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Inquérito Policial

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Processo penal I- manhã e noite – Inquérito Policial
I - INQUÉRITO POLICIAL(IPL)
1. 	CONCEITO
Eu não posso dar início a um processo penal sem um mínimo de provas. E como eu consigo esse mínimo de provas? Em regra via Inquérito Policial. 
“Procedimento administrativo inquisitório e preparatório consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial a fim de fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.”
O inquérito policial, por conceito, é a investigação criminal realizada pela polícia, visando a apuração da justa causa (indícios de autoria e materialidade do crime), de forma a viabilizar a propositura da ação penal pela acusação.
	A finalidade do inquérito, como qualquer investigação, é justamente apurar a justa causa, que se destina a embasar a ação penal a ser oferecida pelo seu titular, MP ou querelante privado.
TERMO CIRCUNSTANCIADO ou Termo Circunstanciado de Ocorrência (TC)
O TC não tem a mesma formalidade que o IPL. É quase um boletim de ocorrência.
A questão é: quando eu instauro um inquérito policial e quando eu instauro um termo circunstanciado?
Resposta: O termo circunstanciado será usado para as infrações de menor potencial ofensivo. Hoje, no Brasil, o que é uma infração de menor potencial ofensivo?
Infração de menor potencial ofensivo: “São todas as contravenções e crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa e sujeita ou não a procedimento especial, ressalvadas as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher”.
Antes, havia essa discussão e houve um entendimento de que se o crime estivesse sujeito a procedimento especial, não seria infração de menor potencial ofensivo. Hoje isso não tem relevância. É o que acontece com o porte de drogas para consumo pessoal. É procedimento especial e é infração de menor potencial ofensivo. 
2.	NATUREJA JURÍDICA DO IPL
“É procedimento administrativo.”
Qual é a grande importância disso? 
Resposta: “Eventuais vícios (irregularidades e ilegalidades) existentes no inquérito não afetam a ação penal a que deu origem.”
Só há que se falar em nulidade no curso do processo. Se é um procedimento meramente administrativo, esses vícios vão ser uma irregularidade ou uma ilegalidade, mas que de modo algum afetará o processo. 
Exemplo: Delegado prendeu alguém em flagrante e esqueceu de comunicar o juiz. É uma grave violação a um dispositivo constitucional. A própria Constituição diz: “a prisão de qualquer pessoa será comunicada à autoridade judiciária.” E, no caso, qual é a consequência? Ora, a prisão em flagrante tornou-se ilegal. Exige relaxamento. O que, de modo algum, vai trazer prejuízo para o processo: O MP pode oferecer a denúncia e o cidadão responderá por ele normalmente. E por que? Porque é um mero procedimento administrativo e não um processo jurisdicional. 
3.	PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL
Fica a cargo da autoridade policial, exercendo as funções de polícia judiciária. Geralmente, a autoridade policial é determinada pelo local da consumação do delito. Se o crime ocorreu na circunscrição da minha delegacia, eu autoridade policial, devo investigá-lo. Óbvio que essa regra não se aplica às grandes capitais onde há delegacias especializadas para a apuração de certos crimes.
Nesse ponto surge uma distinção interessante feita por alguns doutrinadores:
A maioria da doutrina usa a expressão polícia judiciária (a que investiga o delito). Porém alguns doutrinadores a diferenciam de polícia investigativa. É a mesma polícia. Ora exercendo funções de polícia judiciária, ora de polícia investigativa. 
“Polícia Judiciária – é a polícia que auxilia o Poder Judiciário no cumprimento de suas ordens.”
Quando um juiz estadual expede um mandado de busca e apreensão, ele vai dar esse mandado de busca e apreensão para a polícia civil cumprir. Quando a polícia está cumprindo essa ordem do Poder Judiciário, estará exercendo a função de polícia judiciária porque age a mando do Judiciário.
Polícia Investigativa – é a polícia quando atua na apuração de infrações penais e de sua autoria.
A própria Constituição faz essa diferenciação, colocando em incisos diferentes essas duas funções:
“Art. 144. § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; (Polícia Federal com função de polícia INVESTIGATIVA).
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.”
Atribuições da Polícia Investigativa 
SP: Trote em quartel do Exército – Soldados novatos foram amarrados e espancados, lhes baixaram as calças e usaram um cabo de vassoura. Há crime (lesão corporal, injúria e outros). E quem investiga? 
Isso será definido pela competência. Se o crime for de competência da Justiça Militar da União, quem investiga? São as próprias Forças Armadas. Na verdade, nesse caso, vamos fazer o chamado IPM (inquérito Policial Militar). Há delegado de polícia? Não. O que há é um oficial das Forças Armadas que é designado como “encarregado”. Às vezes um coronel médico é designado como encarregado para a condução do inquérito.
Se o crime for de competência da Justiça Militar Estadual, neste caso, quem investiga o delito é a própria Polícia Militar, através de um IPM e tendo à frente um encarregado.
Há manuais que dizem que IPL só existe na polícia civil e na federal. Isso está errado!!!!
Obs: INQUÉRITOS NÃO POLICIAIS – são aqueles presididos por autoridade distinta da polícia judiciária. Hipóteses mais importantes – prova oral MP da Bahia, DP de Minas: 
Inquérito Parlamentar – presidido pelas CPI’s. A CPI investiga. Seu inquérito será encaminhado ao MP e será analisado em caráter de urgência pelo promotor. 
Inquérito Militar - os crimes militares são passíveis de IPM, seu objeto é destinado à apuração das infrações militares. A presidência do IPM cabe ao oficial de carreira. 
 Inquérito elaborado pelo Procurador Geral do MP - A policia judiciária não pode indiciar membro de MP, cabe ao PG investigar os respectivos membros do MP.
 Inquérito elaborado pelo presidente do tribunal ao qual o juiz está vinculado, ou a alguém por ele designado conduzir por ele a investigação – magistrados.
 Inquérito presidido por um Desembargador ou um Ministro relator no tribunal em que a autoridade goza de privilégio - As autoridades que usufruem de foro por prerrogativa de função. OBS: *CRITICA – PAULO RANGEL – em homenagem ao sistema acusatório deveria ser a respectiva procuradoria geral do MP estadual e/ou federal a presidir o IP.
INQUÉRITO MINISTERIAL – 
Segundo o STF, na voz da ministra Ellen Gracie e segundo a doutrina majoritária, Hugo Nigro Mazilli, o MP poderá conduzir investigação criminal que conviverá harmonicamente com o IPL, além disso o promotor que investiga não é suspeito ou impedido para atuar na fase processual, súmula 234 do STJ. Duas observações a fazer dentro dessa referência processual:
EMBASAMENTO DO STF – O STF SE VALEU DA TEORIA DOS PODERES IMPLICITOS, AFINAL SE O MP DETEM O PODER-DEVER DE PROCESSAR (ART. 129, I CF) É SINAL, IMPLICITAMENTE , QUE PODERÁ INVESTIGAR. (POSIÇÃO MAJORITÁRIA)
Se o crime é praticado na própria polícia é salutar que o MP investigue. Além do mais, o MP tb tem prerrogativas que o delegado não tem, e como a polícia sofre ingerência do governador na esfera estadual, e na esfera federal do presidente, a Ministra Ellen Gracie reconheceu que o MP pode presidirinvestigação criminal, convivendo harmonicamente com o IPL. Salienta-se que o promotor investigante não é impedido na fase processual, sumula 234 do STJ. A ministra se valeu da teoria dos poderes implícitos, como a CF dá expressamente ao promotor o poder de processar (FINALIDADE), implicitamente, lhe dá os meios (INVESTIGAÇÃO) de promover esse fim.
