Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade de Brasília Instituto de Ciência Política MONITORIA DE INTRODUÇÃO À CIÊNCIA POLÍTICA LISTA DE QUESTÕES Unidade I SCHMITTER 1) A partir da leitura atenta do texto “Reflexões sobre o conceito de Política” de Philippe Schmitter, assinale a alternativa correta. a) De acordo com o autor, a definição de Política que ainda predomina no século XXI é a de Política como “a arte e a ciência do Estado ou do governo”. Dessa forma, a definição atual de política leva em consideração apenas as instituições constitucionais responsáveis pela tomada de decisões. b) Para explicar o conceito político “poder”, Schmitter usa estritamente a noção Weberiana. Nela afirma-se que o poder é o meio decisivo na política e que é representado pelo uso da violência. Dessa forma, o autor dá ênfase no fenômeno da coerção e no monopólio da força física pelo ator político como único recurso político importante. c) Os processos da política, segundo o autor, podem ser considerados como o processo de formulação de decisões sobre linhas de conduta coletivas. Segundo esta visão a tarefa da política seria a de analisar o funcionamento das instituições, ou seja, assegurar que Estado e Governo cumpram suas funções. d) O autor propõe que a política é a determinação de linhas de conduta pública, formuladas dentro do quadro social essencialmente autoritário que é o Estado. Limitando assim, o estudo da política à atividade de instituições, como o Estado. Dessa forma, o desempenho de sua função – resolver conflitos sem distinguir um dos partidos - se resume ao nível estatal e institucional apenas. e) De acordo com o autor, a política é responsável pela mediação do conflito de interesses e apesar de usarmos o termo “resolução”, os conflitos de que ela trata por vezes não têm fim. Na verdade, ele alega que os componentes políticos de uma sociedade por serem heterogêneos estão ao mesmo tempo em conflito e em interdependência. A principal função da política é então, conter todos esses interesses e atitudes que dão base a esses conflitos dentro de um quadro social comum. 2) Julgue as sentenças abaixo de acordo com a leitura do texto “Reflexões sobre o conceito de Política” de Philippe Schmitter, assinale a alternativa incorreta. a) Segundo o texto, muitos estudiosos da política norte-americana rejeitam a ênfase no poder e põem-na variedade e na sutileza dos meios e recursos utilizados pelos atores políticos, ou seja, na influência. Entendendo dessa maneira que não se pode reduzir a Política a um só tipo de relação de dominância. b) Schmitter tratando da análise da política a partir de seus recursos, apresenta a teoria da Autoridade. Sob este ângulo de observação da ciência política, é possível inferir que a relação política em meio social se dá através de uma obediência voluntária. c) Schmitter diverge dos pensamentos de Duverger. Este explica que existe um ecletismo muito grande ao tratar dos três recursos importantes da política: o poder, a influência e a autoridade. Dessa forma, infere que há diversas definições e conceituações para um mesmo termo e por vezes, um dos termos é utilizado na explicação do outro. d) De acordo com Schmitter, para que um ato social seja político ele deve ser controverso, ou seja, indicar a existência de um conflito entre interesses ou atitudes expressas por diferentes indivíduos ou grupos. Além disso, para que esses conflitos sejam considerados políticos é necessário que os atores reconheçam reciprocamente suas limitações nas reivindicações de suas exigências. Sendo assim, o conflito político figura dentro de um quadro de restrições mútuas. e) De acordo com o autor, a função da política é o de “resolver” conflitos entre indivíduos e grupos, sem que este conflito destrua um dos partidos envolvidos. 