Buscar

Resumo de Processo Penal I

Prévia do material em texto

Resumo de Processo Penal I
Direito Penal
Direito Penal (garantista) se divide em direito penal objetivo e direito penal subjetivo. O Direito Penal Objetivo contém o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes e contravenções, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas as outras que cuidem de questões de natureza penal excluindo o crime, isentando de pena, explicando determinados tipos penais. 
O Direito Penal Subjetivo consiste na possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo PJ. Se o individuo cometer um ato ilícito, típico e culpável abre-se a possibilidade ao estado de iniciar a: “persecutio criminis injudicio” visando a alcançar um decreto condenatório (ius puniendi).
Limitações a esse direito de punir: temporal (prescrição); espacial (a lei penal só se aplica no território Brasileiro) e modal (não pode ter a pena caráter de tortura, não pode ser degradante ou desumana).
 A legítima Defesa não é uma exceção ao monopólio do Estado de punir, porque nesse caso, o particular não pune, apenas se defende.
Na Ação penal privada, o Estado não transfere a punição, apenas concede à suposta vítima a faculdade de ingressar em juízo com uma queixa-crime, permitindo-lhe a dar inicio a uma relação processual penal. Ao particular só cabe o chamado: ius persequendi ou ius accusationis (o direito de vir a juízo e pleitear a condenação de seu suposto agressor, mas não o de executar, ele mesmo, a sentença condenatória).
2. Sistemas processuais penais
INQUISITIVO OU ACUSATÓRIO PRIVADO:
Aplicado até o século XVII e XVIII em toda a Europa. Características:
O juiz exercia todas as funções no processo (a de acusação e julgamento); acumulo de funções pelo mesmo órgão estatal; 
O juiz tinha amplos poderes investigatórios;
Procedimento sigiloso, não havia oralidade e publicidade;
O crime era uma manifestação do diabo (Egito – na antiguidade), logo, em tese, valia de tudo para punir uma pessoa que praticou um fato criminoso (= pecado). O “jurar sob a bíblia” nasceu nessa época.
O sacerdote tinha uma missão divina que era evitar o crime (Egito – na antiguidade), e em Roma, o Rei era quem concentrava o exercício da jurisdição. 
Réu: objeto de direito, não havia garantias processuais.
SISTEMA ACUSATÓRIO PÚBLICO:
Agasalha todos os princípios do sistema acusatório com a criação de um órgão especial que tem a obrigação de deflagrar a ação penal. Marco do surgimento: Revolução Francesa.
Separação de funções; o órgão responsável pela acusação é especificamente o MP e o juiz incumbido apenas do julgamento;
Juiz: órgão imparcial e não neutro. A ausência de neutralidade é inerente à atividade do magistrado, enquanto ser humano, fazendo com que, diante das provas que colhe, se inquine em relação à parte que entenda ter razão na demanda.
Acusado (e não réu): sujeito de direito, observam-se as garantias processuais.
Ônus da prova: acusação
P. do livre convencimento motivado do juiz (o juiz deve motivar suas decisões). Exceção: Tribunal do Júri.
3. Direito Processual Penal
De acordo com o art. 5º LIV da CRFB: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.”. Logo, somente por meio de um PROCESSO é que será possível a imposição de sanção ao infrator. A lei penal somente poderá ser aplicada por meio de formas processuais previstas na lei (Direito Processual Penal). Sendo assim, a finalidade do direito processual penal é a aplicação do Direito Penal Objetivo (direito penal subjetivo = ius puniendi do Estado).
O processo penal, nada mais é do que um “instrumento de efetivação das garantias constitucionais, é uma segurança do cidadão de que, uma vez acusado da prática de um crime, serão assegurados a ele todos os mecanismos de proteção contra atos arbitrários por parte do Estado, pois seu status de não-culpabilidade se mantém intacto, enquanto não houver sentença penal condenatória transitada em julgado.” (Paulo Rangel)
4. Natureza Jurídica do Processo
1) TEORIA CONTRATUALISTA
Foi defendida pela doutrina francesa, nos séculos XVIII e XIX.
Essa teoria via no processo um acordo entre as partes (autor e réu) em aceitar aquilo que fosse decidido pelo juiz em sentença. E, sendo um acordo, o mesmo era visto como um contrato entre as partes.
CRÍTICA: O início do processo dava-se independentemente da vontade do réu e, portanto, não poderia haver acordo se o ato não fosse bilateral (manifestação de mais de uma vontade).
 Para ser acordo, mister faria que o réu não exercesse o direito de defesa técnica e concordasse com o pedido do autor.
2) TEORIA DO QUASE CONTRATO:
A doutrina percebeu que, se não havia um livre acordo de vontades entre as partes, em face da resistência do réu, havia, pelo menos, um quase acordo, um quase contrato. Para essa teoria, o consentimento das partes não era totalmente livre, a ponto de justificar um contrato propriamente dito.
CRÍTICA: A lei é a principal fonte de obrigações entre as pessoas e que, portanto, não havendo lei que obrigasse o réu a aceitar o pedido do autor sem resisti-lo, deixando de exercer seu direito de defesa, não havia como falar em quase contrato.
3) TEORIA DA RELAÇÃO JURÍDICA:
É hodiernamente aceita pela melhor doutrina, entendendo que a relação jurídica é o vínculo, a ligação, o liame entre dois ou mais sujeitos, atribuindo-lhes poderes, ônus, direitos, faculdades, deveres, obrigações e sujeições. O processo é esta relação jurídica entre os sujeitos processuais que a integram. Mas será que inclui ai a figura do juiz? 
A posição mais aceita na doutrina nacional e estrangeira é o da relação jurídica triangular, onde existe vínculo entre todos os sujeitos processuais: autor, réu e juiz. E não a relação entre o réu e o autor apenas (relação linear, excluindo a figura do juiz).[1: ]
Posição CONTRÁRIA de Afrânio silva Jardim: “Diante de tantas teorias (existem dezenas), que procuram demonstrar a NJ do processo, uma coisa se afigura indiscutível: são todas elas fruto de um equívoco metodológico de procurar, a todo custo, enquadrar o processo em uma das categorias de direito conhecida, ou seja, identificar o processo ao contrato, à instituição, à relação jurídica. O processo é processo. Para nós, o processo é, na realidade, a fonte da relação jurídica processual, a sua gênese”.
Posição de Paulo Rangel: “Podemos concluir que a natureza hodierna do processo é de ser o procedimento em contraditório, estabelecendo plena igualdade entre as partes no curso do processo”.
5. Processo x procedimento
Processo é o instrumento de que dispõe o Estado e as partes para solução pacificadora do conflito (serve de meio para realização do objetivo do Estado de Direito, qual seja, a paz social). É o meio pelo qual se manifesta a jurisdição. O processo é o movimento na sua forma intrínseca.
Fonte de produção material: Aquela que constitui ou cria o direito: art. 22, I da CRFB (compete privativamente a União legislar sobre Direito processual). Ver art. 22, parágrafo único, que autoriza os Estados-membros a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas ao referido artigo, inclusive sobre direito processual penal.
Ver art. 24, X e XI + art. 98, I, todos da CRFB: Competência concorrente da União, Estados e Distrito federal para legislar sobre a criação, funcionamento e processo dos Juizados Especiais.
Ver art. 24, I CRFB: competência concorrente para legislar sobre direito penitenciário.
Procedimento é o rito, embora ligado ao processo, com ele não se identifica, pois é mecanismo pelo qual este se desenvolve diante da jurisdição (aspecto formal, de ordem estrutural). A exteriorização do processo se desenvolve mediante uma sucessão ordenada de atos formalizados pela lei. É o modo como se executa os atos processuais. O procedimento é o mesmo movimento do processo, porém visto de fora, extrinsecamente. 
É concorrente entre União, Estados, Distrito federal legislarsobre: “procedimentos em matéria processual”. Os procedimentos variam quanto modo, podendo ser comum ou especial (art. 394 CPP).
No procedimento comum ordinário: CRIMES COM PENA MÁXIMA SUPERIOR > OU IGUAL = a 4 ANOS. Temos um maior número de atos jurídicos processuais e prazos mais extensos que asseguram o acusado maior possibilidade de defesa. É aquele que se caracteriza pela solenidade. Mas observe bem o leitor que, a nova Lei 11.719/08 privilegiou a oralidade e ao adotar a concentração dos atos em audiência uma, descaracterizou um pouco o rito ordinário, que sempre foi mais longo do que agora se adota. Exemplo: furto simples e qualificado; roubo; extorsão; extorsão mediante seqüestro; apropriação indébita; estupro; moda falsa são crimes que se sujeitam ao procedimento comum ordinário.
No procedimento sumário: CRIMES CUJA PENA MÁXIMA SUPERIOR > 2 ANOS E INFERIOR < A 4 ANOS. Temos um procedimento mais simplificado nos seus atos processuais e com prazos mais reduzidos. Exemplo: seqüestro e cárcere privado; violação de domicílio; subtração ou ocultação de cadáver e outros.
No procedimento sumaríssimo: é aquele que se procede com a máxima brevidade de tempo possível e quase sem formalidades processuais. São as infrações de menor potencial ofensivo = JECRIM – Juizados Especiais Criminais.
6. Pressupostos processuais
A relação jurídica processual deve estar sujeita, como toda e qualquer relação jurídica, a determinados requisitos que lhe são essenciais, sem os quais não haverá processo:
Pressupostos processuais de existência do Processo: 
- Partes (autor e réu); 
- Juiz (órgão investido do poder jurisdicional) Provocação dirigida a um órgão específico munido do poder de julgar. 
