Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Logística – Materiais e Armazenamento Aula 2 Professora Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Para a maioria das empresas, a atividade intralogística de Armazenagem (logística interna), é vista como complexa, geradora de altos custos e não agregadora de valor para o cliente. Tanto a complexidade do gerenciamento da armazenagem quanto os custos dependem dos volumes de estoques que a empresa decide manter. Então estima-se que, se a organização consegue gerenciar bem seus estoques, tecnicamente não terá dificuldade em gerir seu sistema de armazenagem e manter os custos controlados. Na realidade, se bem gerenciada, essa atividade é capaz de trazer competitividade para organização. Entretanto, para isso, os gestores precisam conhecer os conceitos e os fundamentos que regem essa função imprescindível para as corporações que desejam abastecer o mercado consumidor com seus produtos. As atividades de Armazenagem e Movimentação de materiais interagem com as demais atividades da organização em maior ou menor grau e, para entender melhor como cada atividade pode interagir, o conhecimento sobre sua operacionalização se faz necessário. Pense que, para garantir insumos para sua produção em tempos de crise ou sazonalidades e até mesmo de transição de fornecedor, uma indústria opta por trabalhar com determinado volume de estoque. Da mesma forma, um atacadista, distribuidor e varejista também opta em manter certo volume de estoque em seus depósitos para abastecer mais rapidamente as áreas de venda. É importante saber que, por mais que diversas estratégias já tenham sido desenvolvidas para reduzir as operações de armazenagem, tais como Reposição Automática, VMI (Vendor Managed Inventory – Estoque Gerenciado pelo Fornecedor), e ECR (Efficient Consumer Response – Resposta Eficiente ao Consumidor), muitas organizações ainda mantêm seus CDs (Centros de Distribuição) ou Armazéns (próprios ou locados) em pontos estratégicos para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 garantir a reposição dos pontos de vendas. Certamente isso exige planejamento e controle de todas as atividades no processo de armazenagem e por isso é útil estudar as operações envolvidas em um Armazém. Tema 1 – Operação: Recebimento de materiais Em algumas corporações, na prática, a Armazenagem é um setor estruturado que possui rotinas diárias desenvolvidas por colaboradores capacitados. Segundo Moura, (1997) p. 9, as principais funções da Armazenagem são: Recebimento (descarga); Identificação e classificação; Conferências (qualitativa e quantitativa); Endereçamento para o estoque; Estocagem; Remoção do estoque (separação de pedidos); Acumulação de itens; Embalagem; Expedição; Registro das operações. A partir dessa classificação apresentada pelo autor, é possível mensurar a quantidade de atividades que ocorrem em um processo de armazenagem, as quais necessitam de procedimentos, acompanhamentos e controles para manter a eficiência da intralogística (termo utilizado para designar as atividades internas ligadas à logística) da empresa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Setor de Recebimento O Setor de Recebimento faz parte do Departamento de Almoxarifado, Armazém ou Depósito e é responsável pela conferência na entrada dos produtos adquiridos pela empresa. Segundo Paoleschi, (2013) p. 68, as principais conferências são: “quantidade, peso, classificação fiscal, empilhamento máximo, volume, validade, marca, cor, voltagem, vencimento da nota fiscal e embalagem retornável”. A atividade de recebimento pode ser dividida ainda em dois momentos: o fiscal e o físico. O recebimento fiscal é uma conferência que os colaboradores necessitam fazer quando a nota fiscal que acompanha os produtos chega até a empresa. Alguns autores preferem deixar claro que essa não é uma tarefa que deve ser realizada pelos Almoxarifes, e sim por pessoas do Departamento Fiscal. Mas na prática, no ato do recebimento, uma prévia conferência é realizada, até para que o colaborador identifique se é uma compra, uma devolução, um retorno, um complemento ou outra situação. Com o advento da Nota Fiscal