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> r1 CENTRAL V —• DIGES DE JUSTINIANO L i b e r P r i m u s Introdução ao Direito Romano 3.a edição revista da tradução de H É L C I O M A C I E L FRANÇA M A D E I R A E d i ç ã o b i l íngüe: L a t i m - P o r t u g u ê s Co-edição II UNIVERSITÁRIO Fito Ri? EDITORA REVISTA D O S TRIBUNAIS DIGESTA Domini nostri sacrat iss imi principis Iust in iani iur i s enuc lea t i ex onini vetere iure collecti D iges torum seu P a n d e c t a r u m liber pr imus . DIGESTO1 P r i m e i r o l ivro d o s " D i g e s t o s " o u " P a n d e c t a s " do dire i to enuc leado 2 e s e l ec ionado de todo o direito ant igo , do sacrat í s s imo pr ínc ipe J u s t i n i a n o nosso Senhor. ( ,) Digestos; selecionados. • ,J) Elucidado; estudado minuciosamente. * I De iustitia et iure D.l . l . Ip r . U L P I A N U S libro primo institutionum Iuri operam daturum prius nosse oportet, unde nomen iuris descendat. Est autem a iustitia appellatum: nam, ut eleganter Celsus definit, ius est ars boni et aequi. D.l.1.1.1 Cuius mérito quis nos sacerdotes appellet: iustitiam namque colimus et boni et aequi notitiam profitemur, aequum ab iniquo sepa ran tes , l ici tum ab i l l ic i to discernentes, bonos non solum metu poenarum, verum etiam praemiorum quoque exhortatione efficere cupientes, veram nisi fallor philosophiam, non simulatam affectantes. D.l.1.1.2 Huius studii duae sunt positiones," publicum et privatum. Publicum ius e s t ' I Da justiça e do direito É preciso que aquele que há de se dedicar ao direito primeiramente saiba de onde descende o nome "direito" (ius). Vem, pois, de "justiça" chamado. De fato, como Celso elegantemente define, direito é a arte do bom e do justo.3 Com base neste direito Celso nos deno- mina sacerdotes: pois cultuamos a jus- tiça e professamos o conhecimento do bom e do justo, separando o justo do iníquo, discernindo o lícito do ilícito, desejando que os homens bons se façam não só pelo medo das penas mas tam- bém pela motivação dos prêmios, aspi- rando não à simulada filosofia, se não me engano, mas à verdadeira. São dois os temas deste estudo: o públi- co e o privado. Direito público é o que se 0> Équo, equitativo. • 1 8 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS quod ad statum rei Romanae spcctat, privatum quod ad singulorum utilitatem: sunt enim quaedam publice utilia, quaedam privaiim. Publicum ius in sacris, in sacerdotibus. -in magistratibus constitil. Privatum ius tripertitum est: collectum etenim est ex naturalibus praeceptis aut gentium aut civilibus. D.l.1.1.3 Ius naturale est, quod natura omnia animalia docuit: nam ius istud non humani generis proprium, sed omnium animalium, quae in terra, quae in mari nascuntur, avium quoque commune est. Hinc descendit maris atque feminae coniunctio, quam nos matrimonium appellamus, hinc liberorum procreatio, hinc educatio: videmus etenim cetera quoque animalia, feras etiam istius iuris peritia censeri. D.l.1.1.4 Ius gentium est, quo gentes humanae utuntur. Quod a naturali recedere facile intellegere licet, quia illud omnibus animalibus, hoc solis hominibus inter se commune sit. D.l .1 .2 P O M P O N I U S libro singulari enchiridii Veluti erga deum religio: ut parentibus et patriae pareamus: volta ao estado da res Romana,* privado o que se volta à utilidade de cada um dos indivíduos, enquanto tais. Pois alguns são úteis publicamente,3 outros particu- larmente. O direito público se constitui nos-sacra,6 sacerdotes e magistrados. O direito privado é tripartido: foi, pois, selecionado ou de preceitos naturais, ou civis, ou das gentes. O direito natural é o que a natureza ensinou a todos os animais. Pois este direito não é próprio do gênero huma- no, mas de todos' os animais que nascem na terra ou no mar, comum também das aves. Daí deriva a união do macho e da fêmea, a qual deno- minamos matrimônio; daí a procriação dos filhos, daí a educação. Percebemos, pois, que também os outros animais, jnesmo as feras, são guiados pela experiência deste direito. O direito das gentes é aquele do qual os povos humanos se utilizam. O que per- mite facilmente entender que ele se distancia do natural, porque este é co- mum a todos os animais e aquele é comum somente aos homens entre si. Por exemplo, a religião diante de Deus: a fim de que correspondamos7 aos nos- sos antepassados e à pátria. (4) Da coisa pública romana; do Estado romano. E , J ) De utilidade pública. * (6) Nas coisas sacras. 0 <7) Obedeçamos. • D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS 1 9 D.l.1.3 FLORENTINUS libro primo institutionum Ut vim atque iniuriam propulsemus: nam iure hoc evenit, ut quod quisque ob tutelam corporis sui fecerit, iure fecisse existimetur, et cum inter nos cognationem quandam natura constituit, consequens est hominem homini insidiari nefas esse. D . l . 1 . 4 U L P I A N U S libro primo institutionum Manumissiones quoque iuris gentium sunt. Est autem manumissio de manu missio, id est datio libertatis: nam quaindiu quis in servitute est, manui et potestati suppositus est, manumissus iiberatur potestate. Quae res a iure gentium originem sumpsit, utpote cum iure naturali omnes liberi nascerentur nec esset nota manumissio, cum servitus esset incógnita: sed posteaquam iure gentium servitus invasit, secutum est benefícium manumissionis. Et cum uno naturali nomine homines appellaremur, iure gentium tria genera esse coeperunt: liberi et his contrarium servi et tertium genus liberti, id est hi qui desierant esse servi. D.l.1.5 H E R M O G E N I A N U S libro primo iuris epitomarum A fim de que repilamos a violência e a injúria: pois deste direito decorre que o que cada um fizer para a proteção do seu corpo seja estimado como tendo sido feito legitimamente e, como a natureza constituiu entre nós um certo parentes- co,8 por conseqüência é contrário à reli- gião que um homem aja insidiosamente contra outro homem. Também as manumissões são do direito das gentes. Vem, pois, a manumissão de "demissão9pela mão", isto é, a conces- são da liberdade: pois enquanto o manumitido se liberta da potestas, o que estiver em servidão se submete à manus e à potestas-,10 Isto toma origem no di- reito das gentes, visto que por direito natural todos nasceriam livres e não se conheceria a manumissão. bem como se desconheceria a servidão. Mas depois que a servidão se iniciou pelo direito das gentes , seguiu-se o bene f í c io da manumissão. E como por, um único nome natural seriamos chamados "ho- mens", por direito das gentes começa- mos a ser de três gêneros: os livres, os servos (em oposição àqueles) e, como terceiro gênero, os libertos, isto é, os que deixaram de ser servos. !) Uma certa igualdade de emia. * l" Ação de livrar, livramento. • (,0) À mão e ao poder. 0 2 0 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS Ex hoc iure gentium introducta bella, discretae gentes, regna condita, dominia distincta. agris termini positi, aedificia collocata, commercium, emptiones venditiones. locationes conductiones, obligationes institutae: exceptis quibusdam quae iure civili introductae sunt. D. l . l .ópr . U L P I A N U S libro primo institutionum Ius civile est, quod neque in totum a naturali vel gentium recedit nec per omnia ei servit: itaque cum aliquid addimus vel detrahimus iuri communi, ius proprium. id est civile efficimus. D.l.1.6.1 Hoc igitur ius nostrum constat aut ex scripto aut sine scripto, ut apud graecos: tüiv vó^itóv oí pèv EYYpacpoi, oi 5è ãypatpoi. D.1.1.7pr. P A P I N I A N U S libro secundo definitionum Ius autemcivile est, quod ex legibus, plebis scitis, senatus consultis, decretis principum, auctoritate prudentium venit. D.l .1.7.1 Ius praetorium est, quod praetores introduxerunt adiuvandi vel supplendi vel corrigendi iuris civilis gratia propter utilitatem publicam. Quod et honorarium dici tur ad honorem praetorum sic nominatum. Por este direito das gentes as guerras foram introduzidas, destacados os po- vos, fundados os reinos, distintos os domínios, postos os limites nos campos, construídos os edifícios, instituídos o comércio, as compras e vendas, as loca- ções e as obrigações; excetuadas outras coisas que foram introduzidas pelo ius civile. Ius civile é o que não se afasta no todo do direito natural ou do direito das gentes, bem como não serve a este cm todas as coisas. Assim, quando acres- centamos ou subtraímos algo do direito comum, tornamo-lo um direito próprio, isto é, um direito civil. Este nosso direito portanto se estabelece ou por escrito ou não, como entre os gregos se diz: das normas, umas são escritas outras não escritas. Ius civile é o que advém das leis, ple- biscitos, senatus-consultos, decretos dos príncipes e da autoridade dos prudentes. O direito pretoriano" é o que os pretores introduziram a fim de auxiliar, suprir ou corrigir o ius civile, por causa de uma utilidade pública. O qual também se diz honorário, assim denominado em razão da honra aos pretores. ( l " Pretório.• I B U O T E C A D F CIÊNCIAS JURÍDICAS D I G E S T O D E J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS 2 1 D.l .1 .8 M A R C I A N U S libro primo institutionum Nam et ipsum ius honorarium viva vox est iuris civilis. D . l . 