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Direito Civil III AV1 AV2

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1 
Direito Civil III – AV1 – AV2 
 
1. Teoria Geral dos Contratos 
 
Intróito 
Para se entender o fenômeno contratual, é preciso entender a necessidade e a liberdade de 
contratar. Em primeiro lugar, portanto, devemos traçar o paralelo entre as concepções tradicionais (ou 
clássica) e sociais do contrato e resgatar, ainda que de forma breve, a evolução histórica da ciência 
contratual entre uma e outra. 
No art. 5º, II, da Constituição Federal (ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei) encontra-se a centelha da liberdade de contratar. Aí se consagra 
que, a não ser em virtude de lei, ninguém se obriga. A interferência lógica disso é a de que o 
ordenamento jurídico confere ao sujeito a chamada autonomia da vontade. 
 
Conceito 
 
“Contrato é um acordo de vontades comuns e concordantes, assentado na lei, realizado com o 
objetivo de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos. O contrato 
cria força vinculante e oferece ao credor o direito de ação, para procurar, em juízo, a prestação em 
espécie ou o seu equivalente.” 
 
 Concepção clássica de contrato: Liberdade de contratar vinculada aos interesses das partes 
contratantes, atribuindo-se a força vinculante (pacta sunt servanda) - os contratos devem ser 
observados. 
 Concepção liberal do contrato: Liberdade de contratar decorrente da autodeterminação do 
homem, obrigando o devedor ao cumprimento da prestação com repúdio total às causas e 
interesses que o levaram a contratar. 
 Concepção social do contrato: A liberdade de contratar permite a criação de direitos e assunção 
de obrigações através do contrato, os quais, entretanto, não podem se sobrepuser ao interesse 
público e social. 
 
1.1. Princípio da Liberdade de Contratar 
O art. 421 reza a respeito da liberdade de contratar, limitando-a a sua função social. Além 
disso, o art. 425, reconhecendo a ampla liberdade de contratar, estabelece que seja lícito às partes 
estipular contratos atípicos, observados as normas gerais fixadas neste Código. 
Observe-se, porém, que a autonomia da vontade não significa que a vontade das partes 
pode estabelecer tudo o que quiserem. Deve ser orientada pela supremacia da ordem pública, pelo 
respeito aos bons costumes e à lei. A isto se chama de dirigismo contratual, caracterizado pela 
intervenção estatal no conteúdo do contrato quando este for contrário à ordem pública, aos bons 
costumes ou à lei. Assim, se as partes têm, a partir dessa nova visão, um direito de determinar o 
conteúdo do negócio, mas limitado aos ditames da lei, torna-se óbvio que, mesmo diante da expressão 
da vontade de uma delas no contrato, poderá o Estado, através de pronunciamento judicial, adequar 
eventual contrato que, mesmo escrito e assinado pelas partes, venha a ferir o ordenamento jurídico. 
 
1.2. Autonomia da Vontade e Autonomia Privada 
Conceitualmente distintas, a autonomia privada estão umbilicalmente ligadas. Com efeito, 
por autonomia da vontade tem-se entendido a liberdade de contratar, de sorte a se destinar à vontade 
do cidadão de vincular-se ou não por um negócio jurídico. Hodiernamente, tem-se admitido, em que 
pese à liberdade de contratar, a existência de certos contratos coativos: são assim denominados porque, 
no mundo moderno, torna-se praticamente impossível deixar de aderir a determinadas relações, como 
as de transporte coletivo, ou de fornecimento de energia elétrica, água, gás (e, secundariamente, 
telefonia e internet), por exemplo. 
 
 
2 
Por outro lado, a chamada autonomia privada é a liberdade dada às partes contratantes 
para determinarem, livremente, o conteúdo da relação contratual, o que, também, nos dias atuais, é 
mitigado, pois não se pode ofender a boa-fé objetiva nem a função social do contrato. 
 
 Autonomia da vontade: liberdade de contratar, de sorte a se destinar à vontade do cidadão a 
decisão de vincular-se ou não por um negócio jurídico. 
 Autonomia privada: liberdade dada às partes contratantes para determinarem, livremente, o 
conteúdo da relação contratual. 
 
 
2. Princípio da Função Social do Contrato 
A função social do contrato serve para limitar a autonomia da vontade, quando essa 
autonomia estiver em confronto com o interesse social e este deva prevalecer (art. 421 do Código 
Civil). Essa limitação poderá atingir a própria liberdade de não contratar, como ocorre nas hipóteses de 
contrato obrigatório. Enuncia a regra do art. 421 que o contrato não deve atentar contra o conceito da 
justiça comutativa, prevalecendo os princípios condizentes com a ordem pública. Há, portanto, uma 
conexão direta entre a função social que toda propriedade deve cumprir, princípio existente na 
Constituição Federal e esse enunciado da lei civil, a permitir a rescisão do contrato lesivo, anular a 
avença celebrada em estado de perigo, combater o enriquecimento sem causa etc. 
O legislador atentou, aqui, para a acepção mais moderna da função do contrato, que não é a 
de exclusivamente atender os interesses das partes contratantes, como se ele tivesse existência 
autônoma, fora do mundo que o cerca. Hoje o contrato é visto como parte de uma realidade maior e 
como um dos fatores de alteração da realidade social. Essa constatação tem como conseqüência 
possibilitar que terceiros, que não são propriamente partes do contrato, possam nele influir, em razão 
de serem direta ou indiretamente por ele atingidos. 
 
“imposição jurídica de dever contratual através do qual as partes devem contrair obrigações justas e 
equilibradas e que não violem o interesse coletivo.” 
 Eficácia interna: dever de ajustar obrigações justas e equilibradas. 
 Eficácia externa: dever de não ofender o interesse coletivo ou de terceiro. 
 
2.1 Equivalência material 
Desenvolvimento de técnicas e instrumentos legais que garantam às partes, no contrato, 
não só a igualdade formal, mas também, e principalmente, uma equivalência material, como forma de 
diminuir a distancia financeira (às vezes um verdadeiro abismo econômico) entre os contratantes, 
assegurando que a parte mais forte (ou hipersuficiente) não se valha da fragilidade da outra, mais fraca 
(hipossuficiente) para colher vantagens exageradas do negócio celebrado. 
 
2.2 Equivalência material e proteção do consumidor 
A propósito da equivalência material, existem importantes normas de proteção ao 
consumidor, frente ao fornecedor de produtos ou serviços, no CDC, como a proteção contra a 
publicidade abusiva e enganosa (art. 6º, IV), a facilitação da defesa de seus direitos (inclusive com a 
inversão do ônus da prova – art. 6º, VIII) e a continuidade dos serviços públicos essenciais (art. 22), 
por exemplo. 
Mas não é qualquer consumidor que fará jus às normas protetivas específicas do Código de 
Defesa do Consumidor, pois a legislação brasileira (CDC, art. 2º, caput) adotou a corrente subjetiva ou 
finalista, ao dizer que “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final”. 
 
a) O CDC (art. 2º, caput) adotou a corrente subjetiva ou finalista, ao dizer que “consumidor é toda 
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.3 
b) Finalismo mitigado ou aprofundado: ainda que o adquirente/usuário do produto/serviço não seja 
destinatário final – mas intermediário – se verifica, no caso concreto, que esteja em situação de 
vulnerabilidade na relação jurídica em questão, incidirão as normas protetivas do Código de Defesa do 
Consumidor. 
 
3. Princípio da Força Vinculante dos Contratos – Pacta Sunt Servanda 
Este princípio significa que o contrato gera obrigação entre as partes. Quer dizer, então, 
que as partes devem cumprir o que pactuaram na celebração do negócio. Encontra-se, na atualidade, 
relativizado diante das diversas possibilidades de revisão ou resolução dos contratos por lesão, 
imprevisão, onerosidade excessiva e mesmo pelos princípios da função social e da boa-fé, que operam 
sobre a manifestação de vontade como normas não só interpretativas e complementares, mas também 
limitadoras do poder de arbítrio dos sujeitos na relação contratual. 
É importante frisar que o princípio da força vinculante dos contratos se encontra 
relativizado – mas não revogado – pois ninguém interessaria um ordenamento jurídico que 
possibilitasse, indiscriminadamente, àquele que contrata faltar com o cumprimento do seu dever sem 
sofrer nenhuma consequência. Não por outro motivo, o art. 475 do Código Civil reza que “a parte 
lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o 
cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos”. 
 
4. Princípio da Relatividade dos Contratos 
Pelo princípio da relatividade, tem-se que o contrato gera obrigação entre as partes, quer 
dizer que, as obrigações estatuídas pelo negócio jurídico obrigam somente as partes contratantes 
(efeito inter partes). Encontra apoiado já no citado art. 5º, II, da CF (princípio da legalidade), mas 
pode ser excepcionadas em situações especiais, tanto previstas expressamente, como nas estipulações 
em favor de terceiros, promessas de fatos de terceiros e no contrato com pessoa a declarar, quanto 
por aplicação da eficácia externa da função social dos contratos. Quanto à eficácia externa da função 
social dos contratos, já comentamos alhures. 
 
