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APOSTILA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Outubro/ 2013 - REPRODUÇÃO PROIBIDA – www.educapsico.com.br 2 Organizadores/Elaboradores: Amanda Guedes de Oliveira, Rafael Santos Vaz de Lima e Domitila Shizue Kawakami Gonzaga. Elaboradores de outros materiais Educa Psico utilizados: Amanda Bergamo de Oliveira, Ana Carolina Carneiro, Fabiana Rego Freitas, Luciana Esgalha Carnier e Mariana Girotto C. da Silva. Revisão e formatação: Flávia Aparecida Ferretti e Denise R. Camargo. Apresentação: Você adquiriu a apostila temática “Psicologia Organizacional”. As apostilas temáticas da Educa Psico abordam conteúdos cobrados frequentemente nos concursos da área de Psicologia. Estes conteúdos foram didaticamente separados por temas, facilitando a leitura e a apropriação pelo candidato. A seleção dos conteúdos foi feita a partir da análise de diversos editais e provas, sendo assim, constitui-se material de base para o estudo, não sendo aconselhável utilizá-lo como única fonte de estudo. Indicamos esta modalidade de material para estudos planejados, ou seja, que se antecipam à publicação do edital, potencializando o desempenho do candidato nas provas, de acordo, também, com sua dedicação aos estudos. As apostilas temáticas são constantemente atualizadas a partir de novas provas e editais, observando-se a recorrência dos conteúdos e das referências bibliográficas. Enfim, a proposta deste material é auxiliá-lo na organização dos seus estudos, possibilitando que você se dedique aos principais conteúdos e referências bibliográficas de Psicologia que vêm sendo sugeridos nos editais de concursos na área. Reiteramos a importância de se buscar outras fontes de estudo para que possa potencializar seu desempenho na prova, além de realizar exercícios. Bons estudos! Equipe Educa Psico www.educapsico.com.br 3 Sumário 1. UNIDADE I: Introdução à Psicologia Organizacional ─ Aspectos Teóricos sobre a Teoria Sistêmica e a Gestão de Pessoas ..................................................................... 7 1.1 Primeiras Palavras .............................................................................................. 7 1.2 Texto Base .......................................................................................................... 7 1.2.1 O que é Psicologia Organizacional? ............................................................. 7 1.2.2 Taylorismo e Fordismo: Início do Século XX .............................................. 10 1.2.3 Cibernética e Teoria Geral dos Sistemas ................................................... 11 1.2.4 Gestão de Pessoas .................................................................................... 14 1.3 Atividades ......................................................................................................... 18 2. UNIDADE II: Os Cinco Subsistemas da Administração de Recursos Humanos ...... 19 2.1 Primeiras Palavras ............................................................................................ 19 2.2 Texto Base ........................................................................................................ 19 2.3. Os Cinco Subsistemas da Administração de Recursos Humanos (RH) ........... 19 2.3.1 Subsistema de Provisão ............................................................................. 19 2.3.2 Subsistema de Aplicação ........................................................................... 28 2.3.3 Subsistema de Manutenção ....................................................................... 32 2.3.4 Subsistema de Desenvolvimento ............................................................... 35 2.3.5 Subsistema de Monitoração de Recursos Humanos .................................. 39 2.4 Atividades ......................................................................................................... 43 3. UNIDADE III: Conceitos Importantes em Psicologia Organizacional ....................... 44 3.1 Primeiras Palavras ............................................................................................ 44 3.2 Cultura Organizacional ...................................................................................... 44 3.3 Clima Organizacional: Evolução Conceitual, Componentes e Estratégias de Gestão .................................................................................................................... 46 www.educapsico.com.br 4 3.4 Liderança nas Organizações ............................................................................. 49 3.5 Poder nas organizações ................................................................................... 51 3.5.1 Empowerment ............................................................................................ 54 3.6 Motivação ......................................................................................................... 55 3.6.1 Teoria da Hierarquia de Necessidades ....................................................... 55 3.6.2 Teoria dos Dois Fatores de Herzberg ......................................................... 56 3.6.3 Teorias X e Y ............................................................................................. 57 3.6.4 Modelo Contingencial de Motivação ........................................................... 57 3.6.5 Teoria de Campo ....................................................................................... 58 3.6.6 A Abordagem Fenomenológica da Logoterapia .......................................... 59 3.6.7 Técnicas Motivacionais .............................................................................. 60 3.7 Coaching ........................................................................................................... 61 3.8 Comunicação nas Organizações ....................................................................... 62 3.9 Equipes ............................................................................................................. 63 3.9.1 Tipos de Equipes ....................................................................................... 64 3.10 Grupos ............................................................................................................ 65 3.10.1 Formação de Grupos ............................................................................... 65 3.10.2 Técnicas para Atuação com Grupos......................................................... 67 3.11 Mediação de Conflitos ..................................................................................... 72 3.12 Avaliação Psicológica ..................................................................................... 76 3.12.1. Entrevista Psicológica ............................................................................. 77 3.12.2. Testes psicológicos ................................................................................. 79 3.12.3. Testes psicométricos ............................................................................... 80 4. UNIDADE IV: Tipos de Gestão ............................................................................... 81 4.1 Primeiras Palavras ............................................................................................ 81 4.2 Estrutura Organizacional ................................................................................... 81 4.3 Administração de cargos e salários ................................................................... 82 www.educapsico.com.br5 4.4 Planejamento Estratégico e Gestão Estratégica: Missão, Visão de Futuro, Valores, Objetivos, Metas Indicadores, Balanced Scorecard (BSC) ........................ 83 4.4.1 Balanced Scorecard (BSC) ........................................................................ 84 4.4.2 Definindo o Negócio a partir do Planejamento Estratégico ......................... 87 4.5 Gestão de Desempenho: Conceito, Objetivos, Métodos de Avaliação .............. 89 4.6 Gestão do Conhecimento .................................................................................. 89 4.7 Modelo de Competências .................................................................................. 90 4.7.1 Gestão por Competências: Conceito, Modelos, Desenho de Carreiras, Trajetórias e Desenvolvimento ............................................................................ 91 4.7.2 Definir e Desenvolver Competências.......................................................... 94 4.7.3 Indicadores de Competências .................................................................... 94 4.7.4 Remuneração por Competência ................................................................. 95 4.7.5 Aprendizagem Contínua ............................................................................. 96 4.7.6 Avaliação por Competência ........................................................................ 97 4.8 Gestão Participativa .......................................................................................... 98 4.8.1 Categorias ................................................................................................ 988 4.8.2. Vantagens ............................................................................................... 