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DIREITO ECONÔMICO

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1 
DIREITO	ECONÔMICO	
Sumário	
CONSTITUIÇÃO	ECONÔMICA	BRASILEIRA.	ORDEM	CONSTITUCIONAL	ECONÔMICA:	PRINCÍPIOS	
GERAIS	DA	ATIVIDADE	ECONÔMICA.	TIPOLOGIA	DOS	SISTEMAS	ECONÔMICOS.	..............................	4	
CONCEITO	DE	ORDEM	ECONÔMICA	....................................................................................................	4	
A	CONSTITUIÇÃO	ECONÔMICA	...........................................................................................................	5	
A	CONSTITUIÇÃO	ECONÔMICA	BRASILEIRA	........................................................................................	6	
PRINCÍPIOS	GERAIS	DA	ATIVIDADE	ECONÔMICA	................................................................................	9	
Princípios	explícitos	.......................................................................................................................	10	
Princípios	implícitos	......................................................................................................................	21	
SISTEMAS	ECONÔMICOS	(CAPITALISMO	E	SOCIALISMO)	...............................................................................	24	
Introdução	....................................................................................................................................	24	
ORDEM	JURÍDICO-ECONÔMICA.	.....................................................................................................	26	
INTRODUÇÃO:	.......................................................................................................................................	26	
QUESTÕES	DE	CONCURSO	..............................................................................................................	28	
CONCEITO.	ORDEM	ECONÔMICA	E	REGIME	POLÍTICO.	...................................................................	35	
CONCEITO	............................................................................................................................................	35	
ORDEM	ECONÔMICA	.............................................................................................................................	35	
REGIME	POLÍTICO	..................................................................................................................................	36	
ATUAÇÃO	DO	ESTADO	NA	ATIVIDADE	ECONÔMICA	.......................................................................	37	
ESTADO	LIBERAL	....................................................................................................................................	38	
ESTADO	INTERVENCIONISTA	ECONÔMICO	...................................................................................................	39	
ESTADO	INTERVENCIONISTA	SOCIAL	..........................................................................................................	40	
ESTADO	INTERVENCIONISTA	SOCIALISTA	.....................................................................................................	41	
ESTADO	REGULADOR	..............................................................................................................................	41	
FORMAS	DE	ATUAÇÃO	......................................................................................................................	42	
INTERVENÇÃO	DIRETA	OU	PARTICIPAÇÃO	...................................................................................	43	
INTERVENÇÃO	INDIRETA	..............................................................................................................	55	
SUJEITOS	ECONÔMICOS.	................................................................................................................	58	
INTERVENÇÃO	DO	ESTADO	NO	DOMÍNIO	ECONÔMICO	..................................................................	60	
INTERVENÇÃO	DO	ESTADO	NO	DOMÍNIO	ECONÔMICO.	LIBERALISMO	E	INTERVENCIONISMO.	...............................	60	
Atuação	Estatal	X	Intervenção	–	No	Domínio	Econômico	.............................................................	60	
MODALIDADES	DE	INTERVENÇÃO.	INTERVENÇÃO	NO	DIREITO	POSITIVO	..........................................................	62	
Intervenção	direta	do	Estado	na	ordem	econômica	.....................................................................	63	
 
2 
Intervenção	indireta	do	Estado	na	ordem	econômica	..................................................................	68	
Formas	de	intervenção	segunda	a	classificação	do	Min.	Eros	Grau	.............................................	70	
LEI	ANTITRUSTE	E	DISCIPLINA	JURÍDICA	DA	CONCORRÊNCIA	EMPRESARIAL	...................................	72	
HISTÓRICO	DO	DIREITO	CONCORRENCIAL	NO	BRASIL	....................................................................................	73	
ESTRUTURA	DO	SISTEMA	BRASILEIRO	DE	DEFESA	DA	CONCORRÊNCIA	(SBDC)	..................................................	74	
MINISTÉRIO	PÚBLICO	FEDERAL	JUNTO	AO	CADE	(ART.	20)	..........................................................................	75	
SECRETARIA	DE	ACOMPANHAMENTO	ECONÔMICO	DO	MINISTÉRIO	DA	FAZENDA	SEAE	.....................................	75	
FINALIDADES	........................................................................................................................................	75	
PRINCÍPIOS	NA	LEI	12.529/2011	............................................................................................................	75	
INFRAÇÕES	CONTRA	A	ORDEM	ECONÔMICA	E	ABUSO	DO	PODER	ECONÔMICO	................................................	77	
CONCORRÊNCIA	ILÍCITA	E	DESLEAL	............................................................................................................	81	
DISCIPLINA	JURÍDICA	DA	CONCORRÊNCIA	EMPRESARIAL	................................................................................	84	
PENALIDADES	.......................................................................................................................................	88	
ATOS	DE	CONCENTRAÇÃO	E	ESTRUTURA	DE	MERCADOS	................................................................................	88	
REPRESSÃO	DO	PODER	ECONÔMICO	PELO	ESTADO	.......................................................................................	91	
PAPEL	DO	PODER	JUDICIÁRIO	...................................................................................................................	92	
DESCONSIDERAÇÃO	DA	PERSONALIDADE	JURÍDICA	.......................................................................................	93	
PROCESSO	ADMINISTRATIVO	NO	SBDC	(PRINCIPAIS	MODIFICAÇÕES	INTRODUZIDAS	PELA	LEI	Nº	12.529/2011)	....	93	
MEDIDA	PREVENTIVA	.............................................................................................................................	95	
ACORDOS	EM	CONTROLE	DE	CONCENTRAÇÕES	............................................................................................	95	
ACORDO	DE	LENIÊNCIA	(OU	DELAÇÃO	PREMIADA)	.......................................................................................	95	
COMPROMISSO	DE	CESSAÇÃO	..................................................................................................................	96	
CONFLITOS	ENTRE	AUTORIDADES	CONCORRENCIAIS	E	REGULADORAS	..............................................................	97	
EXEMPLOS	PRÁTICOS	..............................................................................................................................	97	
SÚMULAS	DO	CADE	..............................................................................................................................	97	
DEFESA	COMERCIAL	.....................................................................................................................	104	
A	LIVRE	FIXAÇÃO	DE	PREÇOS	E	O	ART.	20	DA	LEI	12.529/2011	.................................................................	108	
PRÁTICAS	DESLEAIS	DE	COMÉRCIO:	DUMPING	...........................................................................................111	
MEDIDAS	DE	SALVAGUARDA	..................................................................................................................	114	
A	INVESTIGAÇÃO	.................................................................................................................................	115	
PONTO	7:	MERCOSUL.	GATT.	OMC.	INSTRUMENTOS	DE	DEFESA	COMERCIAL.	..............................	116	
INTRODUÇÃO	......................................................................................................................................	116	
Fases	do	processo	de	integração	econômica	..............................................................................	117	
O	GATT	(GENERAL	AGREEMENT	ON	TARIFFS	AND	TRADE	OU	ACORDO	GERAL	SOBRE	TARIFAS	E	COMÉRCIO)	......	118	
Princípios	....................................................................................................................................	118	
ORGANIZAÇÃO	MUNDIAL	DO	COMÉRCIO	-	OMC	......................................................................................	119	
Objetivos	da	OMC	.......................................................................................................................	119	
Funções	.......................................................................................................................................	119	
Processo	de	adesão	....................................................................................................................	120	
 
3 
Estrutura	.....................................................................................................................................	120	
Órgão	de	solução	de	controvérsias	.............................................................................................	121	
MERCOSUL	......................................................................................................................................	122	
Princípios	do	Tratado	de	Assunção	.............................................................................................	123	
Órgãos	do	MERCOSUL	................................................................................................................	124	
Sistema	de	solução	de	controvérsias	..........................................................................................	129	
Reclamações	de	particulares	......................................................................................................	134	
Solução	de	controvérsias	e	OMC	................................................................................................	135	
Defesa	comercial	no	MERCOSUL	................................................................................................	135	
Defesa	comercial	no	MERCOSUL	................................................................................................	139	
INFRAÇÕES	AO	COMÉRCIO	EXTERIOR.	INSTRUMENTOS	DE	DEFESA	COMERCIAL	...............................................	139	
Subsídios	.....................................................................................................................................	139	
Medidas	compensatórias	............................................................................................................	140	
Dumping	.....................................................................................................................................	140	
PONTO	8:	DIREITO	DO	CONSUMIDOR.	ELEMENTOS	INTEGRANTES	DA	RELAÇÃO	JURÍDICA	DE	
CONSUMO.	SUJEITOS:	CONCEITOS	DE	CONSUMIDOR	E	DE	FORNECEDOR.	OBJETOS:	CONCEITO	DE	
PRODUTO	E	DE	SERVIÇO.	VÍNCULO:	CONCEITO	DE	OFERTA	E	DE	MERCADO	DE	CONSUMO.	..........	145	
HISTÓRICO	.........................................................................................................................................	145	
DIREITO	CONSTITUCIONAL	DO	CONSUMIDOR	...........................................................................................	145	
ELEMENTOS	INTEGRANTES	DA	RELAÇÃO	JURÍDICA	DE	CONSUMO	..................................................................	146	
A)	 SUJEITOS:	CONSUMIDOR	E	FORNECEDOR;	............................................................................	146	
B)	 OBJETOS:	PRODUTO	E	SERVIÇO;	...........................................................................................	146	
C)	 VÍNCULO:	OFERTA	E	MERCADO	DE	CONSUMO.	....................................................................	146	
CONCEITO	DE	CONSUMIDOR	..................................................................................................................	146	
CONCEITO	DE	CONSUMIDOR	EQUIPARADO	...............................................................................................	150	
CONCEITO	DE	FORNECEDOR	...................................................................................................................	150	
OBJETOS	DA	RELAÇÃO	JURÍDICA	DE	CONSUMO	..........................................................................................	151	
Conceito	de	produto	...................................................................................................................	151	
CONCEITO	DE	SERVIÇO	..........................................................................................................................	152	
VÍNCULO	DA	RELAÇÃO	JURÍDICA	DE	CONSUMO:	CONCEITOS	DE	OFERTA	E	DE	MERCADO	DE	CONSUMO	................	152	
PONTO	9:	AS	PRINCIPAIS	ATIVIDADES	EMPRESARIAIS	E	SUA	RELAÇÃO	COM	O	REGIME	JURÍDICO	
DAS	RELAÇÕES	DE	CONSUMO	......................................................................................................	153	
SERVIÇO	PÚBLICO	E	RELAÇÃO	JURÍDICA	DE	CONSUMO	................................................................................	154	
ATIVIDADE	BANCÁRIA	...........................................................................................................................	156	
ATIVIDADE	SECURITÁRIA	.......................................................................................................................	157	
ATIVIDADE	IMOBILIÁRIA	........................................................................................................................	157	
CONSÓRCIOS	......................................................................................................................................	158	
	
 
4 
	
CONSTITUIÇÃO	ECONÔMICA	BRASILEIRA.	ORDEM	CONSTITUCIONAL	ECONÔMICA:	
PRINCÍPIOS	GERAIS	DA	ATIVIDADE	ECONÔMICA.	TIPOLOGIA	DOS	SISTEMAS	ECONÔMICOS.	
CONCEITO	DE	ORDEM	ECONÔMICA	
Por	ordem	econômica	entende-se	o	tratamento	jurídico	disciplinado	pela	Constituição	para	a	
condução	da	vida	econômica	da	Nação,	conforme	Leonardo	Vizeu	Figueiredo.		
Para	Eros	Roberto	Grau	há	duplo	sentido	na	expressão	“ordem	econômica”:	a)	visão	subjetiva	
(ser),	como	conjunto	de	relações	econômicas;	b)	visão	objetiva	(dever-ser),	como	conjunto	de	
normas	 jurídicas	 disciplinadoras	 dessas	 relações.	 Ainda	 o	 mesmo	 autor,	 analisando	
especificamente	a	Constituição	de	1988,	define	que	existem	duas	vertentes	 conceituais:	 a)	
ampla,	consistente	na	regulação	 jurídica	da	 intervenção	do	Estado	na	Economia;	b)	estrita,	
consistente	na	regulação	jurídica	do	ciclo	econômico	(produção,	circulação	e	consumo).	
Em	síntese:	A	Ordem	Econômica	consiste	no	conjunto	de	normas	constitucionais	que	definem	
os	objetivos	de	um	modelo	para	a	economia	e	as	modalidades	de	intervenção	do	Estado	nessa	
área.	
	
