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o papel do idoso na familia e sociedade

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artigo de revisão
A reverênciA que devemos Aos 
nossos AncestrAis: o pApel do idoso
nA fAmíliA e nA sociedAde
the reverence to our AncestrAl ones:
the pAper of the Aged people in the 
fAmily And the society
• Maria Catarina Lavrador Braciali
Psicóloga, especialista em Intervenção Familiar pela Unifran
26 v. 9 | n. 1 | p. 25–32 | JAN./ ABR. 2009
Resumo: O objetivo deste artigo é apontar o fenômeno do envelhecimento 
frente à responsabilidade social e familiar hoje oferecida a essa parcela da popu-
lação. O número de idosos cresce expressivamente com o aumento do tempo de 
vida humano, propiciado pelos novos conhecimentos e tecnologias. A análise 
é feita a partir de autores e marcos teóricos que desenvolveram estudos sobre o 
envelhecimento. Os temas destacados para essa análise serão: o envelhecimento, 
o cuidado familiar, as necessidades da família e a contribuição social para qua-
lidade de vida do idoso.
Palavras-chave: envelhecimento; família; qualidade de vida.
AbstRAct: The aim this paper is to point out the cause to grow old face to 
social and familiar responsability that we can offer to this part of population. 
The numerous person advanced in years increase expressively in face the new 
knowledges and technologies. The analysis in made by authors and the theories 
about the cause to grow old. The main subjects will be: the aged, the familiar 
care, the necessities and social contribution to the quality of life of this part of 
the population.
Key words: aging; family; quality of life.
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Introdução
Subsidiado em conteúdo teórico-conceitual na área 
do envelhecimento e visando a contribuir para uma 
reflexão que promova a qualidade de vida do idoso, o 
presente artigo tem como tema de estudo a questão do 
envelhecimento e o impacto que este gera na família e 
na sociedade. Buscou-se por meio de uma revisão crítica 
sobre o tema dar subsídios para discussões que estimulam 
medidas que valorizem a participação familiar e social na 
adaptação do idoso. Dessa forma, será abordado o fenô-
meno do envelhecimento frente à família e à sociedade 
contrapondo-se duas situações: 1) o papel que o idoso 
representa na sociedade; e 2) a necessidade da participação 
da família no desenvolvimento de vida do idoso.
o envelhecimento
Todo organismo multicelular passa por transforma-
ções fisiológicas com o passar do tempo que costumam 
ser divididas em três fases: a fase de crescimento e 
desenvolvimento, a fase reprodutiva e a senescência, ou 
envelhecimento. Em biologia, senescência é o processo 
natural de envelhecimento ou o conjunto de fenômenos 
associados a esse processo. Este conceito se opõe à senili-
dade, também denominado envelhecimento patológico, 
que é entendido como os danos à saúde associados com 
o tempo, porém causados por doenças ou maus hábitos 
de saúde. Assim, pode-se considerar o envelhecimento 
como uma fase de continuação da vida, começando esta 
com a concepção e terminando com a morte.
O envelhecimento é causado por alterações moleculares 
e celulares ocasionadas por perdas funcionais progressivas 
dos órgãos e do organismo como um todo. É também 
conceituado como um processo dinâmico e progressivo, 
no qual tais modificações, morfológicas, funcionais, 
bioquímicas e psicológicas vão determinar perda da ca-
pacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, 
ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de 
processos patológicos que terminam por levá-lo à morte 
(PAPALÉO NETTO; PONTES, 1996). 
O processo de envelhecimento é um processo ativo, 
sendo, de certa maneira, imposto pelo próprio organis-
mo segundo um programa localizado dentro de nosso 
patrimônio genético e que também recebe influência 
do meio externo.
Historicamente, o homem foi o único animal que 
conseguiu mudar a própria expectativa de vida, a partir 
do controle ambiental. Esse iniciou-se com as medidas 
de saneamento básico e, posteriormente, com o advento 
do antibiótico, vacinas e cirurgias, promovendo um 
aumento exponencial da expectativa de vida média 
do ser humano. A expectativa média de vida na época 
áurea do Império Romano (cerca de 30 anos) não pode 
sequer ser comparada à expectativa média na África hoje 
(cerca de 45 anos), nem muito menos à do Japão (quase 
85 anos) (RAMOS, 1995). Daí podermos concluir que 
ser “velho” depende do referencial histórico.
Na Roma antiga, era considerado um idoso um indi-
víduo com 50 anos. Hoje, nos países desenvolvidos, em 
sua maioria, a velhice não é considerada antes de 75 anos. 
