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Por: Pedro Ribeiro - SV SEPSE Uma saga de confrontos entre velhas e novas definições. Por: Pedro Robeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV PARTE 1 Sepse: Uma entidade meramente inflamatória? Sepse: Por trás das recomendações de uma nova saga! PARTE 2 Sepse Wars 1 Sepse Wars 2 Sepse Wars 3 Sepse Wars 4 PARTE 3 Consenso à vista! Por: Pedro Ribeiro - SV PARTE 1 Sepse: Uma entidade meramente inflamatória? Por: Pedro Ribeiro - SV Vamos conversar um pouquinho com você sobre a patobiologia da sepse, começando com algumas perguntas desafiadoras. 1) Você se satisfaz com a definição clássica de sepse? 2) Já se perguntou se a inflamação progressiva é a única e exclusivamente culpada pela morte dos pacientes? 3) Já teve a curiosidade de pesquisar o que drogas imunossupressoras são capazes de fazer em pacientes sépticos? Essas perguntas não são ouvidas facilmente nos corredores de hospitais nem em salas de aula, mas são de extrema importância para o entendimento da patobiologia da sepse, sendo todas elas amplamente discutidas e pensadas a partir do estudo de Hotchkiss, em 2003 [1]. Lembra-se do meu primeiro texto “Por trás das recomendações: uma nova saga”? Nele, deixei claro que o paradigma imunológico classicamente aceito de sepse foi proposto por Roger Bone e colaboradores em 1992 [2]. Nesse estudo, é dito que a sepse representa uma resposta imunológica descontrolada a uma infecção e que o óbito da vítima dessa doença se deve à inflamação intensa e progressiva. Na época, esse conceito tornou-se amplamente aceito e consolidado. Tendo em vista a clareza com a qual se atribuía a inflamação como causa da morte nos pacientes sépticos, iniciaram-se inúmeros estudos visando combatê-la. Era de se esperar que a imunossupressão iria salvar a vida do paciente séptico. No entanto, todos os estudos, em humanos, falharam. Foram usadas como drogas imunossupressoras: corticoides, anticorpos anti-endotoxinas, anti-fator de necrose tumoral (TNF), antagonista de receptores de interleucina-1 e alguns outros. Nenhum deles conseguiu ser capaz de reduzir a mortalidade desses pacientes (alguns deles inclusive a aumentaram!) [1]. “Fiquei muito confuso agora. Então existe alguma coisa além dessa resposta inflamatória excessiva? ” Por: Pedro Ribeiro - SV Depois do insucesso de todos esses estudos, começaram a surgir dúvidas se a morte em pacientes sépticos seria realmente devido a uma inflamação descontrolada [3,4,5]. Descobriu-se que existem, de fato, fases de imunossupressão na evolução da doença, assim como existem cursos evolutivos diferentes: uns mais pró-inflamatórios e outros mais anti-inflamatórios [6]. Apesar de ambas as respostas terem início logo após a deflagração da sepse, em geral há uma predominância de uma fase inicial hiperinflamatória. Essa predominância depende de inúmeros fatores, como virulência do patógeno invasor, carga bacteriana, variáveis genéticas do nosso organismo, idade e comorbidades [6]. “Beleza, saquei que existem dois tipos de fases de resposta, mas em qual delas o paciente vai falecer? ” Depende. Usando o exemplo do próprio estudo do Hotchkiss de 2013, um paciente jovem previamente saudável que desenvolve uma meningococcemia muito provavelmente vai apresentar uma resposta imune hiperinflamatória mediada por “tempestade de citocinas”, que causa rapidamente febre alta, choque e disfunção de múltiplos órgãos. Já um paciente idoso, diabético, com insuficiência renal e fazendo hemodiálise, e que desenvolve uma pneumonia, pode não apresentar sinais óbvios de sepse. Os únicos sinais podem ser alteração do nível de consciência ou incapacidade de tolerar a hemodiálise devido a hipotensão, hipotermia ou intolerância à glicose. Nesse paciente mais idoso, é bem provável que a fase predominante seja anti-inflamatória. É, eu sei…A fisiopatologia da sepse é muito complexa. Ainda temos uma obscuridade enorme nos cegando para alguns detalhes. A tentativa de acertar a fase na qual a sepse se encontra ainda continua frustra. É muito difícil sabermos, pelo