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Aula+08_Adm+Publica+no+Brasil

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Administração Pública no 
contexto brasileiro
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, 
você seja capaz de:
definir os conceitos introdutórios sobre Administra-
ção Pública;
reconhecer as características do cenário de Adminis-
tração Pública no Brasil.
 2
ob
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ivo
s
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Meta da aula 
Apresentar informações sobre o cenário de 
Administração Pública no Brasil.
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Administração Brasileira | Administração Pública no contexto brasileiro 
Introdução A Administração Pública é conteúdo pertinente ao Direito Administrativo e 
compreende os princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as ati-
vidades públicas que compõem o Estado. Portanto, faz-se necessário definir 
Estado e seus respectivos elementos.
Desde o momento em que as sociedades começaram a se estruturar em Esta-
dos, começou a existir a necessidade de algum tipo de organização e formali-
zação de modo a defender interesses comuns sem que interesses pessoais se 
sobressaíssem aos interesses públicos e vice-versa. A partir dessa realidade, a 
Administração Pública vem evoluindo de acordo com as necessidades sociais 
e de modo a tentar suprir as demandas pelos serviços públicos.
O conceito de Estado pode ser visto sob várias óticas. Sob a ótica sociológica, o 
Estado é uma corporação territorial dotada de um poder de mando originário. 
Na esfera política, é uma comunidade de homens em um território, com direito a 
ação, mando e coerção. Na ótica constitucional, o Estado é uma pessoa jurídica 
com soberania territorial. E juridicamente o Estado é um ente personalizado, 
podendo atuar no campo do Direito Público como no do Direito Privado, 
mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria da 
dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente superada.
teoria da dupla 
personalidade do Estado
O Estado possui leis, ele administra com essas leis e sofre 
as sanções das mesmas. Como ente personalizado, o Estado 
tanto pode atuar no campo do Direito Público como no do Direi-
to Privado, mantendo sempre sua única personalidade de Direito 
Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado acha-se 
definitivamente superada. Estado de Direito é aquele 
juridicamente organizado e obediente às 
suas próprias leis.
??
o EstAdo E suA composIção
O Estado é constituído por três elementos originários e indisso-
ciáveis: 
•	povo:	que	é	o	componente	humano	do	Estado;	
•	território:	que	é	a	sua	base	física;
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 •		governo	soberano:	que	é	o	elemento	condutor	do	Estado,	que	
detém	e	exerce	o	poder	absoluto	de	autodeterminação	e	auto-
organização	emanado	do	povo.
O	Estado	 possui	 três	 poderes:	 o	 Legislativo,	 o	 Executivo	 e	 o	
Judiciário,	 independentes	 e	 harmônicos	 entre	 si	 e	 com	 suas	 funções	
reciprocamente	indelegáveis	(CF,	art.	2º).	Esses	poderes	são	imanentes	
e	estruturais	do	Estado,	a	cada	um	deles	correspondendo	uma	função	
que	lhe	é	atribuída:
•		Legislativo:	responsável	pela	elaboração	das	leis	(função	nor-
mativa);	
•		Executivo:	responsável	pela	conversão	das	leis	em	atos	indivi-
duais	e	concretos	(função	administrativa);	
•		Judiciário:	 responsável	 pela	 aplicação	 das	 leis	 (função	 judi-
cial).
Essa	 divisão	 é	 uma	 distribuição	 entre	 órgãos	 independentes,	
harmônicos	e	coordenados	em	função	do	poder	do	Estado,	que	é	uno	
e	indivisível.
	 Nessa	 estrutura	 e	 funcionalidade	 do	 Estado	 atua	 o	Direito	
Administrativo	impondo	as	regras	jurídicas	da	administração	e	funciona-
mento	do	complexo	estatal,	auxiliado	pelas	técnicas	contemporâneas	de	
administração	que	indicam	os	instrumentos	e	a	conduta	mais	adequada	
ao	pleno	desempenho	das	atribuições	da	Administração,	estabelecendo	
o	ordenamento	jurídico	dos	órgãos,	das	funções	e	dos	agentes	que	irão	
desempenhá-las.	
