Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Reitor José Jackson Coelho Sampaio Diretora do Centro de Humanidades Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos Vice-Diretor do Centro de Humanidades Eduardo Jorge Oliveira Triandópolis Coordenador do Curso de Filosofia Eduardo Nobre Braga Vice-Coordenador do Curso de Filosofia Ruy de Carvalho Rodrigues Júnior III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS: Ressonâncias contemporâneas de Michel Foucault Comissão de Organização Cristiane Maria Marinho (UECE); Kácia Natalia de Barros (UECE); Roberta Liana Damasceno (UFC); Raquel Rocha (UECE); Osmar Melo (UECE); Nathanael Barbosa (UECE); Emilson Lopes (UECE); Kácia Natalia de Barros (UECE); Jamilly Fonseca (UFC); Tainan Garcia (UECE); Rafaella Nunes (UECE); Anna Maria Pontes (SEDUC/CE); Elias Alex Pereira de Sousa (UECE); Paulo Victor Fernandes (UNIFOR); Raquel Vasconcelos (UFC); Dorgival Fernandes (UFCG). Comissão Científica Cristiane Maria Marinho (UECE); Diany Mary Falcão (UECE); Dorgival Fernandes (UFCG); Elias F. Veras (UFSC); Raquel Vasconcelos (UFC); Roberta Liana Damasceno (UFC); Ursino Neto (UFC); Ivan Melo (UNILAB). Caderno de Programação Anna Maria Pontes (SEDUC/CE); Elias Alex Pereira de Sousa (UECE); Paulo Victor Fernandes (UNIFOR). SUMÁRIO APRESENTAÇÃO p. 08 ALGUMAS RESSONÂNCIAS DAS REFLEXÕES DE FOUCAULT NOS ES- TUDOS PÓS-COLONIAIS p. 09 Alessandra Estevam da Silva Universidade Federal do Ceará A COMPLEXIDADE DA CULTURA DE SI p. 22 Hedgar Lopes Castro Universidade Estadual do Ceará A NOÇÃO DE MODERNIDADE NA OBRA AS PALAVRAS E AS COISAS DE MICHEL FOUCAULT p. 38 Hipácia Rocha Lima Universidade Estadual do Ceará A FACE FEMININA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: ESPAÇOS E VIVÊNCIAS p. 54 Régia Maria Prado Pinto Universidade Estadual do Ceará A DIMENSÃO POLÍTICA DO ÉTHOS PARRHESIÁSTICO p. 66 Rogério Luis da Rocha Seixas Universidade de Barra Mansa A RELAÇÃO CORPO-ALMA COMO FORMAÇÃO HUMANA: UM PARA- LELO ENTRE SPINOZA E FOUCAULT p. 80 Carlos Wagner Benevides Gome Universidade Estadual do Ceará A TEORIA HUMEANA A LUZ DA EPISTÉMÊ CLÁSSICA DE MICHEL FOU- CAULT p. 92 Eliene Cristina P. Fernandes Universidade Estadual do Rio Grande do Norte Marcos de Camargo Von Zuben Universidade Estadual do Rio Grande do Norte AS RELAÇÕES DE PODER NO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT p. 103 Janine Honorato de Aquino Universidade Estadual do Ceará O CONTROLE E A DISCIPLINA DOS CORPOS: UM DIÁLOGO ENTRE FOUCAULT E DELEUZE p. 113 Assis Daniel Gomes Universidade Federal do Ceará SUMÁRIO “DE OUTROS ESPAÇOS”: O LUGAR DA HETEROTOPIA p. 126 Raquel Bernardes Campos Universidade de Brasília CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT PARA OS ESTUDOS QUEEER p. 131 Francisco Valberdan Pinheiro Montenegro Universidade Federal do Ceará Pablo Severiano Benevides Universidade Federal do Ceará Heloísa Oliveira do Nascimento Universidade Federal do Ceará MICHEL FOUCAULT: UM PENSAMENTO QUE AGE p. 145 Emanuel Santos Sasso Universidade Estadual do Ceará É O VALE QUE DIZ O CURSO OU SÃO OS DISCURSOS QUE DIZEM O (QUE) VALE? A IDENTIDADE DA ILHA-PÁTRIA (LIMOEIRO DO NORTE) E OS RI(S)OS DE FOUCAULT p. 156 José Wellington de Oliveira Machado Universidade Federal do Ceará GENEALOGIA, HISTÓRIA, DISCURSO: CONTRIBUIÇÕES DE FOUCAULT PARA UM PROJETO CRÍTICO DA CULTURA p. 174 Karliane Macedo Nunes FORMAÇÃO DISCENTE-DOCENTE E O CUIDADO DE SI: APRENDIZA- GENS EM PESQUISA p. 182 Késsia Fayne Barbosa Cavalcante Marconildo Soares e Silva Dorgival Gonçalves Fernandes Universidade de Campina Grande FOUCAULT, A PARRESIA E O USO CORAJOSO DA PALAVRA p. 189 Luiz Celso Pinho Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro O CORPO E SUA RELAÇÃO DE PODER NO UNIVERSO DA CAPOEIRA p. 201 José Olímpio Ferreira Neto Universidade de Fortaleza Francisco Montenegro Destacar SUMÁRIO O PROBLEMA DO CORPO EM BENEDICTUS DE SPINOZA E MICHEL FOUCAULT NAS OBRAS ÉTICA E VIGIAR E PUNIR p. 213 Adriele da Costa Silva Universidade Estadual do Ceará Henrique Lima da Silva Universidade Estadual do Ceará PRÁTICAS EDUCATIVAS COM AS JUVENTUDES ESCOLARES SOBRE SEXUALIDADES: PROBLEMATIZANDO O CUIDADO DO ENFERMEIRO NOS ESPAÇOS VIRTUAIS p. 222 Raimundo Augusto Martins Torres Universidade Estadual do Ceará Gislene Holanda de Freitas Universidade Estadual do Ceará Samuel Ramalho Torres Maia Universidade Estadual do Ceará Sayonara Oliveira Teixeira Universidade Estadual do Ceará REFERÊNCIAS AO TEMPO NA VIDA HUMANA EM KANT E FOUCAULT p. 235 Maria Veralúcia Pessôa Porto Universidade Estadual do Rio Grande do Norte Iraquitan de Oliveira Caminha Universidade Federal da Paraíba A SERPENTE BESLICOU O FALO DE ADÃO: SILÊNCIO, DISCIPLINA E OS