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AS 30 HORAS DA ENFERMAGEM

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INSTITUTO EDUCACIONAL DA GRANDE DOURADOS 
CURSOS TÉCNICOS 
TÉCNICO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
TÍFANI VILANOVA BATISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 HORAS DA ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOURADOS/ MS 
2017 
TIFANI VILANOVA BATISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 HORAS DA ENFERMAGEM 
 
Trabalho apresentado como requisito parcial para 
obtenção de nota, na competência de Língua 
Portuguesa. 
Orientador: Profª. Jucimara Bereta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOURADOS - MS 
2017 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 
I. ENFERMAGEM – A MAIOR PROFISSÃO DA SAÚDE ............................................... 4 
II. A LUTA PELAS 30 HORAS .............................................................................................. 5 
III. PRINCIPAIS ARGUMENTOS CONTRÁRIOS AS 30 HORAS ................................. 6 
3.1 O DUPLO EMPREGO ................................................................................................... 6 
3.2 O IMPACTO FINANCEIRO ......................................................................................... 6 
IV. AS 30 HORAS COMO NECESSIDADE PÚBLICA ..................................................... 8 
CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 11 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
O presente trabalho aborda como tema principal as 30 horas da enfermagem, mais 
precisamente a luta pela aprovação do projeto de lei que garante uma carga horária fixada em 
30 horas semanais aos profissionais da categoria, os argumentos favoráveis e os argumentos 
contrários que têm sido empecilho na efetivação do projeto como lei. São objetivos desse 
trabalho, levar conhecimento as pessoas envolvidas ou não na área da saúde, bem como 
esclarecer dúvidas que são comuns para a população. Sua elaboração teve como base pesquisas 
bibliográficas enriquecida com entrevistas realizadas por outrem com representantes da 
categoria fora e dentro do meio político. 
 
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1. Enfermagem – a maior profissão da saúde 
 
“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como 
arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, 
quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da 
tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o 
templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a 
mais bela das artes”. 
Florence Nightingale 
 
A enfermagem é uma profissão reconhecida pelo Conselho Nacional de Saúde que 
tem seu exercício regulamentado pela Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, sancionada pelo 
então presidente da república José Sarney, e composta por três classes de trabalhadores: 
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Esse grupo de profissionais tem como 
finalidade a assistência ao ser humano individual ou coletivamente com o objetivo de promover, 
prevenir, reabilitar e recuperar a saúde. É a única profissão, em rede hospitalar, que está em 
contato com os pacientes todo o tempo de sua permanência prestando cuidados assistenciais 24 
horas diárias nos 365 dias do ano. 
No Brasil, a enfermagem conta com quase 2 milhões de profissionais sendo 444.450 
enfermeiros, 1.014.472 técnicos em enfermagem e 436.748 auxiliares de enfermagem, segundo 
dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) de 2016. Atualmente a categoria compõe 
cerca de 80% do corpo de uma instituição de assistência à saúde e não tem uma norma que 
regulamente sua carga horária, de forma que esta varia de 30 a 44 horas semanais entre os 
setores público e privado. Apesar de esse ser um número inenarravelmente maior do que os de 
outras profissões da área e de ter influência decisiva nas ações de saúde, a classe ainda não 
dispõe de proteção legal ao seu trabalho. 
 Em 1955, a categoria iniciou a luta pela definição de uma carga horária de trabalho 
compatível com as características de suas funções, com a lei 2.604/1955 – primeira lei que 
regulamentou o exercício da enfermagem – que, em um de seus artigos, propunha o 
estabelecimento da jornada de 30 horas semanais, artigo este que se tornou o único vetado da 
proposta. 
Outras profissões da saúde já obtiveram resultados favoráveis na luta por uma 
jornada de trabalho reduzida e compatível, como a classe médica (20 horas semanais / quatro 
horas diárias, desde 1961), fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais (30 horas semanais / seis 
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horas diárias, desde 1994) e até, por exemplo, a classe dos assistentes sociais que conseguiram 
a aprovação da lei 152/2008 em agosto de 2010 que estabeleceu a jornada semanal de 30 horas. 
No ano 2000, 45 anos depois da primeira tentativa, o senador federal Lúcio 
Alcântara do PSDB/CE apresentou ao Senado o Projeto de Lei 2295/2000 que dispõe sobre a 
jornada de trabalho dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem. Em 2012 o projeto 
entrou em pauta para votação, mas, por falta de quórum, não foi votado. Além da PL 2295/2000 
existe a PL 6091/2016 tramitando na câmara dos deputados, que solicita a inclusão do artigo 
vetado em 1955 na atual lei que regulamenta a profissão. 
 
