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Direito Civil IV

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA – UNIVERSO BH
DIREITO – 6º PERÍOD/MANHÃ
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL IV
PROFESSORA: VALÉRIA DELL’ISOLA
DIREITO DAS COISAS
Conceito: é o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas, ou pelo menos determináveis. Como coisa, podemos entender tudo aquilo que não é humano. Assim, se tratam de bens corpóreos ou tangíveis. São coisas das quais o homem pode apropriar-se.
CC/02
Direitos reais: poder jurídico direto e imediato do titular sobre a coisa com exclusividade e contra todos. Sujeito ativo, a coisa e a relação de poder do sujeito ativo sobre a coisa;
Direitos pessoais: Relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo (pessoa) determinada prestação. Sujeito ativo, sujeito passivo e contraprestação.
Além da diferença no sujeito passivo da relação, também diferem, direitos reais e direitos pessoais no que tange ao Primeiro Princípio Regulamentador. Enquanto os direitos reais sofrem a incidência marcante do princípio da publicidade ou da visibilidade, diante da importância da tradição e do registro – principais formas derivadas de aquisição da propriedade –, os direitos pessoais de cunho patrimonial são influenciados pelo princípio da autonomia privada, de onde surgem os contratos e as obrigações nas relações intersubjetivas.
Como terceiro ponto diferenciador, os direitos reais têm eficácia erga omnes, contra todos (princípio do absolutismo). Tradicionalmente, costuma-se afirmar que os direitos pessoais patrimoniais, caso dos contratos, têm efeitos inter partes, o que é consagração da antiga regra res inter alios e do princípio da relatividade dos efeitos contratuais. Entretanto, há uma forte tendência de se apontar a eficácia dos contratos perante terceiros.
	Como quarta diferença entre os institutos, enquanto nos direitos reais, o rol é supostamente taxativo (artigo 1.225 do Código Civil de 2002), de acordo com o entendimento ainda majoritário de aplicação do princípio da taxatividade; nos direitos pessoais patrimoniais, o rol é exemplificativo, o que pode ser retirado do artigo 425 do Código Civil de 2002, pela licitude de criação de contratos atípicos, aqueles sem previsão legal.
	Outra diferença importante refere-se ao fato dos direitos reais trazerem o tão aclamado direito de sequela, respondendo a coisa, onde quer que ela esteja; enquanto que nos direitos pessoais há uma responsabilidade patrimonial dos bens do devedor pelo inadimplemento da obrigação (artigo 391 do CC/2002).
	Por fim, deve ser observado o caráter permanente dos direitos reais, sendo o instituto basilar a propriedade. Isso se contrapõe ao caráter transitório dos direitos pessoais, como ocorre com os contratos.
TEORIAS
Unitária realista: Unificação;
Dualista - clássica: é a adotada. Os direitos reais possuem características próprias.
PRINCÍPIOS
Principio da aderência, especialização ou inerência: São caracterizados apenas pela existência de dois elementos: o titular e a coisa, prescindindo de um sujeito passivo;
Principio do absolutismo - “erga omnes” (“Jus persequendi e Jus praeferendi): não significa dizer que os Direitos Reais geram um poder ilimitado sobre os bens que se submetem a sua autoridade. Estão sujeitos a ponderações como qualquer outro bem jurídico. É um direito oponível erga omnes, contra todos, ou seja, é o famoso direito de sequela ou jus persequendi, no qual, o titular do direito tem a faculdade de perseguir e reivindicar a coisa contra quem quer que a detenha. Aqui a caracterização se dá pela existência de uma obrigação passiva universal, imposta a todos os membros da sociedade indistintamente, no sentido de que devem respeitar o titular do direito;
Principio da publicidade / visibilidade: como o direito real é oponível contra todas as pessoas, se faz necessário haver a notoriedade desses direitos para que toda a sociedade tenha conhecimento de sua existência. Assim, no caso de bens imóveis, é imprescindível que se tenha realizado o registro, já no caso de bens móveis, a publicidade se dá pela simples tradição;
Principio da taxatividade (“numerus clausus”): Não se é possível criar novos direitos reais se não tiver previsão legal, porque eles são taxativos, isto é, já vêm definidos, enumerados pela lei;
Principio da tipicidade – a jurisprudência cria além do que está expresso no artigo 1225 CC/02: “Tipos, como se sabe, são conceitos, moldes rígidos previstos pelo legislador e identificados por regimes jurídicos que lhes são próprios”. Só se considera direitos reais se este direito tiver amoldado no texto legal, ou seja, os direitos reais existem de acordo com os tipos legais.
