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Sala 514 CÁLCULO BÁSICO – AULA 11 1ºSem/2013 Prof. M.Sc. Luiz Roberto D. de Macedo LIMITE DE FUNÇÕES Os gregos antigos, desde antes da era cristã, propunham uma ideia conhecida como método da exaustão, creditado a Eudóxio: “Se de uma grandeza subtrai-se uma parte não menor que sua metade, do restante outra parte não menor que sua metade, e assim por diante, numa determinada etapa do processo chega-se a uma grandeza menor que qualquer outra da mesma espécie fixada a priori.” Isso era feito para se evitar processos infinitos, dos quais os gregos desconfiavam. Considera-se que Arquimedes, séc. III a.C., foi quem melhor utilizou o método da exaustão. Suas maiores contribuições à Matemática foram problemas nos quais se usa atualmente o Cálculo Diferencial e Integral. O Cálculo, como é chamado na maioria das vezes, é uma importante área da Matemática que, pode-se dizer, de maneira bastante simplificada, trata de questões relacionadas a variações de funções e de superfícies de regiões delimitadas por gráficos. Agora estudar-se-á limites, um dos conceitos iniciais do Cálculo e, de modo geral, ver-se-á as aplicações em outros conceitos como derivadas e em resolução de problemas relacionados a negócios, tecnologia, entre outros. SUCESSÕES OU SEQUÊNCIAS Quando se afirma que um conjunto está ordenado, se quer dizer que existe um primeiro elemento do conjunto, um segundo elemento, e assim sucessivamente. Na realidade, o que se faz é colocar esse conjunto em correspondência com os elementos do conjunto dos números naturais – , ou parte deste conjunto. Assim, chama-se de sucessão ou sequência a toda função real cujo domínio é o conjunto dos números naturais – , ou parte deste conjunto, Exemplos 1) Seja a sucessão dada por , com n ∈*. As imagens dessa função serão dadas por: ; ; ; ; ... Portanto, essa função pode ser representada pelos pares ordenados . É comum se representar uma sucessão (ou sequência) escrevendo-se, ordenadamente, suas imagens – em correspondência direta com os elementos do conjunto dos números naturais – . Assim, a sucessão acima poderá ser representada por: . 2) Encontre a sucessão dada por . Se for feito o mesmo raciocínio do exemplo anterior, obter-se-á, no final do processo, a sequência dada por . 3) A função definida por , com n ∈*, terá uma sequência de imagens de seus elementos dada por . 4) A função definida por , terá uma sequência de imagens de seus elementos dada por . 5) A função definida por f n( ) = − 1( )n . n , terá uma sequência de imagens de seus elementos dada por . CONVERGÊNCIA DE SUCESSÕES OU SEQUÊNCIAS Diz-se que uma sucessão (ou sequência) converge para um número fixo “k” se, à medida que o valor de “n” aumenta, o valor de se aproxima desse valor fixo. Formalmente, se diz que uma sucessão (ou sequência) converge para um número fixo “k” se para todo intervalo “ I ”, centrado em “k” existir um número natural “a” tal que as imagens , , , ... , pertencerem todas ao intervalo “ I ”. f n( ) = 1n f 1( ) = 1 1 ⇒ f 1( ) = 1 f 2( ) = 1 2 f 3( ) = 1 3 f 4( ) = 1 4 1 , 1( ) ; 2 , 1 2 ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ ; 3 , 1 3 ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ ; 4 , 1 4 ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ ; ⎧ ⎨ ⎪ ⎩⎪ ⎫ ⎬ ⎪ ⎭⎪ 1 , 1 2 , 1 3 , 1 4 , ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ f n( ) = nn+1 1 2 , 2 3 , 3 4 , 4 5 , ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ f n( ) = n 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , ( ) f n( ) = − 2n−1( ) − 1 , − 3 , − 5 , − 