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IED PRIVADO II - Maurício Requião - Resumo para a 2ª Prova

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IED PRIVADO II
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
FATO JURÍDICO – O fato jurídico são os fatos que importam ao Direito, ou seja, ser um fato jurídico já é uma qualificação do fato. Para um fato se tornar jurídico deve haver uma determinação legal (norma), suporte fático e a incidência dessa norma.
NOÇÕES GERAIS DO FENÔMENO JURÍDICO - Embora reconheçamos que o Direito influencia o comportamento da sociedade, há certos aspectos fáticos que não podem ser modificados pelo Direito (Exemplos: uma pessoa com algum tipo de deficiência deixou de ser incapaz de acordo com o novo Código Civil, porém continua possuindo deficiência, quando houve a abolição da escravatura, o escravo deixou de ser um objeto e passou a ser coisa, porém não quer dizer que ele mudou como ser humano).
DESENVOLVIMENTO DO FENÔMENO JURÍDICO – Os pressupostos necessários para que algo se torne um fato jurídico é que haja uma norma (não necessariamente lei no sentido estrito), que possua tal fato descrito na mesma, possuindo Suporte Fático Hipotético/Abstrato.
 Quando aconteceu um evento que se enquadra no que está descrito na norma, há o Suporte Fático Concreto, ou seja, a norma incide para que possa juridicizar o evento, gerando assim o fato jurídico.
DIMENSÕES DO FENÔMENO JURÍDICO – Existem 3 dimensões, que mostram a divisão do fenômeno do jurídico nos âmbitos político, normativo e sociológico.
-Dimensão Política: A primeira dimensão de análise é a dimensão política, onde pessoas escolhem o que vai ser normatizado (definindo o que é relevante para o Direito) e como isso será valorado (escolhendo o que será lícito/ilícito, quais ações serão permitidas ou proibidas). 
-Dimensão Normativa: É como normalmente se trabalha as questões dogmáticas (área civil, penal, constitucional, etc).
-Dimensão Sociológica: Trata da questão de eficácia social da norma, onde muitas vezes é criada uma norma que acaba sendo amplamente desrespeitada, ou uma norma que possuía eficácia social, mas, com o passar do tempo, acabou sendo desrespeitada pela população. 
OBS: Certas condutas são universalmente ilícitas, como o homicídio, enquanto o consumo de drogas como a maconha pode ser lícita em alguns países (Holanda) e ilícitas em outros (parte dos EUA, Brasil, etc).
NOÇÕES GERAIS DA NORMA E FATO JURÍDICO – A norma não traz apenas suporte fático, não sendo somente um conjunto de fatos, trazendo também as consequências da concretização do fato descrito em si, havendo então duas fases, onde uma é a sua descrição do fato (Suporte Fático) e a outra descreve as consequências relacionadas à concretização do fato, sendo tal parte chamada de Preceito.
 O suporte fático e o preceito não precisam estar inclusas em apenas um (dispositivo legal) artigo , como por exemplo o Artigo 186 do CC/02, que explica o que é um ato ilícito mas não especifica suas consequências, que estão presentes só no Artigo 927 do Código Civil.
(Suporte Fático) Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
(Preceito) Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
 Em certos casos, é possível desconsiderar a ilicitude de uma conduta, como está previsto no Artigo 188 do Código Civil.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
 Há hipóteses onde o mesmo evento é juridicizado em diversas esferas, como por exemplo danos corporais (uma pessoa dispara um tiro contra outrem), cujas consequências dessa conduta podem ser regulamentados tanto pelo Direito Penal quanto pelo Direito Civil, até mesmo de formas diferentes.
OBRIGATORIEDADE DA NORMA JURÍDICA – Hans Kelsen é adepto de uma teoria sancionista, ou seja, teoria que explica a obrigatoriedade da norma ao vinculá-la com a aplicação da sanção em caso de descumprimento.
 No Brasil, a explicação da obrigatoriedade da norma é relacionada com a incidência, pois caso ocorra uma conduta descrita na norma, a norma incidirá de forma obrigatória, independentemente da vontade das partes.
ELEMENTOS DO SUPORTE FÁTICO
-Fatos da Natureza: O suporte fático não vai ter necessariamente a presença humana, onde podemos ter coisas relevantes para nós, mas existem eventos que são simplesmente naturais ou de ocorrência por parte dos animais que ainda são relevantes. O nascimento de um ser humano, que garante a personalidade jurídica do indivíduo de acordo com o Artigo 2º do CC/02, é um exemplo de fato da natureza, assim como a morte, onde se abre a sucessão e cessam os direitos da personalidade.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
-Ato Humano: É quando que para que possa acontecer determinado fato é necessária a presença humana, podendo ser exigida das mais variadas maneiras possíveis, exigindo a presença humana independentemente da vontade (uma pessoa que pesca vira proprietária do peixe, independente da mesma ser incapaz ou não), ou quando é preciso que haja vontade por parte do indivíduo, como a coação, instituição de uma sociedade/fundação e o estabelecimento de contratos (uma criança de 6 anos , caso queira firmar o contrato, o mesmo será inválido por ser incapaz, enquanto um adulto, por ser capaz, terá seu contrato validado).
-Dados Psíquicos: Dados Psíquicos (atitudes e dados anímicos) compõem com frequência o suporte fático, como a Boa-Fé no Direito Civil, ou a análise de dolo ou culpa no Direito Penal.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
-Estimações Valorativas: O que está na norma é uma estimação valorativa do efeito que vai acontecer, por exemplo, ao lermos sobre os bons costumes tratados no CC/02, podemos concluir que há condutas que possuem um valor positivo e outras de valoração negativa.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
 No campo do Constitucional Administrativo, para que um indivíduo seja nomeado para o STF ele deve posssui notório saber jurídico e reputação ilibada, exemplos de estimações valorativas. Não é que por ser estimação valorativa que a análise é totalmente subjetiva, já que não é possível um juiz decidir algo baseado apenas em suas convicções morais.
-Probabilidades: Exemplo de normas que tratam da probabilidade, são normas que falam sobre a prole eventual (Artigo 1799, Inciso I) , onde o sujeito pode, por exemplo, deixar em testamento um bem para um eventual neto que o indivíduo venha a ter. Ou então na situação de perdas e danos, onde o indivíduo pode ser indenizado por prováveis lucros (Artigo 402 do CC/02)
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o querazoavelmente deixou de lucrar.
-Outro Fatos Jurídicos: Há a possibilidade de que outros fatos jurídicos carreguem um suporte fático necessário para compor determinado fato jurídico. Para que surja um contrato (que é um fato jurídico), uma das partes tem que fazer uma oferta, onde o ato da oferta já é outro ato jurídico regulamentado, assim como deve haver da outra parte a aceitação (também outro fato jurídico), onde esses dois fatos compõem o contrato.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
-Passagem do Tempo: Existe um extenso número de eventos e situações que podem compor o suporte fático como por exemplo a prescrição (impossibilidade de exercer determinado direito em juízo com o passar do tempo) e a decadência (extinção do próprio direito em si com o passar do tempo). Outro exemplo é o tempo de 15 anos relacionado ao usucapião.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
ELEMENTOS NUCLEARES- São aqueles elementos essenciais para a existência do fato jurídico, ou seja, sem eles, o fato não será transformado em fato jurídico (não estaria no plano da existência), já que para poder ser fato jurídico, todos os elementos nucleares do suporte fático devem estar presentes. Para que haja um contrato, por exemplo, é necessário que duas pessoas façam o acordo sobre o mesmo objeto. É através da análise dos elementos nucleares que podemos definir se um fato jurídico existe ou não.