No	 art.	 170	 da	 Constituição	 Federal,	 encontra-se	 estabelecido	 um	 conjunto	 de	 princípios	
constitucionais	de	como	a	ordem	econômica	deve	se	pautar:		
Art.	170	da	CF/88	“A	ordem	econômica,	fundada	na	valorização	do	trabalho	
humano	e	na	livre	iniciativa,	tem	por	fim	assegurar	a	todos	existência	digna,	
conforme	os	ditames	da	justiça	social,	observados	os	seguintes	princípios:		
I	–	Soberania	nacional;		
II	–	Propriedade	privada;		
III	–	função	social	da	propriedade;		
IV–	Livre	concorrência;		
V	–	Defesa	do	consumidor;		
VI	–	Defesa	do	meio	ambiente;		
VII	–	redução	das	desigualdades	regionais	e	sociais;		
VIII	–	busca	do	pleno	emprego;		
IX	–	Tratamento	favorecido	para	as	empresas	de	pequeno	porte	constituídas,	
sob	as	leis	brasileiras	e	que	tenham	sua	sede	e	administração	no	país”.	
	
Ordem	Econômica
Conjunto	de	Normas	Constitucionais
Definidora dos	objetivos	Econômicos
E	das	modalidades	de	Intervenção	Estatal	na	Economia
 
5 
Já	 no	 “caput”	 do	 art.	 170,	 destaca-se	 que	 a	 ordem	 econômica	 possui	 dois	 fundamentos:	
valorização	do	trabalho	humano	e	da	 livre	 iniciativa,	com	a	finalidade	de	assegurar	a	todos	
uma	existência	digna,	conforme	os	ditames	da	justiça	social.	
A	CONSTITUIÇÃO	ECONÔMICA	
A	 utilização	 da	 expressão	 “Constituição	 Econômica”	 fez-se	 presente	 a	 partir	 da	 1ª	 Grande	
Guerra	Mundial,	principalmente	com	a	promulgação	das	Constituições	do	México	(1917)	e	a	
de	Weimar	 (1919).	Entretanto,	 foi	 após	a	 crise	do	capitalismo	em	1929	e	 com	o	 fim	da	2ª	
Grande	Guerra	Mundial	que	as	“Constituições	Econômicas”	realmente	se	concretizaram	e	se	
desenvolveram.	
Inicialmente,	 antes	 de	 conceituar	 a	 expressão	 “Constituição	 Econômica”,	 ressaltam-se	 as	
lições	do	Professor	WASHINGTON	PELUSO	ALBINO	DE	SOUZA	acerca	da	necessidade	de	tratá-
la	como	“espécie”	do	“gênero”	Constituição	“tout	court”.	
O	grande	Professor	português	VITAL	MOREIRA	define	Constituição	Econômica	como:	
“O	 conjunto	 de	 preceitos	 e	 instituições	 jurídicas	 que,	 garantindo	 os	
elementos	definidores	 de	um	determinado	sistema	econômico,	 instituem	
uma	determinada	forma	de	organização	e	funcionamento	da	economia	e	
constituem,	por	 isso	mesmo,	uma	determinada	ordem	econômica;	ou,	de	
outro	modo,	 aquelas	 normas	 ou	 instituições	 jurídicas	 que,	 dentro	 de	 um	
determinado	sistema	e	forma	econômicos,	que	garantem	e	(ou)	instauram,	
realizam	uma	determinada	ordem	econômica	concreta”	
Nas	lições	do	Professor	JOSÉ	AFONSO	DA	SILVA:	
“A	 constituição	 econômica	 formal	 brasileira	 consubstancia	 na	 parte	 da	
Constituição	Federal	que	contém	os	direitos	que	 legitimam	a	atuação	dos	
sujeitos	 econômicos,	 o	 conteúdo	 e	 limites	 desses	 direitos	 e	 a	
responsabilidade	que	comporta	o	exercício	da	atividade	econômica”	
Manoel	Gonçalves,	citado	por	Eugênio	Rosa,	conceitua	Constituição	Econômica	como	sendo	
“O	conjunto	de	normas	voltadas	para	a	ordenação	da	economia,	inclusive	declinando	a	quem	
cabe	 exercê-la”.	 Ainda	 segundo	 o	 primeiro	 autor,	 a	 Constituição	 Econômica	 delimita	 os	
seguintes	elementos:		
1. O	tipo	de	organização	econômica	(capitalismo	ou	socialismo);		
2. A	delimitação	do	campo	da	iniciativa	privada;		
3. A	delimitação	do	campo	da	iniciativa	estatal;		
4. A	definição	dos	regimes	dos	fatores	de	produção;	e		
5. A	finalidade	e	os	princípios	gerais	que	devem	gerir	a	ordem	econômica.	
Dessa	forma,	vê-se	que	a	Constituição	Econômica	se	concretiza	como	a	forma	em	que	o	Direito	
se	relaciona	com	a	Economia,	corporificando	tanto	a	presença	do	fenômeno	“econômico”	na	
Constituição	como	a	forma	em	que	o	Direito	conduz	o	fenômeno	econômico.	
 
6 
Assim,	 a	 Constituição	 Econômica	 acaba	 por	 operar	 a	 conversão	 do	 regime	 econômico	 em	
ordem	 jurídico-econômica,	 estabelecendo	os	princípios	 e	 regras,	 informadores	das	normas	
que	regerão	as	relações	econômicas.	
	
A	CONSTITUIÇÃO	ECONÔMICA	BRASILEIRA	
As	importantes	mudanças	constitucionais	do	século	XX	repercutiram	no	cenário	brasileiro	a	
partir	da	Constituição	de	1934.	
1. Carta	Imperial	do	Brasil	(1824)	estabeleceu	o	direito	à	propriedade,	assegurado	o	livre	
exercício	da	atividade	profissional,	desde	que	não	atentasse	aos	costumes	públicos.	
2. Carta	Republicana	de	1891,	por	sua	vez,	trouxe	o	direito	de	liberdade	de	associação.	
3. Constituição	de	1934:	Cujo	título	 IV	–	“Da	Ordem	Econômica	e	Social”-	enfatizava	a	
justiça	 e	 as	 necessidades	 da	 vida	 nacional	 como	 limites	 à	 garantia	 da	 liberdade	
econômica,	 de	 modo	 que	 todos	 tivessem	 existência	 digna.	 Entre	 outras	 medidas,	
admitia-se	o	monopólio,	pelo	Estado,	de	determinada	indústria	ou	atividade,	das	minas	
e	das	demais	riquezas	do	subsolo	de	propriedade	privada	do	solo	em	que	se	encontra,	
reconhecia-se	 a	 proteção	 social	 ao	 trabalhador,	 incluindo-se	 preceitos	 típicos	 da	
legislação	 trabalhista,	 como	 salário-mínimo,	 repouso	 semanal,	 férias	 anuais	
remuneradas,	 assistência	 médica	 e	 sanitária	 ao	 trabalhador	 e	 à	 gestante,	 etc.	 Foi	
instituída	 também	 no	 texto	 a	 Justiça	 do	 Trabalho.	 Por	 este	 relato,	 resumido	 ao	
essencial,	pode-se	avaliar	o	impacto	da	Constituição	Econômica	brasileira,	que	iria	se	
expandir	 e	 aperfeiçoar	 nas	 décadas	 seguintes,	 fosse	 em	 períodos	 democráticos	 ou	
autoritários.	Senão	vejamos.	
4. Constituição	de	1937:	 legitimou-se	a	 intervenção	do	Estado	no	domínio	econômico	
para	suprir	as	deficiências	da	iniciativa	individual	e	coordenar	os	fatores	de	produção;	
proibiu-se	 a	 usura,	 passou-se	 a	 exigir	 maioria	 de	 brasileiros	 para	 as	 empresas	
concessionárias	de	serviços	público,	etc.	
5. Constituição	de	1946:	dispôs	que	a	Ordem	Econômica	deveria	ser	organizada	conforme	
os	princípios	da	Justiça	Social,	conciliando	a	liberdade	de	iniciativa	com	a	valorização	
do	trabalho	humano.	Foi	admitida	a	intervenção	do	Estado	no	domínio	econômico	e	o	
monopólio	 de	 determinada	 indústria	 ou	 atividade,	 com	 base	 no	 interesse	 público,	
tomando	por	limite	os	direitos	fundamentais	assegurados	nesta	Constituição.	
6. Constituição	 de	 1967:,	 emendada	 em	 1969,	 seguiu	 a	mesma	 tendência,	 exigindo	 a	
Justiça	 Social	 como	 fundamento,	 dando	 destaque	 à	 reforma	 agrária,	 permitindo	 o	
estabelecimento	de	“regiões	metropolitanas”,	prevendo	a	participação	de	trabalhador	
nos	lucros	da	empresa	e	criando	o	seguro-desemprego,	entre	outras	medidas.	Permitiu	
ao	Estado,	no	dispositivo	de	intervenção,	“a	organização	de	setor	que	não	possa	ser	
desenvolvido	com	eficiência	no	regime	de	competição	e	de	liberdade	de	iniciativa”.	.	
A	Constituição	(ou	emenda)	de	1969	teve	como	inovação	o	acréscimo	do	princípio	da	
justiça	social	
 
7 
7. Constituição	 de	 1988:	 em	 vigor	 no	 país,	 aprofundou	 o	 conceito	 de	 “Constituição	
Econômica,	 inovando,	quer	na	técnica	e	na	abrangência	da	matéria,	quer	na	própria	
substância.	“Seu	discurso	ideológico	original	recebeu,	posteriormente,	fundamentais	
modificações	por	meio	de	emendas	constitucionais	voltadas	sobretudo	para	o	reforço	
da	orientação	nacionalista	e	intervencionista	das	Cartas	que	a	antecederam”,	conforme	
anotou	o	professor	Washington	P.	Albino	de	Souza,	no	seu	livro”	Primeiras	Linhas	de	
Direito	Econômico”.	
Liberalismo	Político:	Durante	a	vigência	das	Constituições	de	1824	e	1891,	acreditava-se	que	
a	 força	 natural	 do	 mercado	 sem	 injunções	 estatais	 seria	 suficiente	 para	 assegurar	 as	
necessidades	básicas	e	sociais	exigidas	pela	sociedade	brasileira.	Dessa	maneira,	reservava-se	
ao	 Estado	 a	 prerrogativa	 de	 guarda	 da	 ordem	 e	 do	 funcionamento	 do	 livre	 mercado,	 as	
limitações	das	funções	do	Estado	durante	o	 liberalismo	político	e	econômico	foram	melhor	
apresentadas	por	Adam	Smith,	que	em	1776	listou	exaustivamente	os	deveres	do	Estado,	quais	
sejam:	
• A	proteção	da	sociedade	contra	a	violência	e	a	invasão	privada;		
• A	proteção	dos	indivíduos	contra	opressão	de	outrem;	e
	
• A	criação	de	infraestrutura	para	o	desenvolvimento	econômico.		
A	atividade	comercial	e	industrial	no	Brasil	que	era	exercida	pelos	comerciantes,	num	primeiro	
momento	 de	 desenvolvimento	 brasileiro,	 sob	 um	 forte	 contexto	 ideológico	 do	 liberalismo	
político	(constituições	de	1824	e	1891),	passou	a	ser	influenciada	por	normas	programáticas	
para	a	organização	e	planejamento	econômico.	Assim,	a	atividade	produtivasubmete-se	ao	
norteamento	 constitucional	 e	 passa	 a	 ser	 explicitamente	 um	 instrumento	 eficaz	 para	 a	
satisfação	 das	 necessidades	 básicas	 dos	 seres	 humanos.	 Consequentemente,	 por	meio	 da	
disponibilização	e	troca	dos	bens	produzidos,	ela	revigora	o	mercado,	permite	a	extensão	dos	
benefícios	individuais	à	coletividade	e	exercita	a	justiça	social.		
Justiça	Social	na	Constituição	Federal	1988.		
“Art.	 170.	 A	 ordem	 econômica,	 fundada	 na	 valorização	 do	 trabalho	
humano	 e	 na	 livre	 iniciativa,	 tem	 por	 fim	 assegurar	 a	 todos	 existência	
digna,	 conforme	 os	 ditames	 da	 justiça	 social,	 observados	 os	 seguintes	
princípios:	...”
	