estado inflamatório no qual o paciente se apresenta, em qual dessas curvas ele se encontra e em que fase das mesmas ele está. Esse é um dos motivos para não conseguirmos desenvolver uma terapia imune específica, voltada exatamente para o estado inflamatório do paciente. Ainda não temos biomarcadores que nos digam isso e não é possível sabermos quando o paciente que chega na emergência iniciou os fenômenos inflamatórios e imunológicos. Portanto, ainda é, na maioria das vezes, especulação clínica dizer em qual curva e em qual fase ele se encontra, e não temos informação suficiente a ponto de conseguirmos desenvolver um tratamento mais específico para a síndrome de resposta imunológica em si [6]. O fato é que ainda existe muito o que aprender sobre as fases da resposta imunológica da sepse, e a Sala Vermelha estará acompanhando de perto essas novas descobertas para deixar você sempre atualizado! *** Esse texto foi escrito pelo nosso grande amigo e colaborador da Sala Mateus Bond Boghossian Por: Pedro Ribeiro - SV Sepse: Por trás das recomendações de uma nova saga! Por: Pedro Ribeiro - SV E aí? Já sabe tudo sobre as novas definições, os protocolos atuais e antigos, e os conflitos entre as grandes sociedades continentais? Os textos da Saga Sepse Wars , do meu amigo Pedro, realmente deixam bem claro cada nuance desta revolução que vem ocorrendo. Mas você já se perguntou o que se passa por trás dessas mudanças práticas e “macroscópicas”? Já se indagou como ocorre a famosa disfunção orgânica de que tanto se fala? Já pensou em como cada intervenção proposta atua nesse cenário? Essas e mais várias outras perguntas são respondidas, em parte, pela resposta inflamatória e imune, que, apesar de ainda ser muito individualizada de acordo com o organismo e relativamente obscura, nos ajuda a tirar várias dúvidas práticas. [1] Para começar, o paradigma imunológico classicamente aceito da sepse, estabelecido, em 1992, por Roger Bone e colaboradores [2], sugere que a mesma está presente quando a ativação de vias inflamatórias sistêmicas é deflagrada por uma infecção, independentemente do tipo e das condições da mesma. Essa visão de que sepse é uma síndrome que está indiretamente relacionada à infecção subjacente é refletida na figura clássica proposta, também, por Bone. SIRS. Adaptado de Angus DC, et al. Crit Care Med 2001;29:1303-10 Por: Pedro Ribeiro - SV Apesar de não ser tão simples assim e atualmente sabermos que tanto o tipo de infecção quanto o tipo de resposta inflamatória interferem no surgimento da sepse, essa máxima ainda é aceita. [3] Fique calmo, explicarei depois a diferença entre os modelos descritos! Mas, antes disso, por que não falarmos da resposta inflamatória em si? A inflamação é resultado da resposta do organismo a uma agressão, seja infecciosa, isquêmica ou traumática, e se dá a partir de células do sistema imune, podendo ou não provocar danos ao organismo. No contexto de sepse, a inflamação começa a partir de uma infecção. [4] Imagine a cena de um exército tentando invadir um novo território. Os primeiros do local a reconhecerem essa invasão são os soldados de guarda. Inicialmente, são pegos de surpresa, não conseguindo eliminar a grande quantidade de invasores e sendo facilmente aniquilados. Mas, uma vez que a informação chega ao oficial comandante, a defesa recebe ordens e torna-se muito mais forte, organizada e séria, com grande potencial de combater os intrusos. Nosso sistema imunológico funciona como uma estrutura semelhante a essa. Uma bactéria invasora, ao entrar em contato com o organismo, através dos seus PAMPS (produtos moleculares associados ao patógeno) ou DAMPS (produtos moleculares associados ao dano) gerados pela invasão,é reconhecida pelas primeiras células de defesa, componentes da imunidade inata. Essas células são um pouco atrapalhadas, desorientadas e o único jeito de defenderem alguma coisa é atacar o que enxergam pela frente. São os macrófagos (os soldados de guarda) e os neutrófilos (os primeiros soldados a chegarem). No entanto, alguns macrófagos são mais espertos. Conhecidos