Em 2009, a partir do julgamento do HC no 91.661/PE (rel. Min. Ellen Gracie), a 2ª Turma do STF, por unanimidade, afirmou que o Ministério Público tem poder de investigação, senão vejamos:
“EMENTA: HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. FALTA DEJUSTA CAUSA. EXISTÊNCIA DE SUPORTE PROBATÓRIO MÍNIMO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. POSSIBLIDADE DE INVESTIGAÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. DELITOS PRATICADOS POR POLICIAIS. ORDEM DENEGADA. 1. A presente impetração visa o trancamento de ação penal movida em face dos pacientes, sob a alegação de falta de justa causa e de ilicitude da denúncia por estar amparada em depoimentos colhidos pelo ministério público. 2. A denúncia foi lastreada em documentos (termos circunstanciados) e depoimentos de diversas testemunhas, que garantiram suporte probatório mínimo para a deflagração da ação penal em face dossuperior hierárquico ultrapassa os estreitos limites do habeas corpus, eis que envolve, necessariamente, reexame do conjunto fático-probatório. 4. Esta Corte tem orientação pacífica no sentido da incompatibilidade do habeas corpus quando houver necessidade de apurado reexame de fatos e provas (HC nº 89.877/ES, rel. Min. Eros Grau, DJ 15.12.2006), não podendo o remédio constitucional do habeas corpus servir como espécie de recurso que devolva completamente toda a matéria decidida pelas instâncias ordinárias ao Supremo Tribunal Federal. 5. É perfeitamente possível queo órgão do Ministério Público promova a colheita de determinadoselementos de prova que demonstrem a existência da autoria e da materialidadede determinado delito. Tal conclusão não significa retirarda Polícia Judiciária as atribuições previstas constitucionalmente,mas apenas harmonizar as normas constitucionais (arts. 129 e 144)de modo a compatibilizá-las para permitir não apenas a correta eregular apuração dos fatos supostamente delituosos, mas também a formação da opinio delicti. 6. O art. 129, inciso I, da ConstituiçãoFederal, atribui ao parquet a privatividade na promoção da ação penalpública. Do seu turno, o Código de Processo Penal estabelece queo inquérito policial é dispensável, já que o Ministério Público podeembasar seu pedido em peças de informação queconcretizem justacausa para a denúncia. 7. Ora, é princípio basilar da hermenêuticaconstitucional o dos “poderes implícitos”, segundo o qual, quando aConstituição Federal concede os fins, dá os meios. Se a atividade fim –promoção da ação penal pública – foi outorgada ao parquet em forode privatividade, não se concebe como não lhe oportunizar a colheitade prova para tanto, já que o CPP autoriza que “peças de informação”embasem a denúncia. 8. Cabe ressaltar, que, no presente caso,os delitos descritos na denúncia teriam sido praticados por policiais,o que, também, justifica a colheita dos depoimentos das vítimas peloMinistério Público. 9. Ante o exposto, denego a ordem de habeas corpus”
POSIÇÃO CONTRÁRIA – (PROVA ORAL DA DP DO CEARÁ!!!) – PARA LUIZ BORGES D’URSO O MP NÃO PODE PRESIDIR INVESTIGAÇAO CRIMINAL, NÃO SÓ POR AUSENCIA DE DISCIPLINA LEGAL QUANTO AO PROCEDIMENTO, COMO TB EM RAZÃO DE:
A atividade investigatória, consoante o art. 144, § 1º, IV e § 4º, CF é exclusiva da polícia judiciária.
A investigação procedida pelo MP viola o sistema acusatório, porquanto promove um desequilíbrio entre a acusação e a defesa.
O MP tem o poder de requisitar diligências ou a instauração de IP, mas jamais presidi-los, nos termos do art. 129, III 
A inexistência de previsão legal de instrumento hábil a permitir e demarcar limites das investigações.
	
Em 2003(ANTIGA POSIÇÃO DO STF), a 2º turma do STF, conforme se depreende do RHC no 81.326/DF, cujo relator foi oentão Min. Nelson Jobim, a Turma posicionava-se no seguinte sentido:
“EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. MINISTÉRIO PÚBLICO.INQUÉRITO ADMINISTRATIVO. NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINALE CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL/DF. PORTARIA. PUBLICIDADE.ATOS DE INVESTIGAÇÃO. INQUIRIÇÃO. ILEGITIMIDADE. 1. PORTARIA.PUBLICIDADE A Portaria que criou o Núcleo de Investigação Criminal e ControleExterno da Atividade Policial no âmbito do Ministério Público do DistritoFederal, no que tange a publicidade, não foi examinada no STJ. Enfrentara matéria neste Tribunal ensejaria supressão de instância. Precedentes. 2.INQUIRIÇÃO DE AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. ILEGITIMIDADE. A ConstituiçãoFederal dotou o Ministério Público do poder de requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial (CF, art. 129, VIII). Anorma constitucional não contemplou a possibilidade do parquet realizare presidir inquérito policial. Não cabe, portanto, aos seus membrosinquirir diretamente pessoas suspeitas de autoria de crime. Mas requisitardiligência nesse sentido à autoridade policial. Precedentes. O recorrenteé Delegado de polícia e, portanto, autoridade administrativa. Seusatos estão sujeitos aos órgãos hierárquicos próprios da Corporação, Chefiade Polícia, Corregedoria. Recurso conhecido e provido”. (grifos nossos).
Se o crime for de competência da Justiça Federal, ou também da Justiça Eleitoral, quem investiga? Polícia Federal.
Se o crime for de competência da Justiça Estadual, quem investiga é a Polícia Civil. Só que aí tem um detalhe interessante. A Polícia Federal também pode investigar delitos que sejam de competência da Justiça Estadual. É nisso que o aluno erra. Ele acha que as atribuições da Polícia Federal são idênticas à competência da Justiça Federal. Errado! 
As atribuições investigatórias da Polícia Federal são mais amplas do que a competência criminal da Justiça Federal. É o que diz o inciso I, § 1º, do art. 144, da CF, segundo o qual compete à Justiça Federal, entre outras atribuições:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas (até aqui é competência da Justiça Federal), assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;”
Pela própria leitura desse inciso vê-se que as atribuições da polícia federal são mais amplas. A Lei nº 10.446/02 deixa isso claro ( vide art. 1º)
O aluno, geralmente, tem essa idéia: Violação de direitos humanos. Escuta a palavra, que considera bonita, e deduz que a competência é da Justiça Federal. Violação de direitos humanos é de competência estadual!!! Pode ir para a federal no chamado incidente de deslocamento. 
O melhor exemplo são essas quadrilhas especializadas em clonagem de cartão. Como elas operam em vários Estados da Federação, a Polícia Federal acaba investigando. Mas, se agir em um único Estado, a competência é estadual!
INVESTIGAÇÃO:
OBS: Segundo o entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência, a investigação de crimes não é uma atividade exclusiva das Polícias Civil e Federal.
A investigação criminal pode ser realizada por meio de outros órgãos, como por exemplo: Comissões Parlamentares de Inquérito, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Banco Central, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), IBAMA, Ministério Público.
A investigação criminal promovida pela Polícia é feita por meio do inquérito policial (ou TCO), que tramita sob a presidência do Delegado de Polícia.
Vale ressaltar, para que não fique nenhuma dúvida, que o art. 1º da Lei de nº 12.830/13 não está afirmando que a investigação criminal somente pode ser realizada pelo Delegado de Polícia. De forma alguma. O que diz este artigo é que a presente Lei regula a investigação feita pelo Delegado (inquéritopolicial ou TCO).
O art. 2º da Lei 12.830/13 veda a investigação de crimes por parte de particulares, como no caso da “investigação criminal defensiva”?