Principio da exclusividade: não se pode ter dois direitos reais sobre determinada coisa. Se eu tenho um notebook, por exemplo, eu sou o titular do direito real, só eu tenho o domínio da coisa, não pode existir outra pessoa titular do mesmo objeto.
POSSE E PROPRIEDADE
	Duas teorias tentaram justificar ou explicar o conceito de posse. 
	Primeiramente, para a teoria Subjetivista ou Subjetiva, cujo principal defensor foi Friedrich Carl von SAVIGNY, a posse pode ser conceituada como o poder direto ou imediato que a pessoa tem de dispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e de defendê-lo contra a intervenção ou agressão de quem quer que seja. A posse, para essa corrente, possui dois elementos.
	O primeiro seria o corpus, elemento material da posse, constituído pelo poder físico ou de disponibilidade sobre a coisa. O segundo elemento seria o subjetivo, o animus domini, a intenção de ter a coisa para si, de exercer sobre ela o direito de propriedade. Em suma, a posse poderia ser delimitada de acordo com a seguinte fórmula, apresentada por Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: POSSE (TEORIA SUBJETIVISTA) = CORPUS + ANIMUS DOMINI.
Logicamente, pelo segundo elemento, pela intenção de dono, poder-se-ia concluir que, para essa teoria, o locatário, o comodatário, o depositário, entre outros, não seriam possuidores, pois não haveria qualquer intenção de tornarem-se proprietários. Portanto, não gozariam de proteção direta, o que os impediria de ingressar com as ações possessórias. A exemplo do Código Civil de 1916, verifica-se que Código Civil de 2002, em regra, não adotou essa corrente, eis que os sujeitos anteriormente citados são possuidores, no melhor sentido da expressão. Somente para fins da usucapião ordinária, como se verá, é que a teoria subjetiva de SAVIGNY entra em cena.
Para a segunda corrente, precursora de uma teoria objetivista ou objetiva da posse, cujo principal defensor foi Rudolf von IHERING, para constituir-se a posse basta que a pessoa disponha fisicamente da coisa ou que tenha a mera possibilidade de exercer esse contato. Essa corrente dispensa a intenção de ser dono, tendo a posse apenas um elemento, o corpus, elemento material e único fator visível e suscetível de comprovação. Este é formado pela atitude externa do possuidor em relação à coisa, agindo este com o intuito de explorá-la economicamente. Aliás, para essa teoria, dentro do conceito de corpus está uma intenção, não o animus de ser proprietário, m as sim de explorar a coisa com fins econômicos. Como apontam Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, pode ser elaborada a seguinte fórmula para explanar essa teoria: POSSE (TEORIA OBJETIVIST A) = CORPUS
Entre as duas teorias, deve-se concluir que o Código Civil de 2002, a exemplo do seu antecessor, adotou parcialmente a teoria objetivista de IHERING, de acordo com o que consta do artigo 1.196 da atual codificação, cuja redação merece destaque: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
Dessa forma, o locatário, o comodatário, entre outros, para o nosso direito, são possuidores e, com o tais, podem utilizar as ações possessórias, inclusive contra o próprio proprietário. Assim sendo, o artigo 1.196 do Código Civil de 2002 define a posse como o exercício pleno ounão de alguns dos poderes inerentes à propriedade. Basta a presença de um dos atributos da propriedade para que surja a posse. Em outras palavras, pela atual codificação, todo proprietário é possuidor, mas nem todo possuidor é proprietário.
