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ANTÍGENOS ANTICORPOS (ESTRUTURA E FUNÇÃO) Profa. Dra. Juliana Ueda ueda.juliana@gmail.com Antígenos Um antígeno é qualquer substância que pode ser especificamente ligada a uma molécula de anticorpo, uma molécula de TCR ou MHC. Anticorpos: reconhecem praticamente qualquer tipo de molécula biológica (antígeno) • Açúcares, lipídeos, hormônios • Carboidratos complexos, fosfolipídeos, ácidos nucléicos e proteínas Nem todo antígeno ativa as células do sistema imune IMUNÓGENO Antígenos Macromoléculas são muito maiores que a região de ligação ao antígeno do anticorpo Ligação: uma parte da molécula DETERMINATE ANTIGÊNICO ou EPÍTOPO Macromolécula Múltiplos epítopos Polivalência Multivalência Ligação cruzada Antígenos Antígenos Conformação dos determinantes antigênicos/epítopos Proteínas Resíduos de aminoácidos que formam o epítopo estão em sequência Adjacentes Antígenos Conformação dos determinantes antigênicos/epítopos Proteínas Resíduos de aminoácidos que formam o epítopo não estão em sequência Aproximam-se com o dobramento da proteína Antígenos Conformação dos determinantes antigênicos/epítopos Proteínas Modificações nas proteínas Glicosilação, fosforilação, ubiquitinação, acetilação *Geração de um novo determinante - Neoantígeno Anticorpos Anticorpos Descoberta do papel protetor dos anticorpos - 1890 Emil von Behring e Shibasaburo Kitasato Difteria – Imunologia Moderna Toxina diftérica atenuada Sangue Soro Toxina diftérica Antitoxina 1897: Melhorias na técnica Soroterapia para difteria Anticorpos/Imunoglobulinas Anticorpos são glicoproteínas produzidas pelos vertebrados em resposta a um determinado antígeno Resposta imune humoral Mediada por anticorpos Interação com o antígeno Anticorpos As células B são as únicas células capazes de produzir anticorpos - Expressão constitutiva do BCR na superfície - Após ativação: Plasmócitos secretores de anticorpos - Anticorpos secretados: sangue, secreções mucosas e no líquido intersticial Anticorpos Produzidos por linfócitos B Órgão linfóide primário Órgãos linfóides secundários Anticorpos Anticorpos são incrivelmente diversos e específicos no reconhecimento do antígeno Repertório de anticorpos: número de anticorpos com especificidades diferentes em um indivíduo: ± 1011 Anticorpos Anticorpos: 2 formas Ligados à superfície: BCR – Ativação da célula B naive ---- Célula B efetora Resposta imune humoral Secretados: neutralização de toxinas, impedir entrada e disseminação dos patógenos e eliminação Produção do Ig: após ativação da célula B Síntese dos anticorpos Ativação dos linfócitos B Antígeno: macromoléculas – ligação cruzada (cross-linking) Ligação do antígeno a mais de um BCR Anticorpos Secretados: neutralizar toxinas, impedir entrada e disseminação dos patógenos e eliminação Produção do Ig: após ativação da célula B * Eliminação do patógeno mediada pelos anticorpos: Interação dos Ig com outras células (fagócitos e eosinófilos) e componentes (sistema complemento) do sitema imune Funções efetoras dos anticorpos: - Neutralização dos microrganismos e toxinas - Ativação do sistema complemento - Opsonização de patógenos - Citotoxicidade celular mediada por anticorpos Anticorpos Isotipos, classes Anticorpos Distribuição dos isotipos/classes de anticorpos no organismo Anticorpos Indivíduo adulto saudável de 70kg Produção: 2 a 3 gramas de anticorpos/dia Cerca de 2/3: IgA (mucosas) - Via de entrada antígenos - Tamanho da área/superfície Estrutura Anticorpos - Estrutura Estrutura: esclarecer as funções e como a diversidade das moléculas de Ig acontecem (organização genética) Primeiros estudos de estrutura: Ig purificadas do sangue de indivíduos imunizados contra vários antígenos • Problema: mistura de diferentes moléculas de Ig, com diferentes especificidades (Anticorpos policlonais) • Avanço: pacientes com mieloma múltiplo (plasmócitos): Anticorpos monoclonais: purificação e caracterização Anticorpos - Estrutura Separação de proteínas plasma/soro: Migração em um campo