ORGASMOS DOS CORPOS p. 246 Assis Daniel Gomes Universidade Federal do Ceará UM OLHAR FOUCAULTIANO SOBRE A LITERATURA DE AUTOAJUDA: RELAÇÕES DE PODER E AGENCIAMENTO DE SUBJETIVIDADES p. 260 Geilson Fernandes de Oliveira Universidade Estadual do Rio Grande do Norte Marcília Luzia Gomes da Costa Mendes Universidade Federal do Rio Grande do Norte SERVIDÃO E PODER: O PROBLEMA DO CORPO EM BENEDICTUS DE SPINOZA E MICHEL FOUCAULT NAS OBRAS ÉTICA E VIGIAR E PUNIR p. 274 Henrique Lima da Silva Universidade Estadual do Ceará Adriele da Costa Silva Universidade Estadual do Ceará ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 131 CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT PARA OS ESTUDOS QUEEER Francisco Valberdan Pinheiro Montenegro * Universidade Federal do Ceará danmont@ymail.com Pablo Severiano Benevides ** Universidade Federal do Ceará pablo_severiano@yahoo.com Heloísa Oliveira do Nascimento *** Universidade Federal do Ceará helooliveira@gmail.com No pensamento contemporâneo referente às questões de gênero uma dada vertente tem ganhado cada vez mais espaço, aqui a chamaremos de EstudosQueer. A palavra queer (de origem norte americana), conforme Louro (2004), constitui-se na expressão pejorativa com que são denominados os sujeitos de sexualidades periféricas, além de servir para indicar o que é incomum ou bizarro. Sendo assim, o queer possui um histórico de abjeção. Esse termo, nas palavras de Louro (2004), com toda a sua carga de estranheza e de deboche, é assumido por uma vertente dos movimentos homossexuais para caracterizar uma perspectiva de oposição e contestação. Tendo como alvo tanto a heteronomatividade quanto o movimento homossexual ou LGBT hegemônico. Nesse sentido, o queer representa a diferença que não que ser assimilada. Constitui-se como um empreendimento intelectual pós-identitário uma vez que, em suas formulações o foco sai da identidade para a cultura (LOURO 2004). * Cursa psicologia na UFC e é bolsista do PET. danmont@ymail.com ** Doutor em educação pela UFC e professor do mestrado em psicologia da UFC. pablo_severiano@yahoo.com *** Cursa psicologia na UFC e é bolsista de iniciação científica pela FUNCAP. helooliveira@gmail.com ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 132 No âmbito da teoria o queer pode ser entendido como “uma coleção de compromissos intelectuais com as relações entre sexo, gênero e desejo sexual” (SPARGO, 2006, p. 8). Relação que tem sido problematizada por autor@s como Butler (2014); Preciado (2011); Sedgwick (2007); Miskolci (2007); Louro (2001) e Halberstam (2012). Sobre a apropriação da palavra queer por este pensamento Miskolci, textualmente, nos diz que: A escolha do termo queer para se autodenominar, ou seja, um xingamento que denotava anormalidade, perversão e desvio, servia para destacar o compromisso em desenvolver uma analítica da normalização que, naquele momento, era focada n sexualidade. Foi em uma conferência na Califórnia, em fevereiro de 1990, que Teresa de Laurentis empregou a denominação Queer Theory para contrastar o empreendimento queer com os estudos gays e lésbicos (2009, p. 151-152). Apesar de se encontrar acompanhado do termo teoria em grande parte dos estudos alinhados com o “modo queer de pensar” (SILVA, 2005, p. 107) e na maioria das referências aqui citadas o queer – ao contrário do que sugere a palavra teoria – não se configura como um mapa conceitual homogêneo e unitário, por essa razão optamos por denominar este campo de “Estudos Queer”. Sobre a polissemia e influências das produções queer diz Seidman (1995, p. 125 apud LOURO, 2004, p. 39): Os/as teóricos/as queer constituem um agrupamento diverso que mostra importantes desacordos e divergências. Não obstante, eles/elas compartilham alguns compromissos amplos – em particular, apóiam-se fortemente na teoria pós-esturuturalista francesa e na desconstrução como um método de crítica literária e social; põem em ação, de forma decisiva, categorias e perspectivas psicanalíticas; são favoráveis a uma estratégia descentradora ou desconstrutiva que escapa das proposições sociais e políticas programáticas positivas; imaginam o social como um texto a ser interpretado e criticado com o propósito de contestar os conhecimentos e as hierarquias sociais dominantes. Nesse sentido, o que atualmente chamamos de queer, em termos tanto políticos quanto teóricos, surgiu como um impulso de crítica à ordem sexual contemporânea (MISKOLCI, 2012). Isto é, um movimento de crítica, contestação e denúncia das estratégicas pelas quais as “normas regulatórias da sociedade” (BUTLER, 2010) atuam ou como são produzidas nas relações de poder. Os queer, tal como nos diz Louro (2009), são homens e mulheres que recusam