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A LIBERALIZAÇÃO DO REGIME SOVIÉTICO E O FIM DA GUERRA FRIA - 1985/1991

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ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ENSINO UNIFICADO RENOVADO – UNIP
INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
PROF° MAURÍCIO CASSAR
A LIBERALIZAÇÃO DO REGIME SOVIÉTICO E O FIM DA GUERRA FRIA
1985-1991
WILLIAN BRITO LISBOA – D1197A-0
GABRIEL DE LIMA CIRYLO – N1007E-2
CAMILA PATRÍCIA – D12IHJ-0
CAMPINAS
2017
A LIBERALIZAÇÃO DO REGIME SOVIÉTICO E O FIM DA GUERRA FRIA
1985-1991
WILLIAN BRITO LISBOA – D1197A-0
GABRIEL DE LIMA CIRYLO – N1007E-2
CAMILA PATRÍCIA – D12IHJ-0
CAMPINAS
2017
O período de 1985 até 1991 que marca a dissolução da União Soviética, iniciou com a ascensão de Mikhail Sergueievitch Gorbatchev na liderança da URSS. Ele é eleito Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética e Presidente da mesma, o que lhe rendeu o poder total sobre o regime. Esse acumulo de funções, havia sido alcançado apenas por Leonid Brejnev nos anos 1960 até os anos 70.
Gorbatchev discursa no Politiburo. No alto ao centro, vê-se Boris Iéltsin.
Gorbatchev, do ponto de vista ocidental, é considerado um líder revolucionário para o regime soviético. Ele foi pioneiro a promover a liberalização política do país através da Glasnost, palavra russa cuja melhor definição seria “transparência”. Para o mundo ocidental, essa transparência tinha o sentido de liberdade de expressão, porém para os soviéticos, a transparência da Glasnost equivalia a uma política de abertura do dialogo civil com o governo, além de também permitir uma liberdade de expressão, aceitação de críticas ao governo e uma maior expressividade dos meios de comunicação social. A Glasnost se resume em um processo de abertura política do regime soviético.
 É também durante o governo Gorbatchev, iniciada a reforma da economia, que passou a ter traços de cunho capitalista, com a implantação da Perestroika. A Perestroika se resumia na reestruturação da economia soviética dado que Gorbatchev via diversas falhas na economia planificada implantada pelo regime, e sentia a necessidade de mudanças no regime socialista sem haver a necessidade de sua substituição. A ideia principal da Perestroika era minimizar os gastos em defesa e com os militares, o que fez a URSS desocupar o Afeganistão e aceitar a redução de armamentos proposta pelos EUA nos acordos de Yalta, além de também não mais interferir nas dissensões políticas de outros regimes comunistas pelo mundo e diminuir os investimos em áreas como os direitos humanos. 
Por outro lado, nos Estados Unidos da América, o Presidente Ronald Reagan passa a trabalhar o conceito de que a URSS poderia e deveria ser derrotada, sem haver a necessidade de uma Pós-détente, ou seja, sem haver a necessidade de um relaxamento nas hostilidades. Para isso, Reagan inicia uma política de investimento massivo na defesa das EUA, tendo seu auge na Iniciativa Estratégica de Defesa (IED) de 1983, também chamada de Projeto Star Wars, que consistia na construção de um sistema de defesa espacial, capaz de impedir um ataque nuclear em solo americano. Para fazer frente ao Star Wars, o regime soviético idealiza o projeto Polyus, uma plataforma espacial da URSS armada com misseis nucleares, canhões lasers e uma camuflagem preta, o que lhe deixava invisível aos satélites espiões inimigos. No entanto, diferente do projeto americano, a arma soviética não teve sucesso, dado que devido um erro do computador de bordo interno, ela sofreu um erro de navegação e caiu no mar.
O programa Star Wars do Presidente Reagan.