- Pedido (ou demanda) Para que surja uma relação jurídica é mister, uma provocação ao Estado mediante: denúncia, queixa, no processo criminal.
Pressupostos processuais de Validade: 
- Partes devem ser Legítimas O autor deve ter a capacidade para praticar atos válidos no processo (legitimidade ad processum = capacidade processual), sem contar que somente poderá agir em juízo se estiver representado por um advogado ou tiver habilitação técnica para agir em seu próprio nome (capacidade postulatória). No que tange ao réu, deve ele ser chamado para exercer seu direito de ampla defesa e estabelecer o contraditório, ou seja, a citação é elemento indispensável para validade da relação processual (art. 363 do CPP).
- O órgão jurisdicional deve ser o constitucionalmente competente deve estar o juiz isento de qualquer sentimento ou relação com a causa que o impeça de julgar com imparcialidade (suspeição e impedimento).
- Não pode o réu ser trazido a juízo pelo mesmo fato que ainda pende de julgamento (litispendência) ou se já tiver sido objeto de julgamento (coisa julgada) = pressupostos processuais negativos.
OBS: Para Ada Pellegrini Grinover: O juiz constitucionalmente competente – ou seja – o juiz imparcial, não suspeito e não impedido é pressuposto de existência do Processo e não de validade. Segundo a autora, o JUIZ NATURAL E O JUIZ IMPARCIAL (visto que a imparcialidade além de direito subjetivo da parte é garantia da própria jurisdição) passa a ser classificado como pressuposto processual de existência, e os art. 108, parágrafo 1º c/c art. 567 do CPP – como pressupostos processuais de validade – restritos a aplicação aos casos de incompetência infraconstitucional.
Pressupostos processuais de existência do Processo (Ada): 
- Partes (autor e réu)
- Juiz (órgão investido do poder jurisdicional) + juiz naturalmente competente + juiz imparcial, não supsito ou impedido.
- Pedido (ou demanda) Para que surja uma relação jurídica é mister, uma provocação ao Estado mediante: denúncia, queixa, no processo criminal.
Pressupostos processuais de Validade (Ada): 
- Partes devem ser Legítimas conforme o entendimento majoritário mencionado.
- O órgão jurisdicional deve ser o e competente Segundo as regras do CPP (art. 108, parágrafo 1º c/c art. 567).
- Não pode o réu ser trazido a juízo pelo mesmo fato que ainda pende de julgamento (litispendência) ou se já tiver sido objeto de julgamento (coisa julgada) = pressupostos processuais negativos.
CONSEQUÊNCIA JURIDICA DESSE ENTENDIMENTO:
Pela doutrina tradicional se um juiz, por exemplo, foi subornado ou imparcial, a sua sentença será considerada NULA, pois trata-se de pressuposto processual de validade (orgão constitucionalmente competente = juiz natural, juiz imparcial). E acaso transite em julgado (irrecorribilidade da decisão = imutabilidade da decisão) não poderá a acusação formar nova pretensão (processar o réu novamente), em razão do ne bis in idem ( ninguém será processado duas vezes pelo mesmo fato) e do Princípio do Favor rei (não caberá processá-lo novamente em prol da sociedade).[2: ]
Entretanto, segundo ADA Pellegrini, caso o juiz seja imparcial ou subornado (= juiz constitucionalmente incompetente = juiz não natural = juiz incompetente), a sua sentença será considerada INEXISTENTE, pois trata-se de pressuposto processual de existência ser o órgão constitucionalmente competente. E acaso transite em julgado (irrecorribilidade da decisão = imutabilidade da decisão) tecnicamente poderia a acusação formar nova pretensão (processar o réu novamente), mesmo que a sentença seja absolutória.
Contudo, essa mesma autora, afirma que “apesar de se reconhecer a inexistência da sentença, deve-se também reconhecer a importância maior do P. do favor rei, e ao sopesar O P. do juiz natural com o P. do favor rei, prevalecerá o segundo. Logo, mesmo que, tecnicamente a sentença inexistente não possa transitar em julgado, possibilitando a acusação formular nova pretensão, esses dogmas do ne bis in idem ( ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato) e do Princípio do favor rei assumem dimensão autônoma para proteger valores como a liberdade, a vida e a dignidade.”
7. Mecanismos de solução de conflitos
Autotutela
Emprego da força bruta para solução de conflitos. No direito penal é visualizada através da legitima defesa e do estado de necessidade. No processo penal pela prisão em flagrante efetuada por particulares. Fora das hipóteses excepcionais constitui crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 283 do CPP).
Autocomposição
Busca de um consenso, pela renúncia, submissão ou transação. Na renúncia, o autor abre mão de seu direito (Ex: Ação Penal Privada). Na submissão, ocorre a sujeição a vontade do autor. Na transação existem concessões mútuas.
O acordo no direito penal para a doutrina clássica não é possível quando está em jogo bens jurídicos indisponíveis.
Entende a segunda corrente, baseando-se no art. 98, I da CRFB, que a Justiça penal consensual foi criada com o advento do JECRIM, se materializando em três institutos:
Transação Penal - o MP deixa de oferecer a denúncia em face do acusado em troca de: Cumprimento de determinada regra de conduta e/ ou pagamento de certa verba pecuniária. Trata-se de uma medida despenalizadora, pois se cumprida, extinguirá a punibilidade. 
Sursis Processual – Suspensão Condicional do Processo – O processo ficará suspenso de 02 à 04 anos no aguardo do cumprimento de algumas condições, período que ao final ensejará a extinção da punibilidade.
Composição dos danos – Chamada impropriamente pela doutrina de “Composição Civil dos danos”, pois o acordo que põe fim a punibilidade, devido a renuncia ao direito de queixa ou representação, pode ter ou não caráter indenizatório.
JECRIM – encerra-se a persecução criminal por vontade das partes, sendo exceção ao princípio da verdade real.
c) Jurisdição
É o poder de dizer o direito. É uma das funções do Estado, exercida prioritariamente pelo Poder Judiciário, por meio da qual o juiz, se substitui aos titulares dos interesses de conflito (litigantes) para aplicar o direito objetivo no caso concreto.
É caracterizada pela substitutividade, em que há a manifestação da SOBERANIA do Estado (as normase decisões elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as normas e decisões emanadas de grupos sociais, como a escola, família, igreja e outros). Ocorre a substituição da vontade das partes pela vontade do Estado, ainda que acolhida integralmente a pretensão de uma delas.
A jurisdição voluntária constitui uma exceção a substitutividade, pois a vontade do juiz não substitui propriamente a vontade das partes, mas sim a INTEGRA, conferindo eficácia jurídica ao pacto celebrado pelas partes (chancela o acordo dando-lhe força executiva).
Consiste em outra característica a definitividade. A vontade do Estado é definitiva em ordem a promover do que dela se espera: a paz social. Sendo assim, há dois atributos que garantem a definitividade da decisão: a preclusão (temporal - pelo decurso do tempo; o não exercício do seu direito no prazo legal/ Consumativa – perda pela realização prática do ato/ Lógica – perda da faculdade pelo exercício de um ato incompatível com a vontade de exercê-lo); a coisa julgada – preclusão máxima. 
A formal advém da sentença terminativa, quando ocorrer a resolução do processo sem julgamento do mérito (art. 267 CPC), e a material advém da sentença definitiva, quando ocorrer com julgamento do mérito (art. 269 CPC). 
O art. 467 do CPC diz que a irrecorribilidade e a imutabilidade da decisão impedem nova discussão daquilo que já foi decidido. Portanto, são exceções a coisa julgada material: art. 267 do CPC (possibilita ingresso de nova ação pretendendo o mesmo objetivo, desde que sanados os eventuais "vícios" que levaram à extinção sem resolução de mérito); art. 471 do CPC; Ação Civil publica por insuficiência de provas.
A ação rescisória e a revisão Criminal não são exceções, são ações que tem por pressuposto o trânsito em julgado da decisão. Trata-se de um meio de controle da definitividade.
A Jurisdição é ao mesmo tempo, para Ada e Dinamarco: a) PODER – emanação da soberania nacional, poder supremo no plano interno e independência no plano externo; b) FUNÇÃO – Incumbência ao órgão jurisdicional de aplicar a alei aos casos concretos, podendo ser, conforme o órgão que exerça a jurisdição: ordinária, quando cabe ao Poder Judiciário e extraordinária, quando cabe a órgãos diversos do Poder Judiciário, como o art. 52, II, I da CF exemplifica; c) ATIVIDADE – Complexo de atos do juiz no processo.
8. Princípios da Jurisdição 
Princípio do juiz natural: ninguém será processado e nem sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5, LVIII, CF).
Trata-se do direito do cidadão em saber, previamente, a autoridade que irá processá-lo e julgá-lo caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico. Em outras palavras, é aquele previamente conhecido, segundo as regras objetivas de competência, estabelecidas anteriormente a infração penal (art. 78 CPP).
	Na hipótese de haver mais de um juízo competente estipula-se o sistema aleatório de sorteio (distribuição) para que não haja interferência na escolha do magistrado na hora de julgar.
Passa a ser classificado como pressuposto processual de existência (partes, pedido e órgão) e o art. 108, parágrafo primeiro c/ art. 567 do CPP como pressupostos processuais de validade, restritos a aplicação a casos de incompetência infraconstitucional.