2. A luta pelas 30 horas 
 No contexto atual, a luta pelas 30 horas já completa 17 anos e a importância 
dessa reinvindicação vem conseguindo destaque em congressos e conferências de saúde, nos 
poderes Legislativo e Judiciário, pelos meios de comunicação, pelas entidades que representam 
os profissionais de enfermagem – Conselho Federal e Conselhos Regionais – e até pelos 
usuários dos serviços de saúde. 
 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) assegura que a jornada semanal 
de 30 horas é a mais adequada pera os profissionais da enfermagem. A II Conferência Nacional 
de Recursos Humanos para a Saúde, em 1993, considerou que a jornada máxima para a classe 
deveria ser de 30 horas devido à natureza de suas atividades. Na 3ª Conferência Nacional de 
Saúde do Trabalhador, na 12ª Conferência Nacional de Saúde e na 3ª Conferência Nacional de 
Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, foi disposto a jornada de 30 horas para a categoria. 
 A Constituição Federal de 1988, atualmente em vigor, prevê uma jornada de 30 
horas semanais em um preceito que se aplica ao trabalho da enfermagem em rede hospitalar, 
porém é facultativo aos dirigentes máximos dos órgãos ou entidades “autorizar” o cumprimento 
das horas pelos servidores. Em 2006 o Ministério da Saúde aprovou “a realização de jornada 
de trabalho de seis horas diárias e carga horária de 30 horas semanais” para funcionários de 
redes hospitalares sob sua gestão, apesar de o governo federal se posicionar de forma contrária 
as 30 horas para a enfermagem. Mesmo com esse posicionamento, em 2010 o Ministério da 
Saúde publicou nota técnica que excluía os profissionais que trabalham em programas 
governamentais, posição considerada inaceitável pela classe em função do dever do Ministério 
de defender o fornecimento de condições necessárias para a qualidade na assistência. 
 
 
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3. Principais argumentos contrários as 30 horas 
 
3.1 O duplo empregoParte da sociedade, políticos e pessoas do meio hospitalar, contrários a 
aprovação do projeto de lei 2295/2000, são adeptos ao argumento de que a redução da carga 
horária para os profissionais de enfermagem abriria uma brecha para um segundo emprego. 
Embora esse argumento esteja sendo fundamental para a não aprovação do PL, na história, 
todas as categorias que conseguiram a redução da carga horária na jornada de trabalho em 
função do exercício de suas atividades tiveram suas reinvindicações voltadas a proteção do 
trabalhador e não motivadas na busca por um novo emprego, o que leva os representantes da 
categoria a afirmação de que se trata de um argumento claramente ideológico. 
 Essa afirmação vem sendo debatida pelos profissionais de enfermagem e pelos 
políticos que os representam nesse processo de aprovação. O primeiro argumento usado em 
defesa da causa é de que o direito a mais de um emprego é constitucional e não há 
questionamentos a duplos empregos de outros profissionais da saúde, como médicos, 
odontologistas e fisioterapeutas. Outro argumento é que as lideranças que defendem as 30 horas 
para a enfermagem também defendem a possibilidade de o trabalhador optar por dedicação 
exclusiva, de forma que beneficiaria os profissionais e os usuários dos serviços de saúde no 
país. 
 
