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0001 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA ANTIGA

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0001									 FILOSOFIA ANTIGA
Síntese
1. O nascimento da filosofia
	A filosofia surgiu de um olhar para a tradição. A filosofia nasceu na Grécia antiga e lá, por muito tempo, até mesmo depois do nascimento da filosofia, se propagou uma tradição mitológica, que utiliza e estuda mitos. O mito, assim como a filosofia, é uma forma de explicar a realidade, de determinar o que causou cada coisa a ser como é. No entanto, o pensamento mítico explica a realidade através de fantasias e por isso tem esse nome, mythos, que se refere a um discurso fictício, podendo até mesmo ser considerado um sinônimo de mentira.
	O olhar para a tradição mitológica da Grécia antiga que possibilitou o surgimento da filosofia foi um olhar questionador, de duvidar das explicações míticas. Os mitos não davam respostas possíveis de serem racionalizadas por “A + B = C”, eles simplesmente davam uma resposta “C”, sem ter um porque racional de ser “C” e não “D”. Isso porque as explicações míticas eram frutos de inspirações de algumas pessoas, que teriam uma ligação com o divino e por isso teriam visões que os revelariam a verdade.
	A partir do momento em que se questionou essas explicações, que se buscou causas racionais, com base na physis, naquilo que é natural ¹, a partir desse momento a filosofia nasceu. Nasceu com o objetivo de buscar explicações para a realidade, que se justifiquem, que tenham fundamento e não sejam apenas histórias que alguém contou como se fossem verdade. Um bom exemplo é o fato de que, na antiguidade, alguém poderia dizer que um maremoto atingiu uma cidade devido à insatisfação de Poseidon, o deus dos mares, com o povo daquele local. Hoje, em contrapartida já se sabe que um maremoto é fruto da movimentação de placas tectônicas nas regiões dos oceanos.
2. Os primeiros filósofos
	Houve um filósofo, que não foi um dos primeiros que aqui serão tratados, mas marcou muito mais do que a maioria deles, na filosofia. O nome desse filósofo é Sócrates. Devido à 
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1. Natural é tudo aquilo que é conforme a realidade, ao original. Tudo que tem em si mesmo a origem de sua transformação, que não foi transformado por um agente externo a si. Tudo é natural, incluindo o homem, mas o homem é o único ser, que a humanidade conhece, capaz de modificar a natureza e produzir cultura. Essa capacidade humana nasce, também, de algo natural, que é a sua avançada racionalidade.
existência dessa figura tão marcante, a filosofia e os seus pensadores foram divididos em três períodos, os pré-socráticos, os socráticos e os pós-socráticos. Os primeiros filósofos, que serão tratados aqui, são, logicamente, os pré-socráticos.
	Esses filósofos tinham como objetivo achar uma explicação, para cada coisa da natureza, se voltando à própria natureza. Eles a observavam e estudavam e para eles também era natural que isso fosse feito racionalmente, procurando evidências lógicas para cada coisa e não aceitando uma história mítica, sem justificativas. Os pré-socráticos não separavam o conhecimento em áreas, para eles todo o conhecimento era válido e por isso eles foram, também, as pessoas que desenvolveram os primeiros indícios do que temos hoje como sendo ciência. Um bom exemplo é Demócrito, que elaborou a ideia de átomo.
	Mas, na busca de achar uma explicação para cada coisa, o que quer dizer que eles buscavam racionalmente ¹ a causa de tudo, de cada fenômeno, os filósofos chegaram a uma conclusão. Se cada efeito tem uma causa, existe a possibilidade de se buscar uma causa mais básica até o infinito, porque o que causou algo também precisaria de uma causa e isso progrediria infinitamente, mas essa ideia era inconcebível para os filósofos, portanto eles supuseram a existência de algo que teria em si mesmo a sua própria causa, algo a que nada antecede, um elemento primordial, a arqué.
	O pensamento de boa parte dos filósofos pré-socráticos se perdeu ao longo do tempo, pois poucos os registravam em textos. A tradição filosófica grega era, em grande parte, oral. Com os poucos fragmentos de pensamento que se têm dessa época, no entanto, ainda é possível dividir os pré-socráticos em duas principais linhas de pensamento.
2.1. A escola jônica
	Era a de Tales de Mileto e seus discípulos, Anaximandro, Anaxímenes (Escola de Mileto) e também a escola de Xenófanes de Colofon e Heráclito de Éfeso. Esses filósofos tinham uma linha de pensamento que encarava o mundo tendo enfoque no natural em um sentido mais voltado às coisas palpáveis da natureza terrestre, como a água, o fogo e o ar.
__________________
1. É importante enfatizar que eles se utilizavam da razão, pois os mitos também davam uma explicação, uma causa para os fenômenos, mas essa era irracional, não tinha fundamentos.
a. Tales de Mileto
	Tales foi o primeiro filósofo, a primeira pessoa a tentar romper com o pensamento mítico e propagar uma explicação com argumentos, razões para ser isso e não aquilo, um logos (lógica). Ele acreditava que o elemento primordial de tudo seria a água ², mas não se tem registros exatos de como ele chegou a essa conclusão, no entanto é possível fazer algumas suposições.
