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CONCEITO DE PERSONALIDADE JURÍDICA DA PESSOA NATURAL

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CONCEITO DE PERSONALIDADE JURÍDICA DA PESSOA NATURAL
	 
A personalidade jurídica é um atributo essencial para ser sujeito de direito (art. 1º do CC). Para a teoria geral do direito civil a personalidade é uma aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações.
 
Todavia, a noção de aptidão, ou seja, qualidade para ser sujeito de direito, conceito aplicável tanto às pessoas físicas como às pessoas jurídicas não é o único sentido técnico de personalidade. Num sentido valorativo, a personalidade traduz o “conjunto de características e atributos da pessoa humana, considerada objeto de proteção privilegiada por parte do ordenamento, bem jurídico representado pela afirmação da dignidade humana” (Gustavo Tepedino, Heloisa Helena Barbosa, Maria Celina Bodin de Morais. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. Rio de Janeiro: Revonar, 2004, p.04).
 INICIO DA PERSONALIDADE JURIDICA DA PESSOA NATURAL
	O início da personalidade é marcado pelo nascimento com vida, conforme dicção do art. 2º do CC. Clinicamente o nascimento é aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno.
 
Em consonância com o texto do art. 2º do CC, a doutrina majoritária defende que o Direito Civil positivo adotou a teoria natalista para o início da personalidade jurídica. Nessa linha, o nascituro, ente concebido, mas não nascido, não passa de uma potencialidade de direitos.
PROTEÇÃO JURÍDICA DO NASCITURO
	Nascituro é o ente já concebido, mas ainda não nascido. Deixando de lado as discussões teóricas sobre o início da personalidade jurídica, é certo que a segunda parte do art. 2º do CC expressamente “põe à salvo os seus direitos”. Assim, pode-se afirmar que na legislação em vigor o nascituro:
a) É titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida);
b) Pode receber doação, conforme dispõe o art. 542 do CC: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita por seu representante legal”;
c) Pode ser beneficiado por legado e herança (art. 1798 do CC);
d) Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878 do CPC);
e) O Código Penal tipifica o crime de aborto;
f) Tem direito a alimentos.
CAPACIDADE DE DIREITO E CAPACIDADE DE FATO
	Por capacidade de direito, também conhecida como capacidade de gozo ou capacidade de aquisição, pode ser entendida como a medida da intensidade da personalidade. Todo ente com personalidade jurídica possui também capacidade de direito, tendo em vista que não se nega ao indivíduo a qualidade para ser sujeito de direito. Personalidade e capacidade jurídica são as duas faces de uma mesma moeda.
A capacidade de direito não se confunde com a capacidade de fato, também chamada de capacidade de exercício. Este conceito se relaciona com as condições pessoais que determinado indivíduo reúne para exercer pessoalmente seus direitos. Ela nada mais é do que a habilidade para praticar de forma autônoma, ou seja, sem a interferência de terceiros na qualidade de representantes ou assistentes, seus direitos civis. Da capacidade de fato distingue-se a legitimidade (ou legitimação). Esta é uma forma específica de exercício de determinados atos da vida civil, ao contrário da capacidade, a qual se refere à aptidão para a prática em geral.
A capacidade de fato, ao contrário da capacidade de direito possui estágios definidos no próprio Código Civil. Ele distingue duas modalidades de incapacidade, a saber: a incapacidade em absoluta e a relativa. Trata-se de um divisor quantitativo de compreensão do indivíduo.
De acordo com o art. 3º do CC são considerados absolutamente incapazes:
a) Os menores de 16 anos (art. 3º, I) – Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no. 8069/90), até os 12 anos de idade incompletos considera-se a pessoa criança. Entretanto, os adolescentes até os 16 também são reputados absolutamente incapazes.
b) Aqueles que sofrem de doença ou deficiência mental (art. 3º, II) – Trata-se de uma hipótese que o indivíduo é atormentado por uma patologia que o impede de praticar atos no comércio jurídico, tendo em vista o comprometimento do seu quadro cognitivo. Nesta hipótese a incapacidade deve ser reconhecida por meio da ação de interdição, prevista nos artigos 1.177 ao artigo 1186 do CPC.
c) Os que por causa transitória não puderem exprimir sua vontade (art. 3º, III) – São elementos para a configuração dessa forma de incapacidade o caráter temporário e a impossibilidade total de expressão da vontade, os quais deverão ser verificados cumulativamente. (ex. coma).
De acordo com o art. 4º do CC são considerados relativamente incapazes:
a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos (art. 4º, I);
b) Os ébrios habituais e os viciados em tóxico (art. 4º, II);
c) Os deficientes mentais que tenham o discernimento reduzido (art. 4º, II);
d) Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo (art. 4º, III) – A previsão da incapacidade relativa dos excepcionais tem como propósito proteger os atos praticados pelos agentes nessas situações, sem prejuízo de sua salutar inserção no meio social.
e) Os pródigos (art. 4º, IV) – Esta modalidade de incapacidade deve ser decretada judicialmente por requisição do cônjuge ou familiar, já que o que se protege, com a incapacidade do pródigo, é exatamente o patrimônio da família, e não apenas o patrimônio do pródigo. De acordo com o art. 1782 do CC “a interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração”
EMANCIPAÇÃO
	Trata-se de um uma hipótese de antecipação da aquisição da capacidade civil plena antes da idade legal. Três são as formas de emancipação:
a) Emancipação voluntária – É aquela concedida por ato unilateral dos pais em pleno exercício do poder parental, ou um deles na falta do outro. Trata-se de ato irrevogável, sob a forma de instrumento público, independentemente de homologação judicial, desde que o menor haja completado 16 anos (CC art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte). Para surtir os efeitos legais a escritura pública de emancipação deverá ser registrada no Cartório de Registro das Pessoas Naturais (CC art. 9º., II).
b) Emancipação judicial – Realiza-se mediante uma sentença judicial, na hipótese de um menor posto sob tutela. Antes da sentença o tutor será, necessariamente, ouvido pelo magistrado (Código Civil art. 5º, parágrafo único, I, segunda parte). Nesse caso, o juiz deverá comunicar a emancipação ao oficial de registro civil, de ofício, se não constar dos autos haver sido efetuado este em oito dias.
c) Emancipação legal – Ocorre em razão de situações descritas na lei. O art. 5º do CC nos traz as seguintes situações:
1- O Casamento;
2- Exercício de emprego efetivo;
3- Colação de grau em curso de ensino superior;
4- Estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor tenha economia própria. A expressão economia própria deve ser entendida no sentido de caracterização de renda suficiente por meio do estabelecimento ou do emprego para a sobrevivência da pessoa, de acordo com o nível social em que está inserida.
EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA PESSOA NATURAL
	A morte é o momento no qual a personalidade se extingue. A morte deverá ser atestada por profissional de medicina, ressalvada a possibilidade de suas testemunhas o fazerem se faltar o especialista, sendo o fato levado a registro, nos termos dos arts. 77 e 78 da Lei no. 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), cuja prova se faz através da certidão extraída do assento de óbito.
Não se admite no ordenamento pátrio a hipótese de morte civil ou qualquer outro modo de perda da personalidade sem vida. Todavia é possível cogitar de uma presunção de morte, conforme se depreende da leitura do art. 7º do CC.
 
