 Resumo do Modelo: Teoria do Desenvolvimento Econômico População Produtividade do trabalho Produtividade marginal do trabalho Portanto: Setor rural Excesso Muito baixa Praticamente nula Êxodo rural não produção rural Setor Urbano Falta Alta Positiva S → I → emprego S → I... = "Círculo Virtuoso" + população rural = Desenvolvimento o Para desenvolver o país é preciso: Consumo de parte da população → excedente → Poupança → produção de BK →: Investimentos em empresas capitalistas Setor de subsistência = “Acumulação primitiva de capital” Fernando Henrique Cardos e a Teoria da Dependência o CARDOSO, F. H. Desenvolvimento: o mais político dos temas econômicos. Revista de Economia Política, v. 15, n.4, 148-155. ―Nas ciências sociais os conceitos são historicamente densos. Quer dizer: eles precisam redefinir-se sempre que ocorram alterações de alcance estrutural nas relações sociais. Assim as novas dimensões (ecológicas e até éticas, por exemplo) enriquecem as noções do desenvolvimento. O mesmo ocorre com a noção de dependência (...)‖ Teoria da Dependência e Interdependência o 1960‘s - FHC e Faletto argumentavam que: Não havia determinismo, impossibilidade do desenvolvimento capitalista dos países periféricos Novas relações de dependência permitiam a industrialização dos subdesenvolvidos É preciso entender a dinâmica interna dos países subdesenvolvidos o 1970‘s - FHC Criou o conceito de ―Desenvolvimento dependente-associado‖ Criticou o autoritarismo e o estatismo – ―burguesia do Estado‖ o 1990‘s - FHC sustentou a tese da ―Interdependência‖ contemporânea Economias desenvolvidas e em desenvolvimento são dependentes do capital financeiro especulativo: derivativos e ―hot Money‖ Com globalização:o dependência → autonomia dos países sobre projetos de desenvolvimento e gestão macroeconômica cotidiana → o necessidades de defesas contra à especulação das moedas [FHC está em 1995] o 1995 - FHC Desenvolvimento: o mais político dos temas econômicos 1960‘s D visto como progresso material que leva à melhoria na qualidade de vida (QV) 1990s fragmentação do termo: D sustentável, D social, D humano... O crescimento econômico gera problemas sociais, ambientais, ... ptt. 6 D econômico é apenas uma parte de um processo ―maior‖ A periferia não se afasta em bloco do Centro. o Países pobres bem administrados podem distância em relação aos desenvolvidos (≠ da Teoria da Dependência e + próximo ao desenvolvimentismo) ―(...) em sua essência, os capitalismos central e periférico se afastavam. Mesmo que um país periférico crescesse (...) o faria de forma distorcida. Era como se a condição periférica se tornasse fatal (...) O que restava de ‗determinismo‘ talvez um resquício marxista, na teoria da dependência – e eu fui crítico do determinismo -, certamente terá que ser fundamentalmente reformulado. O grau de influência da escolha política sobre a estrutura da economia é maior do que nos parecia nos anos 60‖ (Cardoso, 1995, p. 151) O Paradoxo da globalização dependência possibilidades de inserção internacional com resultados positivos. Depende das escolhas certas tomadas pelas sociedades nacionais. Um fator central para o D é ―capacidade de acumulação de conhecimentos científicos e tecnológicos‖ ―O Estado é ator fundamental, mas seu papel muda. Porque tem meios mais limitados ... as ações do Estado tornam-se mais relevantes socialmente‖ (152) ―Não temos mais a ilusão de classes sociais que liderem unilateralmente o processo de desenvolvimento. Hoje o desenvolvimento é problema que obriga a mobilização social ampla‖ (153). ―Subjacente à teoria da dependência, havia uma psicologia de ―receio externo‖. (154) Hoje o D exige: Democracia Justiça social Liberdade econômica Estabilização econômica Equilíbrio das contas públicas Privatização Liberalização comercial Criação de infraestrutura adequada Sistema financeiro ágil e moderno Qualidade gerencial Estado atuando prioritariamente em serviços básicos Ganhar disputa por Investimento e Mercados ―Nos anos 60, tínhamos uma crença, ainda forte, na capacidade que o Estado tinha de moldar o progresso. Era promotor, estimulador e, acima de tudo, uma força potencialmente autônoma. Para muitos teóricos da dependência, a solução só viria através da exacerbação das atribuições do Estado e, no limite, o próprio socialismo.