	Um dos exemplos interessante que podem ter contribuído para Tales chegar a essa conclusão é o fato de que quando uma mulher, ou qualquer outro mamífero, está prestes a dar a luz, água (líquido amniótico) é liberada. A vida vem com a água, pode ter pensado Tales. Além do simples fato de todas as plantas e animais precisarem beber água para sobreviver e, os animais especificamente, para urinarem, salivarem, chorarem e suarem.
b. Anaximandro
	De Mileto, assim como Tales, que foi o seu mestre. Anaximandro, no entanto, não via a água como sendo o elemento primordial. A arqué, para ele, seria o que ele chamou de Apeiron.³ Essa ideia de Anaximandro deu uma abertura muito maior para novas interpretações da realidade, por ela passar a ser explicada de uma forma mais abstrata.
c. Anaxímenes
	Foi discípulo de Anaximandro e continuou com a linha de pensamento mais abstrato, inaugurada pelo seu mestre, mas para Anaxímenes a arqué seria a pneuma, o ar. Mas da mesma forma que a água de Tales não era, literalmente, água, o ar de que Anaxímenes fala é o material incorpóreo, vazio, que a tudo permeia.
d. Xenófanes
	Foi o precursor dos eleatas e já não se encaixa na escola de Mileto, como os filósofos vistos até então. Xenófanes registrou seus pensamentos em textos poéticos e foi um dos primeiros a atacar com mais voracidade a religião antropomorfista dos gregos. Ele defendia a ideia de um único Deus.
__________________
2. Algo que se sabe sobre o pensamento de Tales é que, provavelmente, a água da qual ele falava não é a mesma água química e literal da qual se fala hoje, mas o constituinte líquido das coisas.
3. Ilimitado, infinito, indefinido.
	A arqué para Xenófanes seria a terra, ele acreditava que tudo teria sido originário dela. Essa ideia converge com o seu pensamento, de certa forma, panteísta, por acreditar que Deus seria a própria natureza.
2.2. A escola italiana
	Era a de Pitágoras de Samos, Alcmeon e Filolau de Crotona (Escola pitagórica), Parmênides e Zenão de Eléia e Melisso de Samos (Escola Eleática). Diferente dos jônicos, eles não seguiram uma linha de raciocínio que visava entender o mundo de uma forma naturalista mais material e sim com maior base na utilização de raciocínios lógicos.
a. Pitágoras de Samos
	Era natural da Jônia, mas migrou para a Itália, onde desenvolveu grande parte do seu trabalho. O pensamento pitagórico marcou tanto na filosofia que até o helenismo, cerca de um milênio depois de sua existência, ainda haviam pensadores vinculados ao seu nome e ao seu pensamento. Pitágoras influenciou, até mesmo, Platão.
	Ele acreditava que toda a realidade poderia ser explicada através dos números ¹, que havia uma proporção harmoniosa e equilibrada em todo o universo. Foi devido a essa crença que a matemática se desenvolveu tanto com Pitágoras e seus discípulos. A matemática foi tão impactante nesse período, que a partir dela nasceram as escalasmusicais que conhecemos hoje, sendo por muito tempo, a música, considerada uma disciplina matemática.
2.3. Os Pluralistas
	No mesmo período em que essas duas principais escolas estavam se desenvolvendo, houveram diversos outros pensamentos, de certa forma, menores se estruturando. Esses pensamentos, por vezes, foram chamados de pluralistas, se referindo às ideias de Anaxágoras de Clazômena, à escola atomista, formada por Leucipo e Demócrito de Abdera e, por fim, ao pensamento de Empédocles de Agrigento. Eles tinham a visão de um mundo múltiplo e dinâmico em sua natureza.
__________________
1. A ideia da perfeição numérica era retratada, simbolizada pelo que foi chamado de tetractys, que consiste na soma dos quatro primeiros algarismos numéricos, sendo equivalente ao número dez. 1 + 2 + 3 + 4 = 10. Essa ideia também pode ser representada pela seguinte imagem 
	
a. Anaxágoras de Clazômena
	Provável mestre de Péricles. Para ele o mundo era formado de homeomerias, “uma multiplicidade infinita de elementos ”. As homeomerias originariam, por combinação e separação, todas as coisas, portanto elas não seriam geradas, ou destruídas, mas persistiriam eternamente, se transformando.
