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UNIVERSIDADE PAULISTA Faculdade de Direito TRABALHO DE PRESCRIÇÃO PENAL – 2017/1 ATIVIDADE DO 5º/4º SEMESTRES ANDRÉ FRANCISCO DOS SANTOS Santos Maio/2017 TRABALHO DE PRESCRIÇÃO PENAL – 2017/1 ATIVIDADE DO 5º/4º SEMESTRES Trabalho de Prescrição Penal apresentado à Faculdade de Direito da Universidade Paulista – UNIP Santos como exigência parcial para obtenção da aprovação semestral do curso de bacharelado em Direito. 1- No dia 29/04/2011, Júlia, jovem de apenas 20 anos de idade, praticou um crime de lesão corporal leve (pena: de 03 meses a 01 ano) em face de sua rival na disputa pelo amor de Thiago. A representação foi devidamente ofertada pela vítima dentro do prazo de 06 meses, contudo a denúncia somente foi oferecida em 25/04/2014. Em 29/04/2014 foi recebida a denúncia em face de Júlia. Ocorreu a prescrição? Se ocorreu, qual a modalidade? Justifique. R.: Deverá ser reconhecida, incontinenti, a prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato. Por ser menor de 21 (vinte e um) anos na data do fato, o prazo prescricional é reduzido pela metade consoante a redação do art. 113 do Código Penal, de sorte que o Estado, no caso in tela, deveria ter recebido a denúncia na data máxima de 29/04/2013. Se o recebimento foi em 29/04/2014 já ocorreu a prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato. Assim, o crime cometido por Júlia possuía pena máxima em abstrato de 1 ano, o qual, segundo a tabela do art. 109, prescreveria em 4 anos. Porém, deve-se aplicar também a regra do art. 115. B 2- Felipe, menor de 21 anos de idade, no dia 10 de abril de 2009, foi preso em flagrante pela prática do crime de roubo. Foi solto no curso da instrução e acabou condenado em 08 de julho de 2010, nos termos do pedido inicial, ficando a pena acomodada em 04 anos de reclusão em regime fechado e multa de 10 dias. Qual será o lapso prescricional da prescrição executória das penas impostas? R.: Consoante o art. 109, IV a pena de 4 anos de reclusão prescreve em 8 anos. Sabendo-se que Felipe foi solto no curso da instrução e foi condenado em 08/07/2010 (pena acomodada em 4 anos de reclusão e 10 dias-multa) o lapso prescricional da Pretensão Executória será de 4 anos, pois, conforme o art. 115, CP são reduzidos pela metade o prazo prescricional quando o agente era, à data do fato, menor de 21 anos. Quanto à pena de multa - aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade- a prescrição opera no mesmo prazo prescricional da pena privativa de liberdade, ou seja, 4 anos, em respeito ao art. 114, II desse mesmo Diploma Legal. 3- Francisco foi condenado por homicídio simples, previsto no Art. 121 do Código Penal, devendo cumprir pena de seis anos de reclusão. A sentença penal condenatória transitou em julgado no dia 10 de agosto de 1984. Dias depois, Francisco foge para o interior do Estado, onde residia, ficando isolado num sítio. Após a fuga, as autoridades públicas nunca conseguiram capturá-lo. Francisco procura você como advogado (a) em 10 de janeiro de 2014. Analise se ocorreu a prescrição. R.: A pena de 6 anos de reclusão conforme previsão do art. 109, III, CP prescreve em 12 anos. A Prescrição da Pretensão Executória pressupõe a insatisfação estatal na execução da pena já imposta ao réu. Sabendo-se que o Trânsito em Julgado se operou em 10/08/1984 a prescrição da pretensão executória ocorreria em 12 anos após o trânsito em julgado (no máximo em 1996). Logo, quando Francisco vai à procura de um advogado em 10/01/2014 já ocorrera a Prescrição da Pretensão Executória. 4- Suponha que determinada sentença condenatória, com pena de dez anos de reclusão, imposta ao réu, tenha sido recebida em termo próprio, em cartório, pelo escrivão, em 13/8/2011 e publicada no órgão oficial em 17/8/2011, e que tenha sido o réu intimado, pessoalmente, em 20/8/2011, e a defensoria pública e o MP intimados, pessoalmente, em 19/8/2011. Em qual data ocorreu a interrupção do curso da prescrição? R.: Para fins de interrupção do curso do prazo prescricional deve-se considerar a data da publicação da sentença (art. 117, IV). Essa publicação não é considerada a data em que a sentença é colocada na imprensa oficial. O entendimento já uniforme é o de que a publicação da sentença ocorre quando o escrivão a recebe do Juiz, consubstanciado também no art. 389, CPP e art. 125, §5° do CPPM, independentemente de outras formalidades. Vale destacar que isso não se confunde com a intimação das partes. A propósito: EMENTA Habeas corpus. (...). Interrupção da prescrição pela publicação da sentença condenatória. Publicação e intimação da sentença de pronúncia (CPPM, art. 125, § 5º). 1. A publicação da sentença ocorre quando o escrivão a recebe do juiz (CPP, art. 389; CPPM, art. 125, § 5º, II), independentemente de qualquer outra formalidade. 