PROPRIEDADE
Noções gerais: A propriedade, ao contrário da posse, é situação de fato e de direito em que o proprietário exerce sobre a coisa todos os poderes de usar, gozar e dispor do bem da forma que julgar conveniente, bem como o de reivindicá-lo.
	É o mais importante e complexo direito real. É o único direito real sobre a coisa própria (sobre os nossos bens), pois os demais direitos reais do art. 1225 são direitos reais sobre as coisas alheias, sobre os bens de terceiros.
	A importância da propriedade é imensa na nossa vida, afinal nosso principal interesse na vida é no acúmulo de bens, na formação de um patrimônio. Quanto mais se protege a propriedade mais se estimula o trabalho e a produção de riquezas em toda a sociedade; negar esse direito representaria uma atrofia no desenvolvimento socioeconômico; por que estudar e trabalhar tanto se o que eu ganhar e produzir não vai ficar para mim e para meus filhos? É da natureza humana, desde o homem primitivo, de se apoderar da caça, de peles, de armas e ferramentas.
	Nosso ordenamento protege a propriedade a nível constitucional (artigos 5º, XXII; e 170, II). A propriedade é mais difícil de ser percebida do que a posse, pois a posse está no mundo da natureza, enquanto o domínio (= propriedade) está no mundo jurídico. Todos têm a posse das roupas, livros e relógios que estão usando agora, mas se pode afirmar categoricamente de plano se vocês são realmente donos desses objetos.
Quem é o proprietário? Artigo 1228 do Código Civil de 2002 “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”: Precisa possuir registro. Existem vários conceitos para o termo: 1) propriedade é o poder pleno sobre a coisa; 2) é a submissão de uma coisa a uma pessoa; 3) é o direito real sobre a coisa própria. Adotemos o conceito do código, que é muito bom e a lei está sempre ao nosso alcance: Então a propriedade é o poder de usar, fruir (=gozar) e dispor de um bem (três faculdades/atributos/poderes do domínio) e mais o direito de reaver essa coisa do poder de quem injustamente a ocupe.
Características da propriedade: 
Complexidade: pelo conceito legal de propriedade se percebe porque se trata de um direito complexo, como dito na primeira frase de hoje. A complexidade é justamente porque a propriedade é a soma de três faculdades e mais esse direito de reaver de terceiros. Expliquemos estas três faculdades e este direito de reaver: Uso: é o jus utendi, ou seja, o proprietário pode usar a coisa, pode ocupá-la para o fim a que se destina. Exemplo: morar numa casa; usar um carro para trabalho/lazer; Fruição (ou gozo) – jus fruendi: o proprietário pode também explorar a coisa economicamente, auferindo seus benefícios e vantagens. Exemplo: vender os frutos das árvores do quintal; ficar com as crias dos animais da fazenda; Disposição – jus abutendi: é o poder de abusar da coisa, de modificá-la, reformá-la, vendê-la, consumi-la, e até destruí-la. A disposição é o poder mais abrangente. Exemplo: se eu sou dono de um quadro eu posso pendurá-lo na minha parede (jus utendi), posso alugá-lo para uma exposição (jus fruendi) e posso também vendê-lo (jus abutendi). O dono pode também ceder a terceiros só o uso da coisa, como por exemplo, direito real de habitação do artigo 1414 do Código Civil. Pode ceder o uso e a fruição, como por exemplo, o usufruto do artigo 1394 e superfície do artigo 1369. Pode ceder só a disposição, como por exemplo, o contrato estimatório do artigo 537. O proprietário tem as três faculdades, já o possuidor tem pelo menos uma dessas três, conforme os artigos 1196 e 1204 do Código Civil. Além de ser a soma destas três faculdades, a propriedade produz um efeito, que é justamente o direito de reaver a coisa. Este direito encontra previsão na parte final do artigo 1228. Como se faz isso, como se recuperam nossos bens que injustamente estejam com terceiros?