No Brasil a velhice ainda tem ponto de corte o início da 
sétima década de vida (de 61 a 70 anos). Essa estatística 
está em constante mudança, à medida que a proporção de 
idosos aumenta e os problemas associados à velhice vão 
sendo postergados para idades cada vez mais avançadas. 
Na verdade, limites clássicos como 60 ou 65 anos servem 
para determinar a idade de aposentadoria e auxiliar os 
demógrafos na comparação entre populações, quando a 
questão é o envelhecimento populacional. Nada impede 
que, no futuro, esses limites venham a ser mais dilatados 
(RAMOS, 1995). 
Embora seja possível morrer em qualquer idade, é o 
período da velhice que concentra um acúmulo de perdas. 
São amigos, familiares e colegas que se vão, além de ser 
necessário superar mudanças (perdas) em vários setores, 
como no trabalho e na saúde. Torna-se importante 
elaborar a proximidade da própria morte, pois quem 
não pode aceitar sua finitude ou se sente frustrado com 
o curso que sua vida tomou será invadido pelo desespero 
de perceber que o tempo é muito breve para recomeçar 
uma nova vida.
Entretanto, saber envelhecer não é fácil, principal-
mente numa sociedade que cultiva o novo. As cirurgias 
plásticas, o valor dado à juventude e à produtividade 
são exemplos disso. Saber envelhecer é um aprendizado 
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contínuo, de aceitação das novas limitações que o tempo 
traz, e das mudanças que possibilitam aprender a usar 
e desfrutar esse momento livre para buscar prazer. É 
renunciar a uma antiga posição de autoridade e aceitar 
que um estilo de vida produtiva se fecha, para que outro 
tipo de vida apareça. 
o papel que o idoso representa na sociedade
A questão do envelhecimento se tornou crucial para a 
época em que vivemos. Com o aumento da expectativa de 
vida, o contingente de pessoas idosas é expressivamente 
numeroso e continua crescendo. Segundo o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, no Brasil, 
a proporção de pessoas da terceira idade vem crescendo 
mais rapidamente que a de crianças. Em 1980, para cada 
100 crianças, existiam 16 idosos. Vinte anos depois, essa 
relação praticamente já havia dobrado, numa proporção 
de 30 idosos para cada grupo de 100 crianças. De acordo 
com o instituto, esse crescimento se deve à soma de dois 
fatores: a queda da taxa de fecundidade e o aumento da 
longevidade da população (BAGGIO et al., 2003).
Assim, no terceiro milênio, muda o perfil da população 
alterando também todas as faces da vida humana: cultu-
ral, social, familiar, econômica e individual. É chegada 
a hora de nos confrontarmos com o envelhecimento, 
procedendo a uma profunda reflexão sobre o modo como 
a humanidade vem tratando os idosos.
Segundo Carvalho Filho (2000), observa-se que o 
aumento da expectativa de vida está intimamente rela-
cionado à melhora das condições de vida, de habitação, 
de educação e atenção à saúde prestada à população. 
Para o autor, a incorporação dos conceitos básicos de 
saúde e educação ocorreu mais tardiamente nos países 
em desenvolvimento, sendo um fenômeno das últimas 
décadas. Entretanto, pode-se afirmar que a partir de 
1960 tem havido um aumento da expectativa de vida. 
Isso se deve também ao desenvolvimento tecnológico, ao 
desenvolvimento da medicinae ciências correlatas, que, 
cada vez mais, descobrem possibilidades de prolonga-
mento da vida. Além disso, há o desejo do ser humano 
de viver mais e, ao mesmo tempo, o temor de viver em 
meio à incapacidade e à dependência.
Dessa forma, o futuro está sendo formado por uma 
legião de indivíduos mais velhos, e, se não estivermos 
conscientes das transformações e preparados para en-
frentar essa nova realidade, poderemos estar fadados a 
viver uma civilização solitária e totalmente deficiente de 
direitos e garantias na terceira idade.
Pode-se refletir que em tempo algum, na história da 
humanidade, houve uma sociedade justa. A divisão 
das pessoas em classes, castas e uma conseqüente hie-
rarquização e diferenciação destas sempre existiram. 
Tais fatos geraram preconceitos e discriminação, que 
refletem a imensa dificuldade das pessoas em aceitar e 
respeitar tudo o que foge do conhecimento e do comum. 
As mudanças na área social, na mentalidade, são lentas 
e enfrentam resistências.
Essa forma de estruturação da sociedade fez com que 
fossem valorizadas apenas pessoas em seus períodos de 
produtividade, pois são as que podem dar mais lucro 
para quem está no poder, e assim continuar sustentando 
o sistema. No caso da nossa sociedade, continuar susten-
tando o capitalismo. O idoso, neste contexto do mundo 
do trabalho, sente as conseqüências negativas, principal-
mente a injusta competitividade gerada pela idade, como 
divisor de potencial e capacidade produtiva.