Os	termos	Governo	e	Administração,	apesar	de	serem	confundi-
dos,	expressam	conceitos	diferentes:
•		Governo:	é	o	conjunto	de	Poderes	e	órgãos	constitucionais	que	
expressam	a	política	de	comando,	de	iniciativa,	de	fixação	de	obje-
tivos	do	Estado	e	de	manutenção	da	ordem	jurídica	vigente.
•		Administração	Pública:	é	o	conjunto	de	órgãos	instituídos	para	
consecução	dos	objetivos	do	Governo.	A	Administração	não	
pratica	atos	de	governo;	pratica	atos	de	execução,	com	maior	
ou	menor	grau	de	autonomia,	de	acordo	com	a	competência	do	
órgão	e	de	seus	agentes.
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Administração Brasileira | Administração Pública no contexto brasileiro 
Nessa	configuração	de	Estado,	temos	também	as	entidades	admi-
nistrativas,	que	são	pessoas	jurídicas	públicas	ou	privadas.	A	classificação	
dessas entidades é:
•		Estatais:	pessoas	jurídicas	de	Direito	Público	–	Banco	do	Brasil,	
Petrobras	etc.;
•		Autarquias:	pessoas	 jurídicas	de	Direito	Público,	 criadas	por	
lei	específica,	para	a	realização	de	atividades,	obras	ou	serviços	
descentralizados	da	estatal	que	as	criou;
•		Fundações:	pessoas	jurídicas	de	Direito	Público,	também	criadas	
por	lei	específica	com	as	atribuições	que	lhes	forem	conferidas	
no	ato	de	sua	instituição;
•		Paraestatais:	pessoas	jurídicas	de	Direito	Privado	cuja	criação	é	
autorizada	por	lei	específica	para	a	realização	de	obras,	serviços	
ou	atividades	de	interesse	coletivo	(Sesi,	Sesc,	Senai	etc.).	São	
autônomas,	administrativa	e	financeiramente,	têm	patrimônio	
próprio	e	operam	em	regime	da	iniciativa	particular,	na	forma	
de	 seus	 estatutos,	 ficando	 vinculadas	 (não	 subordinadas)	 a	
determinado	órgão	da	entidade	estatal	a	que	pertencem,	sem	
interferência	na	sua	administração.
Nessa	composição	do	Estado	existem	também	os	órgãos	públicos,	
que	são	centros	de	competência	instituídos	para	o	desempenho	de	funções	
estatais,	por	meio	de	seus	agentes.	Esses	agentes	públicos	são	todas	as	
pessoas	físicas	incumbidas,	definitiva	ou	transitoriamente,	do	exercício	
de	alguma	função	estatal.	
A	operacionalidade	desses	componentes	formam	a	Administra-
ção	Pública.	Segundo	Marini	 (1996),	partindo-se	de	uma	perspectiva	
histórica,	verifica-se	que	a	Administração	Pública	evoluiu	por	meio	de	
três	modelos	básicos:	a	administração	patrimonialista,	a	burocrática	e	a	
gerencial.	Essas	três	formas	se	sucederam	no	tempo,	sem	que	qualquer	
uma	delas	seja	inteiramente	abandonada.
O	primeiro	modelo	funcionava	como	uma	expansão	do	poder	do	
soberano.	Essa	administração	denominada	patrimonialista	era	marcada	
pela	incapacidade	ou	relutância	do	príncipe	em	distinguir	entre	o	patri-
mônio	público	e	seus	bens	privados:	o	governante	era	o	maior	benefi-
ciário	da	riqueza	do	Governo	e,	ao	mesmo	tempo,	o	seu	gestor.	Por	isso,	
era	vista	como	uma	forma	de	alguns	privilegiados	se	apropriarem	dos	
tributos	sem	qualquer	tipo	de	retorno	para	a	sociedade:	o	Governo	não	
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 cumpria	o	seu	papel	de	provedor	de	serviços	públicos.	Em	consequência,	
a	corrupção,	o	nepotismo	e	o	fisiologismo	eram	inerentes	a	esse	tipo	de	
administração.	
