Buscar

Direito Tributário I - Resumo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO TRIBUTÁRIO I – INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO DE TRIBUTO
CONCEITO E DEFINIÇÃO DO DIREITO TRIBUTÁRIO
	O direito tributário é um ramo do direito que trata dos tributos, por óbvio. No entanto, como os tributos são causados por determinado fato gerador, muitas vezes a definição dos termos do fato gerador são oriundos de outros ramos do direito. Por exemplo, para que haja IPTU, é necessário que seja proprietário, tenha domínio útil ou posse de bem imóvel, no perímetro urbano do Município, num dia determinado do exercício. Nesta hipótese, o conceito de propriedade, posse, bem imóvel, perímetro urbano e Município são trabalhados em outras áreas do direito, que não a tributária. 
	Qual a importância do Direito Tributário? Num país em que 35% do PIB corresponde aos tributos? É três vezes maior que a participação da indústria, que não chega a 10%.
	1.1. Direito positivo vs. Ciência do Direito. A diferença substancial reside no fato de que o direito posto é uma linguagem prescritiva (prescreve comportamentos), enquanto a Ciência do Direito é um discurso descritivo (descreve normas jurídicas). Das primeiras, dizemos que são válidas ou não válidas; quanto aos enunciados da Ciência, usamos os valores verdade e fasidade.
	1.2. Norma jurídica é o que obtemos a partir da leitura de textos de direito positivo. O texto escrito está para a norma jurídica tal qual o vocábulo está para a sua significação. Nas duas situações, encontraremos o suporte físico que se refere a algum objeto do mundo (significado) e do qual extraímos um conceito ou juízo (significação). Se pensarmos que a norma é um juízo hipotético-condicional – se acontecer o fato x, então deve ser a prestação y – formado por várias noções, é fácil concluir que nem sempre um só texto, nem mesmo a Lei, será suficiente para transmitir a integridade existencial de uma norma jurídica.
	1.3. Sistemas jurídicos: sistemas de direito posto e sistemas de Ciência do Direito. Se pudermos reunir todos os textos do direito positivo em vigor no Brasil desde a Constituição Federal até os mais singelos atos infralegais, teremos um conjunto integrado de elementos que se relacionam entre si, formando um sistema. As unidades desse sistema são as normas jurídicas, que se interligam mediante relações horizontais de coordenação, e relações verticais de hierarquia. O sistema da Ciência do Direito é isento de contradições, enquanto o direito posto abriga antinomias.
	1.4. Direito positivo e Ciência do Direito Tributário.
Ramo didaticamente autônomo do Direito;
Integrado pelo conjunto das proposições jurídico-normativas;
Que correspondem direta ou indiretamente à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.
	Direito tributário é meramente um problema de sobreposição. A maior parte das soluções de direito tributário são encontradas fora dele, como, por exemplo, o conceito de prestação de serviço que está no Código Civil.
ACEPÇÕES DO VOCÁBULO “TRIBUTO”
Tributo como quantia em dinheiro.
	A primeira ideia de tributo que temos envolve dinheiro, quantia, valor, prestação pecuniária. O tributo é o objeto daquela prestação que satisfaz aquele dever. É o sentido do art. 166 do CTN: “a restituição de tributos que comportem...”.
Tributo como prestação correspondente ao dever jurídico do sujeito passivo.
	É vista sobre a ótica do sujeito passivo, o contribuinte: aquele que tem de pagar a quantia em dinheiro; ou o responsável: aquele que assume a obrigação em seu lugar, quando o fisco não tem como alcançar o contribuinte, ou quando cobrar o contribuinte é muito difícil alcançar para a administração tributária. Ultimamente, a receita tem transferido as obrigações para os responsáveis tributários de acordo com a Lei. Exemplo: bancos são responsáveis tributários. A terceira acepção, portanto, é o dever jurídico do contribuinte.
	Tributo, aqui, é conduta humana. Essa conduta é conceituada por uma endonorma que estabelece o dever de alguém de dar ao Estado certa soma em dinheiro, devido a um comportamento da pessoa, física ou jurídica. É o proceder de conduzir o pagamento do lugar preestabelecido para solver o débito.
Tributo como direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo.
	A partir dessa acepção, PBC começa a construir uma outra, de forma mais abrangente: se tenho que pagar uma quantia em dinheiro, isso é porque faço parte de uma relação jurídica que me obriga a parar uma quantia em dinheiro. Toda relação jurídica tem um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto; e o objeto do direito tributário é o pagamento daquela quantia em dinheiro. Pensando sobre a ótica do sujeito ativo: o Estado – União, estados federados, município e distrito federal (competência tributária). O sujeito ativo, portanto, tem um direito subjetivo de receber essa quantia em dinheiro, objeto de prestação.
	Portanto, tributos são prestações pecuniárias que o Estado ou um ente por ele autorizado em virtude de sua soberania territorial exige dos sujeitos econômicos que lhe estão submetidos. Em outras palavras, é a receita derivada que o Estado arrecada mediante o emprego de sua soberania.
Tributo como sinônimo de relação jurídica tributária.
	A quarta acepção envolve tudo isso: é o tributo como relação jurídica. Cogita do vínculo como um todo, isto é, tributo como equivalente de obrigação tributária, relação jurídica tributária que se instaura em virtude do acontecimento daquele fato previsto no antecedente da norma. Desse modo, tributo pode se definir como uma relação obrigacional.
Tributo como norma jurídica tributária.
	A quinta acepção é o tributo como norma jurídica, que também abrange a relação jurídica. O tributo, portanto, é regra de direito e preceito normativo. O estudo do tributo como norma envolve o estudo da estrutura dessa norma jurídica. A norma sempre tem em sua estrutura uma hipótese e em consequente.
	Na hipótese de incidência tributária (para PBC, regra matriz de incidência tributária) – ou o fato gerador abstrato –, temos critérios que vão identificar o que chamamos de fato jurídico tributário. Uma vez ocorrido o fato jurídico tributário, a consequência é o nascimento da relação jurídica tributária. Os critérios que identificam essa relação jurídica são dois: o subjetivo, quem integra a relação; e o objetivo ou material, que expressa a quantia em dinheiro. O valor do tributo é calculado através de uma alíquota, definida na lei, sobre uma base de cálculo, também definida na Lei, sendo que essa base de cálculo é expressa através de uma conduta humana.
	Observar as tabelas seguintes:
	2.1. ANTECEDENTE
	
ANTECEDENTE OU HIPÓTESE
Define por inteiro a situação de fato sobre qualificar deonticamente os comportamentos inter-humanos. Nele estão previstas as diretrizes para a identificação de eventos portadores de expressão econômica. Haverá um comportamento humano condicionado no espaço-tempo. Anuncia os critérios para o reconhecimento de um fato, descrevendo o fato.
	
CRITÉRIO MATERIAL
	É identificado por um comportamento, ou seja, ou é um estado ("ser proprietário") ou é uma ação ("vender mercadorias"). O critério material será formado por um verbo, acompanhado de seu complemento.
	
	
CRITÉRIO ESPACIAL
	São as coordenadas de espaço descritas nas normas. Podem ser determinadas, específicas e genéricas.
Normas gerais e abstratas, genéricas.
Normas individuais e concretas, específicas.
Faz menção a determinado local apra a ocorrência do fato típico. Alude a áreas específicas, de tal sorte que o acontecimento apenas ocorrerá se dentro delas estiver geograficamente contido.
	
	
CRITÉRIO TEMPORAL
	É o componente da hipótese que marca o tempo em que se reportam os efeitos da relação jurídica instaurada em decorrência do fato jurídico.
Não deve ser confundido com o plano de eficácia temporal em que se dará o evento que se transformará em fato jurídico e plano de eficácia é o tempo em que se propagarão os efeitos da Lei.
	2.2. CONSEQUENTE
	
CONSEQUENTE
Estatui um vínculo obrigacional entre oEstado e o contribuinte. Estipula a regulação da conduta, prescrevendo os direitos e obrigações, quando ocorrer o fato descrito na norma. Prescreve a conduta, trazendo os critérios necessários à identificação do vínculo jurídico. Dá origem à relação jurídica tributária.
	
CRITÉRIO PESSOAL
Determina os sujeitos da relação jurídica tributária.
	SUJEITO ATIVO
Possui o direito subjetivo de exigir a prestação do sujeito passivo, uma vez ocorrido o fato descrito no antecedente da norma e ocorrida a imputação deôntica. Ex: Fazenda Pública, autarquias, União, Estados, DF e Municípios.
	
	
	SUJEITO PASSIVO
Possui o dever jurídico de pagar uma quantia em pecúnia ao sujeito ativo, em virtude da realização de um fato descrito no antecedente da norma. Ex: Contribuinte e responsável.
	