a normalização e a integração condescendente: ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 133 Dessa forma, os estudos queer se diferenciariam dos estudos de gênero,vistos como indelevelmente marcados pelo pressuposto heterossexistada continuidade entre sexo, gênero, desejo e práticas, tanto quanto dos estudos gays e lésbicos, comprometidos com o foco nas minorias sexuaise os interesses a eles associados. Cada uma dessas linhas de estudo tomaria,como ponto de partida, binarismos (masculino/feminino, heterossexual/homossexual) que, na perspectiva queer, deveriam ser submetidos a umadesconstrução crítica. Queer desafiaria, assim, o próprio regime dasexualidade, ou seja, os conhecimentos que constroem os sujeitos comosexuados e marcados pelo gênero, e que assumem a heterossexualidadeou a homossexualidade como categorias que definiriam a verdade sobre eles (MISKOLCI; SIMÕES, 2007, p.10-11). Para empreender sua “analítica” (SOUZA e CARRIERI, 2010) e ensaiar resistências às práticas hegemônicas de poder os queer pensam com uma pluralidade de autores, destacadamente, entre eles estão Foucault e Derrida. De acordo com Louro (2009) as ideias de Foucault constituem uma das condições de possibilidade para a construção de um modo queer de ser, partindo dessa proposição nos dispomos aqui a falar das ligações e/ou contribuições de Michel Foucault para os Estudos Queer. Tendo em vista a – já referida - pluralidade de autores que fundamentam os Estudos Queer, faremos esta reflexão cientes de que trata-se de um uso do pensamento de Foucault que não pretende nem considerá-lo a origem, o fundamento ou a base dos Estudos Queer e nem, por outro lado, considerar que os Estudos Queer representam o destino, a finalidade ou a versão mais acabada do pensamento de Foucault (SPARGO, 2006). Em síntese, o que queremos aqui é compreender de que modo o pensamento queer, nas palavras de Miskolci (2009), se apropria da analítica foucaultiana do poder e empreende uma analítica da normalização. Sem, no entanto, pretender abarcar a totalidade da questão que é múltipla e frutífera comportando assim diversos aspectos que seremos incapazes de contemplar. Para tratar da influência de Foucault no quadro teórico do queer Louro (2009) afirma que ele, o queer, se liga a vertentes contemporâneas do pensamento que problematizam noções clássicas de sujeito, de identidade e de agência dentre as quais situa-se a analítica foucaultiana. Sendo assim podemos dizer que: De Foucault, os queer incorporaram a analítica do poder, daí em suas obras o poder não ser algo que se possui ou se delimita, mas que se exerce ou ao qual se é submetido em uma situação permanentemente dinâmica em termos históricos e culturais (MISKOLCI, 2011, p. 53). ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 134 Essa apropriação se dá, no entanto, de forma seletiva e diferenciada (MISKOLCI, 2009) evidenciando afinidades e tensões entre a obra do filósofo e os Estudos Queer. No entender de Miskolci, predomina uma afinidade entre sua obra e o empreendimento de trazer ao presente a analítica da normalização: Em comum, tanto Foucault quanto os queer enfatizam a maneira como o poder opera por meio da adesão dos próprios sujeitos às normas sociais. Ao invés de reprimidos, constrangidos ou vitimizados, mostram como os sujeitos costumam participar da ordem que os subjulga em uma forma de análise mais sofisticada e menos compassiva para com aqueles que se “apaixonam” pelo poder (2009, p. 325). É a negação da hipótese repressiva, elemento a partir do qual Foucault desenvolve no primeiro volume de História da Sexualidade, A vontade de saber, suas ideias sobre o que chamará de dispositivo da sexualidade e ainda seus apontamentos sobre a construção discursiva da sexualidade. As análisesde Foucault presentes neste primeiro volume de História da Sexualidade serão referências de grande repercussão e impacto no pensamento queer. Segundo Spargo (2006), o modelo geral da construção discursiva da sexualidade – este que rejeita a hipótese repressiva e argumenta pela proliferação de discursos sobre a sexualidade que, na verdade, a produzem - serviu como principal catalisador inicial para os Estudos Queer. Foucault rejeita a hipótese repressiva, segundo a qual a sexualidade seria um aspecto natural da vida humana que vinha sendo reprimido pela cultura desde o século XVII. Ele afirma: Trata-se, em suma, de interrogar o caso de uma sociedade que desde há mais de um século se fustiga ruidosamente por sua hipocrisia, fala prolixamente de seu próprio silêncio, obstina-se em detalhar o que não diz, denuncia os poderes que exerce e promete liberar-se das leis que a fazem funcionar (FOUCAULT, 2012, p. 15; grifos nossos) Ora, o que Foucault quer dizer com isso é que, ao contrário do que supunha a hipótese repressiva, a sexualidade não é proibida, mas sim produzida por meio de discursos. O que chamamos de sexualidade, quando pensamos com Foucault, pode ser entendido como um dispositivo 1 histórico, capaz de produzir verdades sobre os sujeitos. 