Eletrônica (NFE) implantado no Brasil, atualmente as empresas recebem notificação de emissão do Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE). Isso ocorre em tempo real, ou seja, assim que o material foi faturado pela empresa fornecedora. Com isso, realmente o setor fiscal recebe esse arquivo antecipadamente e pode conferi-lo previamente sem o envolvimento dos almoxarifes. Porém, boa parte das empresas continua conferindo apenas depois que o material chega a área de recebimento. A informatização das notas fiscais é benéfica para o setor de Recebimento porque tem informação da quantidade exata de itens que chegarão à empresa com antecedência. Com isso, os colaboradores podem se preparar melhor para receber os pedidos e consequentemente organizar espaço no armazém para acomodá-los. O recebimento físico consiste em avaliar qualitativamente os produtos que chegam: verificar a integridade da embalagem, aspecto visual do produto, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 prazo de validade e outros. Essa ação desenvolvida pelo Setor de Recebimento é apenas um filtro, pois parte do material será segregada para que o Controle de Qualidade possa analisar tecnicamente o material. Na conferência quantitativa é verificado se as quantidades físicas recebidas estão de acordo com os valores das notas fiscais. Nesse caso, o material segue o trâmite normal da operação; caso esteja diferente, o setor de Compras é acionado para comunicar o fornecedor e negociar a situação. Segundo Paoleschi, (2013), p. 70, essas conferências podem utilizar os seguintes métodos: Manual: pequenas quantidades. Por meio de cálculos: embalagens padronizadas com grandes quantidades. Por meio de balanças contadoras pesadoras: grande quantidade de pequenas peças, como parafusos, porcas ou arruelas. Pesagem: materiais de maior peso ou volume, pode ser feita com o veículo transportador em balanças rodoviárias ou ferroviárias, casos em que o peso líquido será obtido por meio da diferença entre o peso bruto e a tara do veículo. Materiais de menor peso podem ser conferidos por pesagem direta em balança. Medição: em geral efetuada por trenas, paquímetros, réguas, micrômetros ou balanças. Todos esses cuidados na fase de Recebimento farão com que os produtos que adentrem a empresa estejam de acordo com as negociações. Para garantir um procedimento padrão de conferência, normalmente um checklist é utilizado. A seguir, temos um exemplo genérico de checklist de Recebimento (Folha de Verificação): CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Checklist de Recebimento Data: Fornecedor: Número da Nota Fiscal: Família de Produtos: Itens a verificar Sim Não Ocorrência Cód. Operador Há pedido de compra? Está no prazo? Número do Pedido? Quantidade de volumes? Embalagem adequada? Peso confere? Código de barras? Condição de Frete? Condição de pagamento? ........ ........ Nota fiscal Ok? Em caso de inconsistências, contatar o Departamento de Suprimentos, Ramal: _______ ***Família de produtos: MP (Matéria-prima)GGF (Gastos Gerais de Fabricação), EMB. (Embalagens), EPI (Equipamento de Proteção Individual) …*** O modelo de checklist apresentado pode e deve ser adaptado para a necessidade de cada empresa. Pense que a utilização de procedimentos já estabelecidos facilita o trabalho dos colaboradores envolvidos no recebimento, evita erros e traz agilidade para a aceitação ou recusa do material, respeitando o tempo dos transportadores, 0071ue normalmente têm pressa em descarregar a mercadoria para seguir viagem. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Tema 2 – Avaliação da Qualidade Entre as atividades do Controle de Qualidade, aprovar a entrada de matérias primas e componentes dentro das especificações exigidas pela empresa é uma das mais importantes do setor e requer extrema responsabilidade. A avaliação e aprovação dos insumos pelo Setor de Qualidade garantirá que os produtos que irão para linha de produção ou para estoque atendem às necessidades da organização. Com produtos de qualidade assegurada, é possível afirmar que os setores Produção, Marketing, Vendas, Finanças, Compras e Armazenagem não correrão o risco de parar suas