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20100201132201 Apostial Policia Civil Dir Proc Penal Maurilucio

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Prof: Maurilucio
Data de impressão: Janeiro/2010
Direito Processual
Penal
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Prof° Maurilucio Apostila 
 
Atualizada Janeiro/2010. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 
 
1
 
INQUÉRITO POLICIAL 
 
1. Da persecução penal 
 Com a finalidade de apurar fatos delituosos 
(materialidade e autoria), pode se realizar a persecutio 
criminis extra-judicial, pela realização do competente 
inquérito policial. Também é denominado de 
procedimento preliminar ou preparatório da ação penal. 
 Embora não exclusivo e ainda dispensável, é o 
meio mais comum para o fornecimento de elementos 
para a propositura da persecutio criminis judicial. 
 
2. Conceito de inquérito policial 
 É um procedimento administrativo exercido pela 
Polícia Judiciária e que marca o início da primeira fase da 
persecução penal. Consiste na tarefa estatal de perseguir 
as infrações penais, produzir provas e obtendo a punição 
do criminoso. 
CPP art. 4º A polícia judiciária será exercida 
pelas autoridades policiais no território de suas 
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das 
infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela 
Lei nº 9.043, de 9.5.1995) 
Parágrafo único. A competência definida neste 
artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a 
quem por lei seja cometida a mesma função. 
 
3. Finalidade do inquérito policial 
Tem como objeto a apuração da existência da 
infração penal e a respectiva autoria a fim de que o titular 
da ação penal disponha de elementos que autorizem a 
promovê-la. 
 
4. Inquéritos extra policiais 
O CPP em seu art. 4º dispõe que “a 
competência definida neste artigo não excluirá a de 
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida 
à mesma função”. O dispositivo ora citado prevê a 
existência de inquéritos extra policiais com a mesma 
finalidade dos inquéritos policiais. Por exemplo: Inquérito 
Policial Militar, Inquérito Parlamentar, Inquérito Civil 
Público, Inquérito Falimentar, Inquérito Fazendário, 
Inquérito Sanitário, etc. 
 
5. Polícia Judiciária 
 A Polícia Judiciária, pertencente ao Poder 
Executivo e instrumento da Administração Pública, é uma 
instituição de direito público, destinada a manter a ordem 
e a paz pública. 
A polícia possui duas funções: a administrativa (ou 
de segurança), de caráter preventivo é encarregada da 
manutenção da ordem pública e a judiciária, de caráter 
repressivo, após a prática de uma infração penal colhe 
elementos para produzir materialidade e esclarecer 
autoria das infrações penais. 
A policia judiciária exerce suas atividades em 
duas esferas: União (Polícia Federal) e Estados (Polícia 
Civil). 
 
6. Características do inquérito policial 
a) Inquisitivo: é um procedimento unilateral da 
Polícia Judiciária e tem por objetivo apurar uma infração 
penal. Não se observa o Princípio do Contraditório, 
previsto no Art. 5º LV da CF. Também o art. 14 do CPP 
quando trata das diligências requeridas pela vítima as 
quais devem passar pelo crivo da autoridade policial que 
se entender não serem necessárias tem o poder 
discricionário de negá-las, exceto no exame do corpo de 
delito. 
b) Discricionário: as autoridades policiais têm 
elas a faculdade de operar ou deixar de operar, dentro, 
porém, de um campo cujos limites são fixados 
estritamente pelo direito, como instaurar um IP ou realizar 
uma diligência. Não se trata, porém, de atividade 
arbitrária, estando submetida ao controle jurisdicional 
posterior. 
c) Escrito: conforme dispõe o artigo 9° do CPP 
que "todas as peças do inquérito policial serão, num só 
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, 
neste caso, rubricadas pela autoridade". 
d) Sigiloso: disciplinado no art. 20 do CPP "a 
autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da 
sociedade". O sigilo é a garantia da eficácia das 
investigações policiais, porém não se estende ao 
advogado, que tem livre acesso aos autos de inquérito 
policial, mesmo que se encontrem conclusos à 
Autoridade Policial, conforme dispõe o art. 7º, XIV da Lei 
8.906/94 Estatuto do Advogado. O Advogado não tem o 
direito de se manifestar dos atos do Inquérito Policial, 
porém, pode ter vista dos respectivos Autos. 
e) Dispensável: com previsão no art. 12 do CPP 
“O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, 
sempre que servir de base a uma ou outra”. 
O inquérito policial é um procedimento 
administrativo que tem por finalidade instruir a ação penal 
ou o ofendido nos casos da ação privada. Assim, se 
estes possuírem elementos imprescindíveis ao 
oferecimento da denúncia ou da queixa, é evidente que o 
inquérito se torna dispensável. 
f) Indisponível: pelo disposto no art. 17 do CPP, 
uma vez instaurado o Inquérito Policial, a Autoridade 
Policial deverá concluí-lo no prazo, não podendo arquivá-
lo. Tarefa esta de atribuição do Juiz após ouvir o 
Ministério Público. 
g) Obrigatório: a autoridade policial é obrigada a 
instaurar o I.P. nos casos de crime de Ação Penal 
Pública Incondicionada. 
 
7. Notitia Criminis 
É a notícia da ocorrência de um crime. É o 
conhecimento que se dá a Autoridade Policial, da prática 
de um crime, de maneira espontânea ou provocada por 
terceiros. 
Recebe as seguintes denominações: querela, 
delação, parte, queixa. 
Formas de notitia criminis: 
a) Imediata ou direta: Quando a Autoridade 
Policial vem tomar conhecimento da prática de um crime 
pessoalmente ou através dos seus agentes. 
b) Mediata ou Indireta: Ocorre quando a 
Autoridade Policial é provocada formalmente por 
requisição do Ministério Público, do Juiz de Direito ou a 
requerimento do Advogado. 
c) Coercitiva: Pela lavratura do Auto de Prisão 
em Flagrante Delito. 
8. Inicio do inquérito policial 
 É com a noticia criminis que se instaura o 
inquérito policial, mas a lei processual disciplina a matéria 
prevendo formas específicas de comunicação para o 
 
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início do inquérito policial de acordo com a espécie de 
iniciativa da ação penal exigida para o fato criminoso. 
a) Ação penal pública incondicionada 
I) De ofício: mediante portaria 
II) Requerimento do ofendido ou repres. legal 
III) Requisição do Juiz ou MP 
IV) Auto de Prisão em Flagrante Delito 
b) Ação penal pública condicionada 
I) Representação do ofendido ou repres. legal 
Diz o artigo 5°, § 4°, do CPP: "O inquérito, nos 
crimes em que a ação pública depender de 
representação, não poderá sem ela ser iniciado". 
II) Requisição do Ministro da Justiça 
Nas hipóteses de crime cometido por estrangeiro 
contra brasileiro fora do Brasil (art. 7°, § 3°, b, do CP), de 
crimes contra a honra do Presidente da República ou 
chefe de governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, 
do CP) ou contra esta e outras autoridades quando 
praticados através da Imprensa (art. 23, I, c. c. o art. 40, 
I, a, da Lei de Imprensa). 
c) Ação penal privada 
- Requerimento do ofendido 
Diz o artigo 5°, § 3°, do CPP: "Nos crimes de ação 
privada, a autoridade policial somente poderá proceder a 
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para 
intentá-la". 
 
9. Indeferimento de instauração do IP 
A autoridade policial poder indeferir o 
requerimento de instauração de Inquérito Policial nos 
seguintes casos: a) Quando estiver extinta a punibilidade; 
b) Se o requerimento não oferecerelementos mínimos 
indispensáveis; c) Se a autoridade a que se destina o 
requerimento for incompetente; d) Se o fato narrado não 
constituir tipo penal, fato atípico; e) Se o requerente for 
incapaz; 
 
10. Recurso do indeferimento de abertura do IP 
No caso do indeferimento do requerimento, cabe 
recurso ao Chefe de Polícia, função esta exercida 
atualmente pelos Secretários de Segurança Pública dos 
Estados, salvo alguns Estados da Federação que 
possuem Secretário de Polícia Civil e de Polícia Militar, 
neste caso esta será a autoridade competente para 
apreciar o recurso o Secretário de Polícia Civil. 
 