A	liberdade	econômica	como	uma	forma	de	satisfação	das	liberdades	individuais	e	da	justiça	
social	foi	mantida	em	todas	as	constituições	brasileiras	pós-1934,	mas	somente	com	a	atual	
Magna	Carta	de	1988	tornou-se	um	fundamento	e,	consequentemente,	elemento	central	da	
ordem	econômica	constitucional.	
O	 legislador	 constituinte	 elegeu	 a	 “livre	 iniciativa”	 e	 a	 “valorização	 do	 trabalho”	 como	
fundamentos	da	ordem	econômica,	que	sustentam	a	pretensão	de	garantir	aos	 indivíduos	
uma	existência	digna,	conforme	os	ditames	da	justiça	social.		
	Sob	 essa	 perspectiva,	 a	 possibilidade	 de	 organizar-se	 em	 sociedades	 para	 a	 exploração	
econômica,	o	direito	de	lançar-se	em	atividades	produtivas	de	bens	e	serviços	por	sua	própria	
conta	e	risco,	o	oferecimento	de	bens	e	serviços	ao	público	consumidor,	a	participação	nos	
 
8 
jogos	concorrenciais	para	a	 conquista	de	clientela	 são	compreendidas	como	expressões	da	
livre	iniciativa	econômica	e	práticas	fundamentais	da	liberdade	individual.		
A	expressão	“constituição	econômica”	nasceu	do	momento	em	que	as	constituições	modernas	
passaram	a	conter	dispositivos	sobre	a	organização	econômica	de	ordem	programática,	tais	
como:	
• Fundamentos	e	princípios	gerais	da	atividade	econômica;		
• Delimitação	básica	 entre	o	domínio	da	 iniciativa	 privada	 e	 a	 intervenção	estatal	 no	
mercado	e		
• Bases	jurídicas	dos	fatores	de	produção.		
Os	limites	da	livre	iniciativa	e	regulamentação	da	atividade	econômica	pelo	Estado	já	foram	
objeto	de	análise	pelo	Superior	Tribunal	de	Justiça	(STJ)	que	assim	ensinou:		
“A	Constituição	Federal,	no	seu	art.	170,	preceitua	que	a	ordem	econômica	
é	 fundada	 na	 valorização	 do	 trabalho	 e	 na	 livre	 iniciativa,	 tendo	 por	
finalidade	assegurar	a	todos	a	existência	digna,	conforme	os	ditames	da	
justiça	social,	observados	os	princípios	que	indica.		
No	 seu	 art.	 174	 pontifica	 que,	 como	 agente	 normativo	 e	 regulador	 da	
atividade	 econômica,	 o	 Estado	 exercerá,	 na	 forma	 da	 lei,	 as	 funções	 de	
fiscalização,	incentivo	e	planejamento.		
Desses	 dispositivos	 resulta	 claro	 que	 o	 Estado	 pode	 atuar	 como	 atente	
regulador	 das	 atividades	 econômicas	 em	 geral,	 sobretudo	 nas	 de	 que	
cuidam	as	empresas	que	atuam	em	um	setor	absolutamente	estratégico,	
daí	 ser	 lícito	 estipular	 os	 preços	 que	 devem	 ser	 por	 elas	 praticados.”	
(Ementário	STJ,	n.	9/303	–	MS	n.	2.887-1	DF;	Rel.	Mi.	César	Asfor	Rocha,	1a	
Seção,	unânime,	Diário	da	Justiça,	13	dez.	1993).	
Desta	 feita,	 verifica-se	 que	 o	 próprio	 legislador	 constituinte,	 em	 pleno	 favor	 da	 eficiência,	
entendeu	ser	salutar	para	o	mercado	a	competição,	sendo	certo	que	ela	tende	a	reduzir	os	
custos	produtivos	e,	consequentemente,	os	preços	para	os	consumidores.	Isso	é	que	se	extrai	
do	 §4o	 do	 art.	 173	 da	 CF	 que	 investiu	 o	 Estado	 dos	 poderes	 de	 repressão	 às	 práticas	
empresariais	 específicas	 caracterizadas	 como	 “abuso	 do	 poder	 econômico	 que	 vise	 à	
dominação	dos	mercados,	à	eliminação	da	concorrência	e	ao	aumento	arbitrário	dos	lucros”.		
Nesse	mesmo	sentido	dispõe	o	§1o	do	art.	36	da	Lei	12.529/2011,	como	segue:		
§1o	A	 conquista	 de	mercado	 resultante	 de	 processo	natural	 fundado	na	
maior	eficiência	de	agente	econômico	em	relação	a	seus	competidores	não	
caracteriza	o	ilícito	previsto	no	inciso	II	do	caput	deste	artigo.”		
Esse	 parágrafo	 afasta	 eventuais	 confusões	 decorrentes	 do	 inciso	 II	 do	 art.	 36	 da	 Lei	
12.529/2011	 que	 caracteriza	 como	 infração	 à	 ordem	 econômica	 os	 atos	 que	 visem	 a	
dominação	de	mercado	relevante	de	bens	e	serviços.	Pela	leitura	do	referido	inciso,	entende-
se	que	dominar	um	determinado	mercado	não	é	por	si	só	um	abuso	do	poder	econômico,	mas	
sim	o	abuso	dessa	dominação	e	os	consequentes	efeitos	negativos	na	concorrência.	
 
9 
Isso	 significa,	mais	uma	vez,	 que	o	 aumento	da	 clientela	dos	empresários	 e	o	 crescimento	
mercadológico	de	uma	sociedade	empresária	não	são	vedados	pela	ordem	econômica	e	leis	
concorrenciais	 (mesmo	 quando	 em	 detrimento	 de	 competidores),	 mas	 tão	 somente	 os	
comportamentos	 nocivos	 que	 impliquem	 alteração	 da	 estrutura	 concorrencial	 de	 um	
mercado,	 que	 levem	 o	 exercício	 de	 posição	 dominante	 de	 forma	 abusiva	 e	 o	 aumento	
arbitrário	de	lucros.	
Cumpre	 salientar,	 aliás,	 que	 as	 regras	 incidentes	 à	 concorrência	 somente	 passaram	 a	 ser	
cogitadas	a	partir	do	momento	que	as	condutas	comerciais	para	a	“conquista	de	clientela”	
foram	acompanhadas	de	embustes,	de	práticas	desleais	com	o	fito	de	eliminar	a	concorrência	
e	reduzir	o	livre	arbítrio	dos	consumidores	na	escolha	dos	produtos	e	serviços.	Ou	seja,	quando	
a	concorrência	ficou	sem	freios.	
A	 nossa	 Constituição	 Econômica,	 portanto,	 encarrega-se	 de	 estatuir	 os	 direitos	 e	 deveres	
daqueles	que,	em	conjunto,	 são	denominados	agentes	econômicos	 (Estado,	 trabalhadores,	
consumidores	e	empresários)	e	seu	conteúdo	engloba	os	princípios	da	atividade	econômica	
(art.	170),	bem	como	as	políticas	urbanas	(art.	182),	agrícola	e	fundiária	(art.	184)	e	o	sistema	
financeiro	nacional	(art.	192).	
A	ordem	econômica	possui	como	principal	documento	a	Constituição	Federal,	de	forma	que	o	
seu	 conteúdo	 econômico	 é	 que	 compõe	 a	 Constituição	 Econômica.	 Num	 olhar	 superficial,	
parece	que	ordem	econômica	é	a	mesma	coisa	que	Constituição	Econômica,	mas	ambas	não	
se	confundem,	pois	a	ordem	econômica	compreende	outras	leis	que	não	apenas	a	Constituição	
Federal.	Adverte-se,	todavia,	que	as	normas	constitucionais	é	que	determinarão	os	limites	para	
a	criação	de	todas	as	normas	produzidas	pela	legislação	infraconstitucional,	o	que	ressalta	a	
importância	da	Constituição	Econômica	como	base	para	todo	o	sistema	jurídico	econômico.	
A	Constituição	de	1988	é	qualificada	como	dirigente	ou	diretiva,	o	que	significa	que	se	dispõe	
constitucionalmente	de	uma	programação	para	a	realização	de	objetivos.	O	caput	do	art.	170	
comprova	 tal	 condição	 quando	 dispõe:	 “A	 ordem	 econômica,	 fundada	 na	 valorização	 do	
trabalho	 humano	 e	 na	 livre-iniciativa,	 tem	 por	 fim	 assegurar	 a	 todos	 existência	 digna,	
conforme	os	ditames	da	justiça	social	(...)”.		
	
Os	fundamentos	da	ordem	econômica	ou	seja,	a	base	de	sustentação	do	sistema	econômico	
são:	a	 liberdade	de	empreender	ou	de	explorar	a	atividade	econômica	(livre-	 iniciativa)	e	a	
valorização	do	trabalho	humano,	que,	de	certa	forma,	é	um	limitador	da	livre-	iniciativa,	mas	
que	com	ela	deve	se	relacionar	para	a	construção	do	sistema	econômico	nacional.	A	existência	
digna	é	a	principal	finalidade	da	ordem	econômica	e	existe,	de	acordo	com	o	regulado	pela	
Constituição,	quando	o	objetivo	da	justiça	social	é	alcançado.		
	
PRINCÍPIOS	GERAIS	DA	ATIVIDADE	ECONÔMICA	
Inicialmente,	importa	notar	que	existem	no	art.	170,	da	CRFB/88,	certos	valores	que	tutelam	
a	ordem	econômica	brasileira,	os	quais	não	se	confundem	com	os	princípios	posteriormente	
elencados.	São	eles:	
 
10 
1. Valorização	do	trabalho	humano;		
2. Livre-iniciativa;		
3. Existência	digna	e;		
4. Justiça	social.	
A	CFRB/88	arrola	os	princípios	da	ordem	econômica	nos	 incisos	do	art.	 170.Segundo	 José	
Afonso	 da	 Silva,	 alguns	 desses	 princípios	 se	 revelam	mais	 tipicamente	 como	 objetivos	 da	
ordem	econômica,	 como	seria	o	caso	da	 redução	das	desigualdades	 regionais	e	 sociais	e	a	
busca	do	pleno	emprego.	Mas	todos	podem	ser	considerados	princípios	na	medida	em	que	
constituem	preceitos	condicionadores	da	atividade	econômica.	
PRINCÍPIOS	CONSTITUCIONAIS	DA	ORDEM	
ECONÔMICA:	Art.	170	CF/88	
Soberania	nacional;	
Propriedade	privada;	
Função	social	da	propriedade;	
Livre	concorrência;	
Defesa	do	consumidor;	
Defesa	 do	 meio	 ambiente,	 inclusive	 mediante	
tratamento	 diferenciado	 conforme	 o	 impacto	
ambiental	dos	produtos	e	serviços	e	de	seus	processos	
de	elaboração	e	prestação;		
Redução	das	desigualdades	regionais	e	sociais;	
Busca	do	pleno	emprego;	
Tratamento	favorecido	para	as	empresas	de	pequeno	
porte	constituídas	sob	as	leis	brasileiras	e	que	tenham	
sua	sede	e	administração	no	País.	
Princípios	explícitos	
Princípio	constitucional	econômico	da	soberania	nacional	
A	 soberania	 nacional	 significa	 supremacia	 no	 plano	 interno	 e	 independência	 no	 plano	
internacional.	Por	sua	vez,	a	soberania	econômica	significa	que	as	decisões	relativas	à	política	
econômica	 a	 serem	 adotadas	 pelo	 País	 devem	 levá-lo	 a	 estabelecer	 uma	 posição	 de	
independência	 em	 relação	 aos	 demais	 países,	 importando	 na	 possibilidade	 de	
autodeterminação	de	sua	política	econômica.	
A	soberania	nacional	(Soberania	Política)	é	um	dos	fundamentos	da	República	Federativa	do	
Brasil	e	do	estado	Democrático	de	Direito	(art.	1º,	I).	
No	art.	170,	 I	da	CF,	temos	novamente	a	Soberania	Nacional,	sendo	que	o	que	se	trata	no	
inciso	I	do	art.	170	da	Constituição	é	a	soberania	nacional	econômica,	visando	estabelecer,	no	
 
