Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade da Grande Dourados Faculdade de Direito Curso de Direito Disciplina História do Direito Prof. Flávio Antonio Mezacasa Aula 13 1. O Direito Imperial Após a independência, surgiu a premente necessidade de dotar o então novo Estado soberano de instituições públicas para garantir a administração e a governabilidade de tão vasto território. Algumas questões jurídicas e políticas surgiram: como elaborar leis próprias sem quebrar as tradições anteriores? como garantir a nossa “independência” também no campo jurídico institucional? Entretanto....os vínculos não foram quebrados, já que o filho do rei português, Dom Pedro assumiu o governo do Brasil e decidiu pela revogação “aos poucos” das ordenações filipinas. 2. Antecedentes Históricos O mundo ocidental do século XIX estava definitivamente sacudido pelo liberalismo. As vitoriosas Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789) constituíam exemplos considerados perigosos pelos absolutistas. Tal fato, alijado a aliança de Portugal com a Inglaterra que passou a exigir uma série de modernizações “capitalistas” na então colônia do Brasil (1808); a criação do Banco do Brasil (1810), e a elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves (1815), que passou a eleger deputados que o representassem em Portugal, que por sua vez desejava retroceder nos privilégios concedidos ao Brasil, após o retorno de Dom João VI a Lisboa, contribuíram para a formação do pensamento de emancipação do Brasil. É claro que o “liberalismo brasileiro” diferia em muito das matrizes americana e européia... Por exemplo, na França o liberalismo pregava, dentre outras idéias: 1 – liberdade individual e tolerância entre classes sociais; 2 – plena liberdade de produzir, comprar, vender, herdar; 3 – soberania popular, descentralização do poder, etc. A elite agrária brasileira adotou o liberalismo no âmbito econômico, todavia, não desejou fazê-lo nas demais áreas (individual, popular, etc.), tanto é que a mesma acabou por apoiar a implantação de uma monarquia absolutista no Brasil. 3. As Transformações Necessárias Após a independência, o Brasil precisava urgentemente de uma Constituição e de cursos jurídicos... que formassem os necessários profissionais do Direito. A Constituição será vista em tópico próprio. Agora passaremos a analisar a implantação de cursos jurídicos no Brasil A) Os Cursos de Direito A maioria dos magistrados brasileiros tinha se formado em Coimbra, e por isso eram ligados à coroa portuguesa. Para substituí-los, foram implantados os primeiros cursos de Direito no Brasil em Olinda e São Paulo (1827), as primeiras turmas se formaram em 1831. Por ocasião da Independência, a magistratura possuía algumas características lamentáveis: corporativismo, excessiva burocracia e corrupção. Isso porque, os Juízos nomeados pelos detentores do poder, protegiam àqueles, além disso, os magistrados não possuíam as garantias previstas na CF/88 podiam ser: eram transferidos, aposentados, etc., tudo arbitrariamente. Além disso, com a independência, os brasileiros tinham perdido o acesso ao curso de direito de Coimbra. O curso de Direito de Olinda acabou por se tornar um centro especializado na formação de doutrinadores; já o curso de São Paulo tinha enfoque na formação de políticos e burocratas de Estado, sem descurar da base teórica. As exigências para adentrar nas faculdades de direito eram: ter no mínimo 15 anos e a aprovação em provas de francês, latim, retórica, filosofia e geometria. As disciplinas eram distribuídas da seguinte forma: 1ª Ano Direito natural, direito público, estudo da constituição, direito das gentes e diplomacia 2º Ano As anteriores, mais direito público eclesiástico 3º Ano Direito Civil, prática criminal e teoria do processo criminal 4º Ano Direito Civil, direito mercantil e marítimo 5º Ano Economia política e teoria e prática do processo imperial Houve alterações anteriores... B) Constituição de 1824 Em virtude dos constituintes terem desenvolvido uma índole liberal, a assembléia foi dissolvida e a nossa primeira constituição foi desenvolvida por poucos. Algumas de suas Características eram: 1 – monarquia parlamentar, com peculiaridades brasileiras, inclusive concedendo ao imperador o poder moderador e a total inviolabilidade; 2 – forte individualismo na economia; 3 – voto censitário (apenas homens livres podiam votar, desde que tivessem renda de no mínimo cem mil réis e no mínimo 25 anos. Para ser candidato a deputado era necessário renda de no mínimo quatrocentos mil reis); 4 – eleições indiretas. C) Código Criminal de 1830 A bem da verdade, embora as ordenações filipinas previssem penas cruéis, havia uma grande leniência por parte das autoridades...inclusive o rei português tinha a prerrogativa de simplesmente perdoar... O código criminal de 1830 que vigorou até 1860 retirou do nosso ordenamento jurídico um grande número de penas cruéis, mas manteve a pena de morte as galés (agora trabalho em obras públicas). Foram mantidas a prisão com trabalhos, a prisão simples, �PAGE � �PAGE �1�
Compartilhar