100 4.8.3. Como Implantar ....................................................................................... 101 5.UNIDADE V: Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho .......................................... 103 5.1 Primeiras Palavras .......................................................................................... 103 5.2 Abordagens Sobre o Processo de Saúde e Doença no Trabalho .................... 103 5.2.1 Teorias Sobre Estresse ............................................................................ 104 5.2.2 Psicodinâmica do Trabalho ...................................................................... 104 5.2.3 Abordagens com Base no Modelo Epidemiológico e/ou Diagnóstico ....... 105 5.2.4 Estudos e Pesquisas em Subjetividade e Trabalho .................................. 106 5.3 Ergonomia ...................................................................................................... 107 5.4 Doenças Ocupacionais ................................................................................... 108 5.4.1 Karoshi ..................................................................................................... 109 www.educapsico.com.br 6 5.4.2 LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) ............................................................................... 109 5.4.3 Burnout ................................................................................................... 110 5.5 Assédio Moral no Trabalho ............................................................................. 112 5.6 Orientação, Acompanhamento e Readaptação de Profissionais ..................... 115 5.7 Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ............................................................ 118 5.8 Aposentadoria: aspectos legais e psicológicos; programas de preparação para aposentadoria ....................................................................................................... 119 5.8.1 Programa de Preparação para Aposentadoria (PPA) ............................... 121 5.8.2 Aspectos legais da aposentadoria ............................................................ 123 6.UNIDADE VI: Ética e Psicologia ............................................................................ 124 6.1 Primeiras Palavras .......................................................................................... 124 6.2 Aspectos Éticos do Trabalho do Psicólogo Organizacional ............................. 124 6.2.1 Código de Ética Profissional do Psicólogo ............................................... 125 7. UNIDADE VII: Exercícios e Gabaritos ................................................................... 135 7.1 Testes Retirados de Provas de Concursos ..................................................... 135 7.2 Gabarito dos Testes ........................................................................................ 139 7.3 Gabarito das Questões Dissertativas .............................................................. 140 Referências.................................................................................................................145 www.educapsico.com.br 7 1. UNIDADE I: Introdução à Psicologia Organizacional ─ Aspectos Teóricos sobre a Teoria Sistêmica e a Gestão de Pessoas1 1.1 Primeiras Palavras Nesta unidade, estudaremos diversas definições da Psicologia Organizacional: os momentos históricos e a interface com a função do psicólogo nas empresas, pontos teóricos, esses, que permeiam o pensamento sistêmico e aspectos sobre a gestão de pessoas. 1.2 Texto Base 1.2.1 O que é Psicologia Organizacional? Pode-se considerar como objeto de trabalho da Psicologia Organizacional ―as relações entre as condições de ajustamento da organização em seu ambiente, das relações de interdependência de seus subsistemas e os fatores que determinam tais relações — isto tudo no que concerne especificamente aos recursos humanos...‖ (ZANELLI, 1986, p. 31). Entretanto, a psicologia organizacional sofreu diversas modificações até chegar ao que, hoje, conhecemos como prática do psicólogo do trabalho. Segundo Sampaio (1998) e Freitas (2002 apud COELHO-LIMA; COSTA; YAMAMOTO, 2011) o desenvolvimento da psicologia organizacional se dá em três períodos distintos, sendo o primeiro período o que se chama de psicologia industrial, iniciado na década de 30, no qual o papel do psicólogo se resumia à inserção e colocação de pessoas nas organizações, limitada ao setor industrial e atrelada ao seu interesse, compartilhando, em sua prática, pressupostos tayloristas, tais como o conceito de ―limite de fadiga‖, que procurava determinar o limite da exaustão do corpo para realizar atividades relacionadas ao trabalho. 1 Texto elaborado por Rafael Santos Vaz de Lima, psicólogo formado pela Unesp e pós- graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV), e Amanda Guedes de Oliveira. www.educapsico.com.br 8 O legado deixado por Taylor no fazer psicológico nas organizações era marcado pelo fracionamento do trabalho e amplo monitoramento dos movimentos dos funcionários. (HELOANI, 2008). A segunda fase, Psicologia Organizacional, amplia pequena parte do campo de atuação do psicólogo ao inserir trabalhos com grupos, mas com o mesmo objetivo da fase anterior: assegurar a produtividade dos funcionários e, assim, o lucro para a organização. A terceira fase é denominada psicologia do trabalho, onde, só então, a preocupação com a relação homem-trabalho surge, na tentativa de compreensão e investigação dessa relação, seus desdobramentos e interligações, considerando seus aspectos históricos e sociais. Assim, é possível notar que a psicologia, no início deseu desenvolvimento nas organizações, tinha um foco individualista e centrava-se na produtividade e lucratividade das organizações. Isso foi devido, dentre outros fatores, ao momento histórico-político da época, qual seja, a consolidação do capitalismo tradicional, estabelecimento do setor industrial e a produção em massa. Logo, as lutas sindicais, movimentos sociais e mudanças sócio-políticas também contribuíram para mudança da atuação dos psicólogos nas organizações. Desta forma, a atuação passou a ser de forma mais crítica e interlocutiva, a segunda fase da Psicologia, até evoluir para a Psicologia do Trabalho como a conhecemos hoje, com seu aspecto sistêmico e expansão do objeto de análise, incluindo desde a análise e avaliação da própria organização, políticas empresariais, ao olhar para saúde do trabalhador às relações de poder, liderança, aspectos técnicos e de desenvolvimento comportamental, dentre outras. Segundo Pereira (2009), a atuação do Psicólogo Organizacional é bastante diversificada, envolvendo atividades como ―seleção, treinamento, desenvolvimento de pessoal, avaliação de desempenho, estudo da formação e funcionamento de grupos, estilos de liderança, comprometimento com os objetivos organizacionais, padrões de comunicação‖, além de incluir aconselhamento psicológico, desenvolvimento organizacional por meio do diagnóstico e planejamento de mudanças, podendo também atuar no âmbito da legislação trabalhista e relação com sindicatos. Temos na citação abaixo, uma definição concisa e objetiva sobre a psicologia organizacional; através dela, podemos ter um panorama desse campo de atuação do psicólogo que, cada vez mais, ocupa espaço e importância estratégica e tática nas organizações. Segundo Robbins (2005): www.educapsico.com.br 9 “Psicologia é a ciência que busca medir, explicar e algumas vezes, modificar o comportamento dos seres humanos e animais. Os psicólogos dedicam-se ao estudo e ao esforço de compreender o comportamento individual. Os cientistas que contribuem nesta área do conhecimento são os que estudam as teorias relativas ao processo de aprendizagem e à personalidade, os psicólogos e, principalmente, os psicólogos organizacionais e industriais.Inicialmente, os psicólogos organizacionais e industriais estudavam os problemas da fadiga, falta de entusiasmo e outros fatores relevantes para as condições de trabalho que poderiam impedir o desempenho eficiente. Mais recentemente, sua contribuição se expandiu para incluir estudos sobre aprendizagem, percepção, personalidade, emoções, treinamento, eficácia de liderança, necessidades e forças motivacionais, satisfação com o trabalho, processos de tomada de decisões, avaliação de desempenho, mensuração de atitudes, técnicas de seleção de pessoal, planejamento do trabalho e estresse profissional” (ROBBINS, 2005, p. 8). Os fundamentos, técnicas e procedimentos usuais da psicologia, como por exemplo, percepção, autodesenvolvimento, consciência e visão holística da empresa e do mercado, integração, mudanças, liderança, grupo e conflitos, inteligência emocional, qualidade de vida, testes seletivos, dinâmicas de grupos, entrevistas e observação técnica, podem contribuir no contexto organizacional à medida que viabilizam a compreensão das várias funções que acontecem na organização (SIQUEIRA NETO, s.d.). Assim, os conhecimentos do psicólogo permitem que ele, na organização, lance um olhar sobre as relações humanas, os comportamentos dos indivíduos e, a partir de então, realize ou possibilite realizar ações de capacitação, desenvolvimento e retenção através de seu trabalho na organização. No cenário social atual, o conhecimento é algo imprescindível e, por isso, essa sociedade ficou conhecida como ―sociedade do conhecimento‖. Neste cenário, a produção e o desenvolvimento de conhecimento e de tecnologia estão mais acelerados e há, cada vez mais, a exigência de que as pessoas absorvam esses conhecimentos para utilizá-los em suas vidas e no trabalho, necessitando, para isso, www.educapsico.com.br 10 de maiores e melhores qualificações e capacitação (GOULART JR.; CANÊO; LUNARDELLI, 2006). Neste contexto, o psicólogo organizacional surge como o profissional com conhecimento em comportamento humano que pode, assim, contribuir nas organizações para a capacitação, o treinamento e a educação das pessoas no ambiente organizacional. Além disso, há também o trabalho de saúde que deve ser realizado, na prevenção de doenças de ordem ocupacional, o que será trabalhado nas próximas unidades. 