como apresentadores de antígenos, eles conseguem capturar informações-chave da invasão e mandá-las, via MHC II, para o general, o comandante do nosso sistema imune: o linfócito T CD4+. Esse linfócito absorve essas informações, treina e orquestra todos os soldados e oficiais do sistema imunológico. Estimula, por exemplo, linfócitos B a produzirem poderosos e precisos anticorpos e dá “superpoderes” aos macrófagos, que se tornam muito mais específicos e capazes de atacar os invasores. [5] Olhando dessa forma, parece que o nosso sistema imune é perfeito, não é? Pois bem, nem sempre. Ele pode ser eficiente e combater os invasores, como pode ser fraco e não conseguir se defender; também pode ser tão ativado e tão reativo que se autoconsome rapidamente e é extinguido, sendo incapaz de oferecer defesa. Olhando para os gráficos abaixo, vamos imaginar as seguintes situações: [1] GRÁFICO A: Nós somos saudáveis, nosso sistema imunológico é bom e conseguimos combater a maioria das infecções. GRÁFICO B: Semelhante à situação A, somos normais e nosso sistema de defesa funciona adequadamente. No entanto, somos invadidos por bactérias extremamente agressivas e nossa resposta imunológica é tão intensa que apresentamos um curso dramático e falecemos antes de sequer chegarmos a um estágio de imunossupressão. Esse é o curso dos doentes sépticos que apresentam a síndrome de Waterhouse- Friderichsen. Por: Pedro Ribeiro - SV GRÁFICO C: Nesta situação, nosso organismo se encontra em um estado de imunossupressão importante, que ocorre, por exemplo, em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e receptores de órgãos transplantados. Esses indivíduos, quando são invadidos por bactérias que não causariam grandes problemas em pessoas saudáveis, podem ir a óbito facilmente. GRÁFICO D: Pessoas normais e saudáveis, mas que não têm seus focos infecciosos controlados (Ex: apendicite supurada que deveria sofrer intervenção cirúrgica, mas não é feito nada), podem apresentar respostas imunológicas adequadas, mas insuficientes para a carga infecciosa existente. GRÁFICO A GRÁFICO B Por: Pedro Ribeiro - SV GRÁFICO C GRÁFICO D Por: Pedro Ribeiro - SV Essas respostas imunológicas variam muito de pessoa para pessoa e dependem, ainda, da idade, do estado do sistema imune, do controle do foco infeccioso e de um delicado equilíbrio entre o estado inflamatório e o controle do mesmo. [1] Diferentes infecções podem deflagrar diferentes respostas. Enterobactérias, como E. coli, Klebsiella e Enterobacter, expressam um tipo de lipopolissacarídeo (LPS) que é facilmente reconhecido por nosso organismo; logo, elas tendem a causar uma intensa inflamação no local da infecção e menos bacteremia. Já o meningococo (Neisseria meningitidis) expressa um tipo de LPS quase invisível, o que faz esse microrganismo ser reconhecido apenas quando ocorre bacteremia significativa e infecção grave do sistema nervoso central. Esse é um dos motivos que levam a temida meningococcemia a ser tão súbita e grave. [6] “Interessante, mas ainda não entendi…como isso tudo vai levar à – atualmente tão comentada – disfunção orgânica?” Excelente pergunta. A lesão orgânica é resultado de uma incapacidade do nosso organismo em direcionar a resposta inflamatória apenas às bactérias invasoras [1, 7]. Todos os radicais livres, espécies reativas de oxigênio, NET (armadilhas extracelulares de neutrófilos) e complemento ativado, liberados para acabar com os patógenos invasores, vão ativar nossas células endoteliais, aumentando a sua permeabilidade e ativando cascatas de coagulação. Essa “tempestade de citocinas”, além de retirar uma quantidade enorme de líquido em nossos vasos, inutiliza e obstrui capilares, formando verdadeiros shunts (desvios) [12] e impedindo a perfusão dos tecidos. Infelizmente, as citocinas, as substâncias agressoras liberadas e os restos de células mortas ativam ainda mais a inflamação, o que, além de perpetuar o processo, torna-o generalizado. Como resultado, haverá um déficit perfusional sistêmico dos tecidos, com lesão e disfunção de múltiplos órgãos. [8] “Beleza, entendi