Através da ação reivindicatória. Esta é a ação do proprietário sem posse contra o possuidor sem título. Esta ação serve ao dono contra o possuidor injusto, contra o possuidor de má-fé ou contra o detentor. Não confundam com a ação possessória. A possessória é a ação do possuidor contra o invasor, que inclusive pode ser o proprietário. Exemplo: locador quer entrar a qualquer hora na casa do inquilino, alegando ser o dono; não pode. Mas o proprietário que aluga uma fazenda também pode usar a possessória se o MST ameaça invadir e o arrendatário não toma providências, afinal o proprietário tem posse indireta. A vantagem da possessória é a possibilidade de concessão de liminar pelo Juiz. Na reivindicatória não cabe liminar. Este direito de reaver é consequência da sequela, e que permite que o titular do direito real o exerça contra qualquer pessoa;
Direito absoluto - ligado ao principio do absolutismo: se o proprietário pode dispor, pode abusar da coisa (jus abutendi), pode vendê-la, reformá-la e até destruí-la. Esse absolutismo não é mais pleno, pois o direito moderno exige que a coisa cumpra uma função social, ou seja, exige um desenvolvimento sustentável do produzir evitando poluir, conforme o § 1º do artigo1228. Respeitar a função social é um limite ao direito de propriedade; outro limite é o direito de vizinhança. Quando uma propriedade não cumpre sua função social, o Estado a desapropria não para si (o que seria comunismo ou socialismo), mas para outros particulares que possam melhor utilizá-la. Isso só comprova que nosso direito valoriza a propriedade privada. É absoluto também porque se exerce contra todos, é direito erga omnes;
Perpetuidade – imprescritibilidade: os direitos de crédito prescrevem, mas a propriedade dura para sempre, passa inclusive para nossos filhos através do direito das sucessões. Quanto mais o dono usa a coisa, mais o direito de propriedade se fortalece. A propriedade não se extingue pelo não-uso do dono, mas sim pelo uso de terceiros. Então eu posso guardar meu relógio na gaveta que ele continuará meu para sempre. Eu posso passar décadas sem ir ao meu terreno na praia. Mas se alguém começar a usá-lo, poderá adquiri-lo pela usucapião;
Exclusividade - direito exclusivo do proprietário - artigo 1231 do Código Civil de 2002 “A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário”: o proprietário pode proibir que terceiros se sirvam do seu bem; a presunção é a de que cada bem só tem um dono exclusivo, mas nosso ordenamento admite o condomínio;
Elasticidade: consiste em adquirir a propriedade de várias maneiras, como por exemplo, a doação; o usucapião; a compra/venda; a herança). A propriedade se contrai e se dilata, é elástica como uma sanfona; por exemplo, tenho uma fazenda e cedo em usufruto para José; eu perco as faculdades de uso e de fruição, minha propriedade antes plena (completa) vai diminuir para apenas disposição e posse indireta; mas ao término do usufruto, minha propriedade se dilata e torna-se plena novamente.
SUJEITOS
	Quais os sujeitos no direito de propriedade? De um lado o sujeito ativo, o proprietário, qualquer pessoa física ou jurídica, desde que capaz. O menor pode adquirir mediante representação do pai ou do tutor. Do outro lado o sujeito passivo indeterminado, ou seja, todas as demais pessoas da sociedade que devem respeitar o meu direito de propriedade.
OBJETO
	O objeto da propriedade é toda coisa corpórea, móvel ou imóvel. Admite-se propriedade de coisas incorpóreas como o direito autoral e o fundo de comércio. 
2ª Aula – 15/09/2015
Proteção Constitucional da Propriedade: tutelado inicialmente na CRFB/88 em seu artigo 5º, XXII “é garantido o direito de propriedade”; XXXII “a propriedade atenderá a sua função social”. Função social vem conceituada no § 2º do artigo 182 da CRFB/88, que diz que “a propriedadeurbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”. O Tombamento visa proteger o patrimônio histórico cultural da cidade, e não pode ser considerada uma afronta ao direito de propriedade. 