3) Assinale a alternativa incorreta de acordo com o texto “Reflexões sobre o conceito de Política” de Philippe Schmitter: a) De acordo com o autor, a Ciência Política contemporânea se distingue essencialmente por duas qualidades. A primeira é a sua vontade de ser científica, prezando por uma metodologia mais rigorosa, enquanto a segunda é a própria delimitação da disciplina, que pretende tratar de um setor particular do comportamento humano. b) De acordo com Schmitter, com essa segunda qualidade os “politistas” pretendem diferenciar a política ou as atividades políticas de outros fenômenos com características, relações e padrões distintos. c) Schmitter diverge da visão de Duverger, no sentido de que, este último, afirma que o politista antes de mais nada precisa considerar conscientemente essa pretensão de diferenciar a Ciência Política e, acima de tudo, explicitar o seu conceito de política. d) Segundo Schmitter, a política pode ser definida por quatro elementos. Seriam eles: o quadro social concreto e estabelecido dentro do qual participam os atores, os meios utilizados por estes, a atividade principal pela qual se consagram os atores e as consequências dessa atividade para a sociedade global a qual fazem parte. e) Dentro de uma tipologia geral, as definições específicas do campo de investigação da Política também podem ser resumidas em: Estado ou Governo, Poder Influência ou Autoridade, Decision-making, e Resolução não-violenta dos conflitos. WEBER 1) “A Política como vocação” é a transcrição de uma conferência proferida pelo sociólogo alemão Max Weber, em 1919. A partir da leitura do texto, preencha as lacunas com V para os itens verdadeiros e F para os falsos. Em seguida, marque o item que apresenta a sequência correta. I) Para fins metodológicos, Weber utiliza o termo “política” em sentido amplo, englobando qualquer atividade diretiva autônoma. ( ) II) O Estado pode ser definido por sua única e exclusiva finalidade, qual seja deter o monopólio do uso legítimo da violência física. ( ) III) Weber defende que existem justificações internas para a dominação, isto é, razões pelas quais os comandos são obedecidos. Essas justificações são fundamentos de legitimidade que correspondem a um tipo de poder; assim, identificam-se poder tradicional, poder carismático e poder racional-legal. ( ) IV) Os tipos ideais de poder – tradicional, carismático e racional-legal – são, via de regra, encontrados em suas formas puras. No Estado moderno, predomina o parâmetro racional-legal, pois a obediência ao governante é amparada pelo respeito às normas e às competências racionalmente estabelecidas. ( ) V) Ao descrever a passagem para o Estado moderno, Weber expõe que houve uma mudança quanto às justificações externas. O fim do feudalismo ocorreria com a expropriação dos meios de gestão, que antes pertenciam integrantes do estado-maior administrativo. ( ) a) V – V – V – V – F. b) V – F – V – F – V. c) F – V – V – V – F. d) F – F – V – F – V. e) V – F – V – V – V. 2) “Todo homem, que se entrega à política, aspira ao poder”. O trecho sintetiza o ímpeto weberiano de descrever a ação social a partir dos comportamentos manifestados por seus sujeitos. Tendo em vista tal temática, relacione a primeira coluna à segunda. 1ª coluna 2ª coluna I. Viver da política; a) Orienta-se para a consideração das consequências quando da tomada de decisão; II. Viver para política; b) Seu objetivo inicial era prestar serviços ao príncipe; III. “Políticos profissionais”;c) A atividade política é exercida enquanto fonte primária de renda; IV. Ética da responsabilidade; d) As decisões são motivadas por uma “excitação estéril”, e as consequências não são ponderadas; V. Ética da convicção. e) A atividade política é exercida por indivíduos que são financeiramente independentes dela. a) I - a; II - b; III - c; IV - d; V - e. b) I - e; II - c; III - b; IV - d; V - a. c) I - c; II - e; III - b; IV - a; V - d. d) I - b; II - e; III - c; IV - a; V - d. e) I - d; II - a; III - b; IV - c; V - e. 3) Considerando os aspectos gerais da obra em questão, marque o item incorreto. a) Conclui-se que os atributos do político por