ELEMENTOS COMPLEMENTARES - Eles trazem elementos de perfeição dos elementos nucleares. E enquanto a falta do elemento nuclear/completante gera a inexistência, a falta de um elemento complementar gera a invalidez/ineficácia do fato jurídico. Os elementos complementares trazem fatores e novos dados para os elementos nucleares presentes. Normalmente, os fatos onde a vontade compõe o suporte fático são os que contêm elementos complementares. O plano da validade só é analisado nos atos jurídicos (strictu sensu e negócio jurídico).
ELEMENTOS INTEGRATIVOS – Eles normalmente vão se relacionar com o plano da eficácia, pois são requisitos que tem que ser cumpridos para que o fato alcance sua eficácia plena. A cessão de crédito, que é quando o credor pega seu crédito e transfere para outra pessoa, pressupondo que o negócio exista e seja válido, além de ser eficaz entre as partes, para ter eficácia com o devedor (eficácia plena), ele deverá ser notificado, ou seja, a notificação é um elemento integrativo do fato jurídico. 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS 3 PLANOS DO FATO JURÍDICO - Certos fatos jurídicos só por existirem já produzem efeitos jurídicos, ou seja, não chegam a passar pelo plano da validade (ato-fato, fato strictu sensu), mas caso eles precisem passar pelo plano da eficácia, os atos jurídicos devem passar pelo plano da validade para poderem ser válidos. Ao passar pelo plano da eficácia, o ato jurídico pode ser anulável, mas caso o ato jurídico não passe pelo plano da validade, se torna um ato nulo.
 Existem também atos nulos que acabam produzindo seus efeitos, como o casamento putativo (quando uma pessoa se casa, mas tem impedimento de se casar, mas a outra pessoa não possui conhecimento sobre o fato, independentemente de agir de boa ou má-fé), por exemplo, onde o casamento, mesmo sendo nulo, produz os mesmos efeitos (divisões de bens, etc) de um casamento válido, para proteger a instituição família e o indivíduo que agiu de boa-fé. Em alguns casos, também é possível que as partes possam modular seus efeitos nos negócios jurídicos (um exemplo é pagar um lanche na cantina um mês após ter efetuado a compra, quando o comum é receber a comida e efetuar o pagamento na hora).
 O ato ou é válido ou é inválido, não podendo ser válido para uma parte e inválido para a outra parte, não podendo haver uma variação nessa validade. Já na eficácia, um fato pode ser eficaz para um sujeito e ineficaz para o outro sujeito. A análise de validade é absoluta, e a análise de eficácia pode ser absoluta ou relativa .
INCIDÊNCIA – A incidência da norma na verdade é o efeito da norma jurídica vigente de transformar em fato jurídico a parte relevante para o direito do seu suporte fático 
INCONDICIONALIDADE - A ideia de incondicionalidade é quando há a incidência da norma independente da escolha do sujeito, ou seja se há a correspondência dos fatos com o que está previsto na norma, haverá a sua incidência.
 As normas cogentes são aquelas que não é possível afastá-las de sua incidência, enquanto as normas não-cogentes dão a permissão para os sujeitos para que a norma não incida da maneira expressamente prevista, pois o próprio conteúdo da norma faz dá a opção aos indivíduos de poder fazer com que a norma incida de forma diferenciada, tendo como exemplo o Artigo 244 e 252 do CC/02. Nem sempre no CC vai estar claro se a norma é cogente ou não-cogente, já que, normalmente, quando o Código traz uma proibição e não diz qual será a sanção, é porque o ato praticado é nulo. Independente de ser cogente ou não, a norma não perderá a incondicionalidade.
OBS: Na parte de contratos, por exemplo, as normas geralmente tendem a não serem cogentes, possibilitando às partes a possibilidade de terem maior liberdade perante a norma.
INESGOTABILIDADE - Inesgotabilidade significa que a norma não sofre qualquer espécie de desgaste ou limitação por conta da incidência, podendo incidir infinitas vezes enquanto estiver vigente, incidindo toda vez que seus pressupostos forem preenchidos. Claramente existe uma limitação temporal devido às mudanças legislativas, já que algumas normas não poderão mais se realizar na prática, pois o evento que faria com que ela incidisse não aconteceria mais. Certas normas como a da Revisão Constitucional e a da estabilidade do funcionário público que servia x anos antes da promulgação da CF/88, foram normas que acontecem uma única vez devido a raridade/singularidade dos fatos que as fazem incidir. 
PRESSUPOSTOS – São elementos obrigatórios que não podem faltar para que haja a incidência da norma.
-Vigência: Para que haja a incidência, não basta que a norma esteja no ordenamento, é necessário que ela seja dotada de eficácia, sendo capaz de produzir seus efeitos, estando vigente. O Novo CPC não pôde incidir durante um ano, apesar de estar ingresso no ordenamento jurídico, pois não poderia produzir seus efeitos por estar em vacatio legis, pois o que está produzindo efeito no ordenamento é a norma anterior. 
-Concreção Suficiente do Suporte Fático: É na norma que encontraremos os fatos que acontecendo no mundo concreto irão gerar a incidência da norma (Suporte Fático Hipótetico), dando uma ênfase para que todos os elementos nucleares estejam presentes para a incidência da norma. 
 (i)Um SF deficiente faz com que embora o fato ingresse no plano da existência/ordenamento jurídico, ele passará por algum problema no plano da validade, ligada aos elementos complementares. (ii)A insuficiência do suporte fático causa a inexistência (elementos nucleares) do fato jurídico, não considerando-o um fato jurídico.
 Na ficção jurídica o que acontece é um desprezo da realidade, pois a lei trará uma certa narrativa dizendo que aquilo é daquela maneira, independentemente daquilo ser factualmente verdadeiro (Ex: O pressuposto de que todos os indivíduos são conhecedores da lei). A ficção não está condizente com a ideia da Concreção do suporte fático.
 Nas situações de presunção é a ideia de que algo aconteceu, mesmo que não tenha acontecido, sendo mais maleável do que a ficção jurídica. Principalmente na presunção relativa, traz uma ideia deque algo é de certa maneira, mas é apenas uma presunção, podendo ser desconstituído, como por exemplo o Artigo 323 do CC/02.
CONSEQUÊNCIAS DA INCIDÊNCIA
-Juridicização: É a transformação de um fato em um fato jurídico, sendo a consequência mais comum, que é quando a norma incide, tornando o fato jurídico.
-Pré-Exclusão de Juridicidade: É quando a norma atua para fazer com que o fato não seja juridicizado ou seja juridicizado de maneira diferente, ou seja, a incidência da norma impede com que o fato seja juridicizado da maneira que regularmente seria. O normal seria que de acordo com Artigo 186 do Código, ao causarmos danos à uma pessoa, tal conduta gera um ação ilícita, porém o Artigo 188 pré-exclui a juridicidade, ao dizer que é possível causar danos a outrem em situações de legítima defesa, fazendo com que a norma incida de maneira diferente. No Direito Tributário, por exemplo, é possível que haja a exclusão de impostos para instituições como a Igreja (pré-exclusão), impedindo a juridicização da norma.