Intervenção do Estado na Propriedade – artigo 5º, XXIV da CRFB/88 “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”: três critérios: DECORE
Desapropriação: deve ser prévia e em dinheiro, conforme preconiza a CRFB/88.
Função Social: Ocorrerá quando não estiver cumprindo sua função social. O critério da função social não é objetivo, variando conforme a região, bem como o tipo de propriedade;
Finalidade social: em que pese um imóvel cumpra sua função social, existindo uma finalidade social, o direito de propriedade poderá ser restringido. Exemplo: obra do MOVE na Antônio Carlos;
Utilidade Pública:
Interesse social:
Confisco: relativo a bens advindos (adquiridos através) de uma atividade ilícita; ou propriedades que pairem sobre si uma ilicitude. Não receberá, portanto, indenização prévia em dinheiro. Exemplo: plantação de maconha; manter casa de cafetinagem. É veiculado de decisão judicial;
Requisição administrativa – artigo 5º, XXV “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”: traduzindo em termos simples, é como se fosse um empréstimo da propriedade, enquanto houver o iminente perigo público, e somente haverá indenização, de forma ulterior, que será pertinente se houver prejuízos (danos) no imóvel. Veiculado através de ordem de serviço do órgão requerente.
POSSE
Noções Gerais: a posse não é tratada na CRFB/88.
Conceito de possuidor – artigo 1196, CC/02 “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”: todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
Detenção: posse exercida em nome de outrem. Conserva a posse em nome de outrem, e em cumprimento de ordens e instruções – artigo 1198 do Código Civil “considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”. Detenção não gera efeito jurídico sobre a posse ou propriedade. Exemplo: chofer .
Direitos da Posse
Usar
Gozar
Dispor
Reaver?
Diferença entre Turbação (artigo 161, caput do CP) e Esbulho (artigo 161, § 1º, II do CP).
O possuidor pode ser:
- Pleno: possui a posse direta mais a posse indireta;
- Não pleno: possui apenas a posse indireta.
Diferença entre Posse (animus domini) e Detenção – artigo 1198, CC/02 “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”: posse é exercida pelo interesse próprio. Já a detenção é exercida em nome de outrem e em cumprimento de ordens.
Escala de importância de Ihering:
Propriedade
Posse de boa-fé
Posse
Detenção
Quase-posse: é aquela que decorre dos Direitos Reais limitados sobre coisa alheia. Exemplo: usufruto.
Composse: é a posse comum, exercida por duas ou mais pessoas, sobre parte ideal da coisa. Exemplo: condomínio; dois irmãos que exercem a posse sobre determinado imóvel.
Natureza Jurídica da Posse: Quanto a natureza jurídica da posse, Savigny sustenta que a posse é ao mesmo tempo um direito e um fato. Se considerada em si mesma é um fato; Considerada nos efeitos que gera, sendo eles usucapião e interditos, ela se apresenta como um direito.
	Para Ihering, a posse nada mais é que um direito. Partindo ele, de sua definição de direito subjetivo, segundo o qual aquele é o interesse juridicamente protegido.
	Para Clóvis Bevilácqua é um fato.
	Há alguns doutrinadores que defendem ser a posse um direito real e não um estado de fato. Neste sentido, aduz Maria Helena Diniz, que a posse é um direito real, posto que é a visibilidade ou desmembramento da propriedade. Podendo aplicar o princípio de que o acessório segue o principal, visto que não há propriedade sem posse. Arguindo ainda, que o princípio contido no artigo 1191 no nosso código civil, de que a tutela possessória do possuidor direto abrange a proteção contra o indireto, artigos 1210 e 1212 do Código Civil e nos artigos 920 e seguintes do Código de Processo Civil e, que é possível verificar que o caráter jurídico da posse decorre da própria ordem jurídica que confere ao possuidor ações específicas para se defender contra quem quer que o ameace, perturbe ou esbulhe.