elétrico (Eletroforese) Anticorpos 3º grupo (+ rápido) : Gamaglobulinas Anticorpos - Estrutura Todas moléculas de anticorpos: Estrura básica semelhante (Y) Enorme variabilidade na região de ligação ao antígeno *Teoricamente: repertório dos Ig: 1011 moléculas diferentes Funções efetoras e características físico-químicas: regiões que não se ligam aos antígenos (pouca variação entre as moléculas de Ig) Anticorpos - Estrutura Molécula de anticorpo: 2 cadeias leves idênticas (Cadeias L) 2 cadeias pesadas idênticas (Cadeias H) Anticorpos - Estrutura Cadeias leves e pesadas Unidades homólogas repetidas (110 resíduos de aminoácidos) - Domínios Dobra: forma globular: Domínio de imunoglobulina Anticorpos - Estrutura Cadeias pesadas e cadeias leves Regiões aminoterminais:Variáveis (reconhecimento do antígeno) Regiões carboxiterminais: Constantes (função efetora) Anticorpos - Estrutura Cadeia pesada (Heavy) 1 domínio Variável 3-4 domínios Constantes Cadeia Leve (Light) 1 domínio Variável 1 domínio Constante Anticorpos - Estrutura Cadeia pesada (Heavy) 1 domínio Variável 3-4 domínios Constantes Responsável pelas 2 formas da molécula de Ig • Membrana (BCR) Porções C-terminais transmembranas e citoplasmáticas: Ancoragem • Secretada Anticorpos - Estrutura Domínios/Regiões Variáveis Contém áreas de variabilidade na sequência de aminoácidos Difere de clone para clone de célula B Região V da cadeia leve (L V) + Região V da cadeia pesada (H V) Sítio de ligação ao antígeno L v H V 1 molécula de anticorpo: 2 sítios de ligação ao antígeno Anticorpos - Estrutura Domínios/Regiões Constantes cadeia pesada Não participam do reconhecimento do antígeno Interação com outras células e moléculas do sistema imune Domínios/Regiões Constantes cadeia leve Não participam do reconhecimento do antígeno, função efetora Tipo de cadeia leve: kappa, lambda Anticorpos - Estrutura Região da dobradiça Cadeia pesada, entre domínios CH1 – CH2 Anticorpos - Estrutura Região da dobradiça Anticorpos - Estrutura Cadeia Leve – Cadeia Pesada / Cadeias pesadas Pontes dissulfeto Resíduos de cisteína carboxiterminais da cadeia leve (CL) domínio CH1 cadeia pesada Anticorpos - Estrutura Funções das diferentes porções da molécula Experimentos: Rodney Porter Final déc 50, início déc 60 Clivagem proteolítica de IgG de coelhos Fragmentos: estrutura e função diferentes Reconhecimento e função efetora: espacialmente segregados Anticorpos - Estrutura Local mais suscetível à clivagem proteolítica: região dobradiça Papaína: clivagem acima da dobradiça 3 fragmentos 2 Fab 1 Fc Anticorpos - Estrutura Local mais suscetível à clivagem proteolítica: região dobradiça Papaína: clivagem acima da dobradiça Fab Cadeia leve completa VH+ CH1 Fragmento de ligação ao antígeno Fab: fragment antigen-binding Anticorpos - Estrutura Local mais suscetível à clivagem proteolítica: região dobradiçaPapaína: clivagem acima da dobradiça Fc 2 peptídeos idênticos Ligados por ponte dissulfeto CH2 + CH3 Fragmento cristalizável Anticorpos - Estrutura Local mais suscetível à clivagem proteolítica: região dobradiça Pepsina: clivagem abaixo/distal da dobradiça Anticorpos – Estrutura Região Variável Diferenças de sequência e variabilidade entre diferentes anticorpos: 3 segmentos curtos (10 aas) região V cadeia leve 3 segmentos curos (10 aas) região V cadeia pesada SEGMENTOS HIPERVARIÁVEIS CDRs Anticorpos – Estrutura Região Variável SEGMENTOS HIPERVARIÁVEIS CDRs: Regiões determinantes de complementariedade CDR: 10 aas 3 alças protusas que conectam as fitas β-pregueadas 3 CDRs cadeia pesada 3 CDRs cadeia leve Sítio de ligação ao antígeno Ligação entre Antígenos e Anticorpos Sítio de ligação ao antígeno: superfície ampla formada pelos 6 CDRs (3 CDRs da região V cadeia leve + 3 CDRs da região V da cadeia pesada) Ligação entre Antígenos e Anticorpos Ligação antígeno-anticorpo Não-covalente, reversível * Forças eletrostáticas, pontes de hidrogênio, forças de van der Waals, interações hidrofóbicas Tipo de ligação: Depende da estrutura do sítio de ligação