1.2.2 Taylorismo e Fordismo: Início do Século XX O sistema econômico e de produção de bens no qual estamos inseridos desde a revolução industrial é o capitalismo. É nesse contexto histórico que a psicologia inicia seu desenvolvimento, inicialmente nas instituições produtivas, em âmbito industrial e atrelada ao pensamento da época. Para o entendimento do início dessa atuação do psicólogo, faz- se necessário compreender as teorias da Administração Científica, criada por Frederick Winslow Taylor (1856-1915), e da linha de montagem de Henry Ford (1863-1947). Frederick W. Taylor, engenheiro norte-americano, foi o criador da chamada Administração Científica. Em seus estudos, Taylor parte do princípio de que a administração deve ser tratada como uma ciência. No período de seus estudos, os operários eram pouco instruídos e o tratamento para com eles era negligente. Isto ocorria devido ao contingente de pessoas que, supostamente, poderiam ocupar os postos de trabalho. Assim, Taylor inicia suas pesquisas da camada operária até atingir os níveis mais altos da hierarquia, ou seja, ele realiza as pesquisas do chão de fábrica até a diretoria. Através de seus estudos, Taylor percebeu que instruindo de forma sistemática os trabalhadores, eles poderiam produzir cada vez mais e melhor; isto refletiria em uma redução de custos e, através de um controle de procedimentos e da construção de normas específicas para as atividades, os trabalhos pré-programados diminuiriam os erros operacionais. No taylorismo, o trabalhador passa a ser monitorado e se tornar uma extensão da máquina que está operando. Individualmente suas tarefas são monitoradas, cronometradas. Desse modo, o bom operário, neste modelo, é aquele que executa suas atividades de modo que produza mais e melhor. www.educapsico.com.br 11 Portanto, o trabalhador fabril é aquele que executa ordens e tarefas determinadas pela gerência. Produzindo mais, são premiados economicamente. São princípios da Administração Científica: 1) Os processos de trabalho devem ser analisados, para que se formule um modo eficiente e eficaz de executar as tarefas; 2) Os trabalhadores devem ser selecionados de acordo com as características do trabalho; 3) Os funcionários devem ser treinados e qualificados para a atividade que desempenham; 4) O homem econômico é motivável pela recompensa salarial e, portanto, deve ser recompensado por sua produtividade, pois assim, incentiva-se o desempenho. Henry Ford iniciou seus estudos na produção de veículos e motores à combustão, na mesma época em que Taylor expunha seus princípios de administração. Com a criação de sua fábrica de automóveis, ele elaborou também um sistema de fabricação, em que cada operário fazia uma atividade na montagem dos automóveis; este sistema é chamado de linha de montagem. Ford trouxe para o coletivo os conceitos individuais de Taylor. A forma deprodução criada por Ford permitiu que se produzisse uma quantidade de carros nunca antes imaginada, em um espaço curto de tempo. Os trabalhadores eram dispostos frente às esteiras rolantes e ficavam responsáveis por uma atividade. A mão de obra era altamente mecânica; a produção era em uma sequência de montagem pré- estabelecida e os operários, cada qual fazia sua tarefa, o que permitia uma maior produtividade. O homem se fundia ao ritmo da máquina trabalhando nesse modelo, ficando completamente alheio ao todo do processo produtivo. A produção em massa idealizada e produzida por Ford foi unida aos conceitos de Taylor, o que possibilitou o aumento na produção da indústria americana, que teve seu ápice produtivo nas décadas de 1950 e 1960, no pós-Segunda Guerra Mundial. 1.2.3 Cibernética e Teoria Geral dos Sistemas A Cibernética e a Teoria Geral dos Sistemas são importantes constructos que irão permitir as mudanças nas formas de gestão administrativa das empresas, de uma maneira geral, como será visto na sequência do texto. www.educapsico.com.br 12 A Cibernética surge na década de 1940 como um modelo de pensamento que questionava o modelo cartesiano de ciência, o qual é mecanicista, pragmático e que promove a visão fragmentada e isolada dos fenômenos. Como destacado em Rapizo (2002, p. 30) ―[...] para Von Foerster (1991) a Cibernética se ocupa basicamente da circularidade no estudo dos mecanismos de causação circular, retroalimentação e autorreferência em sistemas artificiais, biológicos e sociais‖. Como ciência, a Cibernética preocupa-se com a relação entre os componentes de um sistema, como por exemplo, peças em uma máquina, e não em entendê-los apenas isoladamente, um por um (RAPIZO, 2002). As pesquisas matemáticas de Nobert Wiener tinham o propósito de conceber máquinas que pudessem corrigir seu próprio funcionamento, o que implicava em desenvolver um circuito circular que realizasse essa autocorreção e, consequentemente, levasse este sistema a aproveitar o máximo de sua capacidade. Esse mecanismo foi chamado, então, de retroalimentação (RAPIZO, 2002). A organização, na época do taylorismo e do fordismo, era vista como um sistema fechado, no qual os indivíduos pertencentes a ela não recebiam influência do meio externo. A partir dessa visão, o trabalho poderia ser realizado de maneira mecânica, previsível e totalmente mensurável. Esta visão de mundo foi se modificando com a entrada de novas correntes filosóficas e modelos de gestão, iniciadas no fim da década de 1960 no Japão, com o surgimento do toyotismo. Segundo Chiavenato (2008), as organizações são sistemas que permitem às pessoas satisfazerem inúmeras necessidades: emocionais, econômicas, intelectuais, entre outras. As organizações surgem de indivíduos que, para cumprir seus objetivos, unem-se na busca da superação pessoal a fim de realizarem atividades que seriam impossíveis de serem feitas individualmente. As organizações afetam a vida dos indivíduos em diversos campos, pois existem organizações variadas como industriais, comerciais, de serviços, públicas, militares e religiosas. As organizações provocam impacto na maneira de se vestir, pensar, alimentar-se e, até mesmo, de se relacionar com as pessoas (CHIAVENATO, 2008). Em oposição ao que se pensava sobre as organizações, hoje se percebe as organizações como sistemas abertos. O sistema aberto recebe informações, energia, materiais do ambiente externo a ele. Esta interação com o ambiente é que permite a sobrevivência do sistema, caso contrário, poderia ocorrer o fenômeno da entropia que www.educapsico.com.br 13 consiste na tendência dos sistemas fechados, de seus movimentos, irem em direção a um estado caótico (CHIAVENATO, 2008). A Teoria Geral dos Sistemas foi desenvolvida por Ludwing von Bertalanffy nas décadas de 1930 e 1940. O autor tentou explicar o funcionamento dos sistemas gerais independentemente daquilo que os formava (RAPIZO, 2002). A Cibernética e a Teoria dos Sistemas possuem semelhanças, porém, uma preocupação de Bertalanffy era esclarecer as diferenças entre elas. Ele considerava que a Cibernética tinha aspectos mais mecanicistas, até mesmo porque suas características derivam da matemática. Para Chiavenato (2003, p. 476), de acordo com a Teoria dos Sistemas, estes são conjuntos de ―elementos interdependentes, cujo resultado final é maior do que a soma dos resultados que esses elementos teriam caso operassem de maneira isolada‖. Ou seja, a visão do fenômeno é integrada e não fragmentada. Desta forma, as diversas ciências e discplinas, ateriormente compreendidas e estudadas separadamente, passam a ser consideradas de forma conjunta, para que desta forma seja possível comprreender o fenômento em sua totalidade. Neste sentido, Chiavenato (2008, p. 475), diz: ―Em suma, a Teoria de Sistemas permite reconceituar os fenômenos dentro de uma abordagem global, permitindo a inter- relação e a integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de naturezas completamente diferentes.