O referido dispositivo trata de duas hipóteses de morte presumida. A primeira trata da probabilidade extrema de morte daquele que se encontre em perigo de vida. (CC art.7º, I). A segunda hipótese trata dos desaparecidos em campanha de guerra ou feito prisioneiro, caso não seja encontrado até 02 dois anos após o término da guerra (CC art. 7º, II).
Por força do estabelecido no art. 9º, IV, do CC a sentença declaratória de morte presumida deverá ser inscrita em registro público, de forma a dar publicidade ao acontecimento.
Finalmente, o CC no art. 8º trata da hipótese de morte simultânea, conhecida também como comoriência. Cuida-se de uma presunção juris tantum, segundo a qual se determina a morte simultânea daqueles que falecem na mesma ocasião, podendo ser ilidida por prova que estabeleça a precedência da morte de um dos envolvidos.
O interesse no tratamento do tema justifica-se pela implicância de tal fato na ordem de vocação no plano da sucessão, ou seja, na transmissão dos direitos entre os sucessores e sucedidos, enfim, quem tem a posição de herdeiro do outro.
AUSÊNCIA DE PESSOAS NATURAIS
	Ausente é aquele que desaparece de seu domicílio, sem que dele se tenha notícias. Assim, para caracterizar a ausência a não-presença do sujeito deve somar-se com a falta de notícias.
A ausência é um processo no qual a proteção dos bens do desaparecido dá lugar à proteção dos interesses dos sucessores. Este processo tem três estágios, conforme a menor possibilidade de reaparecimento do ausente:
a) Declaração da ausência e curadoria dos bens: Com o desaparecimento de uma pessoa, sem deixar notícias, nem representante ou procurador, surge uma massa de bens sem que tenha alguém para administrá-la. Portanto, a requerimento dos interessados na administração (cônjuge, companheiro, parente sucessível) ou do Ministério Público, o Poder Judiciário reconhecerá tal circunstância, com a declaração de ausência, nomeando curador, que passará a gerir os negócios do ausente até o seu eventual retorno, mediante arrecadação de seus bens (art. 1160 do CPC).
Na nomeação o juiz deverá fixar os poderes e obrigações do curador, as quais, sem linhas gerais, seguirão os princípios a respeito dos tutores e curadores (arts. 1728 e seguintes do CC). A nomeação não é discricionária, estabelecendo uma ordem legal estrita e sucessiva, a saber:
1) o cônjuge (também o companheiro), se não tiver separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração de ausência;
2) pais do ausente (genitores);
3) descendente, preferindo os mais próximos aos mais remotos;
4) Qualquer pessoa à escolha do magistrado.
Atente-se que não caberá nomeação de curador se não houver bens para administrar. Por fim, observa-se que a curadoria dos bens do ausente não se confunde com a curadoria da herança jacente (arts. 1819 e seguintes do CC).
 