O surgimento do capitalismo e da democracia e com o mercado e 
a	sociedade	civil	se	distinguindo	do	Estado,	tornou	necessário	uma	dis-
tinção	entre	bens	públicos	e	privados.	Dessa	forma,	surgiu,	na	segunda	
metade	do	século	XIX,	na	Europa,	o	modelo	burocrático,	com	o	intuito	
de	proteger	o	patrimônio	público	contra	a	privatização	do	Estado,	por	
meio	de	um	serviço	público	profissional	e	de	um	sistema	administrativo	
impessoal,	formal	e	racional	(BRESSER,	2005).
O	pensador	da	burocracia	foi	o	sociólogo	alemão	Max	Weber,	que,	
ao	estudar	os	tipos	de	sociedade	e	as	formas	do	exercício	da	autoridade	
(tradicional	 e	 carismática),	 desenvolveu,	 como	alternativa,	 o	modelo	
racional-legal,	ouburocrático.	Weber	foi	quem	conferiu	à	burocracia	o	
significado	característico	de	sistemas	sociais	relativamente	avançados,	
a	partir	da	seguinte	definição:	
Agrupamento	social	que	rege	o	princípio	da	competência	definida	
mediante	 regras,	 estatutos,	 regulamentos,	da	documentação,	da	
hierarquia	 funcional,	 da	 especialização	profissional,	 da	perma-
nência	obrigatória	do	servidor	na	repartição	durante	determinado	
período	de	tempo,	e	da	subordinação	do	exercício	dos	cargos	a	
normas	abstratas.	
As	principais	características	do	modelo	burocrático	são:
•	estrutura	de	autoridade	impessoal;
•		hierarquia	de	cargos	baseada	em	um	sistema	de	carreiras	alta-
mente	especificado;
•	cargos	com	claras	esferas	de	competência	e	atribuições;
•		sistema	de	livre	seleção	para	preenchimento	dos	cargos,	baseado	
em	regras	específicas	e	contrato	claro;
•		seleção	com	base	em	qualificação	técnica	(há	nomeação	e	não	
eleição);
•		remuneração	expressa	em	moeda	e	baseada	em	quantias	fixas,	
graduada	conforme	o	nível	hierárquico	e	a	responsabilidade	do	
cargo;
•	o	cargo	como	a	única	ocupação	do	burocrata;
•	promoção	baseada	em	sistema	de	mérito	(meritocracia);
•		separação	 entre	 os	meios	 de	 administração	 e	 a	 propriedade	
privada	do	burocrata;
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Administração Brasileira | Administração Pública no contexto brasileiro 
•	sistemática	e	rigorosa	disciplina	e	controle	do	cargo;
•		normatização,	com	controles	rígidos	e	a priori de processos e 
procedimentos.
Com	a	operacionalidade	do	Estado,	as	crises	econômicas	mundiais	
e	o	gigantismo	de	multinacionais,	ficava	claro	que	a	estratégia	adotada	
pela	 burocracia	 –	 o	 controle	 hierárquico	 e	 formal	 de	 procedimentos	
–	havia	provado	ser	inadequada.	Essa	estratégia	podia	talvez	evitar	a	
corrupção	e	o	nepotismo,	mas	era	lenta,	cara	e	ineficiente	(BRESSER,	
2005).	Ela	fazia	sentido	no	tempo	do	Estado	liberal	do	século	XVIII:	
um	Estado	pequeno	dedicado	à	proteção	dos	direitos	de	propriedade;	 
um	Estado	que	só	precisava	de	um	parlamento	para	definir	as	leis,	de	um	
sistema	judiciário	e	policial	para	fazer	cumpri-las,	de	forças	armadas	para	
proteger	o	país	do	inimigo	externo	e	de	um	ministro	das	finanças	para	
arrecadar	impostos.	Mas	era	uma	estratégia	que	já	não	fazia	sentido,	
uma	vez	que	o	Estado	havia	acrescentado	às	suas	funções	o	papel	de	
provedor	de	educação	pública,	de	saúde	pública,	de	cultura	pública,	de	
seguridade	social,	de	incentivos	à	ciência	e	tecnologia,	de	investimentos	
em	infraestrutura	e	de	proteção	ao	meio	ambiente.	