Para o direito brasileiro, o P. do Juiz Natural traz três garantias, ou desdobra-se em três regras de proteção:
Proíbe a criação de tribunal de exceção - art. 5º XXXVII – “não haverá juízo ou tribunal de exceção” – são aqueles criados após a prática do crime que se queira punir. Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato.
Garante o julgamento perante o juízo competente pré-constituido na forma da lei. Isso é, só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela CRFB e entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja, proibindo-se a escolha de juízes.
Garante a imparcialidade do juiz. Esse princípio surgiu no direito anglo-saxão e apresentava como garantia a vedação de justiças especializadas, por isso no Brasil, ao ser importado, não foi aplicado de forma PLENA.
Princípio da inércia: o juiz não pode proceder sem provocação, ou seja, o juiz não pode agir de ofício no processo penal. Não há juiz sem autor. A jurisdição só pode ser exercida quando houver o exercício da pretensão acusatória, através da queixa-crime (se a iniciativa da ação penal for privada) ou da denúncia oferecida pelo MP nos termos do art.129, I da CRFB c/c art. 24 CPP (nos delitos cuja ação penal é de iniciativa pública).
Esse Princípio decorre do sistema processual adotado pelo nosso ordenamento jurídico, qual seja, o sistema acusatório, onde as funções de acusar, defender e julgar cabem a pessoas distintas, assim o juiz não pode iniciar o processo de oficio.
	O juiz deve, ao decidir a causa, cingir-se (restringir) aos limites do pedido do autor (MP ou ofendido) = P. da Correlação entre o Pedido e a sentença - há a necessidade imperiosa da correspondência entre a condenação e a imputação, assegurando ao réu a certeza de que não poderá ser condenado sem que tenha tido a oportunidade de se defender e ter tido ciência dos fatos criminosos que lhe são imputados. Não pode haver julgamento extra ou ultra petita. A acusação determina a amplitude e o conteúdo da prestação jurisdicional – os fatos descritos na denuncia ou queixa delimitam o campo de atuação do Poder Jurisdicional.
 	Garante a imparcialidade do juiz.
Princípio da imparcialidade: A atuação do juiz deve ocorrer sempre de forma desinteressada em relação ao conflito entre as partes. Para assegurar a imparcialidade da decisão a CRFB estabeleceu algumas garantias (art. 95) e vedação aos magistrados (parágrafo único do art. 95). Não significa que o juiz está acima das partes, mas além dos interesses dela. A imparcialidade é uma construção do Direito, que impõe a ele um alheamento em relação a atividade das partes.
O papel do Juiz: garantidor da eficácia do sistema de direitos e garantias fundamentais do acusado no processo penal.
Apesar da previsão do CPP, art. 564, I, existem doutrinadores que defendem que a sentença proferida por um juiz subornado (incompetente) não é nula e sim inexistente, já que um juiz subornado não pode exercer jurisdição (art. 252, 254 do CPP- o juiz natural constitucionalmente competente é visto como pressuposto processual de existência).
A imparcialidade é garantida pelo modelo acusatório e sacrificada no sistema inquisitório, de modo que somente haverá condições de possibilidade da imparcialidade quando existir, além da separação inicial das funções de acusar e julgar, um afastamento do juiz da atividade investigatória/instrutória.
Ouvir testemunhas ou apurar os fatos antes de iniciada a ação penal viola o P. da imparcialidade.
Princípio da indeclinabilidade ou inafastabilidade da jurisdição: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (Art. 5º, XXXV, CF).
Garante a todos o acesso ao Judiciário, que por sua vez, não pode deixar de apreciar o que se pede.
Segundo TOURINHO: “Se a lei não pode impedir que o Poder Judiciário aprecie qualquer lesão ou ameaça ao direito, muito menos poderá o juiz de abster-se quando invocado.”
Princípio da investidura: corresponde a ideia de que a jurisdição só pode ser exercida por quem tenha sido regularmente investido na autoridade de juiz. Caso esse princípio não seja observado, importará em inexistência do processo, haja vista se tratar de pressuposto de existência.
f) Princípio da aderência ao território ou improrrogabilidade: os magistrados só podem exercer a jurisdição dentro de determinados limites territoriais definidos em lei.
Exceções: conexão, continência (art. 76, 77, 79 CPP); exceção de incompetência; exceção da verdade (art. 85 CPP).
g) Princípio da indelegabilidade: Não pode o juiz delegar sua jurisdição a outro órgão, pois, se assim o fizesse, violaria, pela via oblíqua, o P. do Juiz Naturale o P. da Inafastabilidade.Exceções:
 Carta Precatória é exceção? (art. 222; 353, 174, IV, 177, 230 do CPP)
Conceito de Carta Precatória – Mera cooperação entre o juiz deprecante e o deprecado, pois o deprecante se encontra impedido de praticar atos processuais fora de sua comarca por fora da limitação territorial de poderes. Pelo P. da Aderência o juízo deprecante solicita ao deprecado que pratique os atos necessários, exercendo, destarte, sua própria competência.
1º ENTD) ADA, DINAMARCO, CINTRA, TOURINHO (MAJ) = não, a carta precatória não é exceção, pois o juiz deprecante não tem competência para realizar aquele ato, o que existe é uma cooperação judicial! O juiz não pode delegar um poder, que ele mesmo não tem, por ser incompetente.
2º ENTD) MIRABETE E FREDERICO MARQUES: As cartas precatórias e as rogatórias são exceção ao P. da indeclinabilidade.
Cartas Rogatórias:
Conceito de Carta Rogatória – Segundo Fux: “A carta rogatória é um meio de cooperação judicial entre Nações, fundamentada no Direito internacional, representando um instrumento internacional para o cumprimento extraterritorial de medidas processuais provenientes de outras Nações. Lastreia-se, outrossim, no P. da Reciprocidade denominado pela doutrina como: Teoria da Cortesia internacional.
É similar a Precatória, mas se diferencia por ter caráter internacional.
Compete ao juiz federal (art. 109, X da CRFB) a execução de carta rogatória após a concessão de “exequatur” (execute-se/ cumpre-se) pelo STJ!
Entendimento majoritário: A carta rogatória, por si só, não é exceção, apenas será exceção, após o exequatur dado pelo STJ.
Carta de Ordem:
Conceito: Ato pelo qual uma autoridade judiciária determina a outra, de hierarquia inferior, a prática de um ato processual, contanto que da mesma justiça e do mesmo Estado.
Resposta: sim, é exceção. Aqui há hierarquia entre órgãos e entidades do Poder Judiciário de um mesmo ente Estatal. (Lembrando que não existe hierarquia entre Poderes da república, nem mesmo entre a Administração e seus administrados, e nem entre Poderes judiciários diferentes). 
9. Princípios processuais
P. da Dignidade da Pessoa Humana
No universo da ponderação de princípios colidentes a fim de verificar qual terá mais peso, um deles escapa à regra: a dignidade da pessoa humana, ou humanidade, é considerada imponderável. Isso porque este princípio é o “tronco” do sistema, do ordenamento jurídico; todos os demais são desdobramentos deste e, portanto, não podem contra este se voltar a fim de mitigá-lo.
A dignidade da pessoa humana foi à grande responsável por afastar a perspectiva inquisitiva do processo penal, trazendo ao ordenamento o sistema acusatório.
Derivando de um dos fundamentos republicanos, constante do art. 1º, inciso III, da Constituição Federal, que exalta a dignidade da pessoa humana, o princípio da humanidade extrai-se também do art. 5º, incisos III e XLIX, da mesma Carta.
Através do inciso III do art. 5º, o constituinte especificou indiretamente duas garantias processuais, as de que o processo penal não pode servir como meio para a aplicação da pena de tortura ou da pena de morte ou para a sujeição de quem quer que seja a tratamento desumano ou degradante, como sanção final; o processo penal não pode assumir ele mesmo forma desumana, com procedimentos que exponham o homem a posições ou situações degradantes, torturantes ou a vexames.
Implica, portanto, o direito ao respeito, de que toda pessoa humana é titular, cabendo ao Estado providenciar: processo acusatório de curta duração; limitação de causas de prisão anterior à sentença condenatória definitiva; e separação dos presos provisórios dos presos condenados.
Ao seu turno, o art. 5º, inciso XLIX, da Carta Federal, garante que ao homem sujeito do processo penal só se lhe retira parte da liberdade (a de locomoção extra muros), não lhe sendo tolhida a dignidade.
P. do Acusatório
Agasalha todos os princípios do sistema acusatório com a criação de um órgão especial que tem a obrigação de deflagrar a ação penal. Marco do surgimento: Revolução Francesa.
Características: separação de funções; o órgão responsável pela acusação é especificamente o MP e o juiz incumbido apenas do julgamento; Juiz: órgão imparcial; Acusado (e não réu): sujeito de direito, observam-se as garantias processuais; ônus da prova: acusação; P. do livre convencimento motivado do juiz (o juiz deve motivar suas decisões).
P. do Contraditório
Fundamentado no art. 5º LV CF, trata-se da ciência bilateral dos atos ou termos do processo e a possibilidade de contrariá-los. (Joaquim Canudo Mendes de Almeida). Assim, o contraditório deve ser visto basicamente como o direito de participar, de manter uma contraposição em relação à acusação e de estar informado de todos os atos desenvolvidos no iter procedimental. Os dois polos de garantia do contraditório são: INFORMAÇÃO e REAÇÃO (participação).
