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Resumo do texto o legado educacional do longo século XX

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Organização da Educação Brasileira
Prof. Luciene Terra dos Santos Garcia
Aluna: Letícia Ribeiro Magalhães - Química - Licenciatura
Resumo do texto: O legado educacional do "longo século XX" brasileiro
O século XX, mesmo antes de seu término, já se tornara objetos de estudos que visavam efetuar um balanço de sua trajetória e significação histórica. Para Hobsbawn, focando na questão política em sua obra "Era dos extremos: o breve século XX", o século XX parece breve em relação ao "longo século XIX", no qual o autor identifica três momentos: a era das revoluções, a era do capital e a era dos impérios; já no século XX, o autor identifica outros três momentos: a era da catástrofe, a era de ouro e a era da instabilidade, do desmoronamento e das crises. Para Arrighi, tendo como foco a problemática econômica em sua obra "O longo século XX", o "longo século XX" pode ser conceituado "como o ultimo de quatro séculos longos estruturados de forma semelhante, cada qual constituindo uma etapa específica do desenvolvimento do moderno sistema capitalista mundial".
Focando na situação brasileira, a ideia de longo século XX parece se adequar melhor. Do ponto de vista econômico, ao final do século XIX, a cultura do café se consolidou como o principal produto de exportação, sendo o fator básico da industrialização do país. Pelo aspecto social, ocorreu a abolição da escravatura, e com isso o incremento das imigrações, e o surgimento de grupos de pressão sobre o setor exportador. Em relação ao aspecto cultural, o final do século XIX foi marcado pela efervescência literária, especialmente com a poesia, pela emancipação das mulheres, pela democracia, pelo trabalho e distribuição da riqueza.
PARA UMA HISTÓRIA DA ESCOLA PÚBLICA NO BRASIL
Tendo como guia os aspectos internos do Brasil, pode-se considerar como marco inicial da educação pública no brasil a chegada dos jesuítas, cujo ensino ministrado era coletivo e mantido com recursos públicos, embora sua estrutura e suas diretrizes pedagógicas estivessem sob domínio apenas da ordem dos jesuítas.
O período seguinte corresponde às primeiras tentativas de instituição de uma escola pública estatal, com o fechamento dos colégios jesuítas e introdução das "Aulas Régias" mantidas pela Coroa, no que seria chamado de pedagogia pombalina ou reformas pombalinas, que tinham como base as ideias laicas inspiradas no iluminismo. A responsabilidade do estado se limitava ao pagamento do salário dos professores e às diretrizes da matéria a ser ministrada, deixando a critério do professor as condições materiais relativas ao local e à sua infraestrutura, e aos recursos pedagógicos utilizados.
Após a proclamação da república poderia ter surgido, então, uma escola pública nacional através da aprovação da Lei das Escolas de Primeiras Letras, mas isso não ocorreu. O Ato Adicional de 1834 colocou as escolas primarias e secundarias sob responsabilidade das províncias, que foram tomando caráter de escola pública ao longo do século XIX, adiando a instituição de uma escola pública nacional.
Com o advento da república o poder público assume a tarefa de organizar e manter integralmente as escolas públicas, objetivando a difusão da educação a toda a população, através da escola graduada no estado de São Paulo, de onde se difundiu para o resto do país. Em São Paulo procurou-se preencher os requisitos básicos nas organização sistemática da educação:
Organização administrativa e pedagógica do sistema como um todo;
Construção/aquisição de prédios para instalação de escolas;
Dotação e manutenção desses prédios da infraestrutura necessária para o funcionamento do ensino;
Instituição de um corpo de agentes, como professores, definindo-se as exigências de formação, critérios de admissão e especificação das funções da serem desempenhadas;
Definição de diretrizes pedagógicas, componentes curriculares, normas disciplinares e mecanismos de avaliação das unidades e do sistema de ensino em seu conjunto;
Organização das escolas na forma de grupos escolares, com a dosagem e graduação dos conteúdos distribuídos por series anuais e trabalhados por um corpo de professores que se encarregavam de ensinar a um grande número de alunos;
Essa reforma não chegou a se consolidar, mas tornou-se referência para os demais estados ao longo da Primeira República.
Com a revolução de 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, mostrando que a educação passava a ser reconhecida como uma questão nacional. Em seguida surgiram novas medidas relativas à educação, tendo como destaque a Constituição de 1934, que exigia a fixação das diretrizes da educação nacional e elaboração de um plano nacional de educação.