 Partes – Promitente: aquele que se obriga a prestar; 
 Estipulante (promissário): aquele que estipula a obrigação em favor do terceiro. 
 
Podemos dizer, no entanto, que no contrato em que se realiza a estipulação em favor de 
terceiro, embora seja celebrado restritamente pelo promitente e pelo estipulante, cria-se uma relação 
jurídica complexa, em que a exigência do cumprimento da prestação do promitente pode ser feita tanto 
pelo estipulante como pelo beneficiário, que é o terceiro em favor de quem se estipula e que não 
participa do contrato. 
 
4. Formação do contrato 
Trata-se da fixação exata do momento em que se dá o acordo das vontades. A declaração 
poderá ser expressa, por qualquer meio, ou tácita, quando a lei não exigir expressa, conforme o art. 432 
do Código. A proposta e a aceitação são requisitos essenciais da formação do contrato e, acerca dessas, 
existirá a discussão sobre a força obrigatória do contrato, sobre o exato momento em que as vontades 
são firmadas e, também, sobre o local em que se considerará formado o contrato. 
A primeira fase de formação contratual consiste nas negociações preliminares, que são 
conversas prévias, diálogos em que surgem os interesses de cada uma das partes, tendo em vista o 
contrato futuro, mas não há vinculação das pessoas. Embora lhe falte obrigatoriedade, pode surgir 
responsabilidade civil para os que participam das negociações preliminares. O fundamento do dever de 
reparação é o ilícito genérico. Outro momento da formação do contrato é a proposta, que já traz força 
vinculante (Código Civil, art. 427), não para as partes, uma vez que, ainda neste momento, não há um 
contrato, mas, para aquele que a faz, denomina-se policitante. 
Trata-se de uma manifestação de vontade, dirigida por uma pessoa à outra, esperando que 
esta última o aceite. A proposta deve ser séria e precisa, contendo as linhas estruturais do negócio em 
 
 
4 
vista, para que o contrato possa considerar-se perfeito, da manifestação singela e até simbólica daquele 
a quem é dirigida. A proposta é uma declaração unilateral de vontade, por parte do proponente e 
apresentará força vinculante por parte do policitante, a não ser que o contrário estiver especificado nos 
termos da própria proposta ou resulte da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso, conforme 
os arts. 427 e 428 do Código Civil. Como se nota a proposta é, portanto, um negócio jurídico 
receptício, que deve precisar todos os elementos do negócio proposto. 
O proponente (ou policitante) não deverá revogar sua proposta por certo prazo de tempo, a 
partir do momento em que a fizer, sob pena de ressarcir perdas e danos. Essa obrigação subsiste 
mesmo em havendo incapacidade superveniente ou morte do policitante antes da aceitação, a não ser 
que diversa tenha sido sua intenção ao realizar a proposta. Os arts. 427 e 428, I a IV, estabelecem 
alguns casos, todavia, em que a proposta deixará de ser obrigatória. O Código Civil disciplinou em seu 
art. 429 a oferta ao público, estabelecendo que seja obrigatória quando contiver os requisitos essenciais 
ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. 
Feita a proposta, que constitui em si mesma um negócio jurídico, o policitante estará 
vinculado a ela. Reconhece, pois, a lei alguns casos em que a proposta deixa de ser obrigatória: 
a) se a falta de obrigatoriedade resulta de seus próprios termos; 
b)ou da natureza do negócio; 
c) ou das circunstâncias do caso (Código Civil, art. 427). 
O próximo momento da formação do contrato é a aceitação. Somente quando o oblato 
torna-se aceitante e conjuga a sua vontade com a do proponente, a oferta se transforma em contrato. 
Aceitação é, portanto, a manifestação de vontade expressa ou tácita por parte do destinatário em 
relação a uma proposta específica, feita dentro do prazo e aderindo a todos os termos da oferta, o que 
torna o contrato definitivamente concluído desde que chegue, em tempo hábil, ao conhecimento do 
proponente. Não há, salvo nos contratos formais, requisito especial para a aceitação. A aceitação tácita 
ocorre quando, não chegando a tempo a recusa, o negócio for daqueles em que não seja costume a 
aceitação expressa ou o proponente a tiver dispensado (art. 432 do CC). Para que se dê o contrato, a 
aceitação tem de ser oportuna, sob pena de já não encontrar proposta firme: quando feita fora do prazo, 
ou contendo modificações, ou restrições aos termos da proposta, não gera contrato, mas importa nova 
proposta (Código Civil, art. 431) que o primitivo proponente, à sua vez, tem o direito de aceitar ou de 
não aceitar. 
Dando o aceitante a resposta em tempo oportuno, o contrato estará perfeito. Se a proposta 
negocial for entre presentes, poder-se-á estipular ou não um prazo para a aceitação. Se não houver 
prazo, a aceitação deverá ser manifestada imediatamente e, se houver prazo, é preciso que se dê dentro 
desse limite. Se o contrato for entre ausentes, existindo prazo, este deverá ser observado; mas é 
possível que a resposta chegue tarde ao proponente, por circunstância imprevista e estranha à vontade 
de seu emitente. Neste caso, o proponente tem o dever de comunicar o fato, imediatamente, ao 
aceitante, sob pena de responder por perdas e danos (Código Civil, art. 430).No entanto, se o ofertante 
não estipulou qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada em tempo suficiente para chegar a 
resposta ao conhecimento do proponente. 
Admite, ainda, a lei a retratação do aceitante, desde que chegue antes desta ou 
simultaneamente com ela ao conhecimento do proponente (Código Civil, artigo 433). É lugar de 
celebração do contrato aquele em que o impulso inicial teve origem, reputando-se celebrado no lugar 
em que for proposto (Código Civil, art. 435). Se houver contratantes residentes em países diversos, a 
Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que a obrigação resultante do contrato reputa-se 
concluída no lugar em que residir o proponente (art. 9º, § 2º). 
 
4.1. Estipulação em Favor de Terceiro 
Ocorre quando uma pessoa (estipulante) convenciona com outra (promitente) uma 
obrigação, em que a prestação será cumprida em favor de outra pessoa (beneficiário). No momento da 
formação contratual, a manifestação de vontade estabelece-se entre o estipulante e o promitente. O 
consentimento do beneficiário não é necessário à constituição do contrato, e, por conseguinte, à 
criação de vantagens em seu proveito. Mas não se pode, todavia, negar ao terceiro a faculdade de 
 
 
5 
recusar a estipulação em seu favor, expressa ou tacitamente. Para a formação da estipulação em favor 
de terceiro exigem-se os requisitos necessários à validade dos contratos em geral - subjetivos, 
objetivos e formais. Cumpre observar, porém, que, se o terceiro é momentaneamente indeterminado, 
mas passível de identificação (determinável), o ato é válido. 
 
“É o contrato entre duas partes (promitente e estipulante) em que a vantagem patrimonial dele 
decorrente se dará em favor de terceira pessoa (beneficiário) que não participa da relação 
contratual”. 
 
 Efeitos – As regras previstas para a estipulação em favor de terceiro se referem ao direito do 
estipulante e do beneficiário de exigir o cumprimento do contrato, estando assim previstas: 
 
 Exigência pelo estipulante – O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da 
obrigação. É natural que, além do beneficiário, permita-se ao próprio estipulante a prerrogativa 
de também exigir o cumprimento das obrigações estabelecidas, desde, é claro, que não seja 
próprio da natureza do contrato que a ele não seja possível exigi-lo, como no caso, por 
exemplo, da exigência da indenização securitária em caso de morte do estipulante no seguro de 
vida. 
 
 Exigência pelo beneficiário - Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também 
é permitida exigi-la. O beneficiário ficará, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, 
se ele consentir, e o estipulante não inovar nos termos do art. 438. É que o dispositivo referido 
permite ao estipulante, como é natural, a substituição do beneficiário, por ato entre vivos ou por 
disposição de última vontade. 
 
 Vedação de exoneração do devedor – Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se 
deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
 
 Substituição do beneficiário – O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro 
designado no contrato, independentemente do seu consentimento e da do outro contratante. 
Pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 
 
4.2. Promessa de Fato de Terceiro 
É um negócio jurídico que tem por objeto a prestação de um fato a ser cumprido por outra 
pessoa, não participante desse negócio. Não nasce nenhuma obrigação para o terceiro enquanto ele não 
der o seu consentimento. Pode-se prometer a prestação de fato do terceiro, mas obviamente não se 
pode obrigá-lo a executar a prestação prometida. No primeiro momento (formação), o devedor 
primário ajusta uma obrigação com o credor, de quem se torna devedor. O objeto da sua obrigação é 
conseguir que o terceiro consinta em tornar-se devedor de certa prestação. 
É devedor de uma prestação própria, a qual consiste em obter o consentimento do terceiro. 
Sua inexecução o sujeita a perdas e danos (Código Civil, art. 439). O parágrafo único desse artigo 
contém uma exceção à regra do dever de indenizar, por parte do promitente, em caso de recusa por 
parte do terceiro de executar a obrigação. Quando o promitente se obrigar a fato de terceiro que seja 
seu cônjuge, consubstanciado em ato que, para a sua validade e eficácia, dependa da autorização do 
cônjuge, não será obrigado a indenizar o credor, caso tal indenização, em razão do regime de bens 
existentes entre os cônjuges venha a afetar o patrimônio do cônjuge que não consentiu em se obrigar. 
O Código dispõe, ainda, em seu art. 440, que na hipótese de o terceiro anuir em prestar em 
favor do credor, ou seja, assumir a obrigação prometida, o promitente, por já ter cumprido a sua 
obrigação, fica exonerado e não responde perante o credor caso haja inadimplemento do terceiro que 
veio a se obrigar. 
 