1 Foucault entende o dispositivo como “um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode tecer entre estes elementos (Foucault, 2014, p. 244). ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 135 Nas palavras de Spargo (2006), a sexualidade em Foucault não é uma característica ou fato natural da vida humana, mas uma categoria construída na experiência que não possui origens biológicas e sim históricas, sociais e culturais. Isto é, a sexualidade é um dispositivo histórico: Não se deve concebê-la como uma espécie dado da natureza que o poder tenta pôr em xeque, ou como um domínio obscuro que o saber tentaria, pouco a pouco, desvelar. A sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico (FOUCAULT, 2005, p. 100). É partindo dessa ideia de sexualidade que autor@s como Butler (2014) e Preciado (2011) desenvolvem, fazendo uma apropriação singular do pensamento de Foucault, conceitos como “matriz heterossexual” e “sexopolítica”, respectivamente. Spargo (2006) argumenta que, uma das afirmações mais provocativas de Foucualt, a de que o homossexualidade moderna é de origem comparativamente recente, funcionou como catalisadora para o desenvolvimento dos Estudos Queer. Quando afirma isso Foucault não está dizendo que as relações entre pessoas do mesmo sexo não existiam. O que ele nos mostra com isso é que - tendo a homossexualidade, nascido em um contexto particular no século XIX – a categoria sexualidade, de um modo geral, “deveria ser vista como uma categoria de saber construída em vez de uma identidade descoberta” (SAPARGO, 2006, p. 16). Ou ainda, “Ao expor e analisar a invenção do homossexual, ele mostrou que identidades sociais são efeitos da forma como o conhecimento é organizado e que tal produção de identidades é „naturalizada‟ nos saberes dominantes” (MISKOLCI, 2007, p. 153). É no livro “Problemas de Gênero” que Butler (2014) se apoiará nas noções foucaultianas de sexualidade e poder – em diálogo com vários outros autores - para construir sua argumentação em torno de ideias como, gênero performativo, matriz heterossexual e heterossexualidade compulsória. Este livro, no qual Butler faz uma apropriação singular do pensamento de Foucault, é uma das mais importantes obras já escritas no campo dos Estudos Queer. Butler deixa claro, no primeiro capítulo de “Problemas de Gênero” intitulado “Sujeitos do sexo/gênero/desejo”, a concepção de poder – neste caso, especialmente na sua forma jurídica - de que se apropria para empreender uma discussão sobre o sujeito do feminismo: ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 136 Foucault observa que os sistemas jurídicos de poder produzem os sujeitos que subsequentemente passam a representar [...] O poder jurídico “produz” inevitavelmente o que alega meramente representar; consequentemente, a política deve se preocupar com essa função dual do poder: jurídica e produtiva. Com efeito, a lei produz e depois oculta a noção de “sujeito perante a lei”, de modo a invocar essa formação discursiva como premissa básica natural que legitima, subsequentemente, a própria hegemonia reguladora da lei (2014, p. 18-19). Partindo dessa compreensão de poder, Butler empreende uma discussão sobre os feminismos e a política identitária na qual endereça uma série de críticas aos feminismos que adotam um modelo essencialista de sujeito. Aqueles que advogam pela “mulher” enquanto sujeito do feminismo, uma vez que, o feminismo “Deve compreender como a categoria das “mulheres”, o sujeito do feminismo, é produzida e reprimida pelas mesmas estruturas de poder por intermédio das quais busca-se a emancipação” (BUTLER, 2014, p. 19; grifos nossos). Para Butler, tanto quanto para Foucault, não há um sujeito estável, natural e dotado de essência; se ele existe é enquanto fábula que ampara estruturas de poder específicas. Olhando por esta perspectiva Butler reflete sobre a produção de sujeitos de sexo/gênero/desejo dentro da matriz heteroressexual. Para tanto ela trabalha com a noção de práticas reguladoras as quais regulariam não apenas as relações de gênero, mas todas as relações de uma sociedade heteronormativa. As práticas reguladoras, diz Butler, “geram identidades coerentes por via de uma matriz de normas de gênero coerentes” (2014, p. 38). Sobre a produção e regulação das identidades de gênero pelas normas reguladoras do gênero dentro de um sistema de sexo/gênero/desejo