	
CRITÉRIO QUANTITATIVO
É no critério quantitativo que encontramos a chave para a determinação da dívida, que o sujeito passivo deve pagar e o sujeito ativo tem o direito subjetivo de exigir.
	BASE DE CÁLCULO
Uma das funções é medir a intensidade do núcleo factual descrito pelo legislador, recebendo a complementação da alíquota. Com a combinação de ambas, chega-se ao debitum tributário.
	FUNÇÕES
Medir as proporções de fato (função mensurativa);
Compor a específica determinação da dívida: com a providência imediata de apontar que fato deve unir-se a ela para que apareça o quantum da prestação que pode ser exigida pelo sujeito ativo;
Confirmar, infirmar ou afirmar o verdadeiro critério material da hipótese tributária (função comparativa);
	
	
	ALÍQUOTA
Congregada à base de cálculo, dá a compostura numérica da dívida, pelo que sua presença é obrigatória no contexto normativo.
	FUNÇÕES
Valor monetário fixo ou variável em função de escalas progressivas da base de cálculo;
Fração, percentual ou não, da base de cálculo (representada, neste caso, por quantia monetária);
	2.3. NORMA JURÍDICA TRIBUTÁRIA
	NORMA JURÍDICA
	EXEMPLO
	CRITÉRIOS FORMADORES
	EXEMPLO
	
NORMA JURÍDICA TRIBUTÁRIA
	
ANTECEDENTE
(HIPÓTESE TRIBUTÁRIA)
	
Pedro auferiu renda.
	CRITÉRIO MATERIAL
	VERBO + COMPLEMENTO
	Auferir renda.
	
	
	
	CRITÉRIO ESPACIAL
	RAIO DE INCIDÊNCIA
	Dentro do território nacional.
	
	
	
	CRITÉRIO TEMPORAL
	PERÍODO DE INCIDÊNCIA.
	Dentro do ano tributário.
	
	
CONSEQUENTE
(PRESCRIÇÃO NORMATIVA)
	Surge a obrigação de pagar o imposto referido na norma.
	CRITÉRIO
PESSOAL
	SUJEITO 
ATIVO
	Fazenda Pública.
	
	
	
	
	SUJEITO
PASSIVO
	Pedro.
	
	
	
	CRITÉRIO QUANTITATIVO
	BASE DE CÁLCULO
	Valor da renda auferida.
	
	
	
	
	ALÍQUOTA
	Definia em Lei.
	Em virtude do princípio da legalidade, a lei terá de definir todos esses cinco critérios. Se não houver essa definição, não há tributo válido. Fato jurídico tributário → relação jurídica tributária. Subsunção é a sexta acepção da palavra tributo, que envolve a norma, o fato, e a relação jurídica, indicando na verdade toda a fenomenologia da incidência tributária. Não basta uma regra matriz de incidência tributária: preciso de uma subsunção do fato à norma, que tem como consequência o nascimento da relação jurídica tributária. A constituição do crédito tributário se dá através da notificação do lançamento.
Tributo como norma, fato e relação jurídica.
	Essa acepção quer exprimir toda a fenomenologia da incidência, desde a norma instituidora, passando pelo evento concreto nela descrito, até o liame obrigacional que surde à luz da ocorrência daquele fato. É a definição adotada pelo art. 3º do CTN.
	[Crítica do Prof. Sacha Navarro Calmon Coelho]
	Tese de PBC dos anos 90, utiliza-se de filosofia da linguagem, em especial, da distinção entre evento e fato. A narrativa de um fato, de acordo com a filosofia da linguagem, constitui o fato social. Quando há o registro de um fato, há evento, pela constituição do fato. Quando constituo a linguagem jurídica tributária, constituo o fato jurídico tributário, e isso se dá através do lançamento. Se admitirmos que o fato jurídico tributário, que a obrigação tributária, só nasce com o lançamento, qual é a natureza jurídica do lançamento? Constitutiva ou declaratória?
	O CTN não faz distinção entre evento e fato. Desse modo, acredita o Prof. Nishioka, que não se pode aplicar fato e evento, pois essa distinção não é abarcada pela legislação. Se alguém precisa agir, se precisa haver uma ação, na hipótese falta a distinção entre evento e fato. 
A DEFINIÇÃO DO ART. 3º, CTN E A FENOMENOLOGIA DE INCIDÊNCIA
Assim, vemos que as acepções de tributo foram da mais isolada para as mais abrangentes, assim, a escolhida pelo art. 3º, CTN, tributo é: “é toda prestação pecuniária compulsória (comportamento obrigatório), em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito (diferenciar da pena de multa), instituída em lei (legalidade estrita - princípio) e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (por meio do lançamento)”. O tributo é a prestação de uma relação jurídica. É a 6ª definição, que aborda toda a fenomenologia da incidência tributária. 
Apesar do art. 4º, CTN, postular que “a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador (...)”, não podemos tomar isto como estritamente correto. Tem sua parcela de verdade, no entanto para que de fato haja incidência tributária, além de uma norma tributária, precisamos que o fato ocorra, para que tenhamos o fenômeno da subsunção, que produzirá o nascimento da obrigação tributária. Além do fato gerador, devemos verificar a base de cálculo da regra matriz de incidência, como indica a Constituição Federal. 
Assim, o lançamento é o ato jurídico que constitui o crédito tributário, para o CTN (Código Tributário Nacional) a obrigação surge da obrigação (eficácia declarativa), e o crédito, a partir do lançamento (eficácia constitutiva). Portanto, para saber se haverá incidência, devemos conhecer os critérios de uma norma tributária que esteja numa exclusivamente lei ordinária, não basta Lei Complementar, nem mesmo a Constituição (artigos 156 e 155, CF, que apenas citam quais são os tributos de competência de cada ente federado: União IR; Estado IPVA; Município IPTU).
É importante notar que esta estrutura seguida pela Constituição aborda termos de outros ramos do direito, constituindo o Direito Tributário um ramo muito amplo, pois depende de critérios alheios ao ramo estritamente tributário, demonstrando sua fragmentariedade. Por exemplo, na locação de carros, incide ISS? A resposta é depende. O que é locação? Segundo, o CC, serviço é uma obrigação de fazer. No entanto, há diversas acepções, na visão econômica, por exemplo, serviço é tudo o que não é compra e venda de mercadorias. 
A divergência é se precisamos do lançamento ou não para que haja fato jurídico tributário, ou basta a mera subsunção.
FATO GERADOR
É importante notar as espécies de fato gerador, que pode ser concreto e abstrato. A regra matriz de incidência tributária é o fato gerador abstrato (hipótese de incidência), embora que possa ser entendido que a subsunção também é o fato gerador, mas é um fato gerador concreto. O lançamento é o que individualiza e concretiza um fato gerador específico. Há quem diga, contudo, que a expressão fato gerador não deve ser utilizado, mas é controverso, pois o ordenamento jurídico toma esta expressão como correta. Assim, o fato gerador (no caráter normativo) se dá a partir da subsunção, de acordo com o CTN.
Para o Direito Tributário, temos que toda obrigação tem cunho pecuniária. Assim, aquilo que é definido como obrigação acessória, não seria propriamente uma obrigação, dado que não teria esta natureza pecuniária. Para facilitar o cumprimento da obrigação, a lei determina uma série de deveres que possibilitam esta fiscalização, como a declaração do Imposto de Renda, a DIRF, etc. 
Vemos que o objeto de estudo do Direito Tributário estuda as obrigações principais (prestação pecuniária compulsória instituída em lei) e as acessórias.A obrigação nasce do fato gerador que é incidida pela norma, dado que no direito tributário vige o princípio da legalidade estrita. 
A consequência de não se pagar o tributo no prazo é a multa e o juros. Assim, o mesmo documento é tanto um lançamento como um auto de infração, e por isso é que não se pode confundir a prestação pecuniária compulsória lícita (que é o tributo) e uma prestação pecuniária ilícita (pena de multa).
DIREITO TRIBUTÁRIO I – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
NATUREZA JURÍDICA TRIBUTÁRIA
	Assim como no Direito Civil devemos tomar o que foi efetivamente realizado pelas partes ao invés da nomenclatura utilizada, para que se possa aplicar o regime jurídico correto; no Direito Tributário, o mesmo ocorre.
Em razão disto, o art. 4º, CTN, traz estes alertas: “A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação”.
	Dessa forma, para a correta aplicação do regime jurídico, devemos, antes, nos ater às características fundantes da espécie do tributo, e é isto que veremos agora: quais são as espécies de tributo e como identifica-las na prática do cotidiano. 
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
	Originalmente, eram apenas três as espécies de tributo, conforme o prescrito no art. 5º, CTN e no art. 145, CF: imposto, taxa, contribuição de melhoria (art. 5º, CTN ou art. 145, CF). No entanto, temos também as contribuições (sociais, de intervenção no domínio econômico, e de interesse nas categorias profissionais ou econômicas), empréstimo compulsório, e o custeio de iluminação pública. 
Primeiramente, vamos nos dedicar aos três primeiros, dado que o CTN só trata destas três espécies, por ser anterior a Constituição de 1988, e os outros são de origem constitucional. Além disto, antes da CF/88, o CTN era considerado lei ordinária, mas a partir do processo de recepção, passou a ter força de lei complementar, pois as normas gerais em matéria tributária deveriam ter origem de lei complementar, segundo a CF/88.
É importante retomar aquilo que já foi dito: a regra matriz de incidência tributária é o fato gerador abstrato (hipótese de incidência – critério material), embora que possa ser entendido que a subsunção também é o fato gerador, mas é um fato gerador concreto. O lançamento é quem individualiza e concretiza um fato gerador específico. Quando a previsão normativa trata do fato gerador se refere a qual espécie de fato gerador (concreto ou abstrato)? Veja que para que haja Imposto de Renda, o fato gerador é auferir renda; de acordo com o art. 145, II, CF, vemos que o fato gerador da taxa é ter serviço ou polícia. 
IMPOSTO, TAXA E CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
	Para diferenciar e entender o que é imposto, taxa e contribuição de melhoria, devemos nos atentar ao fato gerador destas espécies e verificar se há vinculo com o Estado. É um critério intranormativo, pois o art. 4º, CTN, postula que devemos diferenciar os tributos por seu fato gerador. Este é um critério científico que mantém a harmonia com a diretriz constitucional de levar em conta a hipótese de incidência e a base de cálculo.
IMPOSTO 
O imposto tem por fato gerador situações previstas normativamente sem vinculação ao Estado. Veja que o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ocorre para todas as pessoas que tenham propriedade no território urbano. Portanto, o fato gerador é ter propriedade em espaço urbano. Da mesma forma, o Imposto de Renda (IR) tem por fato gerador auferir renda. Portanto, o imposto não tem qualquer vinculação com o poder público (art. 16, CTN). 
TAXA
Por outro lado, para que haja taxa, temos necessariamente a atuação do Estado, pois houve prestação de serviço público ou pelo exercício regular do poder de polícia (art. 77, CTN). A descrição de um fato revelador de uma atividade estatal, direta e especificadamente ao contribuinte. Portanto, só há taxa se houve participação do poder público, para a prestação de serviços públicos (para utilização efetiva e potencial – art. 79, CTN) que estiverem no âmbito das regras constitucionais e no caso do Estado exercer poder de polícia (para utilização efetiva, art. 78, CTN). 
O poder de polícia é definido no art. 78, CTN, sendo tudo o que diz respeito a fiscalização do Estado. De acordo com o art. 79, CTN, o serviço público a que se refere o art. 77, CTN, pode ser efetivamente realizados ou potencialmente (compulsória, independente de utilização, como a taxa de lixo), específicos (destacados em unidades autônomas) e divisíveis (utilização separada por cada um dos usuários). 
Vale notar que taxa não se confunde com tarifa, visto que esta depende de contrato, como no uso de ônibus público ou rodovias com pedágios. A tarifa (também conhecida como preço público) é uma receita originária e uma contraprestação por atividades do Estado. Por receita originária devemos entender que é a riqueza originada por uma determinada atividade do Estado (preço público) ou uma remuneração pelo emprego do patrimônio público (juros sobre empréstimos, preços cobrados pelo uso de bens públicos, etc.). Sobre isto, é interessante ler o texto da monitoria. 
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
A Constituição Federal permite que os entes federados além dos impostos que lhe foram outorgados (art. 145, II, CF), instituam contribuições de melhoria, arrecadadas dos proprietários de imóveis beneficiados por obras públicas (art. 81, CTN). O que se leva em conta é a obra pública que valorize imóveis vizinhos, portanto, o fato gerador é ter valorização imobiliária, de forma indiretamente ligada ao Estado. Note que a valorização é de difícil aferição, sendo um fator exógeno. A contribuição de melhoria segue alguns limites (art. 81, CTN), como o limite total a despesa realizada (custo) e o limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (quanto foi auferido de valorização). 
Há alguns requisitos (art. 82, CTN): publicação prévia; memorial descritivo; orçamento do custo da obra; determinação do custo da parcela à União; determinação da zona beneficiada e o fato de benefício; fixação de prazo para 30 dias para impugnação. Em razão disto, há poucas contribuições de melhoria, dada a sua dificuldade de instituição. Há um debate também sobre a existência da contribuição de melhoria, pois por que alguns tem que pagar a melhoria que pode ser geral? 
Em relação a isto que vemos, ao critério intranormativo e ao fato gerador de cada tributo estudado, podemos reunir toda esta informação numa tabela:
	 
