Buscar

NP1 NP2 Tec. Entrevista e Observação (CONTEÚDO UNIP)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Módulo 1 - O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO E A ENTREVISTA CLÍNICA
A entrevista é uma técnica primordial na área da Saúde Mental e um instrumento largamente utilizado em vários contextos da atuação do psicólogo. É considerada uma técnica de investigação científica em Psicologia.
 
A entrevista é vista como um instrumento de avaliação, utilizada como sistema de interação no processo de avaliar e intervir e na busca de dados de diferentes fontes.
 
Como processo de avaliação psicológica clínica (Psicodiagnóstico), a entrevista psicológica é a primeira etapa, dando início ao plano de avaliação, juntamente com a observação clínica e a aplicação de testes psicológicos.
 
No processo psicodiagnóstico, utiliza-se entrevistas semidirigidas, pois o paciente define o que vai falar primeiro e como será a sua fala. Cabe ao entrevistador, manter uma escuta apurada, sem que perca de vista o foco de investigação que leva ao esclarecimento da queixa ou sintoma do paciente (motivo da consulta).  
 
O processo psicodiagnóstico possui objetivo e tempo limitados, diferente de um processo psicoterápico. É mais comum esse tipo de avaliação ser realizado com crianças, envolvendo as seguintes etapas: entrevistas com os pais ou responsáveis (semidirigida); entrevista de anamnese (história de vida); observação lúdica (ou hora de jogo diagnóstica); aplicação de uma bateria de testes (de acordo com o caso e com a necessidade); devolutiva com os pais e com a criança; encaminhamento e relatório (laudo psicológico).
 
 
 
 
A ENTREVISTA PSICOLÓGICA (TIPOS DE ENTREVISTA)
 
 
Como já apresentamos, a entrevista, de um modo geral, é um instrumento muito utilizado em várias áreas de atuação do psicólogo.
 
Vamos agora, classificar os tipos de entrevista de acordo com sua estruturação e seus objetivos.
 
Segundo sua estruturação, a entrevista pode ser classificada como: livre ou não estruturada, fechada ou estruturada e semidirigida ou semiestruturada. 
 
Na entrevista livre ou não estruturada, o entrevistador está interessado no discurso espontâneo do entrevistado e segue o fluxo natural de suas ideias, própria da entrevista psicoterápica. A entrevista fechada ou estruturada é altamente padronizada e requer informações específicas, privilegiando a objetividade e comparação dos dados, por esse motivo, é bastante utilizada na área da pesquisa. Já na entrevista semidirigida ou semiestruturada, o entrevistador tem liberdade de formular as perguntas e organizar sua sequência, o que requer mais experiência, habilidade e treinamento, própria de processos de avaliação psicológica.
 
Segundo os objetivos, podemos classificar os tipos de entrevista em: diagnóstica, psicoterápica, de encaminhamento (ou triagem), de pesquisa, de seleção de pessoal, de anamnese ou de devolução. Para aprofundar melhor cada tipo de entrevista, leia o texto da autora Schelini (s/d), disponível na Biblioteca da UNIP e o capítulo indicado do livro da autora Cunha (2000), ambos citados nas referências acima.  
 
Módulo 2 - A ENTREVISTA CLÍNICA
Na relação que se estabelece na entrevista, deve-se contar com dois fenômenos significativos:
 
1) Transferência: são as atitudes afetivas que o sujeito vivencia em relação ao entrevistador. Corresponde à atualização de sentimentos e condutas inconscientes por parte do sujeito, que estão associados a modelos que este estabeleceu ao longo de seu desenvolvimento, especialmente na relação interpessoal com o seu meio familiar. Portanto, o sujeito transfere situações e modelos para a realidade presente.
 
2) Contratransferência: são as respostas do entrevistador às manifestações do entrevistado. Incluem todos os fenômenos que aparecem no entrevistador, como emergentes do campo psicológico e os efeitos que têm sobre ele. Portanto, à observação na entrevista, acrescenta-se também a necessidade de auto observação (impressões, sentimentos).
 
