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MARKETING DE VAREJO AULA 5 Profa. Adriane Werner 2 CONVERSA INICIAL Olá! Estamos iniciando nossa quinta Rota de Aprendizagem da disciplina de Marketing de varejo. Nosso foco principal nesta etapa é conhecer os diferentes tipos de varejo e compreender que, em cada momento da economia e da sociedade, a demanda do mercado se comporta de uma maneira – além de estudarmos quais as melhores formas de agir em cada uma das situações apresentadas. Vamos estudar ainda mais algumas características marcantes do chamado “neoconsumidor” – cada vez mais exigente e com fácil acesso à informação – e como podemos atender às suas exigências para aquecer nosso mercado. Nesta aula, você vai encontrar os seguintes temas: Tipos de varejo existentes; Demandas do varejo; “Neoconsumidores”; Como atender consumidores cada vez mais exigentes; As estratégias para cada caso; Novos hábitos culturais dos consumidores na comunicação mercadológica. Bom estudo! CONTEXTUALIZANDO O varejo vem se desenvolvendo de forma acentuada e se tornando cada vez mais complexo, de modo que, para que este possa ser compreendido em suas mais diversas nuances, convém estratificá-lo em diferentes tipos de atuação. Por isso, nesta rota vamos trabalhar com conceitos de diferentes tipos de varejo, como as lojas independentes, as franquias, as lojas de departamentos alugados, os sistemas verticais de marketing, as lojas de produtos alimentícios, as de não alimentícios, as de serviços, entre outras. O marketing tem buscado cada vez mais formas de fazer com que a empresa possa interagir mais com o público. As estratégias que permitem contato direto com o consumidor são chamadas de marketing direto. Fazem 3 parte das ações de marketing direto as correspondências pessoalmente dirigidas (mala-direta), o e-mail marketing, as ações de telemarketing, a distribuição de brindes etc. Dentre as mais diversas formas de se disponibilizar produtos e serviços para o consumidor, uma modalidade que tem chamado a atenção é a das máquinas de vendas. Realidade há décadas em alguns países, no Brasil as máquinas de vendas ainda têm muito potencial para crescimento. Da mesma forma, o potencial também é grande para as vendas virtuais, que têm avançado bastante nos últimos anos. Ainda nesta aula, vamos analisar os seguintes tipos de demandas existentes no varejo: Demanda negativa – quando uma parcela significativa do mercado rejeita ou evita determinado produto; Demanda latente – quando há público à espera e na expectativa da chegada de determinado produto ao mercado; Demanda inexistente – quando não há procura por determinado produto; Demanda declinante – quando é perceptível a queda na procura pelo produto; Demanda irregular – quando há sazonalidade ou outras formas de mudança nos ciclos de procura pelo produto; Demanda plena – quando há público certo para destinação de toda a produção de determinado produto; Demanda excessiva – quando a procura é maior que a capacidade de produção; Demanda indesejada –quando há campanhas de desincentivo ao consumo de determinados produtos, como é o caso de cigarros e bebidas alcoólicas. Por fim, iremos analisar o perfil dos novos consumidores, altamente influenciados pelo desenvolvimento tecnológico e as novas formas de relacionamento com a tecnologia – por exemplo, as mudanças no consumo com o advento das redes sociais. Com mais acesso à informação, o consumidor tem estado cada vez mais consciente de seus direitos e cada vez mais exigente em relação à qualidade do que consome. 4 Pesquise Para iniciar nossos estudos nesta Rota de Aprendizagem, sugerimos uma pesquisa a respeito de como desenvolver o marketing orientado para o varejo. Apresentamos o estudo desenvolvido para o Curso de Pós-Graduação de Marketing Estratégico do ITPAC, intitulado O Marketing e sua importância para o varejo. Os autores salientam que o objetivo com as ações de marketing deve ser o de identificar, compreender e satisfazer as necessidades e desejos do cliente. Eles sugerem ainda que é importante reconhecer que o consumidor tem sido influenciado por diversos fatores que determinam seu poder de compra e interferem em suas preferências e decisões. Destacam ainda que, no varejo, é importante captar informações e saber usá-las para apresentar soluções de acordo com o que os clientes desejam e necessitam. Os autores analisam fatores decisivos para a competitividade do