	TAXA 
	IMPOSTO
	CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
	VINCULAÇÃO AO ESTADO
	DIRETA
	INDEPENDENTE
	INDIRETA
	FATO GERADOR
	PRESTAR SERVIÇO PÚBLICO
	DEPENDE DO IMPOSTO. IMPOSTO DE RENDA  AUFERIR RENDA
	TER VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA DECORRENTE DE OBRA PÚBLICA
CONTRIBUIÇÕES, EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO E CUSTEIO DE ENERGIA ELÉTRICA
Como já foi dito, são seis as espécies de tributo. No entanto o critério intranormativo que verifica o fato gerador e a vinculação ao Estado não é suficiente para distinguir as outras formas tributárias: contribuições, custeio de iluminação pública e empréstimo compulsório. 
Antes de definir cada um dessas espécies de tributo, vamos a um exemplo para demonstrar a insuficiência deste critério. Na contribuição social de lucro, temos uma coincidência do fato gerador do IR: auferir lucro/renda sem que haja vínculo como Estado. Então, poderíamos incorrer no erro de dizer que ambos são impostos e que estariam sob o mesmo regime jurídico tributário, quando na verdade não estão, pois a contribuição social sobre o lucro tem destinação exclusiva para a área social, e o imposto não tem o estabelecimento desta destinação previamente (art. 167, IV, CF). 
Este é um ponto polêmico, dado que o PBC entende que temos apenas três espécies tributárias (taxa, imposto e contribuição de melhoria). Assim, a contribuição social sobre o lucro seria uma subespécie de imposto. Mas comoé possível ter uma subespécie com um regime jurídico totalmente diferente do seu gênero? Então, esta tese será descartada, visto que haveria uma incongruência que poderia vir a comprometer a higidez do ordenamento jurídico. Assim, é diante desta problemática que enfrentaremos a definição de cada uma destas outras espécies de tributo e procuraremos outro critério distintivo.
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Vamos a questão do empréstimo compulsório (art. 148, CF). Este tributo é de competência exclusiva da União, visto que somente pode ser coletado quando houver necessidade de atendimento de despesas por calamidade pública/guerra ou por investimento público urgente de caráter nacional através de promulgação de lei complementar.
Ao analisar a natureza jurídica deste tributo, vemos, primeiramente, que satisfaz toda a exigência para que seja um tributo, de acordo com o art. 3º, CTN. Reafirma-se também a preocupação do legislador no art. 4º, CTN, de dar mais valor ao que de fato ocorre ao invés da nomenclatura, pois não se trata de um empréstimo, mas de um tributo.
No entanto, pelo critério intranormativo, poderíamos considerar o empréstimo compulsório uma taxa, por estar diretamente vinculado ao Estado, sendo que na verdade não o é. A distinção se dá pela finalidade, que a taxa envolve a prestação de um serviço, e o empréstimo tem fim específico, e a restituição que há no empréstimo. 
No caso do Collor, em que se retiveram os valores da poupança, podemos enxergar uma situação de empréstimo compulsório, que foi instituído por uma lei ordinária, o que deflagraria sua inconstitucionalidade, pois deveria haver lei complementar que regulasse a situação de guerra ou de interesse público nacional.
CONTRIBUIÇÕES
As contribuições são previstas no art. 149, CF, e se dividem em social, de intervenção no domínio econômico (CIDE) e de interesse das categorias profissionais (CICP). Para que haja contribuição, deve ser instituída por lei ordinária. 
As contribuições sociais se dividem em gerais, como a contribuição ao sistema S (SESI, SESC, SEST, SENAT), e previdenciárias, que tem regime próprio, que se encontram no art. 195, CF, como o PIS/COFINS, CSL, etc. 
O grande debate sobre as CIDE’s é sobre sua inconstitucionalidade, dado que muitas vezes o valor arrecadado não é utilizado para o custeio descrito, e é guardado em conta bancária separada. É possível declarar sua inconstitucionalidade por fato superveniente? Ou temos um problema de responsabilização do administrador? Entende-se que a lei é constitucional, pois a destinação dos valores não pode tornar inconstitucional.
Por exemplo, o custeio de rotas aéreas deficitárias é um exemplo de contribuição de intervenção no domínio econômico, mas foi colocado por uma portaria. Assim, violou-se o princípio da legalidade, e declarou-se sua inconstitucionalidade.
Além disto, a contribuição poderia ser vista como uma taxa, pois o custo de rotas aéreas deficitárias só pode ser realizado pelo Estado, havendo o vínculo direto. Isto, associada a inconstitucionalidade citada, mostra que a qualificação dada pelo legislador é insuficiente para determinar a natureza jurídica do tributo. 
CUSTEIO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (COSIP)
A iluminação pública era paga com uma taxa, pois trata-se de um vínculo direto com o poder público. No entanto, segundo o art. 145, II, CF, a taxa deve ser para serviço divisível e específica, mas a iluminação pública é indivisível. Assim, foi decretada a inconstitucionalidade da taxa da iluminação pública. Então, para solucionar este problema houve uma mudança constitucional, para criar a COSIP. 
Por outro lado, poderia se pensar que a COSIP é um tributo de efeitos recuperatórios de receita municipal, e, sendo assim, a figura tributária prevista para tal finalidade é a contribuição de melhoria. Todavia, para instituição de contribuição de melhoria é imprescindível que a mesma incida sobre valorização de imóveis por "obra pública", o que não é o caso em comento. De regra, este tributo deveria ter natureza jurídica de imposto. No entanto, o imposto não deve ter destinação específica, isto é, a receita não pode ser vinculada. 
Diante deste quadro, entendeu-se que a COSIP constitui um novo tipo de contribuição que refoge aos padrões estabelecidos nos artigos 149 e 195 da CF, ou seja, é uma exação subordinada a disciplina própria (art. 149-A, CF). Por isso, diz-se que é um tributo sui generis.
Assim, temos ao lado do critério intranormativo (encontra-se no critério material da norma jurídica tributária como norma matriz), os critérios extranormativos: destinação para um determinado fim e a necessidade de restituição. Dessa forma, para distinguir todas as espécies de tributo, devemos ter em mente estes três critérios, para não incorrer em erros comuns e enquadrar regime jurídico diverso daquele correto. 
DIREITO TRIBUTÁRIO I – FONTES DO DIREITO E NORMAS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
FONTES DO DIREITO
	De acordo com Paulo de Barros Carvalho, fontes do direito são os focos ejetores de regras jurídicas, isto é, todo aquele órgão habilitado pelo sistema (competente) para produzir normas.
	Assim, dividem-se as fontes em formais e materiais. As primeiras são fórmulas que a ordem jurídica estipula para introduzir regras no sistema, enquanto as últimas tomam fatos da realidade e integram o direito produzindo novas proposições prescritivas. 
FONTE FORMAL
	A fonte formal é instrumento introdutor de norma. As fontes formais podem ser primárias (leis propriamente ditas) ou secundárias (decretos, instruções normativas, portarias e ato declaratório normativo). 
FONTES PRIMÁRIAS
	Dentre as primárias, há uma hierarquia: 
Constituição: instrumento primeiro e soberano que institui estrutura, isto é, prescreve como outras normas devem ser produzidas
Emenda Constitucional: limitada pelo art. 60, §§1º e 4º, CF. Diversas emendas já foram editadas em matéria tributária e muitas questionadas sob o aspecto da constitucionalidade, em obras de doutrina ou em juízo. O exemplo mais interessante é o da EC 3/93, que, por seu artigo 2o, permitiu a instituição do hoje extinto IPMF (imposto sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira). O dispositivo foi submetido ao Supremo Tribunal Federal na ADIN 939/DF e declarado inconstitucional por violar os princípios federativo e da anterioridade, além de imunidades previstas no artigo 150, VI. 
Lei Complementar: art. 196, CTN: legislação nacional que versa sobre conflito de competência – como a incidência de ICMS ou ISS – limitação ao poder de tributar e normas gerais – como o CTN – excepcionalmente a lei complementar pode instituir tributos (empréstimo compulsório, impostos e contribuições para a seguridade social, IGF, ). PBC realiza uma discussão quanto a função da lei complementar, apresentando duas correntes: dicotômica (lei complementar tem uma só função: estabelecer normas gerais, que estas teriam dupla função dirimir conflitos de competência e regular limitações ao poder de tributar) e tricotômica (lei complementar tem as três funções apresentadas). A corrente dicotômica violaria a Constituição, pois se a CF/88 é clara ao apontar as funções da lei complementar em seus incisos, não há motivo para se pensar diferente. 
Lei Ordinária: art. 97, CTN: instituição de obrigações tributárias de acordo com a competência de cada ente federado. Também a ela cabe majorá-los ou reduzi-los, excetuados, além dos tributos dependentes de lei complementar, os que não se submetem, inteiramente, ao princípio da estrita legalidade e que por isto podem ter suas alíquotas elevadas ou reduzidas por ato do Poder Executivo. É função da lei ordinária, ainda, a cominação de penalidades às infrações à legislação tributária, bem como a disciplina das hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários previstas na lei complementar de normas gerais. 