-Invalidação: Se relaciona com a capacidade do sujeito, havendo uma norma dizendo que os atos praticados por um sujeito relativamente incapaz ou absolutamente incapaz são nulos ou anuláveis.
-Deseficacização: É a ideia de tirar a eficácia do fato, tendo como exemplo clássico de normas que praticam a deseficacização são as normas de prescrição, onde caso passe o prazo de exercício do direito, incide uma norma que impede a eficácia de certo direito. 
-Desjuridiczação: Faz com que um fato que esteja no mundo jurídico saia do mundo jurídico, tendo como exemplo quando duas pessoas estabelecem um contrato e isso vai ser juridicizado e passará a ser no mundo jurídico um contrato que vincula as partes. É possível que as partes percam interesse naquele acordo e resolvam fazer um extrato para acabar com o acordo, onde a norma de extrato incidirá para desjuridicizar o contrato.
CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS
FATO JURÍDICO LATO SENSU - É o maior gênero de todos, ou seja é todo fato que seja um fato jurídico. Um ato ilícito é algo que está dentro do direito, não sendo algo ajurídico, já que um para um fato ser ilícito, o mesmo também deve ser jurídico, estando incluso no Direito.
FATO JURÍDICO STRICTU SENSU - Envolvem eventos que acontecem no mundo jurídico, onde o suporte fático independe da presença humana. A morte, o nascimento, o tempo (maioridade atingida) e a produção dos frutos podem ser considerados fatos jurídicos strictu sensu. Pode haver a participação do ser humano nesse tipo de fato jurídico, mas o mesmo não compõe o suporte fático. O direito apenas regula como as pessoas afetadas pelo fato jurídico strictu sensu devem se comportar, não estabelecendo regras de como se deve processar. 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
ATO-FATO JURÍDICO - Há a conduta humana no suporte fático, mas a vontade não compõe o suporte fático, exigindo certa conduta do ser humano (ação/omissão), mas não exige a presença da vontade. Um exemplo é quando uma criança pesca o peixe, onde o ordenamento jurídico, independente da sua vontade, declara a criança como proprietária do peixe, tornando a análise da capacidade completamente irrelevante (releva o plano da validade) para o ato-fato jurídico.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade
-Ato Real: é dar a importância fato real que partiu de uma conduta, sendo o pagamento e a quitação de uma dívida exemplos de Ato Real.
-Ato Fato-Jurídico Indenizativo: É o ato-fato cujo efeito é o dever de indenizar. É muito comum associarmos a prática de ato ilícito com o dever de indenizar, porém nem todo ato ilícito tem por consequência o dever de indenizar e não somente atos ilícitos geram deveres jurídicos, podendo ter atos lícitos que gerem o dever de indenizar. Caso eu tenha arrombado a casa de alguém com o intuito de me esconder e me proteger de um perigo, o ato é lícito (Artigo 929, CC/02) porém passível de indenização.
-Ato Fato-Jurídico Caducificante: É o ato-fato cujo efeito é a perda do exercício do direito. É sempre composto por dois elementos: uma inação e a passagem do tempo. A ideia de caducidade é a de perda de direito, se encaixando como ato-fato jurídico caducificante a prescrição, decadência e a preclusão. Pouco importa se o indivíduo queria ou não exercer o direito, mas caso o mesmo tenha entrado em caducidade, não será mais possível exercê-lo.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
ATO JURÍDICO LATO SENSU - É quando a vontade compõe o suporte fático, sendo o elemento definidor ato jurídico lato sensu. Esta espécie de fato jurídico se divide em dois tipos: Ato Jurídico Strictu Sensu e Negócio Jurídico.
-Exteriorização da Vontade: Para que haja a concretização do suporte fático, é necessário a exteriorização da vontade (a parte precisa saber da vontade do outro em realizar o ato). Sobre esta exteriorização, há a ideia de:
 (i) manifestação de vontade, que é qualquer ação concludente que leva a entender sua vontade (rasgar um contrato ou o silêncio, de acordo com o Artigo 111 do CC/02, não exigindo declaração de vontade), ou seja, um casamento que ocorra apenas por manifestação se torna inexistente;
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
 (ii) declaração de vontade, que é quando há expressamente (escrito ou por fala) o que é a vontade da parte, havendo uma priorização diante do que foi exteriorizado em relação ao sentido literal da linguagem (Artigo 112 do CC/02).
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
-Consciência da Vontade: É necessário que o indivíduo tenha consciência sobre o efeito que tal exteriorização de vontade produz, não precisando ter noção dos efeitos jurídicos, mas sim da situação e do que deve ser feito (quando uma pessoa acena para pegar um ônibus, sabe que terá que pagar a passagem, porém não precisa perceber que está cumprindo um contrato de transporte).
-Resultado Possível/Lícito/Determinado: São requisitos de validade, e não de existência, onde ao selar um contrato, o objeto estabelecido entre as partes necessita ser lícito, determinado e possível para que seja recepcionado pelo ordenamento jurídico.
-Atos de Direito Público: As ações de Direito Público ou são qualificadas como ato strictu ou como negócio jurídico. Se todos os atos forem atos praticados pelo mesmo ente ou poder para que o suporte fático se concretize, o mesmo deve ser chamado de (i) Ato Complexo, e caso haja a prática de atos por entes/poderes diferentes, os mesmos irão compor o (ii) Ato Composto.
ATO JURÍDICO STRICTU SENSU - é quando o efeito daquele ato de vontade já está determinado em lei sem nenhuma possibilidade de modificação, enquanto no Negócio Jurídico, apesar do efeito da vontade estar determinada em lei, há a possibilidade da sua modificação pelo indivíduo. A quitação é um exemplo de um ato jurídico no senso estrito.
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
Parágrafo único. Ficarásem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
NEGÓCIO JURÍDICO - Possui uma permissão dentro dos limites do ordenamento onde se possa modificar esses efeitos, sendo os contratos ou o casamento exemplos perfeitos de um negócio jurídico, podendo negociar o prazo de entrega e a forma de pagamento, por exemplo. 
OBS: O CC/02 dos Artigos 104-184 tratam apenas do Negócio Jurídico, demonstrando uma enorme preocupação com essa espécie da fato jurídico, enquanto o ato jurídico Strictu Sensu só é tratado no Artigo 185 do CC/02. Existe uma minoria mínima que defende a não distinção entre negócio jurídico e ato jurídico strictu sensu.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
OBS: Há uma discussão sobre os contratos de adesão (uma parte elabora sozinha e a outra apenas assina) serem ou não negócios jurídicos, porém a ampla maioria acredita na sua classificação como negócio jurídico.
-Negócios Jurídicos Unilaterais, Bilaterais e Plurilaterais: É o critério que leva em conta a quantidade de indivíduos que exerceram a exteriorização de vontade bem como o direcionamento dessas vontades. 
(i) Os Negócios Jurídicos Unilaterais são aqueles negócios onde apenas um sujeito só que exterioriza sua vontade de certa maneira (oferecer uma recompensa para encontrar um objeto perdido), e a partir da mesma, é formado um negócio jurídico.
(ii) Os Negócios Jurídicos Bilaterais é quando é necessária a exteriorização de dois sujeitos, que exercem essa vontade de forma oposta e complementar (uma parte quer vender e outra parte quer comprar), sendo todas as questões contratuais exemplos de negócios jurídicos bilaterais.
