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Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) 05/08/2021 Diferenças entre o controle concentrado e o controle difuso Primeiramente, é importante estabelecer as diferenças entre o controle concentrado e o controle difuso. ❖ Quanto ao surgimento, o controle difuso surgiu em 1803, enquanto o controle concentrado surgiu no ordenamento jurídico em 1920. ❖ O segundo ponto importante é analisar o percursor, no controle difuso foi o juiz Marshall da Suprema Corte Americana (Estados Unidos), já no concentrado foi Hans Kelsen (Áustria). ❖ O primeiro dispositivo normativo que tratou do controle concentrado foi a constituição da república da Tchecoslováquia. ❖ Kelsen cria o controle concentrado devido ao seu entendimento de que há alguns pontos dentro do controle difuso que são incompatíveis a constituição, ou seja, existe uma incompatibilidade do controle difuso. Suas observações foram as seguintes: 1. Objeto processual: já que é analisado a questão incidental – matéria secundária, prejudica a discussão da matéria principal. Há dois objetos, o secundário e o principal. Para Kelsen isso é uma heresia jurídica, no controle de constitucionalidade apenas pode haver um único objeto processual, ou seja, a matéria constitucional. 2. Quem pode fazer o controle: no controle difuso pode ser feito por qualquer magistrado, para Kelsen isso também é errado, não se pode deixar todos os juízes façam o controle, pois isso gera insegurança jurídica, já que haveriam várias decisões. Enquanto, no concentrado não é permitido deixar todos os magistrados julgarem, somente pode ser feito pelo órgão máximo do poder judiciário. 3. Quanto a decisão: no controle difuso, em regra não gera efeito vinculante (isso gera insegurança jurídica, dessa forma o controle não pode ser feito por todos os magistrados), enquanto, no controle concentrado sempre gera efeito vinculante. Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) Observação: O Brasil adota ambos os controles. Formas de controle concentrado no mundo CONTROLE CONCENTRADO VIA CORTE CONSTITUCIONAL Para Kelsen não é entregue a Suprema Corte e sim para a Corte Constitucional – que não é um órgão do poder judiciário, mas que tem poderes para fazer o controle concentrado. Dessa forma, o controle deve ser feito de um órgão fora do poder judiciário que vincule em todos os demais órgãos. Com exceção da França (não adota nem o difuso e nem o concentrado, é feito por uma corte administrativa) e dos Estados Unidos (adota apenas o difuso) e os países ditatoriais (não adotam nenhum controle – Ex. Coreia do Norte e Cuba), os demais países adotam o controle difuso e o concentrado. Existem três formas de controle concentrado no mundo: 1. Controle concentrado em corte constitucional (REGRA 1) – regra de Kelsen, já que é um controle entregue para um órgão fora do poder judiciário, que possui a função exclusiva de decidir sobre questões puramente constitucionais e de interpretação da constituição. Os países que adotam tal controle são: Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal, Itália, Holanda, Peru. 2. Controle concentrado via Supremo (REGRA 2) – é aquele em que o controle de constitucionalidade concentrado é de competência do órgão de cúpula ou da mais alta corte judiciária ou do poder judiciário do país, pelo fato de residir a corte constitucional. Ex: o Brasil adota o sistema de Kelsen, mas não existe um órgão fora do poder judiciário, é feito pelo STF. Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) 3. Controle concentrado via Sala Constitucional (REGRA 3) – é aquele realizado por uma sala ou órgão especial, dentro do próprio órgão de cúpula do poder judiciário. No modelo 2 é feito pelo Pleno, aqui é feito por alguns que falam em nome de toda a corte. Ex: Colômbia – apenas alguns magistrados realizam o controle. O Brasil adota esse sistema nos tribunais com mais de 25 membros em controle difuso. 