Outro aspecto importante a ser observado numa entrevista, diz respeito à ansiedade. A ansiedade é um indicador do desenvolvimento de uma entrevista e deve ser atentamente acompanhada pelo entrevistador. Deve-se estar atento ao seu grau ou intensidade. Durante a entrevista, o entrevistado e o entrevistador se defrontam com uma situação desconhecida e, portanto, ansiógena. A ansiedade deve ser instrumentalizada, isto é, deve se tornar um instrumento de trabalho para o entrevistador.
 
Outro elemento importante na entrevista se refere ao enquadre. Aspectos como o tempo (horário e limite da extensão da entrevista), o espaço (terreno ambiental onde se realiza a entrevista), papel técnico do profissional, bem como, a abertura e o fechamento da entrevista, o tipo de perguntas, as muitas formas de silêncio e a garantia do sigilo profissional por questões éticas
A ENTREVISTA CLÍNICA (AJUDA, REGISTRO E TIPOS DE PERGUNTAS)
 
  
 
Segundo Alfred BENJAMIN (2011), a entrevista de ajuda tem como principal objetivo auxiliar o paciente. Segundo esse autor, ajudar é um ato de capacitação, ou seja, o entrevistador deve capacitar (promover a capacidade) do entrevistado a reconhecer, sentir e escolher se deve mudar. Este ato exige “doação” (dedicação) por parte do entrevistador.
 
Para a entrevista clínica transcorrer de forma adequada, é necessário considerar alguns aspectos do ambiente e do psicólogo, que podem influenciar no desenvolvimento da entrevista: os fatores externos (sala de atendimento adequada e sem barulhos, evitando interrupções)e internos (desejo de ajudar do psicólogo e conhecer a si mesmo para compreender o outro).
 
Outro aspecto importante, diz respeito ao registro da entrevista. A anotação, quando necessária, não deve interferir no ritmo da entrevista. Seja qual for a forma de anotação, deve-se esclarecer a sua importância durante a entrevista, bem como, a garantia do sigilo dos dados.
 
Outra questão importante diz respeito à gravação da entrevista. Eticamente é correto avisar o entrevistado e solicitar o seu consentimento, garantindo a segurança das informações prestadas.
 
As perguntas utilizadas durante a entrevista dependem dos objetivos desta. Existem vários tipos de perguntas:
 
- Pergunta aberta: é ampla, permite ao entrevistado amplas possibilidades e alarga o campo perceptivo, além de aprofundar o contato.
 
- Pergunta fechada: é restrita a uma resposta específica e limita o contato.
 
- Perguntas diretas: indicam interrogações precisas.
 
- Perguntas indiretas: são perguntas sem parecer serem, geralmente aparecem sem um ponto de interrogação no final da frase.
 
- Perguntas duplas: limita o entrevistado a uma de duas alternativas.
 
- Bombardeio de perguntas: deve ser evitado, pois dificulta a relação.
 
- Por que?: também deve ser evitado, muitas vezes conota uma reprovação, culpa ou condenação.
 
 
Módulo 3 - A ENTREVISTA DE ANAMNESE
Segundo CUNHA (2000), a história e o exame do estado mental do paciente também constituem recursos básicos de um diagnóstico, pois permitem a coleta de dados e subsídios introdutórios que vão fundamentar o processo psicodiagnóstico.
 
A medida que o paciente relata a sua história, o clínico tem condições de avaliar alguns aspectos do exame do estado mental do paciente.
 
A entrevista de anamnese envolve um levantamento do desenvolvimento do paciente, com intuito de obter detalhes de sua vida.
 
A história clínica do paciente é chamada de história da doença atual. Ela pretende caracterizar a emergência de sintomas ou de mudanças comportamentais, numa determinada época e a sua evolução até o momento atual.
 
A história pessoal ou anamnese pressupõe uma reconstituição global da vida do paciente, como um marco referencial em que a problemática atual se enquadra e ganha significação. A história pessoal deve ser enfocada conforme os objetivos do exame e dependendo do tipo e da idade do paciente.
 
A anamnese é frequentemente utilizada como um tipo de entrevista na avaliação psicológica de crianças, sendo que o psicólogo segue um roteiro onde constam todas as fases do desenvolvimentoinfantil. A maior ou menor ênfase a ser dada a cada tópico vai depender dos objetivos do exame realizado.  
 