‖. A ciência tradicional clássica trabalha a partir da causalidade linear na qual existe uma causa e um efeito; isto não se faz para a teoria dos sistemas, senão de maneira artificial e imposta. No conceito da causalidade circular, trabalhada por esta teoria, o todo não possui um começo nem um fim (CALIL, 1987). A hipótese sistêmica ainda traz que o todo é maior que a soma das partes em um sistema (GALERA; LUIS, 2002). Ou seja, a visão global é mais importante do que a divisão das partes para a análise. Para Filomeno (2002): ―A Teoria Sistêmica faz o convite a este novo paradigma da ciência, a substituição desta forma de pensar separativista do ou-ou para um pensamento integrador e-e que não reduza as diferenças, mas sim, some com estas diferenças‖. Os sistemas têm a propriedade da retroalimentação ou feedback que podem ser positivos e negativos no sistema. O feedback negativo é a maneira do sistema responder à mudança que ocorre com ele, na busca de retornar à sua situação anterior. Já o feedback positivo é uma resposta à desestabilização do sistema para a www.educapsico.com.br 14 mudança e evolução do mesmo. Este, quando não dilui o sistema, permite a sua transformação. Deve-se entender o feedback em relação à homeostase, que é a busca do sistema em manter um equilíbrio dinâmico para sua manutenção. Portanto, o feedback negativo busca a manutenção do sistema em termos estáticos, de retorno da homeostase, ou seja, ao estado anterior que o sistema apresentava. Já o feedback positivo, busca o equilíbrio dinâmico, através da transformação e da mudança do estado anterior, no qual estava o sistema. Portanto, a concepção sistêmica enxerga o mundo em termos de relações e de integração entre os sistemas. Os sistemas são totalidades e não podem ser reduzidos em unidades menores. A abordagem sistêmica enfatiza princípios básicos de organização ao invés de concentrar-se em elementos ou substâncias básicas dos sistemas (CAPRA, 2005). As organizações, dessa maneira, são abordadas de modo equivalente a um sistema no qual todos os elementos (pessoas, cargos, investimentos, por exemplo), exercem influência uns sobre os outros. Elas são órgãos estruturados, abertos e relacionados intensamente a outros sistemas, com os quais compartilham informações. Todo e qualquer sistema comporta-se como um todo em busca da coesão. A mudança em uma parte do sistema provoca mudança em todas as outras partes e no sistema como um todo (FILOMENO, 2002).Então, este modo de pensar a respeito dos sistemas e de seus componentes, descrevendo-os em função de um objetivo global, permite às organizações que cada parte do conjunto, que compõe esse objetivo global ─ no caso, a missão desta organização ─ seja adequadamente definido, controlado e avaliado. 1.2.4 Gestão de Pessoas A ideia primeira de gestão de pessoas vem de um modelo autocrático e absolutista, no qual a distribuição de poder é realizada por uma minoria da alta direção e as decisões vêm do alto escalão da organização. Este paradigma é baseado, principalmente, nas teorias do taylorismo e fordismo do início do século XX. Já autores como Gil (2007) pressupõem que a gestão de pessoas é um avanço ao que anteriormente era denominado Administração de Recursos Humanos, isso porque tal expressão limitava as ações na área e colocava as pessoas como www.educapsico.com.br 15 meros recursos da organização, tais como recursos materiais, financeiros e, logo, recursos humanos. Esta terminologia foi duramente criticada, pois indicava procedimentos de organizações que haviam passado por grandes transformações nas décadas de 80 e 90, tais como reengenharia e terceirizações, nas quais os funcionários foram deveras prejudicados. Para o autor, gestão de pessoas se refere a uma função gerencial, que visa administrar e incentivar a cooperação mútua entre funcionários da organização, visando além do entendimento e crescimento profissional, também o desenvolvimento individual e de carreiras. Atualmente, as mudanças relações trabalhistas vêm refletindo-se na estrutura das organizações, combinadas com a crescente competitividade no mercado, empresas e instituições viram a necessidade de repensar e discutir diferentes modos de realizar a gestão de pessoas, que se confrontam com as maneiras anteriores de realizar essas atividade. As empresas podem se equiparar na área tecnológica, de equipamentos, o grande diferencial passou a ser o conhecimento e atitude que as pessoas podem agregar à organização e assim contribuir para sua competitividade. (CHIAVENATO, 2008). A administração de pessoas está passando de um simples departamento de pessoal para um RH (recursos humanos) transformador na organização. Os recursos humanos são vistos como agentes de transformação, no sentido de realizar melhores resultados na saúde organizacional, no aumento de produtividade e na satisfação dos funcionários. A gestão de pessoas possui, então, ferramentas que auxiliam na obtenção dos resultados supracitados, sendo elas, o treinamento e o desenvolvimento, a remuneração/seleção por competência e habilidade; a avaliação 360 graus, que serão discutidos adiante. O treinamento e desenvolvimento são uma dessas ferramentas, muito usadas pela gestão de pessoas. Um diagnóstico é realizado levantando as necessidades na preparação profissional dos funcionários; depois, são preparados materiais e formas para treinar e desenvolver as necessidades apresentadas. Após essas atividades, avalia-se se esses processos desenvolveram ou ainda permitirão o desenvolvimento das habilidades ou não e quais serão os passos para cada um desses parâmetros; se a empresa mantém a forma de trabalho ou a modifica. É importante que se crie um clima positivo para o desenvolvimento de treinamentos na organização, visando o desenvolvimento das habilidades e competências dos colaboradores da mesma. www.educapsico.com.br 16 As organizações se mostram cada vez mais preocupadas em obter o melhor desempenho de seus funcionários para realizarem suas funções de forma satisfatória e atingir os objetivos pré-estabelecidos. Para tanto, desenvolvem técnicas de melhoria individual. Com isso, a política de treinamento e desenvolvimento passa ser uma ferramenta da organização que tem como objetivo proporcionar ao funcionário oportunidades de aprendizagem, seja ela técnica ou comportamental. Assim, Borges-Andrade e Abbad (1996 apud BORGES-ANDRADE, 2002) conceituam treinamento a partir de três perspectivas: "(...)identificação e superação de deficiências no desempenho de empregados, preparação de empregados para novas funções e adaptação da mão de obra à introdução de novas tecnologias no trabalho." (BORGES-ANDRADE, 2002, p. 32). Em relação ao conceito de desenvolvimento, os autores clássicos da área o definem como uma ação mais abrangente e de longo prazo, se treinamento diz respeito a uma aprendizagem sistemática e instrumental, desenvolvimento diz respeito a autogestão da aprendizagem, com ações que visam, em sua maioria, o crescimento e aperfeiçoamento pessoal, sem necessariamente estar vinculado com desempenho profissional. (NADLER, 1984 apud BORGES-ANDRADE, 2002). A realização de treinamentos implica em aquisição de habilidades motoras, cognitivas, comportamentais e técnicas. Além disso, por meio dos treinamentos é possível desenvolver estratégias de gestão de conflitos, desenvolvimento de liderança, competências e know-how que poderão ser utilizadas em diversas situações com as quais o indivíduo se depare ao longo da sua carreira. (BORGES-ANDRADE, 2002). Borges-Andrade (2002) considera o subsistema treinamento e desenvolvimento definido por três elementos: avaliação das necessidades de treinamento, planejamento e execução e avaliação do treinamento. Logo, para se iniciar políticas de treinamento e desenvolvimento é preciso delinear e estabelecer quais os objetivos dos treinamentos, quem será o público a qual o treinamento se destinará, quais as possíveis implicações do treinamento, tempo despedido, gastos, métodos didáticos, local, instrumentos, profissionais que realizarão o treinamento, sendo definidos a partir dos objetivos do mesmo. Isto posto, ao final da realização do treinamento é preciso avaliá-lo no que se refere a inúmeros fatores, dentre eles conteúdo, linguagem, materiais, local apropriado, postura profissional, sugestões. "Esta avaliação pode ser definida como um processo que inclui sempre algum tipo de coleta de dados usados para se emitir um juízo de valor a respeito de um treinamento, ou um conjunto de treinamentos." (BORGES-ANDRADE, 2002, p.32). www.educapsico.com.br 17 O objetivo de tal avaliação é identificar a eficácia do treinamento e se seus objetivos foram cumpridos, além de identificar novas necessidades. Hablim (1978 apud BORGES-ANDRADE, 2002) propõe que uma avaliação de treinamento deve conter no mínimo cinco elementos fundamentais: (a) reação – identifica atitudes, satisfações/insatisfações e opiniões de determinados aspectos do treinamento; (b) aprendizagem – verificação de diferenças ente o que já se sabia antes e depois do treinamento, e se os objetivos foram alcançados; (c) comportamento no cargo – avalia o desempenho profissional dos indivíduos antes e depois do treinamento, ou se a atividade realizada no trabalho sofreu modificação; (d) organização – avalia a organização e suas políticas e mudanças que possam ocorrer em decorrência do treinamento e (e) valor final – comparação de custo-benefício. O conceito de competência é caracterizado por Rabaglio (2001), como um conjunto de conhecimentos (referindo-se ao saber teórico), habilidades (referindo-se ao saber prático), e atitudes e comportamentos (referindo-se ao querer fazer). Estes três elementos juntos formam