3.2 O impacto financeiro 
 
“A Nota Técnica do Ministério será nossa 
maior ferramenta para viabilizarmos a aprovação das 30 
horas”. 
Antônio Marcos Freire – Conselheiro do 
COFEN 
 
 Um dos principais e o mais debatido dos argumentos usados pelos empregadores 
do setor privado e setores do governo é o de que o impacto financeiro causado pela aprovação 
da jornada semanal de 30 horas para a enfermagem traria sérios prejuízos, alegando a falta de 
verba do governo e falta de verba dos munícipios para a manutenção da assistência à saúde, já 
7 
 
que essa redução levaria a contratação de muitos outros profissionais. Argumento esse, que é 
questionado pela classe com evidências que mostram inconsistência na afirmação. 
 Segundo a Carta Aberta à População, publicada em 21 de agosto de 2012 pelo 
Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (COREN – RS), o impacto financeiro 
no orçamento da União seria praticamente inexistente, haja vista que “a maioria dos 
profissionais de saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS), é remunerada pelos estados ou 
municípios, com exceção dos hospitais universitários (HU), pagos pelo MEC.”. A carta ainda 
afirma que “uma parcela significativa da rede pública estadual, dos HU de vários municípios, 
assim como hospitais privados de boa qualidade, já adotam as 30 horas.”. 
 Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos 
Socioeconômicos (DIEESE) sobre o impacto financeiro em decorrência da aprovação do PL 
2295/2000 contradiz informações publicadas em reportagens pelo jornal Folha de São Paulo e 
pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, que, segundo o COFEN “apresentou 
números incompatíveis com os estudos realizados” quando afirmou um impacto de 7 bilhões 
de reais nos cofres públicos. Segundo o DIEESE, o impacto financeiro acerca da aprovação do 
PL seria de 3,7 bilhões de reais entre cofres públicos e privados. O Ministério da Saúde, em 
nota, alega que esse impacto seria ainda menor, em torno de 331 milhões de reais, segundo 
estudo realizado com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). A 
proposta apresentada, no entanto, considera uma redução da carga horária de forma gradativa, 
o que minimizaria ainda mais o impacto financeiro. 
Em entrevista dada ao programa Palavra Aberta – programa da TV Câmara – o 
deputado Ivan Valente do PSOL/SP, abertamente favorável à aprovação do PL, declarou que 
“... vai ter mais despesa. O problema é saber onde nós alocamos despesas no Brasil.” e ainda 
que “...em muitos estados e municípios já existem 30 horas. Quem não paga 30 horas, 
geralmente, é o setor privado. São os hospitais particulares e os hospitais filantrópicos, e ai está 
a maior resistência.” 
Segundo o enfermeiro e professor Cássio Rossi, a aprovação do PL vai de encontro 
aos interesses do ambiente empresarial, já que a maior resistência é por parte dos políticos 
representantes e/ou donos de hospitais particulares. Para essas instituições, que são as que 
pagam o menor salário a enfermagem, aumentar o quadro de funcionários é um gasto visto 
como desnecessário, posição também adotada, até o dado momento, pelo governo federal, que 
afirma não haver verba para a contratação de 30% a mais de profissionais da área, levantando 
o questionamento sobre a saúde ser ou não a prioridade do governo. 
 
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4. 30 horas como necessidade pública 
 
“Você educa seu paciente para ter qualidade 
de vida, alimentar-se bem e praticar exercícios. As 
condições de trabalho com esta carga horária, impedem que 
façamos o que nós mesmos recomendamos”. 
Ana Marcia Moreira Donnabella, enfermeira 
e conselheira do COREN-SP 
 