09/08/2021 Controle de Constitucionalidade Concentrado no Brasil Adentrou ao ordenamento jurídico em 1965, através da emenda constitucional nº16. Já na Constituição Federal de 1998, está previsto no art. 102. Há dois controles concentrados no Brasil. ▪ QUANTO À COMPETÊNCIA Concedido ao Supremo Tribunal Federal – STF e aos Tribunais de Justiça – TJ. • No STF, recai contra lei ou ato normativo federal; Art. 102, inciso I, alínea A. • Em relação a lei ou ato normativo estadual, o controle pode ser feito tanto no STF, quanto no TJ. A QUESTÃO EM ROGA É QUANDO IREI USAR UM OU OUTRO? Será no STF, quando a lei ou ato normativo ferir a Constituição Federal e no TJ quando ferir a Constituição Estadual. Art. 125, §2º, CF. • No TJ, recai contra lei ou ato normativo municipal. Art. 125, §2º, CF. STF – REGRA 2 TJ – REGRA 2 OU 3 Pode ser feito pelo pleno (total) ou órgão de cúpula (+ de 25 membros – sala constitucional – órgão especial). Observação: O Supremo Tribunal Federal não pode fazer controle de lei ou ato normativo municipal e vice-versa. Contudo, há um detalhe importante nessa questão, o Brasil é um país de âmbito federativo de três níveis (Municipal, Federal ou Estadual). O controle de constitucionalidade concentrado em relação a lei ou ato normativo estadual pode ser feito tanto no STF OU TJ, depende de qual constituição foi ferida. Exemplos quanto a lei ou ato normativo estadual STF OU TJ? INTERESSE GERAL OU APENAS DO ESTADO? ❖ LEI ESTADUAL QUE FERE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) O Governo do Estado do Paraná através da assembleia legislativa aprovou uma lei que foi sancionada pelo Governador do Estado, dizendo o o seguinte: fica proibido cultivar, pesquisar, transportar por via terrestre ou aquática, produtos de natureza transgênica. Em uma situação fictícia, um produtor precisa atravessar o Paraná, contudo, quando chega na divisa, o fiscal não permite a entrada de produtos transgênicos no Estado, devido a referida lei. Visando contestar a inconstitucionalidade desta lei, está ferindo a Constituição Federal é preciso entrar com ação no Supremo Tribunal Federal, já que a competência para legislar sobre essa matéria de natureza transgênica é da União (isto está disposto na CF). ❖ LEI ESTADUAL QUE FERE CONSTITUIÇÃO ESTADUAL A CF trouxe as regras do foro privilegiado, mas não falou nada em relação a delegados de polícia. Se a CF não determinou nada, seria possível dar foro privilegiado a eles? Poderia, compete a Constituição Estadual fazer isso. Neste âmbito, um deputado do Estado do Paraná (ele é delegado de polícia), sua campanha busca melhorias para o setor, dentre elas apresenta um projeto de lei instituindo o foro privilegiado ao delegado de polícia do Estado do Paraná. Isto apenas pode ser instituído por uma proposta de emenda à Constituição Estadual. A ADI será no TJ, fere Constituição Estadual – INTERESSA APENAS À POPULAÇÃO DO ESTADO. Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI 12/08/2021 QUEM PODE PROPOR A ADI ▪ STF – ART. 103, CF. Não se inclui na ADI, o defensor público geral e os tribunais (isso é apenas para a súmula). Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz– 4° termo (Toledo Prudente) VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. O STF jurisprudencialmente dividiu os legitimados em duas categorias: em alguns casos não basta simplesmente o indivíduo constar no rol do art. 103, alguns necessitam de “algo mais”, não basta apenas a legitimidade, precisa provar também o seu interesse na ação. 1. Legitimado temático/específico: neste casos não basta apenas a legitimidade, precisa provar também o seu interesse na ação (é condição para a concretização da legitimidade que demonstre o interesse processual no caso – o legitimado deverá demonstrar em que