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Karl Marx - Tânia Quintaneiro

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Karl Marx – Márcia Gardênia Monteiro de Oliveira e Tânia Quintaneiro.
Grande impacto das formulações teóricas de Marx – teses contra e a favor. – inspira os envolvidos em ações política.
Herdeiro do ideário iluminista – a razão é instrumento de apreensão da realidade e de construção de uma sociedade mais justa – crença no progresso em direção a um reino de liberdade.
Fundamentos conceituais e metodológicos.
Tradição filosófica predominante na Europa início da modernidade – existência de um mundo sensível e histórico/ um mundo de substâncias ou essências imutáveis e objetos do verdadeiro conhecimento. Por trás da aparência dos fenômenos existiria uma essência do ser das coisas – caminhos da razão e da história passam a ocupar o lugar de concepções anteriores - Filosofia idealista de Hegel.
“Tudo o que é real é racional, e tudo que é racional é real.” A realidade histórica é manifestação da razão – processo incessante de autossuperação desencadeado pelo conflito e pela contradição – movimento dialético.
Dialética – pensamento clássico grego reformulado por Hegel: opinião – oposição do verdadeiro e falso – diante de um sistema filosófico a opinião espera aprovação ou rejeição, ela não concebe a diversidade dos sistemas filosóficos, na diversidade vê apenas contradição.
Segundo Hegel:
O finito deve ser apreendido a partir de seu oposto – o infinito – o universal – a relação entre o particular e a totalidade – unidade dialética. O fenômeno só é inteligível se articulado à totalidade ao ser constituído conceitualmente. O sujeito é quem realiza o esforço conceitual estruturando os fatos em um sistema totalizante – na busca pela verdade o pensamento científico filosófico leva à transitoriedade e superação.
A ótica dialética – aponta as contradições constitutivas da vida social que resultam na negação e superação de uma de terminada ordem.
Séc. XVIII – pensamento político filosófico – perda do autocontrole dos seres humanos subjugados pela sua própria criação: a riqueza da vida material – idéia hegeliana de consciência alienada, separada da realidade – para ele ser livre significa recuperar a autoconsciência pela Razão – idealismo hegeliano.
Com a morte de Hegel – duas tendências uma conservadora e outra de esquerda (Marx e Engels).
Passagem do idealismo para o materialismo dialético – Fuerbach – para ele a alienação tem suas raízes no fenômeno religioso – cisão na natureza humana – submissão a forças divinas: autônomas e superiores. Necessário uma crítica religiosa promovendo a liberação da consciência – Crítica de Marx e Engels articulando a dialética e o materialismo histórico, negando o idealismo hegeliano e o materialismo dos neo-hegelianos – reformulação da dialética e da alienação.
O materialismo fuerbachiano capta o mundo como objeto de contemplação e não como resultado da ação humana, não vê o mundo como passível de transformação através da atividade revolucionária – unidade entre teoria e práxis.
Para Marx e Engels a alienação associa-se às condições materiais de vida que por meio da ação política é possível a sua transformação – o proletariado como quem realiza a história através da libertação da aparência mágica e enfeitiçada da realidade histórica. “O Homem se torna escravo de outros homens”.
A análise da vida social – perspectiva dialética – ao mesmo tempo estabelecer as leis de mudança fundada no estudo dos fatos concretos e expor o movimento real em seu conjunto.
 Diferença de Hegel: para Hegel a história da humanidade é a história do desenvolvimento do Espírito, para Marx e Engels é o ponto de partida, para eles são os indivíduos reais , as suas condições materiais de existência. 
Método de abordagem – materialismo histórico – as relações materiais que os homens estabelecem e o modo como produzem seus meios de vida – são a base de todas as suas relações – um modo de vida determinado – a forma como os indivíduos manifestam sua vida reflete o que são – perspectiva materialista e dialética ( todo fenômeno social e cultural é efêmero).
A análise da evolução dos processos econômicos e a produção de conceitos devem partir do reconhecimento de que “as formas econômicas sob as quais os homens produzem, consomem e trocam são transitórias e históricas”. É necessário reconhecer a historicidade dos fenômenos que se manifestam no capitalismo, não são naturais e nem independentes da história e do modo como os homens se organizam socialmente para produzi-los.
O pensamento e a consciência são – em última instância - decorrência da relação homem/natureza – das relações materiais.
Produção e Reprodução.
 A fim atender suas necessidades os homens produzem seus meios de vida, se reproduzem num processo contínuo - HxN e HxH – origem da vida material é histórica.