Periodizando a educação brasileira de acordo com Saviane, pode-se distinguir duas grandes etapas: os antecedentes e a história da educação propriamente dita. A primeira etapa seria dividida em três períodos: a pedagogia jesuítica (escola pública religiosa), período das "Aulas Régias" instituídas pela reforma pombalina (primeira tentativa de instituir uma escola estatal inspirada em ideais iluministas) e o terceiro período (primeiras tentativas, descontinuas e intermitentes de organizar a educação como responsabilidade do poder público). A segunda etapa se iniciaria com a implantação dos grupos escolares, onde pode-se distinguir os seguintes períodos: implantação progressiva e em ritmos diferenciados de escolas graduadas primarias com o respaldo das escolas normais, quando é promulgada a reforma Francisco Campos; regulamentação em âmbito nacional as escolas superiores, secundárias e primárias, iniciada com a reforma Francisco Campos, aprofundada com "as leis orgânicas do ensino" e concluída com a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; e a unificação da regulamentação da educação nacional, abrangendo as redes pública e privada sob uma concepção produtivista da escola.
A ESCOLA PÚBLICA BRASILEIRA NO "LONGO SÉCULO XX"
O "longo século XX" brasileiro estende-se de 1890 aos dias atuais e corresponde á etapa da escola pública propriamente dita, onde se distinguem três períodos abordados a seguir.
AS ESCOLAS GRADUADAS E O IDEÁRIO DO ILUMINISMO REPUBLICANO (1890-1931)
Ao final do Império, os temas como a abolição da escravatura, a ampliação do credito, o incentivo à imigração, a modernização técnica da produção pela introdução de máquinas, a reforma eleitoral, a questão republicana e a formação do trabalhador passaram a ser intensamente debatidos na sociedade brasileira, e pensava-se em instituir a escola pública e o ensino agrícola como uma forma de incutir o gosto pelo trabalho ao homem livre e ao escravo em via de libertação. A linha geral dos debates seguia a tendência dominante nos países europeus, dando destaque às escolas primarias. Emergia também a tendência a considerar a escola como a solução dos demais problemas da sociedade. Era esperado que o governo assumisse a tarefa de instalar e manter escolas em todos os povoados, mas não foi o que aconteceu. Foi incumbido ao Congresso Nacional a tarefa de criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados e prover a instrução secundária no Distrito Federal.
Sendo o estado de São Paulo o detentor da hegemonia econômica, dada a sua condição de principal produtor e exportador de café, e a sua hegemonia política com a "política dos governadores", lhe coube iniciar o processo de organização e implantação da escola pública, o que se deu através da reforma do sistema do período imperial.
A reforma partiu da Escola Normal, tendo como foco adaptar os métodos educacionais de países como Alemanha, Suíça e Estados Unidos às necessidades brasileiras. Tinha-se a convicção de que era necessário instalar escolas-modelo de 2º e 3º graus anexas à Escola Normal. Consequentemente foi criada a Escola-Modelo anexa à escola normal de São Paulo, composta por uma classe feminina e uma masculina.
Anteriormente as escolas primárias, ou primeiras letras, eram classes isoladasregidas por um professor, que ministrava os conteúdos elementares a um grupo de alunos em níveis ou estágios diferentes de aprendizagem. Estas escolas reunidas deram origem, ou foram substituídas, pelos grupos escolares e originaram também as classes dentro do grupo escolar, que passaram a corresponder às séries anuais, o que implicava em uma progressividade da aprendizagem. Por isso os grupos escolares também eram chamados de escolas graduadas.
De acordo com o Regulamento de Instrução Pública o curso preliminar tinha a duração de quatro anos, os conteúdos deveriam ser trabalhados pelo professor de acordo com os princípios pedagógicos tradicionais: simplicidade, análise e progressividade; formalismo; memorização (capacidade de repetir o que foi ensinado pelo professor); autoridade (sistema de prêmios e castigos); emulação (ideia de dever e necessidade de aprovação) e intuição.