varejista, pela ótica do marketing. O material está disponível em <http://www.itpac.br/arquivos/Revista/41/4.pdf>. TEMA 1 – TIPOS DE VAREJO – INSTITUIÇÕES VAREJISTAS Ao longo do tempo o varejo vem passando por inúmeras transformações e apresentando diferentes formas de disponibilizar produtos e serviços ao consumidor final. Assim, multiplicam-se os formatos e há sempre novas formas de comercialização. Por isso, torna-se necessário classificar os diferentes formatos de apresentação do varejo, como formas de compreender melhor o funcionamento de cada tipo. As instituições varejistas podem, portanto, ser classificadas de diversas formas. Em relação à propriedade, reconhece-se que há instituições com e outras sem lojas. As instituições com lojas são as tradicionais conhecidas do varejo. As sem loja são as que investem em vendedoras de porta-em-porta, vendas pela internet, por catálogo ou por correspondência, por exemplo. Ainda em relação à propriedade, consideram-se outros formatos, como as lojas independentes, as redes, as franquias e os departamentos alugados. As lojas independentes são aquelas lojas avulsas, em que o nome, logotipo, comunicação visual e registro no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) devem apontar para um único empreendimento. As redes de lojas, como o próprio nome sugere, são conjuntos de estabelecimentos comerciais espalhados em uma cidade, ou em cidades diferentes, todas com o mesmo nome e identidade visual, remetendo a um 5 mesmo negócio. São exemplos de redes varejistas grandes lojas de artigos esportivos, como Centauro e Decathlon; moda, como C&A, Renner e Riachuelo; supermercados, como BIG, Extra, Carrefour, dentre outros, e em outras áreas. Franquias também são redes de lojas, mas com diferenças importantes. O franqueador é o detentor da marca e determina as principais características que cada loja deverá ter. Cada franqueado é uma empresa diferente, mas que mantém com o franqueador relações de compromisso: a depender do formato da franquia, deve obedecer a regras impostas pelo franqueador, como seguir o mesmo padrão visual, a mesma política de preços, as mesmas campanhas publicitárias, além de pagar a ele taxas administrativas e de publicidade, entre outras obrigações. O formato de departamentos alugados é crescente no Brasil e também é realidade em outros países. Trata-se de estabelecimentos comerciais que reúnem em um mesmo local empresas que atuam em diferentes áreas – muitas vezes áreas correlatas ou muito próximas – e que, aos olhos do consumidor, parecem formar uma unidade, como uma única grande empresa. Exemplos disso são os quiosques e lojas satélites em supermercados. Chama-se sistema vertical de marketing o composto que reúne todos os membros de um mesmo canal sob uma mesma direção. Esta modalidade tem por objetivo reduzir desperdícios e manter um mesmo direcionamento alinhado, determinado pelo líder do sistema. Esse alinhamento ocorre em toda a gestão, inclusive nas decisões de marketing.As instituições varejistas com lojas, que podem se estabelecer em todos os formatos citados acima, podem ser do segmento alimentício ou não alimentício, ou ainda do setor de serviços. Já as instituições varejistas sem lojas podem atuar por meio do marketing direto ou com vendedores autônomos (ou até mesmo funcionários) que façam vendas diretas. O varejo virtual também muitas vezes é gerido por uma instituição sem loja física. As máquinas de vendas, cujo formato já citamos como sendo de alto potencial de crescimento, não são exatamente lojas físicas conforme a descrição convencional, mas são pequenos espaços físicos que despertam a curiosidade e facilitam o acesso ao consumo pelos potenciais clientes. São muito utilizadas para a venda de produtos de alto giro, como cigarros, refrigerantes, brinquedos e até flores e pães. 6 Saiba mais Para conhecer mais profundamente as divisões nos formatos de varejo que citamos aqui, sugerimos a leitura do artigo acadêmico intitulado “Marketing de varejo e negociação”, de autoria de Cláudia Ferretto Palladino. A autora destaca o quanto a gestão do varejo, de modo geral, tem se aprimorado. O grande amadurecimento, segundo a autora, se deu nos anos 1990. O texto na integra está disponível em <http://www.unipvirtual.com.br/material/2011/tecnologico/mkt_varejo_neg/uni d_1.pdf>. TEMA 2 – TIPOS DE VAREJO – DETALHAMENTO Instituições independentes As instituições varejistas