b) Sucessão provisória: De acordo com o art. 26 do CC decorrido 01 ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, hipótese que se limita à previsão do art. 23 do mesmo diploma., em se passando 03 anos, poderão os interessados requerer que se abra provisoriamente a sucessão.
Consideram-se interessados na abertura o cônjuge ou companheiro; os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; os que tiverem sobre os bens do ausente direito pendente de sua morte; os credores de obrigações vencidas e não pagas.
O sucessor provisório recebe os bens que caibam no seu quinhão, dando, em regra, garantia pignoratícia ou hipotecária de restituí-los (art. 30 do CC). Essa cautela de exigência de garantia é excepcionada, porém, em relação aos ascendentes, descendentes e o cônjuge, uma vez provada sua condição de herdeiro (art. 30, parágrafo 2º do CC).
A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeitos 180 após sua publicação e trânsito em julgado, de acordo com o art. 28 do Código Civil. Depois desse período proceder-se-á à abertura do testamento, caso existente, ou ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente tivesse falecido.
Na forma do art. 33, os herdeiros necessários empossados (art. 1845 do CC) terão direito subjetivo a todos os frutos e rendimentos dos bens que lhes couberem, o que não acontecerá com os demais sucessores, que deverão, necessariamente, capitalizar metade desses bens acessórios, com prestação anual de contas ao juiz competente. Porém, se a ausência foi voluntária e injustificada, o ausente perde direito ao montante acumulado em favor dos sucessores (art. 33, parágrafo único do CC), como forma de sanção ao comportamento negligente daquele.
c) Sucessão definitiva: Decorridos 10 anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória, ou quando o ausente completar 80 anos de idade, se de 05 datam suas últimas notícias, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e levantamento das cauções; ou quando houver certeza da morte do ausente (arts. 37 e 38 do CC)
CARACTERISTICAS GERAIS DA PESSOA JURÍDICA
	Por diversas razões, inclusive de natureza social e antropológica, o homem tende a agrupar-se, para garantir a subsistência e realizar seus propósitos. O grupo, assim, recebe do ordenamento personalidade jurídica, viabilizando a sua atuação autônoma e funcional, com vistas à realização de seus objetivos.
Contudo, para a constituição ou o nascimento da pessoa jurídica é necessária a conjunção de três requisitos:
a) Vontade humana criadora - È a vontade gregária que marca o surgimento das pessoas jurídicas, vontade eminentemente criadora que, para ser eficaz, deve emitir-se na conformidade do que prescreve o direito positivo.
b) Observância das condições legais – É a lei que determina a forma a que obedece aquela declaração de vontade, franqueando aos indivíduos a adoção de instrumento particular ou exigindo o instrumento público.
c) Liceidade de seu propósito - Por óbvio não é possível reconhecer validade a um ente que atue em descompasso com o ordenamento jurídico que possibilitou seu 
TEORIAS SOBRE A NATUREZA DA PESSOA JURÍDICA
	Diversas são as teorias que tentam explicar a caracterização das pessoas jurídicas, as quais refletem a evolução deste instituto ao longo da história. As principais são:
 
a) Teoria da ficção – Segundo essa concepção o direito concebe a pessoa jurídica como uma criação artificial, cuja existência, por isso mesmo, é simplesmente uma ficção.
b) Teoria orgânica ou da realidade objetiva – Seus partidários entendem que a pessoa jurídica é uma realidade viva, análoga à pessoa física. Para esta teoria as pessoas jurídicas possuem tanto um corpus, que administra e mantém a entidade em contato com o mundo, como um animus, que é a idéia dominante, manifestada nas associações e nas sociedades pela vontade do grupo componente e nas fundações pela de seu criador.
c) Teoria da realidade técnica – Esta teoria situa a pessoa jurídica como produto da técnica jurídica, rejeitando a tese ficcional para considerar os entes coletivos como uma realidade, que não seria objetiva, pois a personificação dos grupos se opera por construção jurídica, ou seja, o ato de atribuir personalidade não seria arbitrário, mas à vista de uma situação concentra.
A melhor doutrina entende que a teoria da realidade técnica é a que melhor explica o tratamento dispensado à pessoa jurídica por nosso ordenamento. A análise do art. 45 do CC permite afirmar que a personificação da pessoa jurídica é, de fato, construção da técnica jurídica, podendo, inclusive, operar-se a suspensão legal de seus efeitos, por meio da desconsideração, em situações excepcionais admitidas por lei.
SURGIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA
O surgimento da pessoa jurídica de direito privado se dá em dois estágios distintos. O primeiro ocorre com a exteriorização da manifestação de vontade que permite a criação e a elaboração do ato de constituição, independentemente de qualquer autorização estatal, com exceção dos casos especiais tratados no CC. O ato deverá ser escrito, podendo se revestir de forma pública ou particular, salvo nas hipóteses das fundações, que requerem instrumento público ou testamento.
No caso de defeito no ato constitutivo, sejaele formal ou substancial, aos legítimos interessados cabe o direito potestativo de anular a constituição da pessoa jurídica. O prazo é decadencial, como destaca o próprio texto do parágrafo único do art. 45 do CC.
Abre-se o segundo estágio em razão da adoção do sistema das disposições normativas, porquanto o art. 45 do CC exige o registro do ato de constituição. O registro tem natureza constitutiva, por ser atributivo de personalidade, diferentemente do registro civil de nascimento da pessoa natural, eminentemente declaratório da condição de pessoa, já adquirida no instante do nascimento com vida.
O art. 46 do CC dispõe sobre os dados a serem anotados na inscrição. Este se refere:
 