Butler tece a seguinte reflexão: Enquanto a indagação filosófica quase sempre centra do que constitui a “identidade pessoal” nas características internas da pessoa, naquilo que estabeleceria sua continuidade ou auto-identidade no decorrer do tempo, a questão aqui seria: em que medida práticas reguladorasde formação e divisão do gênero constituem a identidade, a coerência interna do sujeito, e, a rigor, o status auto-idêntico da pessoa? E como as práticas reguladoras quegovernam o gênero também governam as noções culturalmente inteligíveis 2 de identidade? Em outras palavras, a “coerência” e a “continuidade” da “pessoa” não são características lógicas ou analíticas da condição de pessoa, mas ao contrário, normas de inteligibilidade socialmente instituídas e mantidas (2014, p. 38; grifos nossos). 2 Os gêneros inteligíveis, diz Butler, “são aqueles que, em certo sentido, instituem e matêm relações de coerência e continuidade entre sexo, gênero, prática sexual e desejo” (2014, p. 38). ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 137 Esta matriz de inteligibilidade é a matriz heterossexual a qual demanda linearidade e coerência entre sexo-gênero-desejo e práticas sexuais (MISKOLCI, 2011). Para Butler, assim como para Foucault, o poder 3 possui um caráter produtivo e não de mera opressão. Sendo assim, ele atua na construção das subjetividades. Isto é, o sujeito sexuadoe dotado de gênero é produzido a partir de uma matriz heterossexual instauradora de uma heterossexualidade compulsória. No entanto, no dizer de Arán e Peixoto Júnior: Diferentemente de Foucault, Butler considera que as regulações de gênero não são apenas mais um exemplo das formas de regulamentação de um poder mais extenso, mas constituem uma modalidade de regulação específica que tem efeitos constitutivos sobre a subjetividade. As regras que governam a identidade inteligível são parcialmente estruturadas a partir de uma matriz que estabelece a um só tempo uma hierarquia entre masculino e feminino e uma heterossexualidade compulsória. Nestes termos o gênero não é nem a expressão de uma essência interna, nem mesmo um simples artefato de uma construção social. O sujeito gendrado seria, antes, o resultado de repetições constitutivas que impõem efeitos substancializantes. Com base nestas definições, a autora chega a afirmar que o gênero é ele próprio uma norma (2007, p. 133). Butler adota claramente a noção foucaultiana de poder, segundo a qual as relações de poder são formativas e produtivas. De modo que, o gênero enquanto norma ou matriz normativa é tecido nas malhas do poder, os sujeitos de sexo-gênero são formados nas complexas espirais do poder. Em suma, podemos dizer que Butler no seu esforço intelectual (especificamente em “Problemas de Gênero) incorpora o argumento da sexualidade construída discursivamente, de Foucault, e o amplia para incluir o gênero (SPARGO, 2006). Para explicar como nos tornamos sujeitos gendrados Butler recorre a ideia de performatividade do gênero: Ela considera o gênero um efeito performativo experimentado pelo indivíduo como uma identidade natural, argumentando contra a suposição de que a categoria de identidade “mulher” possa ser a base das políticas feministas, pois tentativas de desenvolver qualquer identidade como um fundamento irão irremediavelmente, ainda que inadvertidamente, sustentar as estruturas normativas binárias das atuais relações de sexo, de gênero e de libido (SPARGO, 2006, p. 49-50). 3 Sobre o caráter produtivo do gênero Butler diz que “O poder, ao invés da lei, abrange tanto as funções ou relações diferenciais jurídicas (proibitivas e reguladoras) como as produtivas (initencionalmente generativas) (2014, p. 54). ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 138 Ao questionar o intento feminista de instaurar a categoria identitária como sujeito da política feminista Butler realiza um esforço intelectual que se aproxima daquele operado por Foucault quando afirma ser a homossexualidade uma invenção da modernidade. Em “Problemas de Gênero” ela argumenta pelo gênero performativo4, no entanto, não se preocupa em ser didática e pouca explica sobre o deslocamento que opera para explicar o funcionamento das normas de gênero. É Louro que nos ajuda a compreender que apropriação a autora faz do conceito: Judith Butler toma emprestado da lingüística o conceito de performatividade, para afirmar que a linguagem que se refere aos corpos ou ao sexo não faz apenas uma constatação ou uma descrição desses corpos, mas, no instante mesmo da nomeação constrói, “faz” aquilo que nomeia, isto é, produz os corpos e os sujeitos. Esse é um processo constrangido e limitado desde seu início, uma vez que o sujeito não decide