(iii) Os Negócios Jurídicos Plurilaterais precisam de pelo menos duas pessoas, assim como nos bilaterais, mas as vontades convergem para o mesmo, não sendo opostas e complementares, tendo como típico exemplo quando as pessoas se reúnem para a formação de uma PJ (Associação, Sociedade).
-Negócio Jurídico Abstrato x Causal: É o critério que divide os negócios jurídicos em causais e abstratos. Todo negocio jurídico possui uma causa, onde o motivo (mais subjetivo do que a causa) é, quase sempre, irrelevante, onde a causa pode implicar na validade/invalidade do negócio jurídico. 
(i) Um Negócio Jurídico Abstrato é quando o negócio jurídico se desvinculou de sua causa, não havendo nenhuma consequência caso haja um vício da sua causa, tendo como exemplo a maior parte dos títulos de crédito/nota promissória, onde os sujeitos vão repassando o título para outros (pouco importa a causa, deve ser exigido pela parte o pagamento), onde, independentemente de algum problema, a mesma não seria afetada para manter o princípio da confiabilidade.
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.
(ii) Um Negócio Jurídico Causal é quando o negócio sempre está vinculado a sua causa, mesmo após sua formação.
-Mortis Causa x Inter Vivos: É o critério que analisa se as produções de efeitos desse negócio são após a morte das partes ou durante a sua vida, sendo o Mortis Causa quando o efeito jurídico depende da morte (testamento) e o Inter Vivos quando o efeito jurídico se produz enquanto as partes estão vivas.
-Negócio Jurídico Consensual x Real: Para que haja um Negócio Jurídico Consensual, as pessoas necessitam exteriorizar sua vontade e entrar em consenso, bastando o acordo consensual (contratos de compra e venda). Já os Negócios Jurídicos Reais é quando, onde além da vontade, é necessário a entrega de alguma coisa (elemento completante/nuclear), como, por exemplo, o contrato de comodato.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.
-Negócio Jurídico Solene x Não Solene: O Negócio Jurídico Solene é quando a lei exige que ele seja celebrado de certa forma (verbal ou escrito, não podemos gravar um vídeo como testamento), como os testamentos, enquanto que o Negócio Jurídico Não Solene deixa livre a forma com que ele vai ser organizada (não é determinada a forma que a compra e venda deve ser feita). 
-Negócio Jurídico Principal x Acessório: Um Negócio Jurídico Principal quer dizer que ele não tem sua existência vinculada a nenhum outro negócio jurídico, enquanto um Negócio Jurídico Acessório só tem razão de ser se for vinculado a outro negócio, como a fiança, por exemplo.
-Negócio Jurídico Típico x Atípico: O negócio jurídico é vinculado à vontade, só que num sentido muito mais livre do que no ato jurídico strictu sensu. Por mais que o legislador regulamente determinados contratos, sempre há a possibilidade das pessoas pensarem num contrato que nunca foi regulamentado.
 Quando um tipo está previsto em lei, o mesmo é chamado de Negócio Jurídico Típico, e os Negócios Jurídicos Atípicos são os negócios jurídicos que a lei não previu nem os proibiu (porém, deve-se observar as normas gerais do Codex). Todo contrato atípico é não solene.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Negócio Jurídico Oneroso x Benéfico/Gratuito: É analisada a verificação se esse negócio traz vantagens patrimoniais para ambos sujeitos envolvidos (Negócio Jurídico Oneroso, compra e venda, por exemplo) ou se ele traz para apenas um indivíduo (Negócio Jurídico Benéfico/Gratuito, tendo um empréstimo/comodato, por exemplo).
OBS: O Negócio Jurídico Neutro seria o negócio jurídico desprovido de valor econômico, de acordo com certos juristas, sendo um classificação que é estabelecida através da análise dos bens patrimoniais. O negócio jurídico Bifronte é o que pode ser tanto oneroso como gratuito (contrato de mútuo para bens fungíveis, como empréstimo de dinheiro, onde as partes podem compactuar para o que mesmo seja o oneroso, já que, em regra, o mesmo é benéfico).
ATO ILÍCITO – Os artigos 186-188 do Código Civil tratam sobre o Ato Ilícito. Não se pode cometer o equivoco de pensar que pelo fato do ato ser ilícito, o mesmo é um ato externo ao direito, já que a ideia de ilicitude é uma ideia jurídica. A dicotomia lícito x ilícito só existe porque se encontra dentro do direito. Quando o direito se ocupa de regulamentar determinadas situações, ou ele recepciona/incentiva de modo positivo ou, em outros momentos, determina que tal fato é contrário ao direito, sendo estes fatos contrários atos ilícitos. O Direito Penal, basicamente, se ocupa de condutas ilícitas, por exemplo.
A questão da ilicitude é algo que tem um cunho de construção social, onde, ao fazermos uma análise temporal (mesmo lugar, diferentes épocas, como a questão da escravidão ou adultério no Brasil) e espacial (mesma época, em lugares diferentes, questões como a política de drogas), percebemos que não há uma total sobreposição do que é lícito ou ilícito. Para que haja o ato ilícito, é necessária uma conduta contrária ao direito.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
CONSEQUÊNCIASDO ATO ILÍCITO
-Ato Ilícito Indenizativo: É quando o sujeito comete um ato ilícito que gera dano a alguém, resultando em uma indenização para o sujeito prejudicado, sendo a mais comum no Direito Civil (sanção reparatória).
-Ato Ilícito Invalidante: É qualquer ato que seja afetado pela invalidade ou anulabilidade, partindo da ideia de que se o ordenamento repudia tal ato, o mesmo será desfeito, não alcançando seus efeitos.
-Ato Ilícito Caducificante: É o ato ilícito que faz com que o sujeito vá perder algum direito, como, por exemplo, quando um casal não cuida de modo adequado de seus filhos e, por conta disso, perde o poder familiar que tinha sobre essa criança.
-Ato Ilícito Autorizante: É quando o sujeito prática um ato ilícito, e a prática desse ato, permite ao outro sujeito uma prática não permitida pelo ordenamento jurídico. Um exemplo é quando o donatário demonstra ingratidão ou comete um ato ilícito contra o doador (Artigo 557,558, Codex).
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
OBS: A prática de um ato ilícito pode implicar em uma ou várias consequências previstas de um ato ilícito.
ABUSO DE DIREITO (Artigo 187, Codex) – Quando falamos de ilícito no 186, tratamos de uma conduta que ela em si já traz a ideia de ilicitude, ou seja, pra ser ilícito no 186, um indivíduo cometeu uma conduta ilícita e danosa a outrem. A ilicitude não se refere unicamente a questões patrimoniais, mas também a questões morais.
 Porém, ao analisarmos o Artigo 187, tratamos de uma conduta incialmente lícita, ou seja, o indivíduo possui o direito de exercer esse direito, porém, isso não significa que deve-se utilizá-lo de modo ilimitado. Ou seja, abuso de direito é quando o sujeito possui um direito, porém, quando extrapola os limites (bons costumes, fins econômicos e sociais, boa-fé) desse direito, o mesmo se torna um ato ilícito.
-Fins Econômicos e Sociais: É uma análise interna de cada norma e situação para perceber e definir se houve ou não o abuso do direito.
-Bons Costumes: Historicamente, os bons costumes estão atrelados a questões sexuais e de gêneros, devido a forte influência do Código Penal. É o conjunto de valores determinantes da conduta humana, consoante a moral e as exigências sociais. 