11. Atos da autoridade no IP 
a) Preservação do local: pelo art. 6º, I, "dirigir-se 
ao local, providenciando para que não se alterem o 
estado de conservação das coisas, até a chegada dos 
peritos criminais". A Autoridade Policial deverá isolar o 
local, preservando o mesmo até a liberação pelos peritos 
criminais. A Lei 5.970/73 faculta a liberação do local nos 
casos de acidente de trânsito, com a remoção dos feridos 
e dos veículos que estiverem atrapalhando o trânsito ou 
causando risco de novos acidentes. 
b) Busca e apreensão de objetos: deve também 
a autoridade "apreender os objetos que tiverem relação 
com o fato, após liberados pelos peritos criminais". É um 
ato coercitivo, pois o Estado exerce o seu poder através 
da Polícia Judiciária. O art. 11 do CPP determina o 
acompanhamento dos instrumentos de crime nos autos 
de Inquérito Policial. 
 c) Produção de provas: cabe também à 
autoridade "colher todas as provas que servirem para o 
esclarecimento do fato e suas circunstâncias".d) 
Interrogatório1 do indiciado: A autoridade policial deverá 
identificar-se ao indiciado como seu interrogador. Após 
finalizado, o interrogatório deverá ser lido ao indiciado na 
presença de duas testemunhas, denominadas 
testemunhas de leitura ou instrumentárias. Ao 
interrogatório Policial se aplicam as mesmas regras do 
Interrogatório Judicial. 
Também deverá ouvir a vítima e as 
testemunhas. 
e) Reconhecimento de coisas e pessoas e 
acareações: os reconhecimentos devem ser efetuados 
nos termos dos arts. 226, 227, e 228 do CPP, 
necessitando de descrição prévia daquilo a ser 
reconhecido e as acareações poderão ser feitas sempre 
que indiciados e testemunhas e ofendido divergirem em 
                                                            
1 Com a Lei 10. 796/03 ocorreram algumas alterações ao 
art. 185 do CPP as quais são de suma importância. As 
principais alterações são: a) Será qualificado e 
Interrogado na presença do seu Defensor Constituído ou 
será nomeado um para o ato. A falta do defensor 
constituído ou dativo acarreta nulidade do ato; b) O 
Interrogatório de acusado preso será efetuado no 
estabelecimento prisional em que se encontra, em sala 
própria, desde que estejam garantidas as seguranças da 
Autoridade (Delegado ou Juiz) e dos seus Auxiliares, a 
presença do Defensor Constituído ou Dativo e a 
publicidade do ato. (portas abertas). Inexistindo a 
segurança o Interrogatório será nas formas do CPP; c) 
Deverá ser cientificado do seu direito constitucional de se 
manter calado. E o seu silêncio não poderá ser 
interpretado como confissão ou em prejuízo da defesa. 
• O Interrogatório será dividido em duas partes: 
I-Sobre a pessoa do acusado: residência, meio de vida, 
profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua 
atividade laboral, vida pregressa, se já foi preso 
anteriormente e onde está sendo processado, se houve 
suspensão condicional ou condenação, qual a pena 
imposta, se a cumpriu e outros detalhes familiares. 
II-Sobre os fatos: a) Ser verdadeira a acusação que lhe é 
feita; b) Não sendo verdadeira se conhece as pessoas a 
quem deva ser atribuída à prática do crime; c) Onde 
estava ao tempo em que foi cometido o crime e se teve 
notícia deste; d) As provas já apuradas; e) Se conhece a 
vítima e as testemunhas já inquiridas; f) Se conhece o 
instrumento utilizado para a prática do crime ou qualquer 
outro usado para a prática da infração e tenha sido este 
apreendido; g) Se conhece todos os demais fatos e 
pormenores que conduzam a elucidação dos 
antecedentes e circunstâncias da infração; h) Se tem 
algo a mais a dizer em sua defesa; i) Se o Interrogado 
nega a acusação que lhe é feita; j) Se houverem mais de 
1 acusados, estes serão interrogados em separado; 
 
 
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suas declarações sobre fatos ou circunstâncias 
relevantes. 
f) Determinar exame de Corpo de Delito: a 
autoridade policial poderá determinar a realização de 
qualquer perícia exceto aquelas que envolvam a saúde 
mental do acusado. Neste caso a autoridade deve 
representar ao magistrado competente para que se 
proceda como determina o art. 149 parágrafo 1º do CPP. 
g) Identificação do Indiciado2: pelo CPP art. 6º, 
deve ainda a autoridade policial ordenar a identificação 
do indiciado pelo processo dactiloscópico. Pela CF de 88 
art. 5º, LVIII da CF determina que “o civilmente 
identificado não será submetido à identificação criminal, 
salvo nas hipóteses previstas em lei”. Surgem algumas 
previsões, dentre elas a Lei 9.034/95 (Crime Organizado) 
e a Lei 10.254/00 (Identificação Criminal) casos em que 
deverão realizar identificação criminal. 
h) Pregressar o indiciado: deve ainda a 
autoridade "averiguar a vida pregressa do indiciado, sob 
o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois 
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que 
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter". 
 
12. Reprodução Simulada dos Fatos 
Conforme o CPP art. 7º “Para verificar a 
possibilidade de haver a infração sido praticada de 
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder 
à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não 
contrarie a moralidade ou a ordem pública”. 
Sua finalidade é a de apontar o modus operandi, 
empregado pelo agente quando da prática do crime. O 
indiciado não é obrigado a fazer a reconstituição do 
crime, da mesma maneira que não é obrigado a 
confessá-lo. 
 
13. Baixa do IP à Delegacia 
Está prevista em apenas uma situação, quando 
ocorre o pedido de prorrogação de prazo para a 
conclusão do Inquérito Policial, ou por Cota Ministerial. A 
devolução do IP para a autoridade policial, deverá ter 
como finalidade a realização de alguma diligência ou 
produção de prova não realizada. Depois de concluído, 
com autoria e materialidade presentes, ele não pode 
retornar a Delegacia e o MP terá o prazo de 5 dias no 
caso de acusado preso, para oferecer a denúncia ou de 
15 dias no caso do acusado solto. 
 
14. Prazos do Inquérito Policial 
a) IP Comum: se o acusado estiver preso o 
prazo para a conclusão é de 30 dias, no caso do acusado 
solto, o prazo é de 30 dias; 
b) IP Federal: o prazo em se tratando de réu 
preso será de 15 dias podendo ser prorrogado por igual 
período, se o réu estiver solto por analogia aplica o prazo 
do Código de Processo Penal, ou seja, 30 dias. (O ar. 66 
                                                            
2 A súmula 568 do STF anterior a atua CF ensinava que 
“a identificação criminal do indiciado pelo processo 
datiloscópico não constitui constrangimento ilegal, ainda 
que já identificado civilmente”. 
 
da Lei n 5.010/66 prevê que o prazo para conclusão do 
inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado 
estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze 
dias todavia não preleciona o prazo para conclusão na 
hipótese do indiciado estiver solto). 
c) IP Tóxicos: se o acusado estiver preso o 
prazo será de 30 dias e se estiversolto será de 90 dias. 
Ambos os prazos poderão ser duplicados. 
 
15. Incomunicabilidade do indiciado 
Conforme previsão no art. 21 do CPP, a 
incomunicabilidade do acusado pode ser decretada 
desde que não exceda o prazo de 3 dias. A 
incomunicabilidade será decretada pelo juiz competente 
a pedido da Autoridade Policial ou Ministério Público. A 
única pessoa que poderá comunicar-se com o acusado 
será o Advogado. Lei 8.906/94 Estatuto da Advocacia3. 
16. Curador ao indiciado menor 
O CPP em seu art. 15 do CPP, determina que 
ao menor ser-lhe-á nomeado curador. Cumpre lembrar 
que a determinação se referia ao menor de 21 anos e 
maior de 18, pois o menor de 18 anos não pode ser 
indiciado em inquérito policial, estando sujeito a 
procedimento especial previsto no Estatuto da Criança e 
do Adolescente. Corroborando com esta situação, e 
considerando que o inquérito policial é a primeira fase da 
persecução criminal, fato é que a ausência do curador 
nesta fase não gera nulidade. 
                                                            
3 Para Tourinho Filho: O art. 21 do CPP foi revogado pelo 
Art. 136, IV da CF o qual diz “Ora, se durante o Estado 
de Defesa, quando o Governo deve tomar medidas 
enérgicas para preservar a ordem pública ou a paz 
social, ameaçada por calamidades de grandes 
proporções na natureza, podendo determinar medidas 
coercitivas, destacando-se restrições aos direitos de 
reunião, ainda que exercida no seio de associações, o 
sigilo da correspondência e o sigilo de comunicação 
telegráfica e telefônica, havendo até prisão sem 
determinação judicial, tal como disciplina o art. 136 da 
CF; não se pode decretar a incomunicabilidade do preso 
(CF art. 136, parágrafo 3º), com muito mais razão não há 
que se falar em incomunicabilidade na fase de inquérito 
policial”. 
Para Damásio de Jesus: Entende que não houve 
revogação do Art. 21 pelo art. 136 da CF e ensina: “Em 
primeiro lugar, a proibição diz respeito ao período em que 
ocorrer a decretação do estado de defesa (art. 136 caput 
da CF), aplicável à prisão por crime contra o Estado 
(parágrafo 3º, I), infração de natureza política. Em 
segundo lugar, o legislador constituinte, se quisesse 
elevar tal proibição à categoria de princípio geral, 
certamente a teria inserido no art. 5º, ao lado de outros 
mandamentos que procuram resguardar os direitos do 
preso. Não o fez, relacionando a medida com os delitos 
políticos. Daí porque, segundo o nosso entendimento o 
art. 21 do CPP permanece em vigor”. 
 
 
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No mesmo sentido, Fernando da Costa Tourinho 
Filho, após discorrer sobre o tema, termina com a 
seguinte observação: "Tendo entrado em vigor o novo 
Código Civil, que fixou aos 18 anos o término da 
menoridade civil, as considerações feitas neste verbete 
perdem totalmente sua importância, uma vez que o maior 
de 18 anos não terá representante legal, salvo hipótese 
de incapacidade decorrente de saúde mental"4. 
 
