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Alvar Aalto Livro

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BIOGRAFIA
Hugo Alvar Henrik Aalto, nasceu em Kuortane, uma cidade finlandesa, no dia 3 de Fevereiro de 1898. Seu pai se chamava Johan Henrik Aalto, era agrimensor e sua mãe, Selly née Hackstedt, foi administradora de uma agência de postagens. Moraram em Kuortane, Alajärvi e Jyväskylä. 
Ele completou sua educação básica na escola Liceu de Jyväskylä, na cidade de Jyväskylä, em 1916, onde também teve aulas de desenho com um artista local chamado Jonas Heiska, e no mesmo ano entrou para o Instituto Politécnico Finlandês em Helsínque, capital finlandesa também chamada de Helsínquia; seus estudos foram interrompidos pela Guerra Civil Finlandesa, onde ele participou e lutou no exército branco e participou das Batalha do Länkipohja e da Batalha de Tampere.
Em 1920, viajou de Estocolmo a Gotemburgo, onde trabalhou temporariamente com o arquiteto Arvid Bjerke. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo em 1921, mas antes de se 
formar, ele já havia realizado seu primeiro feito arquitetônico, uma casa para seus pais em Alajarvi.
No verão de 1922 ele voltou a servir o exército e também fez sua primeira peça independente na Exposiçao Industrial em Tampere; foi promovido a segundo – tenente em 1923, ano em que abriu seu primeiro escritório em Jyväskylä, cujo nome é “Alvar Aalto, Arquiteto e Artista Monumental”.
Em 1924 casou-se com a arquiteta Aino Marsio e em sua lua de mel foram para a Itália, onde Aino já estivera a fim de estudar, porém fora a primeira de vez de Aalto no país; lá ele recebeu fortes influências da cultura Mediterrânea que levará consigo pelo resto de sua vida. O casal teve dois filhos, a mais velha, que nasceu em 1925, Johanna “Hanni” Alanen Aalto, e um filho, que nasceu em 1928, Hamilkar Aalto.
Ele trabalhou entre 1923–1927 com sua esposa, que também era arquiteta e designer e formou-se no mesmo instituto em 1920; em 1926, construíram uma casa para si em Alajärvi, Villa Fora.
Em 1927, mudaram seu escritório para a cidade de Turku, lá trabalhou com Erik Bryggman, que é formado também pelo Instituto Politécnico Finlandês, que é seguidor do funcionalismo, e que depois inclinou-se ao romantismo e, por fim, identificou-se com a arquitetura orgânica. Em 1932, começou a trabalhar como designer de móveis e, em 1935, juntamente com sua esposa, com Maire Gullichsen e com Nils–Gustav Hahlin, fundou a Artek LTDA, para construção e distribuição dos seus móveis. Até hoje pode-se comprar nessa loja, ela possui um site próprio, além de móveis, trabalham com elementos de iluminação e acessórios para casa também, caso deseje comprar no site da loja, ela é isenta de impostos inclusive para vendas internacionais, basta pedir um formulário Tax Free. Nesse mesmo ano, 1935, os Aaltos construíram uma casa escritório para si, que hoje serve de “Home Museum” e mais tarde, 1954, fizeram um escritório no mesmo bairro, que sedia a Academia Alvar Aalto.
Em 1940, marido e esposa se mudam para os Estados Unidos, mais precisamente, para Massachusetts, em Cambridge, pois Alvar seria o novo professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Após 9 anos, sua esposa, Aino, falece de câncer e, em 1952, ele se casa com a arquiteta Elissa Makiniemi, que trabalhou como assistente em seu escritório e faleceu em 1994.
Ele recebeu vários prêmios, como a Medalha Príncipe Eugênio, em 1954, a Medalha de Ouro do RIBA, em 1957, Medalha de Ouro da AIA, em 1963 e, por fim, a Medalha Alvar Aalto, em 1967, esta última foi criada pelo Museu de Arquitetura Finlandesa e pela Associação Finlandesa de Arquitetos em sua memória e dada àqueles que tiveram uma contribuição significativa para a criação arquitetônica, também é um dos mais importantes arquitetos do movimento moderno escandinavo e tem sido membro do Congrès Internationaux d’Architecture Moderne (CIAM). 
Faleceu no dia 11 de maio de 1976.