-Boa-Fé: A boa-fé tem muitas construções vinculadas ao abuso de direito. Quando se fala em boa-fé objetiva, estamos nos referindo ao fato de que existe um padrão ideal de conduta, ou seja, no modo como o sujeito se comporta com os outros ou como os negócios são feitos, há um padrão ideal de como é esperado o desenvolvimento das relações. Boa-fé objetiva é algo que se amolda à esse padrão.
(i) Venire Contra Factum Proprium se caracteriza quando um sujeito, no primeiro momento, tem uma conduta lícita, que acaba gerando uma expectativa legítima com a outra parte, e, posteriormente, o indivíduo tem uma segunda conduta, que, analisada isoladamente também seria lícita, mas, o problema é que, essa segunda conduta, vem contra a expectativa criada pela conduta anterior dele, havendo um comportamento contraditório, caracterizando um abuso de direito. Existe então, a proibição do comportamento contraditório.
 O venire contra factum proprium se relaciona com uma primeira conduta lícita, que gera uma expectativa legítima com a outra parte, e surge o próprio venire, que é o comportamento contraditório, geralmente lícito, à primeira conduta.
(ii) Supressio e Surrectio é quando uma pessoa tem o direito e não exerce-o , gerando a outra parte uma expectativa legítima de que o direito não será mais exercido, gerando então a Supressio (perda do direito pelo sujeito que não o exerceu) e a Surrectio (o correspondente ganho de direito que criou a legítima expectativa em virtude da inação do outro).
(iii) Tu Quoque/”Até tu” tem como ideia uma pessoa que está praticando uma conduta que não deveria, e, em sequência, quer reclamar da prática de outra pessoa que teve a mesma conduta ilícita. Ou seja, um sujeito que está agindo ilicitamente/com torpeza, ele não pode alegar isso contra alguém.
(iv) Inalegabilidade de Nulidades Formais é quando existe uma situação em que, naquele negócio praticado, existe um vício formal (algo está errado) onde as partes estão cientes disso, e, o sujeito que teria o direito de alegar isso, diz que está tudo bem. Ou seja, embora exista uma irregularidade, a pessoa que se beneficiaria de tal irregularidade desconstitui esse vício, e, mais tarde, quer tentar alegar a irregularidade.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE (Artigo 188, Codex) – É quando não constituem em atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido e a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente (Estado de Necessidade). Deve ser proporcional, dentro do limite do necessário, relacionado a situação para que o ato não seja constituído como ilícito. 
 As condutas do Artigo 188 sofrem Pré-Exclusão de Juridicidade, que é quando a norma atua para fazer com que ou aquilo não seja juridicizado ou aquilo seja juridicizado de maneira diferente, ou seja, a incidência da norma impede com que o fato seja juridicizado da maneira que regularmente seria. 
VALIDADE E INVALIDADE – O binômio validade x invalidade se identifica no campo do dever-ser, é uma categorização que não faz sentido no mundo natural, passando necessariamente pelo direito, tendo que se adequar a um conjunto de regras. A análise de validade não ocorre em fato jurídico strictu sensu ou ato-fato jurídico (O Direito não tem como criar regras para impedir o fato do nascimento ou morte), pois é uma ocorrência natural, mas acontece em atos jurídicos strictu sensu e negócios jurídicos. Dizer que um ato é inválido quer dizer que o ato é ilícito.
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO – A ideia é que, sempre que possível, deve-se aproveitar ao máximo (deve ser analisado dentro do sistema do ramo do direito trabalhado) os atos jurídicos praticados. Isto é trabalho em graus diferentes nos diversos ramos do Direito.
VALIDADE X EXISTÊNCIA – A discussão sobre validade só tem sentido se o ato existe, não tem como discutir a validade de um ato inexistente, que não está no mundo do direito. Existem casos em que o ato é nulo mas produz efeitos no mundo jurídico, como, por exemplo, o casamento putativo e o caso previsto no artigo 48 do Codex (decisão contra a lei, que é nula, produz efeitos jurídicos, porém, devem ser desconsiderados, devendo desconstituir o efeito jurídico). O ato anulável, enquanto ninguém reclamar de nada, embora seja inválido, produzirá seus efeitos. 
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO – Tais pressupostos se encontram no Artigo 104. A perfeição da exteriorização da vontade, apesar de não se encontrar no Artigo, é um dos pressupostos.
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
-Capacidade do Sujeito/Agente Capaz: Capaz é o indivíduo acima de18 anos ou emancipado com, pelo menos, 16 anos, podendo exercer autonomamente atos da vida civil. Antes, os deficientes eram considerados incapazes, mas após o Novo CPC e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, os deficientes físicos e mentais se tornaram plenamente capazes, podendo ser relativamente incapazes se não puderem expressar temporariamente sua vontade, de acordo com o Artigo 4º do CC/02. 
OBS: A ideia de legitimidade e legitimação é circunstancial, sendo diferente da lógica da capacidade. 
-Perfeição da Exteriorização da Vontade: Mesmo alguém capaz, quando exterioriza a vontade, a exterioriza de um modo que o ordenamento talvez não a recepcione como válida (vícios de vontade). 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
-Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável: (i) A questão da licitude depende do que está expresso no ordenamento (o ordenamento não tutelaria um negócio jurídico com objeto ilícito). 
(ii) O objeto deve ser possível, tanto na questão fática quanto na jurídica (um contrato no céu, objeto impossível; ou uma herança, não podendo fazer um contrato sobre a herança). Ao comprarmos a planta de um apartamento, não podemos dizer que o mesmo é nulo, pois mesmo que o apartamento ainda não tenha sido construído, há uma possibilidade absoluta que perdurará até o cumprimento do negócio, vide o artigo 106 do Codex.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.
(iii) Determinado ou Determinável é que, quando o negócio jurídico é feito, deve-se saber qual é/será o objeto versado pelo negócio (determinado ou determinável) , para que seja verificado se o negócio jurídico se cumpriu de forma adequada.
-Forma Prescrita ou Não Defesa em Lei: Para o negócio jurídico, poderá haver a liberdade de forma (não solenes) e outros que possuem uma forma específica exigida para sua realização (solenes), como está previsto no Artigo 107 do Codex.
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
GRAUS DE INVALIDADE – No geral, o ato nulo é uma atribuição que o ordenamento faz quando quer aplicar uma sanção maior à esta conduta. Enquanto falamos de anulabilidade, o ordenamento não tem um problema objetivo com a conduta.
-Eficácia do Ato Inválido: Existem situações de exceção, como o casamento putativo, sendo momentos que o ordenamento opta pela eficácia do ato com o intuito de proteger a boa-fé de uma das partes, possuindo eficácia mas não a eficácia pretendida pelo ato. Quando falamos do ato anulável, o interesse que se pretende proteger é muito mais vinculado ao sujeito, portanto, o ato anulável, até que alguém entre com um ação judicial para anular este ato, irá produzir seus efeitos normalmente.
-Extinção da Invalidade: Quando tratamos de ato nulo, em regra, não há o que se falar da extinção da validade, ou seja, se o ato é nulo, ele continuará sem produzir efeitos no mundo jurídico. Da mesma forma, se um ato é nulo não há nada que possa ser feito pelos envolvidos para transformar o ato nulo em um ato válido.