Medida Provisória: art. 62, CF: instituição de tributos, desde que convertida em lei em até 120 dias e observada o princípioda anterioridade e não necessidade de lei complementar. É uma função de mera iniciativa do Chefe do Executivo, no sentido de desencadear o processo de elaboração da lei em que será convertido o projeto aprovado.
Lei Delegada: A lei delegada está disciplinada pelo art. 68 da CF e é instrumento hábil à edição de normas tributárias, sempre que a matéria for, segundo a CF, disciplinável por lei ordinária – é exceção ao sistema. 
Tratados Internacionais: art. 98, CTN: utilizado para estabelecer trocas de informação ou evitar a dupla tributação e introduzido por meio de Decreto Legislativo 
Resoluções: ainda que não sejam lei, são revestidas deste status jurídico, e importa, na seara tributária, as resoluções do Senado Federal, pois servem para tratar sobre os tributos estaduais, vezes que o Senado representa os estados. Por exemplo, pode haver a estipulação das alíquotas dos impostos estaduais. Há ainda os convênios do ICMS que declara a necessidade de lei complementar para estipular a isenção de ICMS. Para que tal estipulação seja criada, é necessário convênio realizado por unanimidade dos 27 estados membros. Mas essa unanimidade não é obtida pelos estados. Assim, os estados concedem a isenções, ignorando essa reunião. O STF, em virtude da inobservância da convenção, acaba por declarar a inconstitucionalidade dessas isenções fiscais.
Decreto Legislativo: O decreto legislativo é o instrumento de exercício de competências privativas do Congresso Nacional e serve a dois distintos propósitos em matéria tributária: a) rege as relações decorrentes de medida provisória rejeitada ou que tenha perdido a eficácia e b) integra o processo de internalização das normas constantes de tratados internacionais.
FONTE SECUNDÁRIA
A Fonte secundária é aquela que não pode criar lei nova, isto é, subordinam-se à lei, como decretos (possibilitam a fiel execução das leis), instruções normativas (art. 85, II, CF: promovem a execução de leis), portarias (consubstanciam regras que o superior edita para serem observadas por seus subalternos), circulares (ordenação uniforme do serviço administrativo) e ato declaratório normativo (art. 99, CTN: pareceres normativos – manifestações de entendimento de agentes especializados sobre a matéria tributária). 
O Princípio da Legalidade Tributária impede que o Executivo, por Decreto ou outros atos normativos, como Portarias, Instruções, etc., estabeleça os aspectos da norma tributária impositiva ou regule os temas mencionados no artigo 97 do CTN, salvo as exceções constitucionais já tratadas. 
Nos termos do art. 84, IV, da CF, compete privativamente ao Presidente da República sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. Os decretos em matéria tributária, assim, somente podem minudenciar as leis com vistas a sua correta execução, diante da vedação constitucional à delegação legislativa e da impossibilidade de edição de regulamento autônomo.
FONTE MATERIAL
	A fonte material é a ocorrência do fato jurídico gerador, pois deste há o surgimento da obrigação tributária. É o próprio exame dos fatos jurídicos. 
NORMAS GERAIS DE TRIBUTAÇÃO
	O art. 146, III, CF prevê a existência de normas gerais da tributação, que tem por ícone maior o próprio CTN. É um diploma falho em concepções técnicas e semânticas, como se vê já pelo art. 96, CTN, ao colocar no mesmo quadro diversas fontes do direito que não ocupam o mesmo nível como vimos. Por isso, para uma correta interpretação do direito tributário, é fundamental que se faça uma leitura do sistema.
Nos termos da CF/88, as normas que disciplinem matéria tributária devem ter natureza jurídica de lei complementar. No entanto, o CTN é de 1966, escrito sob outra Constituição, que elegia apenas a lei ordinária para disciplinar estes temas. Como adequar isto? Vale o preceito de que tempus regit actum e a recepção da CF/88, atribuindo ao CTN a natureza formal de lei ordinária, mas material de lei complementar.
DIREITO TRIBUTÁRIO I – VIGÊNCIA, APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIO
	Segundo a LINDB, A lei entra em vigência na data estipulada por ela mesma. Quando não houver essa estipulação, aplica-se a regra geral: 45 dias para leis nacionais e 3 meses para leis estaduais. Se houver revisão de seu texto, inicia-se nova contagem (art. 1º, LINDB e art. 101, CTN). 
No entanto, a partir do princípio da anterioridade, toda vez que houver instituição ou majoração de tributos, devem-se respeitar os prazos mínimos. Portanto, devem-se conciliar os arts. 150, III, e 195, §6º, CF, combinadas com o art. 3º, LINDB, de acordo com os arts. 101 e 102, CTN, dada as exceções estipuladas constitucionalmente. 
Quanto ao aspecto espacial, pelo fato de ser o Brasil uma Federação, a vigência da legislação tributária produzida pelo ente político vigora no seu território e, fora dele, tão somente nos estritos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem. 
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
	Não devemos confundir vigência e aplicação das normas jurídicas. Norma vigente pode não ser aplicada, ao mesmo tempo em que nos deparamos com a aplicação de regras que já perderam seu vigor para o futuro, como o ato jurídico do lançamento, em que, por vezes, o agente compete declara a ocorrência deum evento pretérito, aplicando-lhe a legislação que o regulava, muito embora a lei invocada tenha sido revogada, perdendo a vigência futura. 
A aplicação é justamente o aspecto dinâmico, isto é, a incidência da norma ao fato. A aplicação das normas jurídicas se consubstancia no trabalho de relatar, mediante o emprego de linguagem competente, os eventos do mundo real-social, bem como as relações jurídicas. A aplicação se dá imediatamente a todos os fatos geradores (arts. 105 e 106, CTN).Neste sentido, dividem-se as normas em imperativas e interpretativas.
As normas imperativas tributárias aplicam-se àquelas ocorridas na data do efeito gerador, por força do Princípio da Irretroatividade (art. 5º, XXXVI, CF), pois a legislação tributária aplica-se somente aos fatos geradores futuros, ou seja, não atinge os pretéritos. O CTN estabelece também que a aplicação deve se dar quanto aos fatos geradores pendentes, isto é, aqueles que já teriam sido iniciados, mas ainda não estariam completos (art. 105, CTN).
	Há uma exceção ao Imposto de Renda, que será regido pela norma vigente na data do fato gerador, o que é um problema, pois é uma irretroatividade parcial. No entanto, também se admite a retroatividade benigna ou favorável. Se a nova lei reduzir ou eliminar penalidade, será aplicada aos fatos pretéritos “não definitivamente julgados” (art. 106, II, CTN).
	Há também as leis interpretativas, que operam uma interpretação autêntica de determinado comando normativo preexistente (art. 106, I, CTN). Por isso, as leis retroagiriam. Sua aplicação retroativa, contudo, não pode resultar em penalidade pelo descumprimento dos dispositivos interpretados. As leis interpretativas exibem um traço bem peculiar, na medida em que não visam à criação de novas regras de conduta para a sociedade, circunscrevendo seus objetivos ao esclarecimento de dúvidas levantadas pelos termos da linguagem da lei interpretada. 
INTERPRETAÇÃO DO DIREITO TRIBUTÁRIO
	A interpretação é tema muito importante, dado que em regime de legalidade estrita, deve-se estar preso ao que diz a norma, evitando-se incorrer em fragilização da segurança jurídica.
	Neste sentido, devemos aludir que os mesmos métodos gerais aplicado pelo hermeneuta nos demais ramos do direito, também se repetem no direito tributário, já que o direito é uno: gramatical, sistemática, histórica, teleológica e literal. 	
O art. 111, CTN determina a interpretação literal da legislação que verse sobre suspensão ou exclusão do crédito tributário, outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações acessórias – isto é, exceções a regra. O problema é que a imposição de se interpretarliteralmente o texto legal impediria alcançar o seu sentido completo. 
No entanto, o direito tributário, à semelhança do direito penal, também consagra o princípio do in dubio pro reo. Relativamente às infrações e suas penalidades, deve-se interpretar a legislação de forma mais favorável ao acusado quando houver dúvida relativamente à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; ou à natureza da penalidade aplicável, ou a sua graduação (art. 112, CTN).
O art. 108, CTN estipula meios dirigidos a autoridade competente para aplicar a legislação tributária na ausência de disposição expressa: a analogia, os princípios gerais de direito tributário e de direito público, e a equidade. É a integração como pertinente ao processo interpretativo, sendo este construtivo, não meramente declaratório. Usar analogia é aplicar a um fato a legislação que trata de hipótese similar. Por exemplo, aplicar, ao transporte metroviário, regras estabelecidas para o transporte ferroviário. Evidentemente por força do Princípio da Estrita Legalidade e, por isso, nem precisaria estar registrado no CTN, do emprego da analogia não pode emergir a exigência de tributo.
No direito tributário, aplicam-se todas as regras do direito privado, sobretudo, para buscar definição. Desta forma, embora lei dizer que ISS incide sobre locação de bem móvel, esta regra não é absoluta, pois numa locação de carro, não se trata de obrigação de fazer (que é a ideia de serviço), mas de dar. No entanto, este não é um argumento absoluto, pois há o conceito econômico de serviço, isto é, tudo o que não se caracteriza compra e venda de bens, e seria devido o ISS (art. 109, CTN). 