Ainda que o acusado não tenha interesse em oferecer reação à pretensão acusatória, o próprio ordenamento jurídico impõe a obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor. E dentre as atribuições do juiz-presidente do júri, o CPP elenca possibilidade de nomeação de defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso (art. 261 e art. 497, V, ambos do CPP).
No âmbito civil, há a simples possibilidade de contraditório, ou seja, com o chamamento do réu a juízo, para que, se for de seu desejo, responder aos termos do pedido formulado pelo autor e acompanhar a tramitação do procedimento até o final, ao ensejo da formação da coisa julgada.
A observância do contraditório só é obrigatória, no processo penal, na fase processual e não na fase investigativa. Isso porque o dispositivo do art. 5º LV da CRFB faz menção à observância do contraditório em processo judicial e administrativo, Contudo, inquérito policial é tido como um PROCEDIMENTO (e não processo) administrativo destinado à colheita de elementos de informação quanto à existência e autoria do crime (Vide HC 99.936/ CE – STF).
P. Da Igualdade ou Paridade das armas
O princípio impõe igualdade na criação e na aplicação do direito. No sentindo positivo exige tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais (ex: revisão criminal). No sentindo negativo, impede privilégios ao Poder Legislativo.
P. Da Ampla Defesa
Também se fundamenta no art. 5º, LV. De acordo com o pacto São José da Costa Rica, toda pessoa acusada de delito tem direito de se defender pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha.
Na ótica do acusado, ela pode ser vista como um DIREITO, mas sob um enfoque publicístico, no qual prepondera o interesse geral de um processo justo, é vista como uma GARANTIA.
O direito de defesa está ligado intimamente ao P. Do contraditório, já que a defesa garante o contraditório e por ele se manifesta! Afinal, o exercício da ampla defesa só é possível em virtude de um dos elementos que compõem o contraditório: o direito à informação. Entretanto, os dois não se confundem.
Logo, é possível violar o contraditório sem violar o direito a defesa. Não se pode esquecer que o P. Do contraditório não diz respeito apenas à defesa ou aos direitos do réu. O p. do contraditório deve aplicar-se em relação a ambas as partes, além de também ser observado pelo P. do juiz. Deixar de comunicar um determinado ato processual ao acusador, ou impedir-lhe a reação à determinada prova ou alegação de defesa, certamente violará o P. do contraditório. O contraditório manifesta-se em relação a ambas as partes, já a defesa diz respeito apenas o réu.
Há entendimento doutrinário – David Teixeira de Azevedo - no sentido de que também é possível subdividir a ampla defesa em dois aspectos: a) positivo: realiza-se na efetiva utilização dos instrumentos, dos meios e modos de produção, certificação, esclarecimento ou confrontação de elementos de prova sobre a materialidade e autoria da infração criminal; b) negativo: consiste na não produção de elementos probatórios de elevado risco ou potencialidade danosa à defesado réu.
CONCEITO: Aquele que está submetido ao processo penal deve ter garantida a si a utilização de todos os meios de prova admitidos em direito, em sua defesa.
	A ampla defesa é satisfeita, no processo penal, de duas formas: pela autodefesa e pela defesa técnica. Autodefesa é aquela realizada pelo próprio réu, e a técnica pelo advogado.
Autodefesa
A autodefesa (defesa privada) se divide em direito de presença e direito de audiência. O direito de presença é o direito do réu de presenciar e participar de toda a instrução probatória, além de apresentar ao respectivo advogado a sua versão dos fatos para que ele elabore as teses defensivas. Já o direito de audiência é aquele consistente em ser interrogado pelo juízo ou em invocar direito ao silêncio (art. 186 do CPP). No entanto, a ele não é dado apresentar sua própria defesa, quando não possuir capacidade postulatória.
OBS.: Direito do réu de mentir encontra limite na denunciação caluniosa e na falsificação ideológica.
OBS.: Direito da testemunha de se omitir: se a incriminar, pode se recusar a falar.
A autodefesa é renunciável, diferentemente da defesa técnica, a qual é indisponível no processo penal.
“Mesmo no interrogatório policial, o imputado tem direito de saber em que qualidade presta as declarações (testemunha ou suspeito), de estar acompanhado de advogado e, ainda, de reservar-se o direito de só declarar em juízo, sem qualquer prejuízo.” Existe, portanto direito a defesa no inquérito, como por exemplo, a de solicitar diligências (art.14 do CPP), a de impetrar HC e MS, a de permanecer calado. Mas ele é bem reduzido, e não há possibilidade de contrariá-los.
	A Lei 11.900/09, como se vê no art. 185 estabeleceu a possibilidade expressa da videoconferência a fim de realização de interrogatório. É importante não se confundir o uso da videoconferência para o interrogatório com a situação exposta no artigo 217 do CPP, recém alterado, com uma autorização legal para retirar o réu da sala de audiência: o réu, retirado da sala de oitiva naquela hipótese ali narrada, vai acompanhar o testemunho por meio de vídeo, mas isto não se confunde com uma videoconferência. O réu está presente no fórum! Mas há uma excepcionalidade na casuística.
> Regras do interrogatório: direito a autodefesa (direito positivo ou direito de audiência)
Deve ser realizado de forma imediata, ou, ao menos, num prazo razoável após a prisão;
Todo acusado tem direito de escolher seu próprio defensor, não sendo possível que o juiz substitua seu advogado constituído por outro de sua nomeação. A nomeação do defensor pelo juiz só poderá ocorrer nas hipóteses de abandono do processo pelo advogado constituído e desde que o acusado permaneça inerte, após ser instado a constituir novo defensor. Assim, se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação (art. 263, caput do CPP).
Presença de defensor, sendo-lhe permitido entrevistar-se prévia e reservadamente com o sujeito passivo;
 Comunicação verbal não só das imputações, mas também dos argumentos e resultados da investigação e que se oponham aos argumentos defensivos;
 Proibição de qualquer promessa ou pressão direta ou indireta sobre o imputado para induzi-lo ao arrependimento ou a colaborar com a investigação;
Respeito ao direito ao silêncio, livre de pressões ou coações;
 Negação de valor decisivo à confissão;
Permitir-lhe que indique elementos de prova que comprovem sua versão e diligenciar para sua apuração.
Defesa técnica
É aquela exercida por profissional de advocacia, dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado, ou defensor público. Para ser ampla, como impõe a CRFB, apresenta-se no processo como defesa necessária, indeclinável, plena e efetiva, não sendo possível que alguém seja processado sem que possua defensor.
A defesa técnica é indisponível e irrenunciável. Logo, mesmo que o acusado, desprovido de capacidade postulatória, queira ser processado sem defesa técnica, e ainda que seja revel, deve o juiz providenciar a nomeação de defensor. Exatamente em virtude disso dispõe o art. 261 do CPP que nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Caso o processo tenha curso sem a nomeação de um defensor, seja porque o acusado não constituiu advogado, seja porque o juiz não lhe nomeou um advogado dativo ou um defensor público, o processo será eivado de nulidade absoluta, por afronta a garantia a ampla defesa. (Vide art. 564, III do CPP e Súmula 708 do STF) Ademais a tutela da inocência do imputado não é só um interesse individual, mas social. 
Considerada a indispensabilidade do advogado para a administração da justiça (art.133 CF) e a necessidade de o mesmo atender às qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5º, inc XVIII), se os atos processuais foram praticados por advogado que não estava legalmente habilitado a tanto, deve se reputar violado o direito à defesa plena, efetiva e real, que a Constituição Federal assegura a todos os acusados (HC 85.7171/SP).
Em julgado mais recente, todavia, a 1º turma do STF entendeu não haver nulidade em processo criminal no qual a defesa técnica foi exercida por advogado licenciado da OAB. Para Ministra Carmen Lucia, além de não ter sido demonstrado qualquer prejuízo advindo do exercício da defesa por advogado licenciado da OAB, o princípio da falta de interesse, tal como estabelecido no art. 565, primeira parte, do CPP, não admite a arguição da nulidade por quem tenha dado causa ou concorrido para a existência do vício – no caso concreto, os poderes de representação judicial outorgados ao advogado licenciado foram ampla e livremente conferidos pelo acusado por instrumento de procuração, do que se poderia extrair que tinha conhecimento da condição do patrono, tendo, assim, concorrido para o vício.
Nesse sentido a Súmula nº 523 do STF dispõe que, no processo penal, a falta de defesa técnica constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará se houver prejuízo para o réu.
Para que essa defesa seja ampla e efetiva, deve-se deferir ao acusado e seu defensor tempo hábil para sua preparação e exercício (vide art. 8º, nº 2, alínea c, CADH).
Em virtude da relação de confiança que necessariamente se estabelece entre o acusado e quem o defende, entende-se que um dos desdobramentos da ampla defesa é o direito que o acusado tem de escolher seu próprio advogado. “Cumpre ao magistrado processante, em não sendo possível ao defensor constituído assumir ou prosseguir no patrocínio da causa penal, ordenar a intimação do réu para que este, querendo, escolha outro advogado. Antes de realizada essa intimação, ou enquanto não exaurido o prazo nela assinalado, não é lícito o juiz nomear defensor dativo sem expressa aquiescência do réu” (STF, 1º turma, HC 67.755/SP). Vide art. 263 caput do CPP.
Da análise da Lei nº 9.099/95 é fácil perceber que a presença de defensor é obrigatória em todos os momentos, seja na audiência preliminar (art.72), na análise da proposta da transação penal (art.76, parágrafo terceiro), no curso do procedimento comum sumaríssimo (art.81), seja no momento da proposta de suspensão condicional do processo (art. 89, parágrafo 1º). Neste ponto, especial atenção deve ser dispensado ao art. 10 da Lei nº 10.259/01 que dispõe sobre os Juizados Especiais no âmbito da justiça federal. De acordo com o referido dispositivo, as partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não.