17. Arquivamento do IP 
Conforme previsão legal do CPP em seu art. 17 
“A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos 
de inquérito”. 
O arquivamento é uma medida privativa do 
Poder Judiciário e a requerimento do Promotor de 
Justiça. Da decisão judicial que determina o seu 
arquivamento não cabe recurso exceto nos seguintes 
casos: 
a) Art. 7º da Lei 1.521/51, nos casos de Crime Contra a 
Economia Popular, onde o magistrado deve recorrer ex 
officio. 
b) Crimes Contra a Saúde Pública contidos no CP onde 
recorre ex officio. Nos casos da Lei 6.368/76 repressão 
ao entorpecente, a Lei obriga o magistrado a recorrer de 
ofício. 
c) Lei 1.508/51 Art. 6º parágrafo único: que prevê o 
processo e julgamento das contravenções do jogo do 
bicho e das corridas de cavalo fora do hipódromo. Nesse 
caso, quando qualquer do povo provocar a iniciativa do 
MP e a representação for arquivada, poderá interpor 
recurso em sentido estrito. 
 
18. Desarquivamento do Inquérito Policial 
Conforme disciplina o CPP em seu art. 18, 
“Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela 
autoridade judiciária, por falta de base para denúncia, a 
autoridade policial poderá proceder novas diligências, se 
de outras provas tiver notícia”. 
Entendemos que, do mesmo modo que o juiz de 
oficio poderá requisitar a instauração do IP, poderá ele 
desarquivá-lo, pois seu desarquivamento nada mais é do 
que uma re-instauração. 
De acordo com a Súmula 524 do STF, constitui 
constrangimento ilegal o desarquivamento de inquérito 
policial e conseqüente oferecimento de denúncia e o seu 
recebimento sem novas provas. 
 
19. Discordância do arquivamento pelo juiz 
No caso do Ministério Público requerer o 
arquivamento e o Juiz discordar, o Juiz poderá remeter 
os fatos ao crivo do Procurador Geral do Ministério 
Público. 
Desta feita, nos termos do CPP em seu art. 28, 
“Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar 
a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial 
ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará 
remessa do inquérito ou peças de informação ao 
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará 
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou 
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender. 
                                                            
4 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo 
Penal, vol. 1, 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 275. 
 
 
20. Suspeição da autoridade policial 
Conforme redação dada pelo art. 107 do CPP 
“não se poderá opor suspeição às autoridades policiais 
nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se 
suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
Se Delegado de Polícia presidir IP contra 
acusado onde ele próprio ou familiar é vítima, nenhuma 
irregularidade acarretará (RTJ 61/49 e RT 512/406). 
 
21. Conclusão do inquérito policial 
O Inquérito Policial se encerra com o Relatório 
da Autoridade Policial, conforme previsto no art. 10, 
parágrafos 1º e 2º do CPP. 
§ 1º - A autoridade fará minucioso relatório do 
que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz 
competente. 
§ 2º - No relatório poderá a autoridade indicar 
testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
No relatório, a autoridade policial deverá 
descrever tudo aquilo que for apurado, deverá ainda 
fazer o enquadramento da conduta do acusado, muito 
embora, esta classificação poderá ser modificada pelo 
Ministério Público no seu entender, como também, se 
houver indícios da prática de outros crimes. 
A autoridade policial poderá ainda no seu 
relatório representar pela prisão preventiva ou 
temporária, desde que estejam presentes os seus 
requisitos. 
Ainda nos termos do art. 23 do CPP, “ao fazer a 
remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a 
autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e 
Estatística, ou repartição congênere, mencionando o 
juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos 
à infração penal e à pessoa do indiciado”. 
 
AÇÃO PENAL 
 
1. Considerações iniciais 
A partir do momento que o Estado chama para 
si a tarefa de administrar justiça, fazendo-o por meio do 
processo, que veio a substituir a vingança privada. O 
Estado, passa a ser o titular do monopólio da 
administração da justiça. Evidentemente que não proibiu, 
expressamente, as outras formas de composição de 
litígios, como a autodefesa e a autocomposição, como 
ocorre no JECRIM. 
O preceito legal processual é de que somente o 
Estado, por meio do processo, pode compor, solucionar o 
litígio, dando a cada um oque é seu. Tanto é que o fazer 
justiça com as próprias mãos foi alçado à categoria de 
crime (CP art. 345). 
 
2. Fundamento da ação penal 
O fundamento do direito de ação está na 
proibição da autodefesa, e seu fundamento jurídico está 
na CF/88, art. 5º, inc.XXXV, no capítulo dos direitos e 
garantias individuais: "A lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". 
O jus persequendi, ou persecutio criminis in 
judicio, surge com a ação penal que é conditio sine qua 
nom para que o Estado, por intermédio do Poder 
Judiciário realize o jus puniendi. Quando ocorre uma 
infração penal a norma apresenta-se de forma abstrata, 
que vem a se concretizar com a aplicação da lei penal 
pelo devido processo legal. 
 
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Como realização da aplicação da lei penal e o 
direito de ação, a CF/88, ainda disciplinou no art. 5º, inc. 
“LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente; LIV - ninguém será privado 
da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. 
 
3. Natureza jurídica 
 Ação é o direito de se invocar a tutela 
jurisdicional. É a pretensão do titular do direito violado, 
em exigir do Estado-juiz a punição daquele que violou o 
bem jurídico penalmente protegido. 
Entende-se por ação o direito de se pedir ao 
Estado a aplicação do direito objetivo. O Estado, iniciada 
a ação, é que tem direito contra o réu, pois o titular do 
bem jurídico transfere para o Estado o seu direito. 
 
4. Conceito de ação penal 
 Ação penal é um direito público, subjetivo, 
abstrato, autônomo e específico. 
 Direito público porque se serve para a realização 
de um direito público. 
 Subjetivo, pois garante ao seu titular (MP ou 
particular), o direito de exigir ao Estado-juiz a prestação 
jurisdicional. 
 Abstrato é o direito de se exercer a ação haja ou 
não razão, pois aquele que teve contra si uma ação penal 
pode inclusive ser absolvido. 
Autônoma porque é distinto do direito ou 
interesse que ele tende a tornar efetivo em juízo. 
Específico em relação a pretensão que se 
postula em juízo. 
 
5. Previsão legal 
 Código Penal arts. 100 à 106. Código de 
Processo Penal arts. 24 à 62. 
 Ação penal é matéria de direito formal, portanto 
de Processo Penal e não de Direito Penal, como se 
apresenta no CP brasileiro. 
Conforme José Frederico Marques, a matéria é 
de Direito Processual, e o legislador de 1940 (CP) não 
agiu com acerto ao disciplinar o instituto da ação penal.5 
 
6. Classificação das ações penais 
 a) Critério da tutela jurisdicional invocada 
(influenciada pelos processualistas civis): ação de 
conhecimento, cautelar e executiva. 
 b) Critério subjetivo (adotada pelo CPP): leva-se 
em conta o sujeito que a promove. Se for pública será 
promovida pelo MP, se privada será promovida pelo 
particular. 
 
7. Condições da Ação Penal 
Observamos que existem algumas condições 
que podem ser específicas e outras que são genéricas. 
As condições específicas são aquelas que são exigidas 
em certos casos e ao serem necessárias à própria lei 
                                                            
5 MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual 
penal. Rio de Janeiro: Forense, 1961, p. 330. 
 
estabelecerá as exigências, e a sua ausência impede a 
conseqüente existência da ação penal. Já as condições 
genéricas da ação são aquelas exigidas em qualquer 
ação penal, são comuns à todo tipo de processo. 
 
7.1. Condições Genéricas da ação 
a) Possibilidade jurídica do pedido: o pedido 
deve ser possível e admitido em direito. Deve tratar de 
um fato ilícito e típico, o qual possui um preceito e uma 
sanção, portanto, não há que se falar em processo penal 
por adultério. 
Da possibilidade jurídica do pedido cuida o inc. I 
do art. 43 do CPP, in verbis: "Art. 43. A denúncia ou 
queixa será rejeitada quando: I - o fato narrado 
evidentemente não constituir crime". 
b) Interesse de agir ou justa causa: Após ficar 
evidenciado indícios de autoria e materialidade da prática 
do crime, o Ministério Público deve efetivar a denúncia. 
Não deve haver processo contra réu que já morreu, ou 
ainda se já tiver prescrito. 
c) Legitimidade de parte: Divide-se em: ativa: 
refere-se ao pólo ativo, ou a titularidade de exercer o 
direito de ação; passiva: diz respeito ao pólo passivo da 
ação penal, ou seja, é a capacidade para ser réu. Os 
menores de 18 anos, não podem estar no pólo passivo 
de uma ação penal. 
Disciplina o art. 43, III, primeira parte, do CPP: 
"Art. 43. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:III - 
for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição 
exigida pela lei para o exercício da ação penal". 
 
7.2. Condições Específicas da Ação 
As ações penais mesmo que possuam 
possibilidade, legitimidade, e interesse, deverão possuir 
as condições específicas da ação, também chamadas de 
condições de procedibilidade. 
São condições específicas da ação: a 
representação, a requisição do Ministro da Justiça, o 
reingresso do brasileiro no território nacional, pois jamais 
poderá haver ação penal se não houverem esses pré-
requisitos. 
 
8. Classificação das Ações Penais 
A classificação das ações penais se dá em face 
do sujeito ativo da pretensão, que é denominado por 
autor. 
 
8.1. Pública 
a) Incondicionada ou plena: não depende da 
manifestação de vontade do ofendido. 
b) Condicionada: Está condicionada a 
manifestação do ofendido, através da sua representação. 
c) Secundária: É aquela que originariamente é 
privada, mas em casos previstos em lei, se torna pública. 
Ex: No caso dos crimes contra os costumes, quando a 
vítima é pobre. No caso do estado de pobreza, esta ação 
passa a ser pública. 
 