11 
plano	externo,	a	independência,	a	coordenação	e	a	não-submissão	em	relação	à	economia	e	
tecnologia	estrangeiras.	A	Soberania	econômica	é	a	atribuição	de	determinar	seu	sistema	
econômico	e	de	dispor	de	seus	recursos	naturais.	
Registre-se,	 outrossim,	 que	 a	 soberania	 política	 (art.	 1,	 I,	 CR	 1988)	 não	 sobrevive	 sem	 a	
soberania	econômica,	havendo	entre	ambas	uma	relação	de	complementação.	De	sorte	que	a	
soberania	 política	 é	 assegurada	na	medida	 em	que	o	 Estado	 goza	 e	 desfruta	da	 soberania	
econômica.	
Esse	 princípio	 está	 fortemente	 corroído	 em	 sua	 conceituação	 tradicional	 pelo	 avanço	 da	
ordem	jurídica	internacional	e	da	globalização.	A	ação	dos	Estados	é	movida	pela	incessante	
busca	de	níveis	de	competitividade	internacional.	Porém,	em	atendimento	a	esse	princípio,	a	
colaboração	internacional	não	pode	chegar	ao	ponto	de	subtrair	do	país	as	possibilidades	de	
autodeterminação.	
Princípio	da	Propriedade	Privada	
A	propriedade	e	o	direito	de	propriedade	não	se	confundem,	sendo	a	propriedade	um	fato	
econômico,	enquanto	que	este	é,	sob	o	aspecto	subjetivo,	o	poder	do	proprietário	sobre	a	
coisa,	o	qual	é	um	dos	direitos	fundamentais	da	pessoa	humana	(art.	5,	XXII,	CFRB/88).	
O	conteúdo	do	direito	de	propriedade	privada	assume	natureza	complexa,	sendo	qualificado,	
por	via	disso,	como	um	direito	fundamental	de	dupla	face	ou	de	duplo	carácter.	Com	efeito,	
o	direito	de	propriedade	privada	assume	no	 seu	 conteúdo	 constitucional	 uma	vertente	ou	
dimensão	objetivo-institucional	 (derivada	 da	 função	 social	 que	 cada	 categoria	 de	 bens	 se	
encontra	 obrigada	 a	 cumprir)	 e,	 simultaneamente,	 uma	 vertente	 subjetiva-individual	 que	
integra	o	conteúdo	essencial	desse	direito.	Essas	duas	vertentes	do	direito	de	propriedade	
privada	não	se	opõem	uma	à	outra,	antes	pelo	contrário,	a	determinação	do	aspecto	objetivo	
não	visa	senão	reforçar	o	aspecto	subjetivo	do	mesmo.	
• Dimensão	objetivo-institucional	–	Função	Social	da	Propriedade	
• Dimensão	subjetiva-individual	–	Domínio	(liberdade	de	ação	sobre	a	coisa)	
Esse	 princípio	 assegura	 aos	 agentes	 econômicos	 direito	 à	 propriedade	 dos	 fatores	 de	
produção	e	circulação	de	bens	em	seus	respectivos	ciclos	econômicos.	
“Se	a	 restrição	ao	direito	de	construir	advinda	da	 limitação	administrativa	
causa	 aniquilamento	 da	 propriedade	 privada,	 resulta,	 em	 favor	 do	
proprietário,	o	direito	à	indenização.	Todavia,	o	direito	de	edificar	é	relativo,	
dado	 que	 condicionado	 à	 função	 social	 da	 propriedade.	 Se	 as	 restrições	
decorrentes	da	limitação	administrativa	preexistiam	à	aquisição	do	terreno,	
assim	já	do	conhecimento	dos	adquirentes,	não	podem	estes,	com	base	em	
tais	restrições,	pedir	 indenização	ao	Poder	Público.”	 (RE	140.436,	rel.	min.	
Carlos	Velloso,	julgamento	em	25-5-1999,	Segunda	Turma,	DJ	de	6-8-1999.)	
No	mesmo	sentido:	AI	526.272-AgR,	rel.	min.	Ellen	Gracie,	julgamento	em	1º-
2-2011,	Segunda	Turma,	DJE	de	22-2-2011.	
	
 
12 
Princípio	da	função	social	da	propriedade	
Introduzido	no	ordenamento	jurídico	brasileiro,	pela	primeira	vez,	com	a	CF/34,	que	assegurou	
o	direito	de	propriedade	com	a	ressalva	de	que	não	poderia	ser	exercido	contra	o	interesse	
social	ou	coletivo.	
A	partir	de	então,	com	exceção	da	CR/1937,	o	valor	função	social	da	propriedade	incorporou-
se	de	vez	à	nossa	experiência	constitucional,	figurando	em	pelo	menos	quatro	dispositivos	da	
CF/88	(art.	5º,	XXIII;	art.	170,	III;	art.	182,	§2º	e	no	caput	d	art.	186),	a	evidenciar	a	preocupação	
em	construir	um	Estado	de	Direito	verdadeiramente	democrático,	no	qual	possuem	a	mesma	
dignidade	constitucional	tanto	os	valores	sociais	do	trabalho	quanto	os	da	livre	iniciativa.	
O	princípio	da	função	social	da	propriedade	não	é	derrogatório	da	propriedade	privada,	mas	
sim	 parte	 integrante	 desta.	 O	 conteúdo	 da	 função	 social	 assume	 papel	 promocional.	 A	
disciplina	das	 formas	de	propriedade	e	 suas	 interpretações	devem	garantir	 e	 promover	os	
valores	sobre	os	quais	se	funda	o	ordenamento.	
O	 princípio	 econômico	 da	 função	 social	 da	 propriedade	 constitui	 o	 fundamento	
constitucional	da	função	social	da	empresa	e	da	função	social	do	contrato.	Busca-se,	por	meio	
da	função	social,	conciliar	o	benefício	individual	com	o	coletivo.	
Assim,	a	função	social	da	propriedade	implica	em	uma	limitação	ao	direito	de	propriedade,	
visando	coibir	abusos	e	evitando	o	seu	exercício	em	detrimento	do	bem-estar	da	sociedade,	
de	 sorte	 que	 a	 propriedade,	 para	 bem	 cumprir	 seu	 papel	 econômico-social,	 deve	
compatibilizar	 os	 interesses	 do	 proprietário,	 da	 sociedade	 e	 do	 Estado,	 afastando	 seu	 uso	
egoístico	e	o	uso	abusivo	do	domínio.	A	propriedade	é,	portanto,	um	meio	para	a	consecução	
de	um	fim	comum:	a	busca	do	bem-estar	social.		
A	autonomia	da	 vontade	do	proprietário	 sempre	 conotou	uma	plena	e	 absoluta	 faculdade	
sobre	os	bens	de	sua	propriedade.	Agora,	a	relação	do	indivíduo	com	a	propriedade,	que	antes	
lhe	serviu	os	interesses	apenas,	passa	a	agregar	também	o	interesse	social.	A	função	social	é	
uma	 função	 limitadora	 da	 autonomia	 privada	 sobre	 os	 bens,	 o	 choque	 dos	 interesses	
pessoais	do	proprietário	com	os	interesses	gerais	da	sociedade	limitará	os	direitos	daquele.		
"Falência	e	recuperação	judicial.	Inexistência	de	ofensa	aos	arts.	1º,	III	e	IV,	6º,	
7º,	 I,	 e	 170,	 da	 CF	 de	 1988.	 (...)	 Inexiste	 reserva	 constitucional	 de	 lei	
complementar	 para	 a	 execução	 dos	 créditos	 trabalhistas	 decorrente	 de	
falência	 ou	 recuperação	 judicial.	 Não	 há,	 também,	 inconstitucionalidade	
quanto	à	ausência	de	sucessão	de	créditos	trabalhistas.	Igualmente	não	existe	
ofensa	 à	 Constituição	 no	 tocante	 ao	 limite	 de	 conversão	 de	 créditos	
trabalhistas	em	quirografários.	Diploma	legal	que	objetiva	prestigiar	a	função	
social	 da	 empresa	 e	 assegurar,	 tanto	 quanto	 possível,	 a	 preservação	 dos	
postos	de	trabalho."	(ADI	3.934,	rel.	min.	Ricardo	Lewandowski,	 julgamento	
em	27-5-2009,	Plenário,	DJE	de	6-11-2009.)	
Princípio	da	livre	concorrência13 
Este	 princípio	 está	 intrinsecamente	 associado	 ao	 princípio	 da	 livre	 iniciativa.	 Teve	 como	
marco	jurídico	e	histórico	o	Decreto	de	Allarde	(França	-1791),	Competition	Act	(Canadá	–	
1889)	e	Sherman	Act	(EUA	–	1890).	
A	 livre	 iniciativa	 é	 a	 projeção	 da	 liberdade	 individual	 no	 plano	 da	 produção,	 circulação	 e	
distribuição	 de	 riquezas,	 assegurando	 não	 apenas	 a	 livre	 escolha	 das	 profissões	 e	 das	
atividades	 econômicas,	 mas	 também	 a	 autonomia	 na	 eleição	 dos	 processos	 ou	 meios	 de	
produção.	Abrange	a	liberdade	de	fins	e	meios.	Já	o	conceito	de	livre	concorrência	tem	caráter	
instrumental,	 significando	 que	 a	 fixação	 dos	 preços	 das	 mercadorias	 e	 serviços	 não	 deve	
resultar	de	atos	cogentes	da	atividade	administrativa.	
Consiste,	conforme	Leonardo	Vizeu	Figueiredo,	em	proteção	conferida	pelo	Estado	ao	devido	
processo	competitivo,	a	fim	de	garantir	que	toda	e	qualquer	pessoa	que	esteja	em	condições	
possa	 livremente	 entrar,	 permanecer	 e	 sair	 do	 ciclo	 econômico.	 Para	Miguel	 Reale,	 a	 livre	
concorrência	 significa	 a	 possibilidade	 de	 os	 dirigentes	 econômicos	 poderem	 atuar	 sem	
embaraços	juridicamente	justificáveis,	visando	à	produção,	à	circulação	e	ao	consumo	de	bens	
e	serviços.	
A	CFRB/88	adota	o	modelo	liberal	do	processo	econômico,	que	só	admite	a	intervenção	do	
Estado	para	coibir	abusos	e	preservar	a	livre	concorrência	de	quaisquer	interferências,	quer	
do	 próprio	 Estado,	 quer	 do	 embate	 das	 forças	 competitivas	 privadas	 que	 podem	 levar	 à	
formação	dos	monopólios	e	ao	abuso	do	poder	econômico	visando	ao	aumento	arbitrário	dos	
lucros.	
Paula	Forgioni,	efetuando	breve	histórico,	assinala	que	a	concorrência	no	Brasil	se	operou	
em	 momentos	 distintos	 de	 acordo	 com	 o	 ambiente	 político-econômico	 atuante	 na	
economia:	
a)	Momento	fiscalista.	Do	período	colonialismo	até	a	transferência	da	Coroa	para	o	Brasil	em	
1808,	vigorou	uma	política	eminentemente	fiscalista,	quando	então	se	buscava	apenas	a	renda	
dos	impostos	decorrentes	das	atividades	comerciais	aqui	existentes.	Não	havia	concorrência.	
Havia	 controle	 sobre	 quais	 produtos	 deviam	 ser	 produzidos	 e	 as	 respectivas	 quantidades	
máximas.	 Além	 disso,	 todos	 os	 produtos	 eram	 entregues	 a	 Portugal	 pelo	 preço	 por	 este	
estipulado;	
b)	Momento	da	orientação	econômica	e	social.	Com	a	vida	da	Família	Real	portuguesa	iniciou-
se	um	período	de	 transformações	sociais	e	econômicas,	marcadas	estas	pela	 liberação	dos	
portos	aos	Estados	estrangeiros	aliados.	Foi	a	época	da	criação	do	Banco	do	Brasil.	A	vinculação	
à	 Portugal,	 contudo,	 ainda	 imperava.	 A	 intervenção	 estatal	 no	 domínio	 econômico	 era	
preponderante,	 considerando	 que	 até	 a	 produção	 era	 controlada	 pelo	 Estado.	 Havia	 uma	
limitação	à	concorrência.	
c)	 Momento	 Pós-independência.	 Com	 a	 independência	 do	 Brasil,	 criou-se	 um	 ambiente	
propício	 para	 se	 germinar	 o	 desenvolvimento	 liberal	 da	 economia,	 o	 que	 proporcionou	 a	
concentração	 de	 capitais,	 com,	 consequentemente,	 desnível	 social.	 O	 Brasil	 mantinha	 a	
intervenção	estatal.	Manteve-se	a	certa	limitação	à	concorrência,	mas	por	outro	lado,	a	livre	
concorrência	era	essencial	ao	florescimento	do	novo	país.	
 