atividades decorrentes de um material de qualidade inadequada. Para analisar os materiais que chegam à empresa, a inspeção técnica realizada pelo Controle de Qualidade deve seguir um procedimento padrão, o qual contempla, no mínimo, os itens propostos por Paoleschi, (2013) p. 70: Características dimensionais; Características específicas; Restrições de especificação; Embalagem para transporte; Embalagem final. Esses itens serão comparados com especificações técnicas do produto, as quais devem ter sido encaminhadas ao fornecedor com antecedência. Também serão conferidas com as descrições nas notas fiscais, ordens de compras ou contratos de fornecimento. Isso depende da criticidade do produto que a empresa adquire para suas atividades produtivas ou até mesmo para as revendas. Para tal, o Controle de Qualidade utiliza os instrumentos de medição (equipamentos metrológicos) para garantir que os padrões informados aos fornecedores estão sendo atendidos. Geralmente os principais instrumentos usados pelas indústrias são os paquímetros em suas diversas configurações, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 micrômetros, termômetros, relógios comparadores e apalpadores, réguas graduadas, trenas e afins. A utilização de cada equipamento depende do tipo de produto que a empresa utiliza em seu processo produtivo e tal prática tem como objetivos principais: Manter padrões dos produtos; Garantir a qualidade dos produtos finais; Permitir reprodutibilidade e repetibilidade; Auxiliar as empresas a manterem seus processos e produtos em conformidade com as normas; Permitir a intercambiabilidade de peças. Isso se tornou fundamental devido às novas necessidades do mercado, uma vez que os clientes estão mais exigentes e os produtos cada vez mais sofisticados. Questões como a globalização dos mercados, os avanços na tecnologia e as exigências de indústrias e fabricantes têm feito com que as empresas busquem garantir a qualidade dos seus produtos. E esse processo se inicia no momento em que os Setores de Recebimento e Controle de Qualidade avaliam adequadamente os produtos que adentram na organização. Tema 3 – Liberação ou recusa dos materiais Após o Setor de Controle de Qualidade fazer todas as avaliações pertinentes ao produto, ele estará apto a ser encaminhado para a linha de produção, para a estocagem ou para área de vendas. Para garantir que apenas as matérias primas e componentes aprovados pelo Controle de Qualidade seguirão para a linha de produção ou para armazenagem, um POP (Procedimento Operacional Padrão) ou uma Instrução de Trabalho (I.T.) deve ser seguido. Caso o material tenha sido rejeitado pelo Controle de Qualidade, terá CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 que ser segregado e identificado para não correr o risco de ser utilizado erroneamente até ser devolvido ao fornecedor ou encaminhado para o descarte. Esses procedimentos de liberação ou rejeição geralmente apresentam o seguinte padrão: O colaborador do Controle de Qualidade faz os testes pertinentes para a certificação de que o produto está de acordo com as especificações técnicas exigidas pela empresa. Na maioria dos casos, essa avaliação da qualidade é realizada apenas em parte do lote entregue (amostragem). Caso o produto esteja dentro do esperado, dá-se sequência na aceitação do item e os trâmites de entrada são executados. Entretanto, caso o material não atenda às exigências acordadas entre empresa cliente e empresa fornecedora, será necessário devolver o item ao fabricante. Para isso, o Setor de Compras será formalmente notificado (via e-mail, telefone, documentação interna ou outro) sobre a necessidade de troca ou devolução da mercadoria, entrando em contato com o fornecedor e negociando a devolução. É preciso esclarecer que, mesmo que a responsabilidade da devolução seja do Departamento de Compras (é dessa forma na maioria das organizações, mas não é uma regra rígida), o Controle de Qualidade dará todo o suporte técnico para que essa devolução seja justificada e registrada como ocorrência de fornecimento. Diante disso, o Controle de Qualidade emite um Relatório de Não Conformidade (RNC), o qual é enviado ao fornecedor, explicando os motivos técnicos da devolução e solicitando uma ação de melhoria por parte do fornecedor. O Controle de Qualidade acompanhará a negociação do Setor de Compras com o fornecedor para se certificar que o produto com defeito será substituído e garantir que o problema será sanado de tal forma que não ocorrerá mais. A seguir, temos um modelo padrão de RNC para uma devolução de material em desacordo com o pedido de compras. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Relatório para Ação: Corretiva X Nº XXX Preventiva Data: XX/XX/XXXX Controle da Qualidade Processo Fornecedor X Administrativo Reclamação de cliente Descrição: XXXXXXXXXXXX Código interno: XXXXXX Produto: XXXXXXXXXXXXX Qtde do Lote: XXXXXXXXX N. Fiscal: XXXXXXXX Data de Emissão: XX/XX/XXXX Desenho ou Especificação: XXX Fornecedor / U.F: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Cliente: XXXXXXXXXXXXXX DESCRIÇÃO DA NÃO CONFORMIDADE (REAL OU POTENCIAL). QUANTIDADE NÃO CONFORME. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXX Disposição do Material: Concessão N° => Aceito Condicional Sucatear Devolver ao Fornecedor Retrabalhar Rejeitado X Outros COLOCAR AQUI INFORMAÇÃO AO PRAZO QUE O FORNECEDOR TERÁ PARA RESPONDER A NÃO CONFORMIDADE, BEM COMO O PRAZO PARA CORRIGIR A FALHA DE FORMA QUE EVITE A REINCIDÊNCIA. 1) Possíveis causas da Não Conformidade: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 2) Abrangência da Não Conformidade: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 3) Ação Corretiva / Preventiva (para os campos 1 e 2): XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Resp: XXXXXXXXXXX Data: / / Prazo: / Verificação da Eficácia da Ação Corretiva / Preventiva: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. Resp: XXXXXXXXXXX Data: / / XXXXXX XXXXXXXXX XXXXXXInspetor da Qualidade Coordenador de Qualidade Comprador ou Área de Recebimento RNC: Revisão: 02 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 O modelo padrão apresentado pode e deve ser adaptado e otimizado para cada tipo de organização, mas é válido lembrar que o ideal é que a devolução do material rejeitado pelo Controle de Qualidade seja realizada o mais breve possível para que não ocorra desabastecimento nas linhas de produção ou nas áreas de vendas. Tema 4 – Movimentação de materiais Das pirâmides do Egito à Muralha da China, ou qualquer outra grande obra que encanta a humanidade até hoje, todas necessitaram de grande movimentação de materiais. Por mais que verdadeiros exércitos tenham trabalhado nessas obras, foram as técnicas de movimentação e os equipamentos que, por mais rudimentares que fossem, auxiliaram o homem nesses empreendimentos. Com esse fato, percebe-se a importância da mecanização da movimentação. Atualmente, com todos os avanços tecnológicos aplicados na fabricação dos equipamentos, cada vez mais o colaborador torna-se o operador, deixando de utilizar a força física. Então, para que o Setor de Armazenagem tenha agilidade na execução das tarefas, a empresa precisa investir em equipamentos de movimentação interna para que seja possível movimentar mais em menos tempo. Esse conceito, que é o mesmo da produtividade, significa que não é possível conceber que uma empresa aspire velocidade nas atividades do armazém com operações manuais. Mas Moura (2000) contesta e afirma que um fator frequentemente negligenciado, a movimentação manual, pode ser na verdade a mais fácil, a mais eficiente e o método menos dispendioso de movimentar o material. Logo, somente depois de provado que o manuseio humano é o mais caro, perigoso ou lento é que poderá o analista voltar sua atenção para os equipamentos, que serão apresentados posteriormente. Para subsidiar a tomada de decisão mais assertiva, serão apresentados os princípios que norteiam um bom projeto de movimentação e manuseio de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 materiais. Segundo Gaither, (2002) p.199, estes princípios são: Os materiais devem movimentar-se entre as instalações em fluxos lineares, minimizando ziguezagues ou recuos; Processos de produção relacionados devem ser organizados a fim de proporcionar fluxos lineares de