 
ESTILO ARQUITETÔNICO
Alvar Aalto, antes de ser um grande destaque para o Modernismo Nórdico, teve uma fase em que construía o estilo Clássico Nórdico, pois tivera recebido essa educação para que se fizesse um contra movimento ao romantismo; ele começou sua produção logo após ser dispensado do serviço militar, em 1920, apenas 2 anos após o fim da Primeira Guerra.
Seguindo esse estilo ele construía residências unifamiliares em Jyväskylä, chegou a construir seu primeiro edifício público, o Jyväskylä Workers Club, o Jyväskylä Defense Corps e a Seinäjoki Defense Corp.
A mudança de Aalto do clássico ao moderno é frisada na construção da Biblioteca Viipuri, cujo projeto inicial tinha uma proposta clássica, mas, após sua conclusão, representava um marco ultra moderno. Após viajar por toda a Europa e, de fato, se familiarizar com todas as tendências ele passou a absorver o modernismo e o aplicou de fato ao projeto do Standard Apartment Building, onde teve a oportunidade de se utilizar de concreto pré-fabricado e concepções de Le Corbusier. Suas primeiras obras funcionalistas, além da biblioteca e do Standard Apartment Building, foram o edifício Turun Sanomat e o Sanatório Paimio; após essa introdução no moderno, ele começou a introduzir algo singular em sua arquitetura, começou a introduzir formas orgânicas. 
Durante a década de 30, fazia experimentos com madeira laminada caracterizados por curvas irregulares, resolvendo problemas técnicos com relação à flexibilidade da madeira e aos problemas espaciais em seus projetos. Sua cliente principal fora Maire Gullichsen, ele construiu uma casa para ela e seu marido e ela trabalhou de perto com ele sempre o incentivando a ousar; no projeto da casa de Gullichsen, ele traz conceitos rústicos e influências finlandesas, japonesas e inglesas. 
Ele fizera uma exposição nos Estados Unidos onde foi recebido por críticas como as de Frank Lloyd Wright que o chamara de gênio.
Durante a Segunda Guerra ele foi professor no Instituto Tecnológico de Massachusetts e ensinou seus alunos a construir com renda limitada para que pudessem reparar os danos da guerra. 
Segundo o arquiteto Romullo Barato, Aalto buscava o real em suas obras, buscava seguir as formas da natureza, desde um tronco de árvore à forma sinuosa dos lagos. Ele acreditava que as soluções construtivas de cada cultura poderiam servir para outras culturas também e pelo uso de materiais autóctones (característicos da região). 
Sua arquitetura faz um jogo com volumes e formas, sobrepostas e adaptadas, buscando um espírito mais humano e sintonia com as formas da natureza.
Antes de sua morte, em 1976, ele fizera trabalhos pontuais em Helsínquia, com destaque para o plano de cidade para o centro, adjacente à Baía de Töölö e os vastos estaleiros ferroviários marcados nas bordas por importantes edifícios.
OBRAS
As obras a serem tratadas aqui no livro serão: a Biblioteca Viipuri, a Casa de Louis Carré e a Casa Experimental Muurutsalo.
A CASA DE LOUIS CARRÉ
É uma das mais importantes casas desenhadas por Aalto, localiza-se perto à Paris, na cidade de Bazoches-sur-Guyonnes. Louis Carré era um negociante de arte francesa e se interessava em arquitetura também, ele queria uma casa para que pudesse receber muitos convidados e fazer exibições e queria também que ela tivesse um espaço privado. Então ele pediu que Aalto fizesse o projeto em 1956 e três anos depois, ele e sua esposa, puderam se mudar para a casa. A casa está posicionada no topo do lote, o que dá belas vistas da casa para o sul, a mesma possui um caminho inclinado em direção ao topo da colina para dar a ideia de privacidade. O exterior é feito de tijolo limpo branco–rendido, a pedra utilizada é arenito local, utilizado também 
na Catedral de Chartres, porém, do exterior, o maior destaque se dá para o telhado que parece acompanhar a inclinação do morro e que possui uma ligeira curva orgânica, marco do estilo do arquiteto.
O interior é feito de madeira de pinho da Finlândia, bem como as grelhas verticais, que por vezes podem ser vistas no exterior. Seguindo a mesma linha de Villa Mairea, Aalto buscou combinar a vida pública coma privada.