Reagan também idealizou o projeto da “retórica agressiva”, sendo que em todos os seus discursos e nos discursos de sua equipe de governo, a URSS deveria ser rotulada como o “mal do mundo”, o que não fazia diferença alguma para os soviéticos, porém incentivou muitos cidadãos da Europa Oriental a se oporem drasticamente contra o Comunismo. 
Sua política econômica, conhecida como Reaganomics visava a diminuição dos gastos públicos, a redução de impostos sobre a renda, a diminuição do poder regulamentário por parte do governo na economia e o controle da moeda americana para reduzir a inflação, o que lhe permitia por outro lado, fazer diversos investimentos em outros países tendo como foco, desestabilizar mais ainda a já fragilizada economia soviética. Um exemplo disso é a Arábia Saudita, que em 1985 recebeu enorme aporte financeiro norte-americano para aumentar a produção de petróleo, o que fez com que o preço do barril caísse 3 vezes abaixo do valor normal da época, o que ocasionou uma grave crise de capital para os soviéticos, dado que eles não conseguiam alcançar o mesmo valor do petróleo saudita e viram sua produção ficar atolada e a Agricultura básica passar a ser a única e ainda sobrevivente fonte de renda dos soviéticos. Reagan com essa política econômica, também conseguiu fornecer apoio militar e financeiro a diversos movimentos anticomunistas pelo mundo, como os Combatentes da Liberdade Angolana, o Movimento dissidente da Nicarágua, e alcançar o ápice desse apoio com o movimento linha-dura anti-URSS dos Mujahidin afegãos, que naquele período lutavam contra o fim da tirania soviética e foram inclusive, recebidos no Salão Oval da Casa Branca pelo próprio Reagan, que designou a Special Activities Division (SAD) da CIA para lhes fornecer treinamento e capacitação de liderança.
Reagan em rede nacional apresentando o Reaganomics.
Reagan também reformulou o projeto dos Space Shuttle, que faziam frente a combalida corrida espacial soviética. Desde a ida de Yuri Gagarin ao espaço em 1961, a bordo da Vostok I, e do ápice do programa Apollo norte-americano, que conduziu Neil Armstrong a lua, ambos projetos de exploração espacial haviam sido deixados de escanteio e caído no desinteresse da opinião pública. No entanto, ambos os líderes passaram a reforçar seu apoio a uma nova corrida espacial, e como sempre, a supremacia americana foi afirmada. Em 1981, o primeiro Ônibus Espacial é lançado ao espaço do Centro Espacial Kennedy na Flórida, o OV (Orbiter Vehicle) Columbia. Enquanto os EUA construíram uma frota de 5 ônibus espaciais completamente operantes e viajáveis - Columbia, Challenger, Discovery, Atlantis e Endeavour – além de uma nave protótipo, a Enterprise – assim nomeada em homenagem à USS Enterprise de Jornada nas Estrelas - a URSS conseguiu idealizar a construção de 11 ônibus espaciais, o Buran – em russo, Буран, traduzível como Nevasca – mas que no entanto só conseguiram ir apenas duas vezes a uma altitude suborbital da Terra, partindo do Cosmódromo de Baikonur no Cazaquistão. Ambos os voos foram totalmente controlados por controle remoto, dado que o sistema aerodinâmico do Buran era falho, o que tornava arriscada a presença de uma tripulação, quase uma missão suicida. Enquanto 4 dos 6 ônibus espaciais norte-americanos foram preservados após a desativação do programa espacial dos SS, apenas 2 exemplares do Buran ainda existem no mundo, sendo que os demais foram abandonados com o fim da URSS e destruídos pelo poder do tempo.
Diferenças entre o Orbitador americano Space Shuttle e o Buran soviético.
