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Introdução Todos os seres vivos crescem e modificam-se, e em determinado momento reproduzem-se. Depois que os dois gâmetas fundem-se (masculino e feminino) produzem um zigoto; é a partir daí, que dá-se o início a divisão celular. O processo que leva a formação de um novo ser é denominado embriogénese, difere bastante nos animais e está dividida em 4 etapas que são: Fecundação Segmentação ou clivagem Gastrulação Organogénese Neste trabalho, falar-se-á de cada uma dessas etapas da embriogénese, especificamente da lagartixa. O processo de desenvolvimento dos répteis são menos estudados do que dos outros seres vivos, mas acredita-se que seja semelhante ao das aves, talvez por apresentarem o mesmo tipo de ovo (telolécito). Com base na morfologia dos embriões, os estados de clivagem e neurulação dos répteis é semelhante ao das aves, porém há uma diferença notável na gastrulação, onde os répteis mantem o blastóporo e nas aves, ele é perdido. Objecto de estudo Desenvolvimento embrionário da Lagartixa Objectivo Conhecer e compreender o desenvolvimento embrionário de uma lagartixa. Revisão Bibliográfica Conceitos Gerais A lagartixa é um réptil, possui respiração pulmonar, sua circulação é fechada, dupla e completa, possui pele seca e recoberta por escamas, é pecilotérmica e o sistema digestivo é completo. Pertence a classe Reptilia, da ordem Squamata, da família Gekkonidae, do género Hemidactylus e é originária da África. Estão geralmente associadas a habitats antrópicos ou rurais, sendo bastante comuns em habitações humanas. É uma espécie de hábitos nocturnos, alimenta-se de vários artrópodes e passa boa parte do tempo imóvel à espreita de suas presas. São muito importantes para o meio ambiente porque, como insectívoros, funcionam como controladores de pragas domésticas mas, por outro lado, elas são hospedeiras de vários parasitas (como a Salmonella, o Plasmodium, protozoários coccídeos e helmintos gastrointestinais), podendo representar um risco à saúde de outros animais ou mesmo do homem. Quando se sentem em perigo, elas desacoplam-se da sua cauda para enganar seu predador; enquanto a cauda continua se movimentando por um tempo, atraindo a atenção do mesmo, a lagartixa foge e, com o tempo, sua cauda cresce novamente sem causar nenhum dano. São capazes também de alterar a coloração da pele, mediada pela acção de hormônios (hormônios de estimulação dos melanóforos) que por sua vez é dependente da informação das condições de luminosidade captada pelos olhos ou por células especializadas (foto-receptores) espalhadas pela derme. Reprodução e Fecundação A lagartixa é um animal dióico e ovíparo. Os machos são dotados de um pénis e a fêmea pela cloaca (uma abertura comum ao sistema digestório e urogenital) e a sua fecundação é interna. Durante a cópula, o macho introduz os espermatozóides na fêmea através da cloaca, eles deslocam-se no muco que recobre os condutos internos da fêmea, podendo fecundar um ou mais óvulos, logo que estes são liberados do ovário. Os seus ovos são telolécitos, como os dos peixes e das aves, ou seja, possuem uma grande quantidade de vitelo no polo vegetativo e uma pequena porção do citoplasma e núcleo no polo animal. Essa grande quantidade de vitelo é denominada gema. Fig. 1: Duas lagartixas em cópula Caso tenha ocorrido ou não a fecundação, durante o deslocamento do óvulo entre o ovário e a cloaca ocorre o recobrimento da gema por albúmen (uma secreção aquosa rica em albumina produzida pelas células da parede do oviduto), e em seguida, sobre ele (que vai constituir a clara do ovo), forma-se a casca, que vai apresentar uma consistência coriácea e flexível, mas em algumas lagartixas, ela é dura. O desenvolvimento do novo ser é directo e não apresenta estágio larval. A lagartixa possui uma quantidade fixa de ovos por ninhada, produzindo dois ovos de cada vez, várias vezes ao ano e a sua reprodução é contínua. Cada ovo possui aproximadamente 1cm de diâmetro (como pode se observar na figura ao lado) e os filhotes nascem depois de 42 a 84 dias, dependendo da espécie.Fig. 2: Tamanho dos ovos de lagartixa Segmentação Durante a fecundação há a união dos núcleos dos 2 gâmetas, que vai permitir o início