No ato de produção da existência os h. dominam a natureza transformando - estabelecem relações sociais, geram novas necessidades – a produção gera o objeto do consumo e o modo de consumo, de forma objetiva e subjetiva. – a quantidade das necessidades e o modo de satisfazê-las é um produto histórico - acumulação e transmissão pela cultura.
Por meio da ação produtiva o homem humaniza a natureza e a si mesmo. O processo de produção e reprodução da vida através do trabalho é atividade humana básica, a partir da qual se constitui a história dos homens.
Materialismo histórico: método de análise da vida econômica, social, política e intelectual.
Forças Produtivas e Relações Sociais de Produção.
Produção num estado determinado desenvolvimento social. A produção da sociedade não exprime desejo particular, a estrutura de uma sociedade depende do desenvolvimento das forças produtivas e das suas correspondentes relações sociais de produção. 
Forças produtivas – ação dos homens sobre a natureza: tecnologia, instrumento de trabalho, processos e modos de cooperação, habilidades, divisão técnica do trabalho, matérias-primas – tudo que se interpõe entre o homem e a natureza e que resulta da energia prática dos homens. HxN – instrumentos e habilidades que permitem o controle das condições naturais pra a produção.
Relações Sociais de produção – formas estabelecidas de distribuição dos meios de produção e do produto, o tipo de divisão do trabalho em uma sociedade e em um período histórico – o modo como os homens se organizam para produzir que geram apropriação das forças produtivas, inclusive de trabalhadores. HxH - diferentes formas de organização da produção e distribuição, de posse e propriedade dos meios de produção.
No Capitalismo os homens atuam de modo cooperativo, mas atende a interesses privados ou particulares – a divisão do trabalho expressa modos de desigualdades sociais – tarefas e posições distintas quanto ao controle e propriedade dos meios de produção – origem da estrutura de classes sociais e do processo de alienação ou inversão da percepção ( princípios, idéias) das relações sociais, das desigualdades entre as classes. 
Estrutura e Superestrutura.
Conjunto das forças produtivas e das relações sociais de produção – base ou infraestrutura – fundamento das instituições políticas e sociais: ideologias, concepções religiosas, de vida, conhecimento filosófico e científico, representações coletivas, ilusões – superestrutura. Infra e superestrutura se articulam.
As idéias dominantes de uma época correspondem a um modo de produção dominante – o comunista primitivo, o antigo, o feudal, o capitalista, o comunista – distintas etapas da história humana – a anatomia da sociedade civil deve ser procurada na economia política. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual. 
Classes Sociais e Estrutura Social.
A produção é atividade vital do trabalhador, através dela o homem se humaniza. No capitalismo, na produção estabelece-se uma divisão social de trabalho que permite a apropriação das condições de produção por parte de alguns membrosque se expressa através da apropriação privada, estabelecendo a desigualdade social ou relações de classes – polaridade que pode apresentar-se de diferentes maneiras dependendo de cada formação social. Não há uma forma pura de divisão de classes, é apenas uma configuração básica.
No capitalismo a tendência é a separação cada vez maior entre as classes, trabalho ou trabalho assalariado e meios de produção ou capital. É necessário encontrar as feições específicas em cada sociedade e momento histórico. A classe que detém o poder material é também a potência política e espiritual dominante – domina a consciência.
Lutas de Classes.
1. a existência das classes está unida apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; 2. a luta de classes conduz, necessariamente, à ditadura do proletariado; 3. esta ditadura não é mais que a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes.
A história das sociedades onde predomina a apropriação privada dos meios de produção pode ser descrita como a história das lutas de classes – existência de contradições, antagonismo de interesses, opressão social, política e ideológica, mesmo que em potencial.
Para o materialismo histórico, a luta de classes relaciona-se à mudança social, à superação dialética das contradições existentes – luta de classes – motor da história – a classe explorada é agente de mudança – classe em si – consciência econômica; classe para si – consciência política – revolução e transformação da sociedade.
A Economia Capitalista
Forma de organização social mais desenvolvida e mais variada. Através de sua análise podem-se compreender outras formas sociais.
Unidade analítica mais simples da sociedade capitalista – a mercadoria – valor de uso: propriedade em satisfazer as necessidades humanas, meio de subsistência e de produção que se realiza no consumo, quando é coisa útil; valor de troca: o valor trabalho (tempo socialmente necessário e gasto na sua produção).
 O valor de uso esconde o valor de troca – inversão da força humana de trabalho determinada pela divisão do trabalho. Ao se trocar mercadorias troca-se valor trabalho e não apenas valor de uso. Esta última é apenas aparência e não a essência. 
O mercado comercializa a força de trabalho – esta transforma-se em mercadoria – mercantilização das relações – processo de expropriação - o valor que o trabalhador pode produzir durante o tempo em que trabalha pra aquele que o contrata é superior àquele pelo qual vende suas capacidades.