8.2. Privada 
a) Exclusiva ou Principal: aquela que se inicia 
mediante a manifestação de vontade do ofendido através 
da queixa-crime. 
b) Personalíssima (Subsidiária ou supletiva): é a 
ação intentada no caso do ministério Público não 
oferecer a denúncia no prazo previsto em lei. 
 
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c) Subsidiária: quando houver inércia do Estado 
(MP) para oferecer a denuncia dentro dos prazos legais. 
 
9. Ação Penal Pública 
 A regra das ações penais é que ela seja pública, 
tendo sua legitimidade de agir proveniente do próprio 
Estado, representado pelo Ministério Público. 
 Antes da CF de 1988, as ações penais publicas 
também eram promovidas pelo Estado, tendo como 
titulares a autoridade judiciária, policial e o Ministério 
Público. Hoje, essa competência é privativa do Ministério 
Público, nos termos do art. 129, inc. I da CF de 1988. 
Portanto, quando é o órgão do Ministério Público 
que promove a ação penal, diz-se que a ação penal é 
pública. 
Deparamos com a ação penal pública quando 
houver silêncio no texto legal quanto à forma de 
proceder. 
 
9.1. Princípios gerais da Ação Penal Pública 
a) Princípio da Legalidade: A ação penal deve 
obedecer às normas legais em relação à ilicitude e aos 
procedimentos do devido processo legal. 
b) Princípio da Oficialidade: Na repressão às 
infrações penais surge o poder estatal, e que somente ao 
Estado se titula o poder de punir. Quando se comete uma 
infração penal, surge a pretensão punitiva, isto, aquele 
direito abstrato que o Estado tem de punir se transmuda 
em um direito concreto de punir. 
Portanto,quem propõe a ação penal pública é o 
próprio Estado, por intermédio de um órgão oficial seu 
que é o Ministério Público. 
c) Princípio da Obrigatoriedade: O Ministério 
Público é obrigado a denunciar e movimentar o 
Judiciário, através da Ação Penal, da qual é o titular. 
Para tanto, necessita da sua opinio delicti, isto é, formada 
a sua opinião sobre o crime e a sua tipicidade ele não 
pode dispor da Ação. É livre para formar o seu 
convencimento e após este concluído, deverá efetuar a 
denúncia ou opinar pelo arquivamento do feito. No Art. 
28 do CPP, observamos que o juiz pode discordar do 
pedido de arquivamento, cabendo assim, recurso ao 
Procurador Geral de Justiça, no que concerne o 
cumprimento do princípio da obrigatoriedade. 
Aqui vigora o princípio do in dubio pro societate: 
que se houver uma dúvida na opinio delicti, o Promotor 
de Justiça não tem convicção mas denuncia assim 
mesmo. 
d) Princípio da Indisponibilidade: Aplica-se 
este princípio por uma questão de razoabilidade. No caso 
da Ação Penal Pública iniciada, o Promotor de Justiça 
não pode dela se desfazer ou desistir. 
 O CPP em seu art. 42, assim determina: “O 
Ministério Público não poderá desistir da ação Penal”. 
Com o advento da Lei 9.099/95 este princípio tornou-se 
mutável uma vez que previu a transação penal. 
e) Princípio da Indivisibilidade: Ocorre no 
caso dos crimes que envolvam concurso de pessoas, 
onde a ação penal não pode ser movida apenas contra 
um dos acusados e sim deverá ser contra todos. CPP art. 
48 “A queixa contra qualquer dos autores do crime 
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público 
velará pela sua indivisibilidade”. E esta proibição chega a 
atingir matéria recursal, como se vê pelo art. 576 do 
mesmo estatuto: "O Ministério Público não poderá desistir 
de recurso que haja interposto". 
f) Princípio da Intranscendência: Com tal 
expressão, queremos afirmar que a ação penal é 
proposta apenas contra a pessoa ou as pessoas a quem 
se imputa a prática da infração. A ação penal é sempre 
promovida somente contra as pessoas a quem se imputa 
a prática de uma infração. 
 
9.2. Início da ação penal pública 
Todas as ações penais publicas iniciam 
mediante denúncia do Ministério Público, que por 
mandamento constitucional, CF art. 129, I, determina a 
competência privativa do Ministério Público para 
promover a ação penal pública. 
Nos termos do art. 24 do CPP, a ação penal 
pública, qualquer que seja a modalidade, é iniciada por 
meio da denúncia: "Nos crimes de ação pública, esta 
será promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do 
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou 
de quem tiver qualidade para representá-lo". 
a) Denúncia: É a peça inicial das ações penais 
públicas e seus requisitos estão previstos no Art. 41 do 
CPP: “A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a 
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais 
se possa identificá-lo, a classificação do crime e quando 
necessário, o rol das testemunhas”. 
 b) Conteúdo da denúncia: 
I) Parte expositiva: É uma minuta dos fatos. 
Aquelas indagações do Inquérito Policial: Quem, Quando, 
Como, Aonde e Por quê? Deverá individualizar a conduta 
de cada um dos partícipes. A denuncia deve ser uma 
peça narrativa e demonstrativa. 
II) Qualificação do acusado: É muito importante 
à correta qualificação na denúncia, para que não ocorram 
situações de acusações contra homônimos. Qualifica-se 
o acusado pelo seu prenome, apelido, idade, estado civil, 
profissão, e demais características. 
III) Classificação da infração penal: Faz-se o 
enquadramento do fato a norma penal (tipicidade), a que 
chamamos de subsunção. A classificação errônea do fato 
não poderá causar a inépcia da denúncia. Pois o réu se 
defende de um fato. Ex: Furto e Furto Qualificado, Roubo 
ou Extorsão. 
IV) Parte autenticativa: Onde o representante do 
Ministério Público deverá indicar o local, a data e a sua 
assinatura. Frisa-se que a denuncia sem assinatura será 
uma peça inexistente. 
V) Rol de testemunhas: O rol de testemunhas 
para que se possa efetuar uma análise ou até contraditar 
uma testemunha. 
Rito ordinário: quando a pena cominada ao 
crime for de reclusão, poderá arrolar até 8 testemunhas, 
sendo indiferente haja, no mesmo processo, um, dois, ou 
três acusados (art. 398); Rito sumário: quando a pena for 
de detenção, o número máximo é de 5 (art. 539, in fine); 
Rito sumaríssimo quando se tratar de contravenção, o 
número será de 3 (JECRIM). 
c) Prazos para a denúncia: 
Os prazos estão previstos no art. 46 do CPP: "O 
prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu 
preso, será de cinco dias, contado da data em que o 
órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito 
 
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policial, e de quinze dias, se o réu estiver solto ou 
afiançado. No último caso, se houver devolução do 
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o 
prazo da data em que o órgão do Ministério Público 
receber novamente os autos". Estes prazos são 
considerados impróprios, pois não ocorre a preclusão se 
o MP não oferecer a denúncia dentro do prazo e 
enquanto não estiver extinta a punibilidade. Poderá 
ocorrer a ação penal subsidiária. 
d) Rejeição da denúncia ou da queixa: 
O juiz poderá rejeitar a denúncia ou queixa 
quando estiverem ausente qualquer uma das condições 
genéricas ou específicas da ação. 
No caso do juiz rejeitar a denúncia ou queixa, 
poderá o MP ou o querelante, inconformado com a 
decisão judicial, interpor recurso em sentido estrito nos 
termos do Art. 581, I do CPP. “Caberá recurso, no 
sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I – 
que não receber a denúncia ou queixa”. 
 e) Providências do MP: 
 I) oferecerá denúncia; II) requererá que os autos 
permaneçam em cartório, aguardando a iniciativa do 
ofendido; III) requererá a decretação da extinção da 
punibilidade; IV) requererá o seu arquivamento; V) 
poderá requerer sua devolução à Polícia, para novas 
diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia; 
VI) poderá argüir alguma exceção (coisa julgada, 
litispendência e incompetência do juízo). 
 f) Pedido de arquivamento do IP pelo MP: 
 Se o MP ao invés de oferecer a denúncia 
requerer o arquivamento do IP, segue-se a regra que se 
contém no art. 28 do CPP. "Se o órgão do Ministério 
Público, ao invés de apresentar a denuncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças 
de informação, o Juiz, no caso de considerar 
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do 
inquérito ou peças de informação ao Procurador-Geral, e 
este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido 
de arquivamento, ao qual só então estará o Juiz obrigado 
a atender". 
"Arquivado o inquérito policial por despacho do 
Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a 
ação penal ser iniciada sem novas provas" (Súmula 524 
do STF). 
 
10. Ação Penal Pública Incondicionada 
Nesta modalidade de ação pública o MP age de 
ofício, independentemente da autorização do ofendido. 
Constitui a regra geral das ações penais públicas. 
Se a lei penal silenciar quanto ao procedimento, 
a ação se diz pública incondicionada. No caso de 
homicídio simples, previsto no art. 121, caput, do nosso 
CP, por exemplo, não há nenhuma disposição fazendo 
subordinar a atividade do Ministério Público a qualquer 
condição. Segue-se, então, que nessas hipóteses o 
Ministério Público poderá iniciar a ação penal, sem 
depender da manifestação da vontade de quem querque 
seja, desde que, é óbvio, possua em mãos os elementos 
indispensáveis para fazê-lo. 
É promovida pelo Ministério Público e inicia 
mediante denúncia. 
Seja qual for o crime, quando praticado em 
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e 
Município, a ação será pública incondicionada. 
 