independentes, conforme já adiantamos, são aquelas compostas por uma única loja. Na maioria das vezes, são empresas de pequeno porte e com baixo poder de barganha junto aos fornecedores. Essas empresas são, normalmente, de administração familiar, e formam a imagem geral do comércio brasileiro: são as lojas “avulsas” que encontramos nas ruas, nos shoppings e nos centros comerciais. As empresas de pequeno porte são os maiores empregadores do país. Segundo dados de 2015 da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, as empresas de pequeno porte são responsáveis por 84% dos empregos gerados no Brasil. De acordo com o Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o país tem cerca de 9 milhões de empresas desse porte, que respondem por mais um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) nacional (27%), ou seja, mais de R$ 600 bilhões (dados de 2011). Redes varejistas As redes varejistas são aquelas que possuem mais de uma loja sob a mesma direção. Normalmente são empresas de porte médio e grande, com maior poder de barganha junto aos fornecedores – e, por isso, muitas vezes têm preços mais competitivos no mercado, pois podem vender mais barato do que as lojas independentes. Essas empresas têm maior complexidade do que as lojas independentes, por isso sua gestão é mais complexa. Assim, exigem sistemas computadorizados para seus controles de estoque, compras e vendas. Quanto maior a rede, maior sua complexidade, mas também é mais forte seu poder no mercado. Por isso, é comum que grandes redes exerçam pressão 7 sobre seus fornecedores, exigindo maiores descontos. Nas relações entre grandes indústrias e grandes redes varejistas, uma prática informal é bastante difundida: a conhecida “lei do mais forte”. Enquanto grandes indústrias fazem exigências para aceitar vender para pequenas empresas – impondo condições de pagamento e até mesmo quantidades mínimas por pedido, grandes redes varejistas também exercem essa mesma pressão sobre as indústrias – exigindo altas margens de desconto, bonificações e até mercadorias de graça, especialmente quando há lançamento de novos produtos no mercado. Esta prática informal tem, no mercado, o apelido de enxoval – por exemplo, quando uma rede vai abrir uma nova loja, muitas vezes exige dos fornecedores um primeiro lote de mercadorias a custo zero. Nesse relacionamento, tudo é negociado entre fornecedor e rede de supermercados, como o local de exposição dos produtos. Cada vez mais, as lojas têm disponibilizado espaços para quiosques internos, degustação e distribuição de brindes, placas e cartazes de propaganda, e até mesmo os locais de exposição dos produtos são negociados financeiramente. Pontas de gôndolas, por exemplo, são espaços nobres dentro de supermercados e redes de farmácias. São exemplos de redes varejistas grandes redes de supermercados, como os multinacionais Walmart e Carrefour, os nacionais Pão de Açúcar, Condor, Muffato, entre tantos outros; e também redes de lojas de departamento, como Ponto Frio, Magazine Luiza, Ricardo Eletro etc.; lojas de artigos esportivos, como Decathlon e Centauro; farmácias e tantas outras. Franquias Nas franquias, o relacionamento entre franqueado e franqueador é uma relação de troca: o franqueador repassa seu nome e know-how e o franqueado se compromete a trabalhar exclusivamente com os produtos da franquia. O sistema de franquias ainda é relativamente novo no Brasil. As primeiras franquias foram da escola de idiomas Yázigi, nos anos 1960. A partir dos anos 1980, o sistema se fortaleceu e passou a ter regras mais claras no país. (FERREIRA JUNIOR, 2014) O sistema de franquias apresenta vantagens para o franqueado e para o franqueador. O franqueado muitas vezes precisa ter um investimento inicial alto, mas entra no negócio com a segurança de investir em uma marca já conhecida e respeitada no mercado. Para o franqueador, é a expansão do seu negócio. As 8 regras variam de empresa para empresa, contudo, no geral, o franqueador cede ao franqueado o direito de usar sua marca, identidade visual, campanhas publicitárias e comercializar seus produtos e, em troca, o franqueado paga, além do investimento inicial, royalties mensais ao franqueador. São exemplos de franquias algumas empresas multinacionais, como Mc Donald’s, Subway e Burger King, e também nacionais, como O Boticário, Igui Piscinas (uma das mais internacionalizadas do país), Localiza (aluguel de veículos), Dudalina (roupas), entre outras. Departamentos alugados Como o próprio nome sugere, departamentos alugados são espaços locados dentro de uma empresa para o funcionamento de outro empreendimento. É o caso das lojas-satélite em supermercados, seja em pequenos quiosques para chaveiros, venda de miudezas como acessórios, bijuterias e outros objetos, seja em lojas propriamente ditas, como lanchonetes, cafés, lojas de calçados e outros comércios. Leitura obrigatória Para aprofundar os estudos a respeito dos tipos de instituições varejistas, recomendamos a leitura do artigo “Franquia”, de autoria de André Carvalho da Silva. O autor faz um apanhado histórico do desenvolvimento do chamado Franchising no mundo e explica o funcionamento dos estabelecimentos comerciais que optam por esta forma de comércio. O texto está disponível em <http://www.zemoleza.com.br/trabalho-academico/humanas/administracao/franquia/>. TEMA 3 – FORMAÇÃO DE CONGLOMERADOS E OUTROS TIPOS DE VAREJO Sistema vertical de marketing Quanto mais o Capitalismo se desenvolve como sistema, mais visibilidade ganham as empresas de grande porte. Um fenômeno bastante significativo nas últimas décadas são as fusões e aquisições, que proporcionam o surgimento de grandes corporações e conglomerados. Empresas adquirem concorrentes e se tornam maiores; outras compram seus próprios fornecedores; outras ainda adquirem as marcas que até então eram suas clientes, e assim vão se formando conglomerados. Algumas dessas corporações são formadas por empresas de 9 diversas áreas, sob um mesmo grupo gestor. Outras vão formando uma cadeia de empresas de uma mesma área, geridas também pelo mesmo grupo.Assim, o sistema de marketing vertical é o formato corporativo em que uma instituição passa a ser dona de outras de sua cadeia de distribuição. Muitas vezes, a indústria, o atacadista e o varejista são ligados a um mesmo grupo no processo de produção e distribuição. “Esse sistema de negócios visa alcançar uma maior e melhor eficiência e sua ação está focada na economia de escala” (FERREIRA JUNIOR, 2014). Um exemplo típico são as fábricas franqueadas da Coca-Cola – todo o processo de fabricação, distribuição e comunicação é uniformizado, fortalecendo a marca no mercado. A união de pequenos varejistas em cooperativas também é um exemplo de sistema vertical de marketing. As empresas se unem e passam a tomar decisões conjuntas, desenvolvendo maior poder de barganha – que permite comprar maiores quantidades a preços mais competitivos – e muitas vezes uniformizando também suas marcas e sua comunicação. Outros tipos de varejo Varejo alimentício O segmento do varejo alimentício é formado por uma ampla gama de comércios, como bares, mercearias, panificadoras, minimercados, lanchonetes, quiosques de rua que vendem sanduíches, lojas de conveniência e outros. Esses estabelecimentos têm como traço em comum o fato de comercializarem alimentos, sejam prontos para o consumo ou não, refrigerados, congelados ou aquecidos. São empresas regidas por regras rígidas e fiscalização rigorosa, pois estão intimamente ligadas à saúde da população. Serviços e órgãos governamentais como Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, além de outras entidades de controle e fiscalização são responsáveis por acompanhar e certificar a qualidade dos alimentos disponibilizados para o consumo. Varejo não alimentício Já os estabelecimentos que compõem o chamado varejo não alimentício são as empresas dos mais variados segmentos, como lojas de departamentos, 10 boutiques, objetos de decoração, concessionárias de automóveis, autopeças, comércios de eletrônicos e tantos outros. Varejo de serviços O varejo de serviços é composto por estabelecimentos em que os consumidores adquirem os serviços disponibilizados. Alguns exemplos: clínicas e consultórios médicos e odontológicos, laboratórios de análises clínicas, escolas etc. Saiba mais Sobre a importância da fiscalização dos estabelecimentos do varejo alimentício, sugerimos a leitura da reportagem “Quem fiscaliza o quê na cadeia de produção de alimentos”, de autoria de Andrea Freitas, para o jornal O Globo. No texto, a repórter explica todo o processo de certificação e fiscalização do setor, destacando os mais diversos atores da cadeia de produção de alimentos. Cada órgão e cada profissional desempenha um tipo de papel no contexto da fiscalização e acompanhamento. A reportagem destaca situações e casos de