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O Ensino de Historia nas Series Iniciais

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O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS 
 
Jean Carlos Cerqueira Pereira 
cerper2@hotmail.com 
Graduando em Pedagogia – UEFS 
Orientadora: Professora do Departamento de Educação da UEFS – Drª Lilian 
Miranda Bastos Pacheco 
dlp.ba@terra.com.br 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho pretende discutir sobre o ensino de História nas Séries Iniciais, 
considerando sua relevância para a formação do indivíduo, bem como o papel 
do professor de História na contribuição para a consciência crítica e descoberta 
de si como agente de transformação social, com o poder de intervir na 
sociedade. Ideias são discutidas, amparando-se em diversos autores, para 
corroborar a importância do estudo e ensino de História nas séries iniciais. 
 
Palavras-chave: História, Ensino de História, Séries Iniciais, 
 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
O ensino de História nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem 
passado por uma grande transformação, isso aconteceu a partir do momento 
em que ela foi desvinculada da Geografia, tornando-se uma disciplina 
especifica, com características próprias. Nas últimas décadas, o ensino de 
História foi consolidado em suas especificidades. Nas séries iniciais, a 
princípio, a criança não entende o sentido de história em seu contexto de 
temporalidade, este tema está inserido no currículo escolar e deve ser 
trabalhado para que então a criança comece a construir esta noção de 
temporalidade. Segundo Oliveira (1995, p. 263-264), “... poucos historiadores 
interessam-se pelo processo de construção do conhecimento histórico em 
 2 
crianças. Muitos sequer acreditam na possibilidade da criança aprender história 
nas séries iniciais”. 
 
Nesta perspectiva o ensino de História nas Séries Iniciais, deve buscar 
envolver as crianças num sentido de valorização de sua própria história, 
alicerçando-se assim, para a aquisição de história local e do mundo. Conforme 
os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), um dos 
objetivos mais relevantes quanto ao ensino de História relaciona-se à questão 
da identidade. É de grande importância que os estudos de História estejam 
constantemente pautados na construção da noção de identidade, através do 
estabelecimento de relações entre identidades individuais, sociais. O ensino de 
História deve permitir que os alunos se compreendam a partir de suas próprias 
representações, da época em que vivem, inseridos num grupo, e, ao mesmo 
tempo resgatem a diversidade e pratiquem uma análise crítica de uma memória 
que é transmitida. 
 
O estudo de História deve ter o professor como meio de ligação entre o 
conhecimento e o aluno, derrubando desse modo o paradigma de que História 
é uma ciência decorativa. Logo, faz-se necessário que novas maneiras de ser, 
sentir e saber o mundo sejam estimuladas no ensino de História, visando 
favorecer a formação do cidadão para que este assuma formas de participação 
social, política e de atitudes críticas diante da realidade que o cerca, 
aprendendo a discernir limites e possibilidades em sua atuação e 
transformação da realidade histórica na qual esta inserido. 
 
Deste modo, recorrendo novamente aos PCNs (BRASIL, 1997), os 
conteúdos para os primeiros ciclos do Ensino Fundamental deverão partir da 
história do cotidiano da criança, em seu tempo e espaço específicos. Porém 
incluindo contextos históricos mais amplos, partindo do tempo presente e 
denunciando a existência de tempos passados, e modos de vida e costumes 
diferentes dos que conhecemos, sempre os relacionando ao tempo presente e 
ao que a criança conhece, para que não fique apenas no abstrato. 
 
2 – O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS 
 3 
 O Ensino de História nas Séries Iniciais deve considerar a história de 
vida do aluno, uma vez que somos seres históricos. Contudo o Ensino de 
História nas Séries Iniciais, nas palavras de Cruz (2003, p. 2) é de suma 
importância já que para este autor: 
 
Estudar História e Geografia na Educação Infantil e no Ensino 
Fundamental resulta em uma grande contribuição social. O ensino 
da História e da Geografia pode dar ao aluno subsídios para que ele 
compreenda, de forma mais ampla, a realidade na qual está inserido 
e nela interfira de maneira consciente e propositiva. 
 
 Sendo assim, o ensino de História nas Séries Iniciais e Educação Infantil 
devem promover a reflexão e cabe ao professor fazer com que esta reflexão 
seja efetivada, ainda que de modo tímido. 
 