o que é disfunção orgânica e compreendi a sua relação com o processo inflamatório. Mas posso intervir para interromper o processo? Como?” Atualmente, está bem estabelecido que o grau de bacteremia é diretamente proporcional ao grau de lesão orgânica provocada pelo sistema imune, e, quanto mais rapidamente acabarmos com essa quantidade de bactérias e toxinas no sangue, melhor o prognóstico [3]. Esse é o racional para o tão valorizado uso precoce e eficiente dos antibióticos! [9] Ao mesmo tempo, para podermos aumentar a eficiência da antibioticoterapia, é mandatório colhermos culturas do paciente! [9] Por: Pedro Ribeiro - SV Como expliquei antes, o déficit perfusional sistêmico da sepse é um problema muito importante e está intimamente relacionado com a lesão orgânica [8]. Mas de que forma podemos intervir? Rivers, em 2001, ao propor a famosa “Early Goal Directed Therapy” [10], deixou claro que a ressuscitação volêmica precoce e agressiva é fundamental para a sobrevida do paciente séptico. Essa máxima permanece válida até hoje [9]. E o lactato, para que serve? Sua elevação, na sepse, é um dos melhores marcadores de disfunção celular e é um fator independente para aumento de mortalidade. Seus níveis séricos são diretamente proporcionais à gravidade da doença e se traduzem pelo grau de disfunção orgânica/celular que está ocorrendo. O lactato ainda nos ajuda com uma importantíssima definição: quando maior que 2 mmol/ dL e associado à necessidade de vasopressores para manter a pressão arterial média > 65 mmHg, estamos diante de um choque séptico. [11] “Quer dizer então que tanto o diagnóstico e as definições de sepse quanto a sua conduta baseiam-se na disfunção orgânica da doença?” Sim: era exatamente essa a mensagem que queria deixar com o texto de hoje. Então, gostou? As coisas se explicam de forma relativamente fácil, não acha? Mesmo termos tão “espinhosos” no manejo da sepse, como disfunção orgânica, antibioticoterapia precoce, ressuscitação volêmica, lactato e toda a tempestade inflamatória por trás disso, podem, finalmente, ser compreendidos! Quer saber mais sobre este tema fascinante? Dê uma olhada nas referências bibliográficas aqui embaixo…em se tratando de sepse, assunto é o que não falta! *** Esse texto foi escrito pelo nosso grande amigo e colaborador da Sala Mateus Bond Boghossian Por: Pedro Ribeiro - SV PARTE 2 Sepse Wars 1 Sepse Wars 2 Sepse Wars 3 Sepse Wars 4 Por: Pedro Ribeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV Em 1992, foi publicado na CHEST a definição de sepse, que cunhava o dogma de que sepse é SIndrome da Resposta Infalmatória Sistêmica associada a um foco presumido ou conhecido de infecção [1]. Em 2001, o American College of Chest Physicians, julgando os componentes da SIRS insuficientes para o diagnóstico da síndrome, desenvolveram os Critérios Diagnósticos para sepse [2]. Em 2012, publicou-se a maior diretriz para diagnóstico e tratamento da Sepse: o Surviving Sepsis Campaign, que incorporava a definição de 2001 para o diagnóstico. Esse ano foi publicado um novo consenso sobre a definição de sepse. Na prática, isso implica mudança na abordagem inicial ao paciente séptico, bem como na sua classificação. Logo quando você achava que tinha entendido ememorizado a diretriz de 2012 [3] ? Não tema, jovem Padawan! Nesse episódio, vamos compreender melhor o que mudou e, nos seguintes, qual a nova abordagem, seus motivos e o acalorado debate que questiona se as mudanças seriam aplicáveis à nossa realidade ou não. Pois bem, até 2015, paciente séptico era todo indivíduo que apresentasse um foco -presumido ou conhecido- de infecção junto a dois ou mais critérios de Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica – SIRS. Caso esse paciente se mostrasse com sinais de disfunção orgânica, ou seja, se a síndrome fosse capaz de comprometer a função dos órgãos sustentadores de vida, o paciente era classificado como portador de Sepse Grave. Por: Pedro Ribeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV E mais: caso a disfunção orgânica apresentada por esse