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Mecatrônica Metrologia Metrologia © SENAI-SP, 2009 3a Edição. Avaliação do capítulo assinalado no cabeçalho da primeira página do capítulo por Comitê Técnico. O crédito aos avaliadores encontra-se na última página do capítulo. Coordenação editorial Gilvan Lima da Silva 2a Edição, 2006 Trabalho organizado, atualizado e editorado por Meios Educacionais da Gerência de Educação e CFPs 1.01, 1.09, 1.23, 3.01, 4.02, 5.01 e 6.01 da Diretoria Técnica do SENAI-SP. Organização Fábio Rossetti de Oliveira (CFP 3.01) Validação Fábio Rossetti de Oliveira (CFP 3.01) Rogério Augusto Espatte (CFP 6.01) 1a Edição, 2000 Trabalho adaptado de Metrologia do Telecurso 2000 profissionalizante pela Faculdade SENAI de Tecnologia Mecatrônica e Gerência de Educação da Diretoria Técnica do SENAI-SP. Diretoria Técnica Walter Vicioni Gonçalves Coordenação geral João Ricardo Santa Rosa Célio Torrecilha Adaptação de conteúdos Joel Alves da Silva Revisão de texto Beatriz Dadalti Críticas e sugestões: meiosedu@sp.senai.br SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de São Paulo Av. Paulista, 1313 - Cerqueira César São Paulo - SP CEP 01311-923 Telefone Telefax SENAI on-line (0XX11) 3146-7000 (0XX11) 3146-7230 0800-55-1000 E-mail Home page senai@sp.senai.br http://www.sp.senai.br Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 5 Sumário Fundamentos da metrologia 9 Um breve histórico das medidas 9 Medidas inglesas 14 Padrões do metro no Brasil 14 Terminologia e conceitos de metrologia 14 Medida 15 Erro de medição 16 As principais fontes de erro na medição 17 Princípios básicos de controle 18 Critério de seleção do instrumento de medição 20 Classificação dos instrumentos de medição 21 SI – Sistema Internacional de Unidades 22 Medidas e conversões 25 O sistema inglês 25 Conversões 27 Representação gráfica 30 Paquímetro 31 Tipos e usos 32 Princípio do nônio 35 Cálculo de resolução 37 Sistema métrico 37 Sistema inglês 39 Erros de leitura 47 Forma de contato 49 Técnica de utilização do paquímetro 51 Micrômetro 53 Origem e função do micrômetro 53 Tipos e usos 55 Aplicação 56 Sistema métrico 58 Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 Sistema inglês 60 Calibração (regulagem da bainha) 62 Micrômetro interno 63 Bloco-padrão 67 Classificação 69 Erros admissíveis 70 Técnica de empilhamento 71 Blocos e acessórios 73 Tolerância dimensional 77 Sistema de tolerância e ajuste ABNT/ISO 84 Folga 85 Interferência 86 Ajuste 87 Sistemas de ajustes 88 Designação de tolerâncias e ajustes 90 Limite de máximo material 91 Relógio comparador 111 Relógio comparador eletrônico 114 Mecanismos de amplificação 114 Condições de uso 116 Relógio com ponta de contato de alavanca (apalpador) 119 Traçador de altura 123 Utilização e conservação 125 Calibrador e verificador 127 Tipos de calibrador 127 Verificador 134 Régua de controle 135 Esquadro de precisão 137 Cilindro-padrão e coluna-padrão 139 Gabaritos 140 Fieira 143 Goniômetro 147 Cálculo da resolução 149 Leitura do goniômetro 149 Régua e mesa de seno 150 Mesa de seno 152 Conservação do goniômetro 155 Projetor de perfil 157 Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 Característica e funcionamento 157 Sistemas de projeção 159 Medição de roscas 161 Montagem de regulagem 162 Durômetro 163 Aplicações 164 Ensaio de dureza 164 Escalas de dureza 164 Ensaio de dureza Brinell 166 Dureza Rockwell 170 Dureza Vickers 176 Comparando Brinell e Vickers 181 Vantagens e limitações do ensaio Vickers 183 Rugosidade 185 Rugosidade das superfícies 185 Rugosidade 186 Conceitos básicos 186 Composição da superfície 190 Critérios para avaliar a rugosidade 191 Sistemas de medição da rugosidade superficial 192 Parâmetros de rugosidade 193 Representação da rugosidade 201 Indicações do estado de superfície no símbolo 203 Indicação nos desenhos 203 Direção das estrias 204 Rugosímetro 205 Aparelhos eletrônicos 205 Processo da determinação da rugosidade 207 Tolerância geométrica 209 A tolerância geométrica nas normas brasileiras e internacionais 211 Conceitos básicos para interpretação das normas 212 Como se classificam as tolerâncias geométricas 213 Símbolos indicativos das tolerâncias geométricas 214 Tolerâncias de forma 215 Perfil de linha qualquer 224 Perfil de superfície qualquer 226 Tolerâncias de orientação 228 Perpendicularidade 234 Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 Inclinação 240 Tolerâncias de posição 244 Concentricidade 249 Coaxialidade 251 Simetria 252 Tolerância de batimento 255 Referências 265 Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 9 Fundamentos de metrologia Um breve histórico das medidas Como fazia o homem, cerca de 4.000 anos atrás, para medir comprimentos? As unidades de medição primitivas estavam baseadas em partes do corpo humano, que eram referências universais, pois ficava fácil chegar-se a uma medida que podia ser verificada por qualquer pessoa. Foi assim que surgiram medidas-padrões como a polegada, o palmo, o pé, a jarda, a braça e o passo. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 10 Algumas dessas medidas-padrões continuam sendo empregadas até hoje. Veja os seus correspondentes em centímetros: • 1 polegada = 2,54cm; • 1 pé = 30,48cm; • 1 jarda = 91,44cm. O Antigo Testamento da Bíblia é um dos registros mais antigos da história da humanidade. E lá, no Gênesis, lê-se que o Criador mandou Noé construir uma arca com dimensões muito específicas, medidas em côvados. O côvado era uma medida-padrão da região onde morava Noé, e é equivalente a três palmos, aproximadamente, 66cm. Em geral, essas unidades eram baseadas nas medidas do corpo do rei, sendo que tais padrões deveriam ser respeitados por todas as pessoas que, naquele reino, fizessem as medições. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 11 Há cerca de 4.000 anos, os egípcios usavam, como padrão de medida de comprimento, o cúbito: distância do cotovelo à ponta do dedo médio. Cúbito é o nome de um dos ossos do antebraço. Como as pessoas têm tamanhos diferentes, o cúbito variava de uma pessoa para outra, ocasionando as maiores confusões nos resultados nas medidas. Para serem úteis, era necessário que os padrões fossem iguais para todos. Diante desse problema, os egípcios resolveram criar um padrão único: em lugar do próprio corpo, eles passaram a usar, em suas medições, barras de pedra com o mesmo comprimento. Foi assim que surgiu o cúbito-padrão. Com o tempo, as barras passaram a ser construídas de madeira, para facilitar o transporte. Como a madeira logo se gastava, foram gravados comprimentos equivalentes a um cúbito-padrão nas paredes dos principais templos. Desse modo, cada um podia conferir periodicamente sua barra ou mesmo fazer outras, quando necessário. Nos séculos XV e XVI, os padrões mais usados na Inglaterra para medir comprimentos eram a polegada, o pé, a jarda e a milha. Na França, no século XVII, ocorreu um avanço importante na questão de medidas. A toesa, que era então utilizada como unidade de medida linear, foi padronizada em uma barra de ferro com dois pinos nas extremidades e, em seguida, chumbada na parede externa do Grand Chatelet, nas proximidades de Paris. Dessa forma, assim como o cúbito-padrão, cada interessado poderia conferir seus próprios instrumentos. Uma toesa é equivalentea seis pés, aproximadamente, 182,9cm. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 12 Entretanto, esse padrão também foi se desgastando com o tempo e teve que ser refeito. Surgiu, então, um movimento no sentido de estabelecer uma unidade natural, isto é, que pudesse ser encontrada na natureza e, assim, ser facilmente copiada, constituindo um padrão de medida. Havia também outra exigência para essa unidade: ela deveria ter seus submúltiplos estabelecidos segundo o sistema decimal. O sistema decimal já havia sido inventado na Índia, quatro séculos antes de Cristo. Finalmente, um sistema com essas características foi apresentado por Talleyrand, na França, num projeto que se transformou em lei naquele país, sendo aprovada em 8 de maio de 1790. Estabelecia-se, então, que a nova unidade deveria ser igual à décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. Essa nova unidade passou a ser chamada metro (o termo grego metron significa medir). Os astrônomos franceses Delambre e Mechain foram incumbidos de medir o meridiano. Utilizando a toesa como unidade, mediram a distância entre Dunkerque (França) e Montjuich (Espanha). Feitos os cálculos, chegou-se a uma distância que foi Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 13 materializada numa barra de platina de secção retangular de 4,05 x 25mm. O comprimento dessa barra era equivalente ao comprimento da unidade padrão metro, que assim foi definido: Metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. Foi esse metro transformado em barra de platina que passou a ser denominado metro dos arquivos. Com o desenvolvimento da ciência, verificou-se que uma medição mais precisa do meridiano fatalmente daria um metro um pouco diferente. Assim, a primeira definição foi substituída por uma segunda: Metro é a distância entre os dois extremos da barra de platina depositada nos Arquivos da França e apoiada nos pontos de mínima flexão na temperatura de zero grau Celsius. Escolheu-se a temperatura de zero grau Celsius por ser, na época, a mais facilmente obtida com o gelo fundente. No século XIX, vários países já haviam adotado o sistema métrico. No Brasil, o sistema métrico foi implantado pela Lei Imperial nº 1.157, de 26 de junho de 1862. Estabeleceu- se, então, um prazo de dez anos para que padrões antigos fossem inteiramente substituídos. Com exigências tecnológicas maiores, decorrentes do avanço científico, notou-se que o metro dos arquivos apresentava certos inconvenientes. Por exemplo, o paralelismo das faces não era assim tão perfeito. O material, relativamente mole, poderia se desgastar, e a barra também não era suficientemente rígida. Assim, em 1889, surgiu a terceira definição: Metro é a distância entre os eixos de dois traços principais marcados na superfície neutra do padrão internacional depositado no B.I.P.M. (Bureau Internacional des Poids et Mésures), na temperatura de zero grau Celsius e sob uma pressão atmosférica de 760 mmHg e apoiado sobre seus pontos de mínima flexão. Atualmente, a temperatura de referência para calibração é de 20ºC. É nessa temperatura que o metro, utilizado em laboratório de metrologia, tem o mesmo comprimento do padrão que se encontra na França, na temperatura de zero grau Celsius. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 14 Ocorreram, ainda, outras modificações. Hoje, o padrão do metro em vigor no Brasil é recomendado pelo INMETRO, baseado na velocidade da luz, de acordo com decisão da 17ª Conferência Geral dos Pesos e Medidas de 1983. O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), em sua resolução 3/84, assim definiu o metro: “Metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o intervalo de tempo de 8299.792.45 1 do segundo.” É importante observar que todas essas definições somente estabeleceram com maior exatidão o valor da mesma unidade: o metro. Medidas inglesas A Inglaterra e todos os territórios dominados há séculos por ela utilizavam um sistema de medidas próprio, facilitando as transações comerciais ou outras atividades de sua sociedade. Acontece que o sistema inglês difere totalmente do sistema métrico que passou a ser o mais usado em todo o mundo. Em 1959, a jarda foi definida em função do metro, valendo 0,91 440m. As divisões da jarda (3 pés; cada pé com 12 polegadas) passaram, então, a ter seus valores expressos no sistema métrico: • 1 yd (uma jarda) = 0,91 440m; • 1 ft (um pé) = 304,8mm; • 1 inch (uma polegada) = 25,4mm. Padrões do metro no Brasil Em 1826, foram feitas 32 barras-padrão na França. Em 1889, determinou-se que a barra nº6 seria o metro dos Arquivos e a de nº26 foi destinada ao Brasil. Este metro- padrão encontra-se no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Terminologia e conceitos de metrologia Muitas vezes, uma área ocupacional apresenta problemas de compreensão devido à falta de clareza dos termos empregados e dos conceitos básicos. O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) possui uma publicação conhecida como VIM (Vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia) editada de acordo com a Portaria n°. 29 de 10 de março de 1995 Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 15 e que trata de muitos desses termos e conceitos buscando uma padronização para que o vocabulário técnico de Metrologia no Brasil seja o mesmo utilizado em todo o mundo. A seguir veremos alguns termos principais tomando como referência o VIM. VIM 2.1 - Medição Conjunto de operações que tem por objetivo determinar um valor de uma grandeza. Do ponto de vista técnico, quando uma medição é realizada espera-se que ela seja: • exata, isto é, o mais próximo possível do valor verdadeiro; • repetitiva, como pouca ou nenhuma diferença entre medições efetuadas sob as mesmas condições; • reprodutiva, como pouca ou nenhuma diferença entre medições realizadas sob condições diferentes. VIM 2.2 - Metrologia É a ciência da medição. Abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou tecnologia. VIM 2.6 - Mensurando Objeto da medição. Grandeza específica submetida à medição. VIM 3.5 - Exatidão de medição Grau de concordância entre o resultado de uma medição e um valor verdadeiro do mensurando. Exatidão é um conceito qualitativo. O termo precisão não deve ser usado como exatidão. VIM 5.12 - Resolução Menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador que pode ser significativamente percebida. Medida Valor correspondente ao valor momentâneo da grandeza a medir no instante da leitura. A leitura é obtida pela aplicação dos parâmetros do sistema de medição à leitura e é Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 16 expressa por um número acompanhado da unidade de grandeza a medir. Não existe medição 100% exata, isto é, isenta de dúvidas no seu resultado final. Na realidade o que buscamos é conhecer a grande incerteza, identificando os erros existentes, corrigindo-os ou mantendo-os dentro de limites aceitáveis. Erro de medição Erro de medição é a diferença entre o resultado de uma medição e o valor verdadeiro convencional do objeto a ser medido. Podemos dividir os erros da medição em três grupos: sistemáticos, aleatórios e grosseiros. VIM 3.13 - Erro aleatório É resultado de uma medição menos a média que resultaria de um infinito número de medições do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de repetitividade. Os erros aleatórios acontecem em função de causas irregulares, imprevisíveis e dificilmente podem ser eliminados. VIM 3.14 - Erro sistemático É a média que resultaria de um infinitonúmero de medições do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de repetitividade, menos o valor verdadeiro do mensurando. Este erro pode ser eliminado na calibração, pois normalmente ocorrem em função de uma causa constante. Erro grosseiro Este erro não está definido no VIM, uma vez que ele é devido a fatores externos e não aos instrumentos. Ele pode decorrer de leitura errônea, de operação indevida ou de dano no sistema de medição. Os erros grosseiros, normalmente, correspondem a um valor que deve ser desprezado quando identificado e não deve ser tratado estatisticamente. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 17 As principais fontes de erro na medição Um erro pode decorrer de medição e do operador, sendo muitas as possíveis causas. O comportamento metrológico do sistema de medição é influenciado por perturbações externas e internas. Fatores externos podem provocar erros, alterando diretamente o comportamento do sistema de medição ou agindo diretamente sobre a grandeza a medir. O fator mais crítico, de modo geral, é a variação da temperatura ambiente. Essa variação provoca, por exemplo, dilatação das escalas dos instrumentos de medição de comprimento, do mesmo modo que age sobre a grandeza a medir, isto é, sobre o comprimento de uma peça que será medida. A variação de temperatura pode, também ser causada por fator interno. Exemplo típico é o da não estabilidade dos sistemas elétricos de medição, num determinado tempo, após serem ligados. É necessário aguardar a estabilização térmica dos instrumentos/equipamentos para reduzir os efeitos da temperatura. A seguir, é listado algumas das principais fontes de erros na medição. Variação de temperatura A temperatura padrão de referência é de 20°C para todos os países industrializados. Normas Mercosul NM-ISO 1:96 e do Brasil NBR 06165 da ABNT. Força de medição Os processos simples de medida envolvem o contato entre o instrumento e a peça, sendo que a força de contato deve ser tal que não cause deformações na peça ou no instrumento. Forma da peça Imperfeições na superfície, retitude, cilindricidade e planeza exigem um posicionamento correto do instrumento de medição. Forma do contato Deve-se sempre buscar um contato entre a peça e o instrumento que gere uma linha ou um ponto. Erro de paralaxe Quando os traços de uma escala principal e uma secundária estiverem em planos diferentes. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 18 Estado de conservação do instrumento Folgas provocadas por desgaste em qualquer parte do instrumento poderão acarretar erros de consideração. Habilidade do operador A falta de prática ou desconhecimento do sistema de medição pode ser uma fonte importante de erros. Princípios básicos de controle O sucessivo aumento de produção e a melhoria da qualidade requerem um desenvolvimento e um aperfeiçoamento contínuo da técnica de medição. Quanto maiores as exigências de qualidade e rendimento, maiores serão as necessidades de aparatos, instrumentos de medição e profissionais habilitados. Quando efetuamos uma medida qualquer, é preciso considerar três elementos fundamentais: o método, o instrumento de medição e o operador. Método A medição pode ser direta ou indireta por comparação. A medição direta é feita mediante instrumentos, aparelhos e máquinas de medir. Emprega-se a medição direta na confecção de peças-protótipo, isto é, peças originais que se utilizam como referência ou ainda em produção de pequena quantidade de peças. A medida indireta por comparação consiste em confrontar a peça que se quer medir com aquela de padrão ou dimensão aproximada. Assim, um eixo pode ser controlado, por medida indireta, utilizando-se um calibrador para eixos. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 19 Um calibrador para eixos, tipo boca fixa, possui duas bocas. O eixo a ser medido deve passar pela boca maior, ou seja, pelo lado "passa", mas não pode passar pela boca menor (que é o lado "não passa", pintado de vermelho). Outro calibrador do tipo "passa não passa" é o tampão para furos, em que o lado "não passa" é o mais curto. Seu funcionamento é semelhante ao do calibrador fixo para eixos. O relógio comparador é um instrumento comum de medição por comparação. As diferenças percebidas nele pelo apalpador são amplificadas mecanicamente e vão movimentar o ponteiro rotativo dianteiro da escala. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 20 Instrumento de medição Para se ter uma medida precisa, é indispensável que o instrumento corresponda ao padrão adotado. É necessário, também, que ele possibilite executar a medida com a tolerância exigida. Em suma, a medição correta depende da qualidade do instrumento empregado. Operador É o operador quem deve apreciar as medidas e executá-las com habilidade. Daí a sua importância em relação ao método e ao instrumento. É mais provável que um operador habilidoso consiga melhores resultados com instrumentos limitados do que um operador inábil, com instrumentos excelentes. É necessário, portanto, que o operador conheça perfeitamente os instrumentos que utiliza. Deve, também, tomar a iniciativa de escolher o método de medição mais adequado e saber interpretar corretamente os resultados obtidos. Critério de seleção do instrumento de medição Antes de efetuarmos uma medição qualquer, devemos escolher um sistema de medição que, com suas características, seja compatível com o uso destinado a ele. No geral, a escolha nem sempre segue uma regra, pois a instrução de um processo ou mesmo o conhecimento do operador pode determinar o instrumento adequado. De qualquer forma, podemos obedecer a dois critérios básicos: Campo de tolerância da medida a ser verificada e o tipo de instrumento requerido. Campo de tolerância O instrumento ideal para cada caso deve ter uma leitura ou resolução de acordo com medida a ser verificada e sua tolerância. Assim, recomenda-se que o instrumento possua uma leitura no mínimo igual à decima parte do campo de tolerância da peça ou, no pior dos casos, igual à quinta parte. Portanto, a regra fica assim: Leitura ≤ Tol/10 (como ideal) Leitura ≤ Tol/5 (como mínimo) Se considerarmos como exemplo uma peça com tolerância de ± 0,25mm (campo de tolerância igual a 0,50 mm) podemos concluir que um instrumento com leitura de Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 21 0,05mm seria satisfatório, porem outro com leitura de 0,10mm ainda poderia ser utilizado. Este critério está fundamentado na existência de uma relação direta entre um instrumento e sua resolução. O passo seguinte é a definição do tipo de instrumento requerido, levando em conta o tamanho da peça, sua forma, a pressão e a freqüência com que deve ser feita a medição. Classificação dos instrumentos de medição O resultado de uma medição depende em grande parte do instrumento selecionado. O conhecimento de suas características e da classe de exatidão que lhe corresponde poderão contribuir para escolher o instrumento mais adequado. A figura a seguir ilustra os diversos graus de exatidão dos instrumentos de acordo com o seu tipo e capacidade. À direita da figura os instrumentos encontram-se agrupados de acordo com a sua aplicação no sentido vertical (medição externa, interna, profundidade, altura e outros) sendo que ao mesmo estão divididos horizontalmente em faixas, de tal forma que na parte superior se localizam os de menor exatidão e no níveis abaixo, aparecem, progressivamente, os de maior exatidão. À esquerda da figura apresenta-se um gráfico cartesiano em cuja abscissa representa- se a capacidade do instrumento, de 0 a 1.000mm e em sua ordenada a resolução do instrumento de 0 a mais de 50μm.Assim, para cada faixa horizontal (numeradas de 1 a 6) corresponde uma faixa inclinada no gráfico cartesiano, de acordo com a capacidade do instrumento. Podemos concluir, por exemplo, que os instrumentos da faixa horizontal n°1 e com capacidade de 250mm definem uma incerteza de medição entre 12 e 30μm e os de capacidade de 1.000mm definem entre 30 e 60μm, e assim pode-se fazer uma análise comparativa entre os diversos sistemas de medição, o que ajudará a entender melhor porque alguns instrumentos podem auxiliar na verificação de outros (ação que chamamos de calibração). Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 22 Classificação dos instrumentos de medição, segundo sua aplicação, capacidade e exatidão. Faixa Instrumentos 1 paquímetros, traçadores, esquadros combinados 2 calibradores e instrumentos com relógios comparadores 3 micrômetros internos e externos em geral centesimais 4 micrômetros milesimais, microscópios, projetores, relógios apalpadores 5 banco micrométrico e aferidores em geral 6 padrões de altura, blocos-padrão SI - Sistema Internacional de Unidades O Sistema Internacional de Unidades é o fundamento da metrologia moderna. Sua abreviatura SI vem do nome francês Système International d’Unités. O SI é usado internacionalmente por acordos legais mesmo em países com sistema próprio, por exemplo, os Estados Unidos, onde o sistema internacional de medidas é o U.S. Customary System. Entretanto, as unidades, tais como: polegada, pé, jarda, libra, etc., são definidas em termos das unidades bases do SI (1in = 0,0254m, etc.). O Sistema Internacional consiste em 28 unidades (7 unidades de base, 2 unidades derivadas adimensionais e 19 unidades derivadas). Abaixo apresentaremos apenas as unidades de base. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 23 Unidades de Base No SI apenas sete grandezas físicas independentes são definidas, as chamadas unidades de base. Todas as demais unidades são derivadas destas sete. Embora o valor de cada grandeza seja sempre fixo não é raro que a forma de definir uma grandeza sofra alteração. Quando ocorrem, estas alterações são motivadas por algum avanço tecnológico que cria melhores condições de reprodução do valor unitário desta grandeza, isto é, praticidade e menores erros. Grandeza Nome Símbolo Erro atual de reprodução Comprimento metro m 10-11 Massa quilograma kg 10-9 Tempo segundo s 3.10-14 Corrente elétrica ampère A 3.10-7 Temperatura termodinâmica kelvin K 1K→3x10-3 Intensidade luminosa candela cd 10-4 Quantidade de matéria mol mol 6.10-7 Múltiplos e submúltiplos (Prefixos do SI) Todas as unidades podem ser estendidas sobre uma faixa de 48 ordens de grandeza do seu valor base. Os multiplicadores são todos potências de 10. Os prefixos da tabela podem ser empregados por unidades que não pertencem ao SI. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 24 Abaixo, a tabela de múltiplos e submúltiplos da unidade de base comprimento que é o metro. Múltiplos e submúltiplos do metro Nome Símbolo Fator pelo qual a unidade é múltipla Exametro Em 1018= 1.000.000.000.000.000.000m Peptametro Pm 1015= 1.000.000.000.000.000m Terametro Tm 1012= 1.000.000.000.000m Gigametro Gm 109= 1.000.000.000m Megametro Mm 106= 1.000.000m Quilômetro km 103= 1.000m Hectômetro hm 102= 100m Decâmetro dam 101= 10m Metro m 1 = 1m Decímetro dm 10-1= 0,1m Centímetro cm 10-2= 0,01m Milímetro mm 10-3= 0,001m Micrometro μm 10-6= 0,000 001m Nanometro nm 10-9= 0,000 000 001m Picometro pm 10-12= 0,000 000 000 001m Fentometro fm 10-15= 0,000 000 000 000 001m Attometro am 10-18= 0,000 000 000 000 000 001m Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 25 Medidas e conversões Apesar de se ter chegado ao metro como unidade de medida, outras unidades também são usadas. Na Mecânica, por exemplo, é comum usar a polegada. O sistema inglês ainda é muito utilizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, assim como no Brasil devido ao grande número de empresas procedentes desses países. Porém, esse sistema está, aos poucos, sendo substituído pelo sistema métrico, embora ainda permaneça a necessidade de se converter o sistema inglês em sistema métrico e vice-versa. O sistema inglês Esse sistema tem como padrão a jarda, que é um termo vindo da palavra inglesa “yard”, que significa “vara”, em referência ao uso de varas nas medições. Esse padrão foi criado por alfaiates ingleses. No século XII, em conseqüência da sua grande utilização, esse padrão foi oficializado pelo rei Henrique I. A jarda teria sido definida, então, como a distância entre a ponta do nariz do rei e a de seu polegar, com o braço esticado. A exemplo dos antigos bastões de um cúbito, foram construídas e distribuídas barras metálicas para facilitar as medições. Apesar da tentativa de uniformização da jarda na vida prática, não se conseguiu evitar que o padrão sofresse modificações. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 26 As relações existentes entre a jarda, o pé e a polegada também foram instituídas por leis, nas quais os reis da Inglaterra fixaram que: • 1 pé = 12 polegadas; • 1 jarda = 3 pés; • 1 milha terrestre = 1.760 jardas. Leitura de medida em polegada A polegada divide-se em frações ordinárias de denominadores iguais a: 2, 4, 8,16, 32, 64, 128... Temos, então, as seguintes divisões da polegada: 2 "1 (meia polegada) 4 1" (um quarto de polegada) 8 1" (um oitavo de polegada) 16 1" (um dezesseis avos de polegada) 32 1" (um trinta e dois avos de polegada) 64 1" (um sessenta e quatro avos de polegada) 128 1" (um cento e vinte e oito avos de polegada) Os numeradores das frações devem ser números ímpares: 2 "1 , 4 "3 , 8 "5 , 16 "15 , Quando o numerador for par, deve-se proceder à simplificação da fração: 8 "6 : : 2 2 → 4 "3 64 " 8 : : 8 8 → 8 1" Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 27 Sistema inglês - fração decimal A divisão da polegada em submúltiplos de 2 "1 , 4 1" ,... 128 1" em vez de facilitar, complica os cálculos na indústria. Por essa razão, criou-se a divisão decimal da polegada. Na prática, a polegada subdivide-se em milésimo e décimos de milésimo. Exemplo a. 1,003" = 1 polegada e 3 milésimos b. 1,1247" = 1 polegada e 1.247 décimos de milésimos c. 0,725" = 725 milésimos de polegada Note que, no sistema inglês, o ponto indica separação de decimais. Nas medições em que se requer maior exatidão, utiliza-se a divisão de milionésimos de polegada, também chamada de micropolegada. Em inglês, “micro inch”. É representado por μ inch. Exemplo 0,000001" = 1 μinch Conversões Sempre que uma medida estiver em uma unidade diferente da dos equipamentos utilizados, deve-se convertê-la (ou seja, mudar a unidade de medida). Para converter polegada fracionária em milímetro, deve-se multiplicar o valor em polegada fracionária por 25,4. Exemplos a. 2" = 2 x 25,4 = 50,8mm b. 8 3" = 8 76,2 8 25,4 x 3 = = 9,525mm A conversão de milímetro em polegada fracionária é feita dividindo-se o valor em milímetro por 25,4 e multiplicando-o por 128. O resultado deve ser escrito como Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 28 numerador de uma fração cujo denominador é 128. Caso o numerador não dê um número inteiro, deve-se arredondá-lo para o número inteiro mais próximo. Exemplos a. 12,7 mm 12,7mm = 128 128 x 25,4 12,7 ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ = 128 128 x 0,5 = 128 64" simplificando: 128 64 = 64 32 = 32 16 = 16 8 = 8 4= 4 2 = 2 1" b. 19,8 mm 19,8mm = 128 128 x 25,4 19,8 ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ = 128 99,77 arredondando: 128 100" simplificando: 128 100 = 64 50 = 32 25" Regra prática Para converter milímetro em polegada ordinária, basta multiplicar o valor em milímetro por 5,04, mantendo-se 128 como denominador. Arredondar, se necessário. Exemplos a. 128 5,04 x 12,7 = 128 64,008 arredondando: 128 64" , simplificando: 2 1" b. 128 5,04 x 19,8 = 128 99,792 arredondando: 128 100" , simplificando: 32 25" Observação O valor 5,04 foi encontrado pela relação = 25,4 128 5,03937 que arredondada é igual a 5,04. A polegada milesimal é convertida em polegada fracionária quando se multiplica a medida expressa em milésimo por uma das divisões da polegada, que passa a ser o denominador da polegada fracionária resultante. Exemplo Escolhendo a divisão 128 da polegada, usaremos esse número para: • Multiplicar a medida em polegada milesimal: 0,125" x 128 = 16" Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 29 • Figurar como denominador (e o resultado anterior como numerador): 128 16 = 64 8 = 8 1" Outro exemplo Converter 0,750" em polegada fracionária 8 8 x 750"0, = 8 6" = 4 3" Para converter polegada fracionária em polegada milesimal, divide-se o numerador da fração pelo seu denominador. Exemplos a. 8 3" = 8 3 = 0,375” b. 16 5" = 16 5 = 0,3125” Para converter polegada milesimal em milímetro, basta multiplicar o valor por 25,4. Exemplo Converter 0,375" em milímetro: 0,375" x 25,4 = 9,525mm Para converter milímetro em polegada milesimal, basta dividir o valor em milímetro por 25,4. Exemplos a. 5,08mm 0,200" 25,4 5,08 = b. 18mm 7086"0 25,4 18 ,= arredondando 0,709” Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 30 Representação gráfica A equivalência entre os diversos sistemas de medidas, vistos até agora, pode ser melhor compreendida graficamente. Sistema inglês de polegada fracionária Sistema inglês de polegada milesimal Sistema métrico Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 31 Paquímetro O paquímetro é um instrumento usado para medir as dimensões lineares internas, externas, de profundidade e de ressaltos de uma peça. Compõe-se de uma régua graduada, com encosto fixo, sobre a qual desliza um cursor. Largamente usado na indústria mecânica devido a sua grande versatilidade. Onde será apresentado a seguir conceitos, tipos, uso e conservação desse instrumento. 1. Orelha fixa 2. Orelha móvel 3. Nônio ou vernier (polegada) 4. Parafuso de trava 5. Cursor 6. Escala fixa de polegadas 7. Bico fixo 8. Encosto fixo 9. Encosto móvel 10. Bico móvel 11. Nônio ou vernier (milímetro) 12. Impulsor 13. Escala fixa de milímetros 14. Haste de profundidade O cursor ajusta-se à régua e permite sua livre movimentação, com um mínimo de folga. Ele é dotado de uma escala auxiliar, chamada nônio ou vernier. Essa escala permite a leitura de frações da menor divisão da escala fixa. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 32 O paquímetro é usado quando a quantidade de peças que se quer medir é pequena. Os instrumentos mais utilizados apresentam uma resolução de: 0,05 mm, 0,02 mm, 128 1" ou 0,001" As superfícies do paquímetro são planas e polidas, e o instrumento geralmente é feito de aço inoxidável. Suas graduações são calibradas a 20ºC. Tipos e usos Paquímetro universal É utilizado em medições internas, externas, de profundidade e de ressaltos. Trata-se do tipo mais usado. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 33 Paquímetro universal com relógio O relógio acoplado ao cursor facilita a leitura, agilizando a medição. Paquímetro com bico móvel (basculante) Empregado para medir peças cônicas ou peças com rebaixos de diâmetros diferentes. Paquímetro de profundidade Serve para medir a profundidade de furos não vazados, rasgos, rebaixos etc. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 34 Esse tipo de paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com gancho. Veja a seguir duas situações de uso do paquímetro de profundidade. Haste simples Haste com gancho Paquímetro duplo Serve para medir dentes de engrenagens. Paquímetro digital Utilizado para leitura rápida, livre de erro de paralaxe, e ideal para controle estatístico. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 35 Princípio do nônio A escala do cursor é chamada de nônio ou vernier, em homenagem ao português Pedro Nunes e ao francês Pierre Vernier, considerados seus inventores. O nônio possui uma divisão a mais que a unidade usada na escala fixa. No sistema métrico, existem paquímetros em que o nônio possui dez divisões equivalentes a nove milímetros (9mm). Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 36 Há, portanto, uma diferença de 0,1 mm entre o primeiro traço da escala fixa e o primeiro traço da escala móvel. Essa diferença é de 0,2mm entre o segundo traço de cada escala; de 0,3m entre o terceiros traços e assim por diante. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 37 Cálculo de resolução As diferenças entre a escala fixa e a escala móvel de um paquímetro podem ser calculadas pela sua resolução. A resolução é a menor medida que o instrumento oferece. Ela é calculada utilizando-se a seguinte fórmula: Resolução = NDN UEF UEF = unidade da escala fixa NDN = número de divisões do nônio Exemplo • Nônio com 10 divisões Resolução = eso~divis 10 mm 1 = 0,1mm • Nônio com 20 divisões Resolução = eso~divis 20 mm 1 = 0,05mm • Nônio com 50 divisões Resolução = eso~divis 50 mm 1 = 0,02mm Sistema métrico Leitura no sistema métrico Na escala fixa ou principal do paquímetro, a leitura feita antes do zero do nônio corresponde à leitura em milímetro. Em seguida, você deve contar os traços do nônio até o ponto em que um deles coincidir com um traço da escala fixa. Depois, você soma o número que leu na escala fixa ao número que leu no nônio. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 38 Para você entender o processo de leitura no paquímetro, são apresentados, a seguir, exemplos de leitura. • Escala em milímetro e nônio com 10 divisões Resolução: NDN UEF = div. 10 mm 1 = 0,1mm Leitura 1,0mm → escala fixa 0,3mm → nônio (traço coincidente: 3º) 1,3mm → total (leitura final) Leitura 103,0mm → escala fixa 0,5mm → nônio (traço coincidente: 5º) 103,5mm → total (leitura final) • Escala em milímetro e nônio com 20 divisões Resolução = 20 mm 1 = 0,05mm Leitura 73,00mm → escala fixa 0,65mm → nônio 73,65mm → total Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 39 • Escala em milímetro e nônio com 50 divisões Resolução = 50 mm 1 = 0,02mm Leitura 68,00mm → escala fixa 0,32mm → nônio 68,32mm → total Sistema inglês Um problema Agora que o pessoal da empresa aprendeu a leitura de paquímetros no sistema métrico, é necessário aprender a ler no sistema inglês. Este é o assunto a ser estudado nesta aula. Leitura de polegada milesimal No paquímetro em que se adota o sistema inglês, cada polegada da escala fixa divide- se em 40 partes iguais. Cada divisão corresponde a: 40 1" (que é igual a 0,025") Como o nônio tem 25 divisões, a resoluçãodesse paquímetro é: Resolução = NDN UEF R= 25 025"0, = 0,001” O procedimento para leitura é o mesmo que para a escala em milímetro. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 40 Contam-se as unidades 0,025" que estão à esquerda do zero (0) do nônio e, a seguir, somam-se os milésimos de polegada indicados pelo ponto em que um dos traços do nônio coincide com o traço da escala fixa. Leitura 0,050" → escala fixa + 0,014" → nônio 0,064" → total Leitura 1,700" → escala fixa + 0,021" → nônio 1,721" → total Leitura de polegada fracionária No sistema inglês, a escala fixa do paquímetro é graduada em polegada e frações de polegada. Esses valores fracionários da polegada são complementados com o uso do nônio. Para utilizar o nônio, precisamos saber calcular sua resolução: Resolução = NDN UEF = 8 16 1" = R= 128 1 8 1x 16 18 16 1 ==÷ Assim, cada divisão do nônio vale 128 1" . Duas divisões corresponderão a 2" 128 ou 1" 64 e assim por diante. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 41 A partir daí, vale a explicação dada no item anterior: adicionar à leitura da escala fixa a do nônio. Exemplo Na figura a seguir, podemos ler na 3" 4 escala fixa e 3" 128 no nônio. A medida total eqüivale à soma dessas duas leituras. Escala fixa → 3 16 3" nônio → 128 5" Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 42 Portanto: 1 16 3 + 128 5 ⇒ 1 128 24 + 128 5 Total: 1 128 29" Escala fixa → 16 1" nônio → 128 6" Portanto: 16 1 + 128 6 ⇒ 128 8 + 128 6 = 128 14 Total: 64 7" Observação As frações sempre devem ser simplificadas. Você deve ter percebido que medir em polegada fracionária exige operações mentais. Para facilitar a leitura desse tipo de medida, recomendamos os seguintes procedimentos: 1º passo Verifique se o zero (0) do nônio coincide com um dos traços da escala fixa. Se coincidir, faça a leitura somente na escala fixa. Leitura = 7 4 1" Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 43 2º passo Quando o zero (0) do nônio não coincidir, verifique qual dos traços do nônio está nessa situação e faça a leitura do nônio. 3º passo Verifique na escala fixa quantas divisões existem antes do zero (0) do nônio. 4º passo Sabendo que cada divisão da escala fixa eqüivale a 16 1 = 32 2 = 64 4 = 128 8 e com base na leitura do nônio, escolhemos uma fração da escala fixa de mesmo denominador. Por exemplo: Leitura do nônio 64 3" fração escolhida da escala fixa 64 4" Leitura do nônio 128 7" fração escolhida da escala fixa 128 8" 5º passo Multiplique o número de divisões da escala fixa (3º passo) pelo numerador da fração escolhida (4º passo). Some com a fração do nônio (2º passo) e faça a leitura final. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 44 Exemplos de leitura utilizando os passos a. 2º passo → 64 3" 3º passo → 1 divisão 4º passo → 64 3" fração escolhida → 64 4" 5º passo → 1 x 64 4 + 64 3" = 64 7" Leitura final: 64 7" b. 2º passo → 128 3" 3º passo → 2" + 8 divisões 4º passo → 128 3" fração escolhida 128 8" 5º passo → 2” + 8 x 128 8 + 128 3" = 2 128 67" Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 45 Leitura final: 2 128 67" Colocação de medida no paquímetro em polegada fracionária Para abrir um paquímetro em uma medida dada em polegada fracionária, devemos: 1º passo Verificar se a fração tem denominador 128. Se não tiver, deve-se substituí-la pela sua equivalente, com denominador 128. Exemplo 64 9" não tem denominador 128. 64 9" → 128 18" é uma fração equivalente, com denominador 128. Observação O numerador é dividido por 8, pois 8 é o número de divisões do nônio. 2º passo Dividir o numerador por 8. Utilizando o exemplo acima: 18 8 2 2 resto quociente Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 46 3º passo O quociente indica a medida na escala fixa; o resto mostra o número do traço do nônio que coincide com um traço da escala fixa. Outro exemplo: abrir o paquímetro na medida 128 25" A fração já está com denominador 128. 25 8 1 3 resto quociente O paquímetro deverá indicar o 3º traço da escala fixa e apresentar o 1º traço do nônio coincidindo com um traço da escala fixa. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 47 Conservação • Manejar o paquímetro sempre com todo cuidado, evitando choques. • Não deixar o paquímetro em contato com outras ferramentas, o que pode lhe causar danos. • Evitar arranhaduras ou entalhes, pois isso prejudica a graduação. • Ao realizar a medição, não pressionar o cursor além do necessário. • Limpar e guardar o paquímetro em local apropriado, após sua utilização. Erros de leitura Além da falta de habilidade do operador, outros fatores podem provocar erros de leitura no paquímetro, como, por exemplo, a paralaxe e a pressão de medição. Paralaxe Dependendo do ângulo de visão do operador, pode ocorrer o erro por paralaxe, pois devido a esse ângulo, aparentemente há coincidência entre um traço da escala fixa com outro da móvel. O cursor onde é gravado o nônio, por razões técnicas de construção, normalmente tem uma espessura mínima (a), e é posicionado sobre a escala principal. Assim, os traços do nônio (TN) são mais elevados que os traços da escala fixa (TM). Colocando o instrumento em posição não perpendicular à vista e estando sobrepostos os traços TN e TM, cada um dos olhos projeta o traço TN em posição oposta, o que ocasiona um erro de leitura. Para não cometer o erro de paralaxe, é aconselhável que se faça a leitura situando o paquímetro em uma posição perpendicular aos olhos. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 48 Pressão de medição Já o erro de pressão de medição origina-se no jogo do cursor, controlado por uma mola. Pode ocorrer uma inclinação do cursor em relação à régua, o que altera a medida. Para se deslocar com facilidade sobre a régua, o cursor deve estar bem regulado: nem muito preso, nem muito solto. O operador deve, portanto, regular a mola, adaptando o instrumento à sua mão. Caso exista uma folga anormal, os parafusos de regulagem da mola devem ser ajustados, girando-os até encostar no fundo e, em seguida, retornando 1/8 de volta aproximadamente. Após esse ajuste, o movimento do cursor deve ser suave, porém sem folga. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 49 Forma de contato As recomendações seguintes referem-se à utilização do paquímetro para determinar medidas: • externas; • internas; • de profundidade; • de ressaltos. Nas medidas externas, a peça a ser medida deve ser colocada o mais profundamente possível entre os bicos de medição para evitar qualquer desgaste na ponta dos bicos. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 50 Para maior segurança nas medições, as superfícies de medição dos bicos e da peça devem estar bem apoiadas. Nas medidas internas, as orelhas precisam ser colocadas o mais profundamente possível. O paquímetro deve estar sempre paralelo à peça que está sendo medida. Para maior segurança nas medições de diâmetros internos, as superfícies de medição das orelhas devem coincidir com a linha de centro do furo. Toma-se,então, a máxima leitura para diâmetros internos e a mínima leitura para faces planas internas. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 51 No caso de medidas de profundidade, apoia-se o paquímetro corretamente sobre a peça, evitando que ele fique inclinado. Nas medidas de ressaltos, coloca-se a parte do paquímetro apropriada para ressaltos perpendicularmente à superfície de referência da peça. Não se deve usar a haste de profundidade para esse tipo de medição, porque ela não permite um apoio firme. Técnica de utilização do paquímetro Para ser usado corretamente, o paquímetro precisa: • ter seus encostos limpos; • que a peça a ser medida esteja posicionada corretamente entre os encostos. É importante abrir o paquímetro com uma distância maior que a dimensão do objeto a ser medido. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 52 O centro do encosto fixo deve ser encostado em uma das extremidades da peça. Convém que o paquímetro seja fechado suavemente até que o encosto móvel toque a outra extremidade. Feita a leitura da medida, o paquímetro deve ser aberto e a peça retirada, sem que os encostos a toquem. Em resumo destacamos os seguintes erros de leitura: • Paralaxe; • Pressão de medição; • Forma de contato; • Habilidade do operador; • Conservação do instrumento e dentre outros. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 53 Micrômetro O micrômetro é um instrumento que permite medição com grande exatidão, e que possui uma variedade de modelos cujas principais características serão apresentadas a seguir. Origem e função do micrômetro Jean Louis Palmer apresentou, pela primeira vez, um micrômetro para requerer sua patente. O instrumento permitia a leitura de centésimos de milímetro, de maneira simples. Com o decorrer do tempo, o micrômetro foi aperfeiçoado e possibilitou medições mais rigorosas e exatas do que o paquímetro. De modo geral, o instrumento é conhecido como micrômetro. Na França, entretanto, em homenagem ao seu inventor, o micrômetro é denominado palmer. Micrômetro de Palmer (1848) Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 54 Princípio de funcionamento O princípio de funcionamento do micrômetro assemelha-se ao do sistema parafuso e porca. Assim, há uma porca fixa e um parafuso móvel que, se der uma volta completa, provocará um descolamento igual ao seu passo. Desse modo, dividindo-se a "cabeça" do parafuso, pode-se avaliar frações menores que uma volta e, com isso, medir comprimentos menores do que o passo do parafuso. Nomenclatura Vamos ver os principais componentes de um micrômetro: • Arco é constituído de aço especial ou fundido, tratado termicamente para eliminar as tensões internas; • Isolante térmico, fixado ao arco, evita sua dilatação porque isola a transmissão de calor das mãos para o instrumento; • Fuso micrométrico é construído de aço especial temperado e retificado para garantir exatidão do passo da rosca; • As faces de medição tocam a peça a ser medida e, para isso, apresentam-se rigorosamente planos e paralelos. Em alguns instrumentos, os contatos são de metal duro, de alta resistência ao desgaste; • A porca de ajuste permite o ajuste da folga do fuso micrométrico, quando isso é necessário; Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 55 • Tambor é onde se localiza a escala centesimal. Ele gira ligado ao fuso micrométrico. Portanto, a cada volta, seu deslocamento é igual ao passo do fuso micrométrico; • A catraca ou fricção assegura uma pressão de medição constante; • A trava permite imobilizar o fuso numa medida predeterminada. Componentes de um micrômetro Tipos e usos Características Os micrômetros caracterizam-se pela: • Capacidade - A capacidade de medição dos micrômetros normalmente é de 25mm (ou 1"), variando o tamanho do arco de 25 em 25mm (ou 1 em 1"). Podem chegar a 2.000mm (ou 80"). • Resolução - A resolução nos micrômetros pode ser de 0,01mm; 0,001mm; 0,001" ou 0,000 1". No micrômetro de 0 a 25mm ou de 0 a 1", quando as faces dos contatos estão juntas, a borda do tambor coincide com o traço zero (0) da bainha. A linha longitudinal, gravada na bainha, coincide com o zero (0) da escala do tambor. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 56 Aplicação Para diferentes aplicações, temos os seguintes tipos de micrômetro. De profundidade Conforme a profundidade a ser medida, utilizam-se hastes de extensão, que são fornecidas juntamente com o micrômetro. Com arco profundo Serve para medições de espessuras de bordas ou de partes salientes das peças. Com disco nas hastes O disco aumenta a área de contato possibilitando a medição de papel, cartolina, couro, borracha, pano etc. Também é empregado para medir dentes de engrenagens. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 57 Para medição de roscas Especialmente construído para medir roscas triangulares, este micrômetro possui as hastes furadas para que se possa encaixar as pontas intercambiáveis, conforme o passo para o tipo da rosca a medir. Com contato em forma de V É especialmente construído para medição de ferramentas de corte que possuem número ímpar de cortes (fresas de topo, macho, alargadores etc.). Os ângulos em V dos micrômetros para medição de ferramentas de 3 cortes é de 60º; 5 cortes, 108º e 7 cortes, 128º34'17". 3 cortes, 60° 5 cortes, 108° Para medir parede de tubos Este micrômetro é dotado de arco especial e possui o contato a 90º com a haste móvel, o que permite a introdução do contato fixo no furo do tubo. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 58 Contador mecânico É para uso comum, porém sua leitura pode ser efetuada no tambor ou no contador mecânico. Facilita a leitura independentemente da posição de observação (erro de paralaxe). Digital eletrônico Ideal para leitura rápida, livre de erros de paralaxe, próprio para uso em controle estatístico de processos, juntamente com microprocessadores. Sistema Métrico Micrômetro com resolução de 0,01mm Vejamos como se faz o cálculo de leitura em um micrômetro. A cada volta do tambor, o fuso micrométrico avança uma distância chamada passo. A resolução de uma medida tomada em um micrômetro corresponde ao menor deslocamento do seu fuso. Para obter a medida, divide-se o passo pelo número de divisões do tambor. Resolução = tambor do divisões de meronú comicrométri fuso do rosca da passo Se o passo da rosca é de 0,5mm e o tambor tem 50 divisões, a resolução será: 50 0,5mm = 0,01mm Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 59 Assim, girando o tambor, cada divisão provocará um deslocamento de 0,01mm no fuso. Leitura no micrômetro com resolução de 0,01mm 1º passo - leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha. 2º passo - leitura dos meios milímetros, também na escala da bainha. 3º passo - leitura dos centésimos de milímetro na escala do tambor. Exemplos Micrômetro com resolução de 0,001mm Quando no micrômetro houver nônio, ele indica o valor a ser acrescentado à leitura obtida na bainha e no tambor. A medida indicada pelo nônio é igual à leitura do tambor, dividida pelo número de divisões do nônio. Se o nônio tiver dez divisões marcadas na bainha, sua resolução será: R = 10 0,01 = 0,001mm Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 60 Leitura no micrômetro com resolução de 0,001mm 1º passo - leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha. 2º passo - leitura dos meios milímetros na mesma escala.3º passo - leitura dos centésimos na escala do tambor. 4º passo - leitura dos milésimos com o auxílio do nônio da bainha, verificando qual dos traços do nônio coincide com o traço do tambor. Leituras no micrômetro com resolução de 0,001mm Sistema inglês Um problema Embora o sistema métrico seja oficial no Brasil, muitas empresas trabalham com o sistema inglês. É por isso que existem instrumentos de medição nesse sistema, inclusive micrômetros, cujo uso depende de conhecimentos específicos. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 61 Leitura no sistema inglês No sistema inglês, o micrômetro apresenta as seguintes características: • Na bainha está gravado o comprimento de uma polegada, dividido em 40 partes iguais. Desse modo, cada divisão equivale a 1" : 40 = 0,025"; • Tambor do micrômetro, com resolução de 0,001", possui 25 divisões. Para medir com o micrômetro de resolução 0,001", lê-se primeiro a indicação da bainha. Depois, soma-se essa medida ao ponto de leitura do tambor que coincide com o traço de referência da bainha. Exemplo bainha → 0,675" + tambor → 0,019" leitura → 0,694" Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 62 Micrômetro com resolução de 0,0001" Para a leitura no micrômetro de 0,0001", além das graduações normais que existem na bainha (25 divisões), há um nônio com dez divisões. O tambor divide-se, então, em 250 partes iguais. A leitura do micrômetro é: Sem o nônio → resolução = tambor do divisões demeronú rosca da passo = 25 0,025" = 0,001” Com o nônio → resolução = nônio do divisões de meronú tambor do resolucão = 10 0,001" = 0,0001” Para medir, basta adicionar as leituras da bainha, do tambor e do nônio. Exemplo bainha → 0,375” + tambor → 0,005” + nônio → 0,0004” leitura total → 0,3804” Calibração (regulagem da bainha) Antes de iniciar a medição de uma peça, devemos calibrar o instrumento de acordo com a sua capacidade. Para os micrômetros cuja capacidade é de 0 a 25mm, ou de 0 a 1", precisamos tomar os seguintes cuidados: • Limpe cuidadosamente as partes móveis eliminando poeiras e sujeiras, com pano macio e limpo; • Antes do uso, limpe as faces de medição; use somente uma folha de papel macio; • Encoste suavemente as faces de medição usando apenas a catraca; em seguida, verifique a coincidência das linhas de referência da bainha com o zero do tambor; se estas não coincidirem, faça o ajuste movimentando a bainha com a chave de micrômetro, que normalmente acompanha o instrumento. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 63 Para calibrar micrômetros de maior capacidade, ou seja, de 25 a 50mm, de 50 a 75mm etc. ou de 1" a 2", de 2" a 3" etc., deve-se ter o mesmo cuidado e utilizar os mesmos procedimentos para os micrômetros citados anteriormente, porém com a utilização de barra-padrão para calibração. Conservação • Limpar o micrômetro, secando-o com um pano limpo e macio (flanela); • Untar o micrômetro com vaselina líquida, utilizando um pincel; • Guardar o micrômetro em armário ou estojo apropriado, para não deixá-lo exposto à sujeira e à umidade; • Evitar contatos e quedas que possam riscar ou danificar o micrômetro e sua escala. Micrômetro interno É um micrômetro de alta exatidão, destinado exclusivamente para medições de dimensões internas como furos cilíndricos, furos quadrados ou retangulares, rasgos e canais, etc. Tipos de micrômetro interno Para medição de partes internas empregam-se dois tipos de micrômetros: micrômetro interno de três contatos, micrômetro interno de dois contatos (tubular e tipo paquímetro). Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 64 Micrômetro interno de três contatos Este tipo de micrômetro é usado exclusivamente para realizar medidas em superfícies cilíndricas internas, permitindo leitura rápida e direta. Apresenta grande robustez, sendo fabricado de aço inoxidável. Sua característica principal é a de ser auto- centrante, devido à forma e à disposição de suas pontas de contato, que formam, entre si, um ângulo de 120º. Micrômetro interno de três contatos com pontas intercambiáveis Esse micrômetro é apropriado para medir furos roscados, canais e furos sem saída, pois suas pontas de contato podem ser trocadas de acordo com a peça que será medida. Observe a ilustração abaixo. Para obter a resolução, basta dividir o passo do fuso micrométrico pelo número de divisões do tambor. Resolução = tambor do divisões de meronú comicrométri fuso do passo = 100 0,5 = 0,005mm Sua leitura é feita no sentido contrário à do micrômetro externo. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 65 A leitura em micrômetros internos de três contatos é realizada da seguinte maneira: • tambor encobre a divisão da bainha correspondente a 36,5mm; • a esse valor deve-se somar aquele fornecido pelo tambor: 0,240mm; • valor total da medida será, portanto: 36,740mm. Precaução Devem-se respeitar, rigorosamente, os limites mínimo e máximo da capacidade de medição, para evitar danos irreparáveis ao instrumento. Micrômetros internos de dois contatos Os micrômetros internos de dois contatos são o tubular e o tipo paquímetro Micrômetro interno tubular O micrômetro tubular é empregado para medições internas acima de 30mm. Devido ao uso em grande escala do micrômetro interno de três contatos pela sua versatilidade, o micrômetro tubular atende quase que somente a casos especiais, principalmente as grandes dimensões. O micrômetro tubular utiliza hastes de extensão com dimensões de 25 a 2.000mm. As hastes podem ser acopladas umas às outras. Nesse caso, há uma variação de 25mm em relação a cada haste acoplada. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 66 As figuras a seguir ilustram o posicionamento para a medição. Micrômetro tipo paquímetro Esse micrômetro serve para medidas acima de 5mm e, a partir daí, varia de 25 em 25mm. A leitura em micrômetro tubular e micrômetro tipo paquímetro é igual à leitura em micrômetro externo. Observação A calibração dos micrômetros internos tipo paquímetro e tubular é feita por meio de anéis de referência, dispositivos com blocos-padrões ou com micrômetro externo. Os micrômetros internos de três contatos são calibrados com anéis de referência. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 67 Bloco-padrão Os blocos-padrões são peças utilizadas como padrão de referência na indústria moderna, desde o laboratório até a oficina, para auxiliar os dispositivos de medição, as traçagens de peças e as próprias máquinas operatrizes. Para realizar qualquer medida, é necessário estabelecer previamente um padrão de referência. Ao longo do tempo, diversos padrões foram adotados (o pé, o braço etc) até se chegar ao sistema métrico. Em 1898, C. E. Johanson solicitou a patente de blocos-padrão: peças em forma de pequenos paralelepípedos, padronizadas nas dimensões de 30 ou 35mm x 9mm, variando de espessura a partir de 0,5mm. Atualmente, são encontrados nas indústrias blocos-padrões em milímetro e em polegada. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 68 Existem jogos de blocos-padrões com diferentes quantidades de peças. Não devemos, porém, adotá-los apenas por sua quantidade de peças, mas pela variação de valores existentes em seus blocos fracionários. As dimensões dos blocos-padrões são extremamente exatas, mas o uso constante pode interferir nessa exatidão. Por isso, são usados os blocos-protetores, mais resistentes, com a finalidade de impedir queos blocos-padrões entrem em contato direto com instrumentos ou ferramentas. Bloco-padrão protetor A fabricação dos protetores obedece às mesmas normas utilizadas na construção dos blocos-padrões normais. Entretanto, emprega-se material que permite a obtenção de maior dureza. Geralmente são fornecidos em jogos de dois blocos, e suas espessuras normalmente são de 1, 2 ou 2,5mm, podendo variar em situações especiais. Os blocos protetores têm como finalidade proteger os blocos-padrões no momento de sua utilização. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 69 Exemplo da composição de um jogo de blocos-padrões, contendo 114 peças, já incluídos dois blocos protetores: • 2 - blocos-padrões protetores de 2,00mm de espessura; • 1 - blocos padrões de 1,0005mm; • 9 - blocos padrões de 1,001; 1,002; 1,003... 1,009mm; • 49 - blocos padrões de 1,01; 1,02; 1,03... 1,49mm; • 49 - blocos padrões de 0,50; 1,00; 1,50; 2,00... 24,5mm; • 4 - blocos padrões de 25; 50; 75 e 100mm. Classificação De acordo com o trabalho, os blocos-padrões são encontrados em quatro classes. DIN/ISO/JIS BS FS Aplicação 00 00 1 Para aplicação científica ou calibração de blocos-padrão. 0 0 2 Calibração de blocos-padões destinados a operação de inspeção, e calibração de instrumentos. 1 Ι 3 Para inspeção e ajuste de instrumentos de medição nas áreas de inspeção. 2 ΙΙ B Para uso em oficinas e ferramentas. Normas: DIN. 861 FS. (Federal Standard) GCG-G-15C BS (British Standard) 4311 ISSO 3650 JIS B-7506 Nota É encontrado também numa classe denominada K, que é classificada entre as classes 00 e 0, porque apresenta as características de desvio dimensional dos blocos-padões classe 0, porém com desvio de paralelismo das faces similar aos blocos-padrões da classe 00. É normalmente utilizado para a calibração de blocos-padrões nos laboratórios de referência, devido ao custo reduzido em relação ao bloco de classe 00. Os materiais mais utilizados para a fabricação dos blocos-padrões são: • aço; • metal duro; • cerâmica. Aço Atualmente é o mais utilizado nas indústrias. O aço é tratado termicamente para garantir a estabilidade dimensional, além de assegurar dureza acima de 800 HV. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 70 Metal duro São blocos geralmente fabricados em carboneto de tungstênio. Hoje, este tipo de bloco- padrão é mais utilizado como bloco protetor. A dureza deste tipo de bloco-padrão situa-se acima de 1.500HV. Cerâmica O material básico utilizado é o zircônio. A utilização deste material ainda é recente, e suas principais vantagens são a excepcional estabilidade dimensional e a resistência à corrosão. A dureza obtida nos blocos-padrões de cerâmica situa-se acima de 1.400HV. Erros admissíveis As normas internacionais estabelecem os erros dimensionais e de planeza nas superfícies dos blocos-padrões. Segue abaixo uma tabela com os erros permissíveis para os blocos-padrões (norma DIN/ISO/JIS), e orientação de como determinar o erro permissível do bloco-padrão, conforme sua dimensão e sua classe. Dimensão Exatidão a 20°C (μm) (mm) Classe 00 Classe 0 Classe 1 Classe 2 até 10 ±0.06 ±0.12 ±0.20 ±0.45 10 - 25 ±0,07 ±0.14 ±0.30 ±0.60 25 - 50 ±0.10 ±0.20 ±0.40 ±0.80 50 - 75 ±0.12 ±0.25 ±0.50 ±1.00 75 - 100 ±0.14 ±0.30 ±0.60 ±1.20 100 - 150 ±0.20 ±0.40 ±0.80 ±1.60 150 - 200 ±0.25 ±0.50 ±1.00 ±2.00 200 - 250 ±0.30 ±0.60 ±1.20 ±2.40 250 - 300 ±0.35 ±0.70 ±1.40 ±2.80 300 - 400 ±0.45 ±0.90 ±1.80 ±3.60 400 - 500 ±0.50 ±1.10 ±2.20 ±4.40 500 - 600 ±0.60 ±1.30 ±2.60 ±5.00 600 - 700 ±0.70 ±1.50 ±3.00 ±6.00 700 - 800 ±0.80 ±1.70 ±3.40 ±6.50 800 - 900 ±0.90 ±1.90 ±3.80 ±7.50 900 – 1.000 ±1.00 ±2.00 ±4.20 ±8.00 DIN / ISO / JIS Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 71 Exemplo Para saber a tolerância de um bloco-padrão de 30mm na classe 0 (DIN), basta descer a coluna Dimensão, localizar a faixa em que se situa o bloco-padrão (no caso 30mm), e seguir horizontalmente a linha até encontrar a coluna correspondente à classe desejada (classe 0). Dimensão Classe 00 Classe 0 Classe 1 Classe 2 até 10mm ↓ 10 a 25mm ↓ 25 a 50mm → → → ± 0,20 50 a 75mm No caso do exemplo, um bloco-padrão de 30mm na classe 0 pode apresentar desvio de até ± 0,20µm. Técnica de empilhamento Os blocos deverão ser, inicialmente, limpos com algodão embebido em benzina ou em algum tipo de solvente. Depois, retira-se toda impureza e umidade, com um pedaço de camurça, papel ou algo similar, que não solte fiapos. Os blocos são colocados de forma cruzada, um sobre o outro. Isso deve ser feito de modo que as superfícies fiquem em contato. Em seguida devem ser girados lentamente, exercendo-se uma pressão moderada até que suas faces fiquem alinhadas e haja perfeita aderência de modo a expulsar a lâmina de ar que as separa. A aderência assim obtida parece ser conseqüência do fenômeno físico conhecido como atração molecular (com valor de aproximadamente Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 72 500N/cm2), e que produz a aderência de dois corpos metálicos que tenham superfície de contato finamente polidas. Para a montagem dos demais blocos, procede-se da mesma forma, até atingir a medida desejada. Em geral, são feitas duas montagens para se estabelecer os limites máximo e mínimo da dimensão que se deseja calibrar, ou de acordo com a qualidade prevista para o trabalho (IT). Exemplo Os blocos-padrões podem ser usados para verificar um rasgo em forma de rabo de andorinha com roletes, no valor de 12,573 + 0,005. Devemos fazer duas montagens de blocos-padrões, uma na dimensão mínima de 12,573mm e outra na dimensão máxima de 12,578mm. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 73 Faz-se a combinação por blocos de forma regressiva, procurando utilizar o menor número possível de blocos. A técnica consiste em eliminar as últimas casas decimais, subtraindo da dimensão a medida dos blocos existentes no jogo. Exemplo Dimensão máxima Dimensão mínima 12,578 12,573 DIM 12,578 4,000 DIM 12,578 BLOCO − → 2 blocos protetores 7,570 DIM 1,008 BLOCO − → 1 6,300 DIM 1,270 BLOCO → 1 5,000 DIM 1,300 BLOCO − → 1 blocos 6 1 0 5,000- BLOCO → DIM 12,573 8,573 DIM 4,000 BLOCO − → 2 blocos protetores 7,570 DIM 1,003 BLOCO − → 1 6,500 DIM 1,070 BLOCO − → 1 blocos 5 1 0 6,500 - BLOCO → Blocos e acessórios Há acessórios de diversos formatos que, juntamente com os blocos-padrões, permitem que se façam vários tipos de controle. Verificação de um calibrador de boca Verificação de distância entre furos Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 74 Grampo para fixar blocos-padrões conservando as montagens posicionadas Observação No jogo consta um só padrão de cada medida, não podendo haver repetição de blocos. Existe um suporte, acoplado a uma base, que serve para calibrar o micrômetro interno de dois contatos. Nele, pode-se montar uma ponta para traçar, com exatidão, linhas paralelas à base. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 75 Geralmente, os acessórios são fornecidos em jogos acondicionados em estojos protetores. Conservação • Evitar a oxidação pela umidade, marcas dos dedos ou aquecimento utilizando luvas sempre que possível; • Evitar quedas de objetos sobre os blocose não deixá-los cair; • Limpar os blocos após sua utilização com benzina pura, enxugando-os com camurça ou pano. Antes de guardá-los, é necessário passar uma leve camada de vaselina (os blocos de cerâmica não devem ser lubrificados); • Evitar contato dos blocos-padrões com desempeno, sem o uso dos blocos protetores. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 76 Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 77 Tolerância dimensional Num conjunto mecânico, as peças não funcionam isoladamente, mas trabalham associadas a outras peças, desempenhando funções determinadas; portanto, é indispensável que se articulem corretamente conforme prescrito no projeto. Os desvios aceitáveis, para mais ou para menos nas características dimensionais das peças, constituem o que chamamos de tolerância dimensional. As peças produzidas dentro das tolerâncias especificadas podem não ser idênticas entre si, mas quando montadas em conjunto devem funcionar perfeitamente. Do mesmo modo, se for necessário substituir uma peça de qualquer conjunto mecânico, é necessário que a peça substituta seja semelhante à peça substituída, isto é, elas devem ser intercambiáveis. A construção de peças intercambiáveis, atendendo a padrões de qualidade competitiva no processo produtivo industrial, só é possível se os valores de medidas obedecerem racionalmente às tolerâncias dimensionais e ajustes propostos pelo projeto. A fabricação de peças intercambiáveis segue um conjunto de princípios e regras normalizados. No Brasil, a norma que estabelece o procedimento adequado para uma escolha racional de tolerâncias e ajustes nas características dimensionais das peças é a NBR 6158:1995, baseada na ISO 286-1 e ISO 286-2:1988. Para a compreensão da norma técnica é necessário definir alguns termos adotados. Eixo É o termo convencional utilizado para descrever uma característica externa de uma peça, incluindo também elementos não cilíndricos. Eixo-base É o eixo cujo afastamento superior é zero. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 78 Furo É o termo convencional utilizado para descrever uma característica interna de uma peça, incluindo também elementos não cilíndricos. Furo-base É o furo cujo afastamento inferior é igual a zero. Elemento Parte em observação de uma peça que pode ser um ponto, uma reta ou uma superfície. Dimensão É um número que expressa em uma unidade particular o valor numérico de uma dimensão linear. Dimensão nominal É a dimensão a partir da qual são derivadas as dimensões limites pela aplicação dos afastamentos superior e inferior. Dimensão efetiva É a dimensão de um elemento, obtida pela medição. Dimensão limite São as duas dimensões extremas permissíveis para um elemento, entre as quais a dimensão efetiva deve estar. Dimensão máxima É a maior dimensão admissível de um elemento. Dimensão mínima É a menor dimensão admissível de um elemento. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 79 Linha zero É a linha reta que representa a dimensão nominal e serve de origem aos afastamentos em uma representação gráfica de tolerâncias e ajustes. De acordo com a convenção adotada, a linha zero é desenhada horizontalmente, com afastamentos positivos mostrados acima e afastamentos negativos abaixo. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 80 Afastamentos fundamentais É a diferença algébrica entre qualquer um dos tipos de dimensão (dimensão efetiva, dimensão limite, etc.) e a correspondente dimensão nominal. Os afastamentos são designados por letras maiúsculas para furos (A...ZC) e por letras minúsculas para eixos (a...zc). • Afastamento superior (ES, es) é a diferença algébrica entre a dimensão máxima e a correspondente dimensão nominal. No caso de afastamentos em furos, usam-se as letras maiúsculas ES; quando se trata de eixos, usam-se as minúsculas es. • Afastamento inferior (EI, ei) é a diferença algébrica entre a dimensão mínima e a correspondente dimensão nominal. As letra EI designam afastamentos em furos e as letras ei são usadas em eixos. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 81 A figura a seguir mostra a representação esquemática das posições dos afastamentos fundamentais em relação à linha zero. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 82 Por convenção, o campo de tolerância dos eixos será representado por hachuras à esquerda (eixo) e à direita (furo). Na representação dos furos, as hachuras serão desenhadas à direita com maior espaçamento do que na representação dos eixos. Conforme mostra a figura a seguir: Tolerância É a diferença entre a dimensão máxima e a dimensão mínima, ou seja, diferença entre o afastamento superior e o afastamento inferior em valor absoluto, sem sinal. Tolerância-padrão (IT) Qualquer tolerância pertencente a este sistema. As letras IT significam International Tolerance. Graus de tolerância-padrão (IT) Grupo de tolerância correspondente ao mesmo nível de exatidão para todas as dimensões nominais. Os graus de tolerância-padrão conhecidos também como Qualidade de Trabalho, são designados pelas letras IT e por um número: IT7. Quando o grau de tolerância é associado a um afastamento fundamental para formar uma classe de tolerância, as letras IT são omitidas, como por exemplo h7. O sistema ISO de tolerâncias e ajustes prevê 20 graus de tolerância-padrão, designados IT01, IT0, IT1 a IT18 na faixa de dimensões de 0 a 500mm (inclusive) e 18 graus de tolerância- padrão na faixa de dimensões acima de 500mm até 3.150mm (inclusive), designados IT1 a IT18. O sistema ISO é derivado da ISA Bulletin 25, a qual cobre somente dimensões nominais até 500mm, baseado em experiências praticadas na indústria. Os valores de tolerância-padrão para dimensões nominais a partir de 500mm até 3150mm (inclusive) foram desenvolvidos para propósitos experimentais e uma vez aceitos pela indústria, foram incorporados pelo sistema ISO, mas não será tratado neste trabalho. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 83 Os valores numéricos de alguns graus de tolerância-padrão são apresentados na tabela a seguir. Extrato da tabela de valores numéricos de graus de tolerância-padrão IT Desvios em micrometros (μm) para furo base (H) ou, eixo base (h) Dimensão nominal Graus de tolerância-padrão mm IT6 IT7 IT8 IT9 IT10 IT11 Acima Até e inclusive Tolerância μm - 3 6 10 14 25 40 60 3 6 8 12 18 30 48 75 6 10 9 15 22 36 58 90 10 18 11 18 27 43 70 110 18 30 13 21 33 52 84 130 30 50 16 25 39 62 100 160 50 80 19 30 46 74 120 190 80 120 22 35 54 87 140 220 120 180 25 40 63 100 160 250 Campos de tolerância É uma representação gráfica de tolerâncias que consiste em esquematizar as dimensões máxima e mínima por meio da largura de um retângulo, definindo a magnitude da tolerância e sua posição relativa em relação à linha zero. Metrologia SENAI-SP – INTRANET CT078-09 84 Sistema de tolerância e ajuste ABNT/ISO As tolerâncias não são escolhidas ao acaso. Em 1926, entidades internacionais organizaram um sistema normalizado que acabou sendo adotado no Brasil pela ABTN: o sistema de tolerância e ajustes ABNT/ISO (NBR 6158). O sistema ISO consiste num conjunto de princípios, regras e tabelas que possibilita a escolha racional de tolerâncias e ajustes de modo a tomar mais econômica a produção de peças mecânicas intercambiáveis. Este sistema foi estudado, inicialmente, para a produção de peças mecânicas cilíndricas com até 500mm de diâmetro; depois, foi ampliado para peças com até 3.150mm de diâmetro. Ele estabelece uma série de tolerâncias fundamentais que determinam a precisão da peça, ou seja, a qualidade de trabalho,
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