 
 
6 
“É o contrato no qual uma pessoa – o promitente – se obriga para com outra – o promissário – por 
uma obrigação de fazer a ser cumprida por terceiro que não faz parte da relação contratual, desde 
que este o aceite”. 
 
 Quando o terceiro não se obrigou expressamente – Neste caso, aquele que tiver prometido fato 
de terceiro responderá por perdas e danos, quando este (o terceiro) o não executar. Destarte, 
cabe ao credor (promissário) exigir a prestação, bem como indenização, do outro contratante 
(promitente). 
 
 Quando o terceiro se obriga – Neste caso, nenhuma obrigação haverá para quem se 
comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Assim, ao credor 
cabe exigir a prestação contra terceiro, que passa a integrar a relação contratual como devedor. 
 
4.3. Vícios redibitórios 
 
É vício oculto, é defeito cuja existência nenhuma circunstância pode revelar, senão 
mediante exames ou testes. É chamado de redibitório pela doutrina posto que confere ao contratante 
prejudicado o direito de redibir o contrato, devolvendo a coisa e recebendo do vendedor a quantia 
paga. 
A expressão é oriunda do brocardo latino no “redhibere esta facere rursus habeat venditor quod 
habuerit, redhibitio esta apellata, quase redditio” leciona Serpa Lopes que o termo é incompleto, 
pois o efeito não é a simples redibição do contrato, mas a possibilidade de abatimento do preço por 
meio da ação quanti minorisou estimatória. 
Segundo Ulpiano as ações redibitória e a estimatória foram criadas pelos edis (aediles 
curules) nos negócios de venda e compra de escravos realizados nas feiras sob sua jurisdição. 
No direito justinianeu, entretanto, essas ações edilícias aplicam-se não só casos de vícios redibitórios 
de bens móveis como também bens imóveis. Os elementos conceituais dos vícios redibitórios situam-
se nos arts. 441 e 442 do Código Civil Brasileiro. 
Salienta Caio Mário que o seu fundamento é o princípio de garantia, por isto, Tito 
Fulgêncio, em síntese, enuncia que o alienante é o garante dos vícios redibitórios, de pleno direito. 
 
Alguns requisitos imprescindíveis para configuração do vício redibitório: 
a) Os defeitos devem ser ocultos, posto que se ostensivosfaça presumir que foram aceitos pelo 
adquirente uma vez que não enjeitou a coisa. É requisitos de cunho intensamente subjetivo posto que o 
defeito possa ser oculto para certa pessoa e perfeitamente perceptível para outra. Aplicar-se-á, contudo 
a diligência média ou pertinente ao homo medius; 
b) Deverão ser desconhecidos do adquirente; 
c) Somente se consideram vícios os já existentes ao tempo da alienação e que perdurem até o momento 
da reclamação; 
d) Só se consideram defeitos que positivamente prejudicam a utilidade da coisa, tornando-a inapta às 
suas finalidades primordiais ou reduzindo sua expressão econômica. 
O campo de atuação do vício redibitório é o contrato comutativo2 (como por exemplo, a 
locação, empreitada, compra e venda doações onerosas e, etc.). O alienante, via de regra, responde 
pelos vícios redibitórios. 
Não se exige, ainda que os ignore (art.443 CC/2002), pois o fundamento da 
responsabilidade é a aplicação do princípio de garantia. Também não se exonera em função do vício 
oculto e preexistente (art.444 CC/2002) vindo a coisa perecer na posse do adquirente. 
A responsabilidade do alienante deriva do nexo causal entre o perecimento da coisa e 
defeito. Terá o adquirente direito ao reembolso do preço efetuado ainda que não devolva a coisa 
perempta. 
 
 
7 
Oportuno é distinguir o conceito de erro para entendermos melhor vício redibitório. Erro é noção falsa 
que o agente tem de qualquer dos elementos do ato jurídico ou do negócio jurídico. Consiste numa 
falsa representação da realidade. 
Há divergência entre vontade realmente declarada e uma vontade hipotética que existiria 
no agente se não estivesse em erro. Erro, contudo difere completamente da ignorância que significa a 
completa e rotunda ausência de conhecimento sobre fato ou direito. 
O erro apresenta-se sob várias modalidades. Distingue-se doutrinariamente o erro vício ou 
erro motivo que aparece no processo formador da vontade, do erro obstáculo que é referente à 
declaração. 
O erro quanto à formação volitiva da parte, torna-a defeituosa, mas não elimina a vontade. 
Na verdade, trata-se de erro sobre as razões íntimas ou psicológicas que determinaram a manifestação 
volitiva. 
Quanto erro-obstáculo refere-se à declaração da parte, onde uma não corresponde à outra. 
O sujeito ou agente forma corretamente à vontade, mas a transmite de forma inexata e divergente. 
Exemplo: quero expressar cem (= 100), porém escrevo 1000(mil) por mera distração. 
Distingue-se particularmente erro de fato que é incidente sobre qualquer elemento do 
negócio (pessoa, objeto, qualidade, quantidade), do erro de direito que é o falso conhecimento ou até 
ignorância de certa norma jurídica respectiva. 
O erro de direito quando alegado não retira a obrigação do sujeito em obedecer à disciplina 
legal, salvo se quem o invoca, não pretende escapar a aplicação da lei (art. 139, III) demonstrando que 
foi o desconhecimento de regra dispositiva que lhe levou à prática de um ato que não se realizaria se 
conhecesse a realidade. 
Pode-se alegar o erro de direito como causa de anulação do ato jurídico que deu causa ou 
par obtenção de efeitos da boa fé. São típicos exemplos de erro de direito os arts. 877 do C.C. e art. 
2.027 do C.C. 
O erro de fato pode ser classificado ainda em essencial ou substancial e acidental (arts. 138 
e 142 C. C). Essencial é o erro que tão relevante sem este, o ato não se realizaria. Diz respeito às 
qualidades essenciais da pessoa para quem se dirige à vontade, ao objeto principal sobre o qual incide 
a vontade ou algumas de suas qualidades essenciais, ou ainda, à própria natureza do ato (art. 139 C. C). 
Além de essencial deve ser ainda desculpável 
Também o erro de direito pode ser essencial quando tenha sido a razão única ou essencial 
do negócio jurídico. O erro substancial na pessoa é o erro in persona incide nas qualidades essenciais 
da pessoa a quem se dirige a declaração de vontade (ex: erro essencial sobre a pessoa do cônjuge). E 
ainda em atos gratuitos como doação, testamento e, há ema tos onerosos (como mandato, prestação de 
serviços ou sociedade). Não tem relevância o erro in persona nos negócios bilaterais onerosos, onde 
existe contraprestação. 
Erro substancial no objeto principal de declaração (ou error in corpore ou in substantia) 
que recai sobre a identidade ou qualidades da coisa. Comprei um anel de prata quando pensava estar 
comprando um anel de ouro branco. 
Há ainda, o erro substancial sobre a natureza do ato (error in negotium) quando se quer 
praticar um ato, efetivamente, se realiza outro Exemplo: quando alguém empresta uma coisa a alguém 
que recebe como doação, mas na realidade trata-se de venda a prazo. É o erro obstáculo da doutrina 
francesa que surge quase que somente na seara contratual. 
É íntima a relação dessa modalidade de erro com os chamados vícios redibitórios. Todavia, 
enquanto o erro é de natureza subjetiva, referindo-se as qualidades que o sujeito imaginava ou 
acreditavam que a coisa tivesse, os vícios são de natureza objetiva constituindo exatamente na 
ausência de qualidades que a coisa deveria ter: 
 
Ensina Francisco Amaral que existem defeitos de negócio jurídico na formação de vontade (vícios de 
vontade ou consentimento) e aí, se incluem o erro, dolo, a coação enquanto que há erro incidente na 
declaração de vontade tais como a fraude, simulação que atuam mui similarmente como a má fé. 
 