aspecto aquela lei ou ato normativo questionado afeta os seus interesses de modo direto ou indireto). EM SUMA: É aquele que apesar de constar expressamente no rol do art.103 da CF, dependerá demonstrar interesse processual – lei ou ato normativo via ADI afeta seus interesses ou daqueles que ele representa (direta ou indiretamente), sob pena de ter sua ação extinta sem julgamento do mérito por motivo de ilegitimidade de parte e ausência de interesse processual. Segundo jurisprudência, são eles: • Governadores dos Estados e DF; • Assembleias Legislativas dos Estados; • Câmara Distrital do DF; • As Confederações Sindicais; • Entidades de classe de âmbito nacional. Exemplo: o estado do Paraná cria uma lei que proíbe que seja transportada soja em seu território, e assim as carretas do Mato Grosso ficam impedidas de chegarem até o porto para escoação – o estado do Mato Grosso poderá entrar com ação contra a lei do Paraná, pois seus interesses são atingidos pela mesma – o estado do Amapá, por exemplo, não poderia, pois não atinge direta nem indiretamente seus interesses. 2. Legitimado genérico: tratam-se dos demais legitimados, basta constar no rol do art.103, da CF. Não é necessário a demonstração do interesse processual como dito anteriormente no caso dos legitimados temáticos. EM SUMA: são aqueles que basta constar no rol do art. 103, CF, SEM NECESSIDADE DE DEMONSTRAR INTERESSE PROCESSUAL exigido para os legitimados específicos. Ou seja, estes possuem legitimidade ampla para promover a ADI, sob qualquer lei ou ato normativo. São eles: • Presidente da República; • Mesa do Senado e da Câmara dos Deputados; • Procurador Geral da República; • Partido político com representação no Congresso Nacional • Conselho Federal da OAB. Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) ▪ TJ – Os legitimados estão dispostos na Constituição Estadual. Por exemplo, na Constituição Paulista isso está estabelecido no art. 90. A título de exemplo, no TJSP quem pode promover ADI de lei ou ato normativo estadual ou municipal são: Governador do Estado de São Paulo; Mesa da Assembleia Legislativa de São Paulo; As Mesas das Câmaras de Vereadores dos munícipios do Estado; Os prefeitos dos munícipios do Estado de SP; Conselho Estadual da OAB; Partido Político com representação na Assembleia Legislativa; Procurador-Geral de Justiça e Confederação Sindical ou Entidade de âmbito estadual. Observações: 1. uma restrição feita pela CF – não pode dar legitimidade apenas para um (isso seria inconstitucional). Necessário um grupo de pessoas/entes. 2. não foi dado legitimidade ao cidadão comum devido ao alto número de ações que surgiriam. AMICUS CURIE – Amigos da Corte Tratam-se dos “amigos da corte”, estes não são considerados parte processual (portanto, não são legitimados e não podem interpor recurso). São aqueles indivíduos que auxiliam o tribunal (STF/TJ) em um tema que depende de um conhecimento científico mais aprofundado. Ajudam no desenvolvimento de um assunto específico. • O indivíduo é convidado, contudo, pode-se auto convidar (muitas vezes o STF não tem conhecimento de quem são as autoridades especializadas no assunto). • A Lei 9868/99 estabelece que a competência para aceitar amicus curie é do ministro-relator do processo. Este poderá aceitar ou não (nessa questão, não caberá recurso de sua decisão – é irrecorrível). • Não é comparado a perito (o perito que mentir responderá por crime de falsa perícia), enquanto o amicus curie não responde. • Não há remuneração. • Trata-se de um terceiro interessado sui generis (há mais interesse próprio do sujeito). Por exemplo, no caso da pesquisa das células tronco no Brasil, foi necessário a presença do Amicus Curie (convidado profissionais na área para dar um norte ao STF), já que a questão em que foi discutida no caso era sobre em qual momento se começava a vida. 16/08/2021 EFEITOS DA DECISÃO NO CONTROLE CONCENTRADO - ADI Duas categorias: 1. Quanto às pessoas; 2. Quanto à extensão. Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) Apenas começam a ser produzidos a partir da publicação do acordão da decisão no Diário Oficial da União (até este momento o Ministro pode alterar o voto de ofício). • Quanto às pessoas É vinculante e erga omnes (atinge todas as pessoas, órgãos do poder judiciário e todos os poderes). • Quanto à extensão Pode ser de duas formas: ex tunc (decisão retroage par a data que foi proposta a ação ou quando a lei entrou em vigor) e ex nunc (do momento da decisão para frente). A partir do momento em que uma lei for declarada inconstitucional, considera-se inconstitucional todos os atos praticados durante a sua vigência. ➔ Exemplo 1: imagine que tenho um munícipio/Estado que tem uma demanda grande de ações contra ele, o procurador chefe vai conversar com o governador do Estado pois precisam de novos procuradores para não perder prazos. Vamos fazer uma contratação de procuradores sem concurso devido relevância e urgência. É editado uma medida provisória autorizando a contratação temporária de procuradores por meio de análise de currículo. A medida foi convertida em lei. Contudo, o tempo foi passando – não foi temporário. Entra-se com ação no STF, pedindo exoneração imediata dos procuradores e que seja feito o concurso público. Julgado procedente a exoneração. Retroage? Exemplo 2: Governo criou um novo tributo que foi cobrado durante 1 ano (brado no mesmo ano – não respeitou a anterioridade tributária). Entrou-se com ADI, ação levou dois anos e meio a ser julgada, foi reconhecido a inconstitucionalidade. Se o tributo nunca poderia ter sido cobrado, o poder público deve devolver o tributo? Teria como devolver tudo? A regra é que a decisão tem que retroagir! Uma vez reconhecida a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo todos os atos praticados na sua vigência deverão ser desconsiderados diante da violação de dispositivos, regras ou princípios da Constituição Federal, sob pena de gerar insegurança jurídica e estar sendo flexibilizada a CF. Portanto, efeito é ex tunc. ➔ Lei 9.868/99 – art. 27 Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado O STF pode mudar a regra – ou seja, moldar os efeitos (modulação dos efeitos da decisão), neste sentido pode dar efeito ex nunc. Apesar da lei ser inconstitucional, preciso dar validade aos atos, caso contrário, a situação seria caótica (nos exemplos dados observa- se isso). Serão analisados dois requisitos: 1. Se a decisão causar insegurança jurídica; 2. Se há relevante interesse social na causa. Também pode-se modular parcialmente os efeitos, não tornando tudo válido/inválido. Cabe ressaltar que a modulação dos efeitos da decisão necessitaser feita expressamente, Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) determinando o que e quando estará valendo. Para mudar os efeitos é necessário o coro de 2/3 – 8 votos decidam. Teremos dois julgamentos: 1. Julgamento da inconstitucionalidade – maioria absoluta; 2. Modulação dos efeitos – 2/3 dos votos 8 Ministros; 19/08/2021 QUESTÕES PROCESSUAIS DA ADI 1. Desistência da ação – art.5 da Lei 9868/99 Uma vez proposta a ação e sendo a parte legítima, não admite-se desistência. A lei ou ato normativo foi colocado em cheque, a desistência levaria a inúmeras vezes ressurgir uma ação sobre a lei ou ato. Mas, se a parte adotar uma postura inativa, não tocar a ação? Caso abandone, o PGR (Procurador Geral da República) assume. A única hipótese em que a ADI é extinta sem julgamento do mérito, trata-se de quando a parte não é legitima. 