o conceito de competência que, quando presente no indivíduo, permite-lhe desempenhar determinadas tarefas com efetividade. As competências dentro de um perfil profissional devem compreender competências técnicas e comportamentais. O conceito decompetência não levava em consideração as questões comportamentais como acontece atualmente. As competências técnicas são mais simples de serem percebidas e desenvolvidas, pois levam em consideração conhecimentos e habilidades técnicas específicas para uma função. Já as competências comportamentais são atitudes e comportamentos que a pessoa deve ter para ocupar certas posições (RABAGLIO, 2001). Essas novas maneiras de gestão são voltadas para uma maior participação dos colaboradores, para a integração entre os setores e departamentos e para a descentralização do poder e redução na quantidade de níveis hierárquicos (ROCHA- PINTO et al., 2007). ―Portanto, o diferencial na gestão de pessoas reside em superar a visão tradicional da administração de recursos humanos que concebe as pessoas como recursos semelhantes aos demais ou como extensão dos demais recursos da organização. A partir do enfoque sistêmico e estratégico, a gestão de pessoas é compreendida como um conjunto de políticas e práticas definidas por uma organização para orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho‖ (FLEURY; FISCHER, 1998). www.educapsico.com.br 18 1.3 Atividades 1.3.1 Faça uma pesquisa sobre as áreas de atuação do psicólogo no contexto organizacional. 1.3.2 Faça uma síntese sobre o conteúdo abordado em Gestão de Pessoas, observando a evolução das formas de abordagem. www.educapsico.com.br 19 2. UNIDADE II: Os Cinco Subsistemas da Administração de Recursos Humanos2 2.1 Primeiras Palavras Nesta unidade estudaremos questões referentes aos subsistemas da administração de pessoas. Veremos quais são eles, como funcionam e como se relacionam. 2.2 Texto Base 2.3. Os Cinco Subsistemas da Administração de Recursos Humanos (RH) Para a elaboração desta unidade, foi utilizada a análise feita por Chiavenato (2008) em seu livro Recursos Humanos. A Administração de Recursos Humanos é dividida em cinco subsistemas. São eles: Subsistema de Provisão; Subsistema de Aplicação; Subsistema de Manutenção; Subsistema de Desenvolvimento; Subsistema de Monitoração. Cada um desses subsistemas será discutido individualmente para o entendimento de suas funções e aplicações na Administração de Recursos Humanos. 2.3.1 Subsistema de Provisão Entender a organização como um sistema aberto, o qual recebe vários recursos externos; é a partir disto que este subsistema receberá seus suprimentos. A provisão para o departamento de Recursos Humanos são as pessoas que virão trabalhar junto à empresa advindas do mercado de trabalho. 2 Texto elaborado por Rafael Santos Vaz de Lima, psicólogo formado pela Unesp e pós- graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV), e Amanda Guedes de Oliveira. Adaptado para esta apostila por Domitila Shizue Kawakami Gonzaga. www.educapsico.com.br 20 Para Chiavenato (2008, p. 146): “Mercado de trabalho ou mercado de emprego é constituído pelas ofertas de trabalho ou de emprego oferecidas pelas organizações, em determinado lugar e em determinada época”. Para o mesmo autor, (2008, p. 149) “O mercado de recursos humanos é constituído pelo conjunto de pessoas aptas ao trabalho em determinado lugar e determinada época”. Portanto, estes ―dois‖ mercados atuam em conjunto, sendo que um, o mercado de trabalho, oportuniza as vagas e postos de trabalho e o outro, mercado de recursos humanos, fornece a mão de obra para aquelas oportunidades em aberto. Um aspecto importante que ocorre, já no universo organizacional, é a rotatividade de pessoas. Essa rotatividade, também conhecida como turnover, é mais uma questão de interação organização-ambiente. A rotatividade ou rotação de pessoas é a flutuação de pessoal entre o ambiente e a organização. Em resumo, o número de pessoas que ingressa na organização e o número de pessoas que se desliga ou é desligado dela. Esse fenômeno gera um índice de rotação de pessoal. Esse índice é obtido em uma relação entre o percentual de entrada e de saída de trabalhadores da organização. O índice de rotação deve ser estudado para cada organização, pois não há como identificar um índice ideal; assim, cada organização tem um valor para a própria análise. O que normalmente ocorre é que um índice de rotação muito elevado aponta que existe uma rotatividade alta de pessoas na organização, o que pode indicar pouca capacidade de retenção de pessoal. Em contrapartida, um índice que tendesse a zero ─ o que na realidade é pouco provável de ocorrer ─ pode indicar que a organização está totalmente paralisada e endurecida quanto ao seu crescimento e desenvolvimento organizacional. Recrutamento é a maneira pela qual a organização vai ao mercado de trabalho oportunizar vagas. Quer dizer, a partir do recrutamento a empresa expõe ao mercado as vagas que tem disponíveis em sua organização, e que perfil de profissional poderá ocupar essas vagas. As fontes de recrutamento de pessoas são ―os locais‖ nos quais os recursos humanos serão obtidos para as organizações. No recrutamento, a organização irá identificar, selecionar e manter fontes de recrutamento para futuras seleções desse tipo (CHIAVENATO, 2008). www.educapsico.com.br 21 O recrutamento pode ser feito de três maneiras: internamente, externamente e de maneira mista, cada qual com suas peculiaridades, vantagens e desvantagens. 2.3.1.1 Recrutamento Recrutamento Interno O recrutamento interno é realizado quando surge uma vaga na empresa e esta tenta preenchê-la através de um remanejamento de seus colaboradores. Isto pode ocorrer quando o funcionário é promovido (movimentação vertical), transferido (movimentação horizontal) ou, até mesmo, transferido com promoção (movimentação diagonal). Essa forma de recrutamento tem algumas vantagens como poder ser uma fonte de motivação para os funcionários e aproveitar os treinamentos que o colaborador já fez; não há um gasto econômico tão alto, pois não existe a necessidade de captação de pessoas fora da organização. Algumas desvantagens dessa forma de recrutamento seriam o desenvolvimento dos colaboradores para receberem promoções e os conflitos de interesses na organização. Às vezes, explicar algumas formas de promoção, na instituição, torna-se complexo ao ponto dos profissionais de cargos mais altos poderem boicotar o desenvolvimento de seus subordinados, devido à possibilidade de superação destes em relação aos seus cargos. Recrutamento Externo A modalidade de recrutamento externo é utilizada para a captação de pessoas de fora da organização. Através de abordagens em fontes de captação de pessoas é que se dá este tipo de recrutamento. Essas abordagens podem ser diretas (contato empresa-mercado) ou indiretas (contato indireto da empresa com o mercado). Como principais técnicas de abordagem para o recrutamento externo temos: a consulta a banco de dados de candidatos, indicações de possíveis perfis, cartazes nos portões da empresa, contato com sindicatos, outras empresas, escolas, universidades e associações de classes para captação de candidatos, anúncios em jornais e revistas e agências de recrutamento. www.educapsico.com.br 22 As vantagens do recrutamento externo são no sentido de: renovação de ideias e experiências que as ―pessoas de fora‖podem trazer à organização; aproveitamento de investimentos de treinamentos e desenvolvimento que essas pessoas já trazem de outras empresas. Todavia, as desvantagens também existem: a frustração dos funcionários que, por ventura, foram privados de mudanças de cargo e/ou promoções; a possibilidade da política salarial sofrer alterações, devido à influência de políticas praticadas em outras empresas. Recrutamento Misto O recrutamento misto nada mais é que a união dos dois recrutamentos apresentados anteriormente. As empresas, geralmente, utilizam essa forma de recrutamento, captando pessoas interna e externamente para a realização de seus processos seletivos. Essa modalidade de recrutamento pode ser realizada tanto com o recrutamento interno antes do externo, como com o recrutamento externo anterior ao interno, e os dois tipos de recrutamento, ocorrendo concomitantemente. 