No entanto, contrariamente a isto, nos termos do art. 110, CTN, temos que não se pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado para definir ou limitar competências tributárias. Não obstante, o importante é que as fórmulas do direito privado usadas pelo Constituinte para desenhar a competência tributária das Pessoas Políticas não podem ser alteradas pela lei tributária. Do contrário, a letra constitucional seria morta. O legislador poderia ampliar como bem lhe aprouvesse o seu próprio campo de atuação ao alterar definições, conteúdos e alcance de elementos empregados na Constituição.
DIREITO TRIBUTÁRIO I – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
	Vamos discutir a competência tributária, tema que é de muita importância no direito tributário, dada sua estrita legalidade, ainda que seja eminentemente constitucional. 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA X CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA
	Por competência tributária, devemos entender o poder de legislar sobre tributos. É aptidão de que são dotadas as pessoas políticas para expedir regras jurídicas, inovando o ordenamento jurídico positivo. A competência tributária se dá sempre no âmbito constitucional, de caráter indelegável, que é um não é possível delegar aos entes federados competência tributária definida pela CF/88). 
Por outro lado, a sujeição ativa da regra matriz de incidência, extraída da lei, é justamente a capacidade tributária ativa, que se encontra na legislação infraconstitucional, é a própria concretização da competência tributária, é o exercício da coleta de tributos a partir da reunião de credenciais para integração de relação jurídica. Assim, a capacidade tributária ativa é delegável, provocando o fenômeno da parafiscalidade, quando a competência tributária é diferente do sujeito ativo (art. 7º, CTN).
Vemos que pode ser que haja previsão constitucional sobre determinado tributo, sem que se tenha atribuída a capacidade tributária ativa, como o imposto sobre grande fortunas. 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
	Do que foi exposto, podemos verificar que é pacífico os pontos de que a competência tributária é marcada pela: indelegabilidade, irrenunciabilidade, incaducabilidade. As duas primeiras são resultado da repartição incisiva de competências legislativas entre os entes federados. A Constituição, apesar da força constante do poder constituinte, existe para durar no tempo, portanto, a divisão das competências e instituição de tributos deve ser feita de forma incaducável. 
No entanto, na doutrina, há uma discussão sobre outras três características (privatividade, facultatividade, in[alterabilidade]), defendida por Roque Antônio Carraza. Paulo Barros de Carvalho discorda dessa tomada de regras, pois há diversas exceções. No entanto, para Roque Antônio, o fato de haver exceção confirma que existe regra. Na verdade, tudo depende do sistema de referência, isto é, da premissa, pois, de fato, todos admitem a existência de exceção. 
Veremos que não existe uma privatividade absoluta, pois há a exceção nos casos de guerra (art. 154, II, CF), por imposto extraordinário, mas se formos falar de competência privativa, somente o há, na União. A facultatividade existe, mas também não de forma absoluta, pois há a questão do ICMS, dado que todos Estados devem instituí-lo, mas pode-se falar em facultatividade quando da questão do Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF), pois há previsão constitucional, mas não há regulação por lei ordinária. Em relação a in[alterabilidade], vemos que é um assunto discutível, dada as possibilidades de alteração da Constituição. 
	Da Constituição, depreendemos as competências para cada tributo, que se encontram nos arts. 145, 148, 149, 149-A. No art. 145, CF, compete a União, ao Estado, ao Munícipio e Distrito Federal instituir Imposto, Taxa e Contribuição de Melhoria. No art. 148, CF, compete a União instituir Empréstimo Compulsório. No art. 149, compete a União instituir Contribuições, previstas no art. 195, CF. No art. 149-A, CF, compete ao Município instituir a COSIP.
	No art. 153, CF, temos também os impostos que seriam exclusivos da União, como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), IR (Imposto de Renda), IE (Imposto sobre Exportação), II (Imposto sobre Importação), IPTR (Imposto sobre o Propriedade Territorial Rural), IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas).
No art. 154, CF, temos os impostos da competência residual, isto é, instituir novos impostos , desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição, isto é, utilizar mesma hipótese ou base de cálculo. Por exemplo, aqueles que são de competência do Estado, como ICMS, previsto no art. 155, CF e nos artigos que seguem. 
No art. 155, CF, temos os impostos que competem ao Estado e ao Distrito Federal, como ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços, de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior), IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor), ITCM (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis) + D (para doação).
No art. 156, CF, temos os impostos que competem aos Municípios, como o ISS (Imposto sobre Serviços, desde que não compreendidos no artigo 155, II, CF, definidos em lei complementar), IPTU (Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana) e ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis).
Vamos retornar a questão da competência residual, podemos verificar que para criação de novos impostos fugindo aos requisitos de ser não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. Assim, é possível fugir a essa regra a partir da instituição de imposto por emenda constitucional, como foi feito em relação a IPMF. Por outro lado, os advogados poderiam arguir no sentido de que dizer que o art. 151, CF, é cláusula pétrea, declarando a inconstitucionalidade de outro imposto criado por emenda constitucional.
No art. 154, II, CF, vemos que há a previsão de instituição de impostos extraordinários, na iminência ou no caso de guerra externa, podendo entrar na competência de Estados e Municípios, como sobre a prestação de serviços,mesmo que já houver imposto semelhante (compreendidos ou não em sua competência tributária). 
O ICMS é o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de competência estatual de caráter não-cumulativo, que para efeito da distribuição da tributação tem alíquotas interestaduais e interna (o Estado de origem fica com a taxa atribuída em lei, e o Estado de chega fica com a diferença). Em razão disso, a instituição de ICMS é obrigatória a todos os Estados, ainda que caiba a eles definir a alíquota. Por exemplo, um supermercado compra e venda mercadorias com ICMS, mas por ter caráter não-cumulativo, há uma relação de crédito e débito para que não haja dupla tributação, podendo haver crédito ou débito ao final do mês. Ao final da cadeia, haveria apenas um ICMS cobrado do consumidor final. 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA NO CTN
	Como já foi dito, este tema é eminentemente constitucional, e carece de sentido abertura deste assunto em legislação infraconstitucional. Contudo, o CTN trata deste assunto nos arts. 6º ao 15, demonstrando uma repetição inócua da Constituição Federal, mas há ganhos em alguns pontos.
	No art. 6º, CTN, vemos que há certa impropriedade, pois as competências resultam justamente do feide de limitações que a Constituição estatui. Não existe uma atribuição jurídica de competência legislativa plena que. Além disso, as legislações próprias dos entes federados não tem o poder de limitar a imaginária competência legislativa plena. No parágrafo único, temos a revelação do óbvio. Se a receita de certo tributo será distribuída a outras pessoas de direito público, isto não significa que o tributo deixaria de pertencer à competência de quem a recebeu originariamente. 
	No art. 7º, CTN, temos alguns ganhos, visto que o legislador interpretou a sistemática relativa à indelegabildiade da função legislativa, aplicando-a ao território das competências tributárias. Nesta linha, os §§1º, 2º e 3º explicitam a disciplina das atribuições de arrecadar e fiscalizar tributos. O art. 8º, CTN, é redundante. Já no art. 9º, CTN, pelo advento da CF/88, temos preceitos prejudicados, mas que dizem respeito a mandamentos constitucionais. Por fim, nos arts. 12 a 15, com providências ordinatórias, dá sentido de operatividade a mandamentos constitucionais carentes de desdobramentos no plano de legislação complementar
FISCALIDADE E EXTRAFISCALIDADE
As ideias de fiscalidade e extrafiscalidade são signos importantes e recorrentes na seara do direito tributário. Por fiscalidade, entendemos a organização jurídica do tributo que denuncia os objetivos presididos estejam voltados ao fim exclusivo de abastecer os cofres públicos, sem que outros interesses. No entanto, para manejar esses elementos jurídicos e atingir objetivos alheios ao meramente arrecadatório, temos a extrafiscalidade. Por exemplo, o ITR, ao incidir mais onerosamente em imóveis inexplorados ou improdutivos, temos o atendimento de finalidades de ordem social e econômica. 
	 