O STF, no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade, fez interpretação conforme a constituição para excluir do âmbito de incidência do art.10 da os feitos de competência dos juizados especiais criminais da justiça federal, em homenagem ao P. da ampla defesa, pois é imperativo que o réu compareça devidamente acompanhado de profissional habilitado a oferecer-lhe a defesa técnica de qualidade.
- Avaliação da qualidade da defesa técnicaComparecimento dos atos processuais, apresentação das peças processuais necessárias, réu preso: os respectivos requerimentos de liberdade, requerimento de prova.
P. Da Inadmissibilidade Das Provas Obtidas Por Meios Ilícitos
A vedação da prova ilícita é inerente ao Estado Democrático de Direito que não admite a prova do fato e, consequentemente, punição do indivíduo a qualquer preço, custe o que custar. Os direitos previstos na Constituição limitam a investigação a fim de se desenvolver um processo ético movido por princípios políticos e sociais que visam à manutenção de um Estado Democrático (= Legitimo) de Direito (=Legal).
1º ENTD) a primeira corrente defende que são absolutamente inadmissíveis, pois a proibição de provas ilícitas é característica fundamental do sistema acusatório, e nada há que permita sua produção excepcional quando contrária ao réu (como na pró-réu o há).
2º ENTD) POLASTRI E CAPEZ, ALGUNS POUCOS PRECEDENTES NO STJ: A segunda corrente defende que como qualquer outra garantia constitucional, esta também não é absoluta, e por isso, na casuística, pode ser mitigada em prol de outra que assuma maior relevância – sopesando-se pela proporcionalidade, quando o caso concreto demandar. Exemplo: quando a vitima faz uso da gravação ambiental para fazer cessar ameaça no caso de concussão, sequestro e estelionato (direito da vítima de se defender de injusta agressão desses tipos penais).
É pacífico, na doutrina, o entendimento que a prova ilícita, lato sensu, é admissível quando for pró-réu. Paulo Rangel e Afrânio defendem que o réu, ao produzir esta prova, estaria agindo em excludente de ilicitude, por estado de necessidade. Assim, a prova não será antijurídica, pois o réu a produz em estado de necessidade. O STF E POLASTRI entendem a necessidade da observação ao princípio da proporcionalidade: o artigo 5°, LVI, cede espaço à ampla defesa e à liberdade individual.
P. Do Devido Processo Legal
Inserido no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, o devido processo legal no processo penal, determina que ninguém poderá ser privado de sua liberdade ou receber qualquer pena, sem que haja a observância das regras estabelecidas no CPP, para o processo e procedimento. Corolário desse Princípio é o brocardo nulla poena sine judicio = Não há pena sem processo! (um dos dez axiomas do Direito penal garantista).
	Deve ser justo e adequado observando o acesso à justiça, juiz natural, igualdade das partes, contraditório/ampla defesa, motivação das decisões, publicidade e inocência.
P. da Presunção de Inocência
Até o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória, presume-se inocente o réu (artigo 5°, LVII, da CRFB).
Um país que adota o sistema de prisão provisória, de prisão temporária, preventiva, é mais coerente com presunção de não-culpa do que com presunção de inocência. Presumir inocente até o trânsito em julgado é raciocínio incompatível com essas formas de prisão. Presunção de inocência é compatível com abolir o sistema de prisão cautelar. Em resumo: A presunção de aquele ainda não condenado é não culpado, mas não inocente a toda prova, razão pela qual é legitimo o uso da prisão cautelar.
Assim é, porque o que quer refletir é a regra de que o acusado não pode ser tratado previamente como condenado, sendo-lhe preservado seus direitos e garantias processuais e, assim, nada tem a ver com impedimento da imposição de medidas cautelares reais ou pessoais. Esse princípio não atinge a prisão cautelar, mas tão somente a possibilidade de decretar a prisão-pena, antes da condenação transitar em julgado.
Ferrajoli entende de forma contrária, dissertando que o princípio vigente é o da presunção da inocência, logo, aquele que não for considerado culpado de um crime é inocente. Sendo, portanto, inadmissível prisão cautelar antes do trânsito em julgado da sentença (= irrecorribilidade da decisão = imutabilidade da decisão).
O princípio da presunção de inocência tem duas vertentes: estabelece, de um lado, uma norma probatória, e de outro uma norma de tratamento. 
- Presunção de inocência como norma probatória ( in dubio pro reu)
A norma probatória estabelecida pela presunção de inocência determina que, se há presunção de inocência do réu, todo o ônus da prova recai sobre a acusação. No processo penal, diferentemente do civil, a ausência de defesa não provoca presunção de veracidade da acusação, pois esta deve ser materializada pelo acusador – deve haver real materialidade na tese acusatória, devendo o acusador provar cabal e substancialmente as suas alegações, mesmo na ausência de impugnação defensiva.
É constitucional o juiz decretar de ofício diligências e ou medidas cautelares durante a ação penal? Há três entendimentos sobre o tema: 
“Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.”
1º ENTD) o primeiro, absolutamente majoritário – STF e Polastri, inclusive, contando agora com o amparo do recém alterado artigo 156, II do CPP e art. 282 do CPP –, defende que o juiz tem a plena capacidade auto-instrutória, em prestigio à busca pela verdade real. Não há comprometimento da imparcialidade, o juiz deve buscar a verdade real. E quanto às medidas cautelares, como são emanadas de cognição sumária, não envolvem pré-julgamento da causa. O STF apenas salienta que é necessário não vulgarizar a utilização das cautelares. E um último argumento do STF, é no sentido de que pode o juiz produzir provas para equilibrar as forças do processo (p. da paridade das armas).
2º ENTD) O segundo posicionamento, de Luigi Ferrajoli e Luiz Gustavo Grandinette, defende que o juiz não pode ter qualquer atividade probatória no processo penal. Corrente extremamente garantista, defende que simplesmente não é sua função, e que, a rigor, não precisa o juiz produzir prova alguma: se há a dúvida sobre a autoria ou materialidade, o juiz deve ater-se à presunção de inocência, e absolver o réu, com fulcro no artigo 286, II, IV ou VII, do CPP. Se o juiz pretende produzir qualquer prova, havendo a força da presunção de inocência para fundear sua decisão, é porque, na verdade, pretende produzir provas incriminadoras, transformando-se em acusador e desvirtuando o sistema, transformando-o de acusatório para inquisitorial. Em resumo, violaria o P.da Inércia e da imparcialidade na medida em que o juiz se antecipa aos próprios órgãos de persecução criminal. Violaria o P. acusatório = o juiz passaria a ser investigador, tendência condenatória do juiz. Apesar da coerência, é corrente bastante minoritária, esta última.
Crítica ao art. 156, I do CPP: PRODUÇÃO DE PROVAS PELO JUIZ ANTES DA AÇÃO PENAL?
RESPOSTA: Se o inquérito policial não passa pelo juízo durante o seu curso não há possibilidade de o juiz proceder à produção de prova de ofício, além do mais, no caso das medidas cautelares, o juiz não tem como medir a urgência da produção da prova, porque não tem conhecimento do que ali se passa. A única hipótese em que o juiz ordenaria, de oficio, a produção de prova na fase pré-processual seria se ele estivesse em campo investigando, o que poria o P. acusatório por terra!!!! Logo, essa atividade instrutória ex officio do juiz na fase pré-processual seria inconstitucional. Inclusive há precedente que suporta esse entendimento, o raciocínio que será usado analogamente, foi à declaração de inconstitucionalidade do art. 3º da Lei. nº. 9034/95 – Lei das organizações criminosas (ADI nº 1.570-2). Segundo esse art. 3º o juiz pessoalmente, seria o responsável pela quebra de sigilo fiscal, financeiro, bancário e eleitoral. O STF declarou inconstitucional a quebra de sigilo fiscal e eleitoral em razão da violação ao P. da imparcialidade do juiz e pela violação ao sistema acusatório. Enquanto que o sigilo bancário e financeiro teriam sido revogados pela Lei complementar de nº 105/01.
- Presunção de inocência como norma de tratamentoO princípio da presunção de inocência impede qualquer antecipação de juízo condenatório ou de culpabilidade, ou seja, a restrição de liberdade do acusado antes do trânsito em julgado de sentença condenatória sé deve ser admitida à título de medida cautelar, e desde que presentes os pressupostos legais. Portanto, o Poder Público está impedido de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, indiciado, ao denunciado ou ao acusado, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente, enquanto não houver sentença condenatória com trânsito em julgado.
Para Aury Lopes Junior esse dever de tratamento atua em duas dimensões:
1º DIMENSÃO: Na dimensão interna, é um dever de tratamento imposto – primeiramente – ao juiz, determinando que a carga da prova seja inteiramente do acusador (pois se o réu é inocente não precisa provar nada) + e que a dúvida conduza inexoravelmente à absolvição.
Ainda na dimensão interna, implica severa restrições ao abuso das prisões cautelares (pois como prender alguém que não foi definitivamente condenado?). Não pode ser utilizada como antecipação executória da própria sanção penal. 
2º DIMENSÃO: Externamente ao processo, a presunção de inocência exige uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização precoce do réu. Significa dizer que a presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade deve ser utilizada como verdadeiros limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio processo judicial. O bizarro espetáculo montado pelo julgamento midiático deve ser coibido pela eficácia da presunção da inocência. 