 O estudo de História nas Series Iniciais deve partir da própria história 
de vida do aluno, avançando para o estudo da história local que deve ser 
apresentada como algo, vivo, vibrante, capaz de despertar paixão e colaborar 
para a compreensão do mundo. Ressalta-se a importância dos PCNs de 
História e Geografia para o Ensino Fundamental, estes elucidam que o papel 
do ensino de História está vinculado à produção da identidade e que: 
 
A opção de se introduzir o ensino de História desde os primeiros 
ciclos do ensino fundamental explicita uma necessidade presente na 
sociedade brasileira e acompanha o movimento existente em 
algumas propostas curriculares elaboradas pelos estados. (...) A 
demanda pela História deve ser entendida como uma questão da 
sociedade brasileira, ao conquistar a cidadania, assume seu direito 
de lugar e voz, e busca no conhecimento de sua História o espaço 
de construção de sua identidade. (BRASIL, 1997, p.4-5) 
 
Neste sentido, o papel do professor é preparar-se para que esta 
construção da identidade seja estimulada, para que a História enquanto veículo 
de identidade e de memória jamais seja tido como decorativos e 
desestimulantes. 
 
 Para que isto não aconteça faz-se necessário que na história ensinada, 
haja um consenso entre os historiadores, pedagogos, professores e políticas 
educacionais, no sentido de cuidar dos limites do uso do saber histórico factual 
 4 
e sua postura meramente reprodutora. Desse modo, Fonseca (1997, p. 18) 
destaca que: 
 
A proposta de metodologia de Ensino de História que valoriza a 
problematização, a análise crítica da realidade, concebe alunos e 
professores como sujeitos que produzem história e conhecimento em 
sala de aula. Logo, são pessoas, sujeitos históricos, que 
cotidianamente atuam, transformam, lutam e resistem nos diversos 
espaços de vivências: em casa, no trabalho, na escola, ... Essa 
concepção de ensino e aprendizagem facilita a revisão do conceito 
de cidadania abstrata, pois ela nem é apenas herdada via 
nacionalidade, nem liga-se a um único caminho de transformação 
política. Ao contrário de restringir a condição de cidadão a de mero 
trabalhador e consumidor, a cidadania possui um caráter humano e 
construtivo, em condições concretas de existência. 
 
 Assim, corroborando com as palavras da autora, o ensino de História 
nas Séries Iniciais deve ter esse caráter transformador, despertando o aluno 
para a condição de sujeitos que fazem História ao longo do tempo e dos 
espaços. A construção de novas formas de intervenção no ato de fazer história 
precisa perceber a escola como uma instituição social plural, que se educa 
para a vida e para a cidadania, e que, portanto, segundo Fonseca (2008, p. 
101): 
Nesse contexto sociocultural e educacional processa-se de forma 
intensa o debate acerca dos paradigmas, das relações entre os 
padrões e níveis de conhecimento, das concepções de educação e 
da escola, o que evidencia a necessidade de repensar as práticas 
pedagógicas dos professores no interior dos diferentes espaços 
educativos. Isso não é novidade. Entretanto, há sim algo novo nessa 
discussão: a abordagem das formas e relações entre conhecimentos 
e metodologias. A meu ver, é aí que ganha força a idéia da intere da 
transdisciplinaridade. 
 
 
 Corroborando com o fragmento acima, Kochhann (2007, p.70) destaca 
que a interdisciplinaridade na sala de aula, “[...] é a possibilidade de elaboração 
de idéias harmonicamente equilibradas com as diversas áreas do conheci- 
mento num processo de pensamento dialético alicerçada na alteridade.”. 
 
 Neste sentido, o ensino de História passa por uma mudança necessária 
e que nas palavras de Wanderley (2002) o processo de ensino e aprendizagem 
produz um conhecimento histórico escolar. O saber histórico escolar deve ser 
apontado como alicerce para o desenvolvimento de habilidades e 
 5 
competências relevantes para o conhecimento. Cabe ao professor identificar os 
elementos que a fundamentam. 
 
 Segundo os PCNs (BRASIL, 1997, p. 35-36) 
 
O saber histórico escolar, na sua relação com o saber histórico, 
compreende de modo amplo, a delimitação de três conceitos 
fundamentais: o fato histórico, de sujeito histórico e de tempo 
histórico. Os contornos e as definições que são dadas a estes três 
conceitos orientam a concepção histórica, envolvida no ensino da 
disciplina. Assim, é importante que o professor distinga algumas 
dessas possíveis conceituações. 
 