2. Defesa Na ação tem que existir o direito de contraditório e da ampla defesa. A defesa da lei será feita pelo AGU – Advogado Geral da União, mesmo que seja absurdamente inconstitucional. No STF posso promover uma ADI contra lei ou ato normativo federal e estadual, o AGU fará a defesa de ambos. O art. 7 da Lei 9868/99 não admite intervenção de terceiros na ação, para que não a use como questão política. A forma para forçar essa participação (entraria sem ser parte) se convidando para ser amicus curie. Quem faz a defesa no TJ (lei ou ato normativo estadual ou municipal) será o Procurador Geral do Estado. 3. O PGR é um legitimado com especialidades – o único que participa obrigatoriamente 100% das ações, pois se ele não for o autor, atuará como fiscal da lei. Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADECON O objetivo é que a lei ou ato normativo seja declarado constitucional. Alguns pontos são comuns entre ADI e ADECO: 1. Legitimados; 2. Amicus curie; 3. Não admite desistência; 4. Não admite intervenção de terceiros; 5. Efeito erga omnes e vinculante da decisão; 6. Efeito da decisão é ex tunc (retroage); 7. No julgamento da ADECON deve estar presente no mínimo 8 ministros, assim como na ADI; Competência e Objeto processual A competência trata-se de quem pode julgar, neste âmbito, a ADECO é exclusiva do STF – Não se admite nos tribunais de justiça. Quanto ao objeto, cabe unicamente controle de lei ou ato normativo federal. Não cabe de lei ou ato normativo estadual ou municipal. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; Cabe ressaltar que não é admito criar ADECO nas Constituições Estaduais, já que a Constituição Federal não trata do assunto. Origem da ADECO A ADI foi criada pelo poder originário, em 1988. Já a ADECO surgiu por meio da Emenda Constitucional nº3, ou seja, foi criada pelo poder constituinte derivado. Foi trazida para o Brasil pelo Ministro Gilmar Mendes, originária no Direito Alemão. Na época causou perplexidade, quando uma lei surge no ordenamento jurídico já não é constitucional? Presume-se que é constitucional. Dessa forma, por quê promover uma ação para declarar a constitucionalidade? Toda vez que uma lei nasce no ordenamento jurídico, ela nasce com uma presunção de ser constitucional ou relativa, consequentemente, nenhuma lei nasce no ordenamento jurídico absolutamente constitucional. Com a ação, busca-se a absoluta Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) constitucionalidade da lei ou ato normativo. Ao gerar efeito vinculante e erga omnes, ninguém poderá novamente discutir em juízo. Quanto à extensão é ex tunc. ▪ OBS: Se uma ADI FOR JULGADA IMPORCEDENTE – gera efeito de ADECO. Se uma ADECO FOR JULGADA IMPROCEDENTE - gera efeito de ADI. Não é necessário promover outra ação. Isso chama-se efeito ambivalente da decisão no controle de constitucionalidade. ▪ ADI + ADECON PROPOSTAS AO MESMO TEMPO: as duas vão ao julgamento simultaneamente. As duas não podem ser julgada procedente ou improcedente. Uma deve ser procedente, outra improcedente. Não pode haver desistência. Efeito modulatório em ADECO ▪ Cabe efeito MODULATÓRIO em ADECO? Apenas se for julgado improcedente – nesse caso a lei será inconstitucional – gerando efeito de ADI (diante do efeito ambivalente das decisões). Leva-se em consideração duas coisas: 1. Se houver grave risco a segurança jurídica; 2. Relevante Interesse social; Controvérsia judicial relevante – art. 14, III, lei 9868/99 Trata-se de um requisito para propor a ADECO; Art. 14. A petição inicial indicará: I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido; II - o pedido, com suas especificações; III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. Para promover uma ADECO há necessidade de que o legitimado comprove a existência de controle difuso sobre a lei ou ato normativo federal que é objeto da ADECO, de modo a colocar fim na discussão que está causando insegurança jurídica. Outros juízes já deram decisões sobre a lei ou ato normativo, ou seja, já há controle difuso. Justamente isso está gerando controvérsia judicial, existem diversas decisões de juízes, causando questionamentos a respeito de qual decisão é a correta e deve ser seguida, isso causa insegurança jurídica. É conditio sine qua non que o legitimado demonstre a existência de decisões diferentes nas instâncias inferiores (no mínimo duas). Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) 26/08/2021 ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF ➔ Artigo 102, §1° CF e Lei 9882/99. Resultado do poder constituinte originário. ➔ Antes da lei 9882/90 todas as ações de ADPF foram rejeitadas devido a aplicabilidade limitada. Após essa lei que ela começa a realmente ter validade. Art. 102 § 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. Pontos em comum com ADI e ADECO 1. Legitimados – são os mesmos das outras ações, incluindo os específicos, temáticos, genéricos; 2. Admite o amicus curiae; 3. Efeitos da decisão – Gera efeito erga omnes (atinge a todos) e vinculante a partir do momento que for protocolada no diário da união (desrespeitou a ADPF cabe reclamação); 4. Não cabe desistência; 5. Aplica-se a modulação dos efeitos da decisão – efeito ex tunc (retroage), mas pode ser modulado para ex nunc; 6. Pode gerar efeito ambivalente – promoveu uma ADPF tentando reconhecer que viola preceito fundamental, julga improcedente, gera efeito vinculante. . Pontos em comum entre ADECO E ADPF 1. Competência – exclusiva do STF, NÃO CABE EM TRIBUNAL DE JUSTIÇA; 2. Pode ter a controvérsia judicial relevante em alguns casos – na ADPF não será necessário em todos os casos; Pontos específicos da ADPF Art. 1o A argüição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição ; II - (VETADO) Controle Concentrado deConstitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) CARÁTER SUBSIDIÁRIO Apenas pode promover uma ADPF se o legitimado demonstrar que ele não pode ou não conseguirá solucionar o problema por outra ação que não ela. Se o assunto pode ser solucionado por ADI ou ADECO, será extinta a ADPF. Usada apenas em ultimo caso. ESPÉCIES DE ADPF - PREVENTIVA X REPRESSIVA • Preventiva – Há o impedimento da entrada no ordenamento jurídico de algo que possa violar preceito fundamental. São os legitimados No caso que o fato se concretizou quando chegou na mão do ministro, na hora de fazer a petição determina-se que caso isso ocorra deverá ser convertida em repressiva para que não se perca o objeto, ENTÃO BUSCA-SE O PEDIDO DE CONVERSÃO. • Repressiva – Aqui, ataca-se algo que já adentrou o ordenamento jurídico, porém, viola preceito fundamental. VIOLA PRECEITO FUNDAMENTAL – OBJETO PROCESSUAL STF declare que aquilo que está sendo feito ou ameaçado de fazer está descumprindo algum preceito fundamental (direito fundamental). Trata-se de uma ação para declarar o descumprimento de um direito fundamental, busca avaliar o desrespeito a tais direitos. Quando julgada procedente – aquela medida está desrespeitando direito fundamental da coletividade. Pode ser violado por: 1. Lei; 2. Ato normativo; 3. Ato do Poder Público (qualquer ato de caráter administrativo que tem por finalidade gerar uma obrigatoriedade). Ex: ato de um ministro que queira limitar o horário de atendimento do INSS. ➔ Âmbito das leis, atos normativos ou atos do poder público a) Federal; b) Estadual; c) Municipal. ➔ Não se enquadra como ato do poder público jurisprudência e súmula (ADPF 152). ➔ Cabe ADPF aos atos posteriores à CF e também aos atos anteriores (até a ADPF atos anteriores eram analisados via recepção tácita).Com ADPF passou a ser possível fazer recepção expressa. Por exemplo, ADPF 54 (discutiu o CP de 1941, anterior a CF). Autorizou mais um caso em que é possível interromper a gestação. ADPF 130 – O problema aqui era a lei 5250/67 – lei da imprensa durante a ditadura militar. O preceito violado é o direito de imprensa, direito à informação. A ADPF matou a lei em questão. Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) CONTROVÉRSIA JUDICIAL RELEVANTE Poderá ser exigida controvérsia judicial relevante. Na ADPF PREVENTIVA não exige-se, pois a lei ou ato não existe, apenas poderá ocorrer. Não há decisões judiciais sobre o assunto, logo não é possível o legitimado demonstrar controvérsia judicial relevante. Já na ADPF REPRESSIVA é necessário. Existem três regras diferentes: 1. Para ADI nunca se exige controvérsia judicial relevante. 2. Para ADECO sempre se exige. 3. Para ADPF às vezes se exige. SITUAÇÕES JURISPRUDENCIAIS EM CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE SEGUNDO O STF SITUAÇÃO 1 Sendo uma lei ou ato normativo recepcionado ou se posterior à CF ser constitucional poderá ele se tornar superveniente ou posteriormente inconstitucional pelo fato da CF sofrer alteração por emenda de tal modo que a lei ou ato normativo fique incompatível com a CF? EXEMPLO A: Lei X (1977) – lei afirmativa – tem direito a participação nos lucros) CF (88) – tem direito a participação nos lucros. FOI RECEPCIONADA A LEI X. Emenda (2021) – não tem direito a participação nos lucros. ➔ Então, a Lei X se tornou inconstitucional? Não, pois não existe inconstitucionalidade superveniente. O que contraria a lei é a emenda, que para todos os efeitos é considerada como lei. Se uma lei posterior contraria uma lei anterior, a anterior é revogada – assim, existe o fenômeno da revogação e não da inconstitucionalidade (tanto que não é cabível ADI) EXEMPLO B: CF (88) – o empregado tem direito a participação nos lucros , não há previsão anterior. Lei X (89) – tem direito a participação. Essa lei é constitucional. Emenda Constitucional Y (2021) – Altera o dispositivo da CF – não tem mais direito. ➔ Então, a Lei X passou a ser inconstitucional? Não, pois não existe inconstitucionalidade superveniente. O que contraria a lei é a emenda, que para todos os efeitos é considerada como lei. Se uma lei posterior contraria uma lei anterior, a anterior é revogada – assim, existe o fenômeno da revogação e não da inconstitucionalidade (tanto que não é cabível ADI) INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) Trata-se do caso retratado no exemplo A e B. Nenhum dos casos possui inconstitucionalidade superveniente. Porém, ambas não permanecem no ordenamento jurídico. O que contraria a lei é a emenda. Se uma lei posterior contraria uma lei anterior, a anterior é revogada (lei x). No caso há controle de legalidade e não de constitucionalidade. Uma lei anterior ou posterior, posteriormente vier uma emenda que mude o texto da constitucionalidade, não se fala em inconstitucionalidade. O controle é feito na emenda. CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE Exemplo A: Lei 77 – sim – o indivíduo tem o direito → CF diz não para essa regra → Emenda Const. Diz sim Tal lei não foi recepcionada, mas com a emenda a lei 77 se tornou compatível. Nesse caso essa lei teria uma constitucionalidade superveniente? Poderia usar a lei? NÃO Exemplo B CF diz não → Lei Y de 2005 diz sim → Emenda const. Diz sim Posso dizer que essa lei y é inconstitucional. Mas, surge uma emenda constitucional. Posso dizer que essa lei se tornou constitucional após a emenda? NÃO O STF entende que não é possível a constitucionalidade superveniente, pois no momento em que a lei (77/Y) contrariou a CF no dia em que nasceu, esse dispositivo MORREU. • Foi proposta uma ADI contra a lei Y, se antes do julgamento vier a emenda, ela deve ser julgada ou será extinta? JULGA. Pois, avaliará a constitucionalidade da lei no momento em que nasceu, não importa se a CF está sendo alterada. Nasceu inconstitucional → Morreu, mesmo que se altere posteriormente a CF por meio de emenda. SITUAÇÃO 2 Decisões manipulativas de caráter aditivo • Origem – direito italiano. • ADPF 54 – caso do aborto anencefálico; ADPF 132 – Permissão do casamento homossexual • Essa decisão do