sobre o sexo que irá ou não assumir; na verdade, as normas regulatórias de uma sociedade abrem possibilidades que ele assume, apropria e materializa (2004, p. 44). Desse modo, o gênero não é o correspondente cultural do sexo e muito menos um dado, uma essência; é uma continua prática discursiva. Estruturada no binarismo masculino/feminino, homem/mulher. Na leitura que faz do primeiro volume de História da Sexualidade e da Biografia de Herculine Barbin prefaciada por Foucault, Butler apresenta uma ressalva em relação à concepção de corpo que Foucault aparenta esboçar: Butler retorna a Foucault e descobre que em seu argumento geral há uma constante metáfora ou figura do corpo como uma superfície na qual a história escreve ou imprime valores culturais. Isso parece implicar, para Butler, o fato de que o corpo tem uma materialidade que precede a significação, o que ela considera problemático (SPARGO, 2006, p. 51). Butler sugere que, embora postule a ideia da identidade como ficção regulatória Foucault acaba por abraçar a compreensão de um corpo como elemento fundacional. Como alternativa à compreensão foucaultiana, diz Sapargo, ela “procura uma maneira de ler o corpo como uma “prática significante” (2006, p. 51). 4 Sobre o gênero performativo o que Butler mais se aproxima de propor como definição é isto: “Nesse sentido, o gênero não é um substantivo, mas tampouco é um conjunto de atributos flutuante, pois vimos que seu efeito substantivo é performativamente produzido e imposto pelas práticas reguladoras da coerência do gênero. Consequentemente, o gênero mostra ser performativo no interior do discurso herdado da metafísica da substância – isto é, constituinte da identidade que supostamente é. Nesse sentido, o gênero é sempre um feito, ainda que não seja obra de um sujeito tido como preexistente à obra (BUTLER, 2014, p. 48). ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 139 Butler encontra a possibilidade de desenvolver a análise de Foucault para além de suas próprias fronteiras e limites, bem como de explorar o corpo como uma fronteira mediadora que divide o interno e o externo para produzir a experiência de ser um sujeito estável, coerente. Em vez de estar além da análise, o corpo, assim como a sexualidade, pode ter uma genealogia (SPARGO, 2006, p. 51-52). Dessa maneira, Judith Butler – tanto quanto os demais queer – faz uma apropriação singular e seletiva do pensamento de Michel Foucault. Tal forma de apreender as ideias do filósofo estão presentes, notadamente, na teorização de Beatriz Preciado (atualmente uma das mais influentes pensadoras queer) que trabalha com foco na noção foucaultiana de biopoder e biopolítica. Para Foucault a partir do século XVIII, nós no ocidente, conhecemos profundas transformações nos mecanismos de poder. Do poder soberano, aquele que mata ou deixa viver, passamos a experimentar “um poder que gera a vida e a faz se ordenar em função de seus reclamos” (FOUCAULT, 2012, p. 128). É a vida humana que entra nos cálculos do poder e na ordem do saber: O homem ocidental aprende pouco a pouco o que é ser uma espécie viva num mundo vivo, ter um corpo, condições de existência, probabilidade de vida, saúde individual e coletiva, forças que se podem modificar, e um espaço em que se pode reparti-las de modo ótimo. Pela primeira vez na história, sem dúvida, o biológico reflete-se no político; o fato de viver não é mais esse sustentáculo inacessível que só emerge de tempos em tempos, no acaso da morte e de sua fatalidade: cai, em parte, no campo de controle do saber e de intervenção do poder (FOUCAULT, 2012, p. 134). Ora, Foucault está falando do biopoder, o poder da biopolítica. Um poder que incide diretamente sobre a vida dos sujeitos, um poder que ocupa-se muito mais da vida do que decidir sobre a morte e, por isso, é capaz de apropriar-se dos processos “biológicos”. De modo que, para Foucault: Se pudéssemos chamar de „bio-história‟ as pressões por meio das quais os movimentos da vida e os processos da história interferem entre si, deveríamos falar de „biopolítica‟ paradesignar o que faz com que a vida e seus mecanismos entrem no domínio dos cálculos explícitos, e faz do poder- saber um agente de transformação da vida humana(2012, p. 134). É este mapa conceitual que influência a agenda teórica de Preciado que comporta um vocabulário provocativo no qual encontram-se termos como sexopolítica, subversão e contra-sexualidade. É no texto “Multidões queer: notas para uma política ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 140 dos „anormais‟” que Preciado nos apresenta de forma sintética sua agenda teórico- política. Ela inicia o texto com a proposição de sua sexopolítica: A sexopolítica é uma das