da clivagem do zigoto. Por ser um ovo Telolécito, a sua segmentação será apenas na pequena porção do polo animal. Nela irá formar-se um pequeno disco superficial, denominado disco germinativo ou blastodisco, e será nesse nele que ocorrerão as divisões mitóticas sucessivas, que darão origem aos blastómeros, enquanto o restante do zigoto, onde esta acumulado o vitelo, não se divide.Blastómeros Fig. 3: Clivagem do ovo telolécito 6 5 4 3 1 2 As divisões celulares que ocorrem nessa fase de desenvolvimento embrionário são extremamente rápidas; e em pouco tempo, o embrião se torna num aglomerado de dezenas de células. Esse estágio do desenvolvimento é conhecido como mórula. Mórula Vitelo Fig. 4: Estágio da Mórula Entre o blastodisco e a massa de vitelo existe um espaço cheio de líquido (cavidade subgerminal). Algumas células do blastodisco soltam-se e movem-se em direcção a esse espaço, onde irão fundir-se com aglomerados celulares do hipoblasto primário, formando uma camada chamada hipoblasto secundário, que contribuirá mais tarde na formação das membranas extra-embrionárias que darão suporte e nutrição ao embrião em desenvolvimento; enquanto a camada superior irá formar o epiblasto que dará origem ao embrião; e entre essas duas camadas encontra-se a blastocela, formando assim a blástula. Neste caso, por se tratar de um réptil, essa blástula denomina-se discoblástula Gastrulação Esta etapa procede a formação da blástula, e é o processo em que as células originam uma estrutura totalmente remodelada, a gástrula, em que o plano corporal do futuro animal é definido. Na gastrulação, diferenciam-se os folhetos germinativos, que darão origem a todos os tecidos e órgãos. Esses folhetos são: ectoderme (o mais externo), mesoderme (o intermediário) e endoderme (o mais interno).Fig. 5: Formação dos folhetos germinativos A migração de células para dentro do embrião faz com que a blastocela desapareça, enquanto uma nova cavidade cheia de líquido é formada, o arquêntero (do grego acheos, primitivo, e enteron, intestino) que será o esboço do tubo digestivo do futuro organismo. A entrada de células do epiblasto para o interior da blastocela, a partir da foice de Koller, vai formar a linha primitiva; a partir dela as células migram para o interior, formando a endoderme e a mesoderme; na sua região anterior encontra-se um pequeno inchaço, conhecido como Nó de Hansen, que corresponde ao Blastóporo, que dará origem ao ânus e posteriormente, a boca. Os répteis apresentam gastrulação por recobrimento, onde, neste caso, as células do blastodisco vão se dividindo muito rápido e cobrindo toda camada de vitelo.Fig. 6: Formação da linha primitiva Organogénese Esta ultima etapa do desenvolvimento embrionário dá-se a formação dos tecidos e órgãos do novo ser vivo, a partir dos folhetos embrionários formados na gastrulação. Esta fase define a formação de duas importantes estruturas que são o tubo nervoso (Neurulação) e a notocorda. A ectoderme vai se diferenciar a partir do epiblasto, e aos poucos, o embrião que está a se desenvolver irá empurrar o nó de Hansen para a extremidade posterior do disco e a linha primitiva vai desaparecendo. Fig. 7: Organogénese Ao longo do dorso do embrião, a ectoderme forma um sulco, que se aprofunda, até que as suas bordas laterais (cristas neurais) fundem-se, originando o tubo neural. Enquanto o tubo neural está a diferenciar-se, um conjunto de células se isolam da mesoderme e formam a notocorda, que dará origem a coluna vertebral. Durante esse processo, a outra parte da mesoderme vai desenvolvendo-se, começando a preencher todos os espaços entre a ectoderme e a endoderme. Junto ao tubo neural e à notocorda são formandos os epímeros, que vão se dividir,dando origem aos somitos. O restante da mesoderme irá constituir o hipómero que vai dividir-se em duas lâminas: A somatopleura- em contacto com a ectoderme; A esplancnopleura- em contacto com a endoderme; e entre essas duas lâminas origina-se o celoma. A endoderme, além de originar o revestimento interno do tubo digestório, também irá formar o revestimento dos ductos respiratórios e dos pulmões. Anexos embrionários Os anexos embrionários são estruturas que derivam dos folhetos germinativos do embrião mas que não