RESPOSTA:Não. Quando o art. 2º utiliza a palavra “exclusivas”, ele não está afirmando que a apuração de infrações penais, por qualquer meio, é uma atribuição apenas do Estado. O que se preconiza é que a função de apuração de infrações penais exercida por meio do aparato estatal e conduzida por Delegado de Polícia não pode ser transferida à iniciativa privada. Em suma, veda-se a “terceirização” ou “privatização” da atividade investigativa estatal.
Não se pode concluir, ao extremo, que somente o Poder Público possa apurar crimes. A imprensa, os órgãos sindicais, a OAB, as organizações não governamentais e até mesmo a defesa do investigado também podem investigar infrações penais. Qualquer pessoa (física ou jurídica) pode investigar delitos, até mesmo porque a segurança pública é “responsabilidade de todos” (art. 144,caput, da CF/88).
Obviamente que a investigação realizada por particulares não goza dos atributos inerentes aos atos estatais, como a imperatividade, nem da mesma força probante, devendo ser analisada com extremo critério, não sendo suficiente, por si só, para a edição de um decreto condenatório (art. 155 do CPP). Contudo, isso não permite concluir que tais elementos colhidos em uma investigação particular sejam ilícitos ou ilegítimos, salvo se violarem a lei ou a Constituição.
QUADRO PARA MEMORIZAÇÃO: 
	COMPETÊNCIA
	QUEM INVESTIGA
	PROCEDIMENTO
	AUTORIDADE
	Justiça Militar
	Própria Corporação – Polícia Militar, FAB
	Inquérito Policial Militar – IMP
	Encarregado
	Justiça Federal
	Polícia Federal
	Inquérito Policial - IPL
	Delegado 
	Justiça Eleitoral
	Polícia Federal
	Inquérito Policial - IPL
	Delegado
	Justiça Estadual
	Polícia Civil
Polícia Federal
	Inquérito Policial - IPL
	Delegado
Objetivos da Lei n.° 12.830/2013:
“Examinando o texto da Lei, parece-me que as entidades de classe dos Delegados de Polícia (que lutaram pelo projeto) tinham dois objetivos principais com a sua aprovação:
1) Obter o reconhecimento de que as funções exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado, devendo, portanto, a classe ser equiparada, para todos os efeitos, com as demais carreiras de Estado (Magistratura, Ministério Público, Defensoria Pública etc.).
2) Fazer constar, no texto legal, a tese institucional de muitos membros da classe de que a decisão final sobre a realização ou não das diligências no inquérito policial pertence ao Delegado de Polícia.
Conforme será demonstrado à frente, o primeiro objetivo foi conseguido. Quanto ao segundo, no entanto, não se obteve êxito, considerando que o dispositivo que poderia sinalizar no sentido desta conclusão foi vetado pela Presidente da República.
4.	PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL
	4.1.	O IPL é uma peça escrita.
	“Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.”
Os atos orais serão reduzidos a termo. Todos os atos ou diligências devem ser reduzidos a peças escritas – termo de depoimento e declarações, termo de apreensão, termo de acareação, auto de reconhecimento e etc.
As novas ferramentas tecnológicas podem ser utilizadas para documentar o IP com uma captação de som e imagem e até mesmo a ESTENÓTIPIA, que nada mais é do que a síntese de palavras por meio de símbolos. 
4.2.	Inquérito policial é instrumental. 
“Em regra, o inquérito é o instrumento utilizado pelo Estado para colher elementos de informação quanto à autoria e materialidade do crime. O inquérito é obrigatório (não que deva sempre existir). Havendo um mínimo de elementos, o delegado é obrigado a instaurar o inquérito.” 
Pergunta-se: a vítima faz um requerimento ao delegado e o delegado indefere. Cabe recurso?? CABE! Cabe recurso inominado para o Chefe de Polícia. Hoje, na verdade, o Chefe de Polícia em alguns Estados é o Secretário de Segurança Pública e, em outros, o Delegado Geral (caso de SP). E no âmbito da Polícia Federal seria o Superintendente da PF no Estado (art. 5º, § 2º):
“§2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.”
4.3.	O Inquérito é dispensável.
Para que o processo comece não é necessário a prévia realização de IPL.
	O IPL é obrigatório para o delegado, mas não preciso dele para dar início a uma ação penal. Se o titular da ação penal contar com peças de informação, com provas do crime e de sua autoria, poderá dispensar o inquérito policial. 
	Melhor exemplo: Crimes tributários. A Fazenda mastiga tudo. Não precisa instaurar IPL. Geralmente fraude contra o INSS é investigada via auditoria. Quando ela chega, o Procurador da República pode deflagrar a ação penal, sem precisar instaurar inquérito porque já tem a prova.
“Art.27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.”
	Com base nessa espécie de informação, se eu já tiver elementos suficientes, eu poso oferecer a denúncia, mesmo sem inquérito policial.
Veja outros dispositivos que nos permitem tirar essa conclusão:
“Art. 39, §5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias”.
	4.4.	O Inquérito é um procedimento sigiloso.
	Ele é sigiloso em razão da eficiência da investigação, cabendo ao delegado velar por esse sigilo.
O inquérito policial deve assegurar o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do investigado, nos termos do art. 5º, X, da CF/88
 Não se deve esquecer que milita em favor de qualquer pessoa a presunção de inocência enquanto não sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 5º, LVII).
Ademais, a divulgação da linha de investigação, dos fatos a serem investigados, das provas já reunidas etc. muito provavelmente atrapalharia sobremaneira o resultado final do inquérito
Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)- VIDE PÁG 29 DA APOSTILA!!!!
 Mas com a constitucionalização da persecução penal, o sigilo hoje tem como finalidade apreservaçãoda imagem do suspeito, evitando o julgamento social (sigilo externo).
Quanto ao sigilo interno:
Apesar do sigilo, quem tem acesso aos autos? O juiz e o MP. 
E aí se desenvolve a pergunta relativa ao advogado: “Advogado tem acesso aos autos de IPL?”
Resposta: A Constituição, no art. 5º, LXIII, diz o seguinte:
	“LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.”
	Se ele tem direito à assistência do advogado, como é que o advogado pode fazer algo se não tem acesso aos autos? Como impetrar um habeas corpus? Além disso, o estatuo da OAB, no art. 7º, XIV, diz que ao advogado é assegurado o acesso aos autos. Esse acesso é irrestrito?
	O que a jurisprudência tem dito sobre o assunto:
	“O advogado tem acesso às informações já introduzidas no inquérito, mas não em relação às diligências em andamento.”!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
	Se o delegado já juntou aos autos o exame de corpo de delito, se já ouviu uma testemunha, o advogado tem acesso!!!!. Se a diligênciaestá em andamento, não terá acesso, sob pena de frustrar a investigação. Imagine o advogado ter ciência que o telefone do seu cliente foi interceptado???. Logo, essa interceptação é feita em autos apartados, e o advogado só terá ciência dela ao final da diligência (quando ela já se encerrou).
	Vide Súmula Vinculante 14, que trata justamente sobre o tema, confirmando exatamente o entendimento acima descrito no que diz respeito ao acesso do advogado aos autos do IPL:
	Súmula Vinculante 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
	Vide dois julgados sobre o tema: STF: HC 82.354 e HC 90.232.
Veja um caso hipotético: Marcus é advogado de seu cliente, que no momento está prestes a ser preso provisoriamente. Ele se dirige até a delegacia e solicita o acesso aos autos do inquérito policial. Contudo, tal acesso PE negado pelo delegado. Qual será, então, o remédio jurídico correto para que o advogado possa ter acesso aos autos? Mandado de segurança ou habeas corpus? 