vocação são paixão, senso de responsabilidade e senso de proporção. O último pode ser entendido como o distanciamento em relação à situação para ponderar e encontrar a melhor solução, característica necessária para conciliar o fascínio pela causa (paixão) com o cálculo das consequências (responsabilidade). b) O fato de o governante de um dado Estado viver para a política implica que ele possui fortuna pessoal, portanto não depende da atividade pública para provisão de bens e de renda. Ainda assim, ele pode utilizar do prestígio do cargo para galgar vantagens pessoais. Weber defende que viver da e para política não se excluem mutuamente. c) O Estado moderno define-se como agrupamento de dominação com caráter institucional, que procurou monopolizar, nos limites de um território, a violência física legítima como instrumento de domínio, além de reunir nas mãos dos dirigentes os meios materiais de gestão. d) A fidelidade dos funcionários do estado-maior administrativo ao governante se dá por dois fatores: retribuição material e prestígio social. Contudo, o gozo dos benefícios do cargo deve ser feito com ponderação, haja vista que o autor aponta a vaidade como elemento que se contrapõe à vocação política. e) A parte final do texto é dedicada ao ethos a ser seguido pelo político por vocação. Weber defende que os paradoxos éticos são recorrentes quando estão em xeque o poder e, por conseguinte, o controle da violência. Nesse âmbito, é perfeitamente possível conformar a postura exigida pela atividade política à ética do Evangelho cristão. O que não seria passível de conciliação são as duas formas de ética, a da responsabilidade e a da convicção. ARENDT 1) Baseando-se no texto “Sobre a violência” de Hannah Arendt, assinale a resposta correta: a) Segundo o que a autora expõe em seu texto, a cidade de Atenas contava com uma organização pautada numa obediência às leis e não aos homens. E como havia um consentimento pela população, essa obediência se tornava inquestionável. b) Hannah Arendt concorda com as definições de poder dentro da Ciência Política que o relacionam com uma dominação que pode contar com a força. c) Para Arendt, o poder não precisa de justificação, ele só precisa ser legitimado. d) Na visão da autora, a forma extrema do poder é Todos contra Um, e a forma extrema da violência é Um contra Todos. Um exemplo de forma extrema de violência, que se manifesta na prática, seria o totalitarismo. Podemos citar os regimes que ocorreram na Alemanha hitlerista. e) Para a autora, o poder e a violência são elementos tão opostos que, necessariamente, sempre caminham separados. 2) Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta: I - Por mais que os conflitos entre violência e poder tenham resultados facilmente previsíveis, existem alguns exemplos em que o poder prevaleceu. Um deles seria a resistência não-violenta de Mahatma Gandhi na Índia frente a Inglaterra. II - A violência tem caráter instrumental, enquanto o poder depende de números, mas também pode operar sem eles. III - Hannah Arendt afirma que a burocracia é um domínio de ninguém e é a dominação mais tirânica de todas a) I e II estão erradas b) Só a I está correta c) Todas estão erradas d) I e III estão corretas e) Só a III está correta 3) De acordo com os conceitos de poder, violência, vigor, autoridade e força, assinale a alternativa correta: a) Poder é uma característica individual de liderança, que inspira pessoas e traz seguidores. b) A violência, além de ser particular pelo uso de instrumentos, também pode ser caracterizada por um reconhecimento inquestionável daqueles que lhe devem obediência. c) Força corresponde só às energias de movimentos físicos, ou seja, “forças da natureza” d) Vigor é uma característica individual, pertencente ao seu caráter. Pode ser provado nas relações com outras pessoas, por exemplo. e) Autoridade vem com um reconhecimento inquestionável e respeito a quem se deve obediência e pode-se usar de meios coercitivos para mantê-la caso seja necessário. BOBBIO 1) Em sua obra A Teoria das formas de governo, Norberto Bobbio realiza uma análise comparada entre os dizeres de três autores- Platão, Aristóteles e Políbio – no que diz respeito à maneira como as formas de governo sucedem-se historicamente, e a como constituem, sob critérios específicos, boas ou más formas de organização política. Partindo dessa exposição, relacione corretamente as duas colunas a baixo dispostas. 