fazem parte do seu corpo, eles apenas vão garantir o seu desenvolvimento. Para os répteis, existem quatro tipos principais de anexos embrionários: o saco vitelino, o âmnio, o alantóide e o córion. Fig. 8: Anexos embrionários dos répteis O saco vitelino é a primeira membrana extra embrionária a ser formada. Ele forma-se pelo crescimento conjunto da endoderme e da esplancnopleura sobre o vitelo, originando uma bolsa membranosa que termina por envolver completamente a massa vitelínica. Assim, o embrião passa a ter uma bolsa de material nutritivo estrategicamente unido ao seu futuro intestino. A porção mesodérmica do saco vitelino desenvolve vasos sanguíneos, tornando-se ricamente vascularizados. As células endotérmicas em contacto com a massa vitelínica secretam enzimas, que digerem os grãos de vitelo e absorvem os nutrientes resultantes que são transportados pelos vasos sanguíneos, indo nutrir todas as células do embrião. O âmnio é uma membrana que se forma pelo crescimento em conjunto da ectoderme com a somatopleura ao redor do embrião. Ele contem liquido no seu interior de forma a prevenir a desidratação e amortecer determinados choques mecânicos. O alantóide é uma estrutura em forma de saco, ligada a parte posterior do intestino do embrião, formada pelo crescimento em conjunto da endoderme e da esplancnopleura, e serve para armazenar as substâncias excretadas pelo metabolismo do embrião. O córion é uma membrana formada pelo crescimento conjunto da ectoderme com a somatopleura, constituindo uma bolsa que envolve e protege todos os outros anexos embrionários. Em répteis, o córion se une ao alantóide formando o alantocórion, que irá fornecer protecção e realizar as trocas gasosas entre o embrião e o meio externo. Conclusões Com este trabalho pude concluir que, o zigoto é o portador do material genético fornecido pelo espermatozóide e o óvulo. O seu desenvolvimento envolve muitas alterações que transformam essa única célula num organismo multicelular. Os répteis, em geral, apresentam óvulos telolécitos, onde o saco vitelino é muito grande e presta enorme serviço ao embrião como reserva nutritiva durante todo o seu desenvolvimento. Durante a embriogénese, embora existam diferentes tipos de segmentação, eles normalmente se realizam segundo duas fases: Mórula, em que se forma um maciço celular com muitas células; Blástula, em que as células organizam-se e formam uma cavidade interna cheia de líquido. Os folhetos germinativos posicionam-se estrategicamente próximos uns dos outros de forma que possam interagir mutuamente durante a organogénese, onde dois deles combinam-se para formar um órgão. Na neurulação dá-se em primeiro a individualização da notocorda, seguidamente a formação do tubo neural e por fim a individualização dos somitos. A lagartixa é um animal amniota, por apresentar o âmnio durante o seu desenvolvimento. O seu desenvolvimento embrionário é semelhante ao das aves, ocorrendo fora do corpo materno. O embrião desenvolve quatro conjuntos de anexos embrionários, cuja função é de protecção, respiração, obtenção de nutrientes através do vitelo e o armazenamento das excreções, tornando-os importantes para o seu desenvolvimento. Bibliografia Data de consulta: 27/04/2017 http://www.infoescola.com/repteis/lagartixas/; http://www.ninha.bio.br/biologia/lagartixa.html; http://biometodologia.webnode.com.br/products/desenvolvimento-embrionario/; http://bioug.blogspot.com/2012/11/3.html; http://planetabiologia.com/organogenese-e-morfogenese/; https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/biologia/fisiologia-animal-anexos-embrionarios.htm; http://www.curtoecurioso.com/2014/07/as-lagartixas-domesticas-poem-ovos-como.html. Livros: HOUILLON, C. (1972), Embriologia: Série introdução à Biologia, 1ª ed., Editora Edgard Blucher LTDA, São Paulo; AMABIS, J. e Martho, G. (1996), Biologia das células, 2ª ed., Moderna, São Paulo; ORR, T. (1986), Biologia dos vertebrados, 5ª ed., ROCA, São Paulo; KARDONG, K. (2011), Vertebrados: Anatomia comparada, Função e Evolução, 5ª ed., ROCA, São Paulo; EISENHOUR, D. et al (2011), Princípios integrados de Zoologia, 15ª ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro.
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