1 .9 G A I U S libro primo institutionum Omnes populi, qui legibus et moribus reguntur, partim suo proprio, partim communi omnium hominum iure utuntur. Nam quod quisque populus ipse sibi ius constituit, id ipsius proprium civitatis est vocaturque ius civile, quasi ius proprium ipsius civitatis: quod vero naturalis ratio inter omnes homines constituit . id apud omnes peraeque custoditur vocaturque ius gentium. quasi quo iure omnes gentes utuntur. D. l . l . lOpr . U L P I A N U S libro primo regularum Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi. D.l .1.10.1 Iuris praecepta sunt haec: honeste vive- re, alterum non laedere, suum cuique tribuere. D. l .1 .10.2 Iuris prudentia est divinarum atque humanarum rerum notitia, iusti atque iniusti scientia. D.l .1 .11 P A U L U S libro quarto decimo ad Sabinum Pois também o próprio direito honorário é a viva voz do direito civil. Todos os povos que são regidos por leis ou por costumes se utilizam em parte do seu próprio direito, em parte do direito comum a todos os homens. Pois o direi- to que cada povo por si mesmo a si constituiu este é próprio desta mesma civitas e se chama ius civile, como que um direito próprio desta mesma civitas. Mas aquele que a razão natural consti- tuiu entre todos os homens, o qual entre todos igualmente é protegido, chama-se direito das gentes, como que o direito do qual todos os povos se utilizam. Justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o seu direito. Os preceitos de direito são estes: viver honestamente, não lesar outrem, dar a cada um o seu. Jurisprudência é o conhecimento das coisas divinas e humanas, a ciência do justo e do injusto. 0 H - > 1 T 0 -y 1 ..T Ô ' j •»» • > -O Ius pluribus modis dicitur: uno modo, O direito pode ser dito de muitos mo- D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS 2 2 cum id quod semper aequum ac bonum est ius dicitur, ut est ius naturale. Altero modo, quod omnibus aut pluribus in quaque civitate utile est, ut est ius civile. Nec minus ius recte appellatur in civitate nostra ius honorarium. Praetor quoque ius reddere dicitur etiam cum inique decemit. relatione scilicet facta non ad id quod ita praetor fecit, sed ad illud quod praetorem facere convenit. Alia significatione ius dicitur locus in quo ius redditur, appellatione collata ab eo quod fit in eo ubi fit. Quem locum determinare hoc modo possumus: ubicumque praetor salva maiestate imperii sui salvoque more maiorum ius dicere constituit, is locus recte ius appellatur. D.l.1.12 M A R C I A N U S libro primo institutionum Nonnumquam ius etiam pro necessitu- dine dic imus veluti '"est mihi ius cognationis vel adfinitatis". dos: de um modo, como quando se chama direito aquilo que é sempre justo e bom, como é o direito natural. De um segundo modo, o que é útil a todos ou a muitos em alguma certa civitas, como é o ius civile. Não menos correto se chama direito em nossa civitas o direito honorário. Também o pretor se diz dis- tribuir o direito mesmo quando decide com iniqüidade, evidente que estabele- cida a relação não com aquilo que o pretor assim fez, mas com aquilo que convém que o pretor faça. Por uma outra significação se diz direito o lugar em que o direito é distribuído, denominação conferida por aquilo que se faz em lugar de onde se faz. Podemos determinar este lugar pelo seguinte modo: seja qual for o lugar em que o pretor definiu para dizer o direito este lugar corretamente se denomina direito, salvo a majestade de seu imperium e salvo o mos maiorum. Algumas vezes dizemos também di- reito no lugar de relação, como por exemplo "tenho direito de cognação ou de afinidade". I I I I De origine iuris et omnium magistratuum et successione prudentium Da origem do direito e de todos os magistrados e da sucessão dos prudentes D.l.2.1 G A I U S libro primo ad legem duodecim ta bui a rum F a c t u r u s l e g u m v e t u s t a r u m interpretationem necessário prius ab urbis initiis repetendum existimavi, non quia velim verbosos commentarios facere, sed quod in omnibus rebus animadverto id perfectum esse, quod ex omnibus suis partibus constarei: et certe cuiusque rei potissima pars principium est. Deinde si in foro causas dicentibus nefas ut ita dixerim videtur esse nulla praefatione facta iudici rem exponere: quan to mag i s in te rpre ta t ionem promittentibus inconveniens erit omissis initiis atque origine non repetita atque illotis ut ita dixerim manibus protinus materiam interpretat ionis tractare? Namque nisi fallor istae praefationes et libentius nos ad lectionem propositae materiae producunt et cum ibi venerimus, evidentiorem praestant intellectum. Estimei por necessário que haverei de fazer uma interpretação das antigas leis remontando primeiramente às origens da cidade, não porque eu queira fazer comentários verbosos, mas porque em todas as coisas admito que seja perfeito aquilo que conste de todas as suas par- tes. E certamente a parte mais impor- tante de cada uma das coisas é o seu princípio. Além disso, pareceria um sacrilégio (como eu assim diria) aos que dizem as causas no fórum alguém expor uma causa ao juiz sem que se fizesse prefácio algum. Quanto mais inconveniente seria aos que prometem uma interpretação tratar logo da maté- ria da interpretação omitidos os mo- mentos iniciais, não procurada a ori- gem e, como diria, sem lavar as mãos? Pois, a não ser que eu me engane, estes prefácios nos conduzem com mais prazer à lição da matéria proposta e, quando ali chegamos, garantem um entendimento mais claro. 24 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS D.1.2.2pr. P O M P O N I U S libro singulari enchiridii Necessarium itaque nobis videtur ipsius i u r i s o r i g i n e m a t q u e p r o c e s s u m demonstrare. D.1.2.2.1 Et quidem initio civitatis nostrae populus sine lege certa, sine iure certo primum agere instituit omniaque manu aregibus gubemabantur. D.1.2.2.2 Postea aucta ad aliquem modum civitate ipsum Romulum traditur populum in triginta partes divisisse, quas partes cúrias appellavit propterea quod tunc reipublicae curam per sententias partium earum expediebat. Et ita leges quasdam et ipse curiatas ad populum tulit: tulerunt et sequentes reges. Quae omnes conscriptae exstant in libro Sexti Papirii, qui fuit illis temporibus, quibus Superbus Demarati Corinthii filius, ex principalibus viris. Is liber, ut diximus, appellatur ius civile Papirianum. non quia Papirius de suo quicquam ibi adiecit, sed quod leges sine ordine latas in unum composuit. D.1.2.2.3 Exactis deinde regibus lege tribunicia omnes leges hae exoleverunt iterumque coepit populus Romanus incerto magis iure et consuctudine aliqua uti quam per latam legem, idque prope viginti annis passus est. E assim nos parece necessário demons- trar a origem e o desenvolvimento do próprio direito. Na verdade, no início de nossa civitas, o povo primeiramente começou a viver sem lei certa, sem direito certo, e todas as coisas eram governadas pela mão dos reis. Depois de um certo modo crescida a civitas, conta-se que o próprio Rómulo dividiu a civitas em trinta partes, as quais denominou cúrias, pelo fato de que naquele tempo ele administrava a respublica por meio do sufrágio de suas partes. E assim certas leis curiatas ele próprio também deu ao povo: deram- nas também os reis seguintes. Todas elas permanecem escritas no livro de Sexto Papírio, um dos principais varões, o qual viveu nos tempos de Soberbo, o filho de Demarato de Coríntio. Este livro, como dissemos, chama-se ius civile Papirianum, não porque Papírio tenha acrescentado ali algo de seu. mas por- que colecionou em um livro as leis proferidas sem ordem. E depois, expulsos os reis. por uma lei tribunicia todas estas leis caíram em de- suso e novamente o povo romano come- çou a utilizar mais um direito incerto e um costume indeterminado do que um direito por meio de lei escrita; e isto tolerou por aproximadamente 20 anos. DIGESTO DE JUSTINIANO - LÍBER PMMUS 25 D. 1.2.2.4 Postea ne diutius hoc fieret. placuit publica auctoritate decem constitui viros, per quos peterentur leges a graecis civitatibus et civitas fundaretur legibus: quas in tabulas eboreas perscriptas pro rostris composuerunt, ut possint leges apertius percipi: datumque est eis ius eo anno in civitate summum, uti leges et co r r ige ren t , si opus esse t , et interpretarentur neque provocatio ab eis sicut a reliquis magistratibus fieret. Qui ipsi animadverterunt aliquid deesse istis primis legibus ideoque sequenti anno alias duas ad easdem tabulas adiecerunt: et ita ex accedenti appellatae sunt leges d u o d e c i m t a b u l a r u m . Q u a r u m ferendarum auctorem fuisse decemviris H e r m o d o r u m q u e n d a m E p h e s i u m exulantem in Italia quidam rettulerunt. D. 1.2.2.5 His legibus latis coepit (ut naturaliter e v e n i r e so le t , u t i n t e r p r e t a t i o desideraret prudcntium auctoritatem) necessarium esse disputationem fori. Haec disputatio et hoc ius, quod sine s c r i p t o ven i t c o m p o s i t u m a prudentibus, própria parte aliqua non appellatur, ut ceterae partes iuris suis nominibus designantur, datis propriis n o m i n i b u s ce t e r i s pa r t ibus , sed communi nomine appellatur ius civile. D. 1.2.2.6 Deinde ex his legibus eodem tempore Em seguida para que isto não durasse por muito mais tempo, foi de consenso serem constituídos pela pública autori- dade dez varões, por meio dos quais fossem procuradas as leis das cidades gregas e a civitas tivesse o seu funda- mento nas leis: as quais compuseram registradas em tábuas de marfim defron- te dos rostros, de modo que as leis pudessem ser assimiladas mais aberta- mente; e foi dado naquele ano a eles o direito mais elevado na civitas. para que também melhorassem as leis, se fosse necessário, e as interpretassem e que