DIREITO TRIBUTÁRIO I – PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
	Tratar de princípios tributários é mais do que trazer normas de texto aberto e de eficácia imediata, é trazer regras precisas, e que tem por escopo assegurar a segurança jurídica. Neste sentido, como veremos, por trás dos princípios constitucionais tributários, há um todo anterior, que são os princípios constitucionais gerais. 
SEGURANÇA JURÍDICA
	A segurança jurídica é um princípio que garantiria a certeza e a justiça, é uma decorrência dos fatores sistêmicos que efetivam a justiça e a certeza jurídica. Por outro lado, outros autores, como Paulo de Barros Carvalho, pensam que segurança jurídica, certeza (raiz do dever-ser: previsibilidade), justiça (diretriz suprema) e federalismo seriam sobreprincípios que seriam a base de toda a estrutura normativa tributária, originando os demais princípios. Estudaremos as diferenças entre os princípios decorrentes de cada um destes.
	
PRINCÍPIOS DECORRENTES DA CERTEZA
Da certeza, irradiariam os princípios da legalidade, anterioridade e irretroatividade.
LEGALIDADE – arts. 5º, II, e 150, I, CF e art. 97, CTN
	A legalidade se apresenta no art. 5º, II, CF e também no art. 150, I, CF. No entanto, haveria diferenças entre estas legalidades? “Em virtude de lei” e o “sem lei que o estabeleça” teriam o mesmo sentido? No art. 5º, II, CF, temos uma legalidade genérica. Na legalidade tributária (art. 150, I, CF) temos a legalidade estrita, “se não há lei, não há tributo” muito semelhante com o direito penal. Como decorrência disto, teríamos uma tipicidade tributária, em que há hipótese e consequência, de acordo com a regra matriz de incidência. 
Corrobora com o art. 150, I, CF, o art. 97, CTN, segundo o qual somente a lei pode instituir ou extinguir tributos, majorar ou diminuir tributos, fixação da alíquota e da base de cálculo, hipóteses de exclusão, consequências das infrações tributárias. 
Haveria exceções a esta regra, há uma mitigação da legalidade quanto a fixação de alíquota, quando o tributo é utilizado como norma indutora de comportamento, como em situações de urgência, como em crises econômicas, a tática de redução ou aumento da alíquota por decreto ou portaria do IPI, II, IE e IOF, desde que o mínimo e máximo esteja previsto em lei – não sendo, portanto, uma exceção estrita (art. 153, §1º, CF).
No entanto, é fundamental entender a estrita legalidade como uma norma produtora de duas consequências: a primeira, imediata, que é a necessidade legal para haver ou aumentar tributo; e a segunda, que é a necessidade de elementos descritores do fato jurídico e os dados descritores da relação obrigacional, isto é, a tipicidade tributária. 
Quanto a espécie normativa para cada tributo, vale a regra de que a lei complementar é exigida nos casos de competência residual e empréstimo compulsório, em caso de guerra (competência extraordinária), sendo que basta lei ordinária para qualquer outro tributo. 
ANTERIORIDADE - art. 150, II, b, CF	
	A anterioridade é uma ideia de que não se pode instituir ou aumentar tributo sem que haja um período que o anteceda, para preparação daqueles que serão tributados. Há quem tivesse tentado afastar o princípio da anterioridade, que culminou na ADIN 939. 
Inicialmente, prevista no art. 150, II, b, CF, dizia-se que não se podia instituir ou aumentar tributo, a não ser a partir do primeiro dia do exercício financeiro do ano seguinte (01/01). No entanto, virou regra a prática de se instituir tributo nos últimos dias de dezembro, para que se possa cobrar no exercício seguinte, atendendo ao comando normativo do art. 150, II, b, CF.
Contudo, a ideia não seria dar a previsibilidade para o contribuinte, com o intuito de prover uma preparação para ele? Não haveria uma violação desta ideia a partir da prática que se tornou regra? Daí, veio a necessidade de se instituir a alínea c no art. 150, II, CF, prevendo que um tributo não poderá ser cobrado antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observada a regra de cobrança no exercício financeiro seguinte.
A regra, portanto, ficaria assim: “um tributo recém-instituído ou aumentado é exigível apenas no exercício financeiro seguinte e depois de passados noventa dias da sua instituição ou aumento”. 
Há três exceções a esta regra, que constam no art. 150, §1º, CF. Em regra, os tributos para cuja instituição se precisa de urgência ou tributos regulatórios (IOF, II, IE, IPI), não se espera o exercício fiscal seguinte nem os 90 dias (alínea b e c); no entanto cabe observar que o IPI é exceção ao exercício fiscal, mas observa os 90 dias. IR, IPVA e IPTU é exceção apenas aos 90 dias (alínea c). As contribuições previdenciárias também só observam os 90 dias (art. 195, §6º, CF). 
Sobre isto, segue a seguinte tabela com todas as possibilidades:
	TRIBUTO
	ANTERIORIDADE AO EXERCÍCIO SOCIAL
	ANTERIORIDADE DE 90 DIAS
	IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO
	NÃO SE APLICA
	NÃO SE APLICA
	IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A TÍTULOSOU VALORES MOBILIÁRIOS
	NÃO SE APLICA
	NÃO SE APLICA
	IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO EM CASO DE GUERRA OU SUA IMINÊNCIA
	NÃO SE APLICA
	NÃO SE APLICA
	EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
	NÃO SE APLICA
	NÃO SE APLICA
	IMPOSTO DE RENDA
	APLICA-SE
	NÃO SE APLICA
	IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES
	APLICA-SE
	NÃO SE APLICA EM RELAÇÃO À FIXAÇÃO DE SUA BASE DE CÁLCULO
	IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA
	APLICA-SE
	NÃO SE APLICA EM RELAÇÃO À FIXAÇÃO DE SUA BASE DE CÁLCULO
	IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO, INCIDENTE SOBRE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES
	NÃO SE APLICA
	APLICA-SE
	IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
	NÃO SE APLICA
	APLICA-SE
	CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DESTINADAS À SEGUIRDADE SOCIAL
	NÃO SE APLICA
	APLICA-SE
	CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO
	NÃO SE APLICA
	APLICA-SE
	TODOS OS DEMAIS TRIBUTOS EXISTENTES
	APLICA-SE
	APLICA-SE
IRRETROATIVIDADE – arts. 5º, XXXVI, e 150, III, a, CF
	Da mesma forma que a legalidade, a irretroatividade tributária (art. 150, III, a, CF) reside no princípio mais amplo, que é a irretroatividade geral (art. 5º, XXXVI, CF). A lei não pode retroagir (= ser válido para o passado), salvo para beneficiar o réu/contribuinte. É uma aplicação de um princípio penal no direito tributário, de acordo com o art. 106, CTN, é a retroatividade benéfica.
	O simples vedar que a lei não prejudique o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, seria o bastante para obstar qualquer incursão do legislador dos tributos pelo segmento dos fatos sociais que, por se terem constituído cronologicamente antes da edição legal, ficaram a salvo de novas obrigações. 
	Imaginando que um navio chega ao Brasil no dia 15/02, sendo que no dia 14/02, foi instituído um aumento da alíquota do II (lembrando que o II é exceção a anterioridade), sendo que o navio tinha saído do país de origem no dia 01/01. Como fica esta situação? Ora, a data do fato gerador é a data do desembaraço aduaneiro. Logo, a lei de aumento do tributo é aplicada. 
PRINCÍPIOS DECORRENTES DO FEDERALISMO
	Do federalismo irradiariam os princípios que se inscrevem no art. 150, V, CF; art. 151, I, CF e art. 152, CF. 
PROIBIÇÃO À LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO E DE CIRCULAÇÃO DE BENS E PESSOAS OU PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO DE PESSOAS E PESSOAS- art. 150, V, CF
	Embora haja a vedação constitucional da proibição à limitação ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvado a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. A ideia é evitar situações como a proibição de transporte de produtos por conta do pagamento do ICMS. Não é possível que se imponha sanção administrativa em razão de não pagamento de tributo.
PROBIÇÃO À UNIÃO DA INSTITUIÇÃO DE TRIBUTOS DESFORMES OU PRINCÍPIDO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA - art. 151, I, CF
	A União, sob pretexto de promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País, não pode instituir tributo que desequilibre as regiões do Brasil. Os tributos instituídos pela União devem ser uniformes em todo o território nacional. É a confirmação do postulado de autonomia dos Munícipios e do federalismo, já que o constituinte vedou a eventualidade de qualquer distinção ou preferência relativamente a um Estado, a um Município ou ao Distrito Federal, em prejuízo dos demais. 