Nos governos republicanos de São Paulo, a reforma da educação pública contemplou uma política de construções escolares condizente com a importância dada à educação. Passaram a ser construídos prédios próprios para abrigar as escolas normais e grupos escolares na capital e nas cidades do interior, em geral eram erigidos em praças ou ruas centrais das cidades e possuíam estrutura imponente. No meio rural ainda prevaleciam escolas isoladas que passaram a ter um caráter provisório, destinadas a desaparecer. Dessa forma os grupos escolares se disseminaram pelo estado de São Paulo e irradiaram-se para os outros estados.
Essa reforma não chegou a se consolidar, o Conselho Superior de Instituição Pública e as inspetorias distritais foram extintos, ficando a direção e a inspeção do ensino soba responsabilidade de um inspetor geral auxiliado por dez inspetores escolares. Essa involução na reforma educacional coincide com a consolidação da oligarquia cafeeira, que passa a geria o regime republicano através da "política dos governadores". As reformas educacionais são retomadas apenas após o período final da República Velha.
A graduação do ensino levou a uma divisão mais eficiente do trabalho escolar e possibilitou um maior rendimento ao formar classes com alunos no mesmo nível de aprendizagem. Em contrapartida, essa forma de organização conduzia a mecanismos de seleção refinados, com altos padrões de exigência escolar, criando barreiras desnecessárias ao processo educativo e aumentando a repetência nas primeiras séries do curso. Era uma escola mais eficiente para a seleção e formação das elites, deixando de lado a educação das massas populares; essa questão emerge na reforma Sampaio Dória, que instituiu uma escola primária cuja primeira etapa, com duração de dois anos, seria gratuita e obrigatória para todos, objetivando garantir a alfabetização de todas as crianças em idade escolar; essa reforma recebeu muitas críticas e acabou não sendo implantada.
REGULAMENTAÇÃO NACIONAL DO ENSINO E O IDEÁRIO PEDAGÓGICO RENOVADOR (1931-1961)
O advento da República marcou uma continuidade em relação ao Império ao manter as escolas primarias sob a responsabilidade das províncias, que passaram a ser chamadas de estados federados, diferenciando-se pelo caráter laico da educação. A revolução de 1930 terá como consequência imediata o restabelecimento do ensino religioso, a consideração da educação com uma questão nacional e a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública.
Em 1931, foi baixado um conjunto de decretos conhecidos como reforma Francisco Campos, que consistiam em: criação do Conselho Nacional de Educação, adoção do regime universitário na organização do ensino superior no Brasil, organização da Universidade do Rio de Janeiro, organização do ensino secundário, organização do ensino comercial regulamentando a profissão de contador e consolidação das disposições sobre a organização do ensino secundário.
Em 1932 é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que se propunha a realizar a reconstrução social pela reconstrução educacional. O manifesto esboça as diretrizes de um sistema nacional de educação, abrangendo desde a educação infantil à universidade, tendo como base os princípios da laicidade, gratuidade, obrigatoriedade, coeducação e unicidade da escola, e a ideia de que a educação é uma função essencialmente pública. O Manifesto apresenta-se como um instrumento político, que expressa a posição de um grupo de educadores que vislumbrou na revolução de 1930 a oportunidade de exercer o controle da educação do país. As diretrizes e posições firmadas no Manifesto influenciaram o texto da Constituição de 1934, onde se estabeleceu como competência da União "fixar o Plano Nacional de Educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do país". Nessa constituição também atribuiu ao Conselho Nacional de Educação a elaboração do Plano Nacional de Educação.
Na década de 1930 emerge a questão da formação dos professores, agora relativo ao preparo dos professores do ensino secundário. Francisco Campos propõe então a criação da Faculdade de Educação, Ciências e Letras, com funções culturais e papel utilitário e prático. A nova faculdade não chegou a ser instalada, mas o ministro da educação reorganizou, na Universidade do Brasil, a Faculdade Nacional de Filosofia, que passou a se estruturar em quatro seções: Filosofia, Ciências, Letras, Pedagogia e Didática.
A Faculdade Nacional de Filosofia era referencia para es demais faculdades do país, portanto todos os cursos dessas faculdades se organizaram em duas modalidades: o bacharelado, com duração de três anos e a licenciatura. O curso de pedagogia estava incluso no bacharelado e o diploma de licenciado seria obtido por meio do curso de didática, com duração de um ano acrescentado ao curso de bacharelado.
