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AUXÍLIO DOENÇA MASCULINO 2014

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CARLOS NOGUEIRA ADVOCACIA
Dr. Raimundo Carlos Nogueira Almeida
EXCELENTíSSIMO SENHOR DOUTOR Juiz FEDERAL do juizado especial civel federal da subseção judiciária de SOBRAL-CE
		ANTONIO DOMINGOS CAMILO, brasileiro, convive em união estável, pescador, CPF: 659.018.863-72 e RG: 758028-84 SSP/CE, residente e domiciliado na RR Praia Nova, n. 00001, Barroquinha no Município de Camocim - CE, vem respeitosamente, por intermédio de seu advogado in fine assinado, conforme instrumento procuratório em anexo, com escritório profissional localizado na Rua Barroso nº1135, Bairro: Centro/Norte, Teresina-PI, contatos: (86) 3303-7634 * (86) 3218-1698); e-mail: carlosnogueiraadvocacia@hotmail.com, onde receberá as notificações e intimações de praxe, perante Vossa Excelência propor ação previdenciária de: 
CONCESSÃO DE AUXÍLIO DOENÇA C/C TUTELA ANTECIPADA
 
em face do Instituto Nacional do Seguro Social - (INSS),na pessoa de seu representante legal, com endereço na Rua da Independência, S/N, Bairro: Centro, Município de Camocim - CE, pelas razões de fato e direito a seguir expostas: 
dos fatos
A parte autora, após tomar conhecimento da possibilidade de requerimento de benefício de AUXÍLIO DOENÇA e reunindo os requisitos para concessão do citado benefício, dirigiu-se a agencia da Previdência Social - INSS Camocim e protocolou requerimento administrativo na Instituição Ré. 
A parte autora teve seu benefício negado com a justificativa de que não teria comprovado a incapacidade para o trabalho, de acordo com perícia médica realizada pelo INSS. 
Indignado com tal situação, o autor procurou o patrono para acessar a via judicial objetivando ter o seu direito reconhecido por este juízo.
O autor afirma que há muito mais de 20 anos, pelo menos desde 1983, data citada em sua carteira da SEAP, como data de seu registro como pescador, trabalha como pescador para garantir a subsistência de sua família, 
O autor requer a concessão do benefício de auxílio doença, NB: 603.941.434-4 com D.E.R: 01/11/2013, sendo portador da doença CID 10 S 31.8 – Ferimento de outras partes e de partes não especificadas do abdômen; CID 10 K 25.1 – Úlcera gástrica aguda com perfuração, conforme ATESTADOS MÉDICOS e demais documentos anexos. 
Os documentos anexados ao procedimento administrativo estão em poder da Autarquia Ré, por este motivo, requer ainda a apresentação pela Ré dos documentos completos do processo administrativo da autora, assim como apresentação de justificativa detalhada acerca do indeferimento expedido pela Ré.
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 
Para fazer jus ao benefício requerido, mister se faz apresentar um INÍCIO de prova material, para que possa ser confirmado pelo depoimento do autor, depoimento das testemunhas e demais provas que possam ser produzidas em oportunidade de audiência de instrução e julgamento.
Importante ressaltar que, quando a jurisprudência se manifesta acerca da impossibilidade de comprovação de tempo rural, assim como da própria qualidade de segurado especial do autor, exclusivamente com prova testemunhal e impõe a existência de um início de prova material, não significa dizer que deve imprescindivelmente, como quer o INSS, existir documentação que comprove ano após ano ininterrupto de labuto rural, visto que, é patente a dificuldade dos segurados especiais em angariar provas.
Um início, ou seja, uma prova sumária, mínima, pode proporcionar ao Juiz alguma segurança no sentido de que o Autor alguma época em sua vida já foi campesino, a fim de dar alguma garantia material ao Magistrado.