A partir de 1985, Reagan e Gorbatchev, passaram a realizar uma série de quatro cimeiras, onde eram discutidas questões políticas, sociais, questões armamentistas e iniciativas de cooperação. A primeira cimeira se deu em Genebra na Suíça, a seguinte em Reykjavík na Islândia em 1986, onde negociaram questões sobre a diminuição dos arsenais de ICBM’s (Intercontinental Ballistic Missiles) e um maior controle sobre as armas nucleares. Deve-se ressaltar que essa rodada fracassou, devido a insistência de Reagan em implantar o IED. A terceira cimeira de 1987, se deu em Washington DC, onde ambos governantes assinaram o Intermediate-Range Nuclear Forces - Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário - conhecido por Tratado INF, que previa uma redução na quantidade de misseis de cruzeiro, balísticos e nucleares por parte de ambas nações. E a última cimeira em 1988, ocorreu em Moscou, quando Reaganvisitou Gorbatchev e assinaram o acordo sobre a notificação prévia do lançamento de mísseis intercontinentais e o Acordo sobre a verificação conjunta de provas de destruição das armas atômicas.
Gorbatchev e Reagan em 1989, na Conferência de Moscou.
Em 1987, perante o Portão de Brandenburgo, no muro de Berlim, do lado ocidental, Reagan fez o célebre discurso no qual desafiava Gorbatchev a derrubar o muro. 
Agora os soviéticos, de um modo limitado, estão vindo a entender a importância da liberdade. Escutamos notícias vindas de Moscou sobre reforma e abertura. Alguns prisioneiros políticos foram libertados. Já não estão sendo censuradas certas formas de transmissão de notícias estrangeiras. Alguns empreendimentos econômicos foram permitidos a operar com maior liberdade de controle estatal. É isso o começo de mudanças profundas no estado soviético? Ou são apenas gestos simbólicos afim de levar falsas esperanças ao ocidente? Ou apenas fortalecer o sistema soviético, sem mudar nada. Nós damos as boas-vindas a mudança, porque acreditamos que a liberdade e a segurança andam de mãos juntas, que o avanço da liberdade humana, o avanço da liberdade humana possa fortalecer a causa de paz mundial. Há um inconfundível sinal que os soviéticos podem fazer, que avançaria a causa da liberdade e da paz dramaticamente. Secretário-geral Gorbatchev, se você busca a paz, se você busca a prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se você busca liberalização: Venha aqui a este portão. 
Sr. Gorbatchev,
Abra este portão!
Sr. Gorbatchev, Sr. Gorbatchev, derrube este muro!
Eu entendo o medo da guerra e a dor da divisão que aflige esse continente e ofereço os esforços do meu país para superar esse fardo. Para estar seguros, nós do ocidente temos que resistir a expansão soviética, assim, nós teremos que manter nossas forças de defesas preparadas. 10 anos atrás, os soviéticos ameaçaram a aliança ocidental com uma séria ameaça, centenas de projéteis nucleares SS-20 capazes de liquidar todas as capitais europeias. A aliança ocidental respondeu aumentando sua capacidade bélica, a menos que os soviéticos concordassem em negociar uma solução melhor. Isto é, a eliminação de todas as armas de ambos os lados. Durante muitos meses, os soviéticos, recusaram negociar com seriedade. Em razão disso a aliança resolveu se armar. Foram dias difíceis, dias de protestos como esses durante minha visita em 1982 nessa cidade; os soviéticos estavam longe da mesa de negociação. Mas apesar de tudo, a aliança se fortaleceu. E eu convido a todos que protestaram contra eles, eu convido aos que protestaram hoje, a marcar este fato: Porque nós permanecemos fortes, os soviéticos finalmente, voltaram à mesa e agora se houve a paz. (REAGAN, 1987)
 
 
Ronald Reagan, discursa perante o Portão de Brandemburgo em 1989
Na Europa comunista, Gorbatchev, inspirou diversas reformas liberalizantes, o que propagou a criação de diversos grupos dissidentes, como o Movimento social Solidarność - também chamado de Sindicato Solidariedade – Polonês, que combatia o regime de Wojciech Jaruzelski, movimento este que era apoiado com extrema força pelo Cardeal Wojtyla, que ao se tornar o Papa João Paulo II, se uniu a Reagan e Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica para combater o fim do comunismo por toda a Europa. Na Tchecoslováquia e na Alemanha Oriental, ocorriam diversos protestos pelo fim do comunismo. Na Romênia, o regime de Nicolae Ceauşescu tentou conter a pressão popular de forma brutal, no entanto, os militares passaram a apoiar o movimento das ruas e já no fim de um esfacelado governo, capturam a executam Ceauşescu, fazendo com que a Romênia seja o único país a ter um fim violento para o regime comunista.