Gustavo Capanema substituiu Francisco Campos no Ministério da Educação e deu continuidade ao processo de reforma educacional seguindo as "leis orgânicas do ensino", também conhecidas como Reforma Capanema. Nessa reforma o ensino primário foi dividido em ensino primário fundamental (para crianças entre 7 e 12 anos), que icluia duas modalidades, o ensino primário elementar com duração de quatro anos e o ensino primário complementar, de apenas um ano, acrescentado ao ensino elementar; e ensino primário supletivo (para adolescentes e adultos), com duração de dois anos. O ensino médio era organizado em ginasial (com duração de quatro anos) e colegial (com duração de três anos), que ramificavam-se em ensino secundário e técnico-profissional. O ramo profissional subdividia-se ainda em industrial, comercial, e agrícola, além do normal que mantinha interface com o secundário. Nessa estrutura apenas o ensino secundário dava acesso ao ensino superior, os demais ramos do ensino médio dava acesso apenas às carreiras a eles correspondentes.
UNIFICAÇÃO NORMATIVA DA EDUCAÇÃO NACIONAL E A CONCEPÇÃO PRODUTIVISTA DE ESCOLA (1961-1996)
A década de 1960 foi uma época de intensa experimentação educacional, com colégios de aplicação, ginásios vocacionais e impulso na renovação do ensino de ciências e matemática. Contudo, não deixou também de assinalar o esgotamento do modelo renovador, pois essas experiências se encerraram no fim da década de 1960, quando também foram fechados o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais e os centros regionais a eles ligados.
Com a implantação do regime militar em 1964, ocorreu um processo de reorientação geral do ensino no país. A nova situação instaurada com o golpe militar exigia adequações na legislação educacional, que consistiram na modificação da denominação dos ensinos primário e médio para ensino de primeiro e segundo grau. A reforma universitária procurou responder a duas demandas contraditórias: a dos jovens estudantes e dos professores que reivindicavam a abolição da cátedra, a autonomia universitária, mais verbas e mais vagas para desenvolver pesquisas e ampliar o raio de ação da universidade; e dos grupos ligados ao regime, que buscavam vincular mais fortementeo ensino superior aos mecanismos de mercado e ao projeto político de modernização com os requerimentos do capitalismo internacional.
O Grupo de Trabalho de Reforma Universitária buscou atender à primeira demanda proclamando a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, abolindo a cátedra e consagrando a autonomia universitária; por outro lado, procurou atender à segunda demanda, instituindo o regime de créditos, a matricula por disciplina, os cursos de curta duração, a organização fundacional e a racionalização da estrutura e do funcionamento. Os dispositivos da primeira demanda que não convinham aos interesses do regime foram vetados pelo presidente da república.
Os princípios da reforma dos ensinos primário e médio consistia em: integração vertical e horizontal (dos graus, níveis e séries de ensino) e horizontal (dos ramos de ensino e das áreas de estudo e disciplinas); continuidade – terminalidade; racionalização, voltado à eficiência e produtividade com vistas a se obter o máximo de resultados com o mínimo de custos; flexibilidade, gradualidade de implantação; valorização dos professores e sentido próprio para o ensino supletivo.
Com base nesses princípios chegou-se a uma estrutura definida como: um ensino de primeiro grau com oito anos de duração e um segundo grau com três anos de duração. Em lugar do ensino médio subdividido e ramificado, instituiu-se um curso de segundo grau unificado, de caráter profissionalizante, abrangendo um amplo leque de habilitações profissionais.
Um legado importante deixado por esse período foi a institucionalização e implantação de programas de pós-graduação, que foram implantados segundo o espírito do projeto militar de modernização integradora do brasil ao capitalismo de mercado associado-dependente. A pós-graduação também constituiu um espaço importante para a incrementação da produção científica brasileira e, no caso da educação, decorreu no desenvolvimento de uma tendência crítica que gerou estudos consistentes que embasaram a formulação da crítica e da denúncia sistemática da pedagogia dominante, alimentando um movimento de contra ideologia, que provocou a organização de diferentes tipos de associações de professores.
A organização dos educadores pode ser caracterizada por dois vetores distintos: a preocupação com o significado social e político da educação, representada pelas entidades de cunho acadêmico-cientifico; e a preocupação com o aspecto econômico-corporativo, representada pelas entidades sindicais, com motivações econômico-corporativa, econômico-políticas e político-pedagógicas.