7 , − 9 , ( ) − 1 , 2 , − 3 , 4 , − 5 , 6 , − 7 , ( ) f n( ) f a +1( ) f a + 2( ) f a + 3( ) Sala 514 CÁLCULO BÁSICO – AULA 11 1ºSem/2013 Prof. M.Sc. Luiz Roberto D. de Macedo Veja a sequência . Ë fácil de perceber que à medida que “n” cresce, a sucessão se aproxima cada vez mais do valor “zero”. De fato, se tomarmos um intervalo , vê-se que , , , ... , são todos elementos pertencentes ao intervalo “ I1 ”. Se for pego um outro intervalo , centrado em zero, vê-se que , , , ... , pertencem a esse novo intervalo “ I2 ”. Portanto, pode-se concluir que, qualquer intervalo, centrado em zero, por menor que seja sua amplitude, permite encontrar um termo da sucessão a partir do qual todos os elementos da sucessão caem dentro desse intervalo. Observe, agora, a sequência . Percebe-se que, à medida que o valor de “n” aumenta, os valores de não convergem para nenhum valor fixo “k”. Diz-se que essa sucessão, ou sequência, diverge. Entre as sucessões ou sequências divergentes, existem as que, à medida que “n” aumenta, os valores de superam qualquer valor fixado. Diz-se que essas sucessões (ou sequências) divergem para mais infinito ( + ∞ ). Esse é o caso da sucessão apresentada anteriormente. Da mesma maneira, pode ocorrer que, à medida que “n” aumenta, os valores de ficam abaixo de qualquer valor que seja fixado, por menor que ele seja. Diz-se que essas sequências (ou sucessões) divergem para menos infinito ( – ∞ ). É o caso da sequência . Existem, ainda, as sequências ou sucessões divergentes que não divergem nem para mais infinito, nem para menos infinito. É o caso da sucessão . Observações 1) Quando uma sucessão (ou sequência) convergir para certo valor de “k”, mas sempre por valores menores do que “k”, diz-se que a sucessão converge para “k” pela esquerda. 2) Se a sucessão (ou sequência) convergir para um determinado valor de “k”, mas por valores que se aproximem do mesmo por valores maiores, diz-se que a sucessão converge para “k” pela direita. 3) Existem, ainda, sucessões que convergem para um valor fixo de “k”, oscilando, isto é, tanto pela esquerda como pela direita. GRAFICAMENTE Observe o gráfico abaixo: Agora, vai-se ver o que acontece quando os valores de x se aproximam de 5, por valores maiores que 5. 1 , 1 2 , 1 3 , 1 4 , ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ I 1 = − 0,5 ; 0,5 ⎤⎦ ⎡⎣ f 3( ) f 4( ) f 5( ) I 2 = − 0,1 ; 0,1 ⎤⎦ ⎡⎣ f 11( ) = 0,0909... f 12( ) = 0,0833... f 13( ) = 0,0769... 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , ( ) f n( ) f n( ) 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , ( ) f n( ) − 1 , − 3 , − 5 , − 7 , − 9 , ( ) − 1 , 2 , − 3 , 4 , − 5 , 6 , − 7 , ( ) Ele poderia representar, por exemplo, uma função que descrevesse o estoque em uma empresa: no início há a quantidade “y” de 8 unidades e com o passar do tempo “x”, esta quantidade diminui, depois é reposta, e assim por diante. Mas, o interesse no momento é analisar a figura analiticamente. Quanto mais próximos os valores x (x positivo), estiverem de 0 (zero), os valores da função estarão mais próximos de 8. Diz-se de outra maneira: quando x tende a 0 (zero) pela direita (por valores maiores que zero), os valores da função f ( x ) tendem a 8. Quanto mais próximo o valor de x estiver de 5, mais próximo de 8 estará o valor da função f ( x ), ou seja, quando x tende a 5 pela direita, f ( x ) tende a 8. Sala 514 CÁLCULO BÁSICO – AULA 11 1ºSem/2013 Prof. M.Sc. Luiz Roberto D. de Macedo Pode-se dizer que esta é uma noção intuitiva inicial de limite: um número para o qual o valor da função se aproxima. Trata-se, por enquanto, do limite lateral. Simbolicamente representa-se os dois exemplos como e . De modo análogo, de acordo com o exposto, diz-se que quando os valores de x se aproximam de 5 pela esquerda (por valores menores que 5), os valores de f ( x ) se aproximam de 0. O mesmo ocorre quando x tende a 10 pela esquerda.Simbolicamente: e . Conclui-se, pelo que foi apresentado até aqui, que . Exemplos. 