paciente fosse refratária à reposição volêmica e/ou precisasse de aminas vasoativas para manter uma Pressão Arterial Média acima de 65 mmHg, sua classificação era de Choque Séptico [3]. Complicado? Nem tanto, vai! Com essa abordagem, o que acontece na prática? Todo e qualquer paciente com SIRS [4] acaba entrando no (complexo e caro [5]) protocolo de tratamento da Sepse, pois o foco pode ser simplesmente presumido. Tá, mas e agora? O que mudou? O que mudou é o seguinte: agora, o paciente séptico é aquele que apresenta um foco -conhecido ou presumido- de infecção (até aqui, tudo igual) associado a critérios de disfunção orgânica novos. E como eu vou saber quem tem disfunção orgânica? Utilize o Sequential Organ Failure Assessment Score (SOFA Score) – ‘Escore Sequencial de Falência Orgânica’; esse sistema de pontuação é validado e amplamente difundido, você não terá problemas em aplicá-lo, pois é um sistema bastante intuitivo. [6] Já o paciente em Choque Séptico é aquele que necessita de aminas vasoativas para manter uma Pressão Arterial Média (PAM) acima de 65mmHg e que tem seu Lactato acima do valor de referência (VR) na ausência de hipovolemia. Pedro, você esqueceu de definir Sepse Grave! Não esqueci não, meu caro Padawan, o fato é que o termo Sepse Grave cai por terra, uma vez que, a partir de agora, entendemos que toda Sepse é grave por definição. É isso que temos para o Episódio 1 dessa saga. Pegou tudo? Por: Pedro Ribeiro - SV Tabela 1: SOFA. Adaptado de Singer M, et al. JAMA. 2016;315(8):801-810. Por: Pedro Ribeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV “Beleza, saquei o que de novo temos nas definições de sepse. Mas e minha abordagem, como fica? Que que eu tenho que fazer de diferente?” O primeiro instinto parece nítido: muito simples, eu checo os critérios de disfunção orgânica previstos no SOFA e, se o meu paciente estiver séptico, ele entra no protocolo de volume, culturas e antibióticos precoces. Não é isso não? Bem, nada em medicina é simples assim, agora concentre-se e deixe a força fluir pela sua mente. Exames laboratoriais como bilirrubina, hemograma, ureia e creatinina não têm seus resultados disponibilizados prontamente. E, como sabemos, perder tempo diante de um paciente séptico pode conferir a ele um prognóstico progressivamente ainda mais sombrio [1]. Como no infarto, em que tempo é miocárdio, na Sepse, tempo é vida! O que fazer, então? Os autores do consenso não são bobos, e por isso eles avaliaram, dentre os sinais de disfunção orgânica, quais seriam aplicáveis de imediato na beira do leito e chegaram a uma conclusão. Vamos lá: Taquipneia (mais de 22 incursões respiratórias por minuto), hipotensão (pressão arterial sistólica abaixo de 100mmHg) e rebaixamento do nível de consciência (Escala de Coma de Glasgow diferente de 15) são os três achados potencialmente mais rápidos (quick, do inglês). Daí surge o Quick SOFA, ou qSOFA para os mais íntimos. Nesse sentido, caso o paciente possua dois ou três critérios do qSOFA, consideramos que o paciente tem maior risco de mortalidade e optamos então por dar continuidade à investigação que tem por finalidade definir se há ou não disfunção orgânica. Figura 1. Critério qSOFA. Adaptado de Singer M, et al. JAMA. 2016;315(8):801-810. O problema é que parece não ter ficado muito claro para a comunidade acadêmica em que ponto o protocolo de sepse, que envolve hemoculturas, antibióticos e volume na primeira hora, deveria ser iniciado. Por: Pedro Ribeiro - SV “Eu deveria iniciar o protocolo de sepse assim que detectado um qSOFA maior ou igual a dois? E se ele não tiver SOFA ≥ 2, eu suspendo o protocolo? Ou será que eu devo aguardar até que se confirme um SOFA ≥ 2 para, aí sim, dar início ao protocolo? Existe espaço para o senso do clínico nessa confusão toda? ”. Você está evoluindo consideravelmente em suas perguntas, Padawan. Acontece que em entrevista ao blog de terapia intensiva EmCrit [2], o autor principal do novo consenso [3] Merv Singer parece defender a hipótese que preconiza o início dos cuidados após o médico ter conhecimento do