2. A publicação da sentença prolatada por órgão colegiado da Justiça castrense se dá na própria sessão de julgamento, tal como previsto no art. 389 do CPP, e não se confunde com a intimação das partes, interrompendo a prescrição (CPM, art. 125, § 5º, II). Precedentes. 3. Habeas corpus deferido.1 (grifamos) Ademais, no caso apresentado na questão ocorreu a interrupção do prazo prescricional em 13/08/2011. 5- João, em 20 de maio de 2000, culposamente atirou em sua mulher que veio a falecer em 23 de maio de 2000. Em 23 de maio de 2004, o juiz recebeu a denúncia contra João. A sentença transitada em julgado condenou João à pena privativa de liberdade de 2 anos de detenção. Pergunta-se: a) quando se iniciou o cômputo da prescrição da pretensão punitiva propriamente dita? 1 STF - HC: 103686 RJ, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 07/08/2012, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 31-08-2012 PUBLIC 03-09-2012 b) no presente caso ocorreu a prescrição da pretensão punitiva propriamente dita? Justifique. R.: A) O crime se consumou em 23 de maio de 2000 o que sinaliza o termo inicial para cômputo do prazo prescricional (exceção à teoria da atividade estampada no art.4, CP). Em se tratando de Prescrição Pretensão Punitiva propriamente dita que é baseada na pena em abstrato, deve-se atentar ao homicídio culposo (art.121 §3º, CP), donde percebemos a pena máxima in abstract de 3 anos. Ademais, o início do cômputo da prescrição punitiva propriamente dita tem como termo inicial a data de 23/05/2000 por ser esta a data de consumação do crime. B) Não. Consoante o art. 109, IV, CP, prescreveria em 8 anos, pois a pena máxima em abstrato é de 3 anos. Logo, da data de consumação do crime até o recebimento da exordial acusatória (23/05/2004) não se ultrapassou 8 anos. 6- Qual a diferença entre causas de interrupção e causas de suspensão da prescrição? R.: A diferença consiste em dizer que a interrupção faz com que a contagem do prazo prescricional se reinicie sempre que houver uma das causas de interrupção. Em contrapartida a suspensão apenas pausa o prazo prescricional de modo que quando retorno a contagem desse prazo retorna-se de onde parou, já computando o período transcorrido antes do surgimento da causa suspensiva. 7- Por furto qualificado acontecido em 10 de janeiro de 2004, A e B foram processados (denúncia recebida em 03 de fevereiro de 2005), sobrevindo, em 24 de maio de 2006, sentença que condenou o primeiro às penas de 02 (dois) anos de reclusão e 10 dias-multa,sem recurso das partes. Quanto a B, menor de 21 anos à data do crime, o processo foi desmembrado para a instauração de incidente de insanidade mental que, ao final, o considerou plenamente imputável. B, então, foi condenado, pelo mesmo delito, às penas de 02 (dois) anos de reclusão e 10 dias-multa, por sentença publicada em 21 de março de 2007, que se tornou definitiva para as partes em abril do mesmo ano. Analise se ocorreu a prescrição. R.: Em se tratando de concurso de pessoas (agentes) há que se ter alguns cuidados, dentre eles mister destacar: a Sentença Penal Condenatória em face de um dos réus representa marco interruptivo da prescrição em relação aos demais coautores. Segundo a previsão expressa contida no artigo 117, §1º, o advento de Sentença Penal Condenatória em face de um dos autores do crime faz interromper o curso da prescrição em relação aos demais. A propósito, vejamos que comporta guarida pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça: PENAL. PRESCRIÇÃO E CONCURSO DE AGENTES. SENTENÇA CONDENATÓRIAIMPOSTA A UM DOS RÉUS. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL EM RELAÇÃOAOS DEMAIS. 1. A sentença penal recorrível interrompe o prazo prescricional para todos os réus, inclusive em relação àqueles que foram absolvidos. Precedentes desta Corte Superior. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.2 (grifamos) Logo, a sentença em relação à “A” foi proferida em 24/05/2006, portanto essa data interrompe o curso do prazo prescricional em relação à “B” (o prazo reiniciará para este), consoante a dicção do art. 117, §1º. Assim, malgrado “B” ser menor de 21 anos na data do evento criminoso (o prazo prescricional é reduzido pela conforme o art. 115, CP) e sobrevindo para si Sentença Penal Condenatória em 21/03/2007 fixando pena de 2 anos de reclusão e 10 dias multa, não ocorreu a Prescrição da Pretensão Punitiva Retroativa. Note que de 24/05/2006 a 21/03/2007 não se ultrapassaram os 2 anos do cálculo prescricional. 2 STJ - AgRg no REsp: 1134144 RS 2009/0140734-3, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 20/11/2012, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/11/2012
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