14 
d)	Período	interventivo.	Com	a	crise	econômica	americana	de	1929,	que	atingiu	o	Brasil	se	
estendeu	 durante	 toda	 a	 década	 de	 30,	 foi	 necessária	 forte	 intervenção	 do	 Estado,	
principalmente	na	agricultura.	Segundo	Forgioni,	durante	esse	período	houve	um	aumento	
quantitativo	 da	 intervenção,	 objetivando	 a	 prevenção	 de	 novas	 crises	 com	 seus	 efeitos	
devastadores.	 No	 período,	 entretanto,	 não	 houve	 qualquer	 lei	 que	 regulasse	 o	 processo	
competitivo,	sob	a	visão	do	antitruste,	já	que	a	regulação	que	existia	entre	a	limitação	sob	a	
ótica	individual,	como	é	exemplo	o	Código	de	Propriedade	Industrial.	
Ainda	 segundo	 essa	 autora,	 a	 política	 anti-concorrencial	 no	 Brasil	 cresceu	 não	 a	 partir	 da	
manutenção	 da	 liberdade	 econômica,	 mas	 como	 forma	 de	 limitação	 do	 abuso	 de	 poder	
econômico.		
e)	 Início	 da	 regulação	 do	 antitruste.	 	 Com	 a	 edição	 do	 Decreto-Lei	 nº	 7.666/45,	 a	
regulamentação	ao	abuso	do	poder	econômico	tomou	forma	específica	e	sistemática.	Com	
esse	 diploma	 foi	 criada	 a	 Comissão	 Administrativa	 de	 Defesa	 Econômica	 –	 CADE,	 órgão	
vinculado	e	subordinado	ao	Poder	Executivo,	circunstância	que	limitava	e	politizava	o	controle.	
Referida	norma	somente	perdurou	por	3	(três)	meses.	Pode-se	dizer,	portanto,	que	não	havia	
limitação	à	concorrência,	senão	sob	uma	ótica	individualista.	
f)	 O	 sistema	 brasileiro	 atual	 do	 antitruste.	 Iniciado	 sob	 a	 égide	 da	 Carta	 de	 1946	 foi	
paulatinamente	 sendo	 desenvolvido.	 Durante	 a	 Constituição	 de	 1946,	 apesar	 de	 erigido	 a	
norma	 constitucional,	 não	 possuía	 a	 dimensão	 socioeconômica	 atual.	 Criou-se,	 em	 1962	 o	
CADE,	Conselho	Administrativo	de	Defesa	Econômica.	Somente	com	a	Constituição	de	1988,	
contudo,	a	matéria	foi	alçada	a	princípio	e	o	CADE	passou	a	deter	maior	 independência	do	
Poder	Executivo,	mediante	sua	qualificação	como	autarquia.	
Assim,	a	fixação	de	preços	e	a	percepção	de	lucros	não	devem	ser,	em	regra,	alvo	de	controle	
pelo	Estado,	dentro	do	Estado	liberal	vigente,	considerando	que	as	próprias	forças	de	mercado	
são	 suficientes	 para	 a	 regularização	 de	 preços.	 Tais	 forças,	 evidentemente,	 pressupõem	
desigualdades	entre	as	entidades	econômicas.	
Destaque-se	que	apesar	de	o	texto	constitucional	falar	em	livre	iniciativa	e	livre	concorrência,	
Paula	Forgioni,	citando	Eros	Roberto	Grau,	sustenta	que	aquela	é	gênero	da	qual	é	espécie	a	
livre	concorrência,	juntamente	com	a	liberdade	de	comércio	e	da	indústria.	
No	 âmbito	 infraconstitucional,	 a	 Lei	 nº	 12.529/2011	 tutela	 a	 livre	 iniciativa	 (e	
consequentemente	a	livre	concorrência).	
Ressalte-se	 que,	 porém,	 não	 é	 a	 simples	 concentração	 de	mercado,	 por	 si	 só,	 a	 razão	 do	
controle.	 A	 concentração	 e	 a	 restrição	 à	 concorrência	 baseada	 nas	 melhorias	 técnicas	 e	
desenvolvimento	 tecnológico	 são	 permitidas	 (são	 as	 chamadas	 válvulas	 de	 escape,	 na	
nomenclatura	adotada	por	Forgioni).	
Os	 dispositivos	 visam	 tutelar	 a	 livre	 concorrência,	 protegendo-a	 contra	 a	 tendência	 da	
concentração	capitalista,	cabendo	ao	Estado	intervir	somente	para	coibir	o	abuso,	quando	a	
concentração	 é	 exercida	 de	 forma	 antissocial,	 de	 forma	 a	 prejudicar	 a	 livre	 concorrência.	
Quando	o	 poder	 econômico	passa	 a	 ser	 usado	 com	o	propósito	 de	 impedir	 a	 iniciativa	 de	
 
15 
outros	ou	passa	 a	 ser	 fator	 concorrente	para	o	 aumento	 arbitrário	de	 lucros,	 o	 abuso	 fica	
manifesto.	
Dessa	forma,	como	assinala	Paula	Forgioni,	a	concorrência	não	deve	ser	perseguida	como	um	
fim	em	si	mesma,	podendo	ser	sacrificada	para	que	seja	atingido	o	escopo	maior	de	todo	o	
sistema.	
O	texto	da	CFRB/88	não	deixa	dúvidas	quanto	ao	fato	da	concorrência	ser,	entre	nós	um	meio,	
um	instrumento	para	o	alcance	de	outro	bem	maior,	de	assegurar	a	todos	existência	digna,	
conforme	os	ditames	da	justiça	social.		
Nesse	 passo,	 até	 algumas	 práticas	 estatais,	 apesar	 de	 aparentar	 regular	 determinados	
aspectos	da	atuação	da	sociedade,	acabam	por	limitar	a	concorrência.	A	propósito,	destaca-se	
o	enunciado	n.	646	da	súmula	do	STF,	convertida	para	Súmula	Vinculante	nº	49:	
Súmula	 Vinculante	 nº	 49:	 Ofende	 o	 princípio	 da	 livre	 concorrência	 lei	
municipal	 que	 impede	 a	 instalação	 de	 estabelecimentos	 comerciais	 do	
mesmo	ramo	em	determinada	área	
Os	 precedentes	 que	 embasaram	 a	 súmula	 se	 referiam	 às	 farmácias,	 representando	 uma	
indevida	reserva	de	mercado.	Havendo	outros	motivos	igualmente	relevantes,	nada	impede	a	
estipulação	de	distância	mínima,	como	ocorre	comos	postos	de	combustíveis,	em	razão	do	
risco	de	explosões,	sendo	um	setor	fortemente	regulado	pelo	Estado.	
Quanto	 a	 essas	 conversões	 em	 súmulas	 vinculantes,	 critica-se	 devido	 a	 ausência	 de	
controvérsia	 atual	 que	 acarrete	 grave	 insegurança	 jurídica	 e	 relevante	 multiplicação	 de	
processos,	tal	como	exige	a	CR/88.		
Lado	outro,	importante	observar	também	o	enunciado	n.	419	da	súmula	do	STF:	
Enunciado	n.	419	da	súmula	do	STF:	Os	municípios	têm	competência	para	
regular	o	horário	do	comércio	local,	desde	que	não	infrinjam	leis	estaduais	
ou	federais	válidas.	
Essa	súmula	foi	materialmente	substituída	(embora	não	formalmente	cancelada)	pela	Súmula	
645	do	STF,	recentemente	convertida	na	SV	38,	com	a	seguinte	redação:	“É	competente	o	
município	para	fixar	o	horário	de	funcionamento	de	estabelecimento	comercial”.	
Súmula	Vinculante	38,	com	a	seguinte	redação:	“É	competente	o	município	
para	fixar	o	horário	de	funcionamento	de	estabelecimento	comercial”.	
Observe	que	o	Supremo	não	exige	mais	a	não	contradição	com	leis	estaduais	ou	federais.	Isso	
porque	o	fundamento	é	a	competência	legislativa	privativa	para	assuntos	de	interesse	local	
(art.	30,	I),	não	mera	competência	concorrente	suplementar	(art.	24,	I	c/c	art.	30,	II	=	direito	
econômico).	De	toda	 forma,	há	quem	diga	que	a	supressão	na	parte	 final	não	representou	
mudança.		
A	exceção	é	o	horário	de	atendimento	bancário	que,	por	necessidade	de	
padronização	 nacional	 e	 por	 se	 tratar	 de	 atividade	 financeira,	 é	
 
16 
competência	da	União,	consoante	Súmula	19	do	STJ.	A	fixação	do	horário	
bancário,	para	atendimento	ao	público,	é	da	competência	da	União.	
Não	 obstante,	 a	 jurisprudência	 reconhece	 a	 competência	 do	 Município	 para	 estabelecer	
tempo	máximo	de	espera	na	fila	do	banco,	aproximando-se	da	proteção	ao	consumidor	e	não	
regulação	da	própria	atividade	econômica.		
Ressalte-se	que	o	controle	da	concorrência	atualmente	empregado	tem	distinção	com	relação	
ao	liberalismo	clássico,	na	medida	em	que	aquele	é	qualificado	pela	influência	social	enquanto	
este	era	marcado	pelo	simples	aspecto	econômico.	
Sobre	o	tema	da	livre	iniciativa,	ainda	importa	notar	os	importantes	julgados	do	STF:	
Tributário.	Norma	local	que	condiciona	a	concessão	de	regime	especial	de	
tributação	à	apresentação	de	CND.	Meio	 indireto	de	 cobrança	de	 tributo.	
Ofensa	 ao	 princípio	 da	 livre	 atividade	 econômica.	 (AI	 798.210-AgR,	 Rel.	
Min.	Gilmar	Mendes,	julgamento	em	8-5-2012,	Segunda	Turma,	DJE	de	24-5-
2012.)	
É	 INCONSTITUCIONAL	 a	 lei	 que	 exija	 que	 a	 empresa	 em	 débito	 com	 a	
Fazenda	 Pública	 tenha	 que	 oferecer	 uma	 garantia	 (ex:	 fiança)	 para	 que	
possa	emitir	notas	fiscais.	Tal	previsão	configura	“sanção	política”	(cobrança	
do	tributo	por	vias	oblíquas),	o	que	viola	as	garantias	do	livre	exercício	do	
trabalho,	ofício	ou	profissão	(art.	5º,	XIII),	da	atividade	econômica	(art.	170,	
parágrafo	único)	e	do	devido	processo	legal	(art.	5º,	LIV).	STF.	Plenário.	RE	
565048/RS,	 Rel.	 Min.	 Marco	 Aurélio,	 julgado	 em	 29/5/2014.	 Embora	 as	
condicionantes	tributárias	para	o	exercício	da	atividade	empresarial	sejam	
repelidas	pelo	STF,	há	precedentes	quanto	a	 indústria	de	 cigarro,	no	qual	
legitima-se	a	cassação	da	autorização	por	não	recolhimento	do	IPI.	Segundo	
o	STF,	a	sonegação	reiterada	e	sistemática	atenta	contra	a	livre	concorrência,	
permitindo	a	venda	de	produto	em	condição	privilegiada	frente	aos	demais	
agentes	econômicos	do	setor.	Nesse	caso	não	se	trata	de	sanção	política.	
	
EXTRAORDINÁRIO.	 TRIBUTÁRIO.	 ICMS.	 IMPOSSIBILIDADE	 DE	 IMPOR	 AO	
CONTRIBUINTE	 INADIMPLENTE	 A	 OBRIGAÇÃO	 DO	 RECOLHIMENTO	
ANTECIPADO	DO	TRIBUTO.	FORMA	OBLÍQUA	DE	COBRANÇA.	VIOLAÇÃO	AOS	
PRÍNCIPIOS	 DA	 LIVRE	 CONCORRÊNCIA	 E	 DA	 LIBERDADE	 DE	 TRABALHO	 E	
COMÉRCIO.	AGRAVO	IMPROVIDO.		
I	 –	 Impor	 ao	 contribuinte	 inadimplente	 a	 obrigação	 de	 recolhimento	
antecipado	do	ICMS,	como	meio	coercitivo	para	pagamento	do	débito	fiscal,	
importa	em	forma	oblíqua	de	cobrança	de	tributo	e	em	contrariedade	aos	
princípios	 da	 livre	 concorrência	 e	 da	 liberdade	 de	 trabalho	 e	 comércio.	
Precedentes.		
 