falta de fiscalização e registro, alguns por desinformação, outros por má fé e outros ainda por falta de estrutura dos órgãos responsáveis pelo acompanhamento. Na reportagem, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov), por exemplo, destaca que todo o processo necessita de responsabilidade coletiva: indústria, transportadores, engenheiros agrônomos e órgãos de fiscalização. Cada tipo de produto é fiscalizado e monitorado por diferentes órgãos e entidades. A autora destaca também a importância do papel de orientação e educação desempenhado por esses órgãos, que devem, além de fiscalizar, informar produtores e comerciantes do setor. A reportagem está disponível em <http://oglobo.globo.com/economia/defesa- do-consumidor/quem-fiscaliza-que-na-cadeia-de-producao-de-alimentos- 8605592>. 11 TEMA 4 – NOVAS FORMAS DE ACESSO AO VAREJO Com o desenvolvimento tecnológico acelerado e o advento de novas formas de comunicação, novas formas de varejo vêm surgindo. Atualmente, as vendas por meio da internet, com lojas virtuais e o uso das redes sociais, vêm ganhando cada vez mais espaço. Na verdade, desde o início das relações comerciais e o nascimento dos estabelecimentos próprios para a prática comercial, sempre houve formas alternativas para promover a aproximação entre o consumidor e o comerciante. Exemplos disso são as tão antigas formas de contato das vendas de porta-em- porta e as vendas por catálogo, que continuam tão fortes quanto sempre foram. Marketing direto Dentre as novas formas de acesso ao varejo, destacam-se as ações de marketing direto. Essas ações visam contatar diretamente o consumidor e conhecê-lo em suas particularidades. É também conhecido como marketing one to one, pois busca exatamente se comunicar individualmente com cada consumidor ou potencial cliente. O objetivo é promover o marketing de relacionamento, em oposição ao tradicional marketing de produto, que salientava de forma maciça as qualidades do produto, voltada ao público indistinto. Com o marketing direto e o marketing de relacionamento, a ideia é conversar individualmente com cada cliente, em sua própria linguagem. Para isso, é preciso conhecer a fundo seus hábitos de vida e seu perfil consumidor. Essa aproximação por meio do contato direto permite maior interação com o consumidor: ao passo que o marketing tradicional fazia um monólogo em propagandas impostas ao grande público, o marketing direto se propõe a interagir e conversar, ouvindo também o que o cliente tem a dizer. Alguns exemplos de marketing direto são vistos com frequência cada vez maior em nossos dias – e a tecnologia vem se desenvolvendo exponencialmente nesse sentido. Receber uma correspondência impressa de um banco com seu nome na propaganda, ou mesmo folhear uma revista e ver seu nome impresso nas páginas internas, em uma propaganda que outrora era direcionada ao grande público, são exemplos típicos. Nas redes sociais, então, isso é ainda mais comum. Serviços especializados em desenvolvimento de algoritmos fazem com que o consumidor seja “reconhecido” – e, assim, publicidade altamente direcionada é encaminhada a cada um. Se você pesquisa um produto na 12 internet, passa a receber dezenas de peças publicitárias sobre aquele produto. Se faz costumeiramente o mesmo caminho, passa a ser avisado pelo celular sobre as condições de trânsito em seu trajeto. Se conversa pessoalmente com alguém, logo recebe a sugestão de adicionar a pessoa às suas redes sociais. O monitoramento de todas as suas ações tem profundos objetivos comerciais – de fazer chegar a você, rápida e facilmente, produtos ou serviços que você tenha demonstrado interesse em adquirir. O risco de tanto monitoramento é o fato de que essas tecnologias têm se tornado cada vez mais invasivas, fazendo com que os consumidores se sintam vigiados o tempo todo. Vendas diretas Outra forma atual de acesso ao varejo são as chamadas vendas diretas, em que o vendedor é quem vai ao encontro do comprador. São as conhecidas vendas de porta-em-porta. A forma mais conhecida de vendas diretas são as famosas “sacoleiras”, vendedoras informais que adquirem produtos e saem às vendas – modalidade que cresce de forma exponencial em tempos de crise econômica como a atual. Tradicionalmente, esta é a modalidade de comércio comum para produtos como cosméticos, roupas e acessórios. Historicamente, este tipo de venda foi introduzido com a venda de enciclopédias. As primeiras