11. Ação Penal Pública Condicionada 
Na ação penal pública condicionada a atuação 
do MP para oferecer a denúncia fica subordinada a 
representação da vítima ou requisição do Ministro da 
Justiça, conforme art. 24 do CPP: Nos crimes de ação 
pública, esta será promovida por denúncia do Ministério 
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de 
requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
A própria lei se incumbe de definir os crimes de 
ação pública condicionada, quando disciplinar no tipo 
penal a necessidade de representação do ofendido ou a 
requisição do Ministro da Justiça. 
Nesses casos, o Estado condiciona o seu poder 
repressivo à manifestação de vontade do lesado ou de 
quem legalmente o represente. 
 
11.1. Representação: 
É uma condição de procedibilidade, ou seja, é 
uma autorização ao Ministério Público agir em nome do 
ofendido e processar o autor do delito. Esta 
representação é uma peça essencial nos casos previstos 
em lei. 
A representação é um pedido-autorização que 
pode ser escrita ou verbal, pessoalmente ou através de 
procurador que não necessariamente seja Advogado, 
uma vez que não se trata da postulação processual e 
sim, de manifestação de vontade que antecede ao 
processo. 
A Lei n. 9.099/95, no art. 88, dispôe que os 
crimes de lesão corporal leve e culposa são de ação 
penal pública subordinada à representação. 
 
11.2. Sucessão na representação: 
No caso da morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
representação passará para o cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão, conforme a previsão do Art. 24 do 
CPP. 
 
11.3. Endereçamento da representação: 
A representação poderá ser endereçada perante 
as seguintes autoridades: Policial, Judiciária ou Ministério 
Público. A representação efetuada perante o MP que 
contiver todos os elementos de prova da autoria e 
materialidade, o MP poderá dispensar o inquérito policial, 
oferecendo a denúncia. Caso contrário, deverá 
encaminhar as peças para Autoridade Policial, 
requerendo a instauração do Inquérito Policial, conforme 
Art. 39, § 5º do CPP. 
Conforme prescreve o CPP em seu art. 39: “O 
direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, 
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao 
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial”. 
Continua ainda em seu parágrafo 5º “O órgão do 
Ministério Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos que o 
habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, 
oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias”. 
 
11.4. Retratação da representação: 
A retratação da representação quer dizer voltar 
atrás. Aquele que representa pode retratar-se somente 
 
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durante o inquérito policial. Se, entretanto estiver iniciada 
a ação penal a representação se torna irretratável, 
conforme o art. 25 do CPP: "A representação será 
irretratável, depois de oferecida a denúncia". 
Poderá ocorrer à retratação da retratação desde 
que não haja dolo ou má-fé e que ainda não esteja 
ocorrida a decadência. 
A retratação e a representação também são 
indivisíveis, terão que representar ou retratar contra todos 
os autores do crime. No caso do ofendido representar 
contra um, o Ministério Público poderá aditar a denúncia 
contra os demais. 
 
11.5. Prazo para a representação: 
O prazo para representar é de seis meses para 
que o ofendido manifeste a sua vontade ou o seu 
representante legal. A contagem do prazo tem como 
marco inicial, o dia em que o ofendido tomou 
conhecimento da autoria do crime. 
Este prazo é decadencial, contínuo e 
peremptório. Pela Lei de Imprensa, o prazo inicia a 
fruição a partir da data do fato, isto é, a partir da data da 
publicação ou da retransmissão da notícia incriminada. 
Em se tratando de representação, há somente dois 
critérios: a) a partir da data do fato, em se tratando de 
crime de imprensa; e b) a partir da data em que a pessoa 
investida do direito de representação vier, a saber, quem 
foi o autor do crime. 
O CPP em seu art. 38, assim dispõe: "Salvo 
disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá do direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis 
meses, contado do dia em que vier, a saber, quem e o 
autor do crime”. 
 
11.6. Requisição do Ministro da Justiça: 
Trata-se de condição específica da ação penal, 
ou de procedibilidade, sendo também um ato 
administrativo, político e discricionário. É administrativo 
porque parte do Ministro da Justiça. Também é político, 
porque o cargo do Ministro da Justiça envolve questões 
políticas associadas à paz social. Também é 
discricionário porque ele pode exercê-lo ou não. 
Ao realizar a requisição, a mesma é 
encaminhada diretamente ao Ministério Público, que 
poderá oferecer denúncia ou requerer a instauração de 
inquérito policial. O prazo para o Ministro da Justiça é o 
mesmo da prescrição do crime. Depois de exercida a 
requisição do Ministro da Justiça, esta é irretratável. Não 
há prazo decadencial previsto em lei. 
Referida requisição terá cabimento: a) Nos 
crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil; b) Nos crimes contra a honra cometidos contra 
Chefe de Governo estrangeiro; c) Nos crimes de injúria 
praticados contra o Presidente da República; Nos crimes 
de calúnia e difamação contra o Presidente da República, 
se presentes as condições expostas nos arts. 1º e 2º da 
Lei de Segurança Nacional,a ação penal independerá de 
requisição ministerial. Será pública incondicionada, e a 
competência é da Justiça Federal. Entretanto, se não 
atingirem a segurança interna ou externa do País, serão 
crimes comuns, cuja ação penal fica subordinada à 
requisição ministerial; d) Nos crimes contra a honra 
cometidos contra Chefe de Estado ou Governo 
estrangeiro ou seus representantes diplomáticos, por 
meio da imprensa; e) Nos crimes contra a honra 
praticados por meio de imprensa contra Ministro do 
Supremo Tribunal Federal (exceto o seu Presidente, pois 
em relação a ele vigora o disposto no art. 26 da Lei de 
Segurança Nacional, no que respeita à calúnia e 
difamação, se estiverem presentes as condições 
previstas na Lei de segurança supracitada. Caso 
contrário, a ação penal dependerá, também, de 
requisição ministerial; f) Nos crimes contra a honra 
cometidos pela imprensa contra Ministro de Estado; g) 
Nos crimes de injúria cometidos pela imprensa contra o 
Presidente da República, Presidente do Senado, 
Presidente da Câmara dos Deputados. 
 
12. Ação Penal Pública Secundária 
É a ação penal que tem origem num crime 
privado, mas a ação passa a ser pública por 
circunstâncias previstas em lei, como ocorre em relação 
a alguns crimes contra os costumes. 
Nos crimes contra os costumes, que são de 
ação penal privada, porém, no caso de vítima pobre, 
passa a ser pública condicionada, e no caso do crime ser 
cometido com o abuso do pátrio poder, tutela ou curatela, 
ou se do crime resultar lesão corporal grave ou morte, a 
ação penal passa também a ser pública só que 
incondicionada. 
Súmula 608 do STF: No crime de estupro, 
praticado mediante violência real, a ação penal é pública 
incondicionada. 
 
13. Ação PenalPrivada 
Trata-se da ação promovida pelo titular do bem 
jurídico que é a vítima do crime ou seu representante 
legal. Ex: Calúnia, Injúria, Difamação. Nestes casos a lei 
outorga poderes ao ofendido a processar o autor da 
infração, porém, não outorga poderes para a punição. 
Daí dizer-se legitimação extraordinária, uma vez que o 
Estado é o detentor da legitimidade para processar o 
criminoso. O Estado apenas estende o direito de ação e 
não de punição. 
Para sabermos se a ação penal é privada, os 
tipos penais de cada crime cuja ação penal só possa ser 
promovida pelo ofendido, o texto legal de forma expressa 
apresenta a exigência especial, dizendo: "Somente se 
procede mediante queixa". 
 
13.1. Princípios da Ação Penal Privada: 
a) Oportunidade ou conveniência: A ação 
penal privada não é um dever, mas sim um direito. O 
direito de queixa é privativo do ofendido. A vítima pode 
renunciar o seu direito de queixa, e a renúncia ao direito 
de queixa extingue a punibilidade do crime. 
b) Disponibilidade: Iniciada a ação privada, a 
vítima pode dela dispor. Aplica-se durante a ação. A 
vítima dispõe da ação privada através da desistência ou 
do perdão aceito e pelo abandono do processo causando 
a perempção. Essa disponibilidade é relativa, uma vez 
que vai até o trânsito em julgado da sentença 
condenatória; 
c) Princípio da Indivisibilidade: A queixa 
proposta contra um dos autores do crime obrigará o 
processo contra todos, conforme previsão do art. 48 do 
CPP, podendo o Ministério Público aditá-la, no caso do 
ofendido não ter incluído um dos infratores. 
 
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d) Princípio da Intranscendência: A ação 
penal só pode ser movida contra o responsável penal 
pelo delito, não sendo transferida aos seus sucessores. 
Diferentemente da ação civil, que pode ser movida tanto 
contra o autor do dano como contra um terceiro que a lei 
civil autorize. 
 
13.2. Início da Ação Penal Privada: 
Inicia-se mediante oferecimento da queixa-crime 
(petição inicial privada). O direito de queixa é direito de 
ação, enquanto o direito de representação não possui 
direito de ação. 
 
13.3. Requisitos da queixa: 
Estão previstos no art. 41 do CPP. São os 
mesmos da denúncia porque ambos são petições iniciais 
das ações penais. 
Art. 41 do CPP: “A denúncia ou queixa conterá a 
exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou 
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a 
classificação do crime e quando necessário, o rol das 
testemunhas”. 
 