 
8 
Exceptio doli que permitia que o contratante ou vítima de dolo ou violência poderia se 
recusar a cumprir contrato e, podendo ainda, obtiver a restitutio in inttegrum. Trata-se a 
referida exceptio uma defesa oponível ao demandante que atuasse como dolo com o fito de impedir o 
prosseguimento da ação baseada neste ato. 
Exceptio metus era defesa oponível na ação em que o autor exigia cumprimento de deveres 
nascidos de uma to praticado com medo do réu. Com advento do racionalismo após do século XVIII, 
começa a se formar a teoria dos vícios da vontade, ligada à teoria da causa, vindo a concretizar as 
regras contidas no Código Civil Francês (arts. 1.110 e seguintes), mais ligado à concepção subjetiva do 
ato jurídico e, no Código Civil alemão §§119, 120 e 123. 
Salienta Francisco Amaral que o Código Civil Brasileiro de 1916 foi influenciado, nesse 
tema, principalmente pelo Esboço de Teixeira de Freitas e também pelos Códigos Civil francês, 
português e alemão. 
Havendo o perecimento da coisa por caso fortuito e não em razão do defeito oculto, absolve o 
alienante, posto que o dano lhe viesse de qualquer maneira. Ninguém pode ser responsabilizado pelo 
fortuito (causes a nullo praestantur). 
Se o vício é superveniente e passa existir após a tradição do bem, a regra é a res 
perit domino e, portanto, o adquirente arcará com prejuízos decorrentes do vício, Com a tradição, 
transferem-se ao adquirente os direitos e obrigações sobre a coisa e também eventuais ônus que 
recaiam sobre esta. 
O vício oculto que surge após o aperfeiçoamento do contrato, mas antes da efetiva tradição 
do bem, ou seja, antes da efetiva execução da obrigação contratual. 
Apenas com a tradição transfere-se a propriedade, nos termos doCódigo Civil, o vício será 
considerado oculto e, persiste a responsabilidade será do alienante. 
Pelo sistema jurídico brasileiro ao contrário do francês, o simples contrato não transfere a propriedade, 
gerando apenas um direito à coisa (jus ad rem) e não sobre a coisa (jus in re). È o 
princípio “traditionibus, non pactis dominia rerum transferuntur”. 
O vício oculto depois de fechado o contrato será de responsabilidade do alienante, que não 
poderá invocar o conceito de superveniência deste. 
A lei faculta a opção de devolver a coisa e receber de volta o preço pego (redibição), ou 
ficar com a coisa pleiteando apenas um abatimento do preço (art. 442 C. C). A opção é um direito 
incondicionado do adquirente e independente da extensão do defeito. 
A responsabilidade do alienante independe de este saber ou não do vício oculto da coisa 
alienada. Na hipótese de má fé do alienante assumirá a responsabilidade também pelos prejuízos 
causados. 
Nada obsta que adquirente possa cumular ação estimatória com o pedido de perdas e 
danos, que servirá para punir ao alienante que agiu de má fé. Se o vendedor encobre um dano, ainda 
que aparente haja o dever de indenizar. Há um autêntico plus na responsabilidade como forma de 
proteção ao contratante inocente. Se a má fé é punida, o desconhecimento do vício pelo alienante não o 
exonera da responsabilidade, sendo, pois, irrelevante a sua boa fé. Essa a era dicção do art. 1.102 CC/ 
1916 que não foi reproduzido pelo Código Civil vigente. 
Mas apesar in albis legis, não se altera o entendimento sobre essa questão, pois a obrigação 
deve basear-se na boa fé objetiva (art. 422 C. C). 
Ressalva-se o direito à convenção de cláusula expressa em sentido contrário, o que confere à norma 
caráter dispositivo e não cogente. Desnecessária a prova quanto ao conhecimento do vício oculto, mas 
não quanto à má fé do alienante. 
O parágrafo único do art. 1.101 do C.C. /1916 admitia a aplicação dessa regra Às doações 
com encargo, a demonstrar com isso, que essas são onerosas, como admitiu corrigindo o referido texto, 
editando-se o parágrafo único do art. 441 do C.C./ 2002, pois realizada a liberalidade ao donatário, 
exige-se deste uma contraprestação. 
Álvaro Villaça conceitua o vício redibitório como defeito oculto em determinado objeto, 
em um contrato comutativo, que passa despercebida pelas partes, ou só pelo adquirente, no momento 
 
 
9 
da concretização negocial, e que, que, por tornar a coisa imprestável ao uso a que se destina ou 
desvalorizada, possibilitar ao mesmo adquirente redibir o negócio ou pedir abatimento no preço. 
O art. 445 C.C. aumentou os prazos anteriormente previstos no art. 178, §2o, §5o, inciso 
IV do C.C./1916, para trinta dias, se a coisa for móvel, pra um ano se imóvel, contados da efetiva 
entrega. Se o adquirente já estava na posse do bem, os referidos prazos serão reduzidos à metade e 
contados da alienação. 
No entanto, dependo da natureza do vício, esse só se revelar mais tarde, o prazo será 
contado a partir do instante em que se tiver conhecimento desse defeito, não indefinidamente, mas até 
o prazo máximo de 180(cento e oitenta) dias (§1o, art. 445 C. C), com relação aos bens móveis, e para 
os bens imóveis em um ano. 
Havendo cláusula de garantia, não se aplicam, em seu período de vigência, os prazos retro-
mencionados, prevê o art. 446 C.C. /2002, contudo, o adquirente deve denunciar a existência do vício 
ao alienante, tão logo seja conhecido o referido defeito oculto, e, no prazo de trinta dias seguintes ao 
seu descobrimento sob pena de decadência. 
Cláusula de garantia é causa obstativa de decadência, é termo inicial para a contagem da 
garantia contratual. É cláusula contratual que é complementar da garantia obrigatória e legal, sendo 
uma extensão do dever de probidade e de boa fé objetiva do art. 422 C.C. /2002. 
A cláusula de garantia essencialmente institui garantia contratual sem prejuízo da garantia 
legal genérica que restará sobrestada não correndo o prazo decadencial em desfavor do adquirente. O 
adquirente por imperativo da boa-fé objetiva deverá denunciar o vício oculto ao alienante nos trinta 
dias seguintes ao descobrimento do defeito, sob pena de decadência. 
O silêncio do adquirente perante o vício oculto pode indicar má fé ou intenção de 
prejudicar o outro contratante. A cláusula de garantia é uma suspensão convencional da decadência, 
posto que os prazos para invocar vício redibitório não correm na constância dessas. A referida 
cláusula, no entanto, não terá esse condão, se alienante já tem conhecimento do defeito posto que não 
seja jurídico que alguém possa extrair favores da má fé com que se conduz. 
Os prazos são decadenciais, isto é, não se interrompem e nem suspendem, fluindo 
fatalmente até o termo final, e ainda em razão da tutela pleiteada pelas ações redibitória e estimatória. 
Com relação aos bens imóveis também se conta a partir da tradição, porém explana Pontes 
de Miranda que a pretensão à redibição nasce quando o outorgado recebe o bem com vício e, por isso, 
a lei civil fixou o início do prazo preclusivo com a traditio que nada tem haver como o conhecimento 
sobre o vício. 
Há de se distinguir a pretensão da ação de redibição que almeja a rescisão do contrato que é de 
natureza constitutiva negativa, restando como evidente ser o prazo decadencial. 
Todavia, o mesmo não se dá, quando se pleiteia o abatimento no preço através da ação 
estimatória ou quanti minoris cuja natureza de sua pretensão é condenatória e o prazo estabelecido 
legalmente é, portanto, prescricional, não obstante a lei referir-se a este de forma duvidosa, dando a 
entender que é decadencial. 
O vício redibitório pode ser conhecido desde logo – art. 445 C.C. /2002 e, in casu, o prazo decadencial 
que se inicia com a efetiva entrega do bem, ou da alienação, se o adquirente já estava na posse do bem; 
e aquelas em que o vício, por sua natureza, só pode ser conhecido mais tarde e, então, o prazo só se 
iniciará no momento em que o adquirente tomar conhecimento do vício (art. 445, §1o, C.C./2002). 
Há duas contagens de prazo completamente distintas, pois o referido diploma legal cria 
duas espécies diferentes de vícios ocultos. 
È curial frisar que o vício oculto por sua natureza só pode ser conhecido a posteriori. Se o objeto da 
alienação for um touro para fins de reprodução. E se descobre que embora o touro não sofra de 
impotência coeundi, mas possui impotência generandi. (pois produz número reduzido de 
espermatozóides). Não obstante ter havido a cópula, as vacas não restaram prenhes. 
Condiciona-se que o início do prazo decadencial para propor as ações edilícias é 
contemporâneo ao conhecimento do vício pelo adquirente, que é, pois, de seis meses para bens móveis 
e, um ano para imóveis. 
 