Em 1989, com a queda do muro de Berlim, encerra-se a divisão da cortina de ferro na Europa. Gorbatchev não consegue controlar o colapso dos governos orientais e assim, Lituânia, Estônia e Letônia declaram sua independência de Moscou, logo seguidos por outras nações. Internamente, ele sofreu diversos golpes dos burocratas partidários que o consideravam incapaz e ineficiente, além da resistência de oligarcas das grandes petrolíferas russas. Esses dois grupos viam a não intervenção da URSS no Afeganistão e nos demais países da Europa Oriental que estavam se democratizando, além da política de altos impostos praticada pela Perestroika como os principais agravantes das crises soviéticas. Em busca de reverter essa crise, Gorbatchev cria o Novo Tratado da União dos Estados Soberanos que substituiria o de 1922, criador da URSS, assim, surgindo uma nova organização de estados, em busca de uma recuperação do controle e do reordenamento do Estado Soviético.
No dia 19 de agosto de 1991, aproveitando a saída de férias de Gorbatchev, um grupo de dissidentes do Comitê Estatal para o Estado de Emergência, tentou tomar o poder, colocando como novo presidente da URSS, o vice-presidente Gennady Yanaiev juntamente com 8 membros do antigo gabinete de Gorbatchev como os líderes do movimento Pró-URSS. No entanto esse golpe falhou e Gorbatchev retorna a Moscou, prometendo punir os conservadores golpistas do PCUS. Ele se demite da função de Secretário-Geral, mas se mantém como presidente. De qualquer modo, não havia mais solução para a União Soviética, pois o golpe demonstrou uma crise que já havia a tempos nas instituições governamentais, e que ganhou mais força ainda com a independência da Hungria em 1° de dezembro de 1991, sendo que também entre outubro e dezembro do mesmo ano, 11 líderes das 15 republicas soviéticas ainda restantes, se reuniram em Alma-Ata no Cazaquistão para declararem as suas independências de modo definitivo.
Em 21 de dezembro de 1991, os líderes da Federação Russa, Ucrânia e da Bielorrússia, assinam o tratado de criação da CEI – Comunidade dos Estados Independentes – o que já sinalizava uma mudança do rumo político oriental. E no natal de 1991, numa cerimônia transmitida para todo o mundo Mikhail Gorbatchev anuncia o fim oficial da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, renuncia a presidência do país e a bandeira vermelha com a foice e o martelo é retirada do mastro do Kremlin, dando lugar assim, a bandeira russa e ao novo chefe de estado, Boris Nicoláievitch Iéltsin. 
Gorbatchev discursa no natal de 1991, anunciando o fim da URSS.
A Federação Russa ou apenas Rússia, se torna a grande herdeira de todo o parque industrial e de todo o material bélico soviético, mas também se torna a herdeira de uma economia totalmente estagnada, um exército completamente sucateado, um parque tecnológico ultrapassado, um sistema de saúde e educacional quase inexistente entre outros pontos.
A transição para o capitalismo de livre mercado foi cruel com a Rússia, sendo que até os dias atuais, uma imensa parcela da população vive abaixo da pobreza, seu PIB diminuiu fazendo com que por quase 20 anos os ganhos nacionais fechassem no vermelho e a expectativa de vida caiu consideravelmente.
Para Gorbatchev, restou ser tachado como o pior líder da história do país, chegando inclusive a ser desrespeitado em público pelo atual presidente Vladimir Putin que o chamou de “o presidente que faliu o país”, enquanto isso, pela visão ocidental, resta a Reagan ser o estopim, quase o grande herói da derrocada do regime soviético.