Numa sociedade capitalista, em que se valoriza a 
produção, geralmente a primeira dificuldade enfrentada 
pelo idoso diz respeito à exclusão deste do mercado de 
trabalho. O termo “velho”, geralmente, é entendido de 
forma negativa, sendo usado para reforçar a idéia de 
exclusão social dos que não produzem mais segundo 
o modelo capitalista. Produtividade e velocidade são 
requisitos importantes no mundo do trabalho e estão 
associados a características da juventude. A velhice, 
em contrapartida, caracteriza-se por um período de 
ausência do trabalho formal. Essa situação alimenta 
uma quantidade de termos aplicados aos idosos, como 
aposentados, inativos, improdutivos, entre outros, e 
acaba aposentando essas pessoas para a vida. O roteiro 
da exclusão do idoso no contexto urbano teve início com 
o advento do capitalismo, no qual o sujeito passa a ser 
definido pela função que exerce no mundo do trabalho 
(BERLEZI 2003, p. 91-95).
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Em Souza (1995) encontramos que, segundo Engels, o 
homem humanizou-se pelo trabalho, isto é, pela atividade 
na luta pela sobrevivência, atividade especificamente 
humana de criação de elementos e de instrumentos de 
trabalho. Num estágio mais avançado, o que ele produz 
não mais lhe pertence, ou lhe pertence só em parte. O 
produto do trabalho pertence a outro, que lhe dá em 
troca alguns bens de subsistência ou um salário. Se o 
que transformou a humanidade foi a possibilidade do 
trabalho, da escrita e de transmitir a cultura, por outro 
lado, com o desenvolvimento da sociedade capitalista, 
o que o homem produz passa a não mais lhe pertencer 
e isso, de certa forma, o desumaniza (p. 85).
 Isso nos leva a pensar que, a partir de uma determi-
nada idade, ou quando o indivíduo se aposenta e não é 
considerado mais produtivo, também se torna incapaz 
de participar da sociedade. Tal pensamento leva a uma 
exclusão do idoso da esfera social.
Embora esta seja a realidade em que vivemos, é im-
portante lembrar que, na chamada terceira idade, as 
pessoas continuam em desenvolvimento. Podemos 
citar personalidades que marcaram a sociedade e con-
tinuaram produtivas até o final de suas vidas. Carlos 
Drummond de Andrade escreveu artigos e poesias até 
o ano de sua morte, aos 84 anos. Sigmund Freud com 
mais de 70 continuou revolucionando a alma do homem. 
Carl Gustav Jung, aos 75 anos, ainda escreveu obras de 
inegável importância e Albert Einstein dava aulas em 
universidades americanas com mais de 75 anos.
Cordioli (1998) revela que 
menos de 5% das pessoas acima de 65 anos perdem a 
capacidade de se autodeterminar, necessitando cuidados 
familiares ou de instituições. Por outro lado, a única 
alteração claramente estabelecida no funcionamento do 
sistema nervoso central de idosos saudáveis é a lentidão 
dos processos perceptivos, e este declínio não ocorre de 
maneira uniforme de indivíduo para indivíduo (p. 485).
No Brasil, a Política Nacional do Idoso, estabelecida 
em 1994, criou normas para os direitos sociais dos ido-
sos, garantindo autonomia, integração e participação 
efetiva como instrumento de cidadania. Entretanto, essa 
legislação não tem sido eficientemente aplicada. Isso se 
deve a vários fatores, que vão desde contradições dos 
próprios textos legais até o desconhecimento por parte 
da população de seu conteúdo. O distanciamento entre 
a lei e a realidade dos idosos no Brasil ainda é enorme, 
pois somente a mobilização permanente da sociedade é 
capaz de configurar um novo olhar sobre o processo de 
envelhecimento dos cidadãos brasileiros.
Baltes e Smith (1995) assinalaram que 
o envelhecimento bem-sucedido precisa de uma ava-
liação sustentada em uma perspectiva multidimensional, 
na qual fatores objetivos e subjetivos sejam considerados 
dentro de um contexto cultural, que contém demandas 
específicas (p. 41).
A necessidade da participação da família 
no desenvolvimento da vida do idoso
Sabemos que em qualquer idade a família é consi-
derada, social e culturalmente, a base da vida de uma 
pessoa. Como na fase de infância, a velhice exige do 
ambiente familiar cuidados frente às suas alterações 
físicas e psicológicas.