 
10 
A crítica pertinente ao novo codex prende-se a separação dos vícios ocultos em dois grupos: os desde 
logo constatados e os que, por sua natureza, forem apenas detectados posteriormente. 
O termo (a quo) inicial da contagem dos prazos poderia ser adotado para toda e qualquer 
espécie de vício oculto, uniformizando-se o tratamento legal perante o vício redibitório. 
Tal separação poderá trazerproblemas práticos que caberá a douta jurisprudência extirpar. O vendedor, 
em princípio, não saberá até quando perdurará sua responsabilidade e o adquirente, por sua vez, não 
saberá precisar até quando poderá exercer sua garantia legal à redibição ou abatimento do preço pago. 
A regra do caput do art.445 C.C. /2002 que desconsidera o conhecimento do vício e, se 
prende a efetiva tradição, é menos justa, mas gera menor grau de insegurança jurídica. Os vícios 
aparentes foram expressamente excluídos pelo art. 441 do C.C. Verifica-se que a existência da cláusula 
de garantia não trata de suspensão e nem interrupção dos prazos para ações edilícias. È uma regra 
inovadora que impede a caducidade, que somente começa a fluir após o término da garantia. É cláusula 
que impede a decadência e existem outras previstas nos arts. 197, I, 197, II, 198, 168 e 169 do Código 
Civil de 2002. 
O legislador cria uma decadência intercorrente, pois fornece o prazo exíguo de trinta dias 
para informar ao alienante, sob pena de perder o direito de redibição ou de abatimento. O dever de 
denúncia está restrito à existência de garantia. Diferentemente o Código Civil português (art. 916) e o 
italiano (art6. 1.495) exigem a referida denúncia qualquer que seja a hipótese de vício. 
O dever de informação previsto no art. 446 C.C. não decorre do vínculo contratual em si, e, 
sim, da própria lei. Ainda referindo-se à venda de animais, os prazos de garantia contra vícios ocultos 
serão os estabelecidos em lei especial, ou, in albis, pelos usos locais, aplicando-se o Código Civil se 
não houver regras disciplinando a matéria. Para a venda de animais, os referidos prazos se iniciarão da 
data de ciência do vício pelo adquirente e, não da entrega da coisa, podendo reclamar o comprador em 
até 180(cento e oitenta) dias (prazo de natureza decadencial). 
É importante destacar a distinção entre coisa e bem. Coisa é tudo aquilo que tem existência 
material e que é passível de medida de valor, de aferição. Há coisas úteis, porém não apropriáveis 
como as chamadas res communes ou coisas comuns tais como a luz, o ar, o mar, o sol, as estrelas, a 
nuvem. 
Não são de ninguém e são de todos. E há coisas que embora suscetíveis de apropriação, como os 
animais de caça, os peixes, as coisas abandonadas (res derelictae), não pertencem a ninguém 
(res nullius). Os animais são coisas, porém objeto de proteção jurídica especial, por si mesmo e como 
salvaguarda do sentimento das pessoas. 
A noção de coisa prende-se intimamente à da substância. A utilidade e a possibilidade de 
apropriação dão valor às coisas, transformando-as em bens. O conceito de bens pressupõe, assim, uma 
valoração e qualificação. Bem é tudo aquilo que tem valor, e entra no mundo jurídico como objeto de 
direito. 
Salienta Francisco Amaral que parte da doutrina, à semelhança do Código Civil alemão (BGB) 
reserva o termo “coisa” para designar bens de existência corpórea, de natureza exterior e tangível (§90) 
O Código Civil Brasileiro não traça tal distinção, usando o termo “bem” para designar valores 
materiais e imateriais que servem de objeto na relação jurídica, reiterando com isso, a definição 
acertada de Clóvis Beviláqua. 
A regra também não se aplica à locação posto que os prazos práticos estejam previstos em 
lei específica (Lei 8.245/91). 
Poderá o adquirente tendo recebido a coisa viciada com o defeito oculto poderá enjeitá-la. Mas não é 
obrigado a fazê-lo podendo desejar conservar a coisa, poderá então, pedir o abatimento correspondente 
a depreciação sofrida pela coisa adquirida feita pelo defeito oculto. 
Redibindo voltam às partes ao status quo ante, tendo que o alienante restituir o preço 
integral pago acrescido das despesas contratuais e, eventuais prejuízos daí decorrentes. 
Por lei, em face do vício redibitório surge uma obrigação alternativa a benefício do adquirente. Assim 
o alienante deve a redibição do contrato ou a diferença de preço. Trata-se de escolha irrevogável, pois 
uma vez eleita uma das vias, não caberá retratação. 
 
 
11 
Opinião contrária encontra-se na doutrina alemã, pois no BGB § 465 há o pedido 
alternativo que é adquirido no momento em que o vendedor der a sua aquiescência. 
Já o direito francês nega a opção ao adquirente, facultando-se somente a ação de abatimento de preço 
quando o juiz estima-o. Daí, porque alguns eminentes civilistas apontem que diante do vício 
redibitório surja não uma obrigação alternativa e sim, uma facultativa. O adquirente está submisso aos 
prazos decadenciais que variam conforme a natureza da coisa adquirida. Quanto aos prazos de garantia 
estes existem para estabelecer que o alienante responda pela perfeição e utilidade da coisa transferida e 
obriga-=se a substituí-la, caso venha se tornar inepta. 
A cláusula de garantia é uma cláusula de suspensão convencional da decadência, posto que 
os prazos para invocar vício redibitório não correm na constância dessas. 
A referida cláusula, no entanto, não terá esse condão, se o alienante já tem conhecimento do defeito 
posto que não seja jurídico que alguém possa extrair favores da má fé com que se conduz. Ademais, 
tornar-se-ia o contrato em aleatório, presumindo-se que o adquirente assumiu o risco do perecimento 
ou inutilização da coisa. 
Estabelece o CDC no § 3º, do art. 26 que o início da contagem do prazo ocorre quando o 
vício deixe de ser oculto. Porém, não se pode confundir acidente de consumo com vício redibitório. 
A tendência contemporânea de proteção ao consumidor considera que a teoria dos vícios redibitórios 
revela-se ineficaz. Por isso, deu-se a construção da doutrina da responsabilidade civil do fabricante ou 
fornecedor, cuja existência é reconhecer a ação direta contra o produtor ou a esse equiparado, para 
cobertura de dano causado na utilização de produtos que revelem defeitos de fabricação. 
Impõe o CDC substituição do produto por outro da mesma espécie e em perfeitas 
condições de uso e restituição imediata de quantia paga, devidamente corrigida, além de perdas e 
danos, ou o abatimento do preço. Acresce ademais, a possibilidade da inversão do ônus da prova no 
processo civil (art. 6, VIII CDC) por medida de igualdade formal e ainda em cumprimento a isonomia 
das partes no processo. 
 
4.4.1. Evicção 
Da mesma forma que os vícios redibitórios, a evicção surge como garantia que incide 
sobre a pessoa do alienante. A evicção vem do vocábulo latino ex vincere, ou seja, vencer. 
Na vigência do vetusto Código Civil de 1916 para se configurar a evicção era essencial que a coisa 
fosse perdida em razão de sentença judicial decorrente de ação reivindicatória (art. 1.117, II 
C.C./1916), já o atual o Código Civil de 2002 não faz a mesma exigência, e a doutrina acaba mesmo 
de admitir a responsabilidade por evicção na apreensão da coisa por autoridade policial. 
Atribuiu-se o termo evicção à perda total, ou parcial, da coisa alienada, por força de 
decisão judicial, baseada em causa preexistente ao contrato. Essa modalidade de garantia se aplica aos 
contratos comutativos e onerosos que impliquem na transmissão de direitos, não se restringindo, 
portanto, aos contratos de compra e venda (cabível, por exemplo, na dação em pagamento, transação e 
sociedade). 
 
São três personagens intervenientes no fenômeno da evicção: 
a) evictor: o real proprietário que pretende reaver a propriedade perdida; 
b) evicto: aquele adquirente que tem a propriedade ou posse da coisa; 
c) alienante: aquele que alienouo bem ao adquirente. 
 
Alguns doutrinadores crêem que a responsabilidade por evicção só é aplicável às 
alienações onerosas (art. 447 C.C.), ou seja, àquelas em que houve prestações e contraprestações 
recíprocas. Aplica-se, todavia, aos contratos de compra e venda, permuta e também na dação em 
pagamento e sociedade. 
É necessário haver equivalência entre as obrigações das partes e, portanto, as regras não se aplicam as 
liberalidades, tais como doação pura, simples e o comodato. 
 
 
12 
Mas, excepcionalmente nas doações modais ou com encargo, responderá o doador pela evicção. Pois 
se a doação foi gravada com encargo, perde o caráter de pura liberalidade e, o doador também 
responderá por evicção. 
A segunda parte do art. 447 C.C. ainda prevê a evicção quando o bem foi vendido em hasta 
pública, persistindo a responsabilidade do alienante, que é inerente a sua boa ou má fé, cogitando-se de 
alienação onerosa. Permanece também a responsabilidade do alienante ainda que a coisa alienada 
esteja deteriorada, alvo se o evicto agiu com dolo e é responsável pela deterioração (art. 451 C.C.). Se 
o adquirente intencionalmente danifica o automóvel que veio a perder, o alienante somente pagará o 
valor do carro danificado. No entanto, se a batida se deu por simples culpa, o alienante paga o valor 
integral do carro, como a batida jamais tivesse ocorrido. 
O principal direito do evicto é o de receber o valor da coisa perdida, e o Código Civil de 
2002 pôs fim a discussão em torno do valor que será o da época em que evenceu (art. 450, parágrafo 
único do C.C.). Assim se na época da perda, sobre a coisa incidiu valorização, será o valor atualizado 
que deverá ser pago pelo alienante. Idêntico raciocínio se aplica se o valor da coisa diminuiu. 
O valor atual ao tempo da evicção já era conquista tanto da doutrina quanto da 
jurisprudência brasileira. Além do valor atual da coisa que se perdeu, deverá o alienante também pagar 
ao evicto: 
 
a) o valor dos frutos que o evicto restituiu ao evictor reivindicante (art. 450, I C.C.); 
b) o valor das despesas contratuais e os prejuízos da evicção (até mesmo lucro cessante conforme 
consagra a jurisprudência – art. 450, II C.C.); 
c) à custa judiciais e honorários advocatícios (os ônus sucumbenciais) constituído para defendê-lo na 
ação reivindicatória que culminou com a perda da coisa (Art. 450, III C.C.). 
 