PRINCIPAIS CONFLITOS DURANTE A GUERRA FRIA
Depois da II Guerra mundial, com a formação de dois blocos hegemônicos assentados em um sistema de alianças militares, de um lado a Organização do Tratado do Atlântico Norte e do outro o Pacto de Varsóvia, delineou-se no cenário internacional, uma política de forte antagonismo entre os Estados Unidos e a União Soviética, que perdurou durante toda a guerra fria. Muitos dos acontecimentos desse período, que se estendeu de 1946 até 1991, terminaram por serem resolvidos com disputas regionais, como a Guerra da Coréia, a Questão de Berlim, a Revolução Húngara, a Crise dos mísseis de Cuba, a Guerra do Vietnã, os conflitos do mundo árabe como a Guerra do Yom Kippur, aGuerra Irã-Iraque, a Guerra do Afeganistão, ou também conflitos de interesses externos, porém relevantes para às duas nações hegemônicas, como a Guerra das Malvinas, entre outras.
O primeiro estado de tensão entre ambos blocos políticos faz referência a Questão de Berlim, entre os anos de 1948 e 1949, quando da criação do novo Estado alemão independente pelos Aliados (República Federal da Alemanha), a URSS comandada então por Nikita Khrushchev, bloqueia o acesso ao setor oriental de Berlim, vindo a criar a Alemanha de Leste (República Democrática Alemã). Este conflito dividiu a Alemanha em duas, ficando esta política isolacionista consagrada com a construção do Muro de Berlim, em 1961.
A Guerra da Coréia foi travada entre os anos de 1950 e 1953, opondo a Coréia do Sul, os Estados Unidos e Grã-Bretanha contra a Coréia do Norte, a China e a União Soviética. O motivo real desse conflito foi apenas a incapacidade de se realizarem eleições livres por toda a península, que satisfizesse o pensamento comunista do lado norte. O resultado desse conflito foi a divisão da península Coreana. Em 27 de julho de 1953, foi assinado um armistício entre as duas nações, apoiado por EUA, China e ONU, porém nunca houve definitivamente um ato final de guerra, sendo que até os dias atuais, existe certo espírito beligerante do lado norte contra o sul. Foi então com esse armistício, firmada uma Zona Neutra desmilitarizada, no entanto o lado norte-coreano afirma ter sido o grande vencedor da guerra.
A Revolução Hungara, pretendia encerrar o poder da União Soviética na Hungria em si. Diversas manifestações estudantis ocorriam pelo país, membros da academia, representantes dos sindicatos e dos trabalhadores cobravam pleitos livres e democraticos, além da permissão de existência de todos os partidos e a saída de militares sovieticos do país. O governo buscou controlar as manifestações, até que solicitaram apoio da URSS. Blindados soviéticos tentaram primeiramente restaurar a ordenação pública sem o uso de armas, porém as manifestações da revolta transformaram-se em um confronto em que de um lado estavam os russos e demais forças soviéticas e de outro, os hungaros. O levante revolucionário parecia estar proximo do triunfo esperado, e o primeiro-ministro do país chegou inclusive a declarar a saída da Hungria do Pacto de Varsóvia e sua neutralidade em outros conflitos. Isso porém, desencadeou uma forte ofensiva do regime soviético neste país, com o envio de mais de 20 mil soldados e mais de 3 mil blindados para o solo hungaro. Os russos lutaram até conter a situação. A ONU condenou tal atitude, e exigiu a retirada imediata das tropas soviéticas, porém não obteve êxito. A Revolução Hungara, foi fortemente contida com a morte de milhões de pessoas, servindo de exemplo para que outras fagulhas de revolução não brotassem em outros estados soviéticos.