A	 essa	 fragilidade	 da	 administração	 burocrática	 somava-se	 a	
crença	de	que	o	setor	privado	possuía	o	modelo	ideal	de	gestão.	Dessa	
forma,	foi	no	contexto	de	escassez	de	recursos	públicos,	de	enfraqueci-
mento	do	poder	do	Estado	e	de	avanço	de	uma	ideologia	privatizante	
que	o	modelo	gerencial	se	implantou	no	setor	público.
Figura 2.1: Evolução da administração pública mundial.
Modelo
patrimonialista
Modelo
burocrático
Modelo
gerencial Nova gestão pública
Metade do 
século XIX
Década de 1970 Década de 1990 
em diante
Ambiente estável, com poucas 
mudanças ou mudanças razoavel-
mente estruturadas e previsíveis
Ambiente turbulento, complexo, 
incerto e marcado por um ritmo 
acelerado de transformações
Democracia e 
capitalismo
Crises do petróleo, 
crise fiscal dos 
Estados, globalização, 
revolução 
tecnológica
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 Apesar	da	expansão	desse	modelo,	algumas	dessas	experiências	
têm	as	suas	particularidades,	influenciadas	por	fatores	culturais,	políticos,	
econômicos	e	sociais.	O	estudo	dessa	evolução	permite	caracterizar,	de	
forma	mais	precisa,	o	que	é	a	Administração	Pública.	
Em	sentido	lato,	administrar	é	gerir	interesses,	segundo	a	lei,	a	
moral	e	a	finalidade	dos	bens	entregues	à	guarda	e	conservação	alheias.	
A	Administração	Pública,	portanto,	é	a	gestão	de	bens	e	interesses	qualifi-
cados	da	comunidade	no	âmbito	federal,	estadual	ou	municipal,	segundo	
preceitos	de	Direito	e	da	Moral,	visando	ao	bem	comum.
Os	poderes	normais	do	administrador	são	simplesmente	de	conser-
vação	e	utilização	dos	bens	confiados	à	sua	gestão,	necessitando	sempre	
de	consentimento	legal	do	titular	de	tais	bens	para	quaisquer	atos.
oBJEtIVos E FunçÕEs dA AdmInIstrAção pÚBLIcA
A	natureza	da	Administração	Pública	compreende	um	encargo	
de	defesa,	conservação	e	aprimoramento	dos	bens,	serviços	e	interesses	
da	 coletividade,	 impondo	 ao	 administrador	 público	 a	 obrigação	 de	
cumprir	 fielmente	 os	 preceitos	 do	Direito	 e	 da	Moral	 administrativa	
que	regem	sua	atuação.	Tais	preceitos	expressam	a	vontade	do	titular	
dos	interesses	administrativos	–	o	povo	–	e	condicionam	os	atos	a	serem	
praticados	no	desempenho	do	encargo,	emprego	ou	função	pública	que	
lhes	é	confiado.
A	finalidade	única	da	Administração	Pública	é	o	bem	comum	do	
todo.	No	desempenho	da	função,	o	administrador	público	não	tem	a	
liberdade	de	procurar	outro	objetivo,	ou	de	dar	outro	fim	diferente	do	
que	está	previsto	na	legislação	da	atividade.
Resumindo,	os	objetivos	da	Administração	consubstanciam-se	em	
defesa	do	interesse	público,	assim	entendidas	aquelas	aspirações	ou	van-
tagens	licitamente	almejadas	por	toda	a	comunidade	administrativa,	ou	
por	parte	expressiva	de	seus	membros.	O	ato	ou	contrato	administrativo	
realizado	sem	interesse	público	configura	desvio	de	finalidade.
O	quadro	 a	 seguir	 ilustra	 a	 tendência	 da	 atual	Administração	
Pública:
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Administração Brasileira | Administração Pública no contexto brasileiro 
Figura 2.2: Gestão pública.