não se fizesse provocação penal contra eles, assim como contra os magistrados restantes. Os próprios (dez varões) reco- nheceram que faltava algo a estas pri- meiras leis e por isso no ano seguinte acrescentaram outras duas tábuas: e assim, desde o acréscimo, foram chama- das Leis das Doze Tábuas. Algumas pessoas contaram ter sido o autor destas leis propostas um certo Hermodoro de Éfeso, que vivia exilado na Itália. Uma vez proferidas estas leis, começou a disputa do foro ser necessária (como naturalmente costuma ocorrer, de modo que a interpretação exigisse a autorida- de dos prudentes). Esta disputa e este direito que veio composto não por escri- to pelos prudentes não é designado como alguma parte especial como as outras partes do direito são designadas por nomes próprios, dadas às outras partes seus devidos nomes, mas é chamado pelo nome comum de ius civile. Depois, aproximadamente no mesmo 2 6 DIGESTO DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRJMUS fere actiones compositae sunt, quibus inter se homines disceptarent: quas ac t iones ne popu lus prout vel let institueret certas solemnesque esse voluerunt: et appellatur haec pars iuris legis actiones, id est legilimae actiones. Et ita eodem paene tempore tria haec iura nata sunt: lege duodecim tabularum ex his fluere coepit ius civile, ex isdem legis actiones compositae sunt. Omnium tamen harum et interpretandi scientia et actiones apud collegium pontificum erant, ex quibus constituebatur, quis quoquo anno praeesset privatis. Et fere populus annis p r o p e centum hac consuetudine usus est. D. 1.2.2.7 Postea cum Appius Claudius proposuis- set et ad formam redegisset has actiones, Gnaeus Flavius scriba eius libertini filius subreptum librum populo tradidit, et adeo gratum fuit id munus populo, ut tribunus plebis fieret et senator et aedilis curulis. Hic liber, qui actiones continet, appellatur ius civile Flavianum, sicut ille ius civile Papirianum: nam nec Gnaeus Flavius de suo quicquam adiecit libro. Augescente civitate quia deerant quaedam genera agendi , non post multum temporis spatium Sextus Aelius alias actiones composuit et librum populo dedit, qui appellatur ius Aelianum. D.l.2.2.8 Deinde cum esset in civitate lex tempo, foram criadas ações destas leis, por meio das quais os homens litigas- sem entre si. Para que o povo não instituísse estas ações conforme quises- se, determinou-se12 que elas fossem fi- xas e solenes. E esta parte do direito se chama "ações da lei", isto é, ações legítimas. E assim quase ao mesmo tempo nasceram estes três direitos: o direito da Lei das Doze Tábuas, das quais o ius civile começou a fluir e, destas mesmas, foram compostas as ações da lei. De todas estas, porém, tanto a ciência da interpretação como as ações pertenciam ao colégio dos pontí- fices, por meio dos quais se constituía aquele que a cada ano dirigiria os quefazeres privados. E o povo aproxi- madamente por cem anos usou deste costume. Depois, quando Ápio Cláudio propôs c reduziu estas ações a uma forma defini- da, Gneu Flávio, escriba dele, filho de um liberto, trouxe o livro subtraído fur- tivamente até o povo, e de tal modo isto foi um grato serviço ao povo, que se fez tribuno da plebe, senador e edil curul. Este livro que contém as ações se chama ius civile Flavianum, do mesmo modo como aquele se chama ius civile Papi- rianum. Pois também Gneu Flávio não acrescentou ao livro algo de sua autoria. Crescendo a civitas, porque faltavam certos gêneros de ação, não depois de muito espaço de tempo, Sexto Élio com- pôs outras ações e deu um livro ao povo que se chama ius Aelianum. Depois, como existissem na civitas a , , J ) Quiseram. • D I G E S T O DE J U S T I N I A NO - UBEK KRJMUS L , duodecim tabularum et ius civile, essent et legis actiones, evenit, ut plebs in discordiam cum patribus perveniret et secederet sibique iura constitueret, quae iura plebi seita vocantur. Mox cum revocata est plebs, quia multae discordiae nascebantur de his plebis scitis, pro legibus placuit et ea observari lege Hortênsia: et ita factum est, ut inter plebis seita et legem species constituendi interessei, potestas autem eadem esset. D. 1.2.2.9 Deinde quia difficile plebs convenire coepit, populus certe multo difficilius in tanta turba hominum, necessitas ipsa curam rei publicae ad senatum deduxit: ita coepit senatus se interponere et quidquid constituisset observabatur, idque ius appellabatur senatus consultum. D. 1.2.2.10 Eodem tempore et magistratus iura reddebant et ut seirent eives, quod ius de quaque re quisque dicturus esset seque praemunirent, edicta proponebant. Quae ed ic ta p rae to rum ius honora r ium constituerunt: honorarium dicitur. quod ab honore praetoris venerat. D.1.2.2.11 Novissime sicut ad pauciores iuris Lei das Doze Tábuas, o direito civil e as ações da lei, ocorreu que a plebe chegou a uma discórdia com os patrícios, reti- rou-se e constituiu a si direitos, os quais se chamam direitos deliberados pela plebe.13 Em seguida, como a plebe foi chamada de volta porque muitas discór- dias nasciam a respeito destes plebisci- tos, estabeleceu-se pela lex Hortênsia que também eles fossem observados como leis. E assim foi feito, de modo que entre os plebiscitos e a lei é relevan- te somente o modo de constituir; »o vigor, porém, é o mesmo. Depois, porque tomou-se difícil que a plebe se reunisse (e o povo certamente com dificuldade muito maior em razão da grande multidão de homens), a pró- pria necessidade deduziu ao senado a administração da res publica. E assim começou o senado a intervir e tudo o que estabelecia era observado, e este direito se chamava senatus-consulto. No mesmo tempo também os magistra- dos atribuíam os direitos e, para que os cidadãos soubessem qual o direito que cada cidadão estaria para receber como ordem, relativo a cada um dos assuntos, e para que eles se precavessem, propu- nham os editos. Estes editos dos pretores constituíram o direito honorário: diz-se honorário porque vinha da honra, do pretor. Por fim, como os meios de constituição Plebiscitos. * 2 8 D I G E S T O D E J U S T I N I A N O - L a u PRIMUS constituendi vias transisse ipsis rebus dictantibus videbatur per partes, evenit, ut necesse esset rei publicae p e r u n u m consuli (nam senatus non perinde omnes províncias probe gerere poterat): igitur constituto príncipe datum est ei ius, ut quod constituisset, ratum esset. D. 1.2.2.12 Ita in civitate nostra aut iure, id est lege, constituitur, aut est proprium ius civile, quod sine scripto in sola prudentium interpretatione consistit, aut sunt legis actiones, quae formam agendi continent, aut plebi scitum, quod sine auctoritate pa t rum est c o n s t i t u t u m , aut est m a g i s t r a t u u m e d i c t u m , unde ius honora r ium nasc i tu r , aut s ena tus c o n s u l t u m , quod so lum sena tu constituente inducitur sine lege, aut est principalis constitutio, id est ut quod ipse princeps constituit pro lege servetur. D.1.2.2.13 Post originem iuris et processum cognitum consequens est, ut de magistratuum nominibus et origine cognoscamus, quia, ut exposuimus, per eos qui iuri dicundo praesunt effectus rei accipitur: quantum est enim ius in civitate esse, nisi sint, qui iura regere possint? Post hoc deinde auctorum successione dicemus, quod constare non potest ius, nisi sit aliquis iuris peritus, per quem possit cottidie in melius produci. ( U ) Execução; efeito. • (,3> Da coisa. • do direito tivesse passado a poucos, conforme o que os próprios fatos dita- ram, ocorreu, por partes, que se fizesse necessário à res publica que ela fosse vigiada por um só (pois o senado não de modo absolutamente igual pudera admi- nistrar dignamente todas as províncias). Por conseguinte, constituído um prínci- pe, foi dado a ele o direito, a fim de que o que ele elaborasse fosse confirmado. Assim em nossa civitas se institui algo: ou por direito, isto é, pela lei, ou há o próprio ius civile, o qual, não escrito, consiste na interpretação única dos pru- dentes, ou há as "ações da lei" que definem a forma de se agir, ou o plebis- cito, que foi constituído sem a autorida- de dos patrícios, ou há o edito dos magistrados, de onde nasce o direito honorário, ou o senatus-consulto, o qual, somente pelo fato de se constituir pelo senado, é introduzido sem lei, ou há a constituição do príncipe, isto é, que aquilo que o príncipe determinou seja observado como lei. Depois de conhecida a origem do direito e seu desenvolvimento, é conseqüente que conheçamos a origem e os nomes dos magistrados, porque, como expuse- mos, a eficácia14 de uma disposição15 se compreende por meio daqueles que pre- sidem à jurisdição. Quanto vale, pois, haver direito em nossa cidade se não houver aqueles que possam reger os direitos? Depois disso, em seguida, fa- laremos da sucessão dos autores, porque D I G E S T O D E J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS 29 D.1.2.2.14 Quod ad magistratus attinet, initio civitatis huius constat reges omnem potestatem habuisse. D. 1.2.2.15 Isdem temporibus et tribunum celerum fuisse constat: is autem erat qui equitibus praeerat et veluti secundum locum a regibus optinebat: quo in numero fuit Iunius Brutus, qui auctor fuit regis eiciendi. D.1.2.2.16 Exactis deinde regibus cônsules constituti sunt duo: penes quos summum ius uti esset, lege rogatum est: dicti sunt ab eo. quod plurimum rei publicaeconsulerent. Qui tamen ne per omnia regiam potestatem sibi vindicarem, lege lata factum est, ut ab eis provocatio esset