No entanto, a isenção fiscal para alguns Estados do nordeste, por exemplo, não fere este princípio, pois visa justamente ao fim do princípio: reequilibrar as regiões. A isenção fiscal geralmente se dá para os impostos que incidem sobre o lucro do fim social da empresa e também ao imposto de renda da contribuição social. O valor do benefício fiscal não pode ser distribuído, devendo ser reinvestido. O incentivo é dado para o desenvolvimento, se houver desenvolvimento, não mais se justifica a isenção, devendo ser retirado. 
PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO PELA ORIGEM - art. 152, CF
	É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. A ideia é estabelecer uma igualdade entre os concorrentes, não devendo ter alíquota maior ou menor em função de aonde vem e de onda vai o produto. 
PRINCÍPIOS DECORRENTES DA JUSTIÇA
	Da justiça irradiariam os princípios da igualdade, capacidade contributiva, mínimo existencial e vedação ao confisco. O grande problema é definir critérios precisos e objetivos. 
	PRINCÍPIO DA IGUALDADE – arts. 5º, caput e 150, II, CF
O princípio da igualdade está contido no art. 5º, caput, CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Seu destinatário é o legislador. 
Celso Antônio Bandeira de Mello defende que o princípio da igualdade é a base de todo o ordenamento jurídico, dado que tudo decorreria dali. A igualdade é tratar os iguais na medida da sua igualdade, e os desiguais na medida da desigualdade.
O problema é a definição do critério da igualdade. Daí temos o critério da capacidade contributiva (quem pode mais, paga menos). No entanto, não se pode, de acordo com o art. 150, II, CF, haver diferenciação em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. 
A situação equivalente prevista neste artigo é justamente a capacidade contributiva, que se destaca noutro princípio.
PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA – art. 145, §1º, CF
Quanto maior a capacidade de contribuir, maior será a tributação. No entanto, a distinção se dá por faixas, isto é, intervalos, que levam em conta a progressividade. É um ideal a ser perseguido, mas que há diversas situações a serem destacados, 
Por outro lado, há questionamentos sobre a avaliação da capacidade contributiva em cada tributo, se não haveria ferimento da igualdade. Por exemplo, na situação em que A é proprietário de um imóvel avaliado em mais de um milhão de reais e B é proprietário de imóvel de 100 mil reais. Na transmissão desse bem, a alíquota do ITBI é diferente para os valores dos imóveis. 
Se A entra com determinada ação por ofensa a igualdade, estaria o judiciário numa posição de ativismo? O que vemos é que o judiciário oscila entre as decisões, atuando de forma legislativa quando lhe convém, e usando o mesmo argumento, na outra face.
O princípio da capacidade contributiva se aplica também aos impostos reais (relativo as coisas – direitos reais) ou somente aos impostos pessoais? Os impostos sobre a propriedade também atende aos critérios da função social da propriedade, por exemplo, pela exclusão da base de cálculo áreas de preservação ambiental e incentivo a produtividade no ITR. 
A decisão foi de que o princípio da capacidade contributiva só não seria aplicado aos impostos reais, pois só se verifica a propriedade, salvo disposição contrária, como ocorre no ITR. A regra é a progressividade, mas há exceções, como acontece com os impostos reais.
Não haveria a capacidade tributiva como forma de sustentar a aplicação da capacidade produtiva no IPTU e ITBI. O caráter pessoal, ainda que contido na norma, deve ser aplicado sempre que possível, visando ressalvar as hipóteses em que não poderia ser pessoal, de acordo com o art. 145, §1º, CF. O IPTU, de regra, não observa a capacidade contributiva, salvo nas condições de estímulo a ocupação. É o que já havia sido dito: só se verifica a propriedade, salvo disposição contrária. 
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO - art. 150, IV, CF
	Sabe-se, pelo art. 150, IV, CF, que é vedado o confisco. Até aqui não há maiores dificuldades e nos parece algo muito razoável de se pensar. No entanto, há uma vagueza semânticado termo confisco. Desta forma, opera-se o entendimento pela intuição, sendo pautado na proporcionalidade. Portanto, este princípio apenas aponta para o legislador da existência de limites para a carga tributária. 
DIREITO TRIBUTÁRIO I – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
IMUNIDADE 
A imunidade é oriunda da Constituição Federal, são disposições negativas em relação a competência tributária (constituindo um direito público subjetivo), enquanto a isenção decorre de lei. A imunidade reside na Constituição, pois é um limitador da competência tributária, é uma regra que estabelece uma incompetência tributária. 
A definição de imunidade apontada por Paulo de Barros de Carvalho é a seguinte: “classe finita e imediatamente determinável de normas jurídicas, contidas no texto da Constituição da República, e que estabelecem, de modo expresso, a incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para expandir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas”. 
Vamos entendê-la por partes. A imunidade é instituída por normas jurídicas constitucionais de maneira finita (em oposição a infinitude própria das proibições implícitas) de forma direcionada aos legisladores infraconstitucionais e tolhendo-os no que tange à emissão de regras jurídicas instituidoras de tributos, mas tão somente àqueles que estão referidos no texto proibitivo negativo. 
IMUNIDADE X ISENÇÃO
	Diferentemente da imunidade, a isenção depende do exercício da competência tributária, isto é, depende de uma competência pré-estabelecida. O ente que institui o tributo pode isentar determinadas pessoas ou em determinadas situações específicas. Podemos diferenciar também a imunidade da isenção pelo fato desta última ter completude no suporte fático, inibindo apenas a produção de efeitos. Já na imunidade, não há suporte fático (plano da existência), e, por isso, não se pode pensar em efeitos, a questão é anterior. No entanto, apesar dessas diferenças, a consequência é a mesma: não pagamento de tributo (somente taxa, imposto e contribuições). 
	Paulo de Barros de Carvalho é mais crítico neste assunto, apontando semelhanças quanto a apenas três aspectos: são normas jurídicas válidas no sistema, integram a classe das regras de estrutura, e tratarem de matéria tributária. No mais, aponta a diferença pelo fato da imunidade exercer função colaborativa no desenho da competência impositiva. São normas que não cuidam da problemática da incidência. 
LEITURA CONSTITUCIONAL
	De acordo com o art. 195, §7º, CF, a palavra isenção deve ser lida como imune, pois está situada na Constituição Federal. No art. 184, §5º, CF, temos mais uma vez a utilização equivocada do termo isentas, pois há uma imunidade. Já no art. 5º, XXXIV, CF, vemos que há uma previsão de um direito de imunidade em relação a taxa. No art. 149, §2º, CF, vemos outra forma de estabelecer imunidade. Disto, vemos que há diversas formas de construção semântica do conceito de imunidade.
IMUNIDADE É CLÁUSULA PÉTREA?
De acordo com o art. 60, §4º, CF, não se pode alterar direito ou garantia individual. Seria a imunidade um direito ou garantia individual? Devemos verificar se a imunidade visa a garantir o federalismo ou direito individual ou se há situação específica. Na imunidade de receita de exportação, temos preservação do federalismo ou direito/garantia individual? A resposta é sim! Portanto, é cláusula pétrea e não pode ser alterado, marcando a possível perenidade da imunidade, mas que não é regra. 
A imunidade é absolutamente inafastável quando estiver fundada em direito fundamental ou federalismo. No entanto, se isto não ocorre, pode haver restrição ou abolição da imunidade por emenda constitucional, como ocorreu no art. 155, §3º, CF pelo EC 33/2001, colocando que nenhum outro imposto poderá incidir sobre as operações previstas no artigo modificado. A alteração prevista pela EC 33/2001 é constitucional ao restringir a imunidade? A resposta é sim, por não afetar federalismo ou direito/garantia individual. 
Já a EC 03/1993, que instituiu o IPMF, a partir da não aplicação dos art. 150, VI, a e c, para o IPMF, é constitucional? É inconstitucional, pois as alíneas a e c tratam do federalismo e direito/garantia individual. Por isso, o STF julgou certo ao decretar sua inconstitucionalidade na ADIn 939. 
Disto, vemos que é possível ter imunidade em relação a impostos, contribuições e taxas. A imunidade deve estar contida na Constituição (aspecto formal) e especificada sobre qual sujeito (aspecto substancial). 
IMUNIDADE NO ART. 150, VI, CF
	No art. 150, caput, temos que a imunidade se dá para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