Havendo benfeitorias, o evicto receberá do alienante o valor das úteis e necessárias, salvo 
se tal valor tiver sido pago pelo evictor (art. 453 C.C.). Em princípio não teria direito de receber pelas 
benfeitorias voluptuárias, podendo retirá-las da cosia desde que não acarretasse destruição da mesma. 
Mantém-se o direito do evicto de recobrar o preço pago ainda que presente a cláusula excludente de 
responsabilidade se não soube do risco da evicção e, se informado, não o assumiu. 
A responsabilidade do alienante é de direito dispositivo, portanto, poderá ser reforçada, diminuída ou 
até mesmo suprimida pela vontade das partes (art. 448 C.C.). 
Admitindo-se reforço de garantia o seu limite será o valor total dos prejuízos sofridos pelo 
adquirente. Analogicamente podemos aplicar as regras pertinentes ao valor do seguro de dano (art. 778 
C.C.) e da cláusula penal (art. 412 C.C.). A supressão da garantia de evicção é chamada também 
de pacta de non praestanda evictione. No entanto, em face de função social do contrato e a boa fé 
objetiva que deve reger os contratos até mesmo em suas negociações preambulares, também a 
exclusão de responsabilidade por evicção pode sofrer certas limitações e deve ser entendida como 
acordo firmado entre as partes. 
 
Teremos três possibilidades, a saber: 
a) o contrato contém cláusula excludente de responsabilidade de evicção e, o evicto é informado de 
que sobre a cosia alienada pende litígio (ação reivindicatória). Nesse caso, o contrato é aleatório, e a 
perda judicial é risco assumido pelo adquirente (art. 457 C.C.). 
b) o contrato contendo cláusula excludente de responsabilidade, mas, o evicto não tinha ciência 
específica do risco da perda. E, in casu, o alienante continua responsável pelo preço que pagou pela 
coisa, devendo restituí-lo ao evicto. 
c)o contrato com cláusula excludente de responsabilidade; o adquirente é avisado do risco de evicção, 
e o evicto não assume o risco. Possui o direito de receber o preço que pagou. 
 
Para isenção total de responsabilidade deverá o alienante além de informar cabalmente ao 
adquirente sobre os riscos da coisa (art. 449 C.C.), deve este ainda assumi-lo, caracterizando assim, um 
contrato aleatório. Evicção parcial pode acarretar a rescisão do contrato ou a restituição de parte do 
 
 
13 
preço pago conforme elucida o art. 455 C.C. Jurisprudencialmente entende-se por parcial aquilo que 
não ultrapasse a 20% do valor real da coisa. Entretanto, se a perda não for considerável, somente 
caberá ao evicto o direito de indenização, mas não à resolução do contrato (art. 455 C.C.), é um 
corolário do princípio da conservação dos negócios jurídicos. 
Para que possa o evicto exercer seus direitos decorrentes da evicção, deve notificar o 
alienante imediatamente ou outros, na forma da lei processual (art. 456 C.C.). Cabe ao evicto 
promover a denunciação da lide com relação ao alienante (art. 70, I CPC), instaurando-se uma lide 
secundária entre estes. Apesar de a lei processual alegar a obrigatoriedade da denunciação da lide, sem 
esta decairá o direito do evicto de receber as verbas decorrentes da evicção. Parte da doutrina, com 
fulcro no princípio que proíbe o enriquecimento em cada, admite que esses direitos sejam pleiteados 
por ação autônoma ainda que não tenha ocorrido a denunciação da lide. Verificam-se vários acórdãos 
nesse sentido no Superior Tribunal de Justiça. 
Em que pese à relação de direito material ser na verdade entre evicto e alienante imediato, 
a responsabilidade sobre a evicção é de todos os alienantes que participaram da cadeia na qualidade de 
ex-proprietários da coisa. O que corrobora na possibilidade de denunciações da lide sucessivas. 
O adquirente evicto terá a faculdade ou não de contestar a lide proposta pelo evictor, feita a 
denunciação da lide, e se for manifesta a procedência da evicção, poderá o adquirente deixar de 
contestar ou usar de recursos. (art. 456, parágrafo único C.C.). Há quem defenda em doutrina que há 
evicção sem sentença judicial, quando manifesto direito do evictor sobre a coisa alienada. A perda da 
coisa pode ocorrer até por ato administrativo como, por exemplo, a desapropriação. Com relação aos 
contratos aleatórios não se aplicam as regras referentes aos vícios redibitórios e à evicção (ações 
edilícias); e, nem mesmo a figura da lesão. 
Na evicção ocorre defeito de titulação de direito de propriedade sobre o objeto transmitido. 
È necessário que ocorra a perda da posse ou do domínio do objeto transferido, por parte do adquirente; 
depois que essa perda se verifica em razão de vício ou defeito no direito de quem o alienou, perda essa 
que será decretada por sentença judicial definitiva. 
É importante que o vício se dê na titularidade do direito do alienante sobre determinado 
objetoe, não incide nesse, pois que, se neste for o defeito, e se oculto, tratar-se-á de vício redibitório e, 
não de evicção. 
A evicção para que se configure prescinde de pronunciamento judicial que se funda em causa 
preexistente ao contrato pelo qual se operou a aquisição do evicto. Assim, em caso de usucapião 
iniciada antes e completado depois da transmissão ao adquirente, a doutrina se inclina pela absolvição 
do alienante, pois poderia o adquirente interromper a prescrição. 
Exceção razoável ao princípio da anterioridade é a desapropriação da coisa posteriormente 
ao contrato, sempre que o decreto declaratório da utilidade pública já existia no momento da 
transmissão e, não tenha sido acusado pelo alienante, porque embora a perda se concretize 
posteriormente ao contrato, e a tradição da coisa, sua causa o antecede, e, não está nas mãos do 
adquirente evitá-la. O campo atuante da teoria da evicção é o contrato oneroso, mas também não 
apenas o de compra e venda, mas nas doações modais, dação em pagamento e, etc. 
Subsiste a evicção mesmo que haja aquisição em hasta pública. Todavia não esclarece 
quem responderia por essa evicção uma vez que a alienação é forçada e inerente a vontade do 
proprietário da coisa, mas Caio Mário apregoa a responsabilidade do estado, a fim de que terceiro seja 
favorecido. Leciona o insigne mestre Caio Mário que não é somente na transmissão de direitos reais 
que se dá a responsabilidade da evicção, mas também na de créditos. Embora os princípios aplicáveis 
variem um pouco, pois o cedente responde somente pela existência do direito transferido (veritas 
nominis) e, não pela solvência do devedor (bonitas nominis). 
A lei obriga o alienante resguardar o adquirente contra os riscos da perda, sob a mesma 
fundamentação de garantia que é igualmente aplicada aos vícios redibitórios. A garantia contra evicção 
é conseqüência natural, embora não essencial da obrigação de entregar a coisa alienada. Dessa forma, é 
dispensável que nos contratos onerosos se convencione a prevalência dessa garantia, que se opera ex 
lege e, não ex contractu. Por isso, é matéria de ordem privada que consagra território onde às partes 
podem livremente utilizar a faculdade de alterar e até suprimir (art. 448 C.C.). 
 
 
14 
Não se funda na culpa do alienante e persiste sua responsabilidade ainda que estivesse de 
boa fé. Não cuidou a lei de definir o que significa evicção de parte considerável da coisa, relegando-se 
tal tento a doutrina. Cunha Gonçalves expõe a referida configuração que não atenderá somente ao 
critério de quantidade, mas, porém, à qualidade e a natureza tendo em vista as circunstâncias do fato. 
 
1. O principal aspecto característico do vício redibitório é que este seja oculto, recôndito, não-aparente. 
De forma que ser for aparente, crasso ou identificável facilmente não se tratará de vício redibitório. 
2. Importante relembrar Clóvis Beviláqua apud Caio Mário, in verbis: “na compra e venda, na troca, 
na dação em pagamento, e em todos os contratos tendentes à translação do domínio, posse ou uso, tem 
cabimento a ação de rejeição, fundada em vício redibitório.” 
3. Não há similitude do conceito de vício redibitório com a idéia de responsabilidade civil. È mais 
ontologicamente afinado como uma causa de dissolução contratual. 
 