	Para Anaxágoras, o que moveria essas combinações e separações das quais tudo surgiria, seria o nous, que pode ser traduzido como inteligência, ou espírito. O nous seria a causa de toda a existência cósmica. ¹
b. Empédocles de Agrigento
	Foi quem constituiu a “doutrina dos quatro elementos ” que procura unir pensamentos anteriores a ele sobre os elementos primordiais. De certa forma, parecido com o pensamento de Anaxágoras, Empédocles acreditava que todas as coisas seriam, em maior ou menor proporção, constituídas por cada um dos quatro elemento primordiais, terra, água, fogo e ar.
c. A escola atomista
c.1. Leucipo
	Apesar do pouco que se sabe a seu respeito, ele é considerado o fundador dessa escola. Provavelmente foi discípulo de Zenão, tendo sofrido influência dos eleatas. Suas ideias se tornaram conhecidas através do desenvolvimento do atomismo pelo seu discípulo, Demócrito.
c.2. Demócrito
	Seu pensamento se tornou popular no helenismo, devido à sua valorização por Epicuro. A doutrina atomista diz que o universo é constituído por partículas imperceptíveis e indivisíveis (átomo quer dizer indivisível), os quais teriam diversas formas geométricas e, assim, os átomos semelhantes se atrairiam e os diferentes se repeliriam, originando a todas as coisas. A noção atual de átomo, apesar de diferente da de Demócrito, derivou do seu pensamento.
 
__________________
1. Kosmos, para os gregos, está relacionado à ordem, harmonia, beleza de natureza racional pela qual a realidade é organizada.
d. Heráclito e Parmênides, mobilismo x monismo
d.1. Heráclito de Éfeso
	“Era conhecido já na Antiguidade como ‘o Obscuro’, devido à dificuldade de interpretação do seu pensamento. ”
	Pode ser considerado o principal representante do mobilismo, da ideia de que a realidade natural é regida por constante movimento, no sentido de transformação, de tudo em constante fluxo.
	“Panta rei ”, tudo passa. É a mais famosa das frases atribuídas a Heráclito.
	Heráclito acreditava que na pluralidade havia, também, uma unidade, esse pensamento pode ser interpretado como os polos de uma mesma coisa. Ele chamou essa pluralidade, essa realidade marcada pelo conflito, de pólemos, no entanto, esse conflito não deve ser encarado como algo negativo, mas sim como o mantenedor do equilíbrio cósmico. Essa ideia pode ser encontrada na mais simples das manifestações da natureza, que é a passagem do dia para a noite. Nesse processo há o movimento, a transformação e a pluralidade, os pólemos do real.
	Heráclito toma a arqué como sendo pyr, no sentido de fogo, aquilo que queima, transforma, simbolizando o dinamismo natural. Outra citação muito famosa de Heráclito é “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque nem nós, nem o rio somos mais os mesmos. ”
d.2. Parmênides
	Defendia uma visão contrária à mobilista de Heráclito, o monismo. Parmênides não acreditava em uma realidade múltipla e sim única e passa a introduzir na filosofia uma distinção entre realidade e aparência. Parmênides acreditava que se o homem deixasse de olhar apenas para a aparência das coisas, veria que em essência, na realidade, elas sempre são as mesmas, o que mudaria, para ele, seriam apenas as aparências.
	“Só posso entender a mudança se há algo de essencial que permanece e me permite identificar o objeto como o mesmo. ”
	Em um sentido metafísico, Para caracterizar a realidade como algo que não pode estar em constante movimento, Parmênides “exclui assim o movimento e a mudança como aquilo que não é, porque deixou de ser o que era e não veio a ser ainda o que será, e portanto não é nada. ” O que essa linha de raciocínio quer dizer é que algo que não é o que foi e também não é o que será, não é nada, não pode ser definido como algo.
	Parmênides apoiava uma desconfiança dos sentidos, pois eles seriam ilusórios, imprecisos, mutáveis e por isso não transpassariam nada além de um mundo aparentemente em constante mutação. Ele defendia que o homem, para conhecer o ser, a realidade, o essencial, deveria abdicar o máximo possível de seus sentidos e apoiar-se na razão, no pensamento, o que ele chamou de “o caminho da Verdade ”.
d.3. Melisso de Samos
	Foi discípulo de Parmênides e formulou argumentos contra o mobilismo, assim como o seu mestre, em defesa da ideia do Ser, da realidade, como sendo eterna e imutável. O principal desses argumentos foi “que é não pode ter começo, pois se tivesse começo deveria provir do que é ou do que não é; mas não pode ter vindo do que é, porque o que é já é, também não pode ter vindo do que não é, porque o que não é não é, e não pode vir a ser”.
d.4. Zenão de Eléia
	Também defendia o monismo, mas argumentava de uma forma diferenciada, através de paradoxos com o objetivo de fazer o que era chamado de reductio ad absurdum, o que quer dizer que Zenão “parte da posição do adversário, procurando mostrar que tal posição leva ao absurdo; com isso, ela é refutada. ” Essa técnica se aproximou muito do que futuramente veio a ser a dialética de Sócrates.
	Zenão, juntamente com Melisso e Parmênides, faz parte do que pode ser chamdo de escola eleata, formada pelos pensamentos monistas em oposição aos mobilistas.
Bibliografia: MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 6ª ed., Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2001.

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