1ª coluna 2ª coluna I. Platão a) Sucessão contínua de formas boas e más; critério de distinção se dá mediante análise quantitativa e qualitativa, isto é, baseando-se em quem governa- um, poucos, muitos- e, em como governa – visando o bem coletivo, ou seus interesses individuais. (pg. 56-57) II. Aristóteles b) Sucessão por decadência, explica-se, uma forma de governo dá origem a uma pior; critério de distinção investiga o binômio constituinte das bases do exercício de um governo, legalidade-consentimento, ou violência- ilegalidade. (pg. 47, 54) III. Políbio c) Sucessão contínua e alternada de formas boas e más; critério de distinção investiga as possíveis bases do exercício de um governo, legalidade- consentimento, ou violência- ilegalidade. ( pg. 67) A) I-a; II-b; III-c. B) I-b; II-a; III-c. C) I-b; II-c; III-a. D) I-c; II-a; III- b. E) I-c; II-b; III- a. 2) Análoga à discussão complexa que incorpora reflexões sobre critérios de separação e sucessão das constituições, há, num plano factual, específica classificação e delimitação das formas de governo de acordo com o texto. Tendo como base o exposto, e considerando os escritos de Norberto Bobbio, assinale a proposição que correlaciona corretamente o autor e a classificação das formas de governo enquanto boas ou más, ou, em termos semelhantes, corrompidas e não corrompidas; a) Platão; monarquia, oligarquia, boa democracia enquanto formas de governo não corrompidas; tirania, aristocracia e má democracia como formas corrompidas. b) Aristóteles; monarquia, aristocracia, politia enquanto constituições não corrompidas; democracia, oligarquia e tirania como representantes das constituições corrompidas. c) Políbio; monarquia, aristocracia e oclocracia na qualidade de boas formas de governo; tirania, oligarquia e democracia como formas de governo más. d) Aristóteles; monarquia, oligarquia, politia enquanto constituições boas; democracia, aristocracia e tirania como constituições más. e) Platão; monarquia, oligarquia, e politia enquanto formas de governo não corrompidas; tirania, aristocracia e oclocracia. 3) Considerando o texto de Norberto Bobbio, julgue as afirmações abaixo como verdadeiras(V) ou falsas (F): I) Aristóteles, na obra “A política”, institui discussão que renova suas classificações anteriores à medida que assume como critério de distinção a estabilidade. Dessa forma, todas as constituições não derivadas da combinação de formas simples, e que consequentemente não atingem um controle recíproco dos poderes, passam a ser consideradas más. II) Políbio alicerça sua tese em três diretrizes principais. A primeira remete a um uso sistemático das formas de governo representado pela instituição de seis formas de governo, três boas e três más. A segunda trata da sucessão das formas de governo que remete a uma espécie de ciclo que se repete historicamente. E por fim, trabalha com a possibilidade de uma sétima constituição como resultada da síntese de formas boas de governo. III) Platão, dono de uma visão pessimista da história, não acreditava que formas ideais de governo existissem num plano factual, concreto, e distante do plano das ideias. A) I-V; II-V; III-V. B) I-V; II-F; III-V. C) I-F; II-V; III-F. D) I- F; II-F; III-F. E) I- F; II-V; III-V. MIGUEL 1) De acordo com os conceitos de Maquiavel relacionados à concepção histórica e aos tipos de governo, julgue os itens a seguir em Certo (C) ou Errado (E) e marque a alternativa correta. a) Segundo as duas obras de Maquiavel, “Discorsi” e “O príncipe”, era