1º ENTD) Resposta: Doutrina: Se Marcus quiser discutir a sua prerrogativa como advogado, o ideal é que ele impetre mandado de segurança ( indicando como autoridade coatora o delegado e demonstrando o cerceamento ao seu direito líquido e certo de ter acesso aos autos). Enquanto que o objetivo do habeas corpusé apenas representar os interesses do cliente, pois tutela a liberdade de locomoção e o acesso aos autos não tem nada a ver com isso. 
2 ENTD) “Para o STF, sempre que puder resultar, ainda que de modo potencial prejuízo à liberdade de locomoção, será cabível habeas corpus.”
	E é o que acontece nesse exemplo. Se o cliente de Marcus está prestes a ser preso e o delegado está negando acesso aos autos do IPL,teoricamente, isso traz um prejuízo à liberdade de locomoção do sujeito. Portanto, caberia, também, o habeas corpus para discutir esse acesso.
*Esse HC é chamado em concurso público de HC PROFILÁTICO, quando a liberdade de locomoção, somente em última análise, se encontra em risco.
EM RESUMO: FERRAMENTAS PARA COMBATER O ARBÍTRIO:
O direito de acesso aos autos permite o contato com o que já foi documentado e não com diligências em andamento ou futuras, sendo que a denegação do acesso pode ser combatida por meio:
MS 
Reclamação Constitucional
HC – segundo o STJ – já que o risco a liberdade do suspeito existe mesmo que de maneira acidental. O adjetivo apresentado a esse HC é HC PROFILÀTICO.
Há que se consignar que há ainda mais um limite ao acesso aos dados do inquérito pelo advogado: se há pluralidade de indiciados, o advogado de um deles não pode acessar os autos na íntegra, ou seja, só tem acesso aos documentos que se refiram a seu cliente. Quanto às partes do inquérito que versam sobre os demais investigados, que não são seus clientes, não pode o advogado pretender acesso. Assim se posicionou o STF, no HC 89.930:
OBS: FOCO NA VÍTIMA:
Há, todavia, um inquérito que o advogado não pode acessar: aquele que corre em segredo de justiça, segredo este decretado judicialmente. Não pode haver decretação de segredo pelo delegado, mas apenas pelo juiz.
O juiz pode decretar o segredo de justiça do IP, retirando do delegado a gestão do IP quanto à disposição de informação à imprensa.
Em resumo, pode, então, o juiz decretar o segredo de justiça do IP para que informações não sejam partilhadas com a imprensa, blindando-se a vítima no que tange a intimidade, à vida privada e a família. (art. 201 do CPP)
	4.5.	Inquérito é uma peça inquisitorial (ou inquisitiva).
O inquérito não contempla a ampla defesa ou contraditório. É fase pré-processual, não sujeita a estas garantias constitucionais, que são atinentes ao processo.
	O inquérito é ato unilateral da autoridade policial, procedimento investigativo que não sofre interferências obrigatórias pelos investigados. O artigo 5°, LV, da CRFB, que garante aos litigantes a ampla defesa e o contraditório, não pertine ao inquérito, pela simples razão de que neste não há litigantes, não há lide, mas apenas investigados. Não há antagonismo instalado no inquérito, pois não há, ainda, acusação de que se defender. Não há defesa a ser garantida, se não há ataque.
	Paulo Rangel, ao abordar este assunto, deixa claro que ao final do inquérito não existe punição e, sendo assim, não há o que ser contraditado, ou do que se defender, se o escopo do inquérito não é culminar em imputação.
	Há exemplos claros da natureza inquisitorial do inquérito, presentes no CPP. Veja o artigo 14:
“Art. 14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.”
	Veja que, como dito, não há interferência obrigatória dos supostos interessados no inquérito: o ofendido e o indiciado podem requerer ingerência, por meio de diligências, mas se o delegado entender por bem em não realizar tais providências requeridas, nada o impele a fazê-lo, pois como ato unilateral, o inquérito não garante ampla defesa ou contraditório. Este amplo domínio do delegado ilustra bem a natureza inquisitiva do inquérito.
Outra conseqüência de sua natureza inquisitiva:
Não se pode opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito (art. 107 do CPP). 
“Art. 107.  Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.”(vide art. 254 do CPP)
	Apesar de ser pacificamente aceita a natureza inquisitorial do inquérito, é cediço que há traços de defesa, resquícios de defesa no curso do inquérito, mas que não são hábeis a desnaturar o caráter inquisitivo do inquérito. Como exemplo, o direito ao silêncio, trazido pelo artigo 5°, LXIII, da CRFB, é detido pelo indiciado no interrogatório em sede policial:
“(...)
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
(...)”
	No mesmo dispositivo se encontra o direito à presença de um advogado, que, mesmo não podendo intervir, pode acompanhar o curso do inquérito. O inciso LXII do artigo 5° da CRFB apresenta também outros direitos do preso, aplicáveis ao inquérito, que são também traços de uma postura de defesa:
“(...)
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
(...)”
Também tem o direito de não ser torturado, ou seja, não pode ser tratado de froma desumana, degradante.
E, por fim, o direito de não produzir provas contra si mesmo.
	
A doutrina aponta ainda uma exceção expressa, um inquérito que admite ampla defesa e contraditório à plenitude: o inquérito da polícia federal que visa à expulsão do estrangeiro. Neste procedimento, previsto no Estatuto do Estrangeiro, Lei 6.815/80, é garantida ao estrangeiro a possibilidade de defesa e contraditório:
“Art. 70. Compete ao Ministro da Justiça, de ofício ou acolhendo solicitação fundamentada, determinar a instauração de inquérito para a expulsão do estrangeiro.”
“Art. 71. Nos casos de infração contra a segurança nacional, a ordem política ou social e a economia popular, assim como nos casos de comércio, posse ou facilitação de uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, ou de desrespeito à proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o prazo de quinze dias, dentro do qual fica assegurado ao expulsando o direito de defesa.”
“Art. 72. Salvo as hipóteses previstas no artigo anterior, caberá pedido de reconsideração no prazo de 10 (dez) dias, a contar da publicação do decreto de expulsão, no Diário Oficial da União.”Na verdade, há quem sustente que não seria, a rigor, uma exceção, porque tecnicamente este procedimento não é um inquérito: trata-se de um procedimento administrativo com escopo punitivo, que não investiga crime, mas sim um ato passível de expulsão – punição aplicada já ao final do procedimento, sem propositura ulterior de ação penal.
4.6.	O Inquérito policial é informativo
	“Visa à colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal”
	“Qual é a diferença entre elementos de informação e prova? Ou é tudo a mesma coisa?” Há uma diferença que antes era trabalhada apenas pela doutrina, mas hoje está no CPP.
ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO – São aqueles elementos colhidos na fase investigatória cuja característica é a ausência da dialética, por uma fase inquisitorial. Isso significa que não há contraditório e nem há ampla defesa. Se é assim, pelo menos em regra, eu uso esses elementos de informação para quê? Como é possível condenar alguém com base em elementos produzidos sem contraditório? “Esses elementos prestam-se para a decretação de medidas cautelares e para a formação da opinio delicti.”(Meus queridos alunos em Processo Penal, na aula sobre Provas, que há uma diferença entre elementos de informação e indícios)
PROVA – aqui o sistema é diferente. Agora, a fase é judicial. E na fase judicial, eu sou obrigado a respeitar (a própria CF adota) o sistema acusatório. E o sistema acusatório caracteriza-se pela observância do contraditório e pela observância da ampla defesa. 
VALOR PROBATÓRIO DOS ELEMENTOS INFORMATIVOS – eu pergunto: esse depoimento colhido na fase investigatória (normalmente mais convincente do que aquele colhido na fase judicial) pode ser usado para fundamentar uma sentença condenatória? Art. 155, do CPP:
“Art.155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)”
		O advérbio “exclusivamente” tem que ser usado com cuidado. 