 Em casos de anulabilidade, pode haver a extinção da invalidade, podendo ocorrer de duas maneiras: 
Pela (i) Convalidação, que acontece quando embora exista anulabilidade, passa o prazo estipulado pelo Código para que o interessado possa imbuir-se dessa anulabilidade e, com a passagem do prazo, ocorre a Convalidação. A convalidação se relaciona com a inércia do titular do direito + passagem do tempo, gerando a decadência, não havendo mais reclamação dessa situação de anulabilidade;
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
 Pela (ii) Sanação, que consiste na ideia em que aquilo que era causa da invalidade vai deixar de ser, podendo acontecer tanto através de uma (a) confirmação (quando o sujeito que foi prejudicado pela anulabilidade, toma conhecimento e, ainda assim, confirma a realização do negócio, quando compramos um relógio dourado pensando que é de ouro e, na verdade é de latão, mas, mesmo sabendo disso, compramos o relógio) quanto de um (b) assentimento posterior, que é quando se tem alguém relativamente capaz, pratica um ato sem seu assistente e seu ato é anulável, mas, posteriormente, o assistente dá o seu assentimento, se extinguindo a invalidade pois o vício foi sanado.
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo.
-Legitimação para Alegação: A legitimação para alegação de um ato nulo está previsto no Artigo 168 do Codex.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
 Quando falamos de anulabilidade, quem pode reclamar da alegação de anulabilidade está previsto no Artigo 177 do Codex.
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
-Desconstituição do Ato Inválido: Se fizermos uma compra nula, não haverá necessidade de desconstituição do ato inválido, pois ela não produzirá seus efeitos jurídicos, pois a causa não existe. Já o ato anulável, até que seja alegada a anulabilidade, ele produzirá normalmente seus efeitos, não tendo nada de anormal, sendo necessária a desconstituição.
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
CAUSAS DE ANULABILIDADE – Existem duas razões para a anulação do negócio jurídico: via incapacidade relativa do agente e por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. O prazo será de dois anos a partir da celebração do negócio (art. 179)
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. Prazo determinado em lei. 
Obs. Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a suaidade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Não pode pedir anulação. 
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. Mesmo havendo invalidade por força da invalidade, se foi pago ao incapaz e esse dispersou o valor pago, não terá que ser devolvido. Somente poderá ser devolvido se o que pagou provar que o dinheiro foi revertido em proveito do menor. 
-Erro: É quando uma das partes realiza o negócio jurídico emitindo sua vontade de uma maneira que não seria o regular, porque está enganado quanto a algum dos aspectos que envolve aquele negócio jurídico. O erro ou ignorância se pauta no fato de que o contraente do negócio, por si mesmo, sozinho, entende de modo equivocado algum dos aspectos envolvendo aquele negócio jurídico. O erro parte do próprio sujeito (diferentemente do dolo, que há uma indução de outro sujeito). Não teria feito o negócio ou não teria feito daquela maneira. Há um conjunto que deve ser analisado para poder dizer que foi erro: erro substancial (Artigo 139) e padrão abstrato (está vinculado ao padrão médio das pessoas).
Art. 139. O erro é substancial quando:
(i) Erro de negócio é quando uma parte acha que está fazendo um negócio, mas na verdade está fazendo outro, erro na declaração de vontade, podendo ser anulado.
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
(ii) Erro Quanto à Pessoa é a possibilidade de haver um engano quanto à pessoa (queria fazer um contrato com X e faz com Y, situação de homônimos) ou quanto às qualidades essenciais da pessoa (quando a pessoa contrata um auxiliar de enfermagem pensando que havia contratado um enfermeiro).
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
(iii)Erro De Direito (ex. pessoa compra um terreno pretendendo construir um edifício, mas aquele terreno, por uma norma municipal, não pode ter nenhuma construção). O que muda é a regulamentação jurídica do terreno.
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. 
 Os outros artigos trazem situações que não são anuláveis, mas que em essência poderia ser dito que houve erro. 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Motivo normalmente não integra o negócio jurídico, só pode ser motivo de anulação quando passar a ser causa do negócio.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. Não importa se houve a declaração direta ou por meio interposto (assinatura de contrato que eu ditei, mas na hora de digitar a pessoa digitou errado), nos dois casos se procede a anulação. 
 Não há anulação quando existe o erro, mas, pelo contexto, é possível identificar e resolver o erro. Quando a pessoa que não foi a que errou quer evitar a anulação do negócio, basta que ela se disponha, quando for possível, a realizar o negócio nos moldes do que pensou a pessoa que declarou sua vontade em erro (comprei uma corrente dourada pensando ser uma corrente de ouro. Se a pessoa se dispor a entregar uma corrente de ouro, não é possível mais a anulação). 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. 
-Dolo: o que diferencia do erro é que no dolo há participação de alguém, seja para gerar o erro de quem declara a vontade, seja para manter a pessoa em erro. Ex. Se ofereço uma corrente de ouro, que na verdade não é de ouro. Ou não há um esclarecimento de que essa corrente não é de ouro, há um dolo. Se vier de terceiro, também será considerado dolo. Se divide em duas espécies: 
(i) Dolo causal é quando o negócio jurídico só se realizou por causa do dolo, ele foi a causa do negócio. Tivesse o sujeito conhecimento das reais circunstâncias, ele não teria realizado o negócio. O negócio jurídico é anulável por dolo. Ex. só comprei a corrente porque essa era de ouro, se não fosse de ouro não teria comprado;
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
(ii) Dolo acidental é quando o sujeito teria realizado o negócio jurídico mesmo se soubesse da verdade, mas em circunstâncias diferentes. Um exemplo seria se eu tivesse comprado a corrente de qualquer maneira, mas não teria pago o mesmo preço que paguei. Não permite a anulação, apenas a indenização por perdas e danos, mantendo o negócio jurídico. 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
 Se a pessoa que está tendo a vantagem com o dolo tinha ou devia ter conhecimento que terceiro praticou o dolo, o negócio jurídico é anulável (relação de subordinação, se considera que o superior tem a obrigação de ter conhecimento que o empregado direto está agindo), mesmo o sujeito contraente não tendo diretamente agido com dolo, mas sabia que a vontade que estava sendo declarada estava viciada. 
 Se ele não tinha conhecimento ou não deveria ter, o negócio é válido, mesmo uma das partes sofrendo o prejuízo. Porém, a parte que foi vítima do dolo vai poder pedir indenização por perdas e danos contra o terceiro. 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
 Não é o sujeito que vai ser vinculado ao dolo, mas sim seu representante. Código distingue o representante convencional (ato de vontade fazer algo em nome de alguém) e o representante legal (caso do menor incapaz). Código atribui responsabilidades distintas conforme seja representante legal ou convencional, no legal, a pessoa não tem a opção de não ter o representante, o representado não tem muita responsabilidade pelo representante. No convencional, o representado quem escolhe, a responsabilidade deve ser maior. 
 A responsabilidade do representado se o representante for legal, só responderá pelo proveito que teve, o sujeito não terá prejuízo, o máximo que vai perder é o que ganhou. 