1) Analise o gráfico a seguir que representa a função e determine os limites laterais que se pedem: a) e . b) e . Solução: A representação gráfica da função dada é: a) Pelo gráfico, percebe-se que quando os valores de x se aproximam de – 2 pela esquerda (por valores menores que – 2, os valores de f ( x ) se aproximam de 4. Assim, . De modo semelhante, pelo gráfico ou com o auxílio de uma tabela, conclui-se que . lim x→ 0 + f x( ) = 8 lim x→ 5 + f x( ) = 8 lim x→ 5 − f x( ) = 0 lim f x ( ) = 0 x → 10 − lim f x ( ) = 8 x → 10 + f x ( ) = x 2, se x ≤1 0,2x + 2,8, se x > 1 ⎧ ⎨ ⎪ ⎩⎪ lim x→− 2 − f x( ) lim x→− 2 + f x( ) lim x→ 1 − f x( ) lim x→ 1 + f x( ) lim x→− 2 − f x( ) = 4 lim x→− 2 + f x( ) = 4 Também é possível observar isso por meio de uma tabela. x f ( x ) = x2 – 2,1 4,41 – 2,05 4,20 – 2,03 4,12 – 2,01 4,04 – 2,001 4,004 Sala 514 CÁLCULO BÁSICO – AULA 11 1ºSem/2013 Prof. M.Sc. Luiz Roberto D. de Macedo Nos dois casos, o valor de f ( x ) tende ao valor da imagem de x = – 2, isto é, x → – 2, implica em f ( x ) → f ( – 2 ). ⇒ ⇒ Como os limites laterais foram iguais, diz-se que existe o limite de f ( x ) quando x tende a (– 2), esse limite é único e seu valor é quatro. Em símbolos, . b) Em , observa-se que f ( x ) tende a 1, à medida que os valores de x tendem a 1 pela direita. Pode-se considerar a expressão f ( x ) = x2, pois x < 1. Como x se aproxima tanto quanto se queira de 1, o valor de f ( x ) tenderá ao valor da imagem de 1, obtida pela função f ( x ) = x2. x → 1, implica em f ( x ) → f ( 1 ), pois f ( 1 ) = 12 ; f ( 1 ) = 1 e assim, = f ( 1 ) = 1. Considere agora x tendendo a 1 pela direita, ou seja, por valores de x tal que x > 1, o gráfico mostra que o limite da função é igual a 3, o valor da imagem de x, caso fosse igual a 1, na função f ( x ) = 0,2x + 2,8. f ( 1 ) = 0,2 . 1 + 2,8 ⇒ f ( 1 ) = 0,2 + 2,8 ⇒ f ( 1 ) = 3 e, desse modo, = 3. Logo, os limites laterais são diferentes. Por isso, dizemos que não existe o limite quando x tende a 1, ou seja: não existe, pois Não é difícil de compreender esta ideia, ou seja, se for pedido limite de f ( x ) quando x tende a 1, fica-se em dúvida sobre qual função adotar: se f ( x ) = x2 ou se f ( x ) = 0,2.x + 2,8. CONCEITO DE LIMITE O conceito de limite de funções tem grande utilidade na determinação do comportamento de funções nas vizinhanças de um ponto fora do domínio, no comportamento de funções quando a variável independente “x” aumenta muito (tende para mais infinito) ou diminui muito (tende para menos infinito). Este conceito é, também, fundamental para se determinar derivadas de funções, assunto a ser visto posteriormente. Dada uma função f ( x ) e um ponto “a” do domínio, se quando “x” tende a “a” pela esquerda, por valores menores do que “a” ( x < a), tem-se f ( x ) tendendo a M. Diz-se que o limite lateral à esquerda de f ( x ) é M e indica-se por: . lim x→− 2 − f x( ) = lim x→− 2 + f x( ) = f − 2( ) lim x→− 2 − f x( ) = lim x→− 2 + f x( ) = − 2( )2 lim x→− 2 − f x( ) = lim x→− 2 + f x( ) = 4 lim x→ − 2 f x( ) = 4 lim x→ 1 − f x( ) lim x→ 1 − f x( ) lim x→ 1 + f x( ) lim x→ 1 f x( ) lim x→ 1 − f x( ) ≠ lim x→ 1 + f x( ) lim x→ a − f x( ) = M Sala 514 CÁLCULO BÁSICO – AULA 11 