Contexto familiar: geralmente é útil investigar o núcleo familiar. Deve-se procurar descrever o contexto familiar, desde a concepção (ou da adoção da criança), bem como, condições socioculturais e emocionais do casal, as relações afetivas do casal e da família, suas expectativas e planejamento familiar.
 
História pré-natal e perinatal: é importante descrever como transcorreu a gestação do ponto de vista físico e psicológico, como foi o parto, bem como, aspectos nutricionais, doenças, acidentes, uso de medicamentos, entre outros.
 
Primeira infância (até os 3 anos): nessa fase é importante investigar a qualidade da relação materno-infantil, desde a ligação simbiótica primária até a fase de separação-individuação.     
    
Infância intermediária (3 a 11 anos): geralmente é nessa fase que há um alargamento da rede de relações sociais da criança, pelo seu ingresso na escola, portanto, é importante investigar todos os aspectos da vida da criança em seu desenvolvimento.
 
Pré-puberdade, puberdade e adolescência: deve-se analisar a facilidade ou não de estabelecer e manter relações sociais e a participação em grupos (irmãos, colegas, amigos), bem como, conflitos e dificuldades na relação com figuras de autoridade (pais, professores). Também é importante registrar a história escolar, em termos de desempenho, aproveitamento, ajustamento e interesses específicos.
 
Idade adulta: os principais temas a serem abordados incluem as relações sociais, a área sexual, a história conjugal e as atitudes frente a mudanças ocorridas na vida.  
 
Em processos psicodiagnósticos de crianças e adolescentes, em geral, realizam-se entrevistas com os pais ou responsáveis, que constituirá realmente uma fonte primária de dados. 
 
No caso da criança, a perspectiva do desenvolvimento é crucial, devido à precisão cronológica dos dados da anamnese, o que permite uma dimensão mais profunda na compreensão do caso.
 
Para a coleta de dados, contamos fundamentalmente com as informações da mãe, e pode-se iniciar pela queixa, procurando-se ter uma percepção da sintomatologia atual, que serve como referencial para identificar conflitos ou áreas de desenvolvimento que devem ser mais investigados.
 
Módulo 4 - A ENTREVISTA NA EMPRESA E NA ESCOLA
A entrevista de seleção é utilizada em empresas e instituições com o objetivo de buscar a pessoa adequada para preencher um cargo.
 
Os procedimentos utilizados em uma entrevista de seleção são:
 
1) Realizar a análise do cargo: consiste em definir o nome e os objetivos do cargo.
 
2) Realizar a análise de atividades: definir quais atividades deverão ser feitas para que se atinja os objetivos do cargo.
 
3) Especificar as habilidades e experiência necessárias para o cargo: definir quais habilidades e que tipo de experiência o entrevistado deve possuir para um adequado desempenho do cargo.
 
Após realizar as análises do cargo, das atividades e habilidades necessárias, é fundamental que seja elaborado um roteiro de perguntas.
 
As perguntas devem ser formuladas sempre tendo em vista as análises mencionadas, de modo que não sejam obtidos dados inúteis, ou haja ausência de informações.
 
A análise antecipada do currículo também pode fornecer importantes dados para a entrevista.
 
 
A ENTREVISTA NA ESCOLA
 
 
 
A entrevista realizada pelo psicólogo na escola ocorre em um contexto de diagnóstico psicopedagógico. Nesse contexto, a escola (mais especificamente o professor) é o agente da demanda, ou seja, é ela, e não os pais, que percebe determinadas dificuldades dos alunos (problemas relacionados ao comportamento ou à aprendizagem principalmente) e solicita os serviços do psicólogo.
 
1) Entrevista com o professor: Antes que o psicólogo realize a entrevista com o professor, é importante que ele preencha uma folha de encaminhamento, para especificar o problema do aluno. Ao entrevistar o professor, o psicólogo deve ampliar as informações sobre os motivos do encaminhamento e sobre as dificuldades e possibilidades do aluno em relação ao grupo e à aula, investigando os aspectos positivos da criança e suas dificuldades. Deve também desvendar o que o professor tem feito até o momento do encaminhamento da criança e se tem falado com os pais dela.
 