17 
O	princípio	da	livre	concorrência	impõe	ao	Estado	abrigar	uma	ordem	econômica	fundada	na	
rivalidade	dos	entes	exploradores	do	mercado.	Segundo	esse	princípio,	o	mercado	deve	ser	
explorado	 pela	 maior	 quantidade	 de	 agentes	 possíveis,	 não	 que	 se	 exijam	 quantidades	
exorbitantes	de	agentes,	mas	o	Direito	deve	garantir	a	entrada	e	a	capacidade	de	concorrer	a	
quem	queira	explorá-lo.	
O	mercado	sem	concorrência	geralmente	produz,	entre	outros,	os	seguintes	efeitos:		
1. imposição	de	preços;
	
2. imposição	de	produtos;
	
3. despreocupação	com	os	custos	de	produção;		
4. falta	de	investimentos	em	melhora	do	produto.		
A	 existência	 de	 concorrência,	 além	 de	 impulsionar	 a	 eficiência	 do	 mercado,	 permite	 ao	
consumidor	a	 faculdade	de	comprar	aquilo	que	melhor	 lhe	 convém,	o	que	não	ocorre	nos	
mercados	concentrados,	nos	quais	resta	ao	consumidor	apenas	a	alternativa	de	não	comprar.		
	
Princípio	da	defesa	do	consumidor	
Segundo	ensina	Leonardo	Vizeu	Figueiredo,	o	princípio	da	defesa	do	consumidor	é	corolário	
do	princípio	da	 livre	concorrência,	sendo	ambos	os	princípios	de	 integração	e	de	defesa	do	
mercado,	uma	vez	que	este	se	compõe	de	fornecedores	e	consumidores.	
Há,	pois,	que	se	buscar	equilíbrio	entre	as	empresas	que	atuam	no	mercado	e	entre	essas	e	os	
consumidores.	 A	 livre	 concorrência	 constitui	 relevante	 princípio	 da	 atividade	 econômica,	
propiciando	a	 competição	entre	os	agentes	econômicos,	 sendo	certo	que	essa	 competição	
tende	a	gerar	inegáveis	benefícios	aos	consumidores.	
"O	 princípio	 da	 defesa	 do	 consumidor	 se	 aplica	 a	 todo	 o	 capítulo	
constitucional	da	atividade	econômica.	Afastam-se	as	normas	especiais	do	
Código	 Brasileiro	 da	 Aeronáutica	 e	 da	 Convenção	 de	 Varsóvia	 quando	
implicarem	 retrocesso	 social	 ou	 vilipêndio	 aos	 direitos	 assegurados	 pelo	
Código	 de	 Defesa	 do	 Consumidor."	 (RE	 351.750,	 rel.	 p/	 o	 ac.	 min.	 Ayres	
Britto,	julgamento	em	17-3-2009,	Primeira		Turma,	DJE	de	25-9-2009).	Vide:	
RE	575.803-AgR,	rel.	min.	Cezar	Peluso,	julgamento	em	1º-12-2009,	Segunda	
Turma,	DJE	de	18-12-2009.	
Aparenta	inconstitucionalidade	a	resolução	de	autoridade	estadual	que,	sob	
pretexto	 do	 exercício	 do	 poder	 de	 polícia,	 discipline	 horário	 de	
funcionamento	 de	 estabelecimentos	 comerciais,	 matéria	 de	 consumo	 e	
assuntos	análogos."	(ADI	3.731-MC,	rel.	min.	Cezar	Peluso,	 julgamento	em	
29-8-2007,	Plenário,	DJ	de	11-10-2007.)	
 
18 
“As	instituições	financeiras	estão,	todas	elas,	alcançadas	pela	incidência	das	
normas	 veiculadas	 pelo	 Código	 de	 Defesa	 do	 Consumidor.	 ‘Consumidor’,	
para	os	efeitos	do	Código	de	Defesa	do	Consumidor,	é	toda	pessoa	física	ou	
jurídica	que	utiliza,	como	destinatário	final,	atividade	bancária,	financeira	e	
de	crédito."	(ADI	2.591-ED,	rel.	min.	Eros	Grau,	julgamento	em	14-12-2006,	
Plenário,	DJ	de	13-4-2007.)	No	mesmo	sentido:	AI	745.853-AgR,	rel.	min.	Luiz	
Fux,	julgamento	em	20-3-2012,	Primeira	Turma,	DJE	de	17-4-2012.	
Farmácia.	Fixação	de	horário	de	funcionamento.	Assunto	de	interesse	local.	
A	 fixação	 de	 horário	 de	 funcionamento	 para	 o	 comércio	 dentro	 da	 área	
municipal	pode	ser	feita	por	lei	local,	visando	o	interesse	do	consumidor	e	
evitando	a	dominação	do	mercado	por	oligopólio.”	(RE	189.170,	rel.	p/	o	ac.	
min.	Maurício	Corrêa,	julgamento	em	1º-2-2001,	Plenário,	DJ	de	8-8-2003.)	
No	mesmo	sentido:	AI	729.307-ED,	rel.	min.	Cármen	Lúcia,	 julgamento	em	
27-10-2009,	Primeira	Turma,	DJE	de	4-12-2009.	
	
Princípio	da	defesa	do	meio	ambiente	
Esse	 princípio	 diz	 respeito	 à	utilização	 racional	 dos	 bens	 e	 fatores	 de	 produção	 naturais,	
escassos	no	meio	em	que	habitamos,	o	que	exigea	conjugação	equilibrada	entre	os	fatores	de	
produção	e	o	meio	ambiente,	que	é	o	que	se	tem	designado	por	desenvolvimento	sustentável.	
COP	 21	 (O	 foco	 é	 o	 aquecimento	 global	 e	 os	 eventos	 climáticos	 decorrentes,	 tenta	 obter	
adesão	dos	Estados	para	tornar	as	metas	obrigatórias,	ao	contrário	da	soft	law	da	RIO	92	e	
RIO+20).	
Ou	seja,	a	exploração	econômica	há	de	ser	 realizada	dentro	dos	 limites	de	capacidade	dos	
ecossistemas,	 resguardando	 a	 possibilidade	 de	 renovação	 dos	 recursos	 renováveis	 e	
explorando	de	forma	não	predatória	os	não	renováveis.	
A	proteção	ao	meio	ambiente	configura	um	dos	princípios	que	bem	demonstram	a	técnica	
legislativa	 utilizada	 na	 redação	 da	 ordem	 econômica	 na	 Constituição,	 na	 sua	 função	 de	
equilibrar	princípios-liberdade	da	atividade	econômica,	como	a	 livre	 -iniciativa	e	princípios-
limitação	da	atividade	econômica.	
O	Estado	deve	regular	a	exploração	econômica	tendo	a	defesa	do	meio	ambiente	como	uma	
das	mais	importantes	formas	de	desenvolvimento	social,	principalmente	dos	recursos	naturais	
esgotáveis.		
O	 direito	 ambiental,	 hoje,	 faz	 parte	 das	 discussões	 econômicas	 devido	 ao	 chamado	
crescimento	sustentável,	segundo	o	qual	só	há	desenvolvimento	se	o	resultado	da	produção	
econômica,	principalmente	a	longo	prazo,	não	venha	a	comprometer	a	existência	de	recursos	
naturais	 necessários	 e	 a	 própria	 possibilidade	 da	 raça	 humana	 sobreviver	 nos	 próximos	
tempos.		
“A	 atividade	 econômica	 não	 pode	 ser	 exercida	 em	 desarmonia	 com	 os	
princípios	 destinados	 a	 tornar	 efetiva	 a	 proteção	 ao	 meio	 ambiente.	 A	
incolumidade	do	meio	ambiente	não	pode	ser	comprometida	por	interesses	
 
19 
empresariais	 nem	 ficar	 dependente	 de	motivações	 de	 índole	meramente	
econômica,	 ainda	 mais	 se	 se	 tiver	 presente	 que	 a	 atividade	 econômica,	
considerada	a	disciplina	constitucional	que	a	rege,	está	subordinada,	dentre	
outros	princípios	gerais,	àquele	que	privilegia	a	‘defesa	do	meio	ambiente’	
(CF,	art.	<170>,	VI),	que	traduz	conceito	amplo	e	abrangente	das	noções	de	
meio	 ambiente	 natural,	 de	 meio	 ambiente	 cultural,	 de	 meio	 ambiente	
artificial	 (espaço	 urbano)	 e	 de	 meio	 ambiente	 laboral.	 Doutrina.	 Os	
instrumentos	 jurídicos	 de	 caráter	 legal	 e	 de	 natureza	 constitucional	
objetivam	 viabilizar	 a	 tutela	 efetiva	 do	meio	 ambiente,	 para	 que	 não	 se	
alterem	 as	 propriedades	 e	 os	 atributos	 que	 lhe	 são	 inerentes,	 o	 que	
provocaria	 inaceitável	 comprometimento	 da	 saúde,	 segurança,	 cultura,	
trabalho	e	bem-estar	da	população,	além	de	causar	graves	danos	ecológicos	
ao	 patrimônio	 ambiental,	 considerado	 este	 em	 seu	 aspecto	 físico	 ou	
natural.”	(ADI	3.540-MC,	rel.	min.	Celso	de	Mello,	julgamento	em	1º-9-2005,	
Plenário,	DJ	de	3-2-2006.)	
Redução	das	desigualdades	regionais	e	sociais	
O	 mandamento	 do	 princípio	 é	 o	 do	 desenvolvimento	 equilibrado	 das	 regiões	 brasileiras	
previsto,	 inclusive,	 como	 um	 dos	 objetivos	 fundamentais	 da	 República	 (art.	 3.o	 da	 CF).	 O	
legislador	parte	de	uma	 constatação,	 que	é	o	 subdesenvolvimento	acentuado	em	algumas	
regiões	brasileiras.	
	A	própria	Constituição	Federal	possui	institutos	cuja	finalidade	é	a	redução	das	desigualdades	
sociais,	como:	o	modelo	cooperativo	de	federalismo	(federalismo	de	cooperação),	os	fundos	
de	participação,	o	planejamento	e	a	criação	de	regiões	administrativas		
A	redução	das	desigualdades	regionais	e	sociais	constitui	objetivo	fundamental	da	república	e	
deve	ser	perseguido	pela	política	econômica	adotada.	Compete	à	União	elaborar	e	executar	
planos	nacionais	e	regionais	de	ordenação	do	território	e	de	desenvolvimento	econômico	e	
social	(art.	21,	 IX,	CFRB/88)	e	a	 lei	de	diretrizes	e	bases	deve	incorporar	e	compatibilizar	os	
planos	nacionais	e	regionais	(art.	174,	§1º).	
Dentre	os	mecanismos	previstos	na	CFRB/88	para	a	redução	das	desigualdades	regionais	estão	
os	incentivos	tributários	e	orçamentários	(art.	43	e	165,	§1º).	Os	direitos	sociais	previstos	no	
art.	6º	da	CF	constituem	parâmetros	para	a	aferição	da	desigualdade	no	país.	
Princípio	da	busca	do	pleno	emprego	
A	busca	pelo	pleno	emprego	busca	propiciar	trabalho	para	aqueles	que	estejam	em	condições	
de	exercer	uma	atividade	produtiva,	trata-se	de	princípio	diretivo	da	atividade	econômica	que	
se	opõe	às	políticas	recessivas.	
Para	Eros	Roberto	Grau,	 esse	princípio	consubstancia	uma	garantia	para	o	 trabalhador,	na	
medida	em	que	está	coligado	ao	valor	da	valorização	do	trabalho	humano	e	reflete	efeitos	em	
relação	ao	direito	social	do	trabalho.	
Neste	 sentido,	 Eugênio	 Rosa	 de	 Araújo	 salienta	 que	 este	 princípio	 tem	 caráter	 de	 norma	
programática,	 contendo,	 no	mínimo,	 eficácia	 negativa,	 no	 sentido	de	 impedir	 a	 adoção	de	
 