2.3.1.2 Seleção de Pessoas Após a realização do recrutamento para a captação de candidatos à vaga aberta na organização, passa-se à fase de seleção de pessoas. É o momento de escolha de um candidato; primeiro, restringindo-os e chegando-se a um número cada vez mais reduzido até a escolha; depois, a apresentação de proposta e contratação desse candidato. A seleção ocorre em fases. Após a triagem de candidatos, são aplicadas técnicas para identificar o candidato mais adequado ao cargo ou que poderá ter melhor desempenho nesse cargo. A seleção de pessoas utiliza, para identificar o candidato mais próximo ao perfil da vaga, técnicas de entrevistas de seleção, provas de conhecimento ou de capacidade, testes psicométricos, de personalidade e técnicas de dinâmica de grupo e simulação. Cada uma dessas técnicas deve ser escolhida de acordo com o que se exige para o cargo, o tipo de empresa e as condições para a realização dessa seleção. www.educapsico.com.br 23 Entre as formas de avaliação temos as entrevistas que são, ainda, os instrumentos mais utilizados para a seleção de pessoas. Também os testes escritos são ferramentas bastante utilizadas. Segundo Robbins (2005), esta forma de avaliação teve seu uso reduzido a partir do fim da década de 1960; porém, houve uma retomada desse tipo de avaliação cerca de 20 anos depois. Essas avaliações, atualmente, buscam identificar no sujeito fatores como confiabilidade, atenção, responsabilidade e honestidade. A partir de evidências, é possível prever comportamentos de roubo, problemas disciplinares, por exemplo. Os testes de simulação de desempenho, fortemente utilizados hoje, são aqueles que colocam o candidato para realizar atividades referentes ao trabalho que irá executar, caso ingresse na empresa que o está testando. Comumente, são utilizadas duas técnicas como mostra Robbins (2005): uma chamada de amostragens de trabalho ─ mais utilizada para avaliar trabalhos rotineiros ─ e a outra, chamada de centros de avaliação, para cargos mais administrativos. Para os testes de amostragens de trabalho, como o próprio nome sugere, são feitas simulações do trabalho como um todo, ou de parte dele, para saber qual a capacidade do candidato. Já os centros de avaliação são realizados de modo que o candidato é submetido a diversas provas e testagens, sendo avaliado por uma equipe de profissionais que irão avaliar como este sujeito supera situações de dilemas da posição que está buscando. 2.3.1.3 Seleção por Competências A seleção por competência, utilizada largamente pelas organizações atuais, traz vantagens para a escolha do profissional. Esse método parte das necessidades técnicas e comportamentais que o cargo exige. A partir daí, é elaborado um perfil comportamental, no qual as competências necessárias para este cargo serão elencadas. As avaliações, como dinâmicas e entrevistas, são realizadas a partir do pressuposto de que o comportamento passado prediz o comportamento futuro, como citado em Rabaglio (2001). Isso quer dizer que, tendo como base o que a pessoa já executou em sua carreira, aquilo que o candidato responder, deve satisfazer, obrigatoriamente, três quesitos para serem analisados. São eles: 1) Contexto: em qual contexto ocorreu à determinada situação. 2) Ação: qual ação foi realizada pelo sujeito. www.educapsico.com.br 24 3) Resultado: o resultado atingido pela ação realizada dentro do contexto descrito. Com esses dados em mãos, o avaliador passa a comparar os perfis selecionados para realizar a escolha. Esse tipo de seleção carrega consigo vantagens em relação aos métodos tradicionais, pois possui mais foco e objetividade; tem uma sistematização e planejamento; traz maior garantia no momento da contratação e, em consequência, pode diminuir o turnover e, assim, os custos com novas contratações. 2.3.1.4 Recrutamento e seleção de pessoal na administração pública3 O processo de recrutamento no serviço público brasileiro é feito por meio de concurso público, até mesmo para empregos temporários (nesse caso, o processo de seleção pode ser mais simples, mas ainda é público). Essa sistemática tornou-se obrigatoriamente adotada para a ocupação de todos os cargos permanentes e temporários (para cargos de chefia, esse procedimento não é adotado) a partir da Constituição de 1988. Antes dessa data, o concurso foi exigido para a primeira entrada no serviço público, e as posteriores alterações de posição ocorriam por meio de promoções, concursos ou expedientes internos menos meritocráticos, o que contribuiu grandemente para definir as regras atuais. Embora isso torne o processo de recrutamento menos flexível, essa sistemática é extremamente válida, pois impede (ou pelo menos reduz significativamente) a possibilidade de acesso aos cargos públicos por outros critérios que não o mérito e capacidade, tornando-o mais democrático. Assim, o processo de recrutamento para posições com base em concurso permite o igual direito de acesso aos cargos públicos e da adoção de um sistema baseado no mérito para definir o aprovado. Não há discriminação no processo e no governo federal, não há notícia de que os exames nos casos de concursos têm sido manipulados para permitir a prática do clientelismo político. A fim de atrair candidatos, o concurso é anunciado em universidades ou escolas técnicas (se aplicável) em escritórios do governo e organizações em geral que realizam divulgação, por meio da Internet e mídia. A divulgação é estruturada pelo 3 Conteúdo retirado da Apostila Específica Serpro Parte 2, Março/2013. Elaborada por Rafael Santos Vaz de Lima. www.educapsico.com.br 25 órgão que está oferecendo o cargo, ajudados pela instituição organizadora do concurso, contratados por concurso ou, quando o concurso é dispensado, por seu notável conhecimento sobre o assunto. Há, portanto, uma política agressiva de busca de candidatos no setor privado, mas a estratégia de divulgação parece bastante apropriada como a relação candidato/vaga e em competições importantes é bastante elevada. Desde 1995, o recrutamento sistemático mudou. As competições eram realizadas em uma base anual, para um número predeterminado de vagas (como em um vestibular) e gerou mais um ―banco‖ de aprovados que obtiveram apenas um mínimo e poderiam ser chamados à medida que surgisse uma nova chamada. O número de vagas é agora definido como uma estimativa das necessidades de pessoal dos órgãos, a quantidade de cargos vagos, o fluxo de aposentadorias atuais e futuros esperados e, quando possível,uma análise da carga de trabalho da instituição. Em 1999, devido ao agravamento da crise fiscal e em razão do custo envolvido na realização de concursos anuais, esse sistema foi alterado. As competições já não são anuais e ocorrem agora menos regularmente, com raras exceções em áreas consideradas mais relevantes (carreiras de Estado). Houve também a implantação da prorrogação do prazo de validade do concurso (dois anos), e os candidatos que tenham obtido classificação menos satisfatória podem ser convocados (a partir de 50% acima da quantidade original de vagas autorizadas para a contratação). Assim, as características fundamentais do processo de recrutamento, que contribuíam de forma significativa para o fortalecimento das carreiras, foram parcialmente alteradas. Mantiveram-se, no entanto, e de fato foram aperfeiçoadas, as estimativas para a definição do número de servidores necessários em cada órgão. O perfil dos servidores a serem contratados é discutido entre os gestores da política de recursos humanos e os líderes de agências que contratam a partir da definição das áreas que necessitam de pessoal e das atividades que serão realizadas. O concurso é que define as áreas para o emprego, formação e competências, em termos gerais, para o desempenho das atividades. Os exames, por sua vez, são preparados de acordo com o perfil desejado a partir do servidor. Assim, apesar de muito difícil, é possível, por meio do processo de seleção, contratar pessoas com as características necessárias, que pode variar para cada exame. Como mencionado, os processos de avaliação envolvem exames escritos e muitas vezes também títulos comprovados. Critérios são mais aceitáveis, porque eles são objetivos e quantificáveis e, portanto, menos sujeitos a interferências políticas. Em www.educapsico.com.br 26 alguns casos, alguns critérios adicionais são usados no processo de seleção, como testes, psicométrica e entrevista. Uma vez aprovadas, as pessoas passam por praticamente todas as áreas por meio de um curso de formação (o que corresponde a uma fase da competição, mas na prática muito raramente resulta na eliminação do candidatos, exceto em casos isolados, como a diplomacia e as Forças Armadas), que inclui informações gerais sobre o lógica de funcionamento do setor público e as atividades a serem executadas. A duração do curso varia muito de acordo com a carreia. Quando aprovadas no curso de formação, as pessoas estão sujeitas a um período probatório de três anos, durante o qual a sua aptidão para o cargo e seu desempenho são avaliados e podem estar em seu efeito final ou não, de acordo com a análise da comissão instituída para essa finalidade. O processo de exoneração, nesse caso, é muito mais simples do que o que precisaria ser realizado após a aquisição da estabilidade (que é obtida apenas no final desse período de estágio). Na prática, no entanto, é difícil ver por que o servidor é demitido no final do período de estágio. A mobilidade dos servidores é muito limitada; está sujeita às possibilidades definidas pela lei que estabelece os deveres do seu cargo. As mudanças nas tarefas a serem executadas podem ocorrer informalmente, mas dependem da vontade do servidor de executá-las, que mais tarde pode reclamar por ganhos judiciais relacionados à atividade que passou a desempenhar, se diferente da original; ou, na melhor das hipóteses, pode ser reconhecido por sua vontade de agir de forma mais flexível e ganhar uma promoção para um cargo de gerência. Caso contrário, as mudanças e o enriquecimento das suas funções em relação aos cargos efetivos são muito limitados pela legislação que defina claramente. Não há impedimento legal para a mobilidade geográfica dos servidores, mas isso é pouco útil pois as pessoas em geral não apreciam