Nos §§2º e 3º, temos uma extensão da imunidade às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público, desde que tudo esteja relacionado a finalidade essencial desta instituição. O que seria a finalidade essencial? Depende, se é a própria atividade fim, não há dúvidas. Quanto a atividade meio, e esta gerar receita que seja investida na atividade fim, a imunidade alcança também a atividade meio. Do contrário, não haveria imunidade.
Na alínea a, temos a imunidade recíproca, isto é, que incide sobre patrimônio (IPTU e ITR), renda (IR) e serviços (ISS - serviço de qualquer natureza – e ICMS – serviços de comunicação e transporte) de outra pessoa política. União, Estados, Distrito Federal e Municípios não podem instituir impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços uns dos outros. 
Há a preservação de interesse federativo, e por isso não pode ser modificado, em nome do princípio da isonomia entre os entes constitucionais. Assim, as pessoas políticas não podem instituir impostos sobre renda, patrimônio e serviços. A imunidade recíproca se estende sobre as autarquias e fundações (art. 150, §2º, CF). É uma imunidade vinculada. 
Na alínea b, há a imunidade para templos de qualquer culto. Por envolver direito e garantia fundamental, da liberdade de culto, também não pode ser modificado, por ser cláusula pétrea. É uma reafirmação do princípio da liberdade de crença e prática religiosa (art. 5º, VI a VIII, CF). A ideia de templo é ampla, e há a imunidade apenas para as construções que se destinam aos fins específicos da sua utilização. 
Na alínea c, também temos a imunidade do patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos. Para tanto, deve-se atender os requisitos da lei complementar 3.193/1957. O grande problema é identificar de quem é o patrimônio ou renda e como está sendo investido. 
Na alínea d, os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão terão sua imunidade garantida. Há direito fundamental, e por isso não pode ser objeto de emenda constitucional. O livro eletrônico estaria incluso nesta imunidade? Depende da interpretação, e há nos dois sentidos, mas o mais razoável é entender que estaria incluso, mas é uma controvérsia a ser encarada pelo STF. 
Na alínea e, a partir da inserção por uma EC de 2013, são imunes também os fonogramas e videofonogramas relacionado a música popular brasileira (produzidos no Brasil de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros), exceto na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
ART. 14, CTN
	Nos termos do art. 9º, IV, CTN, temos as hipóteses de vedação de cobrança de imposto pela União, Estado, Distrito Federal e Municípios. No entanto, os impostos que incidirem sobre “o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos” (alínea c) dependem dos requisitos art. 14, CTN. 
NATUREZA JURÍDICA DO CTN
	Nos termos da CF/88, as normas que disciplinem matéria tributária devem ter natureza jurídica de lei complementar. No entanto, o CTN é de 1966, escrito soboutra Constituição, que elegia apenas a lei ordinária para disciplinar estes temas. Como adequar isto? Vale o preceito de que tempus regit actum e a recepção da CF/88, atribuindo ao CTN a natureza formal de lei ordinária, mas material de lei complementar.
IMUNIDADE DE OBRIGAÇÕES DA DÍVIDA PÚBLICA E DE AGENTES PÚBLICOS
A União é proibida de “tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes” (art. 151, II, CF).
Esta imunidade evita que a União obtenha vantagem competitiva em relação aos demais Entes Políticos. Evidentemente os particulares optariam por aplicarem seus recursos na aquisição de títulos da dívida da União em detrimento dos da dívida de Estados, DF e Municípios, se pagassem menos imposto de renda no primeiro caso.
IMUNIDADE DO OURO
Sobre o ouro, quando representar um ativo financeiro ou um instrumento cambial assim definidos em lei, só incidirá o IOF (art. 153, § 5°, CF). Assim, sobre uma barra de ouro considerada um ativo financeiro, ainda que seja um produto industrializado, não há incidência do IPI.
Evidentemente uma joia, mesmo sendo exclusivamente de ouro, não é imune ao ICMS ou ao IPI. O STF decidiu que o IOF sobre o ouro só pode incidir uma única vez, ou seja, é inconstitucional cobrar IOF nas operações financeiras subsequentes àquela em que já se tenha cobrado o referido imposto.
IMUNIDADE NA REFORMA AGRÁRIA
A redação constitucional afirma serem “isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária” (art. 184, § 5°, CF). É curioso notar que se trata de um exemplo típico de imunidade, mas no texto a referência literal é à isenção. 
IMUNIDADE DE ENERGIA, TELECOMUNICAÇÕES, COMBUSTÍVEIS E MINERAIS
Sobre energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País não se pode instituir nenhum imposto, a não ser o de importação, o de exportação e o ICMS (art. 155, § 3°, CF).
IMUNIDADE DOS IDOSOS
O artigo 153, § 2°, II, CF trazia imunidade sobre rendimentos, dentro de limites fixados em lei, provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja renda total fosse constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho.
Este dispositivo, contudo, foi revogado pela Emenda Constitucional n° 20/98. Apesar disto, muitos defendem a posição de que as imunidades seriam verdadeiros direitos individuais, que correspondem a uma das hipóteses de cláusulas pétreas previstas no artigo 60, § 4°, IV. Seriam, portanto, imutáveis. Assim, não poderiam ser afastadas nem por Emenda Constitucional.
OUTRAS IMUNIDADES DE IMPOSTOS
Além das imunidades estudadas nos itens anteriores, há ainda diversas outras. Contudo, por serem específicas a cada um dos impostos (há imunidades relativas exclusivamente ao IPI, ao ITR, ao ITBI, etc).
IMUNIDADE DE CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
Ainda não tratamos das contribuições especiais, mas vale já saber que a Constituição Federal também traz imunidades sobre esta espécie tributária. São exemplos, a imunidade das receitas de exportação (artigo 149, § 2°, I, CF) e a imunidade das entidades beneficentes de assistência social quanto às contribuições da seguridade social (artigo 195, § 7°, CF).
IMUNIDADES DE TAXAS
Como vimos, as imunidades são relativas a tributos e não somente a impostos. De fato, a Constituição traz exemplos de imunidades relativas a taxas como o inciso XXXIV, do art. 5°, que prevê o direito de petição e o de obtenção de certidões em repartições públicas, independentemente da cobrança de taxa; e o inciso LXXIII, que “isenta” de custas judiciais a ação popular.
LEITURA CRÍTICA DO CONCEITO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
	Paulo de Barros de Carvalho se propõe a um sobrepensamento da natureza conceitual da imunidade tributária, a partir da desconstrução lógica das assertivas comumente defendidas. É um esforço lógico importante para delimitar e limitar a abrangência do conceito. Vamos a eles no seguinte método: apresentar-se-á a tese, e sua antítese em seguinte. 
A IMUNIDADE É UMA LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL ÀS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS
	O que limita a competência é um movimento contrário a ela, enquanto a norma eu fixa a hipótese de imunidade colabora na Constituição em sua faixa de competência relacionada aos entes que tem poder de tributar. Portanto, a imunidade é dirigida ao legislador ordinário para formar, juntamente com outros mandamentos constitucionais, o feixe de atribuições entregue às pessoas investidas de poder político. 
IMUNIDADE COMO EXCLUSÃO OU SUPRESSÃO DO PODER TRIBUTÁRIO
	O problema desta expressão é semântico, pois excluir envolve a expulsão de algo que estivera incluído, e suprimir traz a ideia o ato de anular, de eliminar, de cancelar. Portanto, a imunidade não exclui nem suprime competências tributárias, uma vez que estas representam o resultado de um conjunto de normas. 
IMUNIDADE COMO PROVIDÊNCIA CONSTITUCIONAL QUE IMPEDE A INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
	As regras de imunidade são normas de estrutura, enquanto as de incidência são preceitos de conduta. Cravada a premissa, não temos por que aludir às imunidades como barreiras para a incidência de tributos, como é difundido. 
A IMUNIDADE É APLICÁVEL TÃO SOMETE AOS TRIBUTOS NÃO VINCULADOS (IMPOSTOS)
	Esta premissa não é verdade, dado o que já foi aqui apresentado. Há imunidades também a taxas e contribuições. Não se pode repetir que mesmo que em termos literais, a CF abriga regras de competência de natureza daquelas que se conhecem pelo nome de imunidades tributárias, e que trazem alusão explícita às taxas e à contribuição de melhoria. 
A IMUNIDADE É SEMPRE AMPLA E INDIVISÍVEL, NÃO COMPORTANTO FRACIONAMENTOS
	A amplitude a indivisibilidade não é característica única da imunidade, mas de todo fato social que ingressa para o mundo jurídico pela subsunção do fato a norma.

Continue navegando