Contudo, administrativamente a autarquia Ré tem considerado que o segurado deve apresentar farta lista de documentos relativos a todos os anos em que o autor declara possuir a qualidade de segurado especial, fato esse que é usualmente rechaçado pelos Magistrados que entendem serenamente que a profissão do rurícola ou trabalhador rural traz, em sua essência, já o aspecto de continuidade e não eventualidade. É o que ensina os doutrinadores DANIEL MACHADO DA ROCHA e JOSÉ PAULO BALTAZAR JÚNIOR, no Livro "Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social", pag. 289:
“Deverá ser observado o disposto no §3º do art. 55, ou seja, a existência de indício material. A jurisprudência vem relativizando exigência administrativa no sentido de que deverá existir um documento por ano de serviço a ser contado. Tal entendimento merece aplausos, uma vez que é pouco provável que o segurado exerça, alternadamente, atividades no campo e na cidade. Usualmente, aquele que migra para a cidade não retorna para a área rural, ressalvadas situações específicas...”
Nesse sentido o entendimento doutrinário e jurisprudencial entende da forma seguinte:
A qualificação de agricultor em atos de registro civil constitui início de prova material do exercício de atividade rural. A DESCONTINUIDADE DA PROVA DOCUMENTAL NÃO IMPEDE O RECONHECIMENTO DE TODO PERÍODO DE TEMPO DE SERVIÇO RURAL POSTULADO, UMA VEZ QUE A DECLARAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO RURAL ENVOLVE MAIS DO QUE O RECONHECIMENTO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA, O RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE LAVRADOR, NA QUAL ESTÁ INTRÍNSECA A IDÉIA DE CONTINUIDADE E NÃO A DE EVENTUALIDADE. Não há necessidade de comprovação do trabalho rural mês a mês, ou ano a ano, bastando que o conjunto probatório permita ao Julgador formar convicção acerca da efetiva prestação laboral rurícola.”
	Vale ressaltar que os documentos exigidos pela Autarquia Ré servem de prova para a concessão do benefício requerido, porém, NÃO SOMENTE ESTES DOCUMENTOS SERVEM DE PROVA. Em vários casos, o segurado especial não possui a documentação exigida pelo simples fato de que é uma pessoa de poucos conhecimentos e não angariou provas durante o seu período de carência. 
O segurado especial é cidadão geralmente analfabeto ou semianalfabeto e consequentemente pessoa que não detém os conhecimentos necessários para perceber que no futuro, quando precisar de um benefício do governo, terá que possuir um acervo de documentos e provas para que lhe seja concedido o benefício requerido.
É no mínimo desarrazoada a decisão de exigir do segurado especial todos os documentos que a CARTA DE EXIGÊNCIAS DO INSS declina. A prova da qualidade de segurado especial se completa em um conjunto: a história de vida do autor, seus documentos, a renda mensal, os bens que possui, o depoimento de suas testemunhas e os vínculos empregatícios que possuiu ou NÃO possuiu.
Lembramos que a parte autora não é obrigada a apresentar documentos que se encontram em poder da Ré. De acordo com o artigo 11 da Lei 10.259/2001 quem deve apresentar todos os documentos necessários para a elucidação da lide:
“Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de que disponha para o esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação”.
Reforçamos ainda que a Constituição Federal, em seu artigo 8º dispõe que ninguém é obrigado a filiar-se a sindicato. Assim, segurado especial não é obrigado a fazer prova com associação com colônias e sindicatos. Vejamos: 
“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
[...]
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato”.
Para o fim que se destina, apenas é necessário o início de prova material. Desse modo, não há qualquer óbice à utilização da prova testemunhal para complementar o acervo probatório constituído por uma ou mais provas materiais. Esta prova somente será produzida em ocasião de audiência de instrução e julgamento, momento em que a autora poderá acrescentar provas, produzindo-as para completar a sua defesa.