 Nesta perspectiva, o ensino de História nas Séries Iniciais deve 
promover a reflexão do aluno além de motivá-los a conhecer a história do 
mundo e do povo do qual fazem parte. 
 
 Cabe ao professor promover situações para que o aluno critique e 
compreenda o estudo da disciplina como fator necessário para sua formação 
enquanto individuo. Segundo Cruz (2005), é necessário dinamizar conceitos 
como, o fato histórico: uma reflexão sobre a atividade cotidiana; o tempo 
histórico: suporte para uma avaliação sobre o tempo e finalmente, uma 
observação e avaliação sobre as ações cotidianas que identificam o sujeito 
histórico, partindo da premissa do cotidiano da criança. 
 
Desse modo, para que o professor possa disponibilizar elementos que 
favoreçam o crescimento intelectual do aluno, é preciso que conheça e saiba 
trabalhar com elementos diversos e, para isso, é preciso gostar de trabalhar 
com História. Nesta perspectiva, Freire (1996, p. 136) pondera que: 
 
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu 
gesto a relação dialógica em que confirma como inquietação e 
curiosidade, como inconclusão em permanente movimento da 
História 
 
 É preciso fomentar a interdisciplinaridade a fim de dimensionar o ensino 
e aprendizagem de História bem como a construção do saber. Este saber 
específico se faz necessário para que se entenda a relação entre diferentes 
tempos, significando então reconhecer o valor do passado para o presente e o 
 6 
futuro. Desse modo, Terra e Freitas (2004, p 7) assinalam que os professores 
de História: 
 
Provocam reflexões sobre como o presente mantém relações com 
outros tempos, inserindo-se em uma extensão temporal, que inclui o 
passado, o presente e o futuro; ajuda analisar os limites e as 
possibilidades das ações de pessoas, grupos e classes no sentindo 
de transformar realidades ou consolidá-las; colabora para expor 
relações entre acontecimentos que ocorrem em diferentes tempos e 
localidades; auxilia a entender o que há de comum ou de diferente 
no ponto de vista, nas culturas, nas formas de ver o mundo e nos 
interesses de grupos, classes ou envolvimento político; enfim, são 
questões mais comprometidas em formar pessoas para analisar, 
enfrentar e agir no mundo. 
 
 Nesta ótica, o ensino de História nas Séries Iniciais torna-se relevante, já 
que as relações entre tempo e espaço também dependem da ação do homem 
em seu meio. Fazendo com que a História seja percebida na construção das 
identidades sociais. 
 
3 – O PAPEL DO PROFESSOR NO ENSINO DE HISTÓRIA 
 
 A educação é um processo de aprendizagem contínuo e permanente, 
necessário ao indivíduo, favorece as relações sociais e também, é o meio pelo 
qual a sociedade se renova, constituindo-se ainda num processo de 
transmissão cultural. Com um papel importante na construção e formação do 
caráter do indivíduo, a educação tem uma função bem maior. 
Assim, o papel fundamental do professor e da educação no 
desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se ainda mais no 
despertar do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir uma 
escola voltada para a formação de cidadãos, conforme os PCNs (BRASIL, 
1997). 
O ensino e a aprendizagem de História no Ensino Fundamental, se 
alicerçam no trabalho do professor, que deve ter o intuito de introduzir o aluno 
na leitura das diversas formas de informação, com a visão histórica dos fatos e 
dos agentes. 
 