A crise dos mísseis de Cuba, foi um confronto com duração de 13 dias, entre Estados Unidos e URSS, quanto a implantação de mísseis nucleares em Cuba. Foi o primeiro conflito televisionado e com ele quase se chegou à um novo conflito nuclear. A URSS acusava de um lado os EUA de terem instalados mísseis Júpiter-19 na Itália e na Turquia e assim, por ordem de Nikita Khrushchev atendendo a pedidos do governo cubano que temia uma invasão americana, foram construídos silos e armazenados mísseis ICBM e mísseis nucleares em solo cubano. Os EUA estabeleceram uma zona marítima de contensão de transporte para evitar que mais armamentos soviéticos chegassem em Cuba, além de exigirem a retirada total dos já instalados. Após intensa negociação entre o presidente americano John Kennedy e Khrushchev, foi alcançado um acordo e os mísseis desmantelados e enviados para Moscou, no entanto, os EUA se propuseram publicamente a jamais invadir Cuba sem que houvesse uma provocação direta do regime de Castro, além de também terem que desmontar e retirar toda sua bateria de mísseis da Turquia e da Itália.
Os encontros de Conversação sobre os Limites para Armas Estratégicas (Strategic Arms Limitation Talks) chamados de SALT I e SALT II foram duas cimeiras de negociações estabelecidas entre EUA e URSS tendo em vista a limitação de armas nucleares (incluindo submarinos), mísseis ICBM’s e antibalísticos pelas duas potências. A primeira cimeira ocorreu em Helsinque, na Finlândia e a segunda em Viena, na Áustria. Através destes encontros também ficou definido a impossibilidade de se criar um sistema de defesa antimísseis. Com a assinatura dos Tratados SALT elevou-se o chamado “equilíbrio do terror” dado que, com a delimitação de armamento de destruição em massa para cada país, já não era mais um impedimento para uma guerra, pois a "mútua destruição assegurada" era a única forma de impedir qualquer conflito.
O número de mísseis antibalísticos, ICBM e de submarinos nucleares de cada potência na época.
A guerra do Vietnã, se deu em meados de 1965, tendo sua origem na guerra da Indochina (1954) desencadeada pelo movimento revolucionário de guerrilha, Viet Minh, comandado por Ho Chi Minh, contra os franceses. A França foi derrotada nesta guerra e ficou decidido numa conferência internacional o futuro do território. O Vietnã seria dividido pelo paralelo 17 em dois estados: o Vietnã do Norte, dirigido por comunistas e apoiado pela União Soviética e pela China, e o Vietnã do Sul, de facção capitalista apoiado e aliado aos EUA. Entretanto, as forças Vietnamitas do Norte tinham planos de estender o comunismo por todo o Vietnã. A milícia Vietcongue acaba por conseguir os seus intentos depois de uma longa e sangrenta guerra contra as forças norte-americanas até 1973. Desse feito, devemos fazer memória do grande General Vietnamita Võ Nguyên Giáp, idealizador e estrategista que através de uma perspicácia incrível, derrotou tanto os franceses quanto os americanos e libertou seu povo. 
A Guerra dos Seis dias foi um conflito que opôs o estado de Israel contra quase todos os países árabes - Egito, Jordânia e Síria, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão – no ano de 1967. Israel alegava que o governo egípcio estava preparando uma ofensiva de invasão ao estado sionista, então por ordem do General Moshe Dayan, caças da Força Aérea Israelense lançaram uma grande ofensiva contra bases aéreas do Egito às margens do monte Sinai. Até os dias atuais não se existem informações precisas se Egito e os demais países árabes estavam mesmo se preparando para uma invasão massiva ou se era apenas uma movimentação de tropas normal, o que ainda gera debates. Nesse conflito a URSS ofereceu total apoio aos países árabes, enviando caças MiG-21, uma divisão de encouraçados e cruzadores classe Slava para a região, além de conseguirem autorização do próprio Gamal Abdel Nasser para instalarem mísseis na região do Canal de Suez. Mesmo com o apoio da URSS, a Guerra dos Seis dias foi um imenso desastre para os países árabes, a Jordânia teve a sua força aérea totalmente aniquilada, os árabes perderam mais de 20 mil militares enquanto Israel perdeu apenas 732 homens, Gamal Abdel Nasser renunciou ao cargo de presidente egípcio, e pelo lado israelense, este conseguiram aumentar suas fronteiras tendo anexado parte do Sinai e as Colinas de Golã, e de mais de 60% da Cisjordânia. Outro fator importante é que após o fim da guerra, aumentou para mais de 350 mil o número de refugiados, que foram rejeitados pelos países árabes e que até os dias atuais atacam Israel isoladamente desde a Faixa de Gaza e da Cisjordânia. 