13.4. Prazo para a queixa: 
 Em conformidade com o art. 38 do CPP: "Salvo 
disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá do direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis 
meses, contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia". 
 O prazo tido como regra é de seis meses, 
entretanto existem outros prazos especiais como se 
segue: na hipótese do art. 236 do CP, o prazo é 
diferente, como se percebe pela leitura do parágrafo 
único do citado artigo: "A ação penal depende de queixa 
do contraente enganado e não pode ser intentada senão 
depois de transitar em julgado a sentença que, por 
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento". Na 
Lei de Imprensa, o prazo para a queixa é de 3 meses. 
 Na hipótese do art. 529 do CPP, há um prazo 
especial: se o crime contra a propriedade imaterial deixou 
vestígios, uma vez requeridos busca e apreensão e 
exame pericial, o ofendido disporá do prazo de 30 dias 
para oferecer queixa, prazo esse que se conta a partir da 
data da homologação do laudo. 
 
13.5. Autor da Ação Penal Privada 
 Conforme preceitua o contido no art. 30 do CPP: 
"Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para 
representá-lo caberá intentar a ação privada". Então, 
quando o crime for de ação penal privada, o titular da 
ação será o ofendido, isto é, o sujeito passivo do crime, 
ou quem o represente legalmente (pai, mãe, tutor, 
curador). 
Se o ofendido menor não quiser exercer o direito 
de queixa, isto é, não quiser promover a ação penal 
privada, poderá fazê-lo seu representante legal, ainda 
que aquele a tanto se oponha, e vice-versa. Muito 
elucidativo o parágrafo único do art. 50 do CPP. 
Se ambos, ao mesmo tempo, ingressarem em 
juízo com a queixa, deverá prevalecer àquela oferecida 
pelo ofendido, pela vítima do crime. 
Se o ofendido for menor de 18, tiver 
representante legal, mas ser colidirem seus interesses, a 
ação penal poderá ser promovida por curador especial. 
Disciplinando a matéria, diz o art. 33 do CPP: "Se o 
ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, 
ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou 
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito 
de queixa poderá ser exercido por curador especial, 
nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, pelo Juiz competente para o processo penal". 
As pessoas jurídicas, As fundações, 
associações e sociedades legalmente constituídas 
podem promover a ação penal privada, devendo, 
entretanto, ser representadas por quem os respectivos 
contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, 
pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
 
13.6. Sucessão na queixa 
 Se a ação penal ainda não foi promovida, 
poderá promovê-la qualquer daquelas pessoas 
enumeradas no art. 31 do CPP: cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. Se a ação penal já havia sido 
iniciada, qualquer daquelas pessoas poderá dar-lhe 
prosseguimento. 
 
13.7. Atuação do MP na Ação Penal Privada: 
O MP não é parte ativa nesses crimes, não 
podendo ser o autor, participando apenas como custus 
legis. 
O MP pode aditar a queixa-crime no prazo de 3 
dias contados do recebimento dos autos, conforme art. 
46 do CPP, § 2 º “O prazo para o aditamento da queixa 
será de 3 (três) dias, contados da data em que o Órgão 
do Ministério Público receber os autos, e, se este não se 
pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o 
que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do 
processo.” 
Ao aditar a queixa, o ministério Público ficará na 
condição de Assistente do Querelante, porém, não 
poderá alterar a classificação do crime. Na condição de 
fiscal da lei deverá fiscalizar inclusive a indivisibilidade 
processual, isto é, denunciar os demais acusados 
quando houverem, aditando a denúncia. Conforme art. 48 
do CPP: “A queixa contra qualquer dos autores do crime 
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público 
velará pela sua indivisibilidade. Há uma Segunda 
corrente que entende que o MP não pode aditar a 
denúncia porque não é o titular desse tipo de ação, 
podendo apenas pedir ao juiz que declare extinta a 
punibilidade, pela renúncia ao direito de queixa”. 
 
13.8. Perempção: 
Significa a extinção da punibilidade pela inação 
processual, produzindo os seguintes efeitos: extingue o 
processo, extingue o direito de ação e extingue a 
punibilidade do crime. 
São regulados pelo art. 60 do CPP, os casos 
que ocorre a perempção: Nos casos em que somente se 
procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a 
ação penal: I) quando iniciada esta, o querelante deixar 
de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) 
dias seguidos; II) quando falecendo o querelante, ou 
sobrevindo a sua incapacidade, não comparecer em 
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber 
 
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fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III) quando o 
querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, 
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou 
deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais; IV) quando sendo o querelante pessoa 
jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
A perempção só se opera na ação penal 
exclusivamente privada. 
 
14. Ação Penal Privada Exclusiva 
 Também chamada de ação privada 
propriamente dita, é aquela cujo exercício compete ao 
ofendido ou a quem legalmente o represente. 
 Inicia-se com a queixa, e pode ocorrer sucessão 
processual. 
 Nesta hipótese, o seu exercício compete, com 
exclusividade, ao ofendido ou a quem legalmente o 
represente. Se ocorrer a morte ou ausência judicialmente 
declarada, o direito de queixa ou de prosseguir na ação 
transmite-se ao cônjuge, ascendente, descendente ou 
irmão. 
 
15. Ação Penal Privada Personalíssima 
É a modalidade de ação penal privada que só 
pode ser movida pelo ofendido, diferente da ação penal 
privada propriamente dita, pois neste caso o 
representante legal do ofendido não pode atuar, sendo 
esta uma faculdade que ode ser exercida somente pela 
vítima. 
Se ocorrer a morte do cônjuge ofendido na ação 
penal privada personalíssima será inaplicável o disposto 
no art, 31 do CPP: somente o cônjuge ofendido é que 
pode exercer o direito de queixa. 
 
16. Ação Penal Privada Subsidiária 
Referida ação só poder ser oferecida no caso do 
órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia 
dentro dos prazos legais. Porém, cabe ressaltar que, no 
caso do Ministério Público opinar pelo arquivamento, não 
cabe este tipo de ação. 
Cabe lembrar que não ocorre a perempção da 
ação privada subsidiária. O promotor deverá atuar em 
todos os atos processuais da ação penal privada 
subsidiária, sob pena de nulidade. Conforme o art. 564, 
III, e, do CPP; “A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: a 
intervenção do Ministério Público em todos os termos da 
ação por ele intentada e nos da intentada pela parte 
ofendida, quando se tratar de crie de ação pública”. 
 
17. Ação penal popular 
A ação penal popular, como o nome está a 
indicar, é aquela cujo exercício compete a qualquer 
cidadão. Qualquer pessoa do povo é titular dessa 
modalidade de ação. Atualmente a ação penal popular 
existe, apenas e tão-somente, em quatro países: Estados 
Unidos, Inglaterra, Espanha e Chile. 
 
18. Ação Penal Privada Adesiva 
Entender-se-ia como sendo uma "ação penal 
privada adesiva", aquela que conforme a hipótese de 
conexão entre crime de ação penal pública e ação penal 
privada, quando, então, dependendo da natureza do 
procedimento, a vítima ofertaria sua queixa ao lado da 
denúncia do Ministério Público. 
Entretanto, em casos dessa natureza, deverá 
haver uma separação processual, em face mesmo da 
diversidade procedimental, fica, apenas,o registro de que 
é possível falar-se em "ação penal privada adesiva". 
 
19. Rejeição da denúncia ou da queixa 
 Apresentada a denúncia ou queixa, esta poderá 
ser encaminhada junto ao inquérito ou peças de 
informação ao Juiz, que poderá recebê-la ou rejeitá-la. 
Recebendo-a, o Juiz, no despacho de 
recebimento da denúncia ou queixa, além de dever o Juiz 
analisar a peça acusatória sob o aspecto formal e sob o 
prisma da viabilidade do direito de ação, cumpre-lhe 
investigar a existência dos pressupostos da relação 
processual. 
Se o Juiz receber a denúncia ou queixa, tal 
decisão interlocutória simples é irrecorrível. 
Se rejeitar o recurso oponível será o recurso em 
sentido estrito. 
 
JURISDIÇÃO 
 
1. Conceito de Jurisdição 
É a função que tem o Estado de declarar com 
imparcialidade o Direito objetivo através do Poder 
Judiciário. 
Jurisdição é poder, função e atividade do Estado 
de aplicar o direito ao fato concreto para solucionar os 
conflitos existentes. Há conflitos de interesse quando 
mais de um sujeito procura usufruir o mesmo bem. 
Como poder, é manifestação do poder estatal 
através da sua capacidade de decidir e impor as suas 
decisões. Tem a função de promover a pacificação de 
conflitos interindividuais, mediante a realização do direito 
justo e devido processo. E é atividade onde esta constitui 
os atos do juiz no processo. O poder, a função e a 
atividade somente transparecem legitimamente através 
do devido processo legal. 
Etimologicamente jurisdição significa juris 
(direito) dictio (falar, pronunciar), traduzindo a idéia de 
dizer o direito. 
Quem tem essa função é do Estado-Juiz, 
consistente solucionar a lide, por força do Direito vigente, 
regularizando determinada situação jurídica, que passa a 
ser denominada jurisdicional. 
 