 7 
Nesta perspectiva, o professor tem um papel fundamental na construção 
do saber histórico já que “a história tem como papel central a formação da 
consciencia histórica dos homens, possibilitando a construção de identidades, 
a elucidação do vivido, a intervenção social e praxes individual e coletiva.” 
(FONSECA, 2005, p, 89). A finalidade principal da escola é a educação integral 
do indivíduo, reconhecendo a importância de contemplar o ser humano como 
um todo, estabelecendo uma conexão do indivíduo com o meio, entendido 
como ambiente próximo ou distante que influi na aprendizagem do estudante 
A escola e o professor tem como princípio básico a formação dos 
cidadãos nas suas concepções mais amplas e democráticas. Nesse contexto, 
se faz necessário a construção de uma prática pedagógica que privilegie as 
diferenças existentes no próprio ambiente de sala de aula. Assim, segundo 
Caniato, (1997. p, 65): 
A escola deve e pode ser o lugar onde, de maneira mais sistemática 
e orientada, aprendemos a Ler o Mundo e a interagir com ele. Ler o 
mundo significa aqui poder entender e interpretar o funcionamento 
da Natureza e as interações dos homens com ela e dos homens 
entre si. Na escola podemos exercitar, aferir e refletir sobre a Ação 
que praticamos e que é feita sobre nós. Isso não significa que só na 
escola se faça isso. Ela deve ser o lugar em que praticamos a 
Leitura do Mundo e a Interação com ele de maneira orientada, crítica 
e sistemática. 
Neste sentido, o professor de História ocupa posição central na análise 
dessa conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas de 
superação através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do 
espaço escolar. Nesta perspectiva, Fonseca, (2003, p. 89) alerta que é preciso 
pensar a disciplina de história como “fundamentalmente educativa, formativa, 
emancipadora e libertadora.” 
(...) o professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar, 
agir e ensinar, transforma seu conjunto de complexos saberes em 
conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que o aluno não 
apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre esses 
ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção permanente 
(FONSECA, 2003, p. 71). 
 
Assim, a aula de história possibilita a construção do saber histórico 
através da relação interativa entre educador e educando, transformando essa 
prática em ato político, no sentido de transformação consciente do fazer 
 8 
histórico. Nesse contexto, salienta-se a importância do professor ser também 
um pesquisador e produtor do conhecimento e não apenas um mero executor 
de saberes já produzidos. 
Corroborando com o parágrafo acima, considero as palavras de Freire 
(1996, p. 29) que destaca que: 
não há pesquisa sem ensino (...) Ensino porque busco, porque 
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para contratar, 
contratando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso 
para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a 
novidade. 
 
 Assim, salienta-se a importânciado professor ser também um 
pesquisador e produtor do conhecimento e não apenas um mero executor de 
saberes já produzidos. Assim, o papel do professor, torna-se relevante no 
sentido de possibilitar a transformação de um saber histórico em um saber 
compreensível e atuante para a compreensão do aluno. Neste sentido, Knass 
(2001, p. 29-30) aponta sobre a pesquisa: 
(...) o processo de aprendizagem confunde-se com a iniciação à 
investigação, deslocando a problemática da integração ensino-
pesquisa para todos os níveis de conhecimento, mesmo o mais 
elementar. A pesquisa é assim entendida como o caminho 
privilegiado para a construção de autênticos sujeitos do 
conhecimento que se propõem a construir sua leitura de mundo 
 
Reporto-me neste momento às palavras de Luckesi (1984, p. 46) que 
aponta o professor como, 
Um educador, que se preocupe com que a sua prática educacional 
esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconsciente e 
irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por 
uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde 
possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação. A 
avaliação, neste contexto, terá de ser uma atividade racionalmente 
definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor 
da competência de todos para a participação democrática da vida 
social. 
 
 É papel social do professor de História do Ensino Fundamental munir os 
alunos de instrumentos para libertação. "O respeito à autonomia e à dignidade 
de cada um é um imperativo ético não um favor que podemos ou não conceder 
uns aos outros." (Freire, 1996, p. 59). Nesta linha de pensamento freiriana o 
 9 
ensino de História torna-se fundamental para a compreensão dos 
acontecimentos históricos do passado. 
 
 Uma questão que deve ser considerada pelo professor de História é a 
questão interdisciplinar. Para Fazenda (1999, p. 31): 
 
[...] o professor interdisciplinar traz em si um gosto especial por 
conhecer e pesquisar possuiu um grau de comprometimento 
diferenciado para com seus alunos, ousa novas técnicas e 
procedimentos de ensino, porém, antes, analisa-os e dosa-os 
convenientemente. Esse professor é alguém que está sempre 
envolvido com seu trabalho, em cada um de seus atos. 
Competência, envolvimento, compromisso marcam o itinerário desse 
profissional que luta por uma educação melhor. Entretanto, defronta-
se com sérios obstáculos de ordem institucional no seu cotidiano. 
Apesar do seu empenho pessoal e do sucesso junto aos alunos, 
trabalha muito, e seu trabalho acaba por incomodar os que têm a 
acomodação por propósito. 
 