SOFA. “Ué, mas isso não atrasaria a abordagem ao paciente grave? ”. Padawan, sinto que a força está com você hoje! Excelente pergunta! Mas a resposta é não! E por quê? Porque você, malandro que é, vai receber o paciente, aplicar o qSOFA, e caso haja dois ou três critérios, você imediatamente solicitará os exames contemplados pelo SOFA e o Lactato (não esqueça do Lactato!). Tendo isso feito, Merv Singer, defende, acima de qualquer coisa, o bom senso clínico e diz que “…se você acha que seu paciente deve ser tratado precocemente, trate-o!” [2], se não, ele defende a ideia de que o médico aguarde os resultados do SOFA para iniciar o protocolo de culturas, antibióticos e volume. Essa, inclusive, é uma das muitas críticas que têm sido feitas ao Sepsis-3: o diagnóstico da sepse ainda parece bastante subjetivo. Muita discussão ainda tem que rolar, mas o fato é que os autores do consenso foram tão atenciosos que produziram um mapa mental pra simplificar o raciocínio; e claro, nós da Sala Vermelha traduzimos pro bom e velho português pra você não ter desculpa pra não conhecê-lo de cima a baixo. Por: Pedro Ribeiro - SV Parece bom, não? Dá uma lida aqui nos consensos que a galera da Sala Vermelha vai disponibilizar na parte de ‘Leituras Sugeridas’ e qualquer dúvida, conversa com a gente! Leituras sugeridas: Sepse Wars – Episódio I: A Ameaça da Disfunção O terceiro consenso, escrito pelo Merv Singer e seus colaboradores! A campanha do Surviving Sepsis de 2013! (em português!) Ficou curioso sobre a entrevista de Singer por um Blog? Isso é o FOAM, A Medicina do Futuro! Saiba mais aqui! Preparamos também uma imagem divertida para você compartilhar com seus amigos! Será que eles conhecem o qSOFA? Por: Pedro Ribeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV “Ô Pedro, você disse que cabia debate se as novas definições deveriam ou não ser aceitas e não debateu foi nada!” Sua falta de fé em mim é perturbadora, Padawan! Guardei um episódio inteiro dessa saga só pra falar do barraco que isso deu! Vocês já têm ideia do que mudou e os motivos pelos quais as alterações foram propostas, certo? Pois bem, as novas definições foram propostas justamente por países em que há, hoje, uma aplicação excessiva dos protocolos de sepse[1]. “Como assim? ” É aquilo que nós conversamos: os parâmetros de SIRS são extremamente sensíveis, mas muito pouco específicos, de modo que muita gente que não tem sepse – entenda sepse aqui como uma infecção associada à disfunção orgânica – acabaria sendo tratada como sendo portador de sepse, entendeu? “E aí?” E aí que isso não agradou nem um pouco o ILAS -Instituto Latino Americano da Sepse-, que inclusive emitiu uma carta aberta ao público (Anexo 1) explicando suas razões. O cerne dos argumentos propostos foi o fato de as definições terem sido propostas por especialistas exclusivamente advindosde países desenvolvidos, o que acabou negligenciando as necessidades dos países mais pobres. É justamente nesses países (onde o Brasil se inclui) que a sepse é menos conhecida, menos diagnosticada, e tratada de maneira mais tardia, o que aumenta os gastos com tratamento, tempo de internação e mortalidade dos pacientes. Pra que você tenha uma ideia, a mortalidade da sepse no Brasil, segundo o próprio ILAS, chega a assustadores 65%! Enquanto isso, nos países desenvolvidos, essas taxas caem para (ainda assustadores) 30% (Anexo 1). E não pense que só a América Latina se levantou contra essas definições, não! A Associação Norte Americana De Especialistas em Tórax [2] também não ficou nada contente (Anexo 2)! Por: Pedro Ribeiro - SV E isso sem falar nos questionamentos metodológicos e científicos que os estudos [3] que suscitaram a criação do Sepsis-3 têm levantado. Teria o novo consenso sido formulado pelo Lado Negro da Força? Infelizmente essa parte (enorme) vai ficar pra outro episódio, beleza? Pode me cobrar! (Eu sei que você vai me cobrar…) O questionamento que fica , diante desse cenário, é: nós estamos prontos para afunilar o gargalo diagnóstico da sepse? Ou será que ainda é proveitoso batalhar pelo diagnóstico e