necessário um príncipe virtuoso capaz de libertar a Itália dos usurpadores, já que o governo monárquico é a melhor forma de governo, evidente ao longo dos estudos históricos. b) Maquiavel adverte que a concentração de poder monárquico é excessiva e por isso corrompe a Monarquia ao longo do tempo, promovendo uma transformação na forma de governo do Estado. c) Para Maquiavel, as instituições republicanas são mais sólidas comparadas àquelas das monarquias, já que eliminam o caráter pessoal da promoção do bem estatal, o que reduz a degeneração governamental. d) Maquiavel apresenta uma concepção cíclica da história, em que as formas de governo se degeneram necessariamente ao longo do ciclo de gerações, já que a natureza humana é a mesma ao longo da história, corrupta e indisciplinada. e) A concepção histórica de Maquiavel diz respeito à capacidade dos estudos históricos em ensinar o governante, de modo a guiá-lo virtuosamente em ações do presente. A) C - C - E - C - C B) C - E - E - E - C C) E - E - C - C - E D) E - C - C - E - C E) C - E - C - C – E 2) Relacione as colunas, de acordo com conceitos fundamentais das obras de Maquiavel: 1 - Virtù I. ( ) Representa a possibilidade manifestada. Fortuna evidente para o governante de Virtù, de modo que lhe cabe apenas alcançá-la (p. 42). 2 - Glória II. ( ) Atingida apenas pela consolidação ou ampliação da grandeza do Estado, ela corresponde ao prestígio, à permanência na memória e na estima das gerações futuras (p. 43-44). 3 - Ocassione III. ( ) Diz respeito à promoção do bem do Estado que tem base em instituições com amplo poder, no governo republicano. Não se depende mais de indivíduos extraordinários (p. 45). 4 - Virtude Cívica IV. ( ) Corresponde a ter capacidade para moldar o próprio devir, de adaptar a fortuna a si, para o bem do Estado (p. 43). 5 - Mecanização da Virtù V. ( ) Os cidadãos buscam o bem do Estado, por ações embasadas nas leis da República (p. 45). A) 1-I; 2-II; 3-IV; 4-III; 5-V. B) 1-IV; 2-II; 3-I; 4-V; 5-III. C) 1-IV; 2-I; 3-II; 4-III; 5-V. D) 1-I; 2-II; 3-IV; 4-V; 5-III. E) 1-IV; 2-V; 3-II; 4-III; 5-I. 3) Em relação aos conceitos de Moral e Política e Reino das Aparências, presentes na obra de Maquiavel, julgue os itens em Certo (C) ou Errado (E) e marque a alternativa correta. a) De modo semelhante a Maquiavel, os pensadores clássicos articulam que os soberanos têm capacidade para desenvolver o curso de seus Estados, embora se diferenciem enquanto aos limites morais ou religiosos do soberano. b) Para a virtuosidade de seu governo, o soberano deve se adaptar ao relacionamento com seus súditos, como na adoção de um discurso moral religioso e outros padrões comportamentais. c) Embora seja necessário o bom relacionamento com a população, o soberano deve evitar ações marcadas por hipocrisia, para não prejudicar a virtuosidade de seu governo. d) A separação entre Moral e Política diz respeito à autonomia política do soberano. Este não deve ser limitado por questões morais, pois tem o direito de agir conforme seu interesse. A política é guiada por oportunidades reais e não por princípios valorativos e morais. e) A realidade humana, em Maquiavel, tem por consequência o caráter necessariamente maldoso da ação política, de modo que, com o propósito de atingir objetivos, a bondade estrita é ineficiente. Para o autor, o bem do Estado deve ser obtido a qualquer custo. A) E - C - E - E – C. B) C - C - E - C – E. C) E - E - C - C – C. D) E - C - C - C – E. E) C - C - E - E – E. MACFARLANE 1) Com base no texto de L. J. Macfarlane sobre os pensadores políticos Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau, assinale a alternativa incorreta. a) Para Hobbes, se o homem seguisse unicamente a sua natureza, a frase: “O homem é o lobo do homem” seria aplicada, já que, nessas condições, a busca de autorrealização e autogratificação, que estimulam a disputa por poder, se torna um impulso que prevalece sobre todo o resto. Porém, para Hobbes, dessa