	Para a prova da Defensoria, dizer o seguinte: 
Corrente 01: “Elementos informativos não podem fundamentar uma condenação, pois não foram produzidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.” 
	Por outro lado, vc está fazendo uma prova para delegado, para MP e para magistratura, vc vai defender a seguinte corrente:
Corrente 02: “Elementos informativos isoladamente considerados não podem fundamentar uma condenação (era uma leitura da jurisprudência que o CPP agora também faz), porém, não devem ser ignorados pelo juiz, podendo se somar à prova produzida em juízo, servindo como mais um elemento na formação daconvicção do juiz.”
	Essa segunda corrente diz o seguinte: não posso condenar alguém exclusivamente com base elementos de informação, mas nada impede que eu use a prova colhida em juízo e outros dois ou três elementos colhidos na fase investigatória.
	STF (RE 287658 e RE AGR 425734) e também a nova redação do art. 155: quando o legislador optou pelo termo “exclusivamente”, ele está adotando a segunda corrente.
OBS – NESTOR TÁVORA:
NÃO PODEMOS CONFUNDIR ELEMENTOS DE PROVA COM ELEMENTOS INDICIÁRIOS. O IPL PRODUZ ELEMENTOS INDICIÁRIOS QUE PODEM ATÉ EMBASAR A DENÚNCIA, MAS NÃO VÃO SERVIR DE LASTRO PARA FUNDAMENTAR A SENTENÇA.
O IPL SEGUNDO FERRAJOLI E FAUZI HASSAN E MALATESTA PRODUZ ELEMENTOS FRÁGEIS, SUPERFICIAIS, NÃO PRODUZ, TECNICAMENTE, PROVA.
NÃO DEVEMOS CONFUNDIR MEROS ELEMENTOS INDICIÁRIOS COLHIDOS DE FORMA INQUISITIVA COM ELEMENTOS DE PROVA QUE SÃO PROSPECTADOS COM RESPEITO ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS COM PARIDADE DE ARAMAS E DIALÉTICA ENTRE AS PARTES.
DIANTE DESSA APRESENTAÇÃO PROPEDÊUTICA, O VALOR PROBATÓRIO DO IPL MERAMENTE RELATIVO (FERNANDO CAPEZ), POIS SERVE DE BASE PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO, MAIS NÃO SE PRESTA, SOZINHO, PARA SUSTENTAR EVENTUAL CONDENAÇÃO.
ATUALMENTE PELA REDAÇÃO DO ART. 155 DO CPP O MAGISTRADO EVENTUALMENTE PODERÁ VALORAR ELEMENTOS EXTRAIDOS DO IPL EM EVENTUAL SENTENÇA CONDENATÓRIA.
*ELEMENTOS MIGRATÓRIOS –SÃO AQUELES EXTRAIDOS DO IPL E QUE EVENTUALMENTE, NA VALORAÇÃO DA SENTENÇA, PODEM SERVIR DE BASE PARA EVENTUAL CONDENAÇÃO. QUAIS SÃO ELES?
EXISTEM TRÊS ELEMENTOS MIGRATÓRIOS:
PROVAS IRREPETÍVEIS –são provas de fácil perecimento, não podendo ser repetidas ou refeitas na fase processual.Exemplo: exame de embriaguez ao volante, exame de corpo e delito e etc.
PROVAS CAUTELARES – é aquela justificada pela necessidade em razão do decurso do tempo, essa prova nos traz o parâmetro da razoabilidade para o aproveitamento. Ex: busca e apreensão de armas em quartel.
A transposição para o processo faz com que esses elementos se submetam ao contraditório diferido ou postergado e a ampla defesa. 
INCIDENTE DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS–ele será instaurado perante o juiz, que já se torna prevento e conta com a intervenção das futuras partes do processo e com respeito ao contraditório e ampla defesa. Ex: oitiva da testemunha, na fase do inquérito, em razão de doença grave (art.225 do CPP - Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento).
	
4.7.	Oinquérito policial é indisponível.
A autoridade policial é quem preside o inquérito, mas mesmo assim não tem disponibilidade sobre este: o delegado não pode arquivar o inquérito. Assim determina o artigo 17 do CPP
	
	“Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.”
	Quem arquivaé o juiz mediante pedido do MP. 
Em nenhuma circunstância caberá ao delegado por força própria arquivar o IP, já que toda investigação iniciada deve ser concluída e encaminhada a autoridade competente.
*JUIZO NEGATIVO DE ADMISSIBILIDADE – o delegado estaria autorizado de deixar de instaurar o IP em razão da atipicidade FORMAL? O delegado não está nesse caso desistindo de nada, apenas estaria deixando de instaurá-lo. Logo, é possível, se o fato for visivelmente atípico (formal) ou se visivelmente não ocorreu, deixar o delegado de instaurar o IP. 
O delegado pode invocar o P.da insignificância para deixar de instaurar a investigação?
NÃO, pq insignificância leva a atipicidade material, cabe ao promotor pedir o arquivamento do IP. Logo, segundo LFG não pode invocar o delegado o P. da insignificância para deixar de investigar, pois estaríamos diante de atipicidade material, que cabe ao promotor aferir quando estiver diante do IP concluído.
4.8.	O inquérito policial é discricionário.
	Como pode ser indisponível e discricionário? é discricionário em relação à diligência. O delegado vai movimentar o IP à luz da sua estratégia. O delegado conduzirá a investigação da forma que entender mais eficiente adequando o IP a realidade do crime que está sendo investigado.
	“Em relação às diligências, o inquérito policial é discricionário.”
	O delegado na hora de conduzir o IPL não fica vinculado a cumprir toda e qualquer diligência. A depender da espécie do crime, promoverá as diligências mais oportunas. Art. 14:
	“Art.14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.”
*Discrcionariedade: margem de conveniência e oportunidade. Margem de liberdade na lei. 
O fato do Delegado de Polícia possuir a prerrogativa da condução do inquérito policial significa dizer que ele pode se negar a cumprir as diligências requisitadas pelo Ministério Público?
RESPOSTA: Não. O inquérito policial possui como característica o fato de ser um procedimento discricionário, ou seja, o Delegado de Polícia tem liberdade de atuação para definir qual é a melhorestratégia para a apuração do delito. Justamente por conta disso, a legislação previu que a autoridade policial pode indeferir diligências requeridas pelo indiciado ou pela vítima (art. 14 do CPP). Este indeferimento, por óbvio, está sujeito ao controle jurisdicional, podendo ser revisto caso irrazoável. Isso porque discricionariedade não se confunde com arbitrariedade.
A discricionariedade do IP, no entanto, é mitigada em se tratando de requisições formuladas pelo Ministério Público. Considerando que o Parquet é o titular da ação penal e que uma das finalidades do IP é coletar elementos informativos para a formação do convencimento (opinio delicti) do membro do MP, nada mais lógico que este tenha a prerrogativa de requisitar (com força de obrigatoriedade) a realização de diligências que, para ele, irão ser de fundamental importância na construção do seu convencimento.
Além de lógico e coerente com o sistema, a prerrogativa de requisição de diligências pelo Ministério Público é prevista expressamente no CPP e na própria CF/88:
Código de Processo Penal
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
Constituição Federal
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
Vale ressalvar, no entanto, que, se a requisição do membro do Ministério Público for manifestamente ilegal, a autoridade policial não é obrigada a atendê-la, devendo, de forma motivada, recusar o cumprimento.