pela difusão desse conhecimento na população com métodos mais sensíveis? Olha… Quem é Jedi e quem é Sith nessa história eu não sei, somente o tempo e a comunidade científica dirão… O que eu sei é que é dever ético de todo bom médico frente ao seu paciente conhecer muito bem os protocolos, saber quando e como aplicar suas recomendações (e quando NÃO aplicar também!!), portanto, já pro estudo! Não deixe seus amigos virarem um JarJar! Compartilhe com eles as novas definições de Sepse! Que a força esteja com você! =) Por: Pedro Ribeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV É, Padawan… Não parecem dias fáceis para tentar compreender a sepse, não é? A sensação de que nem mesmo as maiores autoridades do assunto são capazes de chegar a um território comum é inevitável. Diante desse cenário nebuloso, o que esperar para o futuro? Existe esperança? Aparentemente, sim. Percebam que as doenças graves potencialmente tratáveis hoje são as grandes síndromes do passado, tome o câncer como exemplo. O que mudou ao longo do tempo? Foi justamente a nossa perspectiva: passamos a identificar substâncias produzidas pelas células tumorais na corrente sanguínea [1], descrevemos tipos celulares específicos, os relacionamos a perfis específicos de pacientes [2], fomos capazes de determinar receptores hormonais e bloqueá- los de uma maneira altamente eficaz [3]. Tudo isso mudou não só o diagnóstico como as perspectivas de tratamento. O que dizer da relação entre troponina e dano miocárdico, então? [4] “Cara, o post não era sobre sepse?” Sim, Padawan. Com essa conversa, eu quero chegar ao ponto de que muito vem se trabalhando para desenvolver/descobrir um marcador fidedigno de sepse [5]. Sabe? Uma espécie de “sepsina” que a gente solicite junto ao laboratório e ela me indique se existe ou não sepse nesse paciente. Alguns esforços já vêm sendo empregados e chegamos a algumas citocinas, marcadores de superfície celular e outros marcadores que, se colocados sob um sistema de escore, poderiam indicar a presença ou não dessa síndrome [5,6]. Porém, nada poderia ser tão fácil. Na sepse, os perfis inflamatórios são muitos, cada um deles com prognósticos e perspectivas diferentes que, pra piorar e terminar de nos confundir, flutuam com o curso natural da doença [6], saca só esses gráficos (não pule os gráficos!): Por: Pedro Ribeiro - SV GRÁFICO 1 Gráfico 1: Demonstração de como ocorre a resposta de um indivíduo normal a um insulto de maior gravidade. Adaptado de Kumar A, et al. Virulence. 2014. GRÁFICO 2 Grafico 2: Demonstração de como ocorre a resposta de um indivíduo imunossuprimido a um insulto de natureza infecciosa. Adaptado de Kumar A, et al. Virulence. 2014. GRÁFICO B Por: Pedro Ribeiro - SV GRÁFICO 3 Gráfico 3: Demonstração de como ocorre a resposta de um indivíduo cujo foco infeccioso não foi controlado. Adaptado de Kumar A, et al. Virulence. 2014. GRÁFICO 4 Gráfico 4: Agora complicou? Que nada! São só os três perfis que nós já te mostramos sobrepostos. Perceba como existem fases de intercessão entre eles e imagine como isso dificultaria a diferenciação de um perfil do outro. Adaptado de Kumar A, et al. Virulence. 2014. “E o que eu tenho a ver com isso?” Você está imerso numa realidade em que nós nos vemos diante do desafio não só de diagnosticar a sepse, mas identificar em que fase da resposta inflamatória está um indivíduo, para atuar de maneira individualizada de acordo com o perfil que ele exibe. Complexo, né? Pois é, não bastasse tudo isso, existem pontos de intersecção entre os diferentes perfis (Gráfico 4). Por: Pedro Ribeiro - SV Individualizar a conduta é fundamental e estamos engatinhando rumo ao caminho certo. Sacou o tamanho do problema? Muita água vai rolar e nós da Sala Vermelha vamos trabalhar dia e noite pra te entregar o que tiver de mais novo! Por: Pedro Ribeiro - SV Por: Pedro Ribeiro - SV É isso aí mesmo, pessoal! Você deve ter acompanhado a saga da Sepse em 2016 e certamente percebeu que foi polêmica, não é mesmo? (Se você ficou por fora, não perde tempo e se liga aqui na série que a Sala Vermelha