A Nova Constituição de 1988 consagrou várias aspirações e conquistas decorrentes da mobilização da comunidade educacional e dos movimentos sociais organizados, manteve o dispositivo que atribui à União a competência para fixar as diretrizes e bases da educação nacional.
Com o novo regime passou a caber aos municípios a responsabilidade pela educação infantil e, em conjunto pelo estado, pelo ensino fundamental; à União cabe coordenar e articular os sistemas e estabelecer as diretrizes para os currículos de todos os níveis de ensino e avaliar o rendimento escolar tanto dos alunos como das instituições.
Quanto à organização do ensino foi mantida a mesma estrutura, alterando apenas a nomenclatura, que passou de 1º e 2º grau para ensino fundamental e médio. Foi introduzido o conceito de educação básica como um nível escolar formado pela educação infantil, ensino fundamental e médio.
Enquanto nos dois períodos anteriores a concepção educacional predominante era o iluminismo republicano, neste terceiro período passou a ser a concepção produtivista de educação. Na década de 1960, a teoria do capital humano foi desenvolvida e divulgada positivamente como demonstração do valor econômico da educação, consequentemente, a educação passou a ser entendida como algo não meramente ornamental, mas como algo decisivo para o desenvolvimento econômico, portanto, um bem de produção.
Na década de 1970, sob a influência da teoria crítico-produtivista buscou-se evidenciar que a subordinação da educação ao desenvolvimento econômico significa colocá-la a serviço dos interesses da classe dominante, uma vez que, qualificando a força de trabalho, o processo educativo concorre para o incremento da produção da mais-valia, reforçando as relações de exploração.
Na década de 1980, busca-se superar os limites da crítica anteriormente apontada ao tornar absoluta a separação entre escola e trabalho, pois o desenvolvimento capitalista seria autônomo em relação à educação e não precisa recorrer à escola como qualificação da força de trabalho, ou seja, a escola não estaria relacionada à produção e a justificativa para a existência da escola seria a formação da cidadania.
Em 1984, Gaudêncio Frigotto reconstrói a lógica interna e a gênese histórica da teoria do capital humano e mostra que a escola não é produtiva a serviço dos indivíduos indistintamente, nem é produtiva a serviço exclusivo do capital e nem é simplesmente improdutiva, de acordo com Gaudêncio a escola é produtiva e improdutiva.
A concepção produtivista da educação prevaleceu, fortalecendo-se no contexto do neoliberalismo, quando veio a ser acionada como um instrumento de ajustamento da educação às demandas do mercado na economia globalizada centrada na sociedade do conhecimento.
CONCLUSÃO
Ao longo de século XX, o Brasil passou de um atendimento educacional de pequenas proporções, típico de um país predominantemente rural, para serviços educacionais de grandes proporções, acompanhando o crescimento populacional, o crescimento econômico, urbano e industrial.
O desenvolvimento dos estados nacionais no decorrer do século XIX foi acompanhada pela implantação dos sistemas nacionais de educação nos diferentes países como vias para erradicar o alfabetismo e para universalizar a instrução popular, mas o Brasil adiou muito essa iniciativa, acumulando um déficit histórico em contraste com os países que instalaram os respectivos sistemas de ensino.
A política educacional que vem sendo implementada no Brasil é caracterizada pela flexibilização, descentralização das responsabilidades de manutenção de escolas, estimulando os municípios a assumirem os encargos do ensino fundamental e o sistema nacional de avaliação e controle do rendimento escolar em todos os níveis centraliza-se no MEC. Inspirada no modelo americano, essa orientação acentua as desigualdades educacionais. Considerando que o Brasil não chegou a universalizar a escola elementar, a adoção do modelo americano potencializa as consequências negativas detectadas nos Estados Unidos, contribuindo para aprofundar ainda mais as desigualdades.
Dessa forma, chega-se à conclusão de que o grande desafio do Brasil ainda é a organização e instalação de um sistema de ensino capaz de universalizar o ensino fundamental e erradicar o analfabetismo, desafio este que vem desde o século XIX. O "longo século XX" deixa, portanto, um legado simultaneamente positivo e negativo, dispomos hoje de uma estrutura ampla e abrangente, o campo da investigação educacional avançou significativamente, impulsionado pelo desenvolvimento da pós-graduação, tornado claros os problemas e as deficiências e, consequentemente, as vias que devem ser trilhadas para sana-los.

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