A Guerra do Yom Kippur foi um conflito militar ocorrido de 6 de outubro de 1973 até 26 do mesmo mês e ano, entre Egito, Síria, Jordânia e Iraque contra Israel. Começou com um ataque do Egito e da Síria contra Israel no feriado judaico de Yom Kippur. Um dos motivos desse conflito, era o desejo egípcio e sírio de recuperarem as terras do Sinai e das Colinas de Golã que lhes tinham sido capturadas por Israel durante a guerra dos seis dias em 1967. Esse conflito levou os EUA a defender os interesses israelenses e os soviéticosa defenderem os interesses árabes. No fim das hostilidades, as forças de defesa israelenses comandadas por Golda Meir, primeira-ministra de Israel, e por Moshe Dayan, general comandante do exército sionista se encontravam com uma enorme diferença frente às sucateadas forças árabes, o que lhes garantiria a vitória e completa anexação dos países atacantes se necessário. 
A Guerra Irã - Iraque, foi um conflito desencadeado no auge da Revolução Islâmica do Irã, controlado pelo Aiatolá Khomeini, resultado por disputas territoriais entre ambos países dos anos de 1980 até 1988. O Iraque da época, governado por Saddan Hussein, saí da lista de países considerados ameaça aos Estados Unidos e entra na lista de fortes colaboradores da política americana de liberdade, tendo recebido durante a guerra, apoio do presidente americano Ronald Reagan, que inclusive enviou seu emissário especial para Bagdá, no intuito de manifestar apoio e designar tropas para combaterem ao lado dos militares iraquianos, o secretário de defesa Donald Rumsfeld. Do lado oriental, a União soviética também manifestou apoio a Saddan, dado que Khomeini ordenou a execução de membros do partido comunista iraniano, além de ter encerrado as operações desse grupo no país. Durante a guerra, o Iraque foi abastecido com material bélico de ambos os países, como caças norte-americanos da Northrop-Grumman e da Lockheed Martin, e peças para os seus MiG-21 soviéticos, além de apoio de terceiros como a França que enviou caças Rafale, Mirage e mísseis Exocet, e do Brasil também, que vendeu milhões de dólares em armas, além de blindados EE-9 Cascavel. Outros países árabes também estavam apoiando Saddan, como a Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Emirados Árabes, países esses que foram uma ou outra vez ameaçados pelo Iraque, mas temiam que a revolução iraniana se espalhasse para seus estados e preferiram assim apoiar a luta de Saddan. Por outro lado, o Irã sofreu diversas sanções da comunidade internacional, e pouco apoio de outros países como a China, Coréia do Norte, Síria e até mesmo do Japão. Mas, sabe-se que os EUA, enviaram armamento para os iranianos de forma clandestina. 
A Guerra do Afeganistão que durou entre 1979 - 1989 também conhecida como Guerra Afegã-Soviética deu-se a partir do envolvimento de tropas da União Soviética para apoiar o governo do Partido Democrático Popular do Afeganistão que havia chegado ao poder após o golpe de 1978. O partido comunista passou, assim que assumiu o poder, a implantar medidas de caráter marxista como a reforma agrária, modificações nas leis de casamento do país, além de reformar culturais e de direitos humanos. Outras reformas também foram levadas a efeito, com destaque para a instauração de um Estado laico o que enfureceu os Aiatolás e demais clérigos do país. Os Mujahidins, foram essenciais neste conflito, eles que eram conhecidos como “Combatentes” (Muja) “que lutam a guerra santa” (jihad), tinham como objetivos enfraquecer e derrubar o novo governo comunista. Os Estados Unidos de Ronald Reagan, enviaram armas diretamente para os Mujahidins dos quais eram aliados na guerra, assim como também o Reino Unido, Arábia Saudita, Irã e até mesmo a China. 