 
Nesta perspectiva, o professor de História tem o compromisso de 
construir uma educação pautada no paradigma holístico, com olhar crítico e 
sensível para processo de construção da História. Desse modo, o papel do 
professor de História nas séries iniciais deve acontecer na direção do diálogo 
em conjunto com os alunos e a comunidade escolar, constituindo-se desta 
forma em um processo educativo fundamentalmente democrático, construído 
em conjunto, balizado pelo desenvolvimento de capacidades de percepção, 
crítica e autoconhecimento com sujeitos de um tempo e lugar. 
 
4 – O ESTUDO E ENSINO DE HISTÓRIA ENQUANTO ELEMENTO DE 
FORMAÇÃO DO CIDADÃO. 
 
 É importante considerar a contribuição da história no processo de 
construção do ser humano. Compreender esse processo é fazer com que o 
homem escreva sua história, produza cultura e se perceba enquanto sujeito 
histórico. O ensino de História possui papel relevante, na construção da 
cidadania e na emancipação social e política dos sujeitos. Dessa maneira, o 
conhecimento histórico considera diferentes povos e culturas em diferentes 
espaços e temporalidades na singularidade de suas manifestações. 
 
 10 
Desse modo, problematizar os fatos é fazer com que o aluno seja 
estimulado na construção do saber bem como exercite sua visão critica. Neste 
sentindo, Zamboni (1993, p. 7) considera que, 
 
O processo de construção da história de vida do aluno, de suas rela-
ções sociais, situado em contextos mais amplos, contribui para situá-
lo historicamente, em sua formação intelectual e social, a fim de que 
seu crescimento social e afetivo desenvolva-lhe o sentido de 
pertença. 
 
Nesse sentido, o ensino de História tem um papel relevante na 
construção da cidadania e na emancipação social e política dos sujeitos 
históricos. Segundo Florescano (1997, p. 67) “... a função da história é dotar de 
identidade a diversidade de seres humanos que formavam a tribo, o povo, a 
pátria ou nação” 
 
A História tem uma função de resgate, enquanto elemento de formação 
da cidadania e a escola têm papel fundamental no exercício e formação do 
cidadão. Deste modo, Oriá (2006, p. 134) considera que a história para 
formação do cidadão deve levar o aluno a: 
 
compreender quem somos, para onde vamos, o que fazemos, 
mesmo que muitas vezes pessoalmente não nos identifiquemos com 
o que esse mesmo bem evoca, ou até não apreciemos sua forma 
arquitetônica ou seu valor histórico. (...), pois é revelador e 
referencial para a construção de nossa identidade histórico-cultural. 
 
Em suma, ensinar história é agir em função de metas e objetivos, 
conscientemente perseguidos, no interior de um contexto de atuação 
educacional, permeada pelos desafios cotidianos e pela burocratização do 
ensino. Segundo, Terra e Freitas (2004, p. 8) o ensino de História enquanto 
elemento da formação do cidadão, 
 
Inclui a percepção pelo aluno de sua sociedade, considerando que 
tem sido construída a partir de relações entre indivíduos, grupos, 
classes sociais, interesses econômicos, costumes e mentalidades, 
os estudos históricos podem contribuir, por exemplo, para que ele 
compreenda sua sociedade como uma construção coletiva (...) 
 
 11 
 As mesmas autoras também consideram que o ensino dos conteúdos de 
História para formação do cidadão: 
podem contribuir para o aluno conhecer como têm acontecido as 
lutas por direitos, as relações sociais e econômicas que repercutem 
nas relações favoráveis ou desfavoráveis em relação à natureza, os 
modelos de Estado e como se constituem nos confrontos políticos e 
sociais, e as reivindicações das diferentes classes sociais 
confiscadas de seus direitos. (TERRA, FREITAS, 2004, p. 8) 
 
 Neste sentido o ensino de História estabelece um diálogo com a 
construção da cidadania implicando no reconhecimento do indivÍduo enquanto 
ser histórico e com elementos que permitem compreender melhor a realidade 
em que estamos inseridos e a sociedade em que vivemos. 
 
Outrossim, é necessário que os alunos identifiquem no processo de 
ensino e aprendizagem de História oportunidades para o desenvolvimento de 
uma atitude crítica com relação à sociedade, intervindo de forma consciente 
enquanto seres que fazem história e pertencem a uma época e espaços 
próprios. O sujeito constrói seu conhecimento do mundo e o conhecimento de 
si mesmo como sujeito Histórico. 
 