neve possent in caput civis Romani animadvertere iniussu populi: solum relictum est illis. ut coercere possent et in vincula publica duci iuberent. D.l.2.2.17 Post deinde cum census iam maiori tempore agendus esset et cônsules non sufficerent huic quoque officio, censores constituti sunt. o direito não se sustenta se não houver algum jurisperito por meio do qual o direito possa quotidianamente ser con- duzido para melhor. Quanto ao que diz respeito aos magis- trados, consta que no início desta civitas os reis tinham todo o poder. Naqueles tempos também consta que houvesse um tribuno dos céleres: ora, este era aquele que presidia os cavalei- ros e obtinha por assim dizer o segundo lugar depois dos reis; no número deles foi Júnio Bruto autor da expulsão do rei. E depois, expulsos os reis. constituíram- se dois cônsules, nas mãos de quem se determinou por uma lei que o sumo direito se encontrasse. Foram assim designados pelo fato de se ocuparem principalmente da res publica. Para que estes não exigissem para si o poder régio de tudo, determinou-se por uma lei que existisse a possibilidade de provocatio deles e que eles não pudes- sem reprimir contra a cabeça de um cidadão romano sem ordem do povo. Somente lhes foi deixado que pudessem constrangê-lo à força e ordenassem que fosse conduzido às cadeias públicas. Depois então, como o censo já há muito tempo se devesse fazer e os cônsules não fossem capazes de empreender tam- bém este ofício, foram constituídos os censores. 30 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍDER PRIMUS D.l.2.2.18 Popu lo deinde auc to cum crebra orerentur bella et quaedam acriora a finitimis inferrentur, interdum re exigente placuit maioris potestatis magistratum constitui: itaque dictatores proditi sunt, a quibus nec provocandi ius fuit et quibus etiam capitisanimadversio data est . Hunc mag i s t r a tum, q u o n i a m summam potestatem habebat, non erat fas ultra sextum mensem retineri. D.l .2.2.19 Et his dictatoribus magistri equitum iniungebantur sic, quo modo regibus tribuni celerum: quod officium fere tale erat. quale hodie praefectorum praetorio, magistratus tamen habebantur legitimi. D.l.2.2.20 Isdem temporibus cum plebs a patribus secessisset anno fere septimo decimo post reges exactos, tribunos sibi in monte sacro creavi t , qui e ssen t plebei i magistratus. Dicti tribuni, quod olim in tres partes populus divisus erat et ex singulis singuli creabantur: vel quia tribuum suffragio creabantur. D.l.2.2.21 Itemque ut essent qui aedibus praeessent, in quibus omnia seita sua plebs deferebat, Mais tarde, com o aumento da popula- ção, como se originassem guerras fre- qüentes e algumas mais graves fossem suportadas pelos povos confinantes, durante este período, exigindo a realida- de, determinou-se por bem que se cons- tituísse uma magistratura de maior po- der. Assim, surgiram os ditadores, con- tra os quais não existiu o direito de mover a provocatio e aos quais se con- cedeu até mesmo o poder da pena capi- tal. Pois que possuía o sumo poder, não era permitido que este magistrado se mantivesse além do sexto mês. Também a estes ditadores se vincula- vam os mestres dos cavaleiros, do mes- mo modo como aos reis os tribunos dos céleres. Tal ofício era aproximadamente qual é hoje o dos prefeitos do pretório; todavia, eram tidos como magistrados legítimos. Naqueles tempos em que a plebe pro- moveu a secessão dos patrícios, aproxi- madamente no décimo sétimo ano de- pois da expulsão dos reis, elegeu ela para si os tribunos no Monte Sacro para que fossem magistrados plebeus. Eram chamados tribunos porque outrora o povo era dividido em três partes e eram eleitos individualmente, um de cada uma delas; ou porque eram eleitos pelo su- frágio das tribos. E igualmente, para que houvesse quem guardasse pelos edifícios nos quais a DIUfcà IU Ub JU5 1IIN1AINU - UBtK rKiMW duos ex plebe constituerunt, qui etiam aediles appellati sunt. D. 1.2.2.22 Deinde cum aerarium populi auctius esse coepisse t , ut essent qui illi praeessent, constituti sunt quaestores, qui pecuniae praeessent, dicti ab eo quod inquirendae et conservandae pecuniae causa creati erant. D. 1.2.2.23 Et quia, ut diximus, de capite civis Romani iniussu populi non erat lege permissum consul ibus ius dicere , propterea quaestores constituebantur a populo, qui capitalibus rebus praeessent: hi appellabantur quaestores parricidii, quorum etiam meminit lex duodecim tabularum. D. 1.2.2.24 Et cum placuisset leges quoque ferri, latum est ad populum, uti omnes magistratu se abdicarem, quo decemviri constituti anno uno cum magistratum prorogarent sibi et cum iniuriose t ractarent neque vellent de inceps sufficere magistratibus, ut ipsi et factio sua perpetuo rem publicam occupatam retineret: nimia atque aspera dominatione eo rem perduxerant, ut exercitus a re publ ica secedere t . In i t ium f u i s s e secessionis dicitur Verginius quidam. qui cum an imadver t i s se t App ium Claudium contra ius, quod ipse ex vetere iure in duodecim tabulas transtulerat, j i plebe deferia todas as suas deliberações, constituíram dois homens da plebe, que também foram chamados edis. Depois, quando o erário do povo come- çou a crescer, para que houvesse quem por este guardasse, foram constituídos os questores para que protegessem a pecúnia, assim chamados pelo fato de serem eleitos por causa da pecúnia que devem perquirir e conservar. E porque, como dissemos, não era por lei permitido aos cônsules dar sentença capital de um cidadão romano sem or- dem de povo, por causa disso se cons- tituíam os questores pelo povo, para que presidissem às questões capitais: estes eram chamados quaestores parricidii, dos quais também se recorda a Lei das Doze Tábuas. E como também foi de consenso que fossem estabelecidas também as leis, foi proposto ao povo que todos se abdicas- sem da magistratura; por isso os decênviros, constituídos por um só ano, como prorrogassem para si a magistra- tura e como se comportassem injuriosa- mente e não quisessem em seguida se submeter aos demais16 magistrados, de modo que a sua facção (e eles próprios) mantivesse perpetuamente dominada a res publica, conduziram por uma exces- siva e áspera dominação até o ponto em que o exército se rebelasse contra a res publica. O início da secessão se atribui ,16' Demais: acréscimo elucidativo. 3 2 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS vindicias filiae suae a se abdixisse et secundum eum, qui in servitutem ab eo suppositus petierat, dixisse captumque amore virginis omne fas ac nefas miscuisse: indignatus, quod vetustissima iuris observantia in persona filiae suae defecisset (utpote cum Brutus, qui primus Romae cônsul fuit, vindicias secundum libertatem dixisset in persona Vindicis Vi te l l iorum serv i , qui p rod i t ion i s coniurationem indicio suo detexerat) et castitatem filiae vitae quoque eius praeferendam putaret, arrepto cultro de taberna lanionis filiam interfecit in hoc scilicet, ut morte virginis contumeliam stupri arceret, ac protinus recens a caede madenteque adhuc filiae cruore ad commilitones confugit. Qui universi de Algido, ubi tunc belli gerendi causa legiones erant, relictis ducibus pristinis s igna in Aven t inum t rans tu lerunt , omnisque plebs urbana mox eodem se contulit, populique consensu partim in cárcere necati. Ita rursus res publica suum statum recepit. a um certo Vergínio. Como reprovasse que Ápio Cláudio (contra o direito que ele próprio transmitira do antigo direito para a Lei das Doze Tábuas) houvesse renunciado ao pedido de posse provisó- ria17 da filha dele (Vergínio), segundo aquele que a pedira em servidão, um preposto do próprio Ápio Cláudio, ele (Ápio Cláudio) havia dito que, captura- do pelo amor da virgem, confundira o permitido com o proibido, este Vergínio, indignado porque faltasse a observância do antiquíssimo direito com a própria filha (visto que Bruto, que foi o primei- ro cônsul de Roma, afirmasse a garantia a favor da liberdade na pessoa do servo Víndex dos Vitélios,18 que pela sua re- velação tecia por completo a aliança dos povos de uma traição) e também ele reputasse a castidade da filha ser prefe- rível à vida dela, arrebatada uma faca da barraca do açougueiro, matou a filha, para que naturalmente com isto afastas- se o ultraje do estupro com a morte da virgem; e logo que se afasta do corte letal e ainda molhado pelo sangue da filha vai refugiar-se junto aos seus com- panheiros de armas. Todos eles, abando- nados os seus antigos chefes, transferi- ram as suas tropas do monte Álgido,19 onde ao tempo estavam as legiões por causa de uma guerra a ser iniciada, ao Aventino, e toda a plebe urbana rapida- mente para o mesmo se ajuntou e pelo consenso do povo os decênviros em parte foram mortos. Assim a res publica retomou novamente o seu estado. D.l .2.2.25 Deinde cum post aliquot annos duodecim Em seguida, depois de alguns anos a (l7) Vindiciae, arum - pedido de posse provisória de um bem objeto de controvérsia processual. <tt> Vitélios, habitantes de Vitelia, cidade dos équos. Monte perto de Túsculo, cujo nome significa monte frio. D I G E S T O D E J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS tabulae latae sunt et plebs contenderet cum patribus et vellet ex suo quoque corpore cônsu les creare et patres recusarent: factum est, ut tribuni militum crearentur partim ex plebe, partim ex patribus consulari potestate. Hique constituti sunt vario numero: interdum enim viginti fuerunt,interdum plures, nonnumquam pauciores. D. 1.2.2.26 Deinde cum placuisset creari etiam ex ilebe cônsules, coeperunt ex utroque :orpore constitui. Tunc, ut aliquo pluris )atres haberent, placuit duos ex numero >atrum constitui: ). 