A entrada para os hóspedes, ou seja, a principal, dá-vos a oportunidade de ir de encontro com uma grande parede para exibir obras de arte, logo em seguida os hóspedes são direcionados para uma escada veneziana larga na sala de estar, a mesma possui grandes janelas por toda a sua extensão, proporcionando uma bela vista de, atualmente, uma floresta que a cerca.
A casa também possui uma biblioteca e uma sala de jantar, possui quartos e as áreas mais privadas estão no segundo pavimento. A maioria dos móveis e das luminárias foram projetadas especificamente para esta casa.
A BIBLIOTECA VIIPURI
Ainda que seja uma das obras fundamentais do modernismo escandinavo, sua descoberta midiática se deu no final de 2014; até então, o prédio se encontrava em estado de abandono e acreditava-se até mesmo que ele tivera sido demolido, até que recebeu um fundo para que fosse restaurado. Para realizar esse projeto, Aalto participara de um concurso, em 1927, concluindo-a em 1935, com uma área total de 2500 m²; naquela época, Viipuri era um porto industrial e comercial de sucesso, porém, durante a Segunda Guerra, foi tomado pelos soviéticos, retomado pelos finlandeses, mas, em 1944, acabou voltando para os soviéticos e, como consequência da guerra, tornou-se uma cidade fantasma.
A biblioteca estava próxima à Catedral Neogótica da cidade, a mesma fora destruída, e sob a cortina de ferro, estava cada vez mais difícil de se ver, portanto, presumiu-se que a biblioteca também fora destruída. O edifício estava tão desgastado que quando foi mostrado pela primeira vez ao mundo, em 1980, não se pôde reconhecer do que se tratava tal edificação.
A organização interna do edifício não é tão simples quanto seu exterior, que se resume em dois blocos retangulares simples que se deslocam horizontalmente uns dos outros. Aparentemente, parece que o prédio tem três pavimentos, mas, na verdade, são seis ou sete seções. Os espaços administrativos e cerimoniais encontram-se no bloco principal, a maior parte dos espaços de leitura e estantes estão no bloco traseiro. Os corredores desviam para cima e culminam em uma mesa administrativa central.
O edifício possui uma composição rigorosamente lógica, geometricamente conduzido por grades escalares, relações proporcionais e rotações. A mesa administrativa é o seu centro geométrico, gerando um pulso radial que alinha estantes e escadarias a um único ponto. A biblioteca também serviu de teste para que Aalto testasse suas ideias sobre iluminação natural. Por exemplo, para usar luz natural difusa nas salas de leitura, ele utilizou uma clarabóia cônica e perfurou o telhado com poços de luz de dois metros.
Apesar de ser moderna, a biblioteca possui detalhes que tentam lhe afastar do funcionalismo puro, como os detalhes nas portas principais e os corrimãos sinuosos. Na busca por manter uma pureza finlandesa à sua arquitetura, ele utiliza materiais típicos do seu país, o estuque branco, o concreto e o vidro estão em contraste com a madeira morna do interior.
CASA EXPERIMENTAL MUURUTSALO
O projeto, datado do ano de 1953, tipo residencial, feito de tijolo e madeira, com estrutura de tijolo, foi implantado em um terreno isolado e tinha a ideia inicial era fazer uma casa para suas escapadas no verão para o litoral da ilha de Muurutsalo, Finlândia, porém, a mesma acabou se tornando um local para realização de experimentos de materiais, da estética de diferentes arranjos e de como estes reagiriam ao clima áspero. Por exemplo, as paredes do pátio central foram construídas com mais de 50 tipos de tijolos diferentes, no seu interior, há garantia de vistas direcionadas ao lago Päijänne.
Ele testou sistemas de cimentação, construção de tijolo de forma livre e calefação solar passiva. No seu interior, havia uma zona integrada com um mezanino que funcionava como estúdio de pintura também. A cobertura é suportada por grandes vigas de madeira. 
As pedras com musgo e todo o meio natural exerce papel importante na experiência da arquitetura, pois estão em perfeito contraste com a cor branca da casa.
Na intenção de transformar o pátio em um centro de reunião, inseriu-se uma lareira no mesmo. Os cipós que se envolvem nas estruturas, as paredes que se elevam das colinas, tudo ajuda a dar à casa um certo clima de “estar em ruínas”.

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