O conhecimento é um conhecimento dentre outras formas de 
conhecimento da realidade, que está sempre se constituindo, nunca está 
pronto ou acabado. Assim, Borges (19870 p. 47-48) elucida que: 
 
(...) a história procura especificamente ver as transformações pelas 
quais passaram as sociedades humanas. A transformação é a 
essência da história. Quem olha para trás, na história de sua própria 
vida, poderá compreender isso facilmente. Nós mudamos 
constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido 
para a sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que 
se percebem a mudança. 
 
 Desse modo, o mais importante é lembrar que a tarefa urgente é refletir, 
juntamente comnossos alunos, que todos somos sujeitos e podemos ser 
agentes do processo histórico de mudanças e, ou permanências e podemos 
contribuir na construção da realidade. A escola deve educar para a vida desde 
bem cedo. O professor tem o direito e o dever de exigir que isso aconteça e 
deve aprender a se enxergar como elemento crucial para a formação do 
indivíduo que enxerga a sociedade como um espaço de realizações. 
 
 12 
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Nas palavras de Freire (2007) a educação proporciona a emancipação e 
promove a autonomia e a consciência crítica dos educandos. Neste sentido, a 
educação deve estender-se a todos os homens sem distinção de cor, credo ou 
qualquer outro tipo de discriminação. Nesse sentido, o Ensino de História 
perpassa por estas leituras, envolvendo principalmente a questão de tempo e 
da ação do homem no meio. Enquanto ser histórico, o individuo tem a função 
de intervir e questionar a história que lhe é ensinada. 
 
Faz-se necessário que a escola e o professor de História nas Séries 
Iniciais, considerem que é preciso instigar no aluno a formação de uma 
consciência crítica e cidadã, uma vez que está deve ser encarada como mola 
propulsora para passos na formação histórica, de cada agente. 
 
O conhecimento da história da civilização é importante porque nos 
fornece as bases para compreender o nosso futuro, permite-nos o 
conhecimento de como aqueles que viveram antes de nós equacionaram as 
grandes questões humanas. 
 
Não se pode pensar no ensino de História, sem fazer referência aos 
PCNs (BRASIL, 1997) que apontam que o estudo e ensino de História nas 
Séries Iniciais devem partir da história do cotidiano da criança em seu tempo e 
espaço, incluindo contextos históricos, partindo do tempo presente e 
denunciando a existência de tempos passados, e modos de vida e costumes 
diferentes dos que conhecemos. Desse modo, o professor deve trabalhar 
atividades que envolvam questionamentos, reflexões, análises, pesquisas, 
interpretações, confrontamentos e organização de conteúdos históricos. 
 
Desse modo, faz-se necessário que o ensino de História promova uma 
reflexão critica, a fim de que os indivíduos se reconheçam como agentes 
históricos. É importante que a História seja entendida como o resultado da ação 
de diferentes grupos, setores ou classes de toda a sociedade. É importante que 
o aluno conheça a história da humanidade como a história da produção de 
 13 
todos os homens e não como resultado da ação ou das idéias de alguns 
poucos. 
 
Neste sentido, o ensino dessa disciplina deve investir na autonomia do 
aluno, criando então pressupostos para que este interfira na sociedade de 
modo crítico enquanto sujeito histórico. Estudar história é muito mais do que 
decorar nomes e datas. É descobrir, analisar fatos registrados no passado, 
entender as atividades dos homens do mundo. É através dela que as relações 
estabelecidas em uma determinada época podem ser estudadas, podendo 
perceber as mudanças, resistências e permanências com o passar do tempo. 
 
Conhecer a sua história permite ao sujeito compreender o que acontece 
nesse lugar, perceber que o município mundo. 
 
6 - REFERENCIAS 
 
 
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Nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997. 
 
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São Paulo. Papirus, 1997. 
 
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Maurício de Alverga. Rio de Janeiro, 3ª Ed. 1982. Paz e Terra 
 
CRUZ, G. T. D. Fundamentos teóricos das ciências humanas: história. 
Curitiba: IESDE, 2003. 
 
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. INTERDISCIPLINARIDADE: história, 
teoria e pesquisa. 4 ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 1999. 
 
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática 
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_________. Pedagogia do Oprimido. 45. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
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FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da história ensinada. Campinas: 
Papirus, 1993. 
 
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