Os	princípios	básicos	da	administração	constituem	os	fundamen-
tos	da	ação	administrativa,	ou	seja,	constituem	a	sustentação	da	ativi-
dade	pública.	Renegá-los	é	desvirtuar	a	gestão	dos	negócios	públicos	e	
deixar	de	lado	o	que	há	de	mais	elementar	para	a	boa	guarda	e	zelo	dos	
interesses	sociais.	São	eles:
Legalidade:	como	princípio	da	administração	(CF,	art.	37,	caput),	
significa	que	o	administrador	público	está,	em	toda	a	sua	atividade	fun-
cional,	sujeito	aos	mandamentos	da	lei	e	às	exigências	do	bem	comum	
e	deles	não	se	pode	afastar	ou	desviar,	sob	pena	de	praticar	ato	inválido	
e	expor-se	à	responsabilidade	disciplinar,	civil	e	criminal,	conforme	o	
caso.	A	eficácia	de	toda	a	atividade	administrativa	está	condicionada	
ao	atendimento	da	lei.	Na	Administração	Pública	não	há	liberdade	nem	
vontade	pessoal,	só	é	permitido	fazer	o	que	a	lei	autorizar,	significando	
“deve	fazer	assim”.	As	leis	administrativas	são,	normalmente,	de	ordem	
pública,	e	seus	preceitos	não	podem	ser	descumpridos,	nem	mesmo	por	
acordo	ou	vontade	conjunta	de	seus	aplicadores	e	destinatários.
Moralidade: a moralidade administrativa constitui pressuposto de 
validade	de	todo	ato	da	Administração	Pública	(CF,	art.	37),	sendo	que	
o	ato	administrativo	não	terá	que	obedecer	somente	à	lei	jurídica,	mas	
Governança 
democrática
Descentralização de 
serviços
Orientação para 
resultados
Profissionalização da 
gestão de pessoas
Atitude e ambiente 
empreendedores
Articulação de recursos 
públicos e privados
Responsabilização e 
contratualização
nova gestão pública
Ampliação da capacidade 
das instituições de inte-
resse público de produzir 
resultados de interesse da 
sociedade
Cidadão
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 também	à	lei	ética	da	própria	instituição,	pois	nem	tudo	que	é	legal	é	
honesto.	A	moral	administrativa	é	imposta	ao	agente	público	para	sua	
conduta	interna,	segundo	as	exigências	da	instituição	a	que	serve	e	a	
finalidade	de	sua	ação:	o	bem	comum.
Impessoalidade e Finalidade:	impõem	ao	administrador	público	
que	só	pratiqueo	ato	para	o	seu	fim	legal,	e	o	fim	legal	é	unicamente	
aquele	que	a	norma	de	Direito	indica	expressa	ou	virtualmente	como	
objetivo	do	ato,	de	forma	impessoal.	Desde	que	o	princípio	da	finali-
dade	exige	que	o	ato	seja	praticado	sempre	com	finalidade	pública,	o	
administrador	fica	impedido	de	buscar	outro	objetivo	ou	de	praticá-lo	
no	interesse	próprio	ou	de	terceiros.	Entretanto,	o	interesse	público	pode	
coincidir	 com	o	de	 particulares,	 como	ocorre	 normalmente	 nos	 atos	
administrativos	negociais	e	nos	contratos	públicos,	casos	em	que	é	lícito	
conjugar	a	pretensão	do	particular	com	o	interesse	coletivo,	vedando	a	
prática	de	ato	administrativo	sem	interesse	público	ou	conveniência	para	
a	Administração,	visando	unicamente	a	satisfazer	interesses	privados,	
por	favoritismo	ou	perseguição	dos	agentes	governamentais,	sob	forma	
de	desvio	de	finalidade.
Publicidade:	é	a	divulgação	oficial	do	ato	para	o	conhecimento	
público	e	início	de	seus	efeitos	externos.	A	publicidade	não	é	elemento	
formativo	do	ato;	é	requisito	de	eficácia	e	moralidade;	por	isso	mesmo,	os	
atos	irregulares	não	se	convalidam	com	a	publicação,	nem	os	regulares	a	
dispensam	para	sua	exequibilidade,	quando	a	lei	ou	regulamento	exige.	