2) Entrevista com os pais: no contexto escolar, é o psicólogo que chama os pais para pedir a colaboração deles na resolução dos conflitos que estes pais podem até desconhecer. Na maioria das vezes, o pai e a mãe são convocados para a entrevista. O psicólogo deve informar e explicar aos pais qual é a situação do filho na escola e também ouvir o que estes sabem ou pensam a respeito das dificuldades apresentadas. Deve, ainda, estabelecer o que será feito para tentar modificar a situação, juntamente com os pais, definindo de forma conjunta, os objetivos possíveis. 
 
O psicólogo deve também chamar o próprio aluno e conversar a respeito de suas dificuldades na escola.   
 
Módulo 5 - A ENTREVISTA NO CONTEXTO DA PESQUISA E A ENTREVISTA DE TRIAGEM
Segundo NUNES (2005), a entrevista é um método atrativo ao pesquisador. Tem por base a conversação, envolvendo perguntar ou discutir temas com os entrevistados. É um instrumento metodológico muito utilizado por pesquisadores que utilizam a abordagem qualitativa de coleta e análise de dados.
 
No contexto da pesquisa, o objetivo do pesquisador é o de obter falas daqueles que ele pressupõe capazes de ter o que dizer sobre o tema de seu projeto.
 
Para efeitos de pesquisa também é utilizada a entrevista semiestruturada, sendo, então, uma conversação com um interlocutor do pesquisador. A entrevista é uma possibilidade de acessar aquilo que uma pessoa tem em sua mente e que não é passível de observação direta: pensamentos, sentimentos, intenções, comportamentos que ocorreram no passado, sendo possível dessa forma, acessar a perspectiva de outra pessoa a respeito de temas diversos.
 
Portanto, o entrevistador define um roteiro de entrevista, ou seja, um conjunto de temas antes da entrevista para vir a ser explorado com cada entrevistado. Tal roteiro serve como uma lista básica de questões a serem cobertas ao longo da entrevista, de modo a garantir que todos os temas relevantes sejam trabalhados.
 
Durante a entrevista, o entrevistador adapta tanto a forma de frasear as questões como a sequência a formular com cada entrevistado. Ou seja, o roteiro de entrevista serve para orientar o entrevistador que, entretanto, tem liberdade de explorar, experimentar, formular questões para elucidar e clarear algum tema ao longo da tarefa. Essa liberdade permite ao entrevistado falar aquilo que lhe é de significado central, mas com uma estrutura flexível, assegurando ao entrevistador que todos os tópicos cruciais para o estudo sejam abordados.
 
Formulação de questões: perguntar é a maneira mais universal e direta de obter informações para compreender o que se deseja saber de parte do pesquisado. Para que possa responder, o pesquisador deve construir seu roteiro de entrevista (conteúdo das questões, sequência em que são formuladas, vocabulário e verbos empregados). Em geral a formulação das questões devem conter frases curtas, claras e simples. Deve-se evitar: termos técnicos, verbos negativos ou positivos e, ainda, termos como “nunca”, “sempre” ou “ninguém”.  
 
Para conduzir a entrevista o entrevistador deve elencar uma série de atividades, como: preparar o gravador, preparar a colocação de cadeiras e iniciar com uma questão sobre a própria entrevista. Ao finalizar a entrevista, deve perguntar ao entrevistado se deseja acrescentar mais algum dado e, é claro, agradecer a participação do entrevistado.      
 
Para analisar os dados de uma pesquisa, Bardin (1977) apud Nunes (2005) desenvolveu uma método para a análise dos conteúdos dos dados obtidos, de modo a descrevê-los. Para tanto, o material produzido deve ser transformado em categorias de análise e de interpretação dos resultados,preservando sempre todo o rigor científico.
 
Também é importante ressaltar que todos os dados coletados envolvem as considerações éticas da pesquisa, que garantem o consentimento informado, o direito à privacidade e a proteção contra danos dos sujeitos da pesquisa. O uso do termo de consentimento é obrigatório na pesquisa e está regulamentado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1996) e pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2000).  
     
 
A ENTREVISTA DE TRIAGEM
 
 
Referências bibliográficas:
 
MARQUES, N. Entrevista de Triagem: espaço de acolhimento, escuta e ajuda terapêutica. In: MACEDO, M.M.K. & CARRASCO, L.K. (Con)textos de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005, (p. 161-180).
 