a) identificação da pessoa jurídica segundo a sua denominação e fins, local da sede, tempo de duração e fundo social, se houver;
b) aos nomes e qualificações dos fundadores ou instituidores e dos diretores;
c) às normas básicas de administração, incluindo a representação junto às esferas judicial e extrajudicial;
d) ao esclarecimento se o ato constitutivo é passível de modificação no que concerne à administração e ao seu modo de atuar;
e) à informação se os membros da pessoa jurídica respondem subsidiariamente pelas obrigações sociais;
f) às condições gerais na hipótese de extinção, inclusive a destinação do patrimônio.
A falta do registro implica no surgimento de entidades de fato ou irregulares, desprovida de personalidade, mas com capacidade para se obrigar perante terceiros. Na doutrina do direito comercial a sociedade de fato seria aquela que funciona sem que houvesse sido reduzido a termo o seu estatuto ou contrato social; a sociedade irregular, por sua vez, seria aquela organizada por escrito, mas sem a necessária inscrição dos atos constitutivos no registro peculiar.
É preciso pôr em sinal a existência de outras entidades despersonalizadas, além das chamadas sociedades de fato ou irregulares:
a) Massa Falida – Se refere ao acervo patrimonial que pertencia à empresa declarada judicialmente falida. É com a sentença declaratória de falência que surge a massa falida.
b) Espólio – Este consiste no patrimônio deixado pelo de cujus e compreensivo do conjunto de direitos e obrigações. O fato jurídico que faz surgir é o evento morte e a sua extinção se opera com o fato jurídico da partilha de bens entre os herdeiros. Entre esses dois momentos – morte e partilha – impõe-se administração do acervo de direitos e obrigações, cuja titularidade é exercida pela figura do inventariante.
c) Herança jacente e vacante – O CC no art. 1819 prevê a hipótese de alguém vir a falecer, deixando acervo de bens sem, todavia, testamento ou herdeiro legítimo notoriamente conhecido. A situação configura o instituto da herança jacente. Os bens permanecerão nesta condição até a sua entrega aos herdeiros que vierem a se habilitar ou à declaração de sua vacância. Ocorrendo esta, o patrimônio deverá ser incorporado aos bens da União, do Estado ou do Distrito Federal.
d) Condomínio – Dá-se a figura do condomínio quando mais de uma pessoa possui a titularidade do domínio de um bem. O condomínio não chega a ser uma pessoa jurídica, em primeiro lugar pela desnecessidade, uma vez que a ordem jurídica o instrumentaliza com os recursos jurídicos suficientes à administração de seus interesses. Em segundo lugar, porque não há manifestação de vontade neste sentido, nem formalização desta, carecendo, pois, de affectio societatis
TEORIAS SOBRE A NATUREZA DA PESSOA JURÍDICA
	Diversas são as teorias que tentam explicar a caracterização das pessoas jurídicas, as quais refletem a evolução deste instituto ao longo da história. As principais são:
 