montou: http://svblog.com.br/sepse-wars). De forma bem resumida, a Society of Critical Care Medicine e a European Society of Critical Care Medicine propuseram uma mudança drástica nas definições de Sepse cunhadas em 2001 [1], incorporadas ao Surviving Sepsis Campaign 2012, e chamaram o novo documento de Sepsis 3 [2]. É claro que esse movimento da maré chacoalhou os barcos das mais diversas sociedades, promovendo muita polêmica. No sentido de tentar apaziguar essa reviravolta, o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) emitiram, em dezembro, um documento que parece encontrar terra nesse mar agitado[3]. As mudanças propostas são diversas e estão todas bem detalhadas na nossa famosa saga Sepse Wars, que você pode acompanhar aqui (link). A questão é que nós estávamos à deriva até o momento sobre aspectos práticos que as mudanças propostas implicariam. “Como interpretar as novas definições? ” “Para que servem o SOFA e o qSOFA, afinal? ” Quando eu estou autorizado a indicar o protocolo de sepse? ” “A partir de que momento eu fecho o diagnóstico de sepse/ choque séptico? ” Para nossa felicidade, essas questões parecem respondidas com recomendações assinadas tanto pela ILAS, quanto pela AMIB, que se preocuparam em conceber respostas que atendessem às demandas de um país como o Brasil. Vamos a elas? Por: Pedro Ribeiro - SV 1 – O novo consenso brasileiro deixa muito claro que a nova definição defendida pelo Sepsis 3 deve sim ser usada! Isso significa que disfunções orgânicas atribuíveis a uma resposta sistêmica inapropriada à infecção (hipotensão, hiperlactatemia e alteração no nível de consciência, por exemplo) devem sim ser reconhecidas precocemente, já que indicam um pior prognóstico. Mas fiquem atentos: essa definição é abrangente e envolve parâmetros inclusive não incluídos no SOFA score, como hiperlactatemia, por exemplo! Disso, nós concluímos que SOFA não é SEPSE, certo? 2- O sistema de pontução SOFA, segundo a ILAS/AMIB, deve ser utilizado somente no escopo de ensaios clínicos e tem papel limitado na prática clínica. Nesse sentido, a detecção de infecção do primeiro atendimento deve ainda ser feita com base na detecção dos critérios da Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) e de disfunção orgânica; isso também parece ser válido para o início da abordagem terapêutica. Há ainda uma ressalva importantíssima:a capacidade diagnóstica da SIRS dentro do ambiente de terapia intensiva é muito limitada e, por isso, não deve ser aplicada a esse cenário. 3 – O qSOFA deve ser implementado somente no sentido de identificar o paciente com maior risco de mortalidade; dessa forma, um paciente que se apresente com dois ou três dos critérios, caso tenha algo suspeito para infecção, deve ser rastreado para sepse. Por: Pedro Ribeiro - SV Desse modo, alguns dos questionamentos feitos foram, finalmente, contemplados, não acha? Parabéns à ILAS e à AMIB por estarem se fazendo tão presentes neste momento de indefinição! Avante, ciência! Em caso de mudança de maré, contem com a Sala Vermelha para te alertar! Ao que tudo indica, estamos próximo a um período de calmaria… Mas que tempestade, né pessoal!? Se você quiser dar uma lida no documento na íntegra, segue aqui o link: < http://rbti.org.br/artigo/detalhes/0103507X-28-4-1 >. Não sei se você ficou sabendo, mas a Sala Vermelha vem com tudo pra 2017! Olha só nossos projetos para este ano: http://svblog.com. br/2017/01/24/5-projetos-da-sala-vermelha-que-vao-te-fazer-ver-a- medicina-com-outros-olhos-em-2017/. Ficou curioso e quer saber mais sobre o que vem por aí? Muito simples: é só entrar na nossa lista especial clicando aqui! Não vá ficar de fora… Já são mais de 5000 pessoas na lista de espera para o nosso próximo Workshop!!! Um abraço! Pedro Ribeiro Por: Pedro Ribeiro - SV Referências Bibliográficas: Richard S. Hotchkiss, M.D., and Irene E. Karl, Ph.D. The Pathophysiology and Treatment of Sepsis. N Engl J Med 2003; 348:138-150January 9, 2003DOI: 10.1056/NEJMra021333 Bone RC, Balk RA, Cerra FB, et al. 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