O defeito deverá acompanhar a coisa, quando de sua tradição. Do contrário, se o vício é 
posterior à aquisição da coisa, ou quando a res estava em poder do adquirente, por má utilização ou 
desídia, o contratante nada poderá pleitear. Pablo Stolze Gagliano em seu novo Curso de Direito Civil 
pontifica sabiamente que os elementos caracterizadores do vício redibitório são: 
 
a) a existência de um contrato comutativo; 
b) um defeito oculto existente no momento da tradição; 
c) diminuição do valor econômico ou o prejuízo à adequada utilização da coisa. 
 
A garantia contra os vícios redibitórios baseia-se em três teorias: 
a) a teoria da evicção parcial - A evicção se traduz na perda da propriedade de um bem móvel ou 
imóvel por força de reconhecimento judicial ou administrativo de direito anterior de terceiro. 
Não existe razão nenhuma para justificar a garantia contra vícios redibitórios nesta teoria, porque a 
evicção guarda íntima relação com descumprimento contratual e responsabilidade civil, enquanto que 
os defeitos ocultos podem ensejar tanto a redibição do contrato (dissolvendo-o) pela existência de vício 
prejudicial ao direito do novo dono como também o abatimento no preço com base na depreciação 
sofrida pela coisa. 
 
b) Teria do erro Segundo Orlando Gomes enxergava o vício redibitório como erro sobre a vontade do 
adquirente. E se o houvesse cabível seria anular o contrato, o que não é vero, pois o vício oculto não 
fulmina o contrato comutativo no plano de validade, e, sim, no plano de eficácia por permitir o 
enjeitamento da coisa ou abatimento no preço, fora a possível responsabilidade por perdas e danos 
causados. 
Erro possui uma dimensão subjetiva e psicológica enquanto que o vício tem natureza objetiva. 
 
c) Teoria do risco – seu maior partidário foi Saleilles que pontifica que garantia dos vícios redibitórios 
decorreria da lei que impõe ao alienante os riscos pelos eventuais defeitos ocultos na coisa por este 
alienada. 
Ontologicamente em Direito Civil, o risco envolve a idéia de perigo concreto de dano por caso fortuito 
ou força maior. A previsão legal encontra justificativa na técnico-jurídica na garantia contratual. Não 
se confundem vício redibitório e erro. O erro expressa uma equivocada representação da realidade, 
uma opinião não verdadeira a respeito do negócio jurídico, do seu objeto ou da pessoa com quem se 
trava a relação jurídica. 
Vicia a própria vontade do agente, está seu campo subjetivo (psíquico). O vício redibitório 
não diz respeito ao psiquismo do adquirente uma vez que recebeu exatamente aquilo que desejava 
comprar. 
As chamadas ações edilícias (redibitória e a estimatória), na verdade encerram concurso de pretensões. 
Ilustra Fredie Didier que o referido concurso de ações objetivamente pode ocorrer de duas formas: a) 
concurso impróprio onde existe mais de uma pretensão concorrente nascida a partir de um mesmo 
 
 
15 
fator gerador; b) concurso próprio onde há pluralidade de causas de pedir que autorizem a formulação 
de mesmo pedido. 
Não se podem cumular direitos concorrentes posto que seja impossível o acolhimento simultâneo de 
todos estes (art. 295, parágrafo único, IV CPC). 
 
4. O art. 445 C.C. cogita dos prazos para pretensão redibitória (que é a rescisão do contrato por vício 
redibitório) e é de natureza constitutiva negativa, o prazo estabelecido em lei é de natureza 
decadencial. 
Enquanto que a pretensão da ação quanti minoris ou estimatória é de natureza condenatória, e o prazo 
estabelecido pela lei para seu exercício é de natureza prescricional. 
Lembrando o que determina a natureza do prazo (se decadencial ou prescricional) é determinado pelo 
tipo de pretensão, conforme bem leciona Ângelo Amorim Filho (RT 744/736) em cuja teoria está 
fundamentada todo regulamento da prescrição e decadência do novo Código Civil. A propósito, sobreo tema, a articulista tem o artigo chamado “A controvérsia sobre a prescrição e decadência em face do 
NCC”. 
Porém, defendem alguns doutrinadores que como as ações edilícias possuem conteúdo de direitos 
potestativos, seriam esses prazos decadenciais. 
 
5. Súmula 246 do Superior Tribunal de Justiça: “O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da 
indenização judicialmente fixada”. A necessidade de dedução revela a existência de direitos 
concorrentes. Às vezes, o valor do seguro não corresponde ao valor dos danos, podendo a vítima 
pleitear em face do responsável pelo acidente a complementação da indenização. Permanece como 
regra de que o direito concorrente só se extingue com a total satisfação do direito que com ele 
concorre, ou seja, com o total ressarcimento da vítima. 
 
6. São exemplos de concurso de direitos: a) vício redibitório: quanti minoris arts. 441, 441 do 
C.C./2002; b) invalidade do contrato por simulação ou fraude; c) pedido de complementação da área 
de venda ad mensuram , ou, subsidiariamente, a redução do preço ou extinção do contrato (art. 5000 
Código Civil/2002); d) pedido de nulidade do contrato ou, subsidiariamente, redução do valor da 
dívida; e) nulidade de casamento ou sucessivamente, separação judicial (vide rol apresentado por 
Araken de Assis, Cumulação de Ações, p.258); f) quem possui uma cambial é credor do emitente seja 
da obrigação abstrata que surge do negócio cambial, seja da obrigação causal que surge da relação 
fundamental; g) o credor de uma coisa determinada pode também ser proprietário como nos caso de 
comodato, locação, etc, nestes casos, pode pretender a coisa como proprietário ou como credor; h) 
passageiro que sofre lesões no transporte ferroviário: tem direito À indenização por força da culpa 
aquiliana do preposto ou da responsabilidade objetiva da empresa ferroviária; i) vítima de acidente de 
trânsito, que tanto tem direito ao valor do seguro obrigatório como também uma indenização do 
causador do acidente, devendo, entretanto, o valor daquele ser abatido desta. 
 
7. Conceitua-se benfeitoria como sendo a obra realizada pelo homem, na estrutura da coisa principal, 
com propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. 
Chama-se de necessárias as que visam evitar estrago iminente ou deterioração da coisa principal 
(exemplos: reparos numa viga, eliminação de vazamento que compromete a pilastra central, reforço do 
piso para evitar afundamento). São úteis as benfeitorias empreendidas como escopo de facilitar a 
utilização da coisa (exemplo: abertura de nova entrada que servira de garagem, coloca-se de novos 
escoamentos e ralos para evitar o empoçamento de águas das chuvas). 
 
E, finalmente as voluptuárias, quando empreendidas para mero deleite, prazer ou 
embelezamento, sem aumento da utilidade da coisa (decoração de um jardim, pintura numa determina 
textura). Vide art.96 do C.C./2002. 
Toda benfeitoria é artificial e a identificação de sua natureza não é fácil, pois os bens geralmente não 
possuem uma única finalidade intrínseca e absoluta. Assim uma piscina em uma mansão poderá ser 
 
 
16 
considerada voluptuária, e útil numa escola ou necessária numa academia de hidroginástica. Não se 
identificam as benfeitorias com as acessões industriais ou artificiais (como construções ou plantações) 
que têm disciplina própria nos arts. 1.253 a 1.259 C.C. de 2002 e constituem modos de aquisição da 
propriedade imóvel. A acessão se traduz na união física com aumento de volume e, diferentemente, 
das benfeitorias, podem ser também natural (aluvião, avulsão formação de ilhas, álveo abandonado). 
 
4.4.2. Princípio da boa-fé 
A boa-fé é uma cláusula geral que se subentende presente não só nas relações contratuais, 
mas em qualquer relação jurídica. Trata-se de um princípio que atua na verificação do comportamento 
dos agentes, considerando-o tanto sob o ponto de vista de um agir ciente de que a conduta é correta ou 
incorreta ou insciente sobre determinadas circunstâncias que, em tese, tornariam a ação inválida. 
 
4.4.3. Princípio da probidade e boa-fé contratual 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como 
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
O princípio da boa-fé objetiva também está contido em uma cláusula geral e, como tal, se revela 
vinculante, sobretudo do ponto de vista axiológico, pois permite sejam permeados valores 
constitucionais a orientar a autonomia contratual. Impõe deveres referentes a interesses 
extracontratuais socialmente relevantes. 
 
Enunciado n° 27, I Jornada de Direito Civil: Na interpretação da cláusula geral da boa-fé objetiva, 
deve-se levar em conta o sistema do CC e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e 
fatores metajurídicos. 
Boa-fé subjetiva x boa-fé objetiva. Princípios da eticidade e da socialidade. Tutela da confiança. 
A boa-fé objetiva pode ser compreendida como a exigência de conduta leal, proba, dos contratantes, 
tomada a partir de um enfoque social. Há ínsita relação da boa-fé objetiva com os deveres de conduta 
(deveres anexos, deveres secundários, deveres laterais), eis que a boa-fé objetiva: 
 
Obriga as partes a terem comportamento compatível com os fins econômicos e sociais pretendidos 
objetivamente pela operação negocial. No âmbito contratual, portanto, o princípio da boa-fé impõe 
um padrão de conduta a ambos os contratantes no sentido da recíproca cooperação, com 
consideração aos interesses comuns, em vista de se alcançar o efeito prático que justifica a própria 
existência do contrato. (Código civil interpretado: à luz da constituição federal. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2006. p. 16). 
 