vendas diretas de que se tem notícia foram registradas nos Estados Unidos, no final do século XVIII, na comercialização da famosa Enciclopédia Britânica. Revendedores de produtos como Yakult, Avon, Natura e Tupperware nesta modalidade são comuns ainda hoje. Máquinas de vendasAs chamadas vending machines são sensação em diversas partes do mundo, apesar de ainda tímidas no Brasil. As máquinas de vendas dispensam a figura do vendedor e disponibilizam os produtos automaticamente, mediante pagamento. Há máquinas de vendas para café, refrigerantes, salgadinhos e outros produtos, como brinquedos. Considera-se que o potencial de crescimento para as máquinas de vendas no Brasil seja bastante grande para os próximos anos. Nas últimas décadas o crescimento já foi significativo (FERREIRA JUNIOR, 2014). 13 Varejo virtual ou eletrônico Outro modo crescente de acesso ao varejo é por meio das vendas eletrônicas, especialmente via internet. A evolução desse tipo de comércio foi de grande expressividade nos últimos anos. Na década entre 2001 e 2011, o crescimento registrado foi de 2.732% (FERREIRA JUNIOR, 2014). Entre os motivos apontados para tanto crescimento está o aumento da confiança do consumidor nesse tipo de comércio, visto que, nos primórdios da internet, o consumidor muitas vezes se sentia inseguro ao adquirir produtos pela rede mundial de computadores. Muitas compras malsucedidas nos primeiros anos de popularização da internet, com produtos que não foram entregues, que vinham com defeito e que não foram trocados ou outros problemas que não foram resolvidos, fizeram com que houvesse uma retração nesse tipo de comércio. Passado aquele primeiro momento, mecanismos de proteção do consumidor se desenvolveram, como sites de informação em que é possível reclamar e o próprio desenvolvimento das redes sociais, que dá maior poder de comunicação a todo cidadão, fizeram com que novamente crescesse a confiança do consumidor. Outro motivo que levou ao crescimento das vendas eletrônicas no Brasil foi o fortalecimento do Código de Defesa do Consumidor, que aumenta as obrigações das empresas em relação a entregar o que prometem. A própria evolução dos sistemas de logística – dos Correios e de empresas privadas – tem feito com que os produtos cheguem mais rapidamente às mãos do consumidor, aumentando também a confiança do consumidor. Por fim, a popularização da internet também promove maior confiança, pois, com mais pessoas acessando e comprando pela rede, as relações comerciais também caminharam para maior amadurecimento. Saiba mais Para promover maior reflexão sobre as vendas pela internet, recomendamos a leitura do trabalho de conclusão de curso intitulado E-commerce: o melhor caminho no mercado atual, de autoria de André Ribeiro do Nascimento, Bruna Ferreira da Silva e Gisele Gomes dos Santos, do Centro Universitário Eurípedes Soares da Rocha, de Marília (SP). Para os autores, a internet trouxe profunda mudança nos costumes, inclusive nas relações comerciais. Com isso, as ações de marketing também precisaram 14 ser adaptadas à nova realidade, salientando a importância do foco no cliente. “O foco no relacionamento com o cliente passou a ser a garantia da entrega do produto, fortalecendo a área de logística que no mercado virtual é a certeza do sucesso” (Nascimento et al, 2009). O texto está disponível em: <http://aberto.univem.edu.br/bitstream/handle/11077/496/E- commerce%3A%20O%20Melhor%20Caminho%20no%20Mercado%20Atual. pdf?sequence=1>. TEMA 5 – NOVOS HÁBITOS CULTURAIS Que o advento da internet provocou uma verdadeira revolução nos costumes, não é novidade. Essas mudanças ocorreram e continuam a ocorrer nas mais diversas áreas de convivência entre as pessoas, inclusive nas relações comerciais. O consumidor tem papel cada vez mais decisivo e forte ao se relacionar com empresas, adquirindo produtos ou serviços. Assim, ele tem sido mais exigente e consciente de seus direitos. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, tem mais acesso à informação, pode pesquisar mais facilmente, comparar qualidade e preços e, desta maneira, pode fazer suas compras de forma mais segura. Além disso, quando ocorrem problemas, sabe como e onde reclamar para fazer valer seus direitos. Nesse cenário, um fenômeno curioso tem se fortalecido: a tendência de negociação direta entre as pessoas, sem intermediação de empresas. Nas redes sociais proliferam as negociações diretas, as trocas, leilões informais e vendas de produtos usados e novos. Convencionou-se chamar essa mudança de comportamento de groundswell, que é o resultado da somatória de pelo menos três fatores: pessoas, tecnologia e aspectos financeiros. As empresas precisam estar atentas a essa mudança de comportamento. Reconhecer as mudanças e agir de acordo com os novos perfis de consumidores é fundamental para que se possa reconhecer e desenvolver novas formas de relacionamento com esse consumidor. Algumas empresas têm se destacado exatamente por terem reconhecido essas novas formas de negociação e agido ao encontro dos novos costumes. Entre os exemplos, podemos destacar os sites que promovem trocas e vendas de produtos entre consumidores, como Ebay, OLX, dentre outros. 15 Tipos de demandas existentes no varejo Além de saber agir de acordo com as mudanças no comportamento dos consumidores, as empresas devem também estar preparadas para reconhecer o tipo de demanda existente para os produtos e serviços que disponibilizam no mercado. De acordo com Philip Kotler (2011), os principais tipos de demanda são: Demanda negativa A demanda negativa ocorre quando uma parte significativa do mercado potencial não se mostra satisfeita com o produto disponibilizado. Em casos extremos, pode chegar a pagar para evitar o produto. É o que ocorre, por exemplo, com a resistência de empresas em contratar ex-presidiários ou alcoólatras. Gestores de marketing, nesses casos, devem diagnosticar os motivos para a reação negativa do mercado e planejar estratégias para reverter a situação. Demanda latente A demanda latente é percebida quando há grande quantidade de consumidores no mercado-alvo à espera da chegada do produto. Nesses casos, o consumidor expressa forte desejo pelo produto, mas, por algum motivo, o mercado não consegue suprir a demanda. Quando isso ocorre, os gestores de marketing devem identificar o tamanho da demanda e procurar todas as formas de poder suprir a procura. Exemplos dessa situação são eventualmente registrados no país. Nos anos 1980 e 1990, por exemplo, houve épocas em que a indústria automotiva não conseguia suprir a demanda. Quem queria comprar um automóvel, precisava entrar na fila, aceitar modelos e cores que não eram os de sua preferência e, muitas vezes, até mesmo pagar ágio para conseguir adquirir seu bem. Demanda inexistente A demanda inexistente ocorre quando o público-alvo não está motivado a adquirir o produto disponibilizado, ou está indiferente a este. Nesses casos, os gestores de marketing normalmente buscam salientar as qualidades de seus produtos, mostrando as necessidades dos clientes que podem ser satisfeitas. 16 Demanda declinante A demanda declinante é percebida quando o público começa a dar sinais de desinteresse. A procura começa a cair e os gestores de marketing devem estar atentos aos primeiros sinais disso. É preciso detectar os motivos da queda na procura e planejar ações para reverter a situação. Na maioria das vezes, a opção é por ações do chamado marketing de revitalização, com pequenas mudanças na abordagem ou até mesmo no produto. Demanda irregular A demanda irregular é visível quando há oscilações na procura. Produtos sazonais, como sorvetes, frutas, cobertores, roupas de verão e de inverno são exemplos de produtos com procura irregular. O gestorde marketing tem, nesses casos, opções diferentes de ações a serem tomadas, desde o incentivo ao uso fora da sazonalidade tradicional até a concentração das vendas nos períodos de aquecimento. Demanda plena A demanda plena ocorre quando há equilíbrio entre o que é ofertado e a procura por esses produtos. As organizações se mostram satisfeitas com o volume de vendas e com o faturamento. Mesmo nesses casos, os gestores de marketing devem permanecer atentos e monitorar frequentemente as necessidades reais dos clientes. Demanda excessiva Como o próprio nome sugere, a situação de demanda excessiva ocorre quando a procura pelo produto é maior do que a empresa tem capacidade de produzir e entregar. Nesses casos, os gestores de marketing comumente optam por ações que desestimulem o consumo. É o caso de quando há procura excessiva por ingressos para jogos ou apresentações artísticas, e os organizadores precisem desestimular a compra, com informações a respeito de vendas esgotadas, sessões extra etc. Outra ação comum é o aumento significativo de preços nessas situações. 