formas dominantes da ação biopolítica no capitalismo contemporâneo. Com ela, o sexo (os órgãos chamados “sexuais”, as práticas sexuais e também os códigos de masculinidade e feminilidade, as identidades sexuais normais e desviantes) entra no cálculo do poder, fazendo dos discursos sobre o sexo e das tecnologias de normalização das identidades sexuais um agente de controle da vida (PRECIADO, 2011, p. 11). Contudo a apropriação que faz, Preciado, da noção foucaultiana de política não se dá em termos de incorporação absoluta, uma vez que a “noção de toma Foucault como ponto de partida, contestando, porém, sua concepção de política, segundo a qual o biopoder não faz mais do que produzir as disciplinas de normalização e determinar as formas de subjetivação” (PRECIADO, 2011, p. 12). Essa contestação é feita com base na distinção que Preciado adota entre biopoder e potência de vida “podemos compreender as identidades dos anormais como potências políticas, e não simplesmente como efeitos das disputas sobre o sexo” (2011, p. 12), diz ela. Na sequência Preciado endereça outra crítica ao pensamento e postura do filósofo em relação a política de identidade, referindo-se a Foucault ela diz: “Sua rejeição à identidade e ao ativismo gay levá-lo-à a forjar uma retroficção à Sombra da Grécia Antiga” (PRECIADO, 2011, p. 13). Para ela, as identidades são um lugar estratégico da ação política, Preciado chega a alertar o movimento feminista-queer sobre as “armadilhas conceituais e políticas de Foucault”, uma delas (Preciado elenca duas) é a possibilidade de pensar a “multidão queer”5 como um reservatório da transgressão em oposição às estratégias identitárias (é uma proposição complexa que não poderemos desenvolver aqui). Preciado dá às questões políticas da identidade um lugar de destaque. Ao advogar pelo caráter estratégico da identidade vislumbra condições de possibilidades para o uso dos recursos políticos da produção performativa das identidades, embora ao contrário de Butler, considere que o gênero está além do performativo 6 . 5 Sobre a noção de multidão queer Preciado nos diz que “A sexopolítica torna-se não somente um lugar de poder, mas, sobretudo, o espaço de uma criação na qual se sucedem e se justapõem os movimentos feministas, homossexuais, transexuais, intersexuais, transgêneros, chicanas e pós-coloniais... As minorias sexuais tornam-se multidões. O monstro sexual que tem por nome multidão torna-se queer” (2011, p. 14). 6 Ver PRECIADO, 2011. ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 141 É partindo deste lugar de preocupação com questões relativas à política identitária que Preciado publica em 2000 o seu “Manifeste Contra-sexuel” (em tradução literal “Manifesto Contra-sexual", ainda não publicado em português). Segundo Pereira (2008) a escolha do termo “contra-sexualidade” se inspira em Foucault, para quem a forma mais eficaz de resistência à produção disciplinar da sexualidade seria a contraprodutividade. Em síntese, com o conceito de contra-sexualidade elaborado no seu “Manifesto Contra-sexual” Preciado objetiva: A intenção é promover uma análise crítica da diferença gênero-sexo produto do contrato social heterocentrado, cujas performatividades normativas vêm sendo inscritas nos corpos como verdades biológicas. Esse contrato heterocentrado deve ser substituído por outro, o contra-sexual, no qual “corpos falantes” buscariam estabelecer procedimentos que possibilitem escapar da sujeição heteronormativa. Além de criticar a naturalização do sexo e do sistema de gênero, o contratocontra-sexual propõe uma sociedade de equivalência, de sujeitos falantes queestabeleçam relações de forma contratual – a elaboração desse contrato, assim,deve muito ao saber prático e, também, contratual das comunidades sadomasoquistas (PRERIRA, 2008, p. 500- 501). Beatriz Preciado, tal como Butler e outros autores, apropria-se do pensamento foucaultiano para elaborar proposições muito ousadas e originais. Assim, o uso que faz do pensamento de Foucault é marcado pela criatividade e criticidade; ela não se importa em discordar do filósofo ou fazer aproximações aparentemente improváveis entre múltiplas vertentes do pensamento crítico contemporâneo para lançar um olhar peculiar sobre os agenciamentos biopolíticos dos nossos tempos. Preciado e Butler postulam e carregam uma não ortodoxia própria do modo – contestatório – queer de ser e pensar. O queer, como já mencionado, é aquele que está sempre em confronto com a norma, é aquele que desafia pela complexidade, pela confusão, pela diferença. Diante do exposto, consideramos então que o pensamento queer – neste caso, o de autor@s como Butler e Preciado – apropria-se das ideias de Michel Foucault de forma singular, seletiva e diferenciada. Existem, portanto, nesta relação convergências e tensões como aquelas aqui demonstradas. Nesse sentido, é mister considerar os Estudos Queer um uso muito específico do pensamento de Foucault, isto é, não se configura enquanto uma proposta de continuidade das ideias de Foucault. Ora, é como diz Spargo “As ideias de Foucault claramente pavimentaram o caminho para uma abordagem diferente das relações entre sexo, sexualidade e poder” (2006, p. 25). ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 142 REFERÊNCIAS ARAN, Márcia; PEIXOTO JUNIOR, Carlos Augusto. Subversões fazer Desejo:. Sobre Gênero e Subjetividade los Judith Butler Cad. Pagu , Campinas, n. 28, junho de 2007.Disponível a partir de<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 83332007000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 30 de outubro de 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332007000100007. BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: Louro, Guacira Lopes. (Org.). O corpo educado pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal , 2012. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. São Paulo: Paz & Terra, 2014. LOURO, G. L. Pedagogias da sexualidade. In: ______. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. Halberstan, Judith. Repensando o sexo e o gênero. In: MISKOLCI, Richard; PELÚCIO, Larissa. (Orgs.). Discursos fora de ordem: sexualidades, saberes e direitos. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2012. LOURO, Guacira Lopes. Teoria estranha.: Uma Política Pós-identitária Pará uma Educação Rev. Estud. Fem. , Florianópolis, v. 9, n. 2, 2001. Disponível a partir de <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104026X2001000200012ln g=en&nrm=iso>. Acesso em 30 de outubro de 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2001000200012. ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 143 LOURO, Guacira Lopes. Foucault e os estudos queer. In: RAGO, Margareth; VEIGA NETO, Alfredo. (Orgs). Para uma vida não facista. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. MISKOLCI, Richard. Abjeção e desejo. Tensões entre a obra de Michel Foucault e a Teoria Queer. In: RAGO, Margareth; VEIGA NETO, Alfredo. (Orgs). Para uma vida não facista. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias, Porto Alegre: PPGS-UFRGS, n. 21, p. 150-182, 2009. MISKOLCI, Richard; SIMÕES, Júlio Assis. Apresentação. Cadernos Pagu, Campinas: Núcleo de Estudos de Gênero Pagu-UNICAMP, n. 28 p. 9-19, 2007. MISKOLCI, Richard. Não ao sexo rei: da estética da existência foucaultiana à política queer. In: L. A. F. SOUZA; T. T. SABATINE; B. R. MAGALHÃES(ORG.). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. MISKOLCI, Richard. Um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica; Editora UFOP, 2012. PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. Corpo, sexo e subversão: reflexões sobre duas teóricas queer. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 12, n. 26, Sept. 2008 . Available from<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414328320080003000 04&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1414- 32832008000300004. PRECIADO, Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos "anormais". Rev. Estud. Fem., Florianópolis , v. 19, n. 1, Apr. 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104026X2011000100002& lng=en&nrm=iso>. access on 30 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0104- 026X2011000100002. SEIDMAN, Steven. “Deconstructing Queer Theory or the Under-Theorization of the Social and the Ethical”. In: NICHOLSON, Linda; SEIDMAN, Steven. (ORGS.) Social ANAIS – III COLÓQUIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS - GEF/LAPEF/UECE – SET 2014 ISSN - 2358-0720 144 Postmodernism. Beyond identity politics. Cambridge: University Press, 1995. P. 116- 141. SEDGWICK, Eve Kosofsky. A epistemologia do armário. Cad. Pagu, Campinas , n. 28, June 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 83332007000100003&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332007000100003. SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. SPARGO, Tamsim. Foucault e a Teoria Queer. Rio de Janeiro: Pazulin; Juiz de Fora: Editora UFJF, 2006. SOUZA, Eloisio Moulin de; CARRIERI, Alexandre de Pádua. A Analítica estranha e Seu rompimento com a Concepção binaria de Gênero. RAM, Rev. Adm. Mackenzie (Online) , São Paulo, v. 11, n. 3, junho de 2010. Disponível a partir de <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167869712010000300005&l ng=en&nrm=iso>. Acesso em 30 de outubro de 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1678- 69712010000300005.
Compartilhar