4.4.4. Função interpretativa 
A função de concretização tem por objetivo oferecer um critério para determinar o modo 
da prestação. Trata-se de função intregativo-interpretativa. As relações jurídicas decorrentes do 
contrato devem ser interpretadas à luz da boa-fé. Tal mandamento se direciona tanto às partes 
envolvidas no contrato quanto ao magistrado. A função interpretativa está contida no art. 113, CC. 
 
4.4.5. Deveres anexos 
Trata-se de obrigações que surgem da aplicação de dever geral de probidade de boa-fé e se 
consideram clausuladas no contrato independentemente de previsão expressa nas declarações de 
vontade. Assim, se puder falar que a boa-fé é uma cláusula inserida, de forma implícita, em todos os 
contratos, os deveres anexos seriam subcláusulas daquela, porque oriundas diretamente dela. 
 
4.4.6. Contrato com pessoa a declarar 
O Código Civil brasileiro cuida dessa tipologia contratual nos seus arts. 467 a 471. Nesse 
contrato, as partes contratantes estão definidas e identificadas. O que resta é a pessoa designada a 
ocupar o lugar de sujeito da relação jurídica assim criada (Código Civil, art. 467). Um dos contratantes 
 
 
17 
reserva-se a faculdade de indicar a pessoa que adquirirá, em momento futuro, os direitos e assumirá as 
obrigações respectivas. 
A indicação da pessoa deve ser feita no prazo estipulado ou, em sua falta, no de cinco dias, 
para o efeito de declarar se aceita a estipulação (art. 468). Em face de pronunciamento positivo,o 
terceiro indicado, toma o lugar da parte contratante. O parágrafo único do art. 468 institui que a 
aceitação se dará obrigatoriamente com a mesma forma prevista para a celebração inicial do contrato. 
Uma vez manifestada, considera-se que, ao adquirir os direitos e assumir as obrigações, a pessoa 
esteve presente como parte contratante desde a data do contrato, conforme estabelece o art. 469 do 
Código Civil. 
Se o nomeado aceita na forma e nas condições estabelecidas nos arts. 468 e 469, adquire os direitos e 
assume as obrigações. Substitui, na titularidade das relações jurídicas, o contratante que o indicou. Se 
não aceita, nem por isso o contrato perde sua eficácia. Continua válido, subsistindo apenas entre os 
contraentes originários (art. 470, I), se não houver indicação de pessoa teoricamente nomeada ou se o 
nomeado se recusar ao cumprimento do contrato. 
O mesmo ocorrerá se, no prazo estipulado ou legal, não for feita a indicação, assim como 
se a pessoa nomeada era insolvente, independentemente de o outro contratante conhecer ou não a 
insolvência no momento da indicação (art. 470, II, e 471). 
 
4.4.7. Extinção do Contrato 
 
Resilição contratual: é dissolução do vínculo contratual, mediante atuação das mesmas vontades que o 
criou, por ato lícito das partes. Pode ser bilateral ou unilateral. Resilição bilateral ou distrato, como o 
art. 472 do Código denomina essa figura jurídica, é a declaração de vontade das partes contratantes, no 
sentido oposto ao que havia gerado o vínculo. Deve ser realizada pela mesma forma exigida por lei 
para contratar. Resilição unilateral é a extinção promovida pela denúncia de uma das partes. A lei 
determina a atração da forma (Código Civil, artigo 472), estabelecendo que se faça pela mesma forma 
exigida pela lei para contratar. A forma do distrato não deve necessariamente obedecer à que foi 
adotada no contrato, mas, sim, a que a lei exige. 
Dessa forma, se um contrato de compra e venda que tem por objeto um bem móvel foi 
celebrada por instrumento público, ele poderá se extinguir por distrato celebrado por instrumento 
particular. A resilição unilateral constitui-se exceção. Um dos efeitos do princípio da obrigatoriedade 
do contrato é, precisamente, a alienação da liberdade dos contratantes: nenhum deles pode romper o 
vínculo, em princípio, sem a anuência do outro. Por tal motivo é que o art. 473 do Código, somente em 
casos excepcionais, admite que um contrato cesse pela manifestação de vontade de apenas uma das 
partes. O comodato, o mandato, o depósito, pela sua própria natureza, admitem a resilição unilateral. 
Os contratos de execução continuada, quando ajustados por prazo indeterminado, comportam a 
cessação mediante um instituto denominado denúncia, que é a vontade de rescindir o contrato sem 
motivo, expressada por um dos contratantes. Assim ocorre no fornecimento continuado de mercadorias 
ou em alguns tipos de locação. 
O parágrafo único do art. 473 do Código determina que, de acordo com a natureza do 
contrato, se uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia 
unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos 
investimentos. Caberá ao juiz determinar, com a ajuda da perícia técnica se necessário, o prazo em que 
fica suspenso o direito de a parte resilir unilateralmente o contrato, sem qualquer motivação específica. 
O critério legal é o de proporcionar à parte, prejudicada pela resilição unilateral, a obtenção do 
objetivo previsto no contrato, de acordo com a sua natureza e dos investimentos realizados. 
 
Resolução contratual: é a dissolução do contrato em conseqüência de ter alguma falta de uma das 
partes em relação ao cumprimento de sua obrigação. Assim, a outra parte, lesada pelo inadimplemento, 
pode requerer a resolução do contrato com perdas e danos (Código Civil, art. 475). O art. 474 do 
Código, aliás, dispõe que a condição resolutiva tácita depende de interpelação judicial, com fixação de 
 
 
18 
prazo para que a parte faltosa efetue a prestação que lhe compete, sob pena de resolver-se o contrato e, 
somente após esse prazo, é que poderá ser pleiteada a resolução. 
Pronunciado o rompimento do vínculo contratual, estendem-se os efeitos do ato desfeito, 
com sujeição do inadimplente ao princípio da reparação, que, na forma da regra comum, deve 
compreender o dano emergente e o lucro cessante. Isso ocorre quando houver cláusula resolutiva tácita 
no contrato. Havendo cláusula expressa e deixando o contratante de cumprir a obrigação na forma e no 
tempo ajustado, resolve-se o contrato automaticamente, sem necessidade de interpelação do faltoso 
(Código Civil, arts. 474 e 128). 
 
“Exceptio non adimpleti contractus”: é a defesa oponível pelo contratante demandado contra o co-
contratante inadimplente, alegando que o demandado se recusa à sua prestação, por não ter aquele que 
reclama dado cumprimento à parte que lhe cabe (Código Civil, art. 476). O Código, em seu art. 477, 
outorgou ao contratante que tiver de fazer a sua prestação em primeiro lugar o direito de recusá-la se, 
depois de concluído o contrato, sobrevier ao outra contratante alteração nas condições econômicas, 
capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação a que se obrigou. É claro que a medida é 
excepcional, pois que, ajustadas prestações combinadas, não justifica a recusa pelo fato de não haver 
ainda prestado o outro. 
Desde que saiba ou tenha razões plausíveis de presumir (protesto de título, pedido de 
moratória ou de concordata etc.), que a diminuição patrimonial do outro faça duvidar da 
contraprestação esperada, cessará o pagamento ou reterá a execução, até que se lhe dê a solução devida 
ou a garantia suficiente de que será efetivada no momento oportuno. Não há predeterminação de 
garantia, podendo ser de qualquer natureza, real ou fidejussória. Mas é necessário que se trate de 
garantia bastante. Uma vez prestada essa, a exceção caduca e a prestação suspensa deverá ser 
cumprida. 
 
Resolução por onerosidade excessiva: se houver ocorrido modificação profunda nas condições 
objetivas da execução contratual, em relação às existentes no momento da celebração, imprevisíveis 
naquele momento e geradoras de onerosidade excessiva para um dos contratantes, proporcionando ao 
outro um lucro desarrazoado, cabe ao prejudicado insurgir-se e recusar a prestação. É mister a 
ocorrência de um acontecimento extraordinário, que tenha modificado o ambiente objetivo, de forma 
que o cumprimento do contrato implique, em si mesmo, o enriquecimento de um e empobrecimento do 
outro. 
Para que se possa invocar a resolução por onerosidade excessiva é necessário que ocorram 
requisitos de apuração certa, explicitados no art. 478 do Código Civil: 
a) vigência de um contrato de execução diferida ou continuada; 
b) alteração radical das condições econômicas objetivas no momento da execução, em confronto com 
o ambiente objetivo no da celebração; 
c) onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício exagerado para o outro; 
d) imprevisibilidade daquela modificação. 
 
Nunca haverá lugar para a aplicação da teoria da imprevisão naqueles casos em que a 
onerosidade excessiva provém de acontecimento normal e não do imprevisto, como ainda nos 
contratos aleatórios, em que o ganho e a perda não podem estar sujeitos a um valor predeterminado. 
 
4.4.8. Compra e venda 
O contrato de compra e venda é definida

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