O	princípio	da	publicidade	dos	atos	e	contratos	administrativos,	além	
de	assegurar	seus	efeitos	externos,	visa	a	propiciar	seu	conhecimento	e	
controle	pelos	interessados	diretos	e	pelo	povo	em	geral.	Abrange	toda	
a	atuação	estatal,	não	só	sob	o	aspecto	de	divulgação	oficial	de	seus	atos	
como	também,	de	externalização	de	conhecimento	da	conduta	interna	
de	seus	agentes.	
Os	atos	e	contratos	administrativos	que	omitirem	ou	desatende-
rem	à	publicidade	necessária	não	só	deixam	de	produzir	seus	regulares	
efeitos	como	se	expõem	à	invalidação	por	falta	desse	requisito	de	eficácia	
e	moralidade.	E	sem	a	publicação	não	fluem	os	prazos	para	impugnação	
administrativa	ou	anulação	judicial,	quer	o	de	decadência	para	impe-
tração	de	mandado	de	segurança	(120	dias	da	publicação),	quer	os	de	
prescrição	da	ação	cabível.
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Administração Brasileira | Administração Pública no contexto brasileiro 
Correlacione os itens a seguir com as figuras abaixo: 
a. Administração Pública.
b. Estado.
c. Os três Poderes.
Resposta Comentada
Tais figuras correlacionam as partes que compõem a estrutura da Administra-
ção Pública no Brasil. A divisão é: o administrador, que exerce o cargo público, 
o Estado, que é o elemento-chave da Administração Pública e os três Poderes, 
que constituem o Estado.
Quanto à atuação do administrador público, o desconhecimento ou a desobe-
diência à legislação vigente são os maiores desafios enfrentados por ele. Ao 
administrador público não é possível a alegação do desconhecimento, muito 
menos omissão, no fiel cumprimento das normas integrantes do direito positivo 
pátrio. Cabe ao administrador público possuir:
• habilidade para conciliar o carisma político com demandas técnicas e legais;
• conhecimento geral e obediência ao direito positivo brasileiro;
• conhecimento específico e obediência aos princípios administrativos constitu-
cionais, particularmente os consagrados pelo art. 37 da Constituição Federal 
de 1988;
• atendimento às orientações da Lei de Responsabilidade Fiscal;
Atividade 1
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• sensibilidade às exigências do cidadão-cliente mais informado, exigente e 
ciente de seus direitos;
• criatividade suficiente para evitar o aumento do nível de tributação, fazendo 
mais com menos;
• dinamismo e empreendedorismo suficientes para ampliar a capacidade de 
realização de parcerias e captação de recursos;
• capacidade para ouvir e aplicar sugestões dos conselhos comunitários;
• ser descentralizador responsabilizando os atos de gestão realizados por sua 
assessoria técnica. 
Seguindo as tendências da administração, as características desejadas para o 
administrador público são:
• aproveitar o início de cada gestão para atualizar a Lei Orgânica Municipal – 
LOM (alçada municipal);
• propor um Plano Diretor adequado às necessidades locais ou setoriais;
• planejar políticas públicas adequadas submetendo-as ao Legislativo com 
autonomia e isenção;
• cercar-se de assessores competentes, éticos e comprometidos com os legítimos 
interesses públicos;
• revestir de caráter técnico-legal as decisões políticas de sua gestão.
Nesse contexto, cabe ao Estado buscar uma administração cada vez mais flexível 
(opondo-se à rigorosidade causada pelo foco na eficiência) e preocupada com 
a busca da qualidade dos serviços públicos (“fazer melhor”). O conceito de qua-
lidade, tão forte na administração privada com o surgimento da Qualidade Total, 
foi importado para a Administração Pública, que passou a atentar para os anseios 
e preferências do consumidor. O contribuinte passa a ser visto como um cliente 
ou consumidor, que precisa estar satisfeito com os serviços a ele prestados.