20 
políticas	econômicas	e	salariais	recessivas	e	geradoras	de	desemprego	e	subemprego	ou	que	
desestimulem	 a	 ocorrência	 de	 quaisquer	 ocupações	 lícitas,	 bem	 como	 impõem	 ao	 setor	
privado	o	respeito	aos	direitos	sociais	e	trabalhistas	(arts.	6º	e	7º,	CFRB/88).	
Princípio	do	tratamento	favorecidos	para	as	empresas	de	pequeno	porte	constituídas	sob	as	
leis	brasileiras	e	que	tenham	sua	sede	e	administração	no	país	
Cuida-se	de	princípio	constitucional	impositivo	de	caráter	conformador.	Por	seu	turno,	o	art.	
179	determina	que	todos	os	entes	da	Federação	dispensarão	as	M.E.s	e	E.P.P.s	tratamento	
jurídico	diferenciado.	Às	M.E.s	haverá	de	se	outorgar	um	tratamento	mais	favorecido	do	que	
às	E.P.P.s	e	a	essas,	um	tratamento	mais	favorecido	que	as	empresas	em	geral.	
A	LC	147/14	promoveu	uma	série	de	alterações	legislativas.	Na	Lei	de	Falências	(11.101/05),	
por	ex.,	instituiu	uma	nova	classe	de	credores	para	as	deliberações	da	assembleia	e	ampliou	o	
plano	 especial	 de	 recuperação	 judicial	 que	 antes	 admitia	 apenas	 créditos	 quirografários	 e	
agora	pode	todos	(tem	exceções,	ex.:	fiscais).	Na	LC	123/06,	o	acesso	aos	mercados;	quanto	às	
licitações	 houve	 ampliação,	 por	 ex.	 obrigando	 Estados	 e	 Municípios	 a	 aplicação	 imediata	
independente	de	regulamento	próprio	e	extensão	para	as	licitações	dispensáveis	em	razão	do	
valor;	quanto	ao	mercado	externo,	criou	um	novo	regime	especial	aduaneiro.	
“O	Simples	Nacional	surgiu	da	premente	necessidade	de	se	fazer	com	que	o	
sistema	 tributário	 nacional	 concretizasse	 as	 diretrizes	 constitucionais	 do	
favorecimento	às	microempresas	e	às	empresas	de	pequeno	porte.	A	LC	123,	
de	14-12-2006,	em	consonância	com	as	diretrizes	traçadas	pelos	arts.	146,	
III,	d,	e	parágrafo	único;	170,	IX;	e	179	da	CF,	visa	à	simplificação	e	à	redução	
das	obrigações	dessas	empresas,	conferindo	a	elas	um	tratamento	jurídico	
diferenciado,	o	qual	guarda,	ainda,	perfeita	consonância	com	os	princípios	
da	capacidade	contributiva	e	da	isonomia.	Ausência	de	afronta	ao	princípio	
da	 isonomia	 tributária.	 O	 regime	 foi	 criado	 para	 diferenciar,	 em	 iguais	
condições,	os	empreendedores	com	menor	capacidade	contributiva	e	menor	
poder	econômico,	sendo	desarrazoado	que,	nesse	universo	de	contribuintes,	
se	 favoreçam	 aqueles	 em	 débito	 com	 os	 fiscos	 pertinentes,	 os	 quais	
participariam	 do	 mercado	 com	 uma	 vantagem	 competitiva	 em	 relação	
àqueles	que	cumprem	pontualmente	com	suas	obrigações.	A	condicionante	
do	inciso	V	do	art.	17	da	LC	123/2006	não	se	caracteriza,	a	priori,	como	fator	
de	 desequilíbrio	 concorrencial,	 pois	 se	 constitui	 em	 exigência	 imposta	 a	
todas	 as	 pequenas	 e	 microempresas	 (MPE),	 bem	 como	 a	 todos	 os	
microempreendedores	 individuais	 (MEI),	devendo	ser	contextualizada,	por	
representar,	também,	forma	indireta	de	se	reprovar	a	infração	das	leis	fiscais	
e	 de	 se	 garantir	 a	 neutralidade,	 com	 enfoque	 na	 livre	 concorrência.	 A	
presente	hipótese	não	se	confunde	com	aquelas	fixadas	nas	Súmulas	70,	323	
e	547	do	STF,	porquanto	aespécie	não	se	caracteriza	como	meio	ilícito	de	
coação	 a	 pagamento	 de	 tributo,	 nem	 como	 restrição	 desproporcional	 e	
desarrazoada	ao	exercício	da	atividade	econômica.	Não	se	trata,	na	espécie,	
de	 forma	 de	 cobrança	 indireta	 de	 tributo,	 mas	 de	 requisito	 para	 fins	 de	
fruição	a	regime	tributário	diferenciado	e	facultativo.”	(RE	627.543,	rel.	min.	
 
21 
Dias	Toffoli,	 julgamento	em	30-10-2013,	Plenário,	DJE	de	29-10-2014,	com	
repercussão	geral.)	
	
Princípios	implícitos	
Princípio	da	subsidiariedade	
O	Poder	Público	atua	subsidiariamente	à	iniciativa	privada	na	ordem	econômica.	
A	 intervenção	 direta	 somente	 se	 dará	 em	 casos	 expressamente	 previstos	 no	 texto	
constitucional,	 ocorrendo	 por	 absorção,	 quando	 o	 regime	 for	 de	 monopólio	 ou	 por	
participação,	em	casos	de	imperativo	para	segurança	nacional	ou	relevante	interesse	público.	
Sobre	o	tema,	recentemente	o	STF	decidiu	que	intervenção	no	domínio	econômico	(instituição	
de	 plano	 econômico),	 em	que	pese	 ser	 ato	 lícito,	 pode	 ensejar	 a	 responsabilidade	 civil	 do	
Estado	–	caso	Varig	(RE	571969/DF	–	info	738,	STF).		
A	 responsabilidade	 do	 Estado	 pela	 prática	 de	 atos	 lícitos	 ocorre	 quando	 deles	 decorram	
prejuízos	específicos,	expressos	e	demonstrados.	
STF	reconheceu	que	a	União	deve	indenizar	companhia	aérea,	que	explorava	
os	serviços	de	aviação,	sob	o	regime	de	concessão,	pelos	prejuízos	causados	
decorrentes	 de	 plano	 econômico	 que	 determinou	 o	 congelamento	 das	
tarifas	 de	 aviação.	 STF.	 Plenário.	 RE	 571969/DF,	 Rel.	 Min.	 Cármen	 Lúcia,	
julgado	em	12/3/2014.	
	
Princípio	da	liberdade	econômica	
A	 liberdade	de	 iniciativa	no	campo	econômico	compreende	a	 liberdade	de	 trabalho	e	de	
empreender.	Pressupõe	o	direito	de	propriedade	e	a	liberdade	de	contratar.	Decorre	da	livre	
iniciativa,	prevista	como	fundamento	da	República	(art.	1º,	IV,	CF).	O	direito	ao	livre	exercício	
da	atividade	econômica	é	consequência	do	princípio	da	livre	iniciativa.	
Limites:	 o	 Estado	 poderá,	 nos	 termos	 da	 lei,	 disciplinar	 o	 exercício	 desse	 direito.	 Citamos	
algumas	formas	de	limitação:		
1. Autorização	para	o	exercício	de	determinadas	atividades;		
2. Intervenção	 direta	 na	 atividade	 econômica,	 nas	 hipóteses	 de	 relevante	 interesse	
coletivo	ou	em	razão	da	segurança	nacional;		
3. Punição	 de	 atos	 praticados	 contra	 a	 ordem	 econômica	 e	 financeira	 e	 contra	 a	
economia	popular	e	reprimindo	o	abuso	do	poder	econômico	que	visem	à	dominação	
dos	mercados,	à	eliminação	da	concorrência	e	ao	aumento	arbitrário	dos	lucros.		
Tais	limitações	têm	por	fim	garantir	a	realização	da	justiça	social	e	do	bem-estar	coletivo.	
Princípio	da	igualdade	econômica	
É	outra	vertente	da	livre-iniciativa,	sendo	instituto	garantidor	da	liberdade	de	concorrência.	
 
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O	direito	à	liberdade,	princípio	do	Estado	de	Direito	e	do	sistema	capitalista,	quando	inserido	
na	Ordem	Econômica,	passa	a	ser	encarado	sob	a	forma	de	liberdade	de	iniciativa	e	liberdade	
de	concorrência,	delineados	pelos	princípios	de	similar	denominação	dispostos	no	Art.	170	da	
Constituição.	 Essa	 nova	 perspectiva	 se	 faz	 necessária	 para	 delimitar	 a	 esfera	 de	 liberdade	
privada	nas	 relações	econômicas,	que	passará	a	 ser	 alvo	de	atuação	do	Estado	Subsidiário	
regulador	e	fiscalizador.	
Princípio	do	desenvolvimento	econômico	
Objetiva	reduzir	as	desigualdades	regionais	e	sociais,	visando	uma	igualdade	real.	
Princípio	da	democracia	econômica	
Pode	 ser	 interpretado	 tanto	 para	 os	 agentes	 econômicos,	 quanto	 para	 os	 trabalhadores	 e	
consumidores.	
Informa	que	 as	 politicas	 públicas	 devem	ampliar	 a	 oferta	 de	 oportunidades	 de	 iniciativa	 e	
emprego,	com	chances	iguais	para	todos.	Outrossim,	garante	a	participação	ativa	de	todos	os	
segmentos	sociais	na	propositura	das	políticas	públicas	de	planejamento	econômico	da	Nação.	
Princípio	da	boa-fé	econômica	
Consiste	na	aplicação	do	princípio	da	transparência	e	da	publicidade	nas	relações	de	trocas	
comerciais	 dentro	do	 ciclo	 econômico	de	 cada	mercado.	 É	 instituto	 garantidor	da	 simetria	
informativa.	
 
23 
	
	 	
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Fundamentos da	Ordem	
Econômica
Valorização	do	trabalho	humano
Livre	Iniciativa
Objetivos da	Ordem	Econômica
Existência	digna
Justiça	Social
Princípios	da	Ordem	Econômica
Soberania	nacional
Propriedade	Privada
Função	Social	da	propriedade
Livre	concorrência
Defesa	do	Consumidor
Defesa	do	Meio	ambiente
Redução	das	desigualdades	regionais	e	sociais
Busca	do	pleno	emprego
Tratamento	diferenciado	às	empresas	
nacionais	de	pequeno	porte
 
24 
Sistemas	Econômicos	(Capitalismo	e	Socialismo)	
Introdução	
O	sistema	econômico	compreende	um	conjunto	coerente	de	instituições	jurídicas	e	sociais,	de	
conformidade	com	as	quais	se	realiza	o	modo	de	produção	e	a	forma	de	repartição	do	produto	
econômico.	
Os	Sistemas	hoje	estudados	praticamente	se	resumem,	no	capitalista	 (propriedade	privada	
dos	meios	de	produção	e	do	resultado	da	produção,	livre-iniciativa	e	concorrência	dos	agentes	
econômicos)	 e	 a	 sua	negação	 (sistemas	 socialistas),	mas	numa	 rápida	 verificação	histórica	
podemos	constatar	que	por	outros	modos	e	por	outras	características	os	sistemas	econômicos	
foram	classificados	ou	nominados	de	acordo	diversos	pressupostos,	para	tanto,	basta	lembrar-
se	do	sistema	mercantilista,	por	exemplo.		
O	Sistema	Capitalista	(livre-empresa)	
O	modo	de	produção	capitalista	possui	como	características	basilares	a	garantia	ao	direito	de	
propriedade	(propriedade	privada)	e	a	liberdade	de	iniciativa	e	de	competição.	De	forma	geral,	
o	capitalismo	é	o	 sistema	cujo	mote	é	a	“liberdade”	dos	agentes	na	 tomada	de	decisões	
econômicas.	O	regulador	natural	da	medida	dessa	liberdade	é	o	mercado,	daí	a	denominação	
sinônima:	sistema	de	livre	mercado.	O	agente	econômico	suportará,	nesse	sistema,	os	reflexos	
lucrativos	ou	não	da	atividade	que	desenvolver,	garantindo	o	Estado	o	direito	de	propriedade	
sobre	os	bens	de	produção	e	o	resultado	da	produção.	Segundo	André	Ramos	Tavares	(2003,	
p.	36):		
É	 possível	 concluir,	 sinteticamente,	 que	 o	modelo	 capitalista	 pressupõe	 a	
liberdade	ou	o	liberalismo	econômico	e	a	propriedade	dos	bens	de	produção.	
O	regime	jurídico,	portanto,	deverá	assegurar	esses	dois	pressupostos	com	
que	trabalha	o	sistema	capitalista	de	economia,	sendo	certo	que	esse	núcleo	
normativo	comporá	(ao	lado	de	outros	elementos)	o	Direito	Econômico.	
No	sistema	capitalista,	a	escolha	compete	ao	agente	econômico,	o	qual	determinará	o	que	
produzir,	 como	 produzir	 e	 para	 quem	 produzir.	 Mesmo	 assim,	 essa	 escolha	 não	 será	
totalmente	livre,	pois	o	mercado	influenciará	na	hora	da	decisão	econômica.	Da	mesma	forma,	
não	existe	liberdade	plena	nesses	regimes,	já	que	a	intervenção	do	Estado	na	economia	ocorre	
das	mais	variadas	forma.		
PRINCIPAIS	CARACTERÍSTICAS	DO	SISTEMA	CAPITALISTA	
Propriedade	privada	dos	meios	de	produção;		
Trabalho	assalariado	como	base	de	mão	de	obra;	
Sistema	 de	 mercado	 baseado	 na	 livre-iniciativa	 e	 na	
liberdade	de	concorrência.	
	