movimentos forçados e procuram proteger-se. Há exemplos de agências que têm números muito maiores de servidores no Rio de Janeiro do que em Brasília, mesmo depois de mais de 40 anos de ocorrida a mudança na capital federal. A reforma constitucional agora oferece duas formas de dispensa: por gastos excessivos e baixo desempenho, buscando, assim, relaxar a estabilidade dos servidores. A demissão por gastos excessivos pode ocorrer quando a despesa ultrapassa 50% para o governo federal e 60% para os estados e municípios. Já a demissão por falta de desempenho pode ser aplicada depois de uma série de avaliações em que se www.educapsico.com.br 27 detectou por meio de mais de um avaliador a continuidade do desempenho inadequado por parte do empregado e foram dados oportunidade de formação e direito de defesa. Esta última forma de demissão, no entanto, ainda depende de regulamentação, ou seja, legislação complementar, cujo projeto está parado no Congresso. Há uma resistência política muito intensa em aprová-la, porque estabeleceria critérios para demissão por desempenho insatisfatório. Assim, a única possibilidade viável para a demissão dos servidores atualmente reside no critério associado ao crescimento excessivo dos custos com pessoal em relação ao rendimento disponível. É fundamental que o projeto que permite a demissão de servidores por desempenho insatisfatório seja aprovado, a fim de tornar possível aos líderes cobrar um desempenho satisfatório dos servidores. A política de recursos humanos em andamento incentiva as agências a usar a avaliação de desempenho como um insumo para a definição das necessidades de formação do servidor. Há também um código de ética que prevê penalidades para má conduta dentro de padrões aceitáveis. A maioria dos casos citados no código refere-se ao favoritismo, pessoais ou de terceiros, de ordem econômica. Há uma série de sanções que resultam no desligamento do servidor. Mesmo com toda a rigidez do processo de rescisão, há um grande índice de absenteísmo no serviço público, especialmente em órgãos onde há presença de controle eletrônico (todos os ministérios e vários outros de administração indireta). Em localidades mais distantes, no entanto, não parece ser a flexibilidade do horário de trabalho informal, isto é, as pessoas não permanecem no emprego durante todo o período correspondente à sua jornada. Além dos cargos efetivos e da gerência (liderança), também existem funcionários contratados em caráter temporário para atender a situações específicas em diversas áreas, tais como a luta contra doenças, censos e ministérios militares de obras. Seus ocupantes também são selecionados através de um processo de seleção pública e seu quantitativo não é significativo. É um mecanismo de contratação mais flexível, não sujeito às regras do regime estatutário. O único problema observado nesse tipo de contrato é quando a mesma pessoa é contratada por mais de um período predeterminado, o que pode configurar uma relação de trabalho permanente, fazendo com que o empregado obtenha na Justiça o direito de integrar a equipe permanente. www.educapsico.com.br 28 Tem-se observado nos últimos anos um aumento significativo no número de funcionários contratados no âmbito de projetos de consultoria assinados com as organizações internacionais. Por causa da crise fiscal, os concursos públicos foram fortemente direcionados para a contratação de servidores para as carreiras de Estado e, consequentemente, diminuíram significativamente as autorizações para a contratação para as áreas por meio dos órgãos e atividades especializadas que não constituem uma atividade típica de Estado. 2.3.2 Subsistema de Aplicação O subsistema de aplicação vem nosentido de integrar o recurso humano à organização, de adequação dos cargos e de avaliar o desempenho do funcionário. Para isso acontecer, veremos o que são a descrição e análise de cargos e a avaliação de desempenho. 2.3.2.1 Descrição e Análise de Cargos Para entender o que são os processos de descrição e análise de cargos, devemos, primeiramente, entender o que é cargo. Este é o conjunto das atividades e funções que o funcionário deve exercer na empresa e a sua posição na estrutura organizacional. No cargo, estão presentes os atributos como: tarefas e atribuições de quem ocupa o cargo; a posição no organograma; quem é superior a quem em termos de atribuições e responsabilidades na organização. 2.3.2.1.1 Descrição de Cargos A descrição de cargo tem a função de mostrar o conteúdo e as atividades do cargo. Chiavenato (2008) traz que a descrição de cargo enumera as tarefas e atribuições do cargo (o que o ocupante do cargo faz), com que periodicidade (quando ele faz), quais as maneiras de se fazer (como faz) e com quais objetivos (porque faz). www.educapsico.com.br 29 2.3.2.1.2 Análise de Cargos Após a realização da Descrição de Cargo segue o processo de Análise de Cargo. Através deste procedimento, segundo Chiavenato (2008), percebem-se os aspectos mais extrínsecos do cargo, em relação aos requisitos que o mesmo impõe ao seu ocupante, ou seja, aquilo que o indivíduo tem que possuir para poder ocupar o cargo. Para a obtenção dos dados que compõem a Descrição e Análise de Cargos são utilizados métodos usuais dos Recursos Humanos. Estes são: a observação direta dos ocupantes dos cargos, a aplicação de questionários e a realização de entrevistas. Nessa coleta de dados, uma característica é a ocorrência da utilização mista desses métodos, utilizados de maneira combinada, o que permite uma melhor percepção dos cargos. Assim, esses dois processos, Descrição e Análise de Cargo, estão juntos no subsistema de aplicação, porém existem diferenças conceituais entre eles, que devem ficar claras. A Descrição de Cargos ocupa-se do conteúdo do cargo, ou seja, com aquilo que o ocupante do cargo faz, quando ele faz, e o porquê faz. Já a Análise de Cargo, ocupa-se dos aspectos qualificativos do cargo, quais são as responsabilidades envolvidas e o que esse cargo exige para que o ocupante tenha um bom desempenho nele. 2.3.2.2 Avaliação de Desempenho Seguindo a sequência dos processos, após a elaboração da descrição e análise de cargo, há outro processo, o da Avaliação de Desempenho. Esta consiste na avaliação e análise do desempenho de cada indivíduo na organização, além de permitir que o potencial de desenvolvimento do indivíduo seja mensurado. Os objetivos fundamentais da Avaliação de Desempenho, segundo Chiavenato (2008, p. 264), são: “1) Permitir condições de medição do potencial humano no sentido de determinar sua plena aplicação; 2) Permitir o tratamento dos recursos humanos como importante vantagem competitiva da organização cuja produtividade pode ser desenvolvida, dependendo, obviamente, da forma de administração. 3) Fornecer oportunidades de crescimento e condições de efetiva participação www.educapsico.com.br 30 a todos os membros da organização, tendo em vista, de um lado, os objetivos organizacionais e, de outro, os objetivos individuais”. As avaliações de desempenho podem ser executadas por diversos funcionários na organização. O desempenho pode ser avaliado pelo superior imediato, sendo esta a maneira mais comum de se fazer este tipo de avaliação. Colegas são uma boa alternativa, pelo fato de estarem próximos das tarefas executadas e, também, por serem várias as avaliações que podemos ter e, assim, conseguimos uma média das avaliações. A autoavaliação ajuda a diminuir as defesas do funcionário quanto à avaliação em si, porém, esse tipo de avaliação deve ser confrontado com outros para se chegar a um consenso. Na avaliação feita pelos subordinados imediatos, o modelo funciona de maneira a trazer a realidade do trabalho executado pelo funcionário, inclusive em seu aspecto gerencial; entretanto, o que pode acontecer é o receio do subordinado responder à avaliação de maneira imparcial, pensando sofrer alguma represália. Portanto, nesse método, o anonimato é essencial (ROBBINS, 2005). Temos como métodos de Avaliação de Desempenho: relatórios escritos, incidentes críticos, escala gráfica de mensuração, escala de mensuração com âncora comportamental, comparações multipessoais. Relatórios escritos: este método é um dos mais simples. Um relatório escrito é elaborado com características do colaborador, por exemplo, os pontos fortes, os fracos e como este colaborador pode melhorar seu desempenho. Esse método depende, intrinsecamente, daquele que elabora este relatório. Incidentes críticos: neste modo, são avaliados os comportamentos específicos e críticos do colaborador, e não traços de personalidade. Esses comportamentos analisados são aqueles relacionados com a eficácia e ineficácia no desenvolvimento das funções. O resultado fornece um conjunto rico de exemplos para mostrar ao funcionário os comportamentos desejáveis e aqueles que precisam ser melhorados. Escala gráfica de mensuração: é um método comum e antigo. Esse método funciona da seguinte maneira: primeiro, uma série de fatores relacionados ao desempenho é listada (qualidade e quantidade do trabalho, profundidade do conhecimento, cooperação, lealdade, comparecimento, honestidade e iniciativa), possibilitando que o avaliador classifique o colaborador em escala incremental, graduada de 1 (pouco conhecimento das