As lutas e combates que começaram em 1980 foram brutais, com Moscou esperando uma vitória rápida e decisiva sobre os grupos dissidentes locais. Com grandes sucessos os Mujahidins conseguiam impedir que o governo pró-soviético de Cabul exercesse seu comando sobre províncias inteiras. Em 1985, foi o momento em que a guerra atingiu a sua maior brutalidade, com os Soviéticos atacando com todas suas forças militares estacionadas na Ásia meridional as províncias afegãs controladas pelos insurgentes. Os ataquem incluíam bombardeios aéreos pesados, o que aumentou o descontentamento da população local, diminuindo ainda mais a força do poder central de Cabul sobre aquelas regiões. A partir de 1987, a situação começou a deteriorar-se rapidamente para os Soviéticos, que viam suas baixas crescerem cada vez mais, fazendo Gorbatchev dar a ordem de evacuação das tropas devido a política da Perestroika, que começou em janeiro de 1987 e decorreu até 1989. Após uma Guerra que durava 10 anos, e depois de sofrerem mais de 70 mil baixas, o exército Soviético abandonava o Afeganistão e perdia mais uma das suas repúblicas. 
Grande parte do que o mundo é hoje, deriva deste período da Guerra Fria, e de um personagem particular deste conflito, Osama Bin Laden, que durante o combate era o líder da organização Maktab al-Khidamat (MAK) que arrecadava doações a nível mundial para apoiar o Afeganistão na guerra, além de grande aliado americano neste período. 
A Guerra das Malvinas ou Falklands, foi um conflito armando entre a Argentina e o Reino Unido entre 2 de abril até 14 de junho de 1982. A questão do conflito era a reclamação argentina sobre a soberania desse arquipélago, localizado a menos de 500km da sua costa. Consideravam o Reino Unido um invasor ilegal deste território, e então em 26 de março de 1982, destacaram a uma grande força naval que saíra de Porto Belgrano sobre o pretexto de realizar manobras militares com a marinha Uruguaia. As 21 horas de 1 de abril de 1982 mergulhadores argentinos, destacados do submarino Santíssima Trinidad, desembarcam em Mullet Creek, um pequeno rio no oeste das Malvinas, sendo que no momento em que o Santíssima Trinidad emerge, ele é detectado pelo radar no navio costeiro Forrest. Começa a partir daí o conflito. Os militares argentinos, tiveram facilidade em tomar o controle da ilha, que tinha apenas uma pequena guarnição de soldados britânicos. No entanto a reação britânica e internacional foi esmagadoramente contra a Argentina. Esse foi o primeiro conflito durante a guerra-fria em que a URSS escolheu apenas agir como observadora, tendo o prazer, ou até mesmo a satisfação de ver os EUA se desdobrarem para apoiar dois aliados. No entanto o presidente americano, Reagan, na impossibilidade de se manter neutro, ofereceu apoio aos britânicos, tendo enviado para as águas das Malvinas, o Destroier USS Farragut. A partir de então, a URSS e até mesmo o governo castrista passaram a criticar publicamente os Estados Unidos por este abandono do mais fraco, e Fidel chegou inclusive a oferecer apoio bélico a junta militar argentina. Margaret Thatcher, Primeira-Ministra britânica, após diversas negociações diplomáticas intermediadas por Peru e Suíça, destacou em 30 de abril os Destroieres HMS Antrim, HMS Brilliant, HMS Antelope seguidos de submarinos nucleares para darem apoio tático ao HMS Endurance e a outros navios que rumavam para as Malvinas. Em 14 de junho, as ilhas retornam ao controle britânico e assim, começa a derrocada do regime militar argentino, que perdeu grande apoio popular com o fim do combate. 
HISTORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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