poder judiciário mexe no ordenamento jurídico, incluindo algo novo (que era de competência do legislativo). Trata-se do ativismo judicial. Em casos de omissão do legislador, incluir algo novo no ordenamento jurídico (caso do casamento homoafetivo e caso do aborto) Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) SITUAÇÃO 3 Inconstitucionalidade parcial conforme a constituição sem redução de texto Se eu tenho uma norma inconstitucional, ela viola a CF e logo, não pode existir no ordenamento jurídico. Contudo, em alguns casos mesmo na hipótese da declaração de norma inconstitucional, pode acontecer dessa norma poder continuar no ordenamento jurídico. Tenho a norma – declarada em parte inconstitucional – Norma continua na constituição sem redução do texto É feito uma interpretação da norma, para uma situação ela pode, mas para outra não será constitucional. ➔ Ex: art. 14, EC nº 20. Esse artigo criou o teto da previdência (não é possível ganhar mais). Mas, constataram que a norma fere o direito das mulheres, tem um benefício que não pode ser enquadrado nessa regra (é inconstitucional) → Licença à maternidade. Algumas mulheres não desejaram engravidar e resultará em problemas trabalhistas (mulheres não serão contratadas). Não é correto aplicar essa regra. Foi proposta uma ADI/1946, STF declarou inconstitucional parcialmente o art. 14 da emenda se for aplicado para o benefício da licença à maternidade. SITUAÇÃO 4 Inconstitucionalidade consequencial ou por arrastamento Quando se promove uma ADI , promove-se contra lei específicaou ato normativo. Será possível o STF declarar a inconstitucionalidade de outro dispositivo não previsto/não solicitado? Exemplo: Lei x/2005 -- Lei y/2001(Ambas falam da mesma coisa); Foi proposta ADI somente contra lei x, o STF por arrastamento poderia incluir a lei y? O STF diz que é possível, devido economia processual. No julgamento da ADI 3645/PR entendeu que pode ser aplicado o fenômeno da inconstitucionalidade consequencial ou por arrastamento, ou seja, poderá também ser declarada a inconstitucionalidade de outros dispositivos legais na mesma ação mesmo que não haja pedido expresso por parte do legitimado, isto por economia processual e também pelo fato da matéria ser de interesse público e logo poder o STF agir de ofício. ➔ CRITICADO PELA DOUTRINA. Não poderia fazer isso pois estaria julgando ultta petitun, ou seja, mais do que foi pedido. Controle Concentrado de Constitucionalidade Brendha Ariadne Cruz – 4° termo (Toledo Prudente) SITUAÇÃO 5 Normas constitucionais em trânsito para a inconstitucionalidade A norma é inconstitucional ou não foi recepcionada. Isto não é reconhecido por dois motivos: 1. Questão de segurança jurídica; 2. Questão de interesse social; Apesar do não reconhecimento, se outros casos vierem será reconhecido. Trata-se de um aviso, caso persistir o erro, não será dado a mesma decisão. Dois exemplos: a. Art. 68, CPP – Prevê a ação civil ex delicto. Em regra, um ilícito penal gera um ilícito civil. Se é pobre, será feito pelo MP. Mas, de acordo com a CF, a defensoria faria isso. Neste caso foi reconhecido como legítimo. SITUAÇÃO 6 Estado de coisa inconstitucional Advém do direito colombiano, através de um caso que discutia-se os direitos dos professores. No Brasil, o primeiro caso foi a ADPF 347, autor da ação – PSOL. Pode discutir: 1. Omissão do Estado ( o Estado não fez algo quando deveria ter feito) 2. Ação ou Comissão do Estado (O Estado fez algo que não deveria) Na ADPF 347 discutiu a omissão do Estado frente às penitenciárias do Brasil. O indivíduo que cumpre pena tem como objetivo ser ressocializado. Mas, no sistema brasileiro, isso não ocorre. O Estado não cria mecanismos para proporcionar ao preso a ressocialização. Viola-se direito à vida, dignidade, entre outros das pessoas de bem
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