 
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O	Sistema	Socialista	
Neste	sistema,	as	características	básicas	contrastam	frontalmente	com	as	do	capitalismo,	uma	
vez	que	o	direito	de	propriedade	privada	é	substituído	pela	propriedade	coletiva	dos		
meios	de	produção.	A	natureza	contestatória	dos	infortúnios	do	sistema	capitalista	é	clara	no	
sistema	socialista,	sendo	praticamentte	a	sua	negação,	entretanto,	sem	promover	os	cânones	
da	sua	forma	de	produção	econômica,	que	passa	a	ser	obrigação	do	Estado	e	o	seu	resultado	
dividido	entre	todos.	O	sistema	socialista	reúne,	dessa	maneira,	aspectos	gerais	da	forma	de	
produção,	o	queserá	determinado	de	modo	específico	de	acordo	com	o	modelo	econômico	
adotado	que	poderá	variar	em	algumas	características.	Como	observa	André	Ramos	Tavares	
(2003,	p.	39-40):		
“Foi,	 contudo,	 com	 Karl	 Marx	 e	 Friedrich	 Engels	 que	 se	 construiu	 uma	
proposta	mais	 acabada	de	 socialismo.	 Para	Marx,	 o	 proletariado	 aparecia	
como	 a	 única	 classe	 social	 capaz	 de	 destruir	 de	 uma	 vez	 por	 todas	 a	
exploração	do	homem	pelo	homem,	ao	destruir	o	capitalismo,	chegando	ao	
poder	 pelo	 caminho	 da	 revolução.	 No	 poder,	 os	 trabalhadores	 se	
encarregariam	de	eliminar	as	diferenças	sociais,	o	que	assinalaria	a	passagem	
do	socialismo	ao	comunismo,	incluindo	o	fim	do	Estado.”		
Leonardo	Vizeu	 Figueiredo	 assinala	 que	o	 socialismo	é	o	 sistema	baseado	na	 autoridade	
estatal,	que	centraliza	e	unifica	a	economia	em	torno	do	Poder	Central.	
	
PRINCIPAIS	CARACTERÍSTICAS	DO	SISTEMA	SOCIALISTA	
Direito	de	propriedade	limitado	e,	não	raro,	suprimido;		
Estatização	 e	 controle	 dos	 fatores	 de	 produção	 e	 dos	 recursos	
econômicos;		
Gestão	política	que	visa	a	redução	das	desigualdades	sociais;		
Remuneração	 do	 trabalho	 mediante	 a	 repartição	 do	 produto	
econômico	por	meio	de	decisão	do	governo	central.		
Por	 fim,	 vale	 trazer	 à	 colação	 as	 noções	 do	 fenômeno	 da	 globalização	 e,	 também,	 de	
neoliberalismo.		
A	globalização,	 segundo	 lembra	Eugênio	Rosa	de	Araújo,	 implica,	 basicamente	e	de	 forma	
simplificada,	na	eliminação	de	barreiras	comerciais	(possibilidade	de	aquisição	de	produtos	
em	 quaisquer	 países),	 liberação	 dos	 mercados	 de	 capitais	 (realização	 de	 transações	
financeiras	interbancárias	a	nível	planetário)	e	na	possibilidade	de	produção	independente	de	
fronteiras,	abolindo	a	distância	e	o	tempo.	
 
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Já	o	neoliberalismo,	segundo	assevera	o	mesmo	autor,	tem	por	palavras	de	ordem:	menos	
Estado,	 fim	 das	 fronteiras,	 desregulação	 dos	 mercados,	 moedas	 fortes,	 privatizações,	
equilíbrio	fiscal	e	competitividade	global.	
O	 aludido	 autor	 ensina	 que	 a	 globalização	 como	 fenômeno	 econômico	 e	 social	 em	 escala	
planetária	deu	respaldo	à	ideologia	do	neoliberalismo,	que	se	baseia	no	argumento	de	que	a	
liberalização	do	mercado	otimiza	o	crescimento	e	a	riqueza	no	mundo	e	de	que	a	tentativa	de	
controlar	e	regular	o	mercado	apresenta	resultados	negativos,	pois	restringiria	a	acumulação	
de	lucros	sobre	o	capital,	impedindo,	assim,	a	taxa	de	crescimento.	
Por	fim,	saliente-se	que,	após	a	recente	crise	americana	de	2008/2009,	que	atingiu	também	
outros	 países,	 a	 discussão	 acerca	 da	 necessidade	 de	 uma	maior	 intervenção	 do	 Estado	 na	
economia	voltou	a	tona,	surgindo,	assim,	críticas	ao	neoliberalismo.	
ORDEM	JURÍDICO-ECONÔMICA.	
Introdução:		
Conforme	aponta	Gilmar	Mendes,	a	regulação	da	atividade	econômica	é	um	acontecimento	
histórico	relativamente	recente,	associado	que	está	à	passagem	do	Estado	Liberal	ao	Estado	
Social.	Isto	porque	somente	ao	final	da	I	Guerra	Mundial	é	que	surgiu	nas	constituições	escritas	
um	 corpo	 de	 normas	 destinado	 a	 reger	 o	 fato	 econômico.	 Compunham	 estas	 normas	 a	
chamada	 constituição	 econômica,	 que	 tanto	 podem	 estar	 agrupadas	 num	 só	 conjunto	 de	
normas,	 quanto	 virem	 dispersas	 no	 corpo	 da	 constituição,	 caso	 em	 que	 será	 chamada	 de	
constituição	 econômica	 formal;	 quanto,	 ainda,	 podem	 abranger,	 além	 destes	 preceitos	
constitucionais,	também	outras	normas,	infraconstitucionais,	como	leis	ou	até	mesmo	atos	de	
menor	hierarquia,	compondo,	então,	a	constituição	econômica	material.	
No	Brasil,	assim	como	se	deu	alhures,	essa	nova	postura	diante	do	fato	econômico	se	fez	sentir	
a	 partir	 da	 Constituição	 de	 1934,	 na	 qual	 foi	 inserido	 um	 título	 autônomo	 (“Da	 ordem	
econômica	e	social”),	que	veiculava	um	discurso	intervencionista	bastante	inovador	em	todos	
os	sentidos,	começando	a	introduzir	os	princípios	da	justiça	social	e	das	necessidades	da	vida	
nacional,	de	modo	a	possibilitar	a	todos	uma	existência	digna,	além	de	garantir	a	 liberdade	
econômica	dentro	de	tais	limites,	como	elementos	fundamentais	para	a	organização	da	ordem	
econômica.	
É	justamente	essa	“Ordem	jurídico-econômica”	que	será	nosso	objeto	de	estudo.	
Já	 para	 Savatier,	 ordem	 pública	 é	 o	 "conjunto	 de	 normas	 cogentes,	 imperativas,	 que	
prevalece	sobre	o	universo	das	normas	dispositivas,	de	direito	privado".	Numa	abordagem	
que	se	aproxima	da	jurídica,	"o	conceito	de	ordem	se	prende	à	correlação	e	correspondência	
hierárquica	existente	dentro	do	conjunto	de	normas	existente	dentro	do	conjunto	das	normas,	
ligando	as	normas	particulares	a	uma	norma	fundamental".	
Explicado	o	sentido	de	“Ordem”,	temos	então	que	Eros	Roberto	Grau	inicialmente	definiu	a	
ordem	 econômica,	 no	mundo	 do	 dever-ser,	 como	 (...)	 conjunto	 de	 princípios	 jurídicos	 de	
conformação	do	processo	econômico,	desde	uma	visão	macrojurídica,	conformação	que	se	
 
27 
opera	mediante	o	condicionamento	da	atividade	econômica	a	determinados	fins	políticos	
do	Estado.	Tais	princípios	(...)	gravitam	em	torno	de	um	núcleo,	que	podemos	identificar	nos	
regimes	 jurídicos	 da	 propriedade	 e	 do	 contrato	 para,	 depois,	 percebendo	 que	 a	 ordem	
econômica	engloba	mais	do	que	apenas	os	princípios,	a	descrever	como	(...)	o	conjunto	de	
normas	 que	 define,	 institucionalmente,	 um	 determinado	 modo	 de	 produção	 econômica.	
Assim,	a	ordem	econômica,	parcela	da	ordem	jurídica	(mundo	do	dever-ser),	não	é	senão	o	
conjunto	de	normas	que	institucionaliza	uma	determinada	ordem	econômica	(mundo	do	ser).		
Tal	definição	indica	o	conceito	de	Constituição	econômica,	definida	por	Vital	Moreira	como	
(...)	o	conjunto	de	preceitos	e	instituições	jurídicas	que,	garantindo	os	elementos	definidores	
de	um	determinado	sistema	econômico,	instituem	uma	determinada	forma	de	organização	e	
funcionamento	 da	 economia	 e	 constituem,	 por	 isso	 mesmo,	 uma	 determinada	 ordem	
econômica;	ou,	de	outro	modo,	aquelas	normas	ou	instituições	jurídicas	que,	dentro	de	um	
determinado	 sistema	 e	 forma	 econômicos,	 que	 garantem	 e	 (ou)	 instauram,	 realizam	 uma	
determinada	ordem	econômica	concreta.		
Vital	Moreira	 faz	 verificações	bem	 interessantes	quanto	aos	 sentidos	da	expressão	ordem	
econômica,	 quais	 sejam:	 a)	modo	 de	 ser	 empírico	 de	 uma	 economia	 concreta,	 sendo	 um	
conceito	de	fato,	e	não	um	conceito	normativo	ou	valorativo	(ínsito	às	regras	reguladoras	das	
relações	sociais),	mas	sim	algo	referente	às	relações	entre	fenômenos	econômico-materiais,	
entre	fatores	econômicos	concretos;		b)	conjunto	normativo	de	diversas	naturezas;	e		c)	ordem	
jurídico-econômica,	sendo	esta	a	acepção	que	serve	de	objeto	para	esta	pesquisa.	
Interessante	mencionarmos	que	a	Ordem	Econômica	é	composta	de	um	conjunto	de	normas	
de	conteúdo	econômico.	Isto	é,	enquanto	ramo	do	Direito,	temos	que	o	Direito	Econômico	se	
materializa	em	normas	jurídicas,	destacando-se,	além	das	normas	tradicionais,	de	conteúdo	
genérico	e	abstrato,	as	seguintes	normas:	
1. Normas-programáticas:	 mais	 uma	 vez	 evidencia-se	 a	 importância	 das	 normas	
programáticas,	portadoras	de	enunciados	e	de	orientações	sobre	a	ordem	econômica.	
2. Normas-objetivo:	a	norma	jurídica,	enquanto	instrumento	de	governo,	ultrapassa	as	
funções	tradicionais	de	organização	e	ordenação	para	ter	em	vista	a	implementação	
de	políticas	públicas	destinadas	a	cumprir	 fins	específicos.	Exemplo	das	normas	que	
estabelecem	 um	 determinado	 plano	 econômico,	 como	 a	 Lei	 do	 Plano	 Real,	 cuja	
finalidade,	em	termos	de	política	econômica,	era	acabar	com	a	 inflação	e	 instituir	a	
estabilidade	econômica.		
3. Norma-premiais:	normas	jurídicas	que	aplicam	estímulos	e	incentivos.	
Por	 fim,	 importante	 registrar	que	consta	na	nossa	CF,	os	 fundamentos	desta	nossa	Ordem	
Jurídico-econômica:	a)	valorização	do	trabalho