17 Demanda indesejada Por fim, a demanda indesejada ocorre quando a própria empresa é orientada ou obrigada a adotar ações de desestímulo ao consumo. É o que ocorre, por exemplo, com as orientações e obrigações a respeito de publicidade de cigarros, bebidas alcoólicas e produtos infantis. Curiosidade A lei da oferta e da demanda é determinante para a economia. Não há mágica: quando a oferta aumenta, os preços tendem a diminuir. Quando a procura é muito grande por determinado produto, os preços tendem a subir. Quanto maior a oferta, menor o preço; quanto maior a demanda, menor o preço, em uma relação inversamente proporcional. Para instigar sua reflexão sobre o tema, sugerimos a leitura do artigo de autoria de M. Faucirolli, intitulado “Lei da Oferta e da Demanda”, em que ele trata do tema de forma simples, cotidiana e curiosa. O texto está disponível em <https://economorto.blog/2017/01/22/lei- da-oferta-e-da-demanda/>. SÍNTESE Chegamos ao momento de revisar os principais temas estudados nesta Rota de Aprendizagem. Falamos, por exemplo, dos diferentes tipos de varejo atualmente existentes no mercado, bem como as melhores formas de atuação de marketing em cada um. No varejo independente, por exemplo, em que normalmente temos empresas familiares com apenas um estabelecimento comercial, as ações de marketing devem ser pensadas no sentido de gastar o mínimo possível de recursos, buscando a máxima efetividade. Atualmente, com o desenvolvimento da internet e o advento das redes sociais, é possível racionalizar investimentos, alcançando alta visibilidade sem investir recursos vultuosos. Quanto maior a complexidade dos negócios, com redes de lojas, franquias e grandes conglomerados, as ações de marketing também tendem a ser mais profundas e complexas, com investimentos direcionados. Empresas bem organizadas têm orçamento específico destinado às ações de marketing. As tomadas de decisão devem levar em consideração todo o composto de marketing (especificações do produto, políticas de precificação, características da exposição do produto em pontos de venda e as formas de comunicação necessárias ou possíveis em cada caso). 18 NA PRÁTICA Para a parte de análise prática de nosso estudo, trazemos o case conhecido nacionalmente da empresa O Boticário. A empresa aposta no formato de franquias desde sua fundação. O Boticário nasceu como farmácia de manipulação, em 1977, em Curitiba (PR). Já em 1980 começava a atuar com a comercialização dos produtos, já autorizando a abertura de lojas em sistema de franquias. Em 2011, o Grupo O Boticário decidiu ampliar a participação no mercado de cosméticos com novas marcas. Lançou a Eudora, para fazer frente à concorrente Natura, e em seguida a Quem Disse, Berenice? A estratégia da empresa foi de expansão de mercado, em um momento em que a economia brasileira estava em crescimento. Em 2013, analisando a crise internacional e reflexos na economia e na política brasileira, a direção do grupo optou por não lançar novas empresas, mas solidificar as já lançadas. As mais novas marcas do grupo, além das duas citadas, incluem a Skingen, NativaSpa e The Beauty Box, além de participação minoritária na Scalina (detentora das marcas Scala e Trifil). REFERÊNCIAS FALCIROLLI, M. Lei da Oferta e da Demanda. Economorto. Disponível em: <https://economorto.blog/2017/01/22/lei-da-oferta-e-da-demanda/>. Acesso em: 12 abr. 2017. FERREIRA JUNIOR, A.; SENTA, S. Supervarejo: uma abordagem prática sobre os mercados de consumo. Curitiba: InterSaberes, 2014. FREITAS, A. Quem fiscaliza o quê na cadeia de produção de alimentos. O Globo. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do- consumidor/quem-fiscaliza-que-na-cadeia-de-producao-de-alimentos- 8605592>. Acesso em: 12 abr. 2017. GOUVEIA, F. S. et al. O marketing e sua importância para o varejo. Revista Científica do ITPAC, v. 4, n. 1, jan. 2011. Disponível em <http://www.itpac.br/arquivos/Revista/41/4.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2017. KOTLER, P. A bíblia da inovação. São Paulo: Leya, 2011. 19 MORENO, S. Micro e pequenas empresas geram 84% dos empregos do país. EBC Radioagência Nacional. Disponível em: <http://radioagencianacional.ebc.com.br/economia/audio/2015-02/micro-e- pequenas-empresas-geram-84-dos-empregos-do-pais>. Acesso em: 12 abr. 2017. NASCIMENTO, A. R. do; SILVA, B. F. da; SANTOS, G. G. E-commerce: o melhor caminho no mercado atual. 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