A luta pelas 30 horas semanais e seis horas diárias fortalece a enfermagem quanto 
profissão e leva a sociedade a reconhecer que é uma área que necessita de condições especiais 
para uma prática segura. Para que a enfermagem exerça suas funções, necessita de condições 
que garantam a segurança do seu exercício, da saúde do profissional e da saúde do paciente. 
Os profissionais dessa área estão expostos ao convívio diário com dor, sofrimento 
e doença, gerando grande carga emocional e física e contato com riscos biológicos, turnos 
ininterruptos com atuação em horários atípicos e longas jornadas de trabalho, insuficiência de 
funcionários, falta de materiais e equipamentos de proteção, baixos salários, pouca valorização 
e muita responsabilidade, inúmeros fatores que levam a insatisfação, adoecimento e abandono 
da profissão. É farto a quantidade de registros que revelam o índice alarmante de absenteísmo 
no trabalho da enfermagem e sua relação com o adoecimento dos profissionais da categoria. 
Muitos trabalhadores estão sobrecarregados com o excesso de responsabilidades e 
essa é a principal causa do estresse emocional vivenciado pelos profissionais de enfermagem, 
além de ser um dos maiores fatores que levam a depressão. A redução da jornada de trabalho 
para a categoria contribui para a diminuição do desgaste físico e emocional, do surgimento de 
doenças ocupacionais e dos riscos decorrentes de suas funções que são, muitas vezes, agravados 
quando associados as funções domésticas, haja vista que é uma profissão exercida 
majoritariamente por mulheres. 
As 30 horas não é um privilégio desses profissionais, é uma necessidade pública. 
Se trata da defesa do direito da sociedade de ser atendida por profissionais competentes e 
saudáveis. Uma assistência segura é moralmente requerida e também economicamente 
necessária, já que dessa forma evita danos e reduz o número de ações judiciais movidas contra 
instituições de saúde, bem como acidentes de trabalho. Dessa forma essas instituições passarão 
a gastar menos com faltas e com o afastamento de profissionais da classe. 
 Além de garantir um atendimento adequado ao cidadão, a redução da jornada de 
trabalho garante qualidade de vida aos profissionais de enfermagem, de modo que estes 
exercem suas funções com um melhor desempenho, sem exaustão, com atenção e com maior 
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qualidade. Em um hospital onde o profissional trabalha 44 horas semanais, com falta de 
profissionais, falta de materiais e excesso de pacientes – a superlotação de hospitais públicos é 
um dos maiores problemas da saúde no Brasil – o exercício de suas funções de forma qualitativa 
fica comprometido. 
Segundo nota emitida pelo Fórum Nacional das 30 horas, mais de 100 municípiose cerca de 10 estados no país, incluindo grandes cidades e capitais como o Rio Grande do Sul, 
bem como instituições hospitalares de boa qualidade, já aderem as 30 horas para a enfermagem 
com decretos municipais e/ou leis estaduais aprovadas. O contexto histórico mostra que a luta 
pela aprovação do PL 2295/2000 não é uma novidade, apesar de só recentemente ter tomado 
grande proporção. 
Ainda de acordo com a nota do Fórum Nacional a aprovação do PL é “uma 
necessidade para assegurar a qualidade da assistência e para a segurança de profissionais e 
usuários dos serviços de saúde”, bem como que “a jornada de 30 horas para a Enfermagem 
também é uma questão de justiça, pois muitos outros profissionais de saúde já obtiveram 
jornada regulamentada”. O fórum ainda alega que jornada de trabalho de 30 horas semanais é 
um preceito constitucional aplicável a enfermagem e previsto no artigo 7º, inciso XIV, da 
Constituição Federal (1988) que estabelece “a jornada de seis horas para o trabalho realizado 
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva”. 
 A médica do trabalho, Elana Aires, em entrevista ao site do Conselho Regional 
de Medicina do Paraná (CRM-PR), afirma que algumas patologias são relacionadas ao modo 
de exercício de cada profissão e as leis que existem são embasadas na percepção desses 
problemas, bem como relata que as queixas mais comuns são alterações emocionais. 
As funções desempenhadas por enfermeiros, técnicos e auxiliares os expõem aos 
tipos de riscos no ambiente laboral listados pelo Ministério do Trabalho através da portaria nº 
3.214 que dispõe das normas regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho. 
Uma dessas normas, a NR-5, classifica esses riscos em cinco categorias, sendo elas: riscos de 
acidentes, riscos ergonômicos, físicos, químicos e biológico. 
Quando se fala em riscos de acidentes, inclui-se qualquer fator que coloque o 
trabalhador em situação vulnerável e que possa afetar seu bem-estar físico e psíquico. Os 
profissionais da enfermagem estão em contato diário com o processo de morte e o sofrimento 
de seus pacientes. Recentemente um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) 
revelou um aumento exorbitante no número de depressão e suicídios entre esses profissionais. 
O risco ergonômico se caracteriza por fatores que interfiram nas características 
psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando a sua saúde. A enfermagem 
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é responsável por lidar diariamente com a manipulação total dos pacientes, que muitas vezes 
sofrem de obesidade, além de uma boa parte dos hospitais não disporem de camas elétricas que 
permitam ajustes conforme a necessidade do paciente e desse profissional. 
Ruídos e radiação são fatores que colocam em risco a integridade física dos 
profissionais da enfermagem, em especial os que trabalham nas Unidades e Centros de Terapia 
Intensiva (UIT e CTI), bem como nos prontos-socorros. 
 A manipulação de medicamentos expõe os enfermeiros, técnicos e auxiliares aos 
riscos químicos, de forma que esse profissional fica vulnerável a essas substâncias que podem 
penetrar em seu organismo via respiratória ou através da pele. 
Quanto ao risco biológico, a enfermagem é a categoria que mais está exposta, não 
só através de materiais perfurocortantes, como agulhas contaminadas após uso intravenoso e 
intramuscular, lâminas de bisturis em procedimentos cirúrgicos e curativos, sendo o último uma 
função exclusiva da enfermagem, como também no contato com secreções e fluidos corpóreos 
e aerossol em procedimentos de aspirações de vias aéreas superiores (VAS), tubo orotraqueal 
(TOT), traqueostomias (TQT) e diversos drenos e sondas. 
As declarações da médica do trabalho Elana Aires e a classificação de riscos pelo 
Ministério do Trabalho acabam por fortalecer os argumentos dos profissionais de enfermagem 
quanto aos riscos da profissão, de maneira que assim como riscos ergonômicos estão para 
fisioterapeutas, estresse emocional para médicos e risco radioativo para radiologista, todos os 
riscos estão para a enfermagem. 
 