a) Teoria da ficção – Segundo essa concepção o direito concebe a pessoa jurídica como uma criação artificial, cuja existência, por isso mesmo, é simplesmente uma ficção.
b) Teoria orgânica ou da realidade objetiva – Seus partidários entendem que a pessoa jurídica é uma realidade viva, análoga à pessoa física. Para esta teoria as pessoas jurídicas possuem tanto um corpus, que administra e mantém a entidade em contato com o mundo, como um animus, que é a idéia dominante, manifestada nas associações e nas sociedades pela vontade do grupo componente e nas fundações pela de seu criador.
c) Teoria da realidade técnica – Esta teoria situa a pessoa jurídica como produto da técnica jurídica, rejeitando a tese ficcional para considerar os entes coletivos como uma realidade, que não seria objetiva, pois a personificação dos grupos se opera por construção jurídica, ou seja, o ato de atribuir personalidade não seria arbitrário, mas à vista de uma situação concentra.
A melhor doutrina entende que a teoria da realidade técnica é a que melhor explica o tratamento dispensado à pessoa jurídica por nosso ordenamento. A análise do art. 45 do CC permite afirmar que a personificação da pessoa jurídica é, de fato, construção da técnica jurídica, podendo, inclusive, operar-se a suspensão legal de seus efeitos, por meio da desconsideração, em situações excepcionais admitidas por lei.
CAPACIDADE DE REPRESENTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
A capacidade da pessoa jurídica é, por sua própria natureza, especial. Considerando sua estrutura organizacional, moldada a partir da técnica jurídica, esse ente social não poderá, por óbvio, praticar todos os atos jurídicos admitidos para a pessoa natural. “O seu campo de atuação jurídica encontra-se delimitado no contrato social, nos estatutos ou na própria lei. Não deve, portanto, praticar atos ou celebrar negócios que extrapolem da sua finalidade social, sob pena de ineficácia” (Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho. Novo Curso de Direito Civil. Vol I. São Paulo: Saraiva, 2004, p.208).
Por se tratar de um ente cuja personificação é decorrência da técnica legal, sem existência biológica ou orgânica, a pessoa jurídica, dada a sua estrutura, exige órgãos de representação para poder atuar na órbita social. Em verdade, mais técnico seria falar em presentação da pessoa jurídica. Isto é, por não poder atuar por si mesma, a sociedade ou a associação age, faz-se presente, por meio das pessoas jurídicas que compõem os seus órgãos sociais e conselhos deliberativos. Essas pessoas praticam atos como se fosse o próprio ente social.
ESPÉCIES DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO
O art. 44 do CC prevê cinco espécies de pessoa jurídica de direito privado. São elas:
a) Associações: São entidades formadas pela união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não econômicos. Note-se que, pelo fato de não perseguir escopo lucrativo, a associação não está impedida de gerar renda, porém os seus membros não pretendem partilhar lucros ou dividendos, como ocorre entre os sócios nas sociedades civis e empresárias. A receita gerada deve ser revertida em benefício da própria associação visando à melhoria de sua atividade.
O estatuto social das associações deverá observar para a sua validade os requisitos indicados no art. 54 do CC. Trata-se de um conteúdo mínimo que poderá ser, eventualmente, ampliado.
A assembléia geral é o órgão máximo das associações. Ela possui poderes deliberativos e o art. 59 do CC estabeleceu-lhe competências absolutas: 1º) eleger os administradores; 2º) destituir os adminitradores; 3º) aprovar contas; e 4º) alterar o estatuto.
A lei considerou intransmissível a qualidade de associado (art. 56 do CC). Todavia, havendo autorização estatutária, o titular de quota ou fração ideal do patrimônio poderá transmitir, por ato inter vivos ou mortis causa, os seus direitos a um terceiro (adquirente ou herdeiro), que passará à condição de associado.
A exclusão do associado só ocorre ocorrendo justa causa, e na estrita forma do estatuto social (art. 57 do CC). Mesmo não cuidando o estatuto de elencar as condutas que entende passíveis de exclusão do associado, a assembléia geral, especialmente convocada, poderá apreciar a existência de motivos graves, e, em deliberação fundamentada e por maioria absoluta dos presentes, decidir pela aplicação da sanção.
Ocorrendo a dissoluçãoda associação, o patrimônio líquido, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. Na falta dessas, os bens remanescentes serão devolvidos à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União (art. 61, § 2º do CC).
Por cláusula do estatuto ou, no silêncio deste, por deliberação dos associados, prevê o § 1º do art. 61, é permitido aos respectivos membros, antes da destinação do remanescente a entidades congêneres, receber em restituição, em valor atualizado, as contribuições que houverem prestado ao patrimônio da entidade.
 
b) Sociedades: São as entidades formadas pela união de pessoas que exercem atividade econômica e buscam o lucro como objetivo. Dependendo do tipo de atividade realizada, as sociedades podem ser simples ou empresárias. As formas societárias previstas no nosso ordenamento são:
 
1) sociedade em nome coletivo;
2) sociedade em comandita simples;
3) sociedade limitada;
4) sociedade anônima;
e) sociedade em comandita por ações.
 
 
c) Fundações: São entidades resultantes de uma afetação patrimonial, por testamento ou escritura pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina. Para a criação de uma fundação, há uma série ordenada de etapas que devem ser observadas, a saber:
 