10. Inquérito policial
	Procedimento administrativo inquisitório e preparatório consistente em conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para a apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial a de fim de fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
O inquérito policial, por conceito, é a investigação criminal realizada pela polícia, visando a apuração da justa causa (indícios de autoria e materialidade do crime), de forma a viabilizar a propositura da ação penal pela acusação.
	Por ser um procedimento administrativo, eventuais vícios existentes no inquérito não afetam a ação penal a que deu origem. Só há que se falar em nulidade no curso do processo. Se é um procedimento meramente administrativo, esses vícios vão ser uma irregularidade ou uma ilegalidade, mas que de modo algum afetará o processo.
	Não se pode concluir, ao extremo, que somente o Poder Público possa apurar crimes. A imprensa, os órgãos sindicais, a OAB, as organizações não governamentais e até mesmo a defesa do investigado também podem investigar infrações penais. Qualquer pessoa (física ou jurídica) pode investigar delitos, até mesmo porque a segurança pública é “responsabilidade de todos” (art. 144, caput, da CF/88).
Obviamente que a investigação realizada por particulares não goza dos atributos inerentes aos atos estatais, como a imperatividade, nem da mesma força probante, devendo ser analisada com extremo critério, não sendo suficiente, por si só, para a edição de um decreto condenatório (art. 155 do CPP). Contudo, isso não permite concluir que tais elementos colhidos em uma investigação particular sejam ilícitos ou ilegítimos, salvo se violarem a lei ou a Constituição.
O inquérito deve ser instaurado de ofício pelo delegado, não havendo inércia na fase investigativa. Não é necessário que haja provocação da autoridade policial para instaurar o inquérito; ao contrário, é uma incumbência oficiosa instaurar a investigação (art. 5°, I, do CPP).
Polícia investigativa – art. 144, §1º, I e IV CF e §4º (≠ polícia judicial).
Fica a cargo da autoridade policial, exercendo as funções de polícia judiciária. Geralmente, a autoridade policial é determinada pelo local da consumação do delito. Se o crime ocorreu na circunscrição da minha delegacia, eu autoridade policial, devo investigá-lo. Óbvio que essa regra não se aplica às grandes capitais onde há delegacias especializadas para a apuração de certos crimes.
A maioria da doutrina usa a expressão polícia judiciária (a que investiga o delito). Porém alguns doutrinadores a diferenciam de polícia investigativa. É a mesma polícia. Ora exercendo funções de polícia judiciária, ora de polícia investigativa. 
Polícia Judiciária – é a polícia que auxilia o Poder Judiciário no cumprimento de suas ordens.
Polícia Investigativa – é a polícia quando atua na apuração de infrações penais e de sua autoria.
Termo Circunstanciado
É utilizado para as infrações de menor potencial ofensivo, quais sejam todas as contravenções e crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa e sujeita ou não a procedimento especial, ressalvadas as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Inquérito ministerial
Segundo o STF, na voz da ministra Ellen Gracie e segundo a doutrina majoritária, Hugo Nigro Mazilli, o MP poderá conduzir investigação criminal que conviverá harmonicamente com o IPL, além disso o promotor que investiga não é suspeito ou impedido para atuar na fase processual, súmula 234 do STJ.
	A ministra se valeu da teoria dos poderes implícitos, como a CF dá expressamente ao promotor o poder de processar (art. 129, I, CF FINALIDADE), implicitamente, lhe dá os meios (INVESTIGAÇÃO) de promover esse fim.
	Em Julgado, o STF decidiu que é perfeitamente possível que o órgão do Ministério Público promova a colheita de determinados elementos de prova que demonstrem a existência da autoria e da materialidade de determinado delito. Tal conclusão não significa retirar da Polícia Judiciária as atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas harmonizar as normas constitucionais (arts. 129 e 144) de modo a compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e regular apuração dos fatos supostamente delituosos, mas também a formação da opinio delicti.
	A posição contrária entende que o MP não pode presidir investigação criminal, não só por ausência de disciplina legal quanto ao procedimento, como também em razão de que: a) a atividade investigatória, consoante o art. 144, § 1º, IV e § 4º, CF é exclusiva da polícia judiciária; b) a investigação procedida pelo MP viola o sistema acusatório, porquanto promove um desequilíbrio entre a acusação e a defesa; c) MP tem o poder de requisitar diligências ou a instauração de IP, mas jamais presidi-los, nos termos do art. 129, III; d) a inexistência de previsão legal de instrumento hábil a permitir e demarcar limites das investigações.
Características
Peça escrita: Art. 9º, CPP - Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Instrumental: Em regra, o inquérito é o instrumento utilizado pelo Estado para colher elementos de informação quanto à autoria e materialidade do crime. O inquérito é obrigatório (não que deva sempre existir). Havendo um mínimo de elementos, o delegado é obrigado a instaurar o inquérito.
Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia (art. 5º, § 2º, CPP).
Dispensável: – art. 27 e 39, §5º CPP. O IPL é obrigatório para o delegado, mas não preciso dele para dar início a uma ação penal. Se o titular da ação penal contar com peças de informação, com provas do crime e de sua autoria, poderá dispensar o inquérito policial.
Procedimento sigiloso: Art. 20, CPP. O inquérito policial deve assegurar o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do investigado, nos termos do art. 5º, X, da CF/88.
Não se deve esquecer que milita em favor de qualquer pessoa a presunção de inocência enquanto não sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 5º, LVII).
Ademais, a divulgação da linha de investigação, dos fatos a serem investigados, das provas já reunidas etc.muito provavelmente atrapalharia sobremaneira o resultado final do inquérito.
Em relação ao direito do advogado a ver os autos, uma vez realizada a diligência é prerrogativa do advogado (Súmula vinculante 14 STF). Não cabem “segredos de justiça” ao advogado, salvo se a diligência ainda não se encerrou.
Se seu cliente, estiver prestes a ser preso provisoriamente e a solicitação de acesso aos autos do inquérito policial for negado pelo delegado, o advogado poderá impetrar mandado de segurança (segundo a doutrina), indicando como autoridade coatora o delegado e demonstrando o cerceamento ao seu direito líquido e certo de ter acesso aos autos. Para o STF, sempre que puder resultar, ainda que de modo potencial prejuízo à liberdade de locomoção, será cabível habeas corpus (nesse caso, HC profilático). Também poderá realizar uma Reclamação Constitucional.
Há que se consignar que há ainda mais um limite ao acesso aos dados do inquérito pelo advogado: se há pluralidade de indiciados, o advogado de um deles não pode acessar os autos na íntegra, ou seja, só tem acesso aos documentos que se refiram a seu cliente.
Há, todavia, um inquérito que o advogado não pode acessar: aquele que corre em segredo de justiça, segredo este decretado judicialmente. 
Inquisitorial: O inquérito não contempla a ampla defesa ou contraditório. É fase pré-processual, não sujeita a estas garantias constitucionais, que são atinentes ao processo.
O artigo 5°, LV, da CRFB, que garante aos litigantes a ampla defesa e o contraditório, não engloba ao inquérito, pela simples razão de que neste não há litigantes, não há lide, mas apenas investigados.
Não se pode opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito (art. 107 do CPP).
Apesar de ser pacificamente aceita a natureza inquisitorial do inquérito, é cediço que há traços de defesa, resquícios de defesa no curso do inquérito, mas que não são hábeis a desnaturar o caráter inquisitivo do inquérito. Como exemplo, o direito ao silêncio, trazido pelo artigo 5°, LXIII, da CRFB, é detido pelo indiciado no interrogatório em sede policial.
No mesmo dispositivo se encontra o direito à presença de um advogado, que, mesmo não podendo intervir, pode acompanhar o curso do inquérito. O inciso LXII do artigo 5° da CRFB apresenta também outros direitos do preso, aplicáveis ao inquérito, que são também traços de uma postura de defesa.
Também tem o direito de não ser torturado, ou seja, não pode ser tratado de froma desumana, degradante.
E, por fim, o direito de não produzir provas contra si mesmo.
A doutrina aponta ainda uma exceção expressa, um inquérito que admite ampla defesa e contraditório à plenitude: o inquérito da polícia federal que visa à expulsão do estrangeiro. Neste procedimento, previsto no Estatuto do Estrangeiro, Lei 6.815/80, art. 70, 71 e 72, é garantida ao estrangeiro a possibilidade de defesa e contraditório.
Informativo: – art. 155 CPP. Visa à colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal.
Elementos de informação são aqueles elementos colhidos na fase investigatória cuja característica é a ausência da dialética, por uma fase inquisitorial. Isso significa que não há contraditório e nem há ampla defesa.
A respeito da prova, a mesma se encontra na fase judicial, sendo obrigatório o respeito ao sistema acusatório, observando-se o contraditório e a ampla defesa. 
Indisponível: – art. 17 CPP. A autoridade policial é quem preside o inquérito, mas mesmo assim não tem disponibilidade sobre este: o delegado não pode arquivar o inquérito. Quem arquiva é o juiz mediante pedido do MP.
O delegado estaria autorizado de deixar de instaurar o IP em razão da atipicidade formal, pois não está nesse caso desistindo de nada, apenas estaria deixando de instaurá-lo. Logo, é possível, se o fato for visivelmente atípico (formal) ou se visivelmente não ocorreu, deixar o delegado de instaurar o IP. 