QUATRO OBSERVAÇÕES QUE CAEM NO CONCURSO: EM RESUMO:
As diligências requeridas pelo suspeito ou vítima podem ser negadas pelo delegado se entender que é impertinente, SALVO:
Existe um requerimento que não pode ser indeferido pelo delegado quando apresentado pela vítima ou pelo suspeito: O EXAME DE CORPO E DE DELITO, pois quando o crime deixa vestígios, essa diligência é determinada por lei, logo não pode ser indeferida pelo delegado. (art. 158 do CPP)
Se o delegado indeferir o requerimento da vitima ou suspeito, segundo Tourinho Filho, em que pese não haver previsão legal, invocando-se a analogia, pode-se combater a denegação interpondo-se um recurso administrativo endereçado ao respectivo superior da autoridade judicial (chefe de polícia). Na prática, procura-se de imediato o MP.
Os promotores e juízes se reportam ao delegado por meio de REQUISIÇÃO = ordem. Mas lembre-se não há vinculo hierárquico, é sinônimo de ordem, por IMPOSIÇÃO DE LEI. Se o delegado não cumprir a requisição, NÃO responderá por crime de desobediência, pois o sujeito ativo é particular, e sim por PREVARICAÇÃO. Logo, o descumprimento pode importar na responsabilidade criminal por prevaricação SE EXISTIR DOLO ESPECÍFICO!!!! Se não existir o dolo especifico, será uma mera infração funcional, mas atípico criminalmente.
O IP por ser discricionário NÃO TEM RITO!!!!!!
4.9) O IP é presidido pela autoridade policial
O inquérito é presidido e conduzido pela autoridade policial, delegado de polícia, civil ou federal, como estabelece o artigo 144, § 4°, da CRFB. Daí a autoritariedade:
“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
(...)
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
(...)”
4.10) Deve ser instaurado de oficio
Oficiosidadedo IPL:
	O inquérito deve ser instaurado de ofício pelo delegado, não havendo inércia na fase investigativa. Não é necessário que haja provocação da autoridade policial para instaurar o inquérito; ao contrário, é uma incumbência oficiosa instaurar a investigação.
	O artigo 5°, I, do CPP, assim determina:
“Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
(...)”
5.	FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IPL
	A depender da espécie de ação penal, a forma de instauração é diferente:
	5.1.	Crime de ação penal privada
 “No caso da ação penal privada (calúnia, difamação, injúria, etc.), a instauração do IPL fica condicionada ao requerimento do ofendido ou de seu representante legal.O delegado não pode instaurar de ofício.”
	5.2.	Crime de ação penal pública condicionada
	Neste caso, o legislador já impõe uma condição. Aqui dependerá: ou
da representação do ofendido; ou 
da requisição do Ministro da Justiça (crime contra honra do Presidente da República) - Somente com a representação ou requisição do Ministro da Justiça é que o IPL pode ser instaurado.
	5.3.	Crime de ação penal pública incondicionada
O Estado tem maior liberdade para instaurar o IPL: Assim, pode ser instaurado de ofício pela autoridade policial que toma conhecimento do fato pessoalmente. Neste caso, o delegado deve lavrar uma Portaria. Também se pode instaurar esse IPL mediante requisição do juiz ou do MP, do próprio ofendido, ou por qualquer do povo (vide art. 5º, II CPP).
Pedido de instauração feito por qualquer do povo – DELATIO CRIMINIS
Última forma de instauração: notícia oferecida por qualquer do povo – alguém que tome conhecimento de um crime de ação penal pública incondicionada e comunica à autoridade policial. Como é conhecida essa notícia oferecida por qualquer do povo? 
Resposta: Delatio criminis.
Outro ponto interessante que já caiu em prova objetiva: delatio criminisINQUALIFICADA ou denúncia anônima (não usar isso na prova por ser termo vulgar). Essa delatio criminis nada mais é do que a denúncia anônima ou apócrifa. O melhor exemplo, qual é? Disque-denúncia. O denunciante não se identifica. Pergunta: posso instaurar inquérito com base em denúncia anônima?
	“Denúncia anônima ou delatio criminis inqualificada – antes de instaurar o IPL deve a autoridade policial verificar a procedência das informações (STJ, HC 74096 e STF HC 84827).”
6.	DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS
O inquérito não tem um rito formal: não há ordem de atos a ser seguida, não há seqüência cronológica de atos estabelecida pela lei. O delegado, como presidente do inquérito, é quem tem a atribuição para designar quais serão os atos produzidos, a qual tempo o serão, e em qual ordem. Decidirá, a seu critério, qual é a conveniência das diligências (DISCRICIONARIEDADE)
Para que o Delegado de Polícia possa realizar a atividade investigatória é indispensável que detenha meios de coleta das provas. O CPP traz, em seus arts. 6º e 7º, um rol de diligências investigatórias que podem ser determinadas pela autoridade policial. 
Como o CPP é antigo e foi idealizado tendo como alvo crimes violentos, patrimoniais e sexuais, o elenco dos arts. 6º e 7º encontra-se há muito tempo desatualizado, especialmente diante das novas formas de criminalidade (crimes de escritório, cibernéticos etc.). Justamente por isso, a doutrina e a jurisprudência afirmam, de forma uníssona, que as diligências ali previstas são exemplificativas.
Na verdade, sempre se defendeu que o Delegado pode, diretamente, requisitar quaisquer provas necessárias à investigação, ressalvadas aquelas diligências cuja CF/88 exige autorização judicial (cláusula de reserva de jurisdição), tais como interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário e fiscal, busca apreensão etc.
7.	INDICIAMENTO
	7.1.	Conceito – “Indiciar é atribuir a alguém a autoria de uma infração penal.”Indiciamento
	 Em outros termos, Consiste na imputação formal da investigação contra uma pessoa. Somente após este ato formal, o acusado, suspeito, passa a ser identificado como indiciado. É ato escrito, e subscrito por duas testemunhas, na forma do inciso V do artigo 6° do CPP,
	7.2.	Pressupostos para o Indiciamento – O simplesindiciamento já traz prejuízo. Por esse motivo, quais os pressupostos para o indiciamento?
Provas da materialidade
Indícios de autoria
	7.3.	Atribuição para o indiciamento – É privativa da autoridade policial. Há quem diga que o MP não pode requisitar o indiciamento de alguém porque este é um ato privativo do delegado. Ele, se quiser, que denuncie essa pessoa.
7.4.	Indiciamento direto X Indiciamento indireto – O indiciamento direto ocorre quando o indiciado está presente. É feito na presença do indiciado, enquanto que o indiciamento indireto ocorre quando o indiciado está ausente.
	
	7.5.	Sujeito passivo do indiciamento – O ponto mais importante de ser cobrado no concurso é esse último ponto: Sujeito passivo. Quem é que pode ser indiciado? Qualquer um pode ser? Ou tem alguém que pode não ser indiciado? Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. Mas há exceções (e é isso que pode ser cobrado):
Membros do Ministério Público – essa prerrogativa está no art. 41, II, da Lei nº 8625/93. Se o delegado está investigando um delito e percebe que há envolvimento de um membro do MP, automaticamente deverá interromper a investigação e remeter os autos ao PGJ. Geralmente, o procurador designa uma comissão de procuradores para acompanhar o caso.
	“Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função, além de outras previstas na Lei Orgânica:
II - não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo;
Parágrafo único. Quando no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por parte de membro do Ministério Público, a autoridade policial, civil ou militar remeterá, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração.”
	
Juízes – também não podem ser indiciados. A regra é a mesma do Ministério Público. Remessa dos autos ao Presidente do Tribunal respectivo.