‖ Hoje, essa visão se modificou radicalmente. Nos anos 80, a identidade positiva Estado- desenvolvimento se dilui e o Estado passa a ser visto quase como um obstáculo ao progresso. Não é só a ideologia neoliberal que ganha uma hegemonia temporária. Mais do que isto, é a própria falência material do Estado, tanto em países ricos, quanto pobres, que leva a um esforço de reforma que não pode ser modelado ideologicamente. Aliás, um outro dado fundamental nasce da falência dos modelos ideológicos. O Estado tem de resolver problemas concretos com os meios concretos de que dispõe. O segredo da boa divisão de tarefas com a sociedade não pode nascer de uma fantasia ideológica, mas de compromissos negociados, fundados em consenso‖ 7 Depende das escolhas certas tomadas pelas sociedades nacionais. ―A sensibilidade para o internacional passa a ser um requisito indispensável do político moderno ... a globalização exige que essa sensibilidade se volte para as questões de longo prazo. Mais do que nunca, as opções de política econômica devem ser feitas com visão de futuro. Os estímulos que dermos hoje serão decisivos para definir, no longo prazo, as possibilidades de progresso‖ (p. 152) 8 o Celso Furtado e o Desenvolvimento como Acumulação de Excedente e Mito . Oscar Niemeyer, Celso Furtado e Darcy Ribeiro Livro: Desenvolvimento e Subdesenvolvimento [1961] re-escrito em 1967 como o nome Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico. Conceitos Importantes o Desenvolvimento [D] = capacidade produtiva + melhoria social. o Excedente = Produto Bruto – Insumos [ler p. 115 ―Teoria e Política do Desenv. Econômico] Permite I, Produção e Produtividade A partir de um determinado momento em função do Capital e não da M-de-O o Luta de Classes = dois momentos Capitalismo primitivo = luta por salário acima do nível de subsistência Capitalismo moderno = 9 Ex: Artesanato inovações fábricas Revolução Industrial produtividade preços C artesanato proletariado PORÉM: I > M-de-O o que provoca: salário bem estar social Sociedade Rica inovações poupadoras de m-de-o tecnológico Tecnologias avançadas intensivas em capital RESULTADO GERAL = DESENVOLVIMENTO = SOCIEDADE RICA E AVANÇADA = - C - Padrão de Vida - Não Existe miséria - Luta do trabalhador é pela divisão da produtividade produtividade acumulação Inovação Tecnológica [Mola Mestra] excedente I 10 - classe operária consciente de seu poder político. Aspiral ascentente na qual o excedente é a matéria prima do D Contraste entre Economia Subdesenvolvida x Desenvolvida o Desenvolvimento [D] nos Países Periféricos [PP]. [ler p. 147 a 151 ―Teoria e Política do Desenv. Econômico] D quando já sistema capitalista mundial Fonte de demanda por m-p dos PP e Indica a direção dos I Condições de D PC PP M-de-O Pequena GRANDE CAPITAL GRANDE Pequena O Brasil Desenvolveu sua Indústria [ISI] com tecnologia apropriada a outra realidade= Tec intensivas em $ e poupadora de M-de-oMá uso dos recursos locais [ler p. 67 ―Em Busca de Novo Modelo] RESULTADOS= baixo uso da m-de-o local pequena massa salarialmercado reduzido BK carospoucos empresários possuem $monopólios - falta de escala - capacidade ociosa - preços altos - concentração da renda - Estagnação quando termina o processo de ISI. Ex: Brasil dos anos 60 Classes Agrárias conservadores: - uso de técnicas rudimentares - Latifúndios - Baixo aproveitamento do solo preços agrícolas padrão de vida urbana - Uso extensivo do solo SAÍDAS? ―Um Projeto para o Brasil‖ (1968) - Uso de tecnologias