 A responsabilidade do representado se o representante for convencional, quem teve prejuízo poderá ingressar contra qualquer um dos dois para obter a indenização. 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
-Coação: É quando o sujeito só realiza o negócio jurídico porque foi coagido pela outra parte. O código traz uma especificação do que pode ser considerado coação. 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
 O que se está pretendendo alegar como coação deve ser suficiente para ser um fundado temor de um dado considerável e iminente (dano prestes a acontecer). Pode ser de natureza pessoal como patrimonial, podendo falar também em outras pessoas senão família(amigos próximos, etc.). Não é necessário que o dano seja real, basta que a pessoa acredite no dano, por exemplo, se uma pessoa assina um contrato porque a outra está apontando uma arma, pouco importa se esta é de brinquedo ou de verdade, está descarregada ou carregada, já que existe o fundado temor da ocorrência do dano. 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
 A apreciação da coação não é de todo objetiva, deve-se levar em consideração contra quem a coação foi realizada. Ex. uma ameaça física de empurrão feita a um adulto ou a uma pessoa idosa, será coação para a pessoa idosa. 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
 A ameaça de exercício normal de direito, por exemplo, é quando uma pessoa loca o apartamento para outra e o locatário não paga o aluguel. O locador faz a ameaça de despejá-lo, ou seja, tal ação não é considerada coação. Também não é considerado coação o temor reverencial, ou seja, o temor em relação ao outro por causa da posição respeitada que o outro assume, como o filho com o pai (a palavra tem um peso maior). Não significa que as pessoas que o sujeito tem temor reverencial não possam fazer coação. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
-Estado de Perigo: Só se aplica após uma análise do caso concreto, em relação à danos patrimoniais e de vida. Existem dois elementos do Estado de Perigo, que são:
(i) obrigação excessivamente onerosa, que não é que aquilo é excessivamente oneroso para mim, mas sim em comparação para o valor normal (um médico cobra 5 mil reais, sendo este preço o regular, para uma pessoa que ganha um salário mínimo não será excessivo);
(ii) Dolo de Aproveitamento, que é justamente o fato de que a pessoa que obriga a outra saiba que o outro sujeito esteja assumindo obrigação excessivamente onerosa.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
-Lesão: O ato de lesão ocorre quando há: 
(i) premente necessidade (não se encaixa em premente necessidade aquilo que está em Estado de Perigo, ou seja, caso minha premente necessidade seja minha saúde, isto se configurará em Estado de Perigo) ou;
(ii) inexperiência, que deve ser feita uma análise por cada situação concreta levando em conta o sujeito, ou seja, configurará em lesão por inexperiência quando um engenheiro vai à uma exposição de bois e, ao querer adquirir o boi, é cobrado um valor exorbitante desproporcional. 
OBS: Na lesão não se fala de dolo de aproveitamento como elemento da lesão.
 O desequilíbrio da prestação das lesões está vinculado ao momento da formação do contrato, ou seja, quando o contrato é feito, caso eu cobre mil reais por um celular e a outra parte aceite e, um mês depois, o celular passe a valer 200 reais, não haverá lesão.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
-Fraude Contra Credores: Não há nenhum problema em relação à exteriorização da vontade, pois a mesma é justamente da forma que o sujeito queria, onde o que há de errado é quando o sujeito a realizar o negócio acaba causando dano à terceiros (vício social). Enquanto nas outras formas é protegido o contrainte do negócio, na fraude contra credores o protegido será o terceiro prejudicado pelo negócio.
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente (é um estado em que o devedor tem prestações a cumprir superiores aos rendimentos que recebe), ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.
CAUSAS DE NULIDADE – A nulidade fundamenta-se em razoes da ordem pública, sendo que cada comunidade jurídica tem liberdade nas suas indicações, não havendo paradigmas preestabelecidos a obedecer. 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
-Simulação: é uma situação de nulidade que está regulamentada no artigo167 do Codex. É quando há uma aparência que está se realizando aquele negocio jurídico, mas na verdade ele não está sendo realizado ou algum elemento daquele negocio jurídico não está sendo realizado. 
Os elementos que compõem a simulação são: a (i) existência de um ato jurídico cujo conteúdo seja intencionalmente inverídico quanto ao ato em si, às disposições negociais, às pessoas ou à data; e a (ii) ciência da simulação por todos os figurantes do ato (o enganado deve ser terceiro, uma pessoa que não figurou no ato jurídico).
 Exemplos de simulação são quando o sujeito está fingindo que está vendendo uma coisa para outro,mas na verdade é para um terceiro. 
Outro exemplo é quando o sujeito está fingindo que é uma compra e venda, mas é uma doação. Se o sujeito fizer uma doação estando insolvente é fraude contra credores e, por isso, ele altera a data um ano atrás, quando ele não estava insolvente; neste caso o negocio seria nulo por simulação. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 
 § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
 § 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
 
(i) A Simulação Nocente traz prejuízo para alguém. A simulação que gera a nulidade e não pode ser aproveitada é a chamada de simulação nocente relativa. Um exemplo é quando há um indivíduo que possui uma amante e, caso doe dinheiro para a mesma, a mulher e os filhos podem anular a doação. Por isso, o indivíduo finge que está fazendo um contrato de compra e venda, mas, na verdade, é uma doação. Nesse caso, todo o negócio é desfeito. Outro exemplo é quando um médico que realiza um procedimento e finge que está realizando outro para burlar o plano de saúde, é simulação nocente relativa uma vez que está prejudicando o plano. 
 Na (ii) Simulação Inocente não há prejuízo à ninguém e o ato poderá ser aproveitado. Esse aproveitamento se chama de extraversão. Um exemplo é quando um indivíduo quer fazer uma doação, mas não quer que as pessoas saibam que ele está fazendo uma doação. 
 Neste caso, ele finge que está fazendo uma compra e venda, quando na verdade está fazendo uma doação, vai se vai desfazer a compra e venda, mas se vai aproveitar através da extraversão o ato dissimulado (doação).ou seja, a doação não será anulada, uma vez que não traz prejuízo para ninguém.
OBS: Se depois de um negócio jurídico simulado tem a relação de um dos contratantes com um terceiro de boa fé, este terceiro estará protegido.
 Na (iii) Simulação Relativa tem um negocio simulado e um dissimulado [Simulado + Dissimulado], ou seja, você finge que está fazendo um negócio simulado e na verdade está fazendo outro (dissimulado). 
Já a (iv) Simulação Absoluta não é caso de nulidade e sim de inexistência. É um ato jocoso, didático. Não houve uma real exteriorização de vontade, não há o ato dissimulado, nada foi praticado, foi apenas um exemplo, uma brincadeira. 
OBS: Há uma grande confusão na diferenciação de extraversão e sanação. Na extraversão, o ato dissimulado não tem nenhum problema de validade. Está aproveitando o ato que está tudo certo com ele. Já na sanação, o ato em questão tem problema de validade. 
 
EFICÁCIA – É o ultimo dos planos de análise, sendo que nos negócios jurídicos há uma análise preliminar para que o fato jurídico alcance o plano da eficácia, que é o desejado, pois é o momento em que o efeito do fato jurídico se concretiza. Toda eficácia é consequência de um fato, ou seja, algum fato aconteceu, gerando os efeitos. 
 Dentro do direito, se fala de eficácia em mais de um sentido: a ideia de eficácia da norma (se relaciona com a possibilidade de incidência da norma, ou seja, não basta que exista, mas que esteja apta para produzir seus efeitos, se a lei está sendo socialmente observada) e a ideia de eficácia do fato, que é o que a Teoria do Fato Jurídico trabalha. O ingresso no mundo jurídico já é um efeito. 