1.2.2.27 a facti sunt aediles curules. Cumque onsules avocarentur bellis finitimis eque esset qui in civitate ius reddere 3sset. factum est. ut praetor quoque earetur, qui urbanus appellatus est, iod in urbe ius redderet. 1.2.2.28 •st aliquot deinde annos non sufficiente praetore, quod multa turba etiam regrinorum in civitatem veniret, ;atus est et alius praetor, qui peregrinus oellatus est ab eo, quod plerumque er peregrinos ius dicebat. 33 contar da legislação das doze tábuas, como a plebe não só contendesse com os patrícios mas também quisesse eleger cônsules provenientes também do seu próprio corpo e os patrícios recusassem, determinou-se então que os tribunos mi- litares fossem eleitos em parte pela plebe, em parte pelos patrícios de poder consu- lar. E estes foram constituídos em núme- ro variado: por vezes vinte, por vezes mais, algumas vezes em menor número. Depois como também era de consenso que também os cônsules fossem eleitos pelo corpo da plebe, começaram a ser constituídos por ambos os corpos. Na- quele momento, para que os patrícios tivessem algo a mais. determinou-se que fossem constituídos dois do número dos patrícios: E assim foram feitos os edis curuis. E como os cônsules fossem chamados às guerras de fronteira e não houvesse quem pudesse distribuir o direito na civitas, fez-se com que também um pretor fosse eleito, o qual foi chamado pretor urbano, porque na cidade distri- buiria o direito. Depois de alguns anos, não sendo suficiente este pretor porque também já muitas turbas de peregrinos t inham vindo para a civitas, foi eleito também um outro pretor, que foi chamado pretor peregrino pelo fato de que comumente declarava o direito entre os peregrinos. 34 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS D. 1.2.2.29 Deinde cum esset necessarius magistratus qui hastae praeessent, decemviri in litibus iudicandis sunt constituti. D.l.2.2.30 Constituti sunt eodem tempore et quattuorviri qui curam viarum agerent, et triumviri monetales aeris argenti auri flatores, et triumviri capitales qui carceris custodiam haberent, ut cum animadverti oporteret interventu eorum fieret. D. 1.2.2.31 Et quia magis t ra t ibus vesper t in i s t empor ibus in p u b l i c u m es se inconveniens erat, quinqueviri constituti sunt eis tiberim et ultis tiberim, qui possint pro magistratibus fungi. D. 1.2.2.32 Capta deinde Sardinia mox Sicilia, item Hispania, deinde Narbonensi província totidem praetores, quot provinciae in dicionem venerant, creati sunt, partim qui u rban i s rebus, par t im qui p rov inc ia l ibus praeessent . De inde Cornélius Sulla quaestiones publicas constituit, veluti de falso, de parricidio, de sicariis, et praetores quattuor adiecit. Deinde Gaius Iulius Caesar duos praetores et duos aediles qui frumento praeessent et a Cerere cereales constituit. Depois, como fosse necessário um ma- gistrado que presidisse às hastas, foram constituídos para este fim20os decênviros das lides judiciais. Ao mesmo tempo foram constituídos os quatórviros21 para que promovessem a tutela das ruas, os triúnviros monetários marcadores do bronze, da prata e do ouro, e os triúnviros capitais que tinham a custódia do cárcere, para que, quando fosse preciso repreender alguém, se o fizesse com a intervenção deles. E porque era inconveniente aos magis- trados permanecer em público nos perí- odos vespertinos, foram constituídos os qüinqüíviros aquém do Tibre e além do Tibre, os quais pudessem se portar como magistrados. Depois, capturada a Sardenha, logo depois a Sicília, igualmente a Espanha e depois a província de Narbona, foram eleitos tantos pretores quantas as pro- víncias que vinham ao domínio, alguns para que presidissem às questões urba- nas, outros às provincianas. Então Cornélio Sula constituiu as quaestiones publicae como as de falso, de parricidio, de sicariis,22 e acrescentou quatro pretores. Depois Caio Júlio César cons- tituiu dois pretores e dois edis para que m Para este fim: acréscimo elucidativo. ,2 , ) Neologismo, aproveilando o fenômeno que sucedeu com o vocábulo quatorze. <22) Instâncias públicas como as relativas à falsidade, ao parricidio e aos sicários. GD D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS 3 3 Ita duodecim praetores, sex aediles sunt creati. Divus deinde Augustus sedecim praetores constituit. Post deinde divus Claudius duos praetores adiecit qui de fideicommisso ius dicerent, ex quibus unum divus Titus detraxit: et adiecit divus Nerva qui inter fiscum et privatos ius diceret. Ita decem et octo praetores in civitate ius dicunt. D. 1.2.2.33 Et haec omnia, quotiens in re publica sunt magistratus, observantur: quotiens autem proficiscuntur, unus relinquitur, qui ius dicat: is vocatur praefectus urbi. Qui praefectus olim constituebatur: postea fere latinarum feriarum causa introductus est et quotannis observatur. Nam praefectus annonae et vigilum non sunt magistratus, sed extra ordinem utilitatis causa constituti sunt. Et tamen hi, quos cistiberes diximus, postea aediles senatus consulto creabantur. D. 1.2.2.34 Ergo his omnibus decem tribuni plebis, cônsules duo, decem et octo praetores, sex aediles in civitate iura reddebant. D.1.2.2.35 Iuris civilis scientiam plurimi et maximi viri professi sunt: sed qui eorum guardassem os cereais - e instituiu-os pretores e edis cereais,23 termo derivado da deusa Ceres. Assim, foram eleitos doze pretores e seis edis. Depois o divino Augusto constituiu dezesseis pretores. Depois o divino Cláudio acres- centou dois pretores que tivessem juris- dição nas causas de fideicomisso, um dos quais o divino Tito retirou; e o divino Nerva acrescentou um que tives- se jurisdição nas causas entre o fisco e os particulares. Assim é que dezoito pretores têm jurisdição na civitas. E todas estas coisas se observam todas as vezes em que houver magistrados na res publica: sempre, porém, que se afas- tam é deixado um que fique com a jurisdição: este se chama praefectus urbi. Este prefeito se constituía no passado: depois foi introduzido ordinariamente por causa das férias latinas e anualmen- te se observava. Quanto ao praefectus annonae e ao praefectus vigilum, não são eles magistrados, mas foram cons- tituídos em razão da utilidade de modo extraordinário. E todavia estes, os quais dissemos (qüinqüíviros) aquém doTibre, depois, por um senatus-consulto eram elevados a edis. Portanto, todos somados, na civitas exer- ciam jurisdições dois cônsules, dezoito pretores, seis edis. Muitos e grandes varões professaram a ciência do direito civil: mas os que 123' Cerealcs, i.e., consagrados à deusa Ceres. ' 3 6 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LIBE» PRIMUS maximae dignat ionis apud populum Romanum fuerunt, eorum in praesentia mentio habenda est, ut appareat, a quibus et qualibus haec iura orta et tradita sunt. Et quidem ex omnibus, qui scientiam nancti sunt, ante Tiberium Coruncanium publice professum neminem traditur: ceteri autem ad hunc vel in latenti ius civi le ret inere cogitabant so lumque consul ta tor ibus vacare pot ius quam discere volentibus se praestabant. D. 1.2.2.36 Fuit autem in primis peritus Publius Papirius, qui leges regias in unum contulit. Ab hoc Appius Claudius unus e x d e c e m v i r i s , c u i u s m a x i m u m consilium in duodecim tabulis scribendis fuit. Post hunc Appius Claudius eiusdem generis maximam scientiam habuit: hicCentemmanus appellatus est, Appiam viam stravit et aquam Claudiam induxit et de PyrTho in urbe non recipiendo sententiam tulit: hunc etiam actiones sc r ips i sse t rad i tum est p r imum de usurpationibus, qui liber non exstat: idem Appius Claudius, qui videtur ab hoc processisse, R litteram invenit, ut pro Valesiis Valerii essent et pro Fusiis Furii. D. 1.2.2.37 F u i t pos t e o s m a x i m a e s c i e n t i a e Sempronius, quem populus Romanus cjotpòv appellavit, nec quisquam ante h u n c aut p o s t h u n c h o c n o m i n e cognominatus est. Gaius Scipio Nasica, qu i optimus a senatu appellatus est: cui e t iam publice domus in sacra via data foram entre eles de máxima dignidade junto ao povo romano, dos quais deve ser feita a presente menção, para que se evidencie por meio de quem e de quais méritos estes direitos nasceram e foram transmitidos. E na verdade de todos os que se aplicaram à ciência segundo a tradição não houve ninguém antes que Tibério Coruncânio professasse-a publi- camente. Os outros, no entanto, até este, cogitavam manter o ius civile em segre- do ou somente se prestavam com prefe- rência ensiná-lo aos consulentes que desejassem. Houve pois, entre os primeiros, o perito Públio Papírio que consolidou as leis régias em um só corpo. Deste seguiu Ápio Cláudio, um dos decênviros, cu jo conselho foi enorme em relação à reda- ção das dozes tábuas. Depois deste, Ápio Cláudio, da mesma linhagem, teve enorme conhecimento: este foi chamado de Centêmano, construiu a Via Ápia e o aqueduto Cláudio e sustentou a opinião de que Pirro não fosse recebido na cidade; conta-se que ele também tivesse escrito as ações, primeiramente sobre as usurpações - livro este que não existe mais. Também um Ápio Cláudio, que parece deste ter sido proveniente, inven- tou a letra " R " de modo que se substi- tuísse "Valesii" por "Valerii" e "Fusii" por "Furii". Depois destes veio Semprônio de enor- me conhecimento, a