Como consequência direta desse processo, três medidas foram adotadas: des-
centralização administrativa, com delegação de autoridade, partindo do princípio 
de que, quanto mais próximo estiver o serviço público do consumidor, mais fis-
calizado pela população ele será e maior será a sua qualidade. A outra medida 
foi o estímulo à competição entre as organizações do setor público, buscando 
quebrar monopólios e aumentar a qualidade dos serviços. E, por fim, a adoção de 
modelos contratuais para os serviços públicos, que aumentam a possibilidade de os 
consumidores controlarem e avaliarem os serviços públicos. Apesar dos avanços 
obtidos com essas medidas, este modelo também foi criticado e questionado por 
causa da diferença com relação ao consumidor de bens no mercado, já que o 
modelo de decisão de compra vigente no mercado (liberdade de escolha) não 
se aplica no caso público, sem contar que há determinados serviços de caráter 
compulsório. Outro ponto questionado é que esse modelo não resolvia 
o problema da equidade.
94 C E D E R J
Administração Brasileira | Administração Pública no contexto brasileiro 
A partir desses questionamentos ocorre uma evolução na Administração 
Pública, introduzindo conceitos de transparência na ação governamental, 
participação política da sociedade, equidade e justiça. Além disso, o conceito 
de cliente-consumidor é substituído pelo de cidadão, que evolui de uma refe-
rência individual de mero consumidor de serviços, vinculada à tradição liberal, 
para um significado mais coletivo, incluindo direitos e deveres. Desse modo, 
mais do que “fazer mais com menos” e “fazer melhor”, o fundamental é “fazer 
o que deve ser feito” (MARINI, 2003).
A Administração Pública tem um enfoque economicista com ênfase em medi-
das para reduzir o gasto público e o número de funcionários, como resposta às 
limitações fiscais existentes. Trosa (2001), em suas análises, afirma que na atual 
conjuntura econômico-social é difícil defender o Estado paternalista que pensa 
conhecer as necessidades dos cidadãos melhor do que eles próprios, em nome 
de um interesse geral, às vezes confundido com interesses pessoais. Também 
tornou-se difícil defender o Estado liberal mínimo como um simples executor da 
vontade do governo, pois um mero prestador de serviço poderá ser substituído 
por outro, como por exemplo, o privado. O Estado em sua versão mais liberal 
não dispõe mais de legitimidade própria. 
Quais são os princípios básicos da Administração Pública no Brasil? Descreva-os.
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Atividade Final
21
C E D E R J 95
A
U
LA
 
2
 
Resposta Comentada
Os princípios básicos da Administração são aqueles que constituem os fundamentos da 
ação administrativa. São eles:
1 - Princípio da Legalidade: conforme descrito na CF, o administrador público está, em 
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e do bem comum. Na 
Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o 
que a lei autorizar.
2 - Princípio da Moralidade: constitui pressuposto de validade de todo ato da Adminis-
tração Pública que não terá de obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética 
da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto. 
3 - Princípio da Impessoalidade e Finalidade: impõe ao administrador público que só 
pratique o ato para o seu fim legal, e o fim legal é unicamente aquele que a norma de 
Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. 
4 - Princípio da Publicidade: é a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e 
início de seus efeitos externos. É requisito de eficácia e moralidade. Visa a propiciar seu 
conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral. 
consIdErAçÕEs FInAIs
Um	dos	maiores	desafios	para	o	administrador	público	contem-
porâneo	é	compatibilizar	interesses	políticos	legítimos	com	acentuado	
desconhecimento	de	obrigações	antagônicas	e	as	determinações	técnicas	
e	legais.	A	usual	e	pragmática	solução	que	se	apresenta	é	a	de	cercar-se	de	
assessores	competentes,	geralmente	profundos	conhecedores	das	questões	
administrativas	e	legais	do	funcionamento	cotidiano	da	máquina	pública,	
revestindo	os	atos	do	gestor	com	técnica	e	legalidade.	
Entretanto,	para	a	aplicação	das	mencionadas	propostas	adjetiva-
das	pela	participação	de	capital	humano,	outras	variáveis	surgem,	sendo	
dever	de	ofício	registrar,	por	exemplo,	a	baixa	remuneração	oferecida	
ao	técnico	competente	que	é	simultaneamente	demandado	e	mais	bem	
remunerado	pela	iniciativa	privada.

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