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Conclusão 
 
Após anos de luta, finalmente a enfermagem consegue colocar a aprovação do Projeto 
de Lei 2295/2000 entre os principais assuntos que estão sendo debatidos pela população. 
Compondo a maior categoria da área da saúde, os enfermeiro, técnicos e auxiliares revigoram 
as forças nos debates e nos confrontos aos argumentos das vozes contrárias ao estabelecimento 
da carga horária em 30 horas semanais. Com base legal, os representantes da enfermagem vêm 
derrubando as justificativas para a não aprovação do PL e apresentando argumentos 
incontestáveis. 
É necessário que haja uma maior união entre a classe que, notoriamente, conduz a saúde 
no Brasil. O projeto precisa de cada vez mais espaço, que se tenha uma organização cada vez 
mais eficaz por parte de entidades como o COFEN, o Fórum Nacional das 30 horas e do apoio 
por parte população consciente de todos os fatores positivos que acarretam a aprovação do 
projeto como lei. Os profissionais empenhados nessa busca, mesmo que cansativa e longa, 
precisam de persistência e de consciência para aumentar sua representatividade nas câmaras e 
senado, que hoje é escassa. 
Haja visto todos os pontos em questão, as 30 horas para a enfermagem é um direito 
óbvio e inquestionável dos profissionais da classe. Além de a carga horaria ser o maior 
problema da categoria, agora, também se torna uma questão de saúde pública que toma 
proporções gigantescas em âmbito social e político. 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Disponível em: <http://al.corens.portalcofen.gov.br/cofen-lanca-nota-oficial-sobre-reportagens-
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Carta aberta à população [Internet] Disponível em: <https://www.portalcoren-
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Ministério da Saúde apresenta relatório de impacto financeiro das 30 Horas [Internet] Disponível em: 
<http://www.cofen.gov.br/ministerio-da-saude-apresenta-relatorio-de-impacto-financeiro-das-30-
horas_9200.html> Acessado em: 13/05/2017 
 
Tipos de Riscos [Internet] Disponível em: 
<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/tipos_de_riscos.html> Acessado em: 
14/05/2017 
 
Jornada de 30 horas semanais: condição necessária para assistência de enfermagem segura e de 
qualidade – REVISTA ENFERMAGEM EM FOCO – 2010; 1(3): pág. 114-118

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