maneira não é possível que se obtenha mais poder, pois o homem se encontraria sozinho contra todos. Ele acrescenta então que o indivíduo deve utilizar a razão para reconhecer que a autorrealização, à custa de outros, significaria a anulação desse desejo. b) Para Locke, o Estado de natureza se caracteriza como um estado onde há perfeita liberdade, onde cada pessoa pode regular posses e pessoas como acham conveniente sem depender de ninguém. Nesse estado, existe propriedade, apesar de não haver entidade que a proteja, como juízes imparciais, leis estabelecidas e poderes que garantam justiça. Já no Estado civil, existe uma lei estabelecida, conhecida, recebida e aceita mediante consenso comum; juiz conhecido e indiferente com autoridade para resolver quaisquer questões; e, poder que apoie e sustente a sentença quando justa, dando-lhe a devida execução. c) Hobbes acredita que o estado de natureza equivale ao estado de guerra. Para evitar o estado de guerra, as pessoas em sociedade devem manter um Estado civil extremamente forte – o Leviatã, o qual impedirá que as pessoas caiam no abismo do estado de guerra, sem leis, justiça e propriedade. O Leviatã é uno e poderoso e o único que pode impedir os males que levam à dissolução da sociedade. d) Para Macfarlane existem alguns princípios básicos que permanecem constantes no pensamento de Rousseau. Rousseau pode ser considerado amoral, na medida em que discorre sobre a realidade em si, e não o plano ideal. Rousseau se baseia em casos reais para classificar o homem em seu estado natural como um ser destituído de razão, tímido e solitário, que se concentra unicamente em satisfazer suas necessidades básicas. Além disso, pode-se dizer que o homem natural possui dois instintos: autopreservação e compaixão. e) Para Locke, no Estado de natureza o homem é inerentemente racional, livre e não tenta prejudicar o outro, pois assim arriscaria a si próprio. O homem, porém, pode ser parcial, pois também visa defender seus interesses pessoais, o que constituium problema quando há ausência de leis e poderes reguladores. 2) De acordo com o explicitado no capítulo Indivíduo e a Sociedade, de Macfarlane, assinale a alternativa correta. a) Hobbes objetiva utilizar o método científico para estudar a política. Para este pensador, os movimentos dos homens podem ser voluntários ou involuntários. Os voluntários seriam causados pela previsão positiva do fim ou consequência das coisas. Uma boa previsão levaria a um movimento de apetite e desejo. Já uma consequência negativa geraria um movimento involuntário de aversão ou ódio. Hobbes acredita que esses movimentos determinam as condutas dos homens, de modo que estes se ocupam em tentar satisfazer seus desejos (entre eles, o principal seria uma busca incessante por poder) e anular suas aversões. b) O estado de guerra, para Locke, pode existir tanto no estado natural quanto numa sociedade política. Locke discorda de Hobbes ao afirmar que aquele aplica a justiça pode cometer injustiças. Por outro lado, concorda ao acreditar que os indivíduos, no estado de guerra, têm o direito de aniquilar quem o ameaça. Sobre o estado de guerra, Locke explica que é mais fácil de ocorrer quando advém do estado natural, pois qualquer disputa pode gerá-lo. Mas também pode ocorrer dentro da sociedade civil, mas somente quando as autoridades se tornam ineficientes ou corruptas. No caso, Locke afirma que o pior dos dois casos ocorre quando o estado de natureza degenera ao estado de guerra, pois então não há chance de salvação. c) Rousseau acusa, na obra Discurso sobre a origem da desigualdade, que o autoaperfeiçoamento faz com que o homem evolua, mas no processo se corrompa, devido à instituição da propriedade privada. Porém, a corrupção não é uma situação permanente. Macfarlane afirma que pode existir uma sociedade ideal, em que o homem seja livre e que possua sua própria personalidade em consonância com a sociedade também livre. Para Rousseau, um bom