O entendimento da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais dispõe sobre as dificuldades dos segurados especiais em reunir indícios de provas materiais e flexibiliza esta exigência, sem excluí-la. Vejamos: 
“Súmula n. 14/TNU – Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o períodoequivalente à carência do benefício.”
 O início de prova material não precisa, necessariamente, referir-se à pessoa do segurado, podendo se relacionar a terceiro, membro ou não do grupo familiar.
Em síntese acima exposta, verifica-se que a jurisprudência tem a percepção da dificuldade de o segurado especial produzir provas materiais de sua atividade rural e, por isso, flexibiliza as exigências e o rol de documentos exigidos.
Desta forma, a jurisprudência se aplica não somente aos casos de aposentadoria rural, mas também a todo e qualquer processo que se exija do requerente a comprovação da qualidade de segurado especial ou o cumprimento do seu período de carência.
Além dos meios de prova já citados, no caso em tela existe uma prova específica que é de extrema importância para a comprovação da incapacidade do autor: A PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL, que deverá ser realizada por perito médico competente.
Devemos atentar também, para os demais dispositivos legais que norteiam a matéria em questão: 
Constituição Federal de 1988, Leis Nº 8.212 de 24/07/91, Nº 8.213 de 24/07/91, Nº 10.259 de 12/07/01, Nº 10.741 de 01/10/03, Nº 8.742 de 07/12/93, Nº 9.099 de 26/08/95; Decreto Nº 3.048 de 06/05/99; CPC; Artigo 840 da CLT; §1º do Artigo 27 da Lei Nº 10.833 de 29/12/2003 e ainda Súmulas 37, 148 e 149 do STJ, bem como outras legislações pertinentes. 
Ad cautelam, a jurisprudência orienta com fundamento de que a própria Carta Magna prevê esta hipótese e, coerentemente, se ela faz menção tácita a esta situação, não podemos contrariá-la ou interpretá-la de forma distorcida. Nesse caso como não foi concedido o benefício requerido administrativamente, a parte autora não teve outra alternativa senão acionar o Poder Judiciário. E agora, nada mais importante e aplicável a lição do mestre PLANIOL:
"Os juízes, oriundos do povo, devem ficar do lado dele, e ter inteligência e coração atentos aos seus interesses e necessidades. A atividade dos pretórios não é meramente intelectual e abstrata; deve ter um cunho prático e humano; revelar existência de bons sentimentos, tato, conhecimento exato das realidades duras da vida".
Por fim, MM Juiz, existe também o lado social que busca a proteção da justiça, favorável ao Autor, que confia e espera da justiça uma decisão justa e humana. Para tanto, assim espera pelo provimento do pedido, em todos os seus termos, por ser uma questão de JUSTIÇA!
Do pedido
Diante do exposto, requer:
a) A total procedência da ação, com a concessão do benefício de auxílio doença, sem a incidência do imposto de renda retido na fonte;
b) O deferimento do pedido de antecipação de tutela;
c) A condenação do INSS ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde a data de entrada do requerimento administrativo em 60 salários mínimos, e renuncia o excedente como manda a Lei.
d) A condenação do INSS ao pagamento dos honorários sucumbenciais;
e) A citação do INSS por meio de seu representante legal, com a apresentação do processo original em audiência. 
f) Intimação do Ministério Público Federal, como fiscal da lei ou como parte. 
g) A concessão do benefício da Justiça Gratuita na forma da Lei 1.060/50 por ser o autor hipossuficiente financeiramente.
 Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em Direito, especialmente provas documentais e testemunhais.
Dá-se a causa o valor de R$500,00 (Quinhentos reais) para efeitos fiscais.
Nestes Termos
Pede deferimento.
Uruoca, 11 de Fevereiro de 2014.
Rua Barroso, Nº1135; Bairro: Centro/Norte
Telefone: (86) 3218-1698 * (86) 3303-7634 Teresina – PI
carlosnogueiraadvocacia@hotmail.com

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