quem o povo roma- no chamou de Sábio - e ninguém antes ou depois dele foi por este nome cognominado. Gaio Cipião Nasica foi chamado pelo senado de Ótimo a quem também foi dada uma casa pelo povo na D I G E S T O D E J U S T I N I A N O - ÜBER PRIMUS 37 est, quo facilius consuli posset. Deinde Quintus Mucius, qui ad Carthaginienses missus legatus, cum essent duae tesserae positae una pacis altera belli, arbítrio sibi dato, utram vellet referret Romam, utramque sustulit et ait Carthaginienses petere debere, utram mallent accipere. D. 1.2.2.38 Post hos fuit Tiberius Comncanius, ut dixi, qui primus profíteri coepit: cuius tamen scriptum nullum exstat, sed responsa complura et memorabilia eius fuerunt. Deinde Sextus Aelius et frater eius Publius Aelius et Publius Atilius maximam scient iam in prof i tendo habuenint, ut duo Aelii etiam cônsules fuerint, Atilius autem primus a populo Sapiens appellatus est. Sextum Aelium etiam Ennius laudavit et exstat illius liber qui inscribitur "tripertita", qui liber veluti cunabula iuris continet: tripertita autem dicitur, quoniam lege duodecim tabularum praeposita iungitur interpretatio, deinde subtexitur legis actio. Eiusdem esse tres alii libri referuntur. quos tamen quidam negant iiusdem esse: hos sectatus ad aliquid est Cato. Deinde Marcus Cato princeps ?orciae familiae, cuius et libri exstant: ;ed plurimi filii eius, ex quibus ceteri )riuntur. Xl.2.2.39 'ost hos fuerunt Publius Mucius et Jrutus et Manilius, qui fundaverunt ius ivile. Ex his Publius Mucius etiam via Sacra para que pudesse ser consul- tado mais facilmente. Depois Quinto Múcio, o qual, como legado enviado aos cartagineses, quando lhe fora dada a escolha entre duas cartas - uma da paz, outra da guerra (aquela que quises- se levaria a Roma) -, segurou as duas e disse que os Cartagineses deveriam pedir a que entre as duas prefeririam receber. Depois destes houve Tibério Coruncânio, que primeiramente, como eu disse, co- meçou a professar o direito, mas de quem não permanece escrito algum, embora fossem deles inúmeras e memo- ráveis respostas. Depois Sexto Élio, Públio Élio, seu irmão e Púbüo Atílio tiveram grande conhecimento na profis- são, de modo que os dois Élios foram também cônsules, e Atílio, por sua vez, o primeiro a ser chamado pelo povo de Sapiente. Até Ênio elogiou Sexto Élio e permanece o seu livro que se denomina "Tripartidos", livro este que contém por assim dizer o berço do direito. Diz-se "tripartidos" porque, enunciada a Lei das Doze Tábuas, junta-se a interpreta- ção e a seguir se expõe a legis actio. Conta-se que do mesmo haja três outros livros, os quais todavia alguns negam que sejam dele mesmo. Catão de um certo modo acompanhou-os; depois Marco Catão, chefe da família Pórcia cujos livros também existem: mas mui- tos são os filhos dele dos quais se originam outros livros. Depois deles vieram Públio Múcio, Bruto e Manílio que fundaram o ius civile. Destes, Públio Múcio deixou também 38 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LIBER PRIMUS decem libellos reliquit, Brutus septem, Manilius tres: et extant volumina scripta Manilii monumenta. Illi duo consulares fuerunt, Brutus praetorius, Publius autem Mucius etiam pontifex maximus. D. 1.2.2.40 Ab his profecti sunt Publius Rutilius Rufiis, qui Romae cônsul et Asiae procônsul fuit, Paulus Verginius et Quintus Tubero ille stoicus Pansae auditor, qui et ipse cônsul. Etiam Sextus Pompeius Gnaei Pompeii patruus fuit eodem tempore: et Coelius Antipater, qui historias conscripsit, sed plus eloquentiae quam scientiae iuris operam dedit: etiam Lucius Crassus frater Publii Mucii. qui Munianus dictus est: hunc Cice ro ait i u r i s consu l to rum disertissimum. D.l.2.2.41 Post hos Quintus Mucius Publii filius pontifex maximus ius civile primus constituit generatim in libros decem et octo redigendo. D. 1.2.2.42 Mucii auditores fuerunt complures, sed praecipuae auctoritatis Aquilius Gallus, Balbus Lucilius, Sextus Papirius, Gaius luventius: ex quibus Gallum maximae auctoritatis apud populum fuisse Servius dicit. Omnes tamen hi a Sérvio Sulpicio nominantur: al ioquin per se eorum scripta non talia exstant, ut ea omnes appetant: denique nec versantur omnino cr ip ta eorum inter manus hominum, sed Servius libros suos complevit, pro cuius scriptura ipsorum quoque memoria habetur. dez livros. Bruto sete e Manílio três. E restam os volumes escritos, os Monu- mentos de Manílio. Aqueles dois foram consulares, Bruto pretório, mas Públio Múcio, além disso, pontífice máximo. Deles procederam Públio Rutílio Rufo, que foi cônsul em Roma e procônsul na Ásia, Paulo Vergínio e Quinto Tuberão, aquele um estóico ouvinte de Pansa e que também foi, ele próprio, cônsul. Além disso. Sexto Pompeu foi ao tempo tio paterno de Gneu Pompeu, Célio Antípatro, que escreveu suas histórias, mas que mais se dedicou à eloqüência do que à ciência do direito; também Lúcio Crasso, irmão de Públio Múcio, que foi chamado de Muniano: diz Cícero que este foi o mais eloqüente dos jurisconsultos. Depois deles Quinto Múcio, fi lho de Públio, pontífice máximo, o primeiro a constituir o ius civile por categorias, redigindo-o em dezoito livros. Muitos foram os ouvintes de Múcio, mas de prec ípua au tor idade foram Aquílio Galo, Balbo Lucíl io, Sexto Papírio e Ga io Juvêncio, dos quais, diz Servo, ter s ido Galo o de maior autori- dade junto ao povo. Todos estes, porém, foram referidos por Sérvio Sulpicio; diversamente, seus escritos não perma- necem unificados de tal modo que todos os encontrem; enfim, os escritos deles de modo a lgum circulam entre as mãos dos homens, mas Sérvio completou os seus livros e na sua escrita se guarda também a memória daqueles.D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - UBEA HÚMUS 3.1.2.2.43 servius autem Sulpicius cum in causis Drandis primum locum aut pro certo post Marcum Tullium optineret, traditur ad :onsulendum Quintum Mucium de re amici sui pervenisse cumque eum sibi respondisse de iure Servius parum in te l lex isse t , i terum Quin tum in te r rogasse t et a Q u i n t o Muc io responsum esse nec tamen percepisse, et ita obiurgatum esse a Quinto Mucio: namque eum dixisse turpe esse patrício et nobili et causas oranti ius in quo versaretur ignorare. Ea velut contumelia Servius tactus operam dedit iuri civili et plurimum eos, de quibus locuti sumus, audii t . Inst i tutus a Ba lbo Lucilio, instructus autem maxime a Gallo Aquilio, qui fuit Cercinae: itaquc libri complures eius extant Cercinae confecti. Hic cum in legatione perisset, statuam ei populus Romanus pro rostris posuit, et hodieque exstat pro rostr is Augus t i . Huius volumina complura exstant: reliquit autem prope centum et octoginta libros. D. 1.2.2.44 Ab hoc plurimi profecerunt, fere tamen hi libros conscripserunt: Alfenus Varus Gaius,25 Aulus Ofilius, Titus Caesius, Aufidius Tucca, Aufidius Namusa, Flavius Priscus, Gaius Ateius, Pacuvius Labeo Antistius Labeonis Antisti pater, Cinna, Publicius Gellius. Ex his decem libros octo conscripserunt, quorum omnes qui fuerunt libri digesti sunt ab Aufídio Namusa in centum quadraginta libros. Ex his auditoribus plurimum auctoritatis habuit Alfenus Varus et Aulus Conta-se pois que Sérvio Sulpicio, como tivesse obtido o primeiro posto nas ora- ções das causas, ou por certo, depois de Marco Túlio, tivesse vindo consultar Quinto Múcio sobre assunto de um seu amigo e como ele lhe respondesse em termos de direito. Sérvio pouco enten- deu; novamente interrogou a Quinto e por Quinto Múcio foi respondido, mas também não compreendeu e assim foi repreendido por Quinto Múcio. Pois este lhe disse que é vergohoso ao patrício, ao nobre e ao orador de causas ignorar o direito sobre o qual versa. Tocado por esta contumélia, por assim dizer, Sérvio se aplicou ao ius civile e ouviu muitos daqueles sobre os quais falamos. Inici- ado por Balbo Lucilio, foi porém ins- truído principalmente por Galo Aquílio, que esteve na Cércina:24 e assim sobre- vivem muitos livros dele escritos em Cércina. Como ele faleceu estando em missão de legado, o povo romano colo- cou-lhe uma estátua nos rostros. e hoje está nos rostros de Augusto. Muitos foram dele decorrentes, todavia escreveram livros, em número provável, os seguintes: Alfeno Varo. Aulo Ofílio, Tito Césio, Auf íd io Tuca, Auf íd io Namusa, Flávio Prisco, Gaio Ateio, Pacúvio Labeão Antístio, pai de Labeão Antístio, Gaio Cina e Publício Gélio. Destes dez, oito escreveram livros. To- dos estes livros que foram escritos deles foram compilados por Aufídio Namusa cento e quarenta livros. Destes Alfeno Varo foi o que teve grande autoridade e ,:4) Cércina - ilha africana. '»> Gaius aut delendum (Cujácio) aut transponendum ante Cinna (Monimscn-Krüeger). 