-O Princípio da Incolumidade da Esfera Jurídica: É a ideia de que um sujeito não pode violar a esfera jurídica alheia, e, caso haja tal violação, isso resultará em um ato ilícito, portanto a eficácia parte da verificação da esfera jurídica. 
CATEGORIAIS EFICACIAIS – São possíveis tipos de efeitos que decorrem de um fato.
-Situação Jurídica Básica Simples: A simples recepção do fato já é um efeito. Em quase todas as situações, a categoria irá ficar encoberta por outra, pois não se quer que o fato apenas entre no mundo jurídico , mas que ele se desenvolva para outro tipo de efeito. Em regra, o ato ou negócio nulo não irá produzir efeito, porém, o próprio acontecimento de ser nulo é relevante ao mundo jurídico, podendo produzir efeitos não pretendidos.
-Situação Jurídica Básica Unissubejtiva: É um efeito que se dá à apenas um sujeito e que, para acontecer, não precisa de outro sujeito, se aplicando na esfera jurídica de um sujeito. As qualidades e qualificações jurídicos (capacidade, nacionalidade, maioridade) são exemplos de situações jurídicas básicas unissubjetivas. Não são situações que geram pretensões, mas apenas uma qualificação do sujeito.
-Situação Jurídica Complexa: É uma situação que acaba envolvendo mais de um sujeito/esfera jurídica, sendo chamada de complexa.
(i) Situação Jurídica Complexa Unilateral necessita de que haja, pelo menos, duas esferas jurídicas (dois sujeitos), só que os efeitos somente serão aplicados para uma das esferas. Quando um sujeito promete pagar certa quantia de dinheiro para quem encontrar um item perdido, apenas o sujeito que estabeleceu a recompensa tem a obrigação de pagar a quantia caso haja a concreção do suporte fático, enquanto as outras pessoas não tem obrigação de achar o item. Uma proposta de contrato (oferta de compra, por exemplo) também é um exemplo de situação jurídica complexa unilateral.
(ii) Situação Jurídica Complexa Multilateral é necessário que haja mais de um sujeito, mas o efeito será aplicado para ambos os sujeitos, como a doação e o firmamento de contrato de compra e venda, logo a proposta do contrato é unilateral, mas o contrato em si é multilateral, sendo negócios jurídicos diferentes que necessitam um do outro, ou seja, o efeito na proposta de contrato é unilateral e passa a ser multilateral com a firmação do contrato de compra e venda.
OBS: A relação jurídica não é um negócio jurídico, mas sim o efeito/decorrência de um negócio jurídico.
MODOS DE EFICÁCIA – Trata basicamente de como é que os efeitos se desenvolvem.
-Quanto à Amplitude dos Efeitos: (i) Amplitude Total é quando todos os efeitos já tenham se produzido (eficácia total) e (ii) Amplitude Parcial é quando apenas parte desses efeitos já tenham sido produzidos (eficácia parcial). 
-Quanto ao Exercício: A eficácia pode ser plena ou limitada. (i) Eficácia Plena é quando o sujeito tem gozo/acesso integral e pleno exercício aos direitos da situação que se estiver analisada. Um proprietário, por exemplo, tem os direitos de uso, gozo e disposição, possuindo eficácia plena sobre sua propriedade. 
 Já (ii) Eficácia Limitada é quando o sujeito não tem o acesso da totalidade dos efeitos possíveis, tendo como exemplo a situação do usufruto (quando os direitos decorrentes da propriedade são separados, passando a haver dois sujeitos: um usufrutuário que é transferido à ele o uso e gozo sobre a coisa e o dono que irá ficar com o direito de disposição), já que ambas as partes tem eficácia limitada.
-Quanto à Definitividade: Pode ser definitiva, resolúvel ou “interimística”, sendo a verificação desses efeitos poderem acontecer ou não.
(i) Eficácia Definitiva é quando não há algo que vai impossibilitar a produção desse efeito, ou seja, um contrato de compra e venda que tenha tudo adequado em relação à validade, onde foi efetuada a transmissão do bem e o pagamento, não há nada que indique o fim de seus efeitos.
(ii) Eficácia Resolúvel é quando têm-se o efeito, mas este pode vir a ser desfeito por um termo, comissão ou encargo, tendo como exemplo quando há o empréstimo de um livro para um sujeito até dia 20/06, já há um momento no futuro (termo resolutivo) em que esse empréstimo deixará de produzir seus efeitos.
(iii) Eficácia “Interimística” é aquela situação do negócio jurídico anulável, ou seja, é quando o negócio está produzindo seus efeitos, mas os mesmospodem vir a ser cancelados por força de alegação de anulabilidade. As causas de anulabilidade são exemplos de negócios jurídicos com eficácia interimística.
CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO - Quando falamos de condição, termo e encargo, estamos nos referindo ao negócio jurídico, pois ao utilizarmos esses três artifícios, podemos modificar e fazer modulações sobre o negócio jurídico. São clausulas que podem ser colocadas no negócio jurídico e que acabam modificando a eficácia do negócio.
-Condição: É um cláusula colocada no negócio jurídico, que modificará a eficácia do negócio a partir de um evento futuro e incerto (algo que pode vir a acontecer ou não). Condições ilícitas são aquelas oriundas de arbítrio exclusivo de uma das partes, que privam todo o efeito do negócio jurídico (Artigo 122 do Codex). 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
(i) Condição Suspensiva é quando enquanto a condição não se realizar, o negócio jurídico não irá produzir os seus efeitos (uma parte só ganhará o livro quando obter nota máxima na prova de Direito Civil II) . Como é um evento futuro e incerto, o sujeito ainda não tem o direito, mas sim o direito eventual (possibilidade de vir a ter o direito), não impedindo-o de praticar atos protetivos para seu direito eventual.
OBS: Caso eu faça um negócio com condição e outro posterior com a mesma condição, o negócio que vigorará será o primeiro negócio firmado.
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.
 (ii) Condição Resolutiva é quando o negócio gerará seus efeitos enquanto a condição resolutiva não acontecer. Quando se tem uma condição impossível resolutiva, a condição é desconsiderada e o efeito do negócio jurídico é pleno.
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
Se a condição me desfavorece e ajo maliciosamente para que não aconteça, ela irá ser dada como verificada e, caso eu queira que a mesma aconteça e ajo maliciosamente, a mesma será desfeita e não acontecerá.
-Termo: O termo é um evento futuro e certo. Um empréstimo de um livro por 7 dias contém um termo resolutivo, pois após o dia do evento, o negócio jurídico se encerrará. Já o vencimento de um pagamento, por exemplo, é um termo suspensivo.
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
OBS: Um prazo de um dia durará até o final do dia seguinte. Já um prazo de 24 horas que começou hoje às 08:26 será encerrado amanhã às 08:26. Caso um prazo de empréstimo de 2 meses comece dia 31 de dezembro (previsto para acabar dia 31 de fevereiro), ele irá terminar no dia posterior a data inexistente, ou seja, dia 1º de março.
-Encargo: Também chamado de modo, o encargo será encontrado em negócios jurídicos gratuitos onde a parte que irá se beneficiar é imposta a cumprir uma obrigação (um indivíduo doa o terreno para uma instituição para que seja construída uma creche para crianças carentes). Gera direito adquirido a seu destinatário, que já pode exercer o seu direito, ainda que pendente o cumprimento da obrigação que lhe fora imposta.
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

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