2. Elementos da Jurisdição 
a) Notio: (conhecimento) é o poder de presidir a 
instrução; 
b) Judicio (julgamento): é o poder de julgar a 
lide. 
c) Vocatio (chamamento): é o direito de chamar 
as pessoas para o processo. 
d) Coertio: (coerção): é o poder de impor 
medidas restritivas de direito. 
e) Executio: (execução): é o poder de executar o 
disposto na sentença. 
 
3. Características da Jurisdição 
As características da jurisdição são: 
a) lide: para que ocorra a lide ou litígio é 
necessário que ocorra "um conflito de interesses ou uma 
pretensão resistida", conforme a técnica de Francesco 
Carnelutti. Cumpre ressaltar que no processo penal não 
ocorre jurisdição não litigiosa. 
 
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b) inércia: embora a jurisdição seja função ou 
atividade pública do Estado, deverá ser provocada. 
Quando estivermos diante de um fato de interesse 
público, pelo Ministério Público (denúncia), quando for de 
interesse privado (queixa). 
c) definitividade: os atos jurisdicionais são 
suscetíveis de se tornar imutáveis, conforme determina a 
CF de 1988, em seu art.5º, XXXVI, "a lei não prejudicará 
o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada". 
d) secundária: porque através dela o Estado 
realiza coativamente uma atividade que deveria ter sido, 
primariamente exercida, de maneira pacífica e 
espontânea, pelos próprios sujeitos da relação jurídica. 
Até porque os indivíduos não podem realizar justiça com 
as próprias mãos. 
e) instrumental: porque tem objetivo de aplicar 
as normas, dar atuação prática às regras do direito, 
assim a jurisdição é um instrumento de que o próprio 
direito dispõe para impor-se à obediência dos cidadãos. 
f) declarativa ou executiva: a jurisdição não é 
fonte do direito, o órgão jurisdicional é convocado para 
remover a incerteza ou para reparar a transgressão, 
através de um juízo que se preste a reafirmar e 
restabelecer o império do direito, quer declarando qual 
seja a regra do caso concreto, quer aplicando as medidas 
de reparação ou de sanção previstas pelo direito. 
 
4. Princípios básicos da Jurisdição 
a) Indeclinabilidade: A jurisdição é obrigatória. O 
juiz não pode deixar de julgar sob nenhuma alegação, até 
mesmo pela lacuna da lei. Salvo casos de suspeição, 
impedimento ou incompetência; 
b) Improrrogabilidade: A jurisdição de um juiz 
não pode envolver a de outro, exceto nos casos de 
conexão e continência; 
c) Indelegabilidade: quer dizer que o poder do 
juiz de julgar o caso concreto é indelegável não pode 
este, invertendo os critérios da Constituição e da lei, 
transferir a sua competência que lhe foi atribuída pelo 
Estado para outro; 
d) Nulla poena sine judicio: ocorre a 
impossibilidade absoluta de se aplicar sanção penal sem 
jurisdição, ou seja, sem ação e juiz); 
e) Juiz Natural ou pré-constituído: O réu tem o 
direito de ser julgado por um órgão competente do PoderJudiciário. Esse princípio proíbe o juiz de exceção, 
conforme traz a CF de 1988 vedando os chamados 
tribunais de exceção para o julgamento de determinadas 
pessoas e determinados casos (art.5º, inciso XXXVII, 
CF); 
f) Unidade: A jurisdição é uma só, ou seja, é 
sempre a mesma. O que diferencia uma da outra é a 
atividade sobre a qual recai; 
g) Iniciativa das partes: Baseado no princípio ne 
procedat judex ex officio, não pode haver jurisdição sem 
ação. 
h) Relatividade ou co-relação entre pedidos e 
decisão. Está no brocado ne eat judex infra vel extra vel 
ultra petita portium ( não haja o juiz aquém ou fora ou 
além dos pedidos das partes); 
i) In dubio pro reo: Na dúvida, o juiz deve julgar 
em favor da defesa. A defesa tem o benefício da dúvida; 
j) Investidura: sendo a jurisdição um monopólio 
do Estado e este, que é uma pessoa jurídica, precisa 
exercê-la através de pessoas físicas que sejam seus 
órgãos ou agentes, essas pessoas são os juízes. 
 
5. Objetivo da Jurisdição 
O objetivo da jurisdição é a entrega da 
prestação jurisdicional, que satisfaz à tutela jurídica. 
A causa do processo divide-se em: 
a) causa final: a atuação da vontade da lei, 
como instrumento de segurança jurídica e de 
manutenção da ordem jurídica; 
b) causa material: o conflito de interesses, 
qualificado por pretensão resistida, revelado ao juiz 
através da invocação da tutela jurisdicional; 
c) causa imediata ou eficiente: a provocação da 
parte, isto é, a ação. 
Conclusão, a jurisdição, dando ao direito do 
caso concreto a certeza que é condição da verdadeira 
justiça e realizando a justa composição do litígio, 
restabelece a ordem jurídica, através da eliminação do 
conflito de interesses que ameaça a paz social. 
 
6. Divisão da Jurisdição 
Muito embora a jurisdição seja una e indivisível 
assim como o poder soberano, faz-se distinção 
doutrinária, classificando a jurisdição em espécies, como 
segue: 
a) Quanto à graduação: 
Jurisdição superior ou inferior: nosso 
ordenamento jurídico tem duplo grau de jurisdição, 
princípio que consiste na possibilidade de um mesmo 
processo após julgamento pelo juiz inferior, voltar a ser 
julgado por órgãos superiores do Poder Judiciário. Os 
órgãos de primeiro grau de jurisdição são denominados 
"primeira instância" e os de segundo grau de "segunda 
instância". 
b) Quanto à matéria: 
Jurisdição comum ou especial: leva-se em 
consideração as regras da Constituição, distinguir entre 
"Justiças" que exercem jurisdição especial e comum. As 
primeiras são: a Justiça Militar (arts.122-124, CF), a 
Justiça Eleitoral (arts.118- 121, CF), a Justiça do 
Trabalho (arts.111-116, CF) e as Justiças Militares 
Estaduais (art.125, §3o , CF); no âmbito da jurisdição 
comum estão a Justiça Federal (arts.106-110, CF) e as 
Justiças Estaduais ordinárias (arts.125-126, CF). 
c) Quanto ao objeto: 
Jurisdição voluntária (graciosa), o interesse é 
único e não há conflito, ou contenciosa (litigiosa), onde 
há uma pretensão resistida entre as partes. 
d) Quanto à função: 
Jurisdição ordinária ou comum, integrada pelos 
órgãos da Justiça comum; e jurisdição especial ou 
extraordinária, quando está investido do poder de julgar, 
por exceção, um outro órgão, como o Senado, que julga 
os crimes de responsabilidade do Presidente e Vice-
presidente da República e os Ministros de Estado nos 
crimes da mesma natureza, conexos com aqueles (art. 
52, I, da CF). 
e) Quanto à competência: 
Jurisdição plena e limitada. Podendo ser plena, 
quando o juiz tem competência para decidir todos os 
casos, e limitada, quando sua competência é restrita a 
certos casos, como ocorre nas cidades onde há varas. 
 
7. Limites da Jurisdição 
 
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Existem limitações internas de cada Estado, 
excluindo a tutela jurisdicional em casos determinados; e 
internacionais, pela necessidade de coexistência dos 
Estados e pelos critérios da conveniência e viabilidade. 
Essas limitações não atingem o direito processual penal. 
O legislador não leva muito longe a jurisdição de 
seu país, pois leva em consideração a experiência e a 
necessidade de coexistência com outros Estados 
soberanos: a) conveniência, o que interessa é a 
pacificação no seio da sua própria convivência social; b) 
viabilidade, porque se excluem os casos em que será 
impossível a imposição do cumprimento da sentença. 
A doutrina sintetiza os motivos da observância 
essas regras acima: a) existência de outros Estados 
soberanos; b) respeito a convenções internacionais; c) 
razões de interesse do próprio Estado. Outros também 
considerados são submissão e da efetividade. 
Em relação a jurisdição penal esta tem limites 
que correspondem precisamente aos de aplicação da 
própria norma penal material. 
São imunes tanto à jurisdição civil como à penal, 
por respeito à soberania de outros Estados, à jurisdição 
de um país: a) os Estados estrangeiros (par in parem non 
habet judicium); b) os chefes de Estado estrangeiros; c) 
os agentes diplomáticos. Tem se estendido a imunidade 
também a organismos internacionais, como é o caso da 
ONU. Põe em dúvida sua aplicação à jurisdição 
trabalhista. 
Limites internos, em princípio a função 
jurisdicional rege sobre toda área dos direitos 
substanciais (art.5o, XXXV, CF; art.75, CC). Porém, às 
vezes é o Estado-administração o único a decidir a 
respeito de eventuais conflitos, sem intervenção do 
Judiciário. É o que acontece nos casos de 
impossibilidade da censura judicial dos atos 
administrativos. Além disso a lei expressamente no 
art.1.477, CC exclui da apreciação judiciária as 
pretensões fundadas em dívida de jogo. 
 