Deputado Federal, Senador da República – para os membros do MP, existe lei, para os membros da magistratura existe lei (LOMAN). E titulares de foro por prerrogativa de função tem lei prevista? A Constituição diz que deputados serão julgados pelo STF e que não poderão ser indiciados. Tem alguma lei que diga isso? Não. Um Senador foi indiciado por um delegado da PF e foi ao Supremo questionar isso. Sepúlveda Pertence entendeu o seguinte: uma coisa é o suposto autor do fato ser julgado no STF e outra coisa é ser indiciado. Não haveria problema algum ele ser indiciado. Mas não foi o que prevaleceu. Em questão de ordem levantada por Gilmar Mendes, o que prevaleceu foi o seguinte: “titulares de foro por prerrogativa de função não poderão ser indiciados sem prévia autorização do Ministro ou desembargador relator.” 
	Quando uma investigação se dá em relação a MP, Juízes, deputados federais e senadores, será designado no órgão competente um ministro ou desembargador para acompanhar o caso concreto. É fácil ao aluno lembrardisso no caso “Mensalão”. Qual foi oMinistro do STF que acompanhou o indiciamento? Joaquim Barbosa. 
	Outro detalhe importante: “Esta mesma autorização é indispensável para a instauração de inquérito.”Da mesma forma que o indiciamento, a instauração de IPL contra essas pessoas, também precisa de autorização do ministro ou desembargador relator (Inquérito 2411 – acabou sendo a posição definitiva do STF que acabou anulando o indiciamento).
10.	INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO
	Ele pode ser privado de comunicação com o meio exterior? O Código diz que sim. Lembrar que é da década de 40 e tem inspiração fascista, extremamente autoritário, mesmo tendo sido modificado ao longo dos anos.
	“Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
        	Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil”.
SEGUNDO NESTOR TAVORA: NÃO HÁ INCOMUNIBILIDADE NEM MESMO NO RDD, SALVO NO ESTADO DE SÍTIO.
INCOMUNICABILIDADE – CONCEITO: era a possibilidade do preso no âmbito do IPL não ter contato com terceiros pelo prazo máximo de três dias em razão de decisão judicial motivada e sem prejuízo do acesso do advogado.
OBS: 1) FILTRO CONSTITUCIONAL – EM RAZÃO DO ART. 136 DA CF QUE NÃO TOLERA INCOMUNICABILIDADE, NEM MESMO DURANTE O ESTADO DE DEFESA, RESTA A CONCLUIR QUE O ART. 21 DO CPP NÃO FOI RECEPCIONADO (REVOGAÇÃO TÁCITA).
TODAVIA, EM TESE, PODE HAVER INCOMUNICABILIDADE NO ESTADO DE SÍTIO.
RDD - O RDD FOI INSERIDO PELA LEI Nº 10.792/03 QUE ALTEROU OS ARTIGOS 52 E SEGUINTES DA LEP EXIGINDO-SE, DE ACORDO COM A LEI ESTADUAL, AGENDAMENTOS DE VISITAS, MAIS NÃO HÁ INCOMUNICABILIDADE.
8.	PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
	Quanto a esse tema é importante que se tenha em mente que uma coisa é o prazo do CPP e uma coisa é quando o acusado está preso e outra coisa, quando está solto.
Investigado preso – prazo de 10 dias.
Investigado solto – prazo de 30 dias.
	Alguns detalhes importantes: esses prazos podem ser prorrogados? Em se tratando de investigado solto, esse prazo pode ser prorrogado. Ás vezes fica anos sem que nenhuma diligência seja feita pelo delegado e nem pedida pelo promotor. Tudo porque o prazo pode ser prorrogado.
	E no caso do réu preso? Aqui não.
	“Se restar caracterizado um excesso abusivo, é caso de relaxamento da prisão, sem prejuízo da continuidade do processo.”
	Se ele está preso há 90 dias e o inquérito não foi concluído, há abuso e a prisão deve ser relaxada. 
	Outro ponto importante: Este prazo é penal ou processual penal?
Prazo processual penal – o dia do início não é levado em consideração
Prazo penal – o dia do início já é levado em consideração.
	 Estando o réu preso: Cidadão foi preso temporariamente no dia 09, às 23 horas da noite. Que dia ele tem que ser solto? Prisão é prazo penal! Independentemente do horário que o cidadão foi preso, isso já conta como dia. À 00;00 hora de terça (17) pra quarta (18), ele terá que ser colocado em liberdade porque é um prazo penal.( art. 10 do CP) 
	O prazo de 30 dias (réu solto) não há dúvida de que é um prazo processual penal (art. 798, parágrafo primeiro do CPP). O dia do início não é computado. (Mas há doutrinadores que entendem que também seria prazo de direito penal. São, pois, duas correntes.)
	Esse prazo varia conforme legislação especial:
	Prazos de conclusão do IPL
	RÉU PRESO
	RÉU SOLTO
	CPP
	10 dias
	30 dias
	CPM
	20 dias
	40 dias
	JUSTIÇA FEDERAL
	15 dias (até 2 x)
	30 dias 
	LEI DE DROGAS
	30 dias (até 2 x)
	90 dias (até 2 x)
	LEI DA ECONOMIA POPULAR
	10 dias
	10 dias
9.	CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
	
	O inquérito policial e concluído como? Em regra, por meio de um relatório. O que o delegado faz no relatório? O relatório é uma peça de caráter essencialmente descritivo. Ou seja, o delegado tem que dizer o que ele vê ao longo das investigações. Quem ouviu, que perícias foram realizadas. Tem que dizer o que fez ao longo do inquérito.
	“No relatório policial não deve ser feito um juízo de valor porque esse juízo de valor é próprio do titular da ação penal, que é o MP.” = por isso, o delegado não pode opinar no relatório.
Há alguma exceção? Alguma hipótese em que o delegado faz juízo de valor? SIM. Na lei de drogas há uma exceção interessante que é a do art. 52. Exemplo: artista da Globo em hotel com muitos gramas de cocaína. É traficante ou usuário? Na hora de o delegado relatar o inquérito de tráfico terá que fazer um juízo de valor. Porque acha que é tráfico e porque acha que não é tráfico.“Art. 52.  Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou
Concluído o inquérito com o relatório, para onde o inquérito é remetido? Art.10, § 1º, CPP:
”Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
        § 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.”
“O inquérito policial, de acordo com o Código, uma vez concluído, deverá ser remetido ao Poder Judiciário.” É isso que acontece em todos os Estados da Federação? Não. Não é o procedimento ideal num sistema em que o juiz deve permanecer fora. Assim, no Paraná, na Bahia e no Rio de Janeiro, por exemplo, ao invés de remeter ao Judiciário, ocorre à remessa ao MP, são as chamadas de “Centrais de Inquérito.” Por meio de resolução, por meio de portaria, remete-se ao MP. Tramita no Congresso Nacional um projeto que torna obrigatória a remessa ao MP, em vez de remeter ao juiz.
	Mas, de acordo com o código, a remessa é ao juiz. Chegando os autos do inquérito ao juiz, o que acontece? Depende da ação penal.
	“Se o crime for um crime de ação penal pública, o Judiciário vai abrir vista ao MP. Se o crime for de ação penal privada, neste caso, o procedimento é diferente por depender da vontade da vítima. Neste caso, os autos ficam em cartório aguardando a iniciativa do ofendido.” 
	Isso é na técnica, corretamente é isso. Na prática, vai tudo para o MP!!!!!!!!!
10.	VISTA AO MINISTÉRIO PÚBLICO
	Chegando o inquérito ao MP, quais são as possibilidades de manobra? 
1ª Possibilidade:	Oferecer denúncia (estudaremos isso adiante).
2ª Possibilidade:	Requerer diligências nos termos do art. 16, do CPP: essa diligência deve ser indispensável ao oferecimento da denúncia.
“Art. 16.  O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.”