intensivas em M-de-O - a produtividade agrícola via: uso e aproveitamento de solo - Fiscaliza empresas estrangeiras que desnacionalizam a produção e concentram renda COMO? Por meio de um Estado: Planejador Orientador Regulador Protetor da Maioria Livro: “O Mito do Desenvolvimento” ―Em suas obras anteriores, ele [Furtado] não ia tão longe em sua ruptura com a abordagem da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (EPAL)” [Veiga, 2010, p. 31] É realmente uma ruptura? O Desenvolvimento é um prolongamento do mito do progresso o A função do Mito é o que Schumpeter chamou de visão pré-analítica 11 Um farol que ilumina um campo de percepção criando uma visão clara de alguns problemas e não ilumina outras áreas. É ilusão achar que padrão de desenvolvimento dos países ricos será universalizado o Não existe base física para permitir um padrão de consumo tão elevado O futuro é condicionado por decisões tomadas no passado Quanto mais avança a acumulação de capital maior é a interdependência entre o futuro e o passado. ―A psicologia humana é tal que dificilmente podemos nos concentrar por muito tempo em problemas que superam um horizonte temporal relativamente curto.‖ (14) A catástrofe não vão se confirmar porque o mundo não vai difundir o padrão de consumo dos EUA. ―A evolução dos termos de intercâmbio tende a ser desfavorável à periferia do sistema isto é, aos países fornecedores de produtos primários e a acumulação continua a concentrar-se no centro, ... o processo de industrialização sofre importantes modificações qualitativas. Já não se orienta ele para formar um sistema econômico nacional e sim para completar o sistema econômico internacional. Algumas indústrias surgem integradas a certas atividades exportadoras, e outras como complemento de atividades importadoras. De uma forma ou de outra, elas ampliam o grau de integração do sistema econômico internacional.‖ [19] ―A conclusão geral que surge é que a hipótese de extensão ao conjunto do sistema capitalista das formas de consumo que prevalecem atualmente nos países cêntricos não tem cabimento dentro das possibilidades evolutivas aparentes desse sistema. E é essa a razão pela qual uma ruptura cataclísmica, num horizonte previsível, carece de verossimilhança. O interesse principal do modelo que leva a essa previsão de ruptura cataclísmica está em que ele proporciona uma demonstração cabal de que o estilo de vida criado pelo capitalismo industrial sempre será o privilégio de uma minoria. O custo, em termos de depredação do mundo físico, desse estilo de vida é de tal forma elevado que toda tentativa de generalizá-lo levaria inexoravelmente ao colapso de roda uma civilização, pondo em risco a sobrevivência da espécie humana. Temos assim a prova cabal de que o desenvolvimento econômico — a ideia de que os povos pobres podem algum dia desfrutar das formas de vida dos atuais povos ricos — é simplesmente irrealizável. Sabemos agora de forma irrefutável que as economias da periferia nunca serão desenvolvidas, no sentido de similares às economias que formam o atual centro do sistema capitalista.‖ [88 e 89] Existe, portanto, um limite para o crescimento: o “Freio Malthusiano” 12 CONCLUSÃO - Sem pressão dos trabalhadores e sindicatos não existe progresso tecnológico e D - Demanda Interna, principalmente da M-de-O tem peso grande na teoria de CF - A concentração de renda pós 1967 gerou demanda para BCD e Milagre Econômico - A concentração de renda pode ser decorrente da ISI [falta de concorrência externa + salários baixos e baixo investimento em P,D,I&E e treinamento de M-de-O] - Faltou resolver o problema do ―O Mito do Desenvolvimento Econômico‖, p. 88 [se o crescimento do padrão de consumo da população pobre está bloqueado pela falta de recursos naturais e pela tendência de concentração de renda no capitalismo, como padrão de vida?]
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