Foi-se o tempo em que como um culto aos antigos, 
num ritual de respeito à sabedoria de antecedentes, as 
famílias tradicionalmente honravam cuidar de seus 
idosos. Atualmente, prevalece o modelo social da família 
nuclear, em que convivem num mesmo lar apenas pais e 
filhos, e o afastamento de idosos dos seus filhos e netos, 
entre outros, tornou-se comum. Muitas vezes há uma 
perda total de contato entre os idosos e sua família.
A ameaça da perda da capacidade para o autocuidado 
é a queixa mais freqüente relatada pelos idosos, estando 
a velhice, na maioria dos casos, remetida ao momento 
em que ocorrerá tal incapacidade. Enquanto os velhos 
conseguem determinar as suas vidas sem se sentirem 
dependentes dos filhos, ou inválidos, há um sentimento 
de que a velhice ainda não chegou. Os idosos carregam 
a expectativa de receberem atenção e cuidados dos fi-
lhos e netos no momento em que perderem ou tiverem 
suas capacidades diminuídas, sendo este um fantasma 
constante a perseguir e preocupar os mais velhos. Mas 
a ameaça de que isso ainda ocorrerá apresenta-se de 
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uma maneira constante, sendo um importante motivo 
de sofrimento psíquico (CORDIOLI, 1998).
Estudos recentes sobre o suporte familiar aos idosos, 
realizados em diversos países e também no Brasil, indi-
cam que um maior número de filhos vivos aumenta as 
chances desse apoio. Nesse sentido, é importante lembrar 
que um menor número de filhos não apenas diminui 
a probabilidade de que os pais venham a ser assistidos 
por eles, como também aumenta a carga por filho, de 
assistência aos pais, em uma sociedade cada vez menos 
solidária. 
Entretanto, é na família que as pessoas podem buscar 
recursos para poderem viver esta etapa de confronto dos so-
nhos, perdas e realidade de forma mais afetiva e criativa.
A visão anterior do idoso como dependente do 
Estado e da família se contrapõe, hoje, à evidência 
da interdependência entre as gerações: netos e filhos 
adultos necessitam e recebem apoio de pais idosos. 
Isso ocorre porque os idosos aposentados recebem 
de um a três salários mínimos mensais e continuam 
contribuindo financeiramentepara a renda familiar 
de seus filhos que, atualmente, devido à forte taxa de 
desemprego, dependem dessa ajuda para sua sobrevi-
vência (BAGGIO et. al., 2003).
Frente a essas condições financeiras e também a falta 
de respaldo público para auxiliar as famílias nos cuida-
dos com o idoso, as instituições especializadas têm sido 
uma alternativa encontrada pelos filhos para transferi-
rem a responsabilidade de cuidados com seus pais. Os 
principais motivos da admissão de idosos em asilos são 
a falta de respaldo familiar relacionado a dificuldades 
financeiras, distúrbios de comportamento e precariedade 
nas condições de saúde (VERAS, 1994).
Em nosso contexto social, em que a maioria da po-
pulação luta pela sobrevivência e a mulher está inserida 
no mercado de trabalho, há desvalorização do idoso e 
faltam cuidadores para assisti-los. Ele se tornam um 
peso para as famílias e para a sociedade. Isso também 
resulta, muitas vezes, na impossibilidade de manter o 
idoso no seio familiar, levando à procura de instituição, 
onde eles completarão seu ciclo vital sem o aconchego 
familiar desejado.
Mesmo estando dentro de uma instituição, para a vida 
do idoso o ambiente familiar é crucial, pois o contato com 
a família permite que o ele se mantenha próximo ao seu 
meio natural de vida (a própria família). Além disso, o 
contato familiar preserva o seu autoconhecimento, valores 
e critérios. Na instituição o idoso é obrigado a adaptar-se 
e aceitar as normas e regulamentos do local, se tornando 
membro de uma nova comunidade e convivendo com 
pessoas que com as quais não possui qualquer vínculo 
afetivo (PAPALÉO NETTO, 2000).
A terceira idade é caracterizada por modificações que 
limitam ou impedem o indivíduo de desempenhar papéis 
e obrigações sociais e familiares, acarretando a perda de 
autonomia e dependência, o que prejudica a sociabilidade, 
a identidade social e o bem-estar do idoso. Portanto, 
conhecer as necessidades do idoso e ter consciência de 
tais necessidades para poder atendê-las é fundamental 
para o bem-estar social. Longe de serem pessoas im-
produtivas à espera da morte, os idosos fazem parte do 
cotidiano contemporâneo e tendem a permanecer como 
agentes participantes de todo o processo dinâmico da 
vida em sociedade. No mais, com o aumento expressivo 
da população idosa, uma nova concepção do idoso se faz 
necessária (VERAS, 1994).