1ºSem/2013 Prof. M.Sc. Luiz Roberto D. de Macedo De modo análogo, se quando “x” tende a “a” pela direita, por valores maiores que “a” ( x > a), a função f ( x ) tende a N, então o limite lateral à direita de f ( x ) é N e representamos por: lim x→ a + f x( ) =N . Se os limites laterais forem iguais, diz-se que existe e é único o limite de f ( x ) quando “x” tende a “a”. . TEOREMA DA UNICIDADE DO LIMITE Não se irá demonstrar o teorema, pois não é essa a finalidade, mas vai-se aceitá-lo como verdadeiro. “Se , então, L1 = L2”. EXERCÍCIOS 1) Nas sucessões dadas abaixo, escreva a função definidora de cada uma delas, classificando-as em convergentes ou divergentes: a) 1 , 4 , 9 , 16 , 25 , ( ) b) − 1 , 2 , − 3 , 4 , − 5 , 6 , ( ) c) 1 , 2 , 4 , 8 , 16 , 32 , ( ) d) 0 , 5 , 10 , 15 , 20 , ( ) e) 1 , 1 3 , 1 9 , 1 27 , 1 81 , ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ f) 0,1 ; 0,01 ; 0,001 ; 0,0001 , ( ) 2) Das sucessões dadas abaixo, quais são convergentes e para quais números convergem e quais são divergentes? a) f x( ) = 2 x b) f x( ) = x +1 2 c) f x( ) = x +1 x2 +1 d) f x( ) = 2x 2 +1 x2 +1 e) f x( ) = x 2 3x f) f x( ) = x 2 +1 x g) f x( ) = 1+ 1 x ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ 4 h) f x( ) = x −1 x2 −1 i) f x( ) = x +1 − x j) f x( ) = − 1( )x . x +1x ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ k) f x( ) = − 1( )x . 1 x ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ 3) Dadas as funções e g x( ) = x +1 2x , para quais valores elas convergem? 4) Dadas as funções e g x( ) = x +1 2x , qual a função definidora de: a) h x( ) = f x( ) + g x( ) ? A função h x( ) é convergente? b) h 1 x( ) = f x( ) . g x( ) . A função h 1 x( ) é convergente? c) h 2 x( ) = f x( ) − g x( ) . A função h 2 x( ) é convergente? d) h 3 x( ) = f x( ) g x( ) . A função h 3 x( ) é convergente? 5) Para cada uma das funções f x( ) dadas abaixo e para cada valor de “a” dado, calcule, quando existir, , lim x→ a − f x( ) e lim x→ a f x( ) . a) f x( ) = x3 , a = 2 . b) f x( ) = 2x +1 , a = 3 . c) f x( ) = x + 5x − 3 , a = 0 . d) f x( ) = x + 5 x − 3 , a = 2 e) f x( ) = 2x +1, se x ≠ 3 8, se x = 3 ⎧ ⎨ ⎪ ⎩⎪ , a = 3 . f) f x( ) = x 2, se x ≥ 0 − x, se x < 0 ⎧ ⎨ ⎪ ⎩⎪ , a = 0 . g) f x( ) = 2x, se x ≤ 2 7, se x > 2 ⎧ ⎨ ⎪ ⎩⎪ , a = 2 . h) f x( ) = 3x + 4 , a = 7 . i) f x( ) = x − 2x , a = 2 j) f x( ) = sen x , a = π 4 k) f x( ) = log 1+ x( ) , a = 0 . RESPOSTAS 1) a) f x( ) = x2 , divergente. b) f x( ) = − 1( )x . x , divergente. c) f x( ) = 2x − 1 , divergente. d) f x( ) = 5 x −1( ) , divergente. e) f x( ) = 1 3 ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ x − 1 , convergente (para 0). f) f x( ) = 0,1( )x , convergente (para 0). 2) a) Converge para 0. b) Divergente. c) Converge para 0. d) Converge para 2. e) Converge para 0. f) Divergente. g) Converge para 1. h) Converge para 0. i) Converge para 0. j) Divergente. k) Divergente. 3) f x( ) converge para 0 e g x( ) converge para . 4) a) lim x→ a f x( ) = L⇔ lim x→ a − f x( ) = lim x→ a + f x( ) lim x→ a f x( ) = L1 e limx→ a f x( ) = L2 f x( ) = 1 x f x( ) = 1 x lim x→ a + f x( ) 1 2 Sala 514 CÁLCULO BÁSICO – AULA 11 1ºSem/2013 Prof. M.Sc. Luiz Roberto D. de Macedo h x( ) = x + 3 2x e converge para . b) h 1 x( ) = x +1 2x2 e converge para 0. c) h 2 x( ) = 1− x 2x e converge para − 1 2 . d) h 3 x( ) = 2 x +1 e converge para 0. 5) a) 8 ; 8 ; 8. b) 7 ; 7 ; 7. c) − 5 3 ; − 5 3 ; − 5 3 . d) – 7 ; – 7 ; – 7. e) 7 ; 7 ; 7. f) 0 ; 0 ; 0. g) 7 ; 4 ; não existe. h)5 ; 5 ; 5. i) 0 ; 0 ; 0. j) 2 2 ; 2 2 ; 2 2 . k) 0 ; 0 ; 0. 1 2
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