4 0 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS Ofilius, ex quibus Varus et cônsul fuit, Ofilius in equestri ordine perseveravit. Is fuit Caesari familiarissimus et libros de iure civili plurimos et qui omnem partem operis fundarent reliquit. Nam de legibus vicensimae primus conscribit: de iurisdictione idem edictum praetoris primus diligenter composuit, nam ante eum Servius duos libros ad Brutum pe rquam b r e v í s s i m o s ad e d i c t u m subscriptos reliquit. D. 1.2.2.45 Fuit eodem tempore et Trebatius, qui idem Cornelii Maximi auditor fuit: Aulus Casce l l ius , Quint i Muci Volcac i i auditoris, denique in illius honorem tes- tamento Publium Mucium nepotem eius reliquit heredem. Fuit autem quaestorius nec ultra proficere voluit, cum illi etiam Augustus consulatum offerret. Ex his Trebatius peritior Cascellio, Cascellius Trebatio eloquentior fuisse dicitur, Ofilius utroque doctior. Cascellii scripta non exstant nisi unus liber bene dictorum, Trebat i i c o m p l u r e s , sed m i n u s frequentantur. D. 1.2.2.46 Post hos quoque Tubero fuit, qui Ofilio operam dedit: fuit autem patricius et transiit a causis agendis ad ius civile, maxime postquam Quintum Ligarium accusavit nec optinuit apud Gaium Caesarem. Is est Quintus Ligarius, qui também Aulo Offlio; destes dois, Varo foi também cônsul, Offlio prosseguiu na ordem eqüestre. Este foi muito familiar a César e deixou muitos livros sobre o ius civile os quais também serviram como fundamento a toda parte da obra.26 Foi, pois, o primeiro a escrever sobre as leis da vigésima;27 quanto à jurisdição, foi igualmente o primeiro que dispôs cuidadosamente o edito do pretor, pois, antes dele, Sérvio deixou a Bruto dois livros de "Comentários ao Edito", total- mente concisos. Também foi daquele tempo Trebácio, que foi igualmente ouvinte de Cornélio Máximo; foi também Aulo Cascélio, ouvinte de Volcácio, discípulo de Quin- to Múcio; por fim, em honra deste, este deixou por testamento o neto dele, Públio Múcio, como herdeiro. Foi ainda questor e não quis avançar muito, mesmo quan- do Augusto lhe oferecera o consulado. Destes dois, diz-se Trebácio ter sido mais perito do que Cascélio, Cascélio mais eloqüente do que Trebácio. Offlio mais douto do que ambos. Os escritos de Cascélio não sobrevivem exceto um só livro "das coisas bem ditas"; de Trebácio, vários, mas são menos con- sultados. Depois destes também veio Tuberão, que dedicou sua obra a Offlio: foi, pois, patrício e se transferiu da atuação nas causas para o ius civile, principalmente depois que acusou Quinto Ligário e não obteve sucesso junto a Caio César. , : 6 ' Da obra, i.e., da construção dos juristas, do s i s tema.* <ZT) Leis da vigésima parte da herança. D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS 41 cum Africae oram teneret, infirmum Tuberonem applicare non permisit nec aquam haur i re , quo n o m i n e eum accusavit et Cicero defendit: exstat eius oratio satis pulcherrima, quae inscribitur pro Quinto Ligario. Tubero doctissimus quidem habitus est iuris publici et privati et complures utriusque operis libros reliquit: sermone etiam antiquo usus affectavit scribere et ideo parum libri eius grati habentur. D. 1.2.2.47 Quinto Ligârio é aquele que ao dominar a extremidade da África não permitiu que Tuberão, doente, desembarcasse e haurisse água, razão pela qual acusou- o e Cícero defendeu-o; existe a oração dele na medida da máxima beleza, que se intitula Pro Quinto Ligario. O doutíssimo Tuberão verdadeiramente habituado ao direito público e privado também deixou vários livros de obras de ambas as matérias. Além disso, o uso da língua antiga afetou-o no escrever e por isso seus livros são tidos como pouco gratos. Post hunc maximae auctoritatis fuerunt Ateius Capito, qui Ofilium secutus est, et Antistius Labeo, qui omnes hos audivit, institutus est autem a Trebatio. Ex his Ateius cônsul fuit: Labeo noluit, cum offerretur ei ab Augusto consulatus, quo suffectus fieret, honorem susciperc, sed plurimum studiis operam dedit: et totum annum ita diviserat, ut Romae sex mensibus cum studiosis esset. sex mensibus secederet et conscribendis libris operam daret. Itaque reliquit quadr ingenta volumina, ex quibus plurima inter manus versantur. Hi duo primum veluti diversas sectas fecerunt: nam Ateius Capito in his, quae ei tradita fuerant, perseverabat, Labeo ingenii qualitate et fiducia doctrinae, qui et ceteris operis sapientiae operam dederat, plurima innovare instituit. D. 1.2.2.48 Et ita Ateio Capitoni Massurius Sabinus successit. Labeoni Nerva, qui adhuc eas Depois deste foram de máxima autori- dade AteioCapitão, que seguiu Ofílio e Antístio Labeão que ouviu a todos estes, ensinado porém por Trebácio. Destes, Ateio foi cônsul; Labeão não aceitou assumir o cargo de honra quando lhe foi oferecido o consulado por Augusto, para que se tornasse o substituto, mas se dedicou muitíssimo aos estudos. Deste modo dividira o inteiro ano para que permanecesse em Roma seis meses com os estudantes e seis meses se recolhesse para que se dedicasse a escrever livros. E assim deixou quarenta volumes, dos quais muitos são passados de mão em mão. Estes dois, por assim dizer, foram os primeiros a criar seitas diversas: pois Ateio Capitão perseverava nas coisas que lhe foram transmitidas, Labeão, que também se dedicara a outros ramos do saber, por inata qualidade e coerência de doutrina, começou a inovar em muitas coisas. E assim a Ateio Capi tão sucedeu Massúrio Sabino e a Labeão. Nerva, os 4 2 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LIBER PRIMUS dissensiones auxerunt. Hic et iam Nerva Caesari familiarissimus fuit. Massurius Sabinus in equestri ordine fuit et publice primus respondit: posteaque hoc coepit beneficium dari, a Tibério Caesare hoc tamen illi concessum erat. D.1.2.2.49 Et, ut obiter sciamus, ante têmpora Augusti publice respondendi ius non a principibus dabatur, sed qui fiduciam s t u d i o r u m s u o r u m h a b e b a n t , consu len t ibus r e spondeban t : neque responsa utique signata dabant, sed plerumque iudicibus ipsi scribebant, aut testabantur qui illos consulebant. Primus divus Augustus, ut maior iuris auctoritas haberetur, constituit, ut ex auctoritate eius responderem: et ex illo tempore peti hoc pro beneficio coepit. Et ideo optimus princeps Hadrianus, cum ab eo viri praetorii peterent, ut sibi liceret respondere, rescripsit eis hoc non peti, sed praestari solere et ideo, si quis fiduciam sui haberet, delectari se populo ad respondendum se praepararet. D. l .2 .2 .50 Ergo Sabino concessum est a Tibério Caesare, ut populo responderei: qui in equestri ordine iam grandis natu et fere annorum quinquaginta receptus est. Huic nec amplae facultates fuerunt , sed plurimum a suis auditoribus sustentatus est. quais aumentaram ainda mais estas dis- sensões. Também este Nerva foi de grande familiaridade a César. Massúr ió Sabino foi da ordem eqüestre e o pri- meiro a responder. Depois disso este benefício começou a ser oferecido, to- davia este já lhe fora concedido por Tibério César. E, saibamos de passagem, antes dos tem- pos de Augusto o direito de responder publicamente não era dado pelos prínci- pes, mas os que gozavam de confiança nos seus estudos respondiam aos que consultavam; e não davam a toda força respostas seladas, mas geralmente eles próprios escreviam aos juízes, ou teste- munhavam aqueles que os consultavam. O divino Augusto foi o primeiro a deter- minar, a fim de que a autoridade do direito se tomasse maior, que eles respondessem pela autoridade dele próprio; e desde aquele tempo começa a ser pedido isto como benefício. E por isso o ótimo prín- cipe Adriano, como os varões pretórios pedissem que lhes fosse permitido res- ponder, determinou-lhes por rescrito que isto não se pedisse, mas que se costumas- se oferecer e, por isso, se alguém tivesse confiança em si mesmo ele próprio (Adriano) se alegrava que este alguém se preparasse a responder ao povo. Portanto, foi concedido por Tibério César a Sabino que ele respondesse ao povo; este foi recebido na ordem eqüestre já com idade avançada, de aproximada- mente cinqüenta anos. Ele não teve amplas faculdades,2* mas foi geralmente auxiliado por seus ouvintes. ,2Í> Muitos bens .* D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LÍBER PRIMUS 43 D. 1.2.2.51 Huic successit Gaius Cassius Longinus natus ex filia Tuberonis, quae fuit neptis Servii Sulpicii: et ideo proavum suum Servium Sulpicium appellat. Hic cônsul fuit cum Quartino temporibus Tiberii, sed plurimum in civitate auctoritatis habuit eo usque, donec eum Caesar civitate pelleret. D. 1.2.2.52 Expulsus ab eo in Sardiniam, revocatus a Vespasiano diem suum obit. Nervae successit Proculus. Fuit eodem tempore et Nerva filius: fuit et alius Longinus ex equestri quidem ordine, qui postea ad praeturam usque pervenit. Sed Proculi auctor i tas maior fu i t , nam e t iam plurimum potuit: appellatique sunt partim Cassiani, partim Proculiani, quae origo a Capitone et Labeone coeperat. D. 1.2.2.53 Cássio Caelius Sabinus successit, qui plurimum temporibus Vespasiani potuit: Proculo Pegasus , qui t e m p o r i b u s Vespasiani praefectus urbi fuit: Caelio Sabino Priscus Iavolenus: Pégaso Celsus: patri Celso Celsus filius et Priscus Neratius, qui utrique cônsules fuerunt, Celsus quidem et iterum: Iavoleno Prisco Aburnius Valens et Tuscianus, item Salvius Iulianus. A este sucedeu Gaio Cássio Longino, nascido da filha de Tuberão, a qual foi neta de Sérvio Sulpicio (por isso que seu bisavô se chama Sérvio Sulpicio). Este foi cônsul com Quartino nos tempos de Tibério, mas gozou de muita autoridade na cidade até que César o expulsasse dela. Expulso por ele para a Sardenha e de volta chamado por Vespasiano, faleceu. Próculo sucedeu a Nerva. Também foi daquele tempo Nerva, filho deste; Tam- bém um outro Longino certamente da ordem eqüestre que depois disso alcan- çou até a pretura. Mas a autoridade de Próculo foi maior, de fato tinha mesmo muito poder. E de uma parte foram chamados Cassianos, de outra Proculia- nos; origem esta que começou a partir de Capitão e Labeão. A Cássio sucedeu Célio Sabino que teve muito poder nos tempos de Vespasiano. A Próculo sucedeu Pégaso que foi praefectus urbi nos tempos de Vespasi- ano. A Célio Sabino, Prisco Javoleno. A Pégaso, Celso. A Celso pai, Celso filho e Prisco Nerácio, os quais foram das duas partes cônsules. Celso na verdade foi também outra vez. A Javoleno Prisco sucedeu Abúmio Valente e Tusciano, bem como Sálvio Juliano. III III De legibus senatusque Das leis, dos senatus-consultos consultis et longa e do longo costume consuetudine D . l . 