1) Afetação de bens livres por meio do ato de dotação patrimonial;
2) Instituição por escritura pública ou testamento;
3) Elaboração dos estatutos (Há duas formas de instituição da fundação: a direta, quando o próprio instituidor o faz, pessoalmente; ou a fiduciária, quando confia a terceiro a organização da entidade).
4) Aprovação dos estatutos (É o órgão do Ministério Público que deverá aprovar os estatutos da fundação, com recurso ao juiz competente, em caso de divergência);
5) Realização do registro civil.
 
 
d) Partidos Políticos: São entidades com liberdade de criação, tendo autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidária (art. 17 da CF).
O § 3º do art. 44 do CC estabelece que os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto na Lei n. 9.096/95.
 
e) Organizações religiosas: São entidades que muito se assemelham às associações. Contudo, o § 1º. do art. 44 do CC garante-lhes liberdade de criação, organização, estruturação interna, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos. O art. 44 do CC não é um rol taxativo. Outras espécies como as cooperativas e as entidades desportivas não foram previstas neste dispositivo
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
O art. 50 do CC prevê a desconsideração, a qual pode ser entendida como um mecanismo que pretende a supressão temporária da personalidade jurídica da sociedade, em caso de fraude, abuso, ou simples desvio de função, objetivando a satisfação do terceiro lesado junto ao patrimônio dos próprios sócios, que passam a ter responsabilidade pessoal pelo ilícito causado. Norma de teor semelhante existe também no CDC no art. 28.
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
O fim da pessoa jurídica poderá ocorrer por causas diversas, mas em qualquer hipótese a personalidade subsistirá até que se ultime a liquidação e se proceda a anotação devida. A dissolução deverá ser averbada no registro respectivo e, uma vez encerrada a liquidação, seguir-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
A dissolução das pessoas poderá ser:
a) Convencional – A mesma liberdade que permitiu aos sócios a criação da pessoa jurídica pode levá-los à extinção desta. Para tanto devem ser observadas as normas previstas no estatuto ou contrato social.
b) Administrativa – Ocorre quando a autorização para o funcionamento da pessoa jurídica é cancelada.
c) Judicial – A iniciativa para a dissolução da pessoa jurídica, em primeiro lugar, é dos administradores, que dispõem do prazo de trinta dias contado da perda da autorização, ou de sócio que tenha exercitado o direito de pedi-la na forma da lei.
d) Fato natural – Ocorrendo o fato jurídico morte dos membros de uma sociedade, e não prevendo o seu ato constitutivo o prosseguimento das atividades por intermédio dos herdeiros, o resultado será a extinção da pessoa jurídica.
NOÇÕES GERAIS DE DOMICÍLIO
A noção de domicílio desempenha papel relevante para o Direito. Segundo o art. 70. da LICC a “lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”; é ainda o domicílio que determina o local onde a pessoa, habitualmente, terá de cumprir suas obrigações (art. 327 do C.C.) e ainda, onde será aberta a sucessão hereditária (art. 1785 do C.C.).
Diante disso, conclui-se, que o domicílio importa em traduzir “o elemento de fixação espacial do indivíduo, o fato de localização para efeito das relações jurídicas, a indicação de um lugar onde o indivíduo está, deve estar ou presume-se que esteja, dispensando-se aos que tenham interesse em encontrá-lo o esforço e a incerteza de andarem à sua procura por caminhos instáveis” (Caio Mario da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil – Introdução ao direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 373).
NOÇÕES DE RESIDÊNCIA E MORADA
Não se confundem com o domicílio a morada e a residência. Todavia, a exata compreensão desses conceitos é fundamental para esclarece a matéria de maneira apropriada, tendo em vista que todas as situações descrevem um tipo de relação que uma pessoa natural estabelece com um lugar.
 
a) Morada – É o lugar onde a pessoa se estabelece provisoriamente. Confunde-se com a noção de estadia que é a mais tênue relação de fato entre uma pessoa e um lugar tomada em consideração pela lei. Fala-se também, para caracterizar esta relação transitória de fato, em habitação.
b) Residência – Trata-se de um lugar que pressupõe mais estabilidade. É o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente, ou seja, uma sede estável da pessoa.
ESPÉCIES DE DOMICÍLIO
O domicílio poderá ser:
 
a) Voluntário – Decorre do ato de livre vontade do sujeito, que fixa residência em um determinado local, com ânimo definitivo. Não sofre interferência legal este tipo de domicílio.
 
b) De eleição ou especial – Decorre do ajuste entre as partes de um contrato. Vale destacar, porém, que este dispositivo somente pode ser invocado em relações jurídicas em que prevaleça o princípio da igualdade dos contratantes e de sua correspondente autonomia de vontade. Vale notar que na dinâmica do CDC considera-se ilegal a cláusula contratual que estabelece o foro de eleição em benefício do fornecedor, por violar o disposto no art. 51, IV, do CDC.
 