Porém, o delegado não pode invocar o P. da insignificância para deixar de instaurar a investigação, pois leva a atipicidade material, cabendo ao promotor pedir o arquivamento do IP. 
Discricionário: é discricionário em relação à diligência. O delegado vai movimentar o IP à luz da sua estratégia. O delegado conduzirá a investigação da forma que entender mais eficiente adequando o IP a realidade do crime que está sendo investigado.
O fato do Delegado de Polícia possuir a prerrogativa da condução do inquérito policial não significa dizer que ele pode se negar a cumprir as diligências requisitadas pelo Ministério Público.
A legislação previu que a autoridade policial pode indeferir diligências requeridas pelo indiciado ou pela vítima (art. 14 do CPP). Este indeferimento, por óbvio, está sujeito ao controle jurisdicional, podendo ser revisto caso irrazoável.
	A discricionariedade do IP, no entanto, é mitigada em se tratando de requisições formuladas pelo Ministério Público. Considerando que o Parquet é o titular da ação penal e que uma das finalidades do IP é coletar elementos informativos para a formação do convencimento (opinio delicti) do membro do MP, nada mais lógico que este tenha a prerrogativa de requisitar (com força de obrigatoriedade) a realização de diligências que, para ele, irão ser de fundamental importância na construção do seu convencimento (art. 13, II CPP e art. 129, VIII CF).
	Vale ressalvar, no entanto, que, se a requisição do membro do Ministério Público for manifestamente ilegal, a autoridade policial não é obrigada a atendê-la, devendo, de forma motivada, recusar o cumprimento.
Formas de instauração do IPL
No caso da ação penal privada (calúnia, difamação, injúria, etc.), a instauração do IPL fica condicionada ao requerimento do ofendido ou de seu representante legal. O delegado não pode instaurar de ofício.
Na ação penal pública condicionada, dependerá da representação do ofendido ou da requisição do Ministro da Justiça (crime contra ora do Presidente da República).
Na ação penal pública incondicionada o Estado tem maior liberdade para instaurar o IPL. Assim, pode ser instaurado de ofício pela autoridade policial que toma conhecimento do fato pessoalmente. Neste caso, o delegado deve lavrar uma Portaria. Também se pode instaurar esse IPL mediante requisição do juiz ou do MP, do próprio ofendido, ou por qualquer do povo (art. 5º, II CPP).
Pedido de instauração feito por qualquer do povo: DELATIO CRIMINIS. Sendo ela inqualificada, deve a autoridade policial verificar a procedência das informações antes de instaurar o inquérito.
Indiciamento – art. 2º, §6º da Lei 12830/13.
É atribuir a alguém a autoria de uma infração penal. Consiste na imputação formal da investigação contra uma pessoa. Somente após este ato formal, o acusado, suspeito, passa a ser identificado como indiciado. É ato escrito, privativo da autoridade policial, e subscrito por duas testemunhas, na forma do inciso V do artigo 6° do CPP e tem como pressupostos provas de materialidade e indícios de autoria.
	Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. Mas há exceções: quanto aos membros do MP. Essa prerrogativa está no art. 41, II, da Lei nº 8625/93. Se o delegado está investigando um delito e percebe que há envolvimento de um membro do MP, automaticamente deverá interromper a investigação e remeter os autos ao PGJ. Geralmente, o procurador designa uma comissão de procuradores para acompanhar o caso.
	Quanto aos juízes, a regra é a mesma do MP. Remessa dos autos ao Presidente do Tribunal respectivo.
	Quanto ao Deputado Federal e Senador da República, a Constituição diz que deputados serão julgados pelo STF e que não poderão ser indiciados. Em questão de ordem levantada por Gilmar Mendes, o que prevaleceu foi o seguinte: “titulares de foro por prerrogativa de função não poderão ser indiciados sem prévia autorização do Ministro ou desembargador relator”.
Incomunicabilidade do indiciado preso
Em razão do art. 136 da CF que não tolera incomunicabilidade, nem mesmo durante o estado de defesa, resta a concluir que o art. 21 do CPP não foirecepcionado (revogação tácita).
Todavia, em tese, pode haver incomunicabilidade no estado de sítio.
Prazo para a conclusão do inquérito
Investigado preso – prazo de 10 dias.
Investigado solto – prazo de 30 dias.
Em se tratando de investigado solto, esse prazo pode ser prorrogado. Ás vezes fica anos sem que nenhuma diligência seja feita pelo delegado e nem pedida pelo promotor. Tudo porque o prazo pode ser prorrogado.
Se ele está preso há 90 dias e o inquérito não foi concluído, há abuso e a prisão deve ser relaxada. 
Prazo processual penal – o dia do início não é levado em consideração
Prazo penal – o dia do início já é levado em consideração.
	 Estando o réu preso: Cidadão foi preso temporariamente no dia 09, às 23 horas da noite. Que dia ele tem que ser solto? Prisão é prazo penal! Independentemente do horário que o cidadão foi preso, isso já conta como dia. À 00;00 hora de terça (17) pra quarta (18), ele terá que ser colocado em liberdade porque é um prazo penal (art. 10 do CP).
	O prazo de 30 dias (réu solto) não há dúvida de que é um prazo processual penal (art. 798, parágrafo primeiro do CPP). O dia do início não é computado.
Conclusão do inquérito policial
Em regra, conclui-se por meio de um relatório. O relatório é uma peça de caráter essencialmente descritivo, relatando os acontecimentos ao longo das investigações, sem juízo de valor.
O delegado só fará juízo de valor na hipótese do art. 52 da Lei de Drogas.
Concluído o inquérito com o relatório, ele será remetido ao juiz competente (art. 10, §1º, CPP). Em alguns Estados, ocorre à remessa ao MP.
Chegando os autos do inquérito ao juiz, se o crime for um crime de ação penal pública, o Judiciário vai abrir vista ao MP. Se o crime for de ação penal privada, neste caso, o procedimento é diferente por depender da vontade da vítima. Neste caso, os autos ficam em cartório aguardando a iniciativa do ofendido.
Vista ao MP
Chegando o inquérito ao MP, este pode oferecer denúncia ou requerer diligencias nos termos do art. 16 CPP, indispensáveis ao oferecimento da denúncia.
O juiz não pode indeferir o pedido de diligências, mas se o fizer, o promotor poderá interpor uma correição parcial (espécie de recurso), ou requisitar diretamente à autoridade policial, ao invés de ingressar com a correição parcial.
Também pode requerer o arquivamento do inquérito policial; alegação de incompetência, com a remessa dos autos ao juízo competente. Chegou para o MP estadual um crime militar. Ele requer ao juiz a remessa dos autos à Justiça Militar. 
Pode o MP, neste momento, suscitar conflito de competência ou um conflito de atribuição.
Arquivamento do inquérito policial
O arquivamento é o encerramento das investigações policiais com falta de base para denuncia (art. 18 do CPP).
Art. 28 CPP:  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
No arquivamento do inquérito, o juiz exerce o papel de fiscal do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. O principio da obrigatoriedade impõe que sempre que o MP verificar hipóteses em que sua atuação é possível, ela é obrigatória, ou seja, a denúncia será obrigatória quando for caso de denúncia. Quando for caso de arquivamento, será obrigatório o requerimento deste, da mesma forma.
As determinadas circunstâncias que tornam a ação penal pública obrigatória são as condições para seu regular exercício, e são quatro: legitimidade, interesse de agir, possibilidade jurídica do pedido, e a justa causa. Ausente alguma destas condições, o arquivamento é que se torna mandatório. Ou seja, só não poderá ser oferecida a denúncia havendo atipicidade do fato, reconhecimento de causa que extingue a punibilidade (morte, anistia, graça, indulto, prescrição, decadência, perempção, renúncia, perdão, retratação, abolitio criminis), falta de justa causa e reconhecimento de excludente de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de direito).
As hipóteses em que o arquivamento é cabível coincidem com as que induzem à rejeição da denúncia, e são apresentadas no artigo 395 do CPP.
Se for o procurador-geral de justiça (chefe do MP estadual) que tenha requerido o arquivamento: se o juiz entende que não é o caso de arquivamento, será remetido ao Colégio de Procuradores, nos termos do art. 12, XI da Lei nº 8.625/93.
Se o juiz discorda da promoção de arquivamento, o STF tem entendido que não só o encaminhamento ao PGJ (ou CCR) é a solução: poderá devolver ao membro do MP para que alguma nova diligência seja realizada, alguma outra prova produzida. O STF entende que esta providência não viola o sistema acusatório, nem a imparcialidade.
O STJ entendeu que o pedido de arquivamento do inquérito policial, feito pelo representante do Ministério Público, não vincula o Juiz quando se basear em alegação de atipicidade do fato ou de extinção de punibilidade, dada a possibilidade de formação de coisa julgada material.
Voltando ao artigo 28, este estabelece que o PGJ, quando entende de forma diversa da que entendeu o membro que promoveu o arquivamento, vai oferecer ele próprio a denúncia, ou vai designar um outro membro para fazê-lo (designação que, de fato, é verdadeira delegação). Não poderá, contudo, designar o mesmo que oficiou pelo arquivamento, pois seria crassa violação à independência funcional do promotor (art. 127, parágrafo primeiro da CRFB – o promotor não pode ser obrigado a fazer o que não entende cabível).
Hipótese de arquivamento
A doutrina define DUAS espécies de arquivamento: o expresso e o implícito O arquivamento expresso é aquele em que o parquet expressamente o requer ao juiz, e este pode acolhê-lo ou rejeitá-lo, aplicando o artigo 28 do CPP, sem mais complicações.