3 . 1 P A P I N I A N U S libro primo clefmitionnm Lex est c o m m u n e praeceptum, virorum pruden t ium consul tum, delictorum quae s p o n t e vel i g n o r a n t i a c o n t r a h u n t u r coercitio, communis rei publicae sponsio. D . 1 . 3 . 2 M A R C I A N U S libro primo institutionum Nam et Demosthenes orator sic definit: T O O T Ó Í : G T I V vóf.ioa, có n á v i a a à v B p á m o u a 7 ipoar)K£t TteíOeaOat oià no\\à, Kai jiCtÀtaxa õn nác èaxtv vó^ioa supcj-ia j.ièv Kai ôcòpov 0coO, 8óyj.ia 8t àvOpómcov (pp ovíj.ta)v, £7tavóp0coj.ia 8è xcòv ÉKOIXTÍCOV Kai cucooaícov á|iapx]ij.iáxo)v, nóXscoa Sè auvOr|Kr| K O I V Í ] , RAO" f]v ô t 7 r a a i 7 u p o a f ) K £ t Çfjv xota cv xíj nokz\?l) Sed et philosophus summae A lei é um precei to c o m u m , o d i t a m e dos homens prudentes , a r e p r e e n s ã o d o s delitos que se c o m e t e m v o l u n t a r i a m e n t e ou por ignorância , o c o m p r o m i s s o c o - mum de toda a res publica. Pois t a m b é m o o rador D e m ó s t e n e s as- sim def in iu : "lei é aqu i lo q u e c o n v é m a todos os h o m e n s obedece r , se por c a u s a de var ias out ras co i sas , e n t ã o p r inc i - pa lmen te p o r q u e toda lei é u m a d e s c o - berta e um d o m de D e u s , o p e n s a m e n t o dos h o m e n s s á b i o s e a r e p r e e n s ã o d a s íaltas tanto das v o l u n t á r i a s q u a n t o d a s não vo lun tá r ias ; u m pac to , po i s , c o m u m da polis, c o n f o r m e o q u e c o n v é m a todos q u e nela v i v a m " . M a s t a m b é m u m (2V) Haec lex est, cui omnes homines convenit obtemperare cum propler alia pleraquetum maxime, quod omnis lex inventum est et donum dei, placitum vero sapientium hominum coercitioque peccatorum tam voluntariorum quam non voluntariorum, civitatis autem pactum commune, secundum quod convenit viverc quicunque in ca sunt. 4 4 D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LIVRO stoicae sapientiae Chrysippus sic incipit libro, quem fecit T iep i v ó f . i o u : ó V Ó ^ I O C T TICTvTcov è a x i p a a i X e ò c r Geícov xe Kai àv0pco7iívcov 7rpayf.iáx(ov ôeí 5è auxòv 7tpoaxáxi|/v xe e iva i T C Ò V K a X c ò v K a i xcòv a iaxpcòv Kai a p x o v x a Kai ffyefióva xcòv cpóaei 7TOXITIKCÒV Çcócov K a i Kaià xouxo Kavóva xe e iva i Siraícov Kai ÒÔÍKCOV Kai 7rpoaxaKxiKÒv f.ièv cav Troirjxéov, àrcayopeuxiKÓv 5è cov o ò 3o 7roiT|xéov.3() D . l . 3 . 3 P O M P O N I U S libro vicensimo quinto ad Sabinum l u r a c o n s t i t u i o p o r t e t , u t d ix i t Teophrastus , in his, quae tn\ xò 7 i X e i a x o v 3 1 accidunt , non quae èK 7 iapaXóyou . 3 2 D . 1 . 3 . 4 C E L S U S libro quinto digestorum Ex his, quae forte uno al iquo casu acc idere possunt , iura non consti tuuntur: D . 1 . 3 . 5 IDEM libro XVII digestorum N a m ad ea po t ius debet aptari ius, quae e t f r e q u e n t e r e t faci le, q u a m quae perraro e v e n i u n t . fi lósofo da grande sabedoria estóica, Crisipo, assim começa no livro que fez "sobre as normas": ;\a lei é a rainha de todas as coisas divinas e humanas . E preciso, pois, que seja superior tanto aos bons quanto aos maus e q u e se ja condutora e mestra dos animais que a natureza quis que convivessem civil- mente, daí então que seja a norma do justo e do injusto, que obriga serem feitas as coisas que devem ser feitas, que proíba as que não devem ser feitas. É necessário que os direitos se const i tu- am, como disse Teofras to , para aquelas coisas que na maior parte do t e m p o acontecem, não as que vão a lém da expectativa. Não se const i tuem direi tos a par t i r de coisas que podem ocorrer po rven tu r a em a lgum único caso. Pois o direi to deve adap ta r - se ao q u e ocorre mais f r e q ü e n t e e f a c i l m e n t e do que ao que ocor re mu i to r a r a m e n t e . (1<)) Lex est omnium regina rerum divinarum humanarumque, oportet autem praeesse eam tam bonis quam malis, et ducem et magistrum esse animalium quae natura civilia esse voluit, indeque normam esse iusti et iniusti, quae iubeat fiieri facienda, vetet fieri non facienda. (1,) in his quae plerumque accidunt. 0 2 ) non quae praeter expectationem. D l ü E S T O DE J U S T I N I A N O - LIVRO I D . 1 . 3 . 6 PAULUS libro XVI! ad Plautium , § l Cr ," ut ait pois o que se dá por uma ou duas vezes, < x s r r n5°levam - - V O | Ã O 0 £ T C U . C D . 1 . 3 . 7 M O D E S T I N U S libro I regularam Legis virtus haec est imperare vetare O mérito da lei e este. mandai , proibir, permittere punire. permitir e punir. D.l .3.8 U L P I A N U S libro III cul Sabimim Iura non in singulas personas, sed generaliter constituuntur. D.1.3.9 I D E M libro XVI ad edictum Os direitos não se estabelecem em razao de pessoas específicas, mas gener ica- mente. Non ambigitur senatum ius facere pos- Não há dúvida que o senado pode criar se. direito. D. 1.3.10 I U L I A N U S libro LVI1II digesto rum Neque leges neque senatus consulta ita Nem as leis nem os senatus-consul tos scribi possunt , ut omnes casus qui podem escrever de tal maneira que to- quandoque inciderint comprehendantur, dos os casos, seja qual for o t empo em sed sufficit ea quae p lerumque accidunt que ocorram, sejam compreend idos pela contineri. norma, mas basta que con templem aque- les que na maior parte das vezes ocor- rem-. D . l . 3 .11 IDEM libro LXXXX digestorum Et i d e o de h i s , q u a e p r i m o j E por isso, quan to àquelas 3 4 que se (33) nam quod semcl vel bis factum est, praetcrcunt Icgum latores. (W) Quanto ;\s leis. • 4 6 D I G E S T O D E J U S T I N I A N O - L I V R O I c o n s t i t u u n t u r , au t i n t e rp re t a t i one aut c o n s t i t u t i o n e o p t i m i p r inc ip i s certius s t a t u e n d u m es t . D . l . 3 . 1 2 I D E M libro XV digesto rum N o n possunt o m n e s articuli singillatim au t l e g i b u s au t s e n a t u s c o n s u l t i s c o m p r e h e n d i : sed cum in aliqua causa sentent ia eo rum manifesta est, is qui iurisdict ioni praeest ad similia procede- re a tque ita ius dicere dcbct. D. 1.3.13 U U M A N U S libro / cid edictum ciedilium curulium N a m , ut ait Pedius , quotiens lege aliquid u n u m vel a l te rum introductum est, bona o c c a s i o est ce tera , quae tendunt ad e a n d c m uti l i ta tem, vel interpretatione vel certe iur isdict ione suppleri. D . l . 3 . 1 4 P A U L U S libro XllII ad edictum Q u o d v e r o c o n t r a r a t i o n e m iur i s r ecep tum est, non est p roducendum ad consequen t i a s . D . l . 3 . 1 5 I U L I A N U S libro XXVII digestorum In h i s , q u a e c o n t r a r a t i o n e m iuris cons t i tu ta sunt , non p o s s u m u s sequi r e g u l a m iuris. D . 1 . 3 . 1 6 P A U L U S libro singulari de iure singulari Ius s ingu la re es t , quod cont ra tenorem constituem pela primeira vez, hão de ser fixadas com mais certeza ou por meio da interpretação ou por de uma consti- tuição do ótimo príncipe. Não podem todas as ocasiões ser com- preendidas individualmente seja por leis ou senatus-consultos. Mas quando em alguma causa torna-se manifesta a sua percepção, aquele que exerce a jurisdi- ção deve proceder por semelhança e assim declarar o direito. Pois, como diz Pédio, toda vez que fo r introduzida uma coisa ou outra pela lei é boa ocasião de serem supridas, seja pela interpretação seja seguramente pela jurisdição, outras que tendem à m e s m a utilidade. Mas o que foi recebido contra a razão do direito não há de ser levado às suas conseqüências . Não podemos seguir a regra de direito naquelas coisas que fo ram es tabe lec idas contra a razão do direito. Direito s ingular é aquele q u e foi intro- D I G E S T O DE J U S T I N I A N O - LIVRO I rat ionis propter aliquam utili tatem auctoritate constituentium introductum est. D. l .3 .17 C E L S U S libro XXVI digestorum Scire leges non hoc est verba earum tenere, sed vim ac potestatem. D. l .3 .18 I D E M libro XXVIIII digestorum 4 7 duzido pela autoridade dos que o cons- tituíram, contra a coerência da razão/5 por causa de alguma utilidade. Conhecer as leis não é reter as palavras delas, mas a sua força e majestade. Benignius leges interpraetandae sunt, quo voluntas earum conservetur. D . l .3 .19 I D E M libro XXXIII digestorum As leis devem ser interpretadas com mais benignidade para que a vontade delas seja conservada. In a m b i g u a voce legis ea po t ius accipienda est significatio, quae vitio caret, praesertim cum etiam voluntas legis ex hoc colligi possit. No termo ambíguo da lei, há de se entender preferencialmente o significa- do que carece de vício, sobretudo quan- do a própria vontade da lei possa ser dele coligida. D. 1.3.20 I U L I A N U S libro quinquagensimo quinto digestorum N o n o m n i u m , q u a e a m a i o r i b u s consti tuía sunt, ratio reddi potest, Não se pode fazer reviver a razão de todas as coisas que foram constituídas pelos antepassados. D. 1.3.21 N E R A T I U S libro VI membranarum E t i d e o r a t i o n e s e o r u m , q u a e c o n s t i t u u n t u r , inqui r i non opo r t e t : alioqtiin multa ex his quae certa sunt subvertuntur . E por isso não se deve buscar as razões das coisas que são estabelecidas; caso contrário,