A comunicação, essência da estrutura familiar, capacita 
os indivíduos para resolução de seus problemas, pois pro-
picia a satisfação das necessidades de inclusão, controle e 
afeição. Ela possibilita enfrentar, de forma construtiva, 
as ocorrências próprias dessa etapa de vida, por estar 
em um ambiente onde ele é aceito, valorizado e amado. 
Dessa maneira, os serviços de assistência ao idoso não 
serão sobrecarregados, pois a família constitui-se em 
seu maior suporte.
Alguns fatores para a adequação de uma boa quali-
dade de vida e bem-estar do idoso estão relacionados 
com a moradia e a família. É na família que podemos 
participar de um ambiente onde há possibilidades de 
identificação, pela construção de nossa individualidade 
em companheirismo, respeito e dignidade. Para manter o 
idoso em casa, com a família, é preciso que esta se adapte 
às necessidades do mesmo no que diz respeito a oferecer 
um ambiente seguro, preservando sua independência e 
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sua autonomia. Além disso, a família e/ou o cuidador 
deverão tomar o cuidado de não infantilizá-lo, não tratá-
lo como doente, incapaz, pois é preciso senti-lo e tentar 
entender a forma como ele se sente.
Outro fator importante do lar é a alimentação equi-
librada e saudável, pois ao oferecer esse tipo de suporte 
diário, o lazer e a cultura se tornam mais fáceis para a sua 
inclusão social. 
ConsIderações fInaIs
Há uma grande necessidade de se incorporar o idoso em 
nossa sociedade encontrando meios que possam mudar 
conceitos já enraizados e, principalmente, utilizar novas 
tecnologias, com inovação e sabedoria, a fim de que se 
alcance uma forma justa na distribuição dos serviços 
e facilidades para essa parcela da população que mais 
cresce em nosso país.
A sociedade moderna enfatiza a utilidade da pessoa, 
é exclusivamente alicerçada na produtividade, no lucro 
imediato, onde cada um de nós é reduzido a uma mera 
função social. Diante dessa conjuntura de funções so-
ciais, o espaço social do idoso se torna restrito. O novo 
é valorizado como sendo o bom e o melhor e o idoso é 
considerado um peso social frustrando-se com a sub-
tração do seu espaço existencial, anteriormente vivido 
com plenitude e sucesso.
É quando se aproxima o envelhecer que nos damos 
conta de sua problemática, gerando assim sensações de 
desconforto, ansiedade, temores e medos fantasiosos. 
Freqüentemente, essa ansiedade gera a falta de motivação 
ao idoso. Isso pode provocar uma depressão, repercu-
tindo organicamente e acelerando o envelhecimento ou 
provocando distúrbios e dificuldades de adaptação a um 
novo contexto social.
O envelhecimento não pode ser visto pela sociedade 
e família sob os olhos da discriminação. Não só as pes-
soas envelhecem, as gerações também envelhecem, sem 
dar conta dos minutos, dias, semanas, meses e anos. O 
envelhecimento irá alcançar a todos, é preciso agir de 
forma concreta, segura e rápida, contribuindo com ações 
eficazes para resguardar essa etapa da vida humana com 
maior dignidade, qualidade e respeito. 
Cada vez mais a família brasileira do terceiro mi-
lênio se distancia do modelo tradicional, no qual o 
idoso ocupava lugar de destaque. Estamos vivendo 
um importante período de transição no qual se faz 
necessário o entendimento das transformações sociais 
e culturais que vêm se processando, para enfrentarmos 
o nosso próprio processo de envelhecimento dentro 
de expectativas condizentes com as novas formas de 
organização familiar. No entanto, qualquer que seja 
a estrutura na qual se organizará a família do futuro, 
há a necessidade de se manter os vínculos afetivos 
entre seus membros e os idosos. Nesta fase da vida, 
o que o idoso necessita é sentir-se valorizado, viver 
com dignidade, tranqüilidade e receber a atenção e o 
carinho da família.
Nesse sentido, cabe aos membros da família entender 
essa pessoa em seu processo de vida, de transforma-
ções, conhecer suas fragilidades, modificando sua 
visão e atitude sobre a velhice e colaborar para que o 
idoso mantenha sua posição junto ao grupo familiar e 
a sociedade. Enfim, a principal fonte de suporte para 
essa população idosa ainda é a família e à sociedade 
cabe a manutenção funcional do idoso, mantendo-o 
na comunidade pelo maior tempo possível e gozando 
de maior independência.
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CEP: 14.404-600 Franca - SP
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