	Prossegue a insigne jurista, acenando que na posse se encontram todos os caracteres dos direitos reais, tais como:
- Seu exercício direto, sem intermediário;
- Sua oponibilidade contra todos;
- A sua incidência em objeto obrigatoriamente determinado. Devido à posição da “posse” na sistemática do nosso direito civil, não Ter, pois nenhum obstáculo a sua qualificação como direito real.
	Por outro lado, o jurista Silvio Salvo Venosa defende a natureza da posse como estado de aparência. Tal revela-se o posicionamento adotado pela doutrina majoritária e tradicional aduz este jurista que, no caso de um possuidor que tiver sido desapossado da coisa, tendo que provar sempre, e a cada momento, sua propriedade ou outro direito real na pretensão de reaquisição do bem, teria sua devida tutela e prestação jurisdicional prejudicada em face da morosidade e tardiamente, instaurando-se desse modo a inquietação social. Logo o direito deve proteger o estado de fato, situação aparente e típica do dia a dia cotidiano, que não deve corresponder ao efetivo estado de direito, o qual poderá ser avaliado de maneira amplamente probatória e segura, posteriormente. Deve-se levar em conta, que esse estado de aparência, que pode originar-se sem que contenha qualquer substrato jurídico, pode servir para a aquisição da propriedade, como no casso de usucapião. Por essas e outras razões deve o direito fornecer meios de proteção àqueles que se mostram como aparentes titulares de direito.
	Segundo Silvio Rodrigues, não se pode considerar a posse Direito Real, porque ela não figura na enumeração do artigo 1225 do Código Civil de 2002 que é praticamente os mesmos elencados no artigo 674 do Código Civil de 1916, posto que, aquela regra é taxativa e não exemplificativa, tratando-se aí de numerus clausus.
	Conclui-se que, para a maioria dos nossos civilistas a posse é um direito real, por ser um vínculo que liga uma coisa a uma pessoa e pela sua oponibilidade “erga omnes” (contra todos) entre outros efeitos.
	No entanto, entendemos que é difícil reconhecer a posse um direito real, uma vez que esta é uma categoria jurídica taxativamente indicada em lei, e o nosso Código Civil não faz menção sobre ser a natureza da posse um direito, admitindo ser ela um fato, adotando assim a teoria subjetiva.
Classificação da posse:
Quanto à apreensão física da coisa:
Direta:
Indireta:
Quanto à existência de vícios:
Justa – artigo 1.200, CC/02:
Injusta: clandestina e precária.
Quanto ao conhecimento dos vícios: submetidos a uma análise subjetivamente: “toda posse de má-fé é injusta. Mas também é possível que a posse seja injusta e de boa-fé”.
Má-fé: possui conhecimento dos vícios;
Boa-fé: se desconhece os vícios.
Artigo 1.203, CC/02 “Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida”.
Quanto a origem da posse:
Natural:
Civil:
Quanto à divisibilidade da coisa:
Pro diviso:
Pro indiviso:
Quanto ao decurso do tempo:
Posse nova: menos de um ano e dia;
Posse velha: mais de um ano e dia.
Quanto à aquisição:
Posse ad interdicta: pode ser defendida através das ações possessórias;
Posse ad usucapionem: se prolonga por um determinado lapso tempo,deferindo ao possuidor a capacidade (possibilidade) de Usucapião.
Efeitos da Posse:
Boa-fé – artigo 1219, CC/02: “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis”: fará jus ao ressarcimento sobre as benfeitorias úteis e necessárias. No que tange às voluptuárias, o possuidor poderá levantá-las, caso não traga prejuízo ao bem. Possui direito de retenção.
Má-fé – artigo 1220, CC/02: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”: fará jus ao ressarcimento perante às benfeitorias necessárias, e não possui o direito de retenção.

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