 
 
As instituições privadas, os centros de saúde, as clínicas sociais e os hospitais recebem uma significativa demanda de pacientes que trazem suas queixas, seus traumas e seus sofrimentos com o intuito de livrarem-se dos sintomas que os atormentam.
 
Essas pessoas, muitas vezes não têm a menor ideia do tipo de tratamento de que necessitam, e buscam ser acolhidas, aceitas e respeitadas em sua dor psíquica. Por isso, a entrevista de triagem pode representar para a pessoa um lugar de continência de que elas precisam.
 
As entrevistas de triagem são entrevistas clínicas semidirigidas ou semiestruturadas. Cabe ao entrevistador garantir um ambiente de sigilo, confortável e livre de interrupções a fim de que o entrevistado se sinta à vontade para falar sobre seus problemas e dificuldades.
 
O entrevistador também deve estar atento a sua função de observar as comunicações não verbais e as diversas outras formas de apresentação do entrevistado, como sua postura, forma de vestir, maneira de falar, entre outros aspectos.
 
O entrevistado deve ser convidado a ter uma participação ativa e cooperativa, informando e comunicando a respeito de suas dificuldades, sentimentos e conflitos.
 
Os fenômenos da transferência e contratransferência também devem ser observados em uma entrevista de triagem, bem como a ansiedade despertada.  
 
Como objetivos da entrevista de triagem, destacamos a importância de conhecer a história de vida do entrevistado, sua história atual e a história pregressa.
 
A triagem, como um primeiro filtro, tem a função de buscar as informações básicas sobre o paciente, bem como formular recomendações diagnósticas e terapêuticas necessárias. Esse tipo de entrevista pode também apresentar efeitos terapêuticos.
 
A entrevista de triagem apresenta três fases: 1) Fase inicial (abertura e colocação do problema); 2) Fase intermediária: (desenvolvimento e exploração da queixa) e 3) Fase final (encerramento da entrevista).
 
Módulo 6 - A ENTREVISTA DE AJUDA
Muitas são as colaborações de Benjamin (2011) acerca da realização de uma entrevista psicológica.
 
Em seu livro, o autor discute acerca das principais caraterísticas da entrevista, sobretudo no contexto clínico, enfatizando a importância da comunicação entre o entrevistador e o entrevistado, bem como as principais dificuldades e obstáculos à comunicação estabelecida entre ambos.
 
Entre os vários aspectos abordados por Benjamin (2011), encontram-se os três estágios da entrevista:
 
1) Abertura ou colocação do problema:
 
- É situado o assunto ou problema que motivou o encontro entre entrrevistador e entrevistado.
 
- Importante a disponibilidade do entrevistador, favorecendo e facilitando o contato com o entrevistado.
 
 
2) Desenvolvimento ou exploração:
 
- Uma vez que o assunto foi situado e aceito, passa então a ser examinado, explorado.
 
- Corresponde ao exame mútuo do assunto, verificando todos os aspectos envolvidos direta ou indiretamente.
 
 
3) Encerramento:
 
- O entrevistador deve moldar um final para o contato e a separação.
 
-Considerar dois fatores básicos:
 
     a) O entrevistador e o entrevistado devem ter consciência de que o encerramento está ocorrendo.
 
     b) Durante a fase de encerramento, nenhum material novo deverá ser introduzido ou discutido. Caso seja necessário, deve-se marcar outra entrevista para discutí-lo.
 
- É de responsabilidade do entrevistador lidar com esses fatores de modo eficaz.
 
- As afirmações do encerramento devem ser curtas e diretas.
 
Módulo 7 - O LAUDO PSICOLÓGICO
 Laudo psicológico é a conclusão a respeito de uma avaliação realizada. Segundo Pellini (2015), a avaliação psicológica é uma esfera da Psicologia que compreende um conjunto de conhecimentos, práticas, técnicas e instrumentos. É requisitada como instrumento para subsidiar decisões, diminuir dúvidas sobre habilidades/comportamentos/potencialidades/traços de personalidade, de indivíduos ou grupos. Os procedimentos técnicos envolvidos na avaliação psicológica referem-se aos instrumentos, bem como, as consequências éticas de suas aplicações. Implica na elaboração, escolha de instrumentos, aplicação e fornecimento dos resultados, sendo um equívoco considerar a avaliação psicológica somente como geradora de um produto. Além disso, o laudo psicológico pode ser considerado uma expressão da competência profissional.
Espera-se que a partir dele, medidas possam ser tomadas para intervenções individuais ou coletivas. O laudo serve não apenas ao psicólogo, mas também aos outros profissionais cujo trabalho depende dos resultados de uma avaliação psicológica, como juízes, professores e médicos. 
 