e do determinante antigênico Ligação entre Antígenos e Anticorpos AFINIDADE Força de ligação do antígeno com um sítio de ligação no anticorpo Afinidade é representada pela constante de dissociação (Kd) Kd : Facilidade de separação da ligação antígeno-anticorpo Kd baixa: mais difícil separar – Maior afinidade de ligação Soro: complexos Ag-Ig com diferentes Kd Ligação entre Antígenos e Anticorpos AVIDEZ Soma de todas as interações/ligações em uma determinada molécula de Ig Avidez > Afinidade Dobradiça - flexibilidade à molécula de Ig 1 molécula de Ig pode ser ligar a mais de 1 epítopo (antígeno multivalente) IgE e IgG: 2 sítios de ligação ao Ag IgM: 10 sítios Ligação entre Antígenos e Anticorpos Ligação entre Antígenos e Anticorpos Antígenos multivalentes Formação de complexos imunes ou imunocomplexos Zona de equivalência: concentração correta Ag e Ig * Imunocomplexos na circulação: podem causar doenças Anticorpos – Estrutura Região Constante As moléculas de anticorpos podem ser divididas em classes e subclasses distintas com base nas diferenças estruturais das suas regiões Constantes da cadeia pesada Diferentes classes: Isotipos/Classes * Subclasses IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 IgA1 IgA2 Anticorpos – Estrutura Região Constante Para um determinado isotipo: As regiões Constantes da cadeia pesada apresentam mesma sequência de aminoácidos * Diferente da sequência de outros isotipos Anticorpos – Estrutura Região Constante Regiões constantes da cadeia pesadas: letra do alfabeto grego correspondente ao isotipo IgA: região constante Cα IgE: Cε IgG: Cγ IgD: Cδ IgM: Cμ Numerados sequencialmente Cα1, Cα2... Anticorpos – Estrutura Todas imunoglobulinas de membrana IgG e IgE secretadas MONOMÉRICAS IgA DIMÉRICAS IgM PENTAMÉRICAS Anticorpos – Estrutura IgM e IgA J: Cadeia de Junção Forma pontes dissulfeto com as caudas Estabiliza molécula Auxilia transporte através do epitélio Anticorpos – Estrutura Região Constante Diferentes isotipos realizam diferentes funções efetoras • Função efetora – região Constante da cadeia pesada Receptores Fc Fagócitos Células NK Mastócitos Diferentes isotipos Diferentes regiões C Diferentes células Diferentes funções Anticorpos – Estrutura Região Constante Anticorpos secretados e associados à membrana apresentam diferentes sequências de aminoácidos na porção carboxiterminal da região Constante da cadeia pesada Porção carboxiterminal Secretada: hidrofílica Membrana: hidrofóbica, segmento intracelular Anticorpos – Estrutura Região Constante Região Constante da Cadeia Leve Classes/isotipo de cadeia leve: κ e λ Não tem diferença funcional * Molécula de anticorpo: 2 cadeias leves idênticas ( κ ou λ) Humanos: 60% cadeia leve κ 40% cadeia leve λ Pacientes com tumores de células B Alteração proporção Dignóstico linfoma de célula B Anticorpos – Estrutura Anticorpos de diferentes espécies animais são diferentes! Regiões C e V Imunização Anti- Ig murina (C) Ig murina Doença do soro Formação imunocomplexo Ativação complemento Ativação células inflamatórias Doença do soro Anticorpos – Estrutura Isotipos Diferentes isotipos Diferentes domínios CH Alotipos Mesmo isotipo Pequenas diferenças domínios CH Idiotipos Mesmo isotipo Diferenças domínios V Anticorpos - Síntese Maturação do linfócito B: Alterações na expressão dos genes das Ig = expressão de diferentes formas de Ig na superfície celular ao longo da maturação Cadeia pesada μ Leve substitutiva BCR completo Anticorpos - Síntese Maturação do linfócito B: Alterações na expressão dos genes das Ig = expressão de diferentes formas de Ig na superfície celular ao longo da maturação Cadeia pesada μ Leve substitutiva BCR completo IgM Anticorpos - Síntese Linfócito B maduro – BCR completo IgM membrana IgD membrana Anticorpos - Síntese Linfócito B ativado – Plasmócito secretor de Ig Mudança/Switch de classe (cadeia pesada) IgM, IgG, IgA, IgE secretados Anticorpos: Funções efetoras Após ativação da célula B: Mudança/Switch de classe do anticorpo por uma mais adequada * Mesma a