atribuições) a 5 (conhecimento profundo das www.educapsico.com.br 31 atribuições). É frequentemente usado por ser rápido na administração e elaboração e permitir análises e comparações quantitativas. Escala de mensuração com âncora comportamental: é uma combinação dos principais elementos dos incidentes críticos e das escalas gráficas de mensuração. As notas são dadas pelo avaliador com base em diversos itens e a pontuação reflete o comportamento real (específico ao trabalho, observável e mensurável) e não descrições ou traços gerais como nos outros métodos. Esses resultados são transferidos para diversas dimensões, cada uma possuindo níveis de desempenho, gerando como produto final, as descrições comportamentais, por exemplo: antecipa, procrastina, cumpre ordens, enfrenta situações de emergência, entre outros. Comparações multipessoais: baseiam-se na comparação de desempenho de colaboradores quando pareada com outras pessoas, sendo um instrumento de medição mais relativo que absoluto. As mais comuns são as classificações por grupo em que o avaliador insere o colaborador em determinada faixa de um grupo, classificando-o na faixa dos 5 primeiros, 5 últimos etc. e as classificações individuais, sendo este um método que não permite o empate, por se tratar de uma classificação clara, que vai do melhor desempenho ao pior. No processo de avaliação de desempenho, algumas distorções são presumíveis: a) Leniência: tendência que algumas pessoas têm de abrandar o julgamento que fazem de alguns avaliados. b) Efeito de halo: tendência de nivelar o julgamento de uma pessoa por cima ou por baixo. Leva em conta a visão que o avaliador tem das habilidades do avaliado, por exemplo, se o avaliador julga que alguns comportamentos do avaliado são ruins, é provável que este candidato receba notas baixas em todos os quesitos avaliados.c) Falsidade: distorção ou ocultação proposital de dados sobre o julgamento do avaliado, objetivando favorecê-lo ou prejudicá-lo. d) Obstáculos políticos: semelhantes à falsidade. Esses entraves estão relacionados à distorção das informações por interesses políticos, na busca da manutenção de uma boa imagem própria ou do setor, por exemplo. e) Obstáculos interpessoais: existem quando o avaliador é influenciado por aspectos emocionais, tais como, simpatias e antipatias, não conseguindo, assim, elaborar um julgamento imparcial do colaborador. www.educapsico.com.br 32 f) Diferentes graus de rigor: existem quando alguns avaliadores usam de mais rigor que outros, gerando avaliações discrepantes, mesmo quando se trata do mesmo colaborador. Um dos modelos de avaliação que tem sido muito eficaz nas organizações é o da Avaliação 360º, em que o funcionário é avaliado por todos que o rodeiam, seus pares, chefia, subordinados e clientes. Avaliação 360° A avaliação 360º permite ao trabalhador receber o feedback sobre seu desempenho de todos aqueles com os quais tem contato no cotidiano do seu trabalho como colegas, chefe, subordinados, clientes e fornecedores (ROBBINS, 2005). Ao utilizar diversas fontes de avaliação do desempenho do trabalhador, diminui-se a probabilidade de haver julgamento enviesado (tanto negativo quanto positivo) e pode-se ter uma visão ampla da atuação do colaborador nos diversos setores da organização. No entanto, deve-se tomar alguns cuidados como treinar os avaliadores a fazerem críticas construtivas e, no caso de organizações que permitem ao colaborador escolher as pessoas que farão sua avaliação, poderão enviesar os resultados (Robbins (2005). 2.3.3 Subsistema de Manutenção Neste subsistema são trabalhadas as questões de compensação, benefícios, higiene e segurança do trabalho. São questões relacionadas à manutenção e motivação dos funcionários na organização que visam guiar, estimular certos tipos de comportamentos e coibir ou proibir que outros ocorram. Para tanto, a organização faz uso de sistemas de recompensas e punições. Quando falamos em recompensas, estamos falando do que a empresa traz de benefícios aos seus colaboradores. Nesse sistema de recompensas, devem ficar estabelecidos como esses benefícios serão distribuídos e a quem serão permitidas essas recompensas. Estas podem ser as tradicionais como férias, salários, e até mesmo benefícios menos comuns como segurança no cargo, plano de carreira. www.educapsico.com.br 33 Já as punições são itens mais complexos pela própria função dentro do contexto organizacional, que consistem em coibir, inibir os comportamentos indesejados para aquela organização. As punições são advertências verbais ou escritas, suspensões do trabalho e, até mesmo, o desligamento do trabalhador da empresa, relacionadas ao sistema de relações no qual as organizações e as pessoas estão envolvidas, e nas quais existe uma troca de interesses. As pessoas estão lá para levar contribuições à empresa e, esta lhes recompensa com os benefícios. Tanto um lado como o outro estão esperando as contribuições ou investimentos e, também, as recompensas ou retornos que terão nesta relação. Chiavenato (2008) traz a relação de contribuições e recompensas na Teoria da Inequidade, através da equação: minhas recompensas / minhas contribuições, em comparação com, recompensas dos outros / contribuições dos outros. Assim, no caso de dois termos se equivalerem, existe aí uma situação de equidade, na qual a pessoa experimenta um sentimento de satisfação. Quando o resultado é de um dos dois termos ser maior que o outro, então ocorre a inequidade. Na realidade, ocorre que o empregado pode estar sentindo que está com o salário acima ou abaixo do que considera justo para suas atividades. Naquela equação, o funcionário irá compensar essa disparidade nos outros termos da equação, em busca do equilíbrio. Geralmente, isso ocorre na contribuição que ele dá à organização. O salário, por ter características variadas e complexas, como recompensa, precisa ser analisado e, esta análise consiste na administração salarial. Esta é realizada através de alguns procedimentos internos e externos. Internamente, devem ser realizadas a classificação e a avaliação dos cargos, a fim de se poder, externamente, comparar com outras empresas se o salário está consistente com o oferecido pelo mercado, isto através de uma pesquisa salarial. Unindo e comparando- se esses dados, pode-se definir a política salarial da organização. Benefícios sociais são ―facilidades, conveniências, vantagens e serviços que as empresas oferecem aos empregados, no sentido de poupar-lhes esforços e preocupação‖ (CHIAVENATO, 1988, p. 24). Os benefícios são classificados em três tipos, de acordo como irão auxiliar a vida do trabalhador, em diferentes áreas de sua vida. Com relação ao exercício do seu cargo e funções, temos, como exemplos, as gratificações, os prêmios pró-produção. Como benefícios relacionados à empresa, por exemplo, podemos citar a existência de cantina, refeitório e transporte; e, fora da empresa, estão a recreação e as atividades comunitárias. www.educapsico.com.br 34 A classificação desses benefícios se dá de três maneiras: 1) Quanto à exigência, podem ser legais ou espontâneos. Legais: aqueles obrigatórios, exigidos pela lei trabalhista. Neste grupo, estão o 13° salário, as férias, as horas extras, dentre outros. Espontâneos: que são concedidos pela empresa por sua própria vontade ou de acordo com as convenções sindicais. Estão incluídos nesses, as refeições, o transporte, os empréstimos, as gratificações. 2) Quanto à natureza do benefício, podem ser monetários ou não-monetários. Monetários: são os concedidos em dinheiro e, geralmente, geram encargos sociais. São eles, o 13° salário, as gratificações, as férias. Não monetários: são os oferecidos em forma de vantagens ou serviços, tais como refeitórios, seguro de vida em grupo, transporte. 3) Quanto aos objetivos, podem ser assistenciais, recreativos ou supletivos. Planos assistenciais são os que buscam prover aos empregados e suas famílias com algumas condições de segurança e previdência. São eles: convênio médico, seguro de vida em grupo, entre outros. Planos recreativos são serviços e benefícios que visam proporcionar divertimento, repouso e, como o nome diz, recreação aos funcionários. Dentre eles estão clube, música ambiente, atividades esportivas. Planos supletivos visam proporcionar serviços e benefícios que tragam facilidades ao funcionário, conveniências e utilidades para melhorar sua qualidade de vida. Por exemplo, transporte, restaurante no local de trabalho, dentre outros. Ainda como questões trabalhadas, pelo subsistema de manutenção, existem a higiene e a segurança do trabalho. Elas visam garantir as condições de trabalho do modo mais salutar possível. A higiene do trabalho é o conjunto de procedimentos para a proteção da integridade física e mental do trabalhador, prevenindo o risco de acidentes em atividades relacionadas ao cargo e ao ambiente organizacional. O ambiente de trabalho refere-se ao ambiente físico propriamente dito, tais como a iluminação, a temperatura, os ruídos; também há as condições de tempo (como a duração da jornada de trabalho, períodos de descanso) e as condições sociais (como o modo de organização informal, o status na empresa). www.educapsico.com.br 35 Segurança do
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