O laudo deve ser redigido de forma precisa, clara e objetiva, constando apenas as informações necessárias à tomada de decisões. A redação deve estar bem-estruturada e definida, expressando objetivamente o que se quer comunicar. O psicólogo deve utilizar expressões concisas, próprias da linguagem profissional, com correlação adequada das frases. Como conclusão de um procedimento específico, deve ser apresentado sob forma escrita, para impedir sua modificação. 
 
Portanto, o laudo constitui a última etapa do um processo de avaliação psicológica.
 
O laudo psicológico deve conter o solicitante, ou seja deve ser endereçado a quem solicitou a avaliação.
 
Deve-se evitar os seguintes erros/falhas: excesso de termos técnicos; demonstração de cientificismo; apresentação de resultados sem uma visão integrada dos dados; uso de sentenças com abreviaturas; uso de “chavões” e inferência de resultados.
 
De acordo com a Comissão de Ética do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, os laudos/relatórios não devem ser: tendenciosos a favor do contratante; laudo taxativo; laudo que não deixa claro se a afirmação apresentada era da pessoa entrevistada ou do psicólogo; laudo que apresenta características de personalidade de alguém não avaliado, inclusive lhe atribuindo psicopatologias; mudança do foco inicial da avaliação da criança para um dos pais; falta de embasamento técnico e metodológico para algumas conclusões, entre outros.
 
Desta forma, o psicólogo deve buscar parâmetros técnicos e éticos para poder elaborar um documento escrito de forma adequada e principalmente pautada na ética profissional. Deve-se buscar referências que indiquem considerações essenciais a serem feitas. Ao psicólogo só é possível apresentar informações, discutir, concluir e compartilhar sobre aquilo que foi mérito, foco de seu trabalho.
 
Concluindo, o laudo deve conter:
 
- Identificação
- Motivo da consulta
- Descrição física do sujeito
- Impressão geral obtida durante o rapport
- Comportamento do examinando
- Variáveis ambientais
- Instrumentos utilizados na avaliação
- Planejamento
- Resultados dos testes
- Conclusão
 
Módulo 8 - LAUDO PSICOLÓGICO - RESOLUÇÃO Nº 007/2003 DO CFP
No ano de 2003, o CFP (Conselho Federal de Psicologia), sob a forma da Resolução 007/2003, instituiu um Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica.
  
De acordo com essa Resolução, o psicólogo, na elaboração de seus documentos, deverá adotar como princípios norteadores as técnicas da linguagem escrita e os princípioséticos, técnicos e científicos da profissão.
 
Os princípios técnicos da linguagem escrita referem que o documento deve apresentar uma redação bem estruturada, expressando o que se quer comunicar, expressando e garantindo a precisão, a clareza e a concisão das informações prestadas.
 
Os princípios éticos garantem que o psicólogo baseará suas informações observando os princípios e dispositivos do Código de Ética Profissional do Psicólogo, enfatizando os cuidados em relação aos deveres do psicólogo nas suas relações com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, às relações com a justiça e ao alcance das informações.
 
Os princípios técnicos postulam que o processo de avaliação deve considerar as determinações históricas, sociais, econômicas e políticas de seu objeto de estudo. Os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, devem se basear exclusivamente nos instrumentos técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados.
 
Segundo a Resolução, há quatro modalidades de documentos:
 
1) Declaração
2) Atestado psicológico
3) Relatório / laudo psicológico
4) Parecer psicológico
 
A Resolução do CFP se encerra, instituindo a validade dos conteúdos dos documentos, bem como a guarda dos documentos (prazo mínimo de 5 anos) e as condições de guarda, definidas pelo Código de Ética do Psicólogo.

Outros materiais