homem deve ter o bem público como seu próprio bem. Portanto, às vezes deve se sacrificar em prol da totalidade (p. 30, 31 e 32). d) John Locke é o autor das obras Dois tratados sobre o governo. O primeiro tratado foi feito como uma oposição a Filmer, defensor do liberalismo. Já o segundo trata sobre os limites da autoridade política, apresentando as famosas teses políticas de caráter conservador do autor. e) Na obra Sobre a Origem da Desigualdade, Rousseau apresenta dois termos que poderiam exemplificar a relação entre o homem pré-racional e o racional. O amour de soi seria um autointeresse esclarecido, que constitui basicamente a vontade de viver, comum aos homens pré-racionais. Já o amour-propre é uma degeneração do amour de soi, pois neste interesse egoístico o homem busca vantagens se sobrepondo sobre os outros, situação mais presente no homem mais civilizado. Essa condição gera, para Rousseau, um estado de guerra hobbesiano mesmo em uma sociedade civilizada parecida com a apresentada por Locke. 3) Ainda de acordo com a obra de Macfarlane, assinale a alternativa correta. a) Para Rousseau, pode existir uma sociedade tirânica. O pior dessa sociedade, baseada no interesse egoísta, é a opressão que os homens menos abastados sofrem nas mãos dos ricos. Uma sociedade ideal, porém, é impossível de existir, como o próprio Rousseau admite, pois exigiria a completa alienação do eu em favor da comunidade em um verdadeiro contrato social. b) Locke acredita que é aconselhável que os homens se unam em sociedade civil. Para isso, se submetem a um contrato, um acordo entre eles para garantir a vida e direitos. Esse ato voluntário autorizando o governo é o que daria autoridade a uma instituição governante. Locke demonstra que o início pacífico de todos os governos se baseia no consentimento do povo. O direito original dos poderes consiste na abdicação dos direitos individuais de cada homem, em favor da comunidade. Esta detém o monopólio da elaboração das leis, bem como o de sua execução. Locke destaca que o consentimento deve ser renovado a cada geração. c) De acordo com Thomas Hobbes, os indivíduos, instituídos pela razão, conseguem vislumbrar as “leis da natureza”, as quais permitem conservação e defesa de cada um. As 3 leis elaboradas por Hobbes são de caráter mandatório. A primeira delas estabelece que: “todos os homens devem buscar a paz, enquanto tiverem a esperança de obtê-la; quando não puderem alcançá-la, devem procurar, e utilizar, todos os auxílios e vantagens da guerra”. A segunda lei afirma que deve-se estar pronto a abandonar o direito às coisas em benefício da paz, contentando-se em ter a liberdade em relação ao outro igual a dele em relação a si. Já a terceira estabelece que todos os homens cumpram os contratos que celebram. d) O pensador Rousseau, para escapar de um estado de guerra, situação caracterizada “caótica”, por Macfarlane, os homens mais ricos e corruptos, persuadindo os pobres e miseráveis de que o estabelecimento de instituições políticas garantiria a paz e a justiça para todos, asseguraram sua própria posição como uma classe permanente de abastados, gerando uma sociedade baseada no amour de soi de alguns e não no amour-propre de todos, o que abre caminho para a tirania. e) Apesar de todo homem desejar a paz, os apetites individuais e diferenças de opinião levam aos conflitos. Por isso, com o estabelecimento dos teoremas sobre a conservação do homem, Hobbes deixa clara a sua intenção de que, para satisfazer seus desejos, é vantajoso que transfiram seus direitos a outrem, num ato voluntário que beneficia a todos os participantes. A sociedade civil é a melhor opção para que ocorra essa transferência de direitos, pois daria mais segurança aos acordos. Portanto, a terceira lei de Hobbes, “que os homens cumpram os contratos que fazem”, exige a pré- existência de uma sociedade civil que torne isso possível. Por isso, Hobbes completa seu pensamento consistentemente. BOA PROVA ☺
Compartilhar