COMPETÊNCIA 
 
1. Conceito 
É a limitação do poder jurisdicional de juízes ou 
tribunais. Competência é a especialização da jurisdição. 
O instituto da competência é definido então, de 
uma forma simples, como a demarcação, ou como a 
delimitação da jurisdição. Trata-se do exercício pelos 
vários órgãos jurisdicionais, de seu poder, dentro de uma 
determinada limitação legalmente imposta. 
É a porção do poder jurisdicional que toca a 
cada órgão exercer. 
Nas palavras de Tornaghi (apud Sobrinho, 1996, 
p. 15), sobre o poder de julgar, que é qualidade inerente 
aos juízes (se esse poder não é restringido por nenhuma 
lei, compete-lhes julgar tudo. Mas, se alguma só lhes 
permite decidir determinadas controvérsias, então, o 
exercício de sua jurisdição fica demarcado pela sua 
competência. 
A lei é que estabelece a competência dos vários 
órgãos jurisdicionais, tratando de previamente fixar os 
limites dentro dos quais cada um destes órgãos pode 
exercer a função jurisdicional. Desse modo, a 
competência vem a ser o poder de exercer a jurisdição 
nos limites estabelecidos em lei, ou ainda, é âmbito 
dentro do qual pode o magistrado exercer a jurisdição. A 
primeira limitação legal que se tem no âmbito do 
ordenamento jurídico, por ordem de grandeza, adiante da 
qual não se exercita de modo algum a jurisdição, é a que 
estabelece a competência geral (competência externa ou 
internacional), responsável pela restrição de jurisdição de 
um Estado em relação direta com a de outros Estados. 
Naquilo que toca ao controle específico de nosso país, 
fala-se em competência interna (ou especial), que vem a 
ser aquela que se determina pelos limites colocados à 
jurisdição exercida pelos mais diferentes órgãos 
jurisdicionais. 
 
2. Natureza jurídica 
É um pressuposto processual de validade da 
instância, pois o processo só é valido quando corre 
perante juiz competente. 
 
3. Critérios de fixação de competência 
- Ratione loci: em razão do local. 
- Ratione materiae: em razão da matéria. 
-Ratione personae: em razão da pessoa. 
 
4. Espécies de competência funcional 
1- HORIZONTAL: É aquela que divide o trabalho de dois 
ou mais juízes da mesma graduação dentro de um só 
processo. 
Podendo ser: 
a) Por fase do processo: É aquela que estabelece a 
divisão do trabalho por fase do processo. 
b) Por objeto do juízo: É aquela que estabelece a divisão 
pelo objeto do julgamento. 
2- VERTICAL: É aquela que divide o trabalho no mesmo 
processo entre juízes de graus diferentes. Possui duas 
etapas. 
a) ORIGINÁRIA: Aquela nos processos de competência 
originária dos Tribunais. 
b) RECURSAL: O processo corre perante o juiz de 
primeiro grau, e quanto à sua decisão sobre para o 
Tribunal. 
 
5. Prorrogação de competência 
1- Necessárias: 
a) Conexão ou continência: 
b) Casos do artigo 74, parágrafo 2º do CPP 
(desclassificação). 
c) Caso do artigo 85 do CPP. 
2- Voluntária: É aquela que deriva da vontade das partes. 
As partes, principalmente pela sua omissão, concordam 
que o processo corra perante juiz incompetente, 
prorrogando-se posteriormente. Isso só pode correr nos 
casos de incompetência relativa. 
 
4.6. COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO 
O significado do vocábulo prevenção é o de algo 
que vem antes, que avisa, que previne. Define, no 
tocante ao instituto da competência, o fenômeno 
processual através do qual, havendo vários juízes 
igualmente competentes, que se firme a competência 
daquele que por primeiro vier a tomar conhecimento da 
causa (art. 83 CPP). Assim, havendo vários competentes 
em um primeiro momento, já em seguida será espaço de 
competência de um só deles, por ter primeiro conhecido 
a causa. 
Não se trata de um critério empregado para 
determinar a competência, visto que o juiz que no 
 
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segundo momento é o único competente, também já o 
era anteriormente. 
A prevenção, portanto, firma, assegura a 
competência de um juiz já competente. 
Verifica-se a prevenção, por exemplo, entre outros, em 
casos como o do artigo 107 do Código Civil: Se o imóvel 
se achar situado em mais de um Estado ou comarca, 
determinar- se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a 
competência sobre a totalidade do imóvel (o juiz de uma 
ou de outra comarca será competente, mesmo que de 
Estados diferentes, 
para conhecer a causa). 
 
4.3.1. CRITÉRIOS DA COMPETÊNCIA RATIONE LOCI: 
- Comum ou geral: É o lugar da 
infração, ou seja, aquilo que a doutrina chama 
de locus delicti comissi ( lugar da prática da 
infração). 
- Secundário ou subsidiário: É o lugar 
do domicílio ou da residência do réu. 
CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA DO 
JUÍZO OU DA VARA: Só existe nas comarcas 
onde há mais de uma vara criminal. A competência do 
juiz pressupõe a competência ratione loci. 
PODE HAVER FORO FACULTATIVO EM PROCESSO 
PENAL: Quando se trata de um crime de ação penal 
privada, o art. 73 do CPP o querelante pode processar o 
réu em seu domicílio ou ainda, quando conhecido, no 
lugar 
da infração. 
 
4.7. COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU 
CONTINÊNCIA 
O vocábulo conexão, no tocante à competência, 
vem a ser o estabelecimento de um vínculo ou de um elo 
entre duas ou mais ações que, por estarem intimamente 
relacionadas entre si, podem ser conhecidas e decididas 
por um mesmo magistrado e, por vezes, inclusive no 
mesmo processo. É um vínculo que entrelaça duas ou 
mais ações, a ponto de exigir que o mesmo juiz delas 
tome conhecimento e as decida. 
As razões ou os motivos que embasam a 
conexão de causas são de ordem particular, buscando 
tornar mais célere e ao mesmo tempo menos oneroso o 
processo e, de ordem pública, buscando evitar que 
aconteça a existência de sentenças contraditórias 
emanadas de mais de um entendimento jurídico sobre o 
mesmo caso, além de permitir uma visão mais completa 
dos fatos e da causa, enveredando por uma melhor 
aplicação jurisdicional do direito. A base legal melhor 
sistematizada vem referida no artigo 103 do Código Civil, 
que diz: Reputam-se conexas duas ou mais ações, 
quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. 
Compreendida na conexão, tem-se a 
continência, que ocorre quando houver, entre duas ou 
mais ações, identidade quanto às partes e à causa de 
pedir, mas que objeto de uma, por mais amplo, acabe por 
abranger o das outras, conforme se despende do que 
inscrito no artigo 104 do referido Código. 
A conexão e a continência produzem o mesmo 
efeito, distinguindo-se por ser a continência uma espécie 
do gênero conexão (ver também os arts. 105; 106; 219 e 
163 CPC). Em hipótese, a competência relativa à 
atuação do magistrado não está fundada no título 
originário, mas trata-se da conseqüência da união dos 
vários processos. 
No âmbito do Código de Processo Penal temos 
elencado no artigo 76, que: A competência será 
determinada pela conexão: 
I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido 
praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas 
reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora 
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas 
contra as outras; A conexão pressupõe a existência de 
um nexo entre as infrações praticadas e as pessoas 
nelas envolvidas, podendo ser classificado como um 
liame intersubjetivo, objetivo ou instrumental. 
A conexão intersubjetiva, caso do inciso I, 
apresenta-se sob três modalidades: a conexão 
intersubjetiva por simultaneidade (tendo ocorrido duas ou 
mais infrações, praticada ao mesmo tempo por duas ou 
mais pessoas reunidas); a conexão intersubjetiva por 
concurso (duas ou mais infrações cometidas por duas ou 
mais pessoas em concurso, em tempo e lugares 
diversos); a conexão intersubjetiva por reciprocidade 
(infrações cometidas por várias pessoas, umas contra as 
outras). 
II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas 
para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir 
impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
Na conexão objetiva, caso do inciso II, as infrações são 
praticadas visando facilitar a outras ou para ocultá-las, ou 
ainda, buscando vantagem em relação a qualquer delas; 
III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de 
suas circunstâncias elementares influir na prova de outra 
infração. Trata-se da conexão instrumental. 
Seguindo o elencado no artigo 77 do Código de Processo 
Penal, temos que: A competência será determinada pela 
continência quando: 
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma 
infração; Trata-se neste artigo, sobre a continência por 
co-autoria (quando duas ou mais pessoas são acusadas 
pela mesma infração, o que não se confunda com a 
conexão por concurso). Abrange todos os crimes onde 
exista co-autoria necessária (rixa, bigamia, adultério, etc) 
e co-delinqüência eventual. 
II – no caso de infração cometida nas condições previstas 
nos arts. 51, §1º, 53, segunda parte, e 54 do Código 
Penal; (vide arts. 70 – concurso formal; 73 – erro na 
execução e 74 – resultado diverso do pretendido, todos 
do CP, com redação dada pela Lei 7.209/84). 
Inversamente ao inciso I, este inciso trata de unidade de 
agente e pluralidade de infrações. 
 
4.7.1 CONSEQUÊNCIA DA CONEXÃO: 
É a unificação processual ou simultaneus processus, art. 
79 caput do CPP. A lei recomenda que, havendo duas ou 
mais infrações penais conexas entre si, sejam 
investigadas pela polícia no mesmo inquérito, 
denunciadas juntas e julgadas pela mesma autoridade 
judiciária e decididas na mesma sentença. 
 
4.7.2 HIPÓTESES DE CONEXÃO: 
1- Nexo intersubjetivo de conexão: 
2- Conexão casual, lógica, teleológica ocasional, objetiva 
ou conseqüencial: o que liga as infrações são as 
finalidades com que foram realizadas (ocorre muito em 
homicídio qualificado). 
 
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