	E diante do indeferimento pelo juiz, o que se faz? Isso acontece. O juiz entende a diligência desnecessária por fornecerem os autos indícios mais do que suficientes ao oferecimento da denúncia. Isso está correto? Não. Cuidado com isso. Não cabe ao juiz entrar nessa análise porque ele não é o titular da ação penal. 
	Mas se o juiz indeferir, o que o promotor pode fazer?
a)	Correição Parcial – pode interpor uma correição parcial, que é espécie de recurso.
b)	Requisitar diretamente (sem passar pelo juiz) à autoridade policial, ao invés de ingressar com a correição parcial.
3ª Possibilidade:	Arquivamento do inquérito policial (veremos adiante).
	
4ª Possibilidade:	Alegação de incompetência, com a remessa dos autos ao juízo competente. Chegou para o MP estadual um crime militar. Ele requer ao juiz a remessa dos autos à Justiça Militar.
5ª Possibilidade:	Pode o MP, neste momento, suscitar conflito de competência ou um conflito de atribuição, tema ótimo para ser cobrado em prova da magistratura e MP (e que veremos somente mais adiante, bem mais adiante).
11.	VÍCIOS OU IRREGULARIDADES DO IPL
Nulidade é uma sanção especifica na fase processual, no IPL eu tenho vícios ou irregularidades, que até precisam ser combatidos, mas não tem o condão de ser serem declarados nulos. 
Segundo Ada Pellegrini, tecnicamente, no âmbito do IPL teríamos meras irregularidades ou vícios que devem ser combatidos, todavia o sistema de nulidades na projeção do art. 564 do CPP é idealizado para a fase processual. Duas observações a serem feitas:
CONSEQUÊNCIAS: Esse vício tem o condão de se transpor para a fase processual?
1º CORR) STF E STJ – os vícios do IPL não tem o condão de se transpor e contaminar o futuro processo, já que o IPL é meramente dispensável. (gabarito da 1ª fase). Conclusão do CESPE: os vícios do IPL são ENDOPROCEDIMENTAIS.
2ª CORR) GUSTAVO BADARÓ –exceção doutrinária – excepcionalmente os vícios do IPL atingirão o futuro processo se comprometerem os elementos migratórios que serviram de base para eventual condenação.
 TEORIA DOS FRUTOS DA ARVORE ENVENENADA: em que pese algumas vozes doutrinárias defendendo a contaminação pela aplicação da teoria dos frutos da arvore envenenada não há precedente nos tribunais superiores. 
12. ATRIBUIÇÃO/ COMPETÊNCIA: SÃO TRÊS CRITÉRIOS: LFG:
ATRIBUIÇÃO – É O PODER DEFINIDO EM LEI E QUE DELIMITA A MARGEM DE ATUAÇÃO DA AUTORIDADE. 
CRITÉRIO TERRITORIAL - A ATRIBUIÇÃO É DEFINIDA PELA CIRCUNSCRIÇÃO DA CONSUMAÇÃO DO CRIME.
CIRCUNSCRIÇÃO - DELIMITAÇÃO TERRITORIAL DA ATUAÇÃO DO DELEGADO
CIRCUNSCRIÇÃO PLURIMA – CARACTERIZA A HIPOTESE ONDE UMA SÓ COMARCA TEMOS MAIS DE UMA CIRCUNSCRIÇÃO, ESTANDO NA ESPÉCIE DISPENSADAS AS PRECATÓRIAS ENTRE OS DELEGADOS.
CRITÉRIO MATERIAL – POR ELE TEREMOS DELEGADOS ESPECIALISTAS NO COMBATE A DETERMINADO TIPO DE DELITO.
E POR ESTE CRITÉRIO QUE TEREMOS UMA REPARTIÇÃO DE ATUAÇÃO DA POLICIA JUDICIÁRIA NO ÂMBITO ESTADUAL E NO ÂMBITO FEDERAL.
DISCIPLINANDO O ART. 144 DA CRFB A LEI 10.446/02 AUTORIZA QUE A PF INVESTIGUE CRIMES ESTADUAIS QUE EXIJAM RETALIAÇÃO UNIFORME POR SUA REPERCUSSÃO INTERESTADUAL OU INTERNACIONAL.
A INTERVENÇÃO DA PF NÃO AFASTA A ATUAÇÃO DA POLICIA ESTADUAL. 
CRITÉRIO PESSOAL – POR ELE A ATRIBUIÇÃO DA PF SERIA DEFINIDA EM RAZÃO DA FIGURA DA VÍTIMA, DELEGACIA DO IDOSO, DA MULHER, DAS MINORIAS RACIAIS. ESSE CRITÉRIO ACABA SE ENCONTRANDO ALOCADO AO CRITÉRIO MATERIAL.
Lei n.° 12.681/2012
° 12.681/2012, que institui o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas – SINESP.
O que é este SINESP?
É uma espécie de banco de dados nacional que vai coletar informações relacionadas com:
a) segurança pública; 
b) sistema prisional e execução penal;
c) enfrentamento do tráfico de drogas.
Que informações constarão no SINESP?
O SINESP será formado, dentre outras, por informações relativas a:
I - ocorrências criminais registradas (“BO”) e respectivas comunicações legais;
II - registro de armas de fogo;
III - entrada e saída de estrangeiros;
IV - pessoas desaparecidas; 
V - execução penal e sistema prisional; 
VI - recursos humanos e materiais dos órgãos e entidades de segurança pública;
VII - condenações, penas, mandados de prisão e contramandados de prisão; e
VIII - repressão à produção, fabricação e tráfico de crack e outras drogas ilícitas e a crimes conexos, bem como apreensão de drogas ilícitas.
Qual a importância do SINESP?
Atualmente, não existe um sistema nacional que contenha informações completas e atualizadas sobre segurança pública no Brasil.
A rede INFOSEG, que integra os bancos de dados das secretarias estaduais de segurança pública e da Polícia Federal, não tem uma abrangência nacional e seus dados não são alimentados constantemente, não sendo suas informações precisas.
Com o SINESP será possível ter dados mais completos e atualizados sobre a segurança pública, podendo ser estabelecidas estratégias mais eficazes de combate à criminalidade.
Haverá grande interesse e preocupação dos Estados em alimentar corretamente os dados do SINESP considerando que, se deixarem de fornecer ou atualizar essas informações não poderão receber recursos ou celebrar parcerias com a União para financiamento de programas, projetos ou ações de segurança pública.
CERTIDÕES EMITIDAS PELAS POLÍCIASEsta nova Lei, além de dispor sobre o SINESP, também trouxe uma alteração ao Código de Processo Penal, mais especificamente ao parágrafo único do art. 20:
Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012).
	Redação ANTES da Lei 12.681/2012
	Redação DEPOIS da Lei 12.681/2012
	Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior
. 
	Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.
Desse modo, foi suprimida essa ressalva final que havia no parágrafo único.
Agora, portanto, os atestados de antecedentes fornecidos pelas Polícias não poderão, em nenhuma hipótese, fazer menção à existência de inquéritos instaurados contra o requerente do atestado.
O legislador levou às últimas consequências o princípio da presunção de inocência, não permitindo nem mesmo que se informe a existência de inquéritos policiais!!!!!!
Logo, a certidão de antecedentes da Polícia perdeu completamente a importância porque será sempre negativa, considerando que ela somente informava a existência de inquéritos policiais, o que agora é terminantemente vedado!!!!!
Contudo, o posicionamento acima aventado somente seria cabível no caso de solicitação feita pelo próprio interessado ou por alguém por ele autorizado a requerer o atestado. 
X
No caso de requisição do Ministério Público ou do Poder Judiciário, parte dos processualistas entendem que a restrição do mencionado dispositivo não se aplicaria, devendo ser fornecidas todas as informações sobre inquéritos em curso ou findos, inclusive com menção dos indiciados ou investigados
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