especificidade (mantém região variável) Troca região constante da cadeia pesada Membrana --- secretada IgM, IgD --- IgG, IgA, IgE IgG: bactéria e vírus IgE: helmintos, alérgenos Rearranjos vão ser feitos para formar um gene (éxon) que vai codificar a porção variável da molécula *Mesmo cromossomo Segmentos: V: variáveis D: diversidade J: junção RECOMBINAÇÃO V(D)J Região V: recombinação Região C: gene C Rearranjo dos genes dos receptores de antígenos União de segmentos V-(D)-J de forma aleatória *1 de cada! Recombinação V(D)J Rearranjos vão ser feitos para formar um gene (éxon) que vai codificar a porção variável da molécula *Mesmo cromossomo Região variável cadeia pesada: V-D-J Região variável cadeia leve (κ ou λ): V-J Rearranjo dos genes dos receptores de antígenos CDRs Organização dos genes das Ig e TCR nas células não linfóides (T e B) não permite a transcrição em RNAm Genes funcionais são criados apenas em linfócitos T e B durante seu desenvolvimento, após rearranjo do DNA União de segmentos V-(D)-J de forma aleatória *1 de cada! 1º: Rearranjo D-J 2º: Rearranjo V-DJ Recombinação V(D)J Recombinação V(D)J Gene “escolhido” RSS: sequência sinalizadora de recombinação RAGs – RAG-1, RAG-2 Cliva DNA Eliminação do DNA interveniente Reparo DNA Junção das extremidades Geração da diversidade Diversidade combinatória Combinação aleatória de segmentos gênicos V,D,J Diferentes combinações, diferentes receptores BCR, Ig Combinações aleatórias: região VH Combinações aleatórias: região VL Recombinação V(D)J Geração da diversidade Diversidade juncionalRemoção ou adição de nucleotídeos nas junções dos segmentos V-D; D-J; V-J Extremidades com tamanhos diferentes Recombinação V(D)J Funções Anticorpos: Funções efetoras Maioria das funções dos Igs: Porção Fc da molécula Diferentes isotipos Diferentes funções, diferentes células da imunidade inata OPSONZAÇÃO E FAGOCITOSE DESGRANULAÇÃO MASTÓCITOS IgG: macrófagos e neutrófilos IgE: mastócitos Anticorpos: Funções efetoras Regiões constante da cadeia pesada dos anticorpos determinam a distribuição tecidual das moléculas Anticorpos: Funções efetoras Anticorpos: Funções efetoras Anticorpos IgD: Funções efetoras IgD - BCR (membrana) Anticorpos IgM: Funções efetoras IgM - BCR (membrana) - Ativação sistema complemento (secretada) Anticorpos IgA: Funções efetoras IgA - Imunidade de mucosa Anticorpos IgA: Funções efetoras IgA - Neutralização Anticorpos IgA: Funções efetoras IgA Secretada através do epitélio de mucosas Dímero: Secreções mucosas, saliva, lágrima, leite materno LEITE MATERNO IgA - Secreções Transcitose Anticorpos IgG: Funções efetoras IgG: Neutralização Anticorpos IgG: Funções efetoras IgG - Transporte transplacentário (mãe --- feto) - Leite materno --- circulação neonato Transporte através: Placenta Intestino recém nascido Circulação feto/neonato Receptor FcRn Gestação Amamentação Corrente sanguínea Anticorpos IgG: Funções efetoras IgG: Ativação sistema complemento Anticorpos IgG: Funções efetoras IgG: Opsonização Facilitação da fagocitose Anticorpos IgG: Funções efetoras IgG: Citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC) Anticorpos: Funções efetoras IgE: ativação mastócitos, eosinófilos Respostas alérgicas e contra helmintos Anticorpos Monoclonais Técnica da produção de anticorpos monoclonais Georges Kohler e Cesar Miltein - 1975 Imuniza o animal Células B Fusão Células de mieloma Seleção células fusionadas HIBRIDOMAS Anticorpos Monoclonais VIDEO Uso terapêutico dos Anticorpos Anticorpos como ferramenta no tratamento de doenças Uso terapêutico dos Anticorpos Anticorpos como ferramenta no tratamento de doenças Anticorpo Anti-CD20 (célula B) - Leucemias de células B - Doenças autoimunes mediadas por anticorpos Uso terapêutico dos Anticorpos Anticorpos como ferramenta no tratamento de doenças Anticorpo Anti-TNF-α ou TFNR - Artrite reumatóide Uso terapêutico dos Anticorpos Anticorpos como ferramenta no tratamento de doenças Anticorpo Anti-VEGF - Câncer
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