Sobre o arquivamento implícito, de início, cabe ressaltar que este não é admitido, quer pelo STJ, quer pelo STF. Todavia, em conceito, deve ser abordado, o arquivamento implícito pode decorrer de uma denúncia ou mesmo de uma arquivamento expresso.
O arquivamento implícito pode ser subjetivo (sujeitos) ou objetivo (fatos) e ocorre sempre que não há não inclusão da denúncia ou do pedido de arquivamento expresso de um fato ou sujeito e o juiz não adota a providência do art. 28 do CPP. Ou seja, ambos (promotor e juiz) ficam inertes.
Decorre de um arquivamento expresso:
O arquivamento implícito é objetivo quando o silêncio do MP recair sobre fatos: havendo mais de um fato criminoso em inquérito, se o MP pede arquivamento em relação a um dos crimes, mas nada fala em relação ao outro, e o juiz não adota a providência do art. 28 do CPP, dar-se-ia o arquivamento implícito objetivo.
O arquivamento implícito é subjetivo quando o silêncio do MP recair sobre o(s) autor(es) do fato. suponha-se que há dois indiciados em um inquérito. Se o MP requer, expressamente, o arquivamento para um deles, mas queda-se silente em relação ao outro, e o juiz não adota a providência do art. 28 do CPP para este indiciado que não foi mencionado terá ocorrido o requerimento de arquivamento implícito. Este se trata do arquivamento implícito subjetivo.
O arquivamento implícito poderia decorrer também de uma denúncia: havendo pluralidade de indiciados, se o MP oferece denúncia apenas em face de um deles, haveria o arquivamento subjetivo implícito em relação ao outro, em face do qual o MP se omitiu, e o juiz não adota a providência do art. 28 do CPP. Da mesma forma, se o MP denuncia apenas um de vários crimes investigados, ficando inerte em relação aos demais, e o juiz não adota a providência do art. 28 do CPP haveria o arquivamento implícito objetivo.
Efeitos da decisão de arquivamentoA decisão de arquivamento, como dito, é rebus sic stantibus: esta decisão é sempre contida estritamente pelas circunstâncias que a ensejaram. 
Por isso, supondo-se que a decisão de arquivamento foi prolatada por ser entendida presente a falta de justa causa, se porventura ocorrer alteração substancial nesta conjuntura, poderá haver denúncia posterior a esta decisão de arquivamento. Este raciocínio provém da construção feita com base no artigo 18 do CPP, e na súmula 524 do STF.
Hipótese de desarquivamento do art. 18, CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
A hipótese é de desarquivamento para procurar as provas de que se teve noticia afim de que, uma vez produzida, sirva de base a eventual denúncia. Nesse caso o delegado representa ao promotor de justiça (ou diretamente ao procurador-geral), solicitando o envio dos autos arquivados com as notícias ao procurador-geral, para que analise a possibilidade de desarquivamento.
Hipótese de oferecimento de denúncia da súmula 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
	Trata-se da proposta de denúncia efetiva nos casos em que o inquérito foi arquivado expressamente ou desarquivado. Assim, estando inquérito arquivado e surgindo novas provas, pode e deve o promotor de justiça oferecer denuncia em face do indiciado, independentemente de desarquivamento pelo procurador-geral.
Se o arquivamento expresso não for em decorrência de justa causa: sendo arquivado o inquérito por atipicidade da conduta, extinção da punibilidade ou excludente de ilicitude formará coisa julgada material, não sendo possível o desarquivamento e oferecimento de denúncia, devido a sua imutabilidade.
P2
11. Ação Penal
“A ação penal é o direito de invocar-se o Poder Judiciário para aplicar o direito penal objetivo; e, como dela se serve o Estado para tornar efetivo seu ministério penal, a ação é também um momento da persecução criminal.”
A partir do momento em que o Estado traz para si o exercício da jurisdição – de aplicar o direito objetivo ao caso concreto - a ação passa a ser vista como um direito, um verdadeiro poder de exigir do Estado a prestação jurisdicional no caso concreto.
A atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. Por isso é que tecnicamente, a expressão ‘ação penal privada’ estaria errada. Isso porque a ação penal não é privada. É pública. Daí melhor dizer ‘ação penal de iniciativa privada”. Por meio da utilização desse termo, o candidato demonstra ao examinador que tem consciência de que a ação penal é um direito público pois se dirige ao Estado, exigindo dele a prestação jurisdicional.
Além disso, é um direito subjetivo já que é inerente a cada indivíduo o poder exigir do Estado a prestação jurisdicional. E também é autônomo posto que não se confunde com o direito material que será discutido no caso concreto.
A característica dela ser abstrata e subjetiva nos dá bem a ideia de que a ação precede ao delito (existe antes deste ser praticado), pois o que irá surgir com a prática da infração penal é a pretensão acusatória (objeto do processo), que irá ser exercida no pedido condenatório (sanção correspondente a violação do direito material).
 
Condições da ação
Se não forem preenchidas as condições da ação, não será possível o julgamento de mérito (= fato delituoso, autoria, conduta típica, ilícita e culpável). Ou seja, aquele que ofereceu a peça acusatória não obterá uma decisão do Poder Judiciário quanto à materialidade, autoria e caráter criminoso da conduta, já que o juiz se limitará a rejeitar a ação, sem pronunciar-se quanto ao mérito da ação penal.
	Diferencia-se da condição objetiva de punibilidade, que está ligada ao direito material, sendo uma condição exigida pela lei para que o fato se torne punível e que está fora do injusto penal. Chama-se objetiva porque independe do dolo ou da culpa do agente. Encontra-se entre o preceito primário e secundário da norma penal incriminadora, condicionando a existência da pretensão punitiva do Estado. Já a condição da ação é uma condição de procedibilidade, que está ligada ao direito processual penal, imposta para o regular exercício da ação.
	A ausência da condição de procedibilidade no início do processo, no momento do oferecimento da peça acusatória imporá a rejeição da peça. Se ocorrer no curso do processo, poderá se aplicar subsidiariamente o art. 367, IV, CPC, extinguindo o processo sem julgamento do mérito, criando coisa julgada formal, o que não impede oferecimento de nova peça acusatória se sanado os vícios processuais.
	A ausência da condição objetiva de punibilidade no início do processo acarreta a rejeição da peça acusatória por não haver fundamento de direito para o ajuizamento da ação penal. No final do processo, o acusado deve ser absolvido, dotada a sentença dos atributos da coisa julgada formal e material.
	As condições da ação penal (procedibilidade) são genéricas e específicas. A genérica constitui possibilidade jurídica do pedido, legitimidade para agir, interesse de agir e justa causa.
Possibilidade jurídica do pedido
O pedido formulado deve encontrar amparo no ordenamento jurídico, para que a ação seja regularmente exercida. Destarte, a possibilidade jurídica do pedido está intimamente ligada ao P. da legalidade estatuído no art. 5º, XXXIX, da CRFB.
A possibilidade jurídica refere-se tanto à infração (conduta descrita como ilícito penal) como a pena requerida pelo MP ou pelo ofendido. Assim, não há possibilidade jurídica de se pedir pena de prisão perpétua, de morte, de trabalho forçado, de banimento ou cruel (art. 5º, XLVII da CRFB).
Quando o CPP, em seus artigos 41 c/c 395, I, diz que a denuncia ou queixa será rejeitada quando for manifestamente inepta, deixa claro que a atipicidade do fato significa a impossibilidade jurídica do pedido. Denúncia inepta é petição inicial que não narra o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, ou, se narra o fato, não é ele criminoso. 
Legitimidade para agir
É a pertinência subjetiva da ação. ´
PÓLO ATIVO: No pólo ativo, quem pode entrar com a ação penal pública é o MP, e a ação penal privada é o querelante. Neste pólo está constante a legitimidade ordinária (MP) e extraordinária (querelante). Isto porque, o MP é o titular da ação, sendo o responsável por postular em nome próprio a defesa de interesse próprio. Quando o querelante ajuíza uma ação penal privada, está ele, portanto, postulando em nome próprio em defesa de interesse alheio, pois o direito de punir é do Estado. A legitimidade extraordinária também se é vista na ação civil ex delicto, proposta pelo MP em favor da vítima pobre (art. 68 CPP), ocorrendo a chamada substituição processual, que não se confunde com sucessão processual (art. 31 CPP).
Legitimação ativa concorrente - Mais de uma parte está autorizada a ingressar com a ação, independentemente da valoração do outro. Significa que duas pessoas podem entrar em juízo, obviamente que, aquele que entra primeiro, afasta o outro. Casos: a) ação penal privada subsidiária da pública, depois do decurso do prazo para o MP oferecer denúncia - Promotor de justiça tem o prazo do réu solto de 15 dias para oferecer denúncia. Se eu, promotor, não faço isso, o que surge no 16º dia? O direito da ação penal privada subsidiária da pública. Ou seja, a vítima, vai poder entrar com essa queixa subsidiária. O detalhe é o seguinte: neste 16º dia, tanto o MP pode oferecer denúncia, quanto a vítima pode oferecer queixa; b) súmula 714, STF – ação penal privada e ação penal pública; c) sucessão processual, art. 36 CPP – cônjuge, ascendente, descendente ou irmão concorrem entre si.
Legitimação alternativa – no caso da súmula acima, uma vez oferecida a representação pelo ofendido, o MP já pode oferecer a ação penal por meio de

Continue navegando