Existe o tempo necessário para a reprodução e pelo qual o trabalhador é pago em salário e existe o tempo excedente ou não pago e apropriado pela burguesia. Parte deste tempo é agregada e apropriada pelo capital, gerando a acumulação ou a mais-valia: razão entre trabalho excedente e trabalho necessário – exploração da força de trabalho pelo capital que não se coloca claramente ao trabalhador – aparece de forma invertida através de uma convenção contratual livremente aceita, quando é na realidade trabalho forçado. 
Papel Revolucionário da Burguesia.
A burguesia cumpre papel revolucionário, destruindo os modos de organização do trabalho, as formas de propriedade no campo e cidade, debilitando a legislação feudal, as corporações, o sistema de vassalagem – avanço do capital comercial e industrial. 
A burguesia cria um mundo à sua imagem e semelhança – expressão da modernidade e do processo de racionalização – processo de civilização.
A Transitoriedade do Modo de Produção Capitalista.
O capitalismo não aboliu as contradições de classes – substituiu as velhas condições de opressão por novas e mais avançadas. As novas condições da luta de classes condenam o capitalismo à extinção pelo processo revolucionário do proletariado – único agente transformador da sociedade capitalista e instituição de uma nova sociedade fundada em outras bases – a ditadura do proletariado com a extinção das classes e seus antagonismos – condição e fato históricos.
Trabalho, Alienação e Sociedade Capitalista.
Alienação – processo de estranhamento entre o trabalhador e sua produção – seu resultado é o trabalho alienado, cindido, independente do trabalhador pela sua venda: 1. o trabalhador relaciona-se com o produto de seu trabalho como algo alheio a ele, da mesma forma com os objetos naturais do mundo esterno, é alienado em relação às coisas; 2. a atividade do trabalhador não lhe pertence, se aliena de si mesmo; 3. a vida genérica ou produtiva do ser humano torna-se apenas meio de vida para o trabalhador – seu trabalho – única forma de relação consciente e que o distingue do animal deixa de ser livre e se torna meio de sobrevivência, o trabalhador é rebaixado à máquina, a um trabalho abstrato.
O trabalhador e suas propriedades humanas só existem para o capital, só existe quando se relaciona com o capital e, como este lhe é estranho, a vida do trabalhador é também estranha para ele próprio. As necessidades humanas resumem-se ao dinheiro – o Ter pelo Ser.
O operário não se reconhece no produto que criou, o trabalho é para garantir sua sobrevivência, ele não tem controle sobre o processo – desumanização do trabalhador, retira sua possibilidade de realização pessoal, potencialidades, criatividades – características do trabalho humano. O produtor torna-se apêndice da máquina – meio mais perverso de exploração – a força de trabalho é regulada como qualquer mercadoria.
Caráter fetichista da mercadoria – as relações de troca desigual de valor trabalho aparecem como troca de coisas – através da troca dos frutos do trabalho no mercado estabelece-se uma relação social desigual e antagônica. As relações sociais aparecem sob a forma de valor – valor-dinheiro – o caráter social dos trabalhos privados e as relações sociais entre os produtores se obscurecem – um véu impede a percepção da vida social materializada na forma de objetos, dos produtos do trabalho e de seu valor. 
Proposição – mostrar o caminho da humanização, a fim de que os homens possam assumir a direção da produção, orientando-a de acordo com sua vontade consciente e suas necessidades: o comunismo - Revolução.
Revolução.
Quando a necessidade de expansão das forças produtivas de uma dada formação social choca-se com as estruturas econômicas, sociais e políticas vigentes – desintegração e lugar para uma nova estrutura – abre-se um período de revolução, conflitos sociais.
É quando as relações sociais de produção tornam-se um entrave ao desenvolvimento – a não correspondência entre relações sociais e forças produtivas – passagem à outra forma de organização social mais avançada – ideal iluminista.
Comunismo.
O modo de produção capitalista – forma mais avançada e evoluída que o Feudalismo.
 A maneira como este modo de produção favorece a extração do trabalho excedente e as condições em que isso se dá são muito mais favoráveis ao avanço e desenvolvimento das forças produtivas, das relações sociais de produção e para a criação de uma estrutura nova e superior.
O Comunismo – favorece a apropriação social das condições de existência, a liberação das capacidades criadoras humanas, promove o reino da liberdade – um sistema social regulado de acordo com as necessidades humanas, voltado para as potencialidades criativas que os indivíduos livres abrigam em seu espírito – uma reconstrução consciente da sociedade humana.

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