materiais; Dispositivos mecânicos de manuseio de materiais devem ser projetados e localizados, e localizações de armazenamento de materiais devem ser escolhidas a fim de que o esforço humano despendido em dobrar, alcançar, levantar e caminhar seja minimizado; Materiais pesados ou volumosos devem ser movimentados na distância mais curta quando da localização dos processos que os usam próximo às áreas de recebimento e embarque; O número de vezes que cada material é movimentado deve ser minimizado; A flexibilidade do sistema deve prever situações inesperadas, como quebras de equipamentos de manuseio, mudanças na tecnologia do sistema de produção e expansão futura de capacidades de produção; O equipamento móvel deve transportar cargas completas todas as vezes; cargas vazias ou parciais devem ser evitadas. Com essas informações percebe-se que, para determinar um Sistema de Movimentação interna e de manuseio de materiais adequados, um estudo do ambiente se faz necessário, pois o custo para alteração de um projeto que não atende à necessidade da organização é dispendioso. Ainda, percebe-se que os equipamentos de movimentação interna são ferramentas que prestam suporte para que a Armazenagem seja realmente estratégica para uma organização. Segundo Moura (2000), na escolha dos métodos de movimentação, o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 leitor deverá ter sempre em mente que a solução conveniente para a maioria dos problemas de movimentação envolve, dentro das condições físicas e de meio ambiente que existam ou que se pretendam, e no sentido de reduzir os custos de projeto, uma combinação apropriada de: Características do material; Exigências dos movimentos; Capacidade do método (equipamento). A movimentação de materiais não necessita exatamente ser um setor dentro da organização, pois na maioria dos casos é uma tarefa atrelada ao Almoxarifado ou Depósito. Segundo Paoleschi, (2013) p. 131: “O setor de movimentação de materiais tem como atividade fundamental manter a fábrica operando sem interrupção nas suas atividades, com o contínuo e incessante trabalho de movimentação e abastecimento de insumos, embalagens, componentes, produtos gerados e equipamentos utilizados pela produção”. Como no depósito a movimentação de materiais é uma das ações que mais ocorrem, a adequação do espaço, a estrutura física e os equipamentos de movimentação devem se complementar e buscar atingir alguns objetivos, tais como os citados por Tadeu, 2010, p. 294 e 295: Aumentar a capacidade de utilização do armazém; Aumentar a produtividade; Eliminar o manuseio onde for possível; Melhorar a segurança com a redução dos riscos de acidentes e utilização de critérios de ergonomia para reduzir a fadiga dos trabalhadores; Melhorar o fluxo de materiais no armazém, envolvendo o recebimento, a movimentação e a expedição; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Minimizar a distância e o estoque de produtos em processo; Minimizar perdas com refugo, quebras, desperdício e desvios; Proporcionar um fluxo uniforme, livre de gargalos; Reduzir custos. Por mais que a movimentação seja uma das ações que mais ocorrem no depósito, muitas vezes não é vista como agregadora de valor para o produto, sendo considerada custo. Por isso, nessa função é incessante a busca pela redução dos custos de mão de obra, materiais, equipamentos, perdas e outros. O lado positivo é que, mesmo com essa visão de custo, muito se tem investido na movimentação de materiais para agilizar as tarefas dentro dos depósitos, o que trouxe um pouco mais de destaque à função. Os estudos do Instituto de Movimentação e Armazenagem (IMAM) conceituada instituição da área de logística, têm corroborado para isso. Através deles foi concluído que um sistema de movimentação interna precisa propiciar velocidade nas operações e o papel de maior destaque nesse aspecto fica por conta dos equipamentos de movimentação, os quais trazem vários benefícios para as empresas, tais como: Redução do esforço físico do homem; Movimentação mais segura, sem acidentes e danos aos materiais; Redução do custo de movimentação de materiais; Aumento de produção e capacidade de estocagem; Redução de área utilizada para estocagem. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Exemplo de movimentação manual de materiais: Exemplo de movimentação de materiais com equipamentos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Comparação entre a movimentação manual e mecânica: Fonte: http://gcmeneghellologistica.blogspot.com.br/2012/03/movimentacao-de-material-os- oito.html Observa-se então que, em boa parte das empresas que trabalham com estoques, a movimentação de materiais ocorre dentro dos Almoxarifados, entre as linhas de produção, nas áreas de armazenagem, nos pátios externos da empresa e nos Centros de Distribuição e outros locais. Os procedimentos podem ocorrer por processos manuais ou mecanizados, o que deve ser monitorado para garantir a segurança de todos os envolvidosnos processos. Tema 5 – Os custos no processo de armazenagem Em relação aos custos que ocorrem nas atividades de armazenagem, o correto gerenciamento dependerá da capacidade da empresa em identificar e entender quais impactos serão gerados nos custos totais. A partir disso, é possível traçar um plano de ação para melhoria e controle desses custos. Os custos mais visíveis em um sistema de armazenagem são: Equipamentos e veículos de movimentação interna: compra ou substituição para suprir a necessidade do armazém. Combustível: impacta diretamente no custo da operação, pois quanto maior a demanda por movimentação, mais combustível será necessário. Mão de obra: o impacto pode ser medido pela quantidade de produtos armazenados ou pela qualificação exigida pelo sistema do armazém. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Manutenção dos equipamentos: os equipamentos não podem falhar em operações confiáveis, por isso a manutenção preventiva é imprescindível para manter todos os equipamentos em perfeitas condições de uso. Perdas por manuseio: o custo atrelado às perdas pelo manuseio nem sempre são fáceis de identificar. Isso dependerá da quantidade de itens no estoque, bem como da complexidade da operação de manuseio. É importante destacar que, quanto mais qualificada a mão de obra, menores serão essas perdas. Gastos com manutenção da infraestrutura e outros: o armazém deve ser mantido nas melhores condições possíveis, então manutenções prediais constantes trarão mais garantia na qualidade do material armazenado. Fato que merece atenção ao entender tudo isso é que os custos ocorrem em todos esses elos e afetam diretamente no preço final do produto ao consumidor. Diante disso, compete ao gestor da Logística da organização monitorar seus fornecedores e provedores de serviços logísticos, para que o esforço realizado internamente na organização atinja os objetivos almejados. Banzato, 2003, p. 263-264, sugere algumas dicas simples para reduzir os custos de armazenagem: Treinar os colaboradores para assegurar a produtividade; Reforçar o respeito aos funcionários pelos produtos; Evitar perda de tempo com atrasos, principalmente no retorno às atividades após o almoço; Implementar e gerenciar o housekeeping nos depósitos; Considerar a utilização de mão de obra temporária; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Negociar bem as manutenções das instalações físicas; Evitar todo e qualquer tipo de erro para minimizar retrabalhos; Tentar negociar entregas maiores com os clientes; Substituir o sistema de iluminação do ambiente com lâmpadas econômicas; Pensar de forma criativa em recompensas para os colaboradores, não apenas com valores monetários. Os resultados positivos serão percebidos mais rapidamente se, além do envolvimento interno da organização, houver aderência também dos fornecedores e provedores. Leitura complementar Complemente seus estudos sobre custos na armazenagem consultando o artigo disponível no link a seguir: http://www.ilos.com.br/web/os-custos-de-armazenagem-na-logistica- moderna/ Na Prática Leia parte da matéria jornalística a seguir: Correios: de medalhas a obstáculos, Olimpíada movimenta 30 milhões de objetos Por Sabrina Craide – Repórter da Agência Brasil - Data: 26/06/2016 Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-06/correios-de-medalhas-obstaculos- olimpiada-movimenta-30-milhoes-de-objetos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 “Quem assiste aos Jogos Olímpicos ao vivo ou pela televisão muitas vezes não se dá conta da estrutura que existe para que a competição aconteça. Cada arena, cada jogo e cada disputa exigem equipamentos e preparação específicos. Neste ano, a realização dos jogos no Rio de Janeiro envolve a movimentação de 30 milhões de itens, entre equipamentos esportivos, móveis, utensílios, bagagens, barreiras e alambrados. O armazenamento e transporte desses objetos estão sendo feitos pelos Correios. São 980 mil equipamentos esportivos, como 25 mil bolinhas de tênis, 2,9 mil bolas de futebol, 840 bolas de basquete. Para a competição de tiro esportivo, por exemplo, serão usados 320 mil pratos que servem como alvo para os atletas. Já os atletas paraolímpicos que disputarão o goalball vão utilizar 2,3 mil vendas para os olhos. Entre as 5 milhões de peças de mobiliário que serão usadas na Vila dos Atletas e outras instalações estão 100 mil cadeiras, 72 mil mesas, 34 mil camas e colchões, 24 mil sofás e 19 mil aparelhos de televisão. Todos esses itens estão sendo armazenados em três centros logísticos no Rio de Janeiro, sendo dois em Duque de Caxias e um na Barra da Tijuca, em uma área total de 100 mil metros quadrados. Para o transporte dos objetos serão utilizados cerca de 170 caminhões e dois mil equipamentos de movimentação, como paleteiras, empilhadeiras, tratores e guindastes”. (...) A partir das informações da matéria e do seu conhecimento adquirido até o momento com o estudo do material, faça o que se pede: a. Escreva quais operações de recebimento de materiais ocorrem no Centro de Logística dos Correios. b. Cite e explique qual tipo de Documento responsável pelo recebimento dos itens esportivos pode ser utilizado para recebimento dentro de um padrão previamente estabelecido. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 c. Justifique a necessidade da utilização de equipamentos de movimentação interna de materiais no Centro de Logística dos Correios. d. Apresente quatro objetivos que o uso de equipamentos de movimentação de materiais pode trazer para os Correios. Síntese Nessa aula, foram apresentadas parte das atividades envolvidas com o processo de armazenagem e seus impactos na organização. Em essência, é possível sintetizar os estudos nos seguintes tópicos: a. A decisão de armazenar é determinada pela estratégia de nível de serviço que a empresa quer oferecer ao cliente (por exemplo, atendimento a pronta-entrega demanda estoque, o que exige mais espaço para armazenagem); b. As atividades de Recebimento e Controle de Qualidade são as principais envolvidas na garantia de que apenas produtos de boa qualidade adentrem na empresa; c. Caso os produtos não atendam às especificações acordadas e informadas anteriormente aos fornecedores, serão devolvidos ou descartados; d. A movimentação de materiais é imprescindível para trazer velocidade e agilidade aos processos de armazenagem, porque reduz o esforço físico do colaborador e melhora a produtividade; e. Conhecer os princípios de movimentação interna de materiais auxilia a escolher equipamentos mais adequados às necessidades da empresa; f. Para manter itens em estoque alguns custos ocorrerão, como mão de obra capacitada, investimentos em estrutura física, equipamentos de movimentação interna e tecnologia da informação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Referências RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, Controle e Distribuição. Curitiba: InterSaberes, 2013. BANZATO, Eduardo. [et al.]. Atualidades na armazenagem. São Paulo: IMAM, 2003. CDD-658-785. GAITHER, Norman. Administração da produção e operações. São Paulo: Cengage Learning, 2002. MOURA, Reinaldo Aparecido. Manual de logística: armazenagem e distribuição física. Volume 2. São Paulo: IMAM, 1997, 4ª edição, 2006. PAOLESCHI, Bruno. Almoxarifado e gestão de estoques. São Paulo: Érica, 2009, 1ª edição. ISBN: 978-85-365-0254-0.TADEU, Hugo Ferreira Braga (org.). Gestão de estoques: fundamentos, modelos matemáticos e melhores práticas. São Paulo: Cengage Learning, 2010. ISBN: 978-85-221-0875-6.
Compartilhar