c) Necessário ou legal – Decorre de mandamento da lei, em atenção à condição especial de determinadas pessoas. Suas hipóteses estão descritas no parágrafo único do art. 76 do CC, sendo elas: o do menor que terá o domicílio do seu representante legal; o servidor público cujo domicílio é o lugar em que exerce permanentemente suas funções; o militar que responderá civilmente no lugar onde serva, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado; o do marítimo que é lugar onde o navio estiver matriculado; e, finalmente, o do preso que é o lugar onde estiver cumprindo pena.
O agente diplomático, por sua vez, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve (art. 77 do CC).
DOS BENS INTRODUÇÃO
Sob um prisma de técnica legislativa das expressões, é possível afirmar que a expressão “bem” utilizada pelo legislador na parte geral tem significado amplo e pode ser utilizada em diferentes acepções. Na parte especial, quando trata de propriedade e de seus desdobramentos, fala em coisa, deixando de utilizar-se do termo“bem”, como feito na parte geral.
Já num enfoque dogmático, infelizmente a doutrina nem sempre está acorde sobre o conceito de bem correspondente ao de coisa, se é mais ou menos amplo do que esse. No sentido econômico, são considerados bens apenas as utilidades com valor pecuniário, excluídas aquelas que não podem merecer a qualificação patrimonial.
Para efeitos jurídicos, pode-se considerar como bem a utilidade física material ou imaterial que pode servir de objeto de uma relação jurídica. Para explicar o conceito de bem, Orlando Gomes (ORLANDO GOMES, Introdução ao Direito Civil, 10ª. Ed., ão ao Direito Civil, 10ª. Ed., Rio de Janeiro, 1990, p. 207), exige a reunião de três qualidade: a) economicidade, ou seja, suscetíveis de avaliação econômica; permutabilidade, noutras palavras, a possibilidade de transito jurídico através de relação estabelecidas entre os seus titulares (posse e domínio), mediante uma individualização existencial criado por um critério econômico-social; e limitatividade, num sentido de raridade, escassez empregado por outros doutrinadores.
Patrimônio. Numa acepção clássica o patrimônio é a constituição econômica da pessoa natural ou jurídica, ou seja, um complexo de direitos e obrigações entrelaçados por relações jurídicas, as quais têm como objeto os bens, as coisas, os créditos, os débitos. Em síntese, a “representação econômica da pessoa”.
 
Nesta idéia, está englobado o complexo de direitos reais e obrigacionais de uma pessoa, ficando de lado todos os outros que não têm valor pecuniário, nem podem ser cedidos, como os direitos de família e os direitos puros de personalidade. Modernamente a noção de patrimônio está ligada diretamente à personalidade do indivíduo, cunhando alguns autores a expressão “patrimônio moral” e também a teoria do patrimônio mínimo desenvolvida por Edson Fachin, a qual alicerça a noção de piso vital ou mínimo existencial, introduzida expressamente no ordenamento pátrio pela Lei 10.835/04 que trata da renda básica de cidadania.
 
Tal renda básica de cidadania nada mais é do que uma projeção do patrimônio mínimo dos indivíduos, ou seja, bens de composição obrigatória em seu patrimônio para garantir alimentação, educação e a saúde como projeção concreta do fundamento da dignidade da pessoa humana.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
Os bens se classificam, pela própria lei, sob três aspectos: de acordo com sua titularidade, por meio de comparação com outros bens, ou através da consideração do bem isoladamente.
 
1- bens considerados em si mesmos:
 
a) Corpóreos são aqueles que têm existência física (material), perceptível pelos sentidos (móveis, imóveis); incorpóreos são aqueles que têm existência meramente abstrata, ideal, jurídica (p. ex. direitos autorais). A importância da distinção reside no fato de haver diferença para a transmissão. Os bens materiais são transferidos por meio de contrato de compra e venda ou doação; os imateriais por cessão. Não existe a possibilidade de aquisição de bens incorpóreos por meio de usucapião.
b) Imóveis (ou bens de raiz), segundo o art. 79 do CC são “o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”. A doutrina esclarece que são aqueles que não se podem transportar sem alteração de sua essência, de sua substância. Móveis são, de acordo com o art. 82, “os bens suscetíveis de movimento próprio (semoventes), ou de remoção por força alheia, sem alteração de sua substância ou da destinação econômico-social”.
A importância da distinção entre bens móveis e imóveis é verificada em vários aspectos.
1- Quanto à forma de alienação: é livre em relação aos móveis, mas em relação aos imóveis exige escritura pública para os bens de valor superior a 30 salários mínimos.
2- Quanto à necessidade de autorização do cônjuge: Via de regra as negociações relacionadas aos bens imóveis exige anuência do cônjuge, sob pena de anulabilidade do ato (art. 1647, com a ressalva de que a autorização não será exigida se o regime de bens for de separação absoluta); quanto aos bens móveis a exigência não existe.
3- Outro aspecto da distinção reside no tipo de direito real de garantia que poderá ser constituído sobre o bem: em regra, os bens móveis podem ser oferecidos em penhor, e em relação aos imóveis poderão ser objeto de hipoteca.
Os imóveis podem ser:
1- Por natureza: solo e tudo que nele se incorporar naturalmente (subsolo, árvores, espaço aéreo, etc.).
2- por acessão física, industrial ou artificial: é tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo (sementes, construções, edifícios). Nos termos do art. 81 não perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro lugar (ex. casa de madeira) e os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele reempregarem;
3- Por acessão intelectual ou por destinação do proprietário. Ex. maquinários agrícolas, escada de emergência, ar-condicionado, armários embutidos). Pelo novo CC são chamados de pertenças (art. 93), que constituem uma categoria de bens acessórios.
4- Por determinação legal: Por imperativo de segurança jurídica, a lei opta por tratar determinados bens como imóveis, embora não se pudesse falar, em razão de sua natureza, em bens móveis ou imóveis. De acordo com o art. 80, são considerados imóveis para efeitos legais: os direitos reais sobre imóveis e as ações que os assegurem e o direito à sucessão aberta.
Os bens móveis, por sua vez, podem ser classificados em:
1- Por sua própria natureza: são aqueles que podem ser transportados sem deterioração de sua substância, por força própria ou externa.
2- Por antecipação: São aqueles bens que, embora ainda incorporados ao solo são destinados a ser destacados e convertidos em móveis. Exemplo: árvores destinadas a corte.
3- Por determinação legal: Também há bens que são considerados móveis em razão da vontade do legislador, embora sejam bens incorpóreos. Trata-se das hipóteses previstas no art. 83 do CC.
c) Fungíveis são os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Infungíveis são os insubtituíveis. Os imóveis, em princípio, serão sempre considerados bens infungíveis. Porém, é possível que sejam tratados num determinado negócio como bens fungíveis.
d) Consumíveis são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, bem como aqueles que são destinados à alienação. Inconsumíveis são aqueles que admitem uso reiterado, sem destruição imediata de sua substância, ainda que haja possibilidade de sua destruição em decorrência do tempo.
A importância desta classificação encontra-se no usufruto, que é um direito real de gozo ou fruição que só pode recair sobre bens inconsumíveis. Se, pó um acaso, o usufruto for instituído sobre bens consumíveis, será chamado de quase-usufruto ou usufruto impróprio.
A presente classificação não se confunde com aquela que consta do art. 26 do CDC (bens duráveis e não duráveis) e que envolve tempo maior ou menor do consumo de determinado bem.
e) divisíveis e indivisíveis
f) Singulares são os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independente dos demais. Os bens singulares podem ser: simples, quando suas partes componentes encontramse ligadas naturalmente; compostos, quando seus elementos são unidos por ato humano. Os bens coletivos, universais, ou as universalidades, são, por sua vez, aqueles que são compostos por vários bens singulares, que, considerados em conjunto, formam um todo homogêneo. A universalidade pode ser de fato, que é a pluralidade de bens singulares com destinação unitária, ou de direito, que é o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico e que por isso, a ordem jurídica atribui caráter unitário (espólio, patrimônio, massa falida). Etc.
Bens reciprocamente considerados:
De acordo com esta classificação os bens podem ser principais ou acessórios. O bem principal (art. 92) é aquele que existe por si mesmo, que tem existência própria (ex. o solo). Acessório é aqueles cuja existênciasupõe a do principal.
Os bens acessórios podem ser de vários tipos:
1- Frutos: São as utilidades que a coisa principal periodicamente produz e cuja percepção não diminui a sua substância. Costuma-se dizer que são as utilidades que nascem e renascem.
2- Produtos: São as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, e que não se renovam (pedras, metais, petróleo)
3- Pertenças: São os bens móveis que são afetados de forma duradoura ao uso, serviço ou aformoseamento de outro bem, sem que sejam considerados suas partes integrantes (art. 93).
4- Benfeitorias: São obras ou despesas realizadas pelo homem na estrutura da coisa principal, com o propósito de conservá-la (benfeitorias necessárias), melhorá-la (benfeitorias úteis) ou embelezá-la (benfeitorias voluptuárias).
3- bens quanto à titularidade do domínio:
A lei classifica os bens de acordo com sua titularidade, os quais podem ser públicos ou particulares.
Existem três classes de bens públicos (art. 99):
1- Os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças. É indiferente para a caracterização dos bens de uso comum que o uso seja gratuito ou retribuído.
2- Os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias. São aqueles bens públicos que se destinam especialmente à execução dos serviços públicos e são utilizados exclusivamente pelo poder público.
3- Os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público. São os bens públicos que não são afetados a uma atividade pública específica. Os bens de uso comum e os de uso especial são inalienáveis; já os dominicais podem ser alienados, nos termos da lei.

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