Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 1 CAPÍTULO 02 – OS CAMPOS VETORIAIS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS 2.1 As Interações Elétricas e Magnéticas dos Corpos com Carregamento Elétrico – A Lei de Coulomb e a Lei de Biot e Savart Os corpos materiais com carregamento elétrico de um par de eletrodos metálicos, de um par eletrodo/isolador ou ainda de um par isolador/isolador, interagem entre si e a força resultante ��� dessa interação pode ser medida. As forças nas situações comuns do cotidiano, devido à interação por contato de sólido/sólido, são a normal ���� e a força tangencial de atrito ����� � . No caso do contato sólido/líquido ou sólido/gás as forças sobre o sólido se deslocando dentro do líquido são: o empuxo ��� e a força de arraste ������ ��. Ao contrário, nas interações elétricas e magnéticas dos corpos carregados eletricamente, as forças devido às interações surgem sem que ocorra o contato entre os corpos materiais. Nesse tipo de fenômeno físico diz-se que o eletrodo carregado pode exercer forças sobre outros corpos materiais localizados na região do espaço da sua vizinhança, também carregados eletricamente, através do campo vetorial elétrico ��� e do campo vetorial magnético ���·. Assim, o vetor força elétrica ��� é a ação do vetor campo vetorial elétrico e o vetor força magnética ��� é a ação do campo vetorial magnético. Esses campos vetoriais são gerados pelo eletrodo carregado eletricamente na região do espaço onde se encontram os outros corpos materiais também carregados eletricamente. Tem-se, portanto, que o campo vetorial elétrico ��� é o campo do vetor força elétrica ��� e que o campo vetorial magnético ��� é o campo do vetor força magnética ���. Pode-se definir e calcular esses campos vetoriais partindo da lei da força elétrica e da lei da força magnética. As medições desses campos vetoriais PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 2 são feitas medindo-se os vetores forças ou outra grandeza física relacionada com elas. Nesses casos práticos fazem-se uso de um instrumento de medida. Por exemplo, as medidas da tensão elétrica V gerada por esses campos vetoriais é uma das grandezas físicas empregada no processo de medida. Utiliza-se para o procedimento de medida o voltímetro. A lei da força entre cargas puntiformes, ou lei de Coulomb, e o fluxo elétrico EΦ da lei de Gauss, são utilizados para definir e calcular o campo vetorial elétrico ���. De forma semelhante, o campo vetorial magnético ��� pode ser definido da expressão da força de Lorentz entre cargas puntiformes em movimento relativo e calculado pela lei de Biot e Savart, ou pela lei de Ampère. O processo para determinar o campo vetorial magnético de uma região do espaço utiliza as medidas da tensão de Hall VH sobre as laterais de um condutor imerso na região onde existe o campo vetorial. Essa tensão é gerada entre as laterais do condutor, devido à força magnética exercida pelo campo vetorial sobre a corrente I que nele circula. 2.1.1 A lei de Coulomb É a lei de força entre duas cargas elétricas puntiformes Q1 e Q2. Entende-se por cargas elétricas puntiformes corpos materiais carregados eletricamente de dimensões muito pequenas quando comparadas às distâncias entre eles. Veja na Fig. 18 essa situação. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 3 (a) (b) Figura 18 – (a) Corpos materiais carregados eletricamente onde D << r. (b) Símbolo das cargas elétricas puntiformes. A rigor, apenas as partículas que compõem o átomo, ou seja, os elétrons, os prótons e os nêutrons podem ser considerados, numa escala de distâncias na faixa de r ~ 10-10 m, a escala atômica, como cargas elétricas PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 4 puntiformes. O único corpo material macroscópico que verdadeiramente pode ser representado como carga elétrica puntiforme é o eletrodo metálico na forma de uma casca esférica (esfera oca), de raio R com a densidade homogênea de carga elétrica na sua superfície S Q =σ . Nesse caso, a casca esférica carregada eletricamente pode ser representada, para a abordagem dos fenômenos elétricos gerados por ela, como a carga elétrica puntiforme Q no seu centro. Pode-se mostrar a validade dessa equivalência utilizando-se a lei de Gauss. Isso será feito mais adiante. A lei de Coulomb é uma lei empírica, ou seja, deduz-se a lei a partir de medidas experimentais. O francês Charles Augustin de Coulomb a deduziu utilizando uma balança de torção no início do século 19. Essa lei estabelece a relação matemática para o módulo da força elétrica devido à interação entre duas cargas elétricas puntiformes Q1 e Q2 separadas de uma distância r como mostrado na Fig. 19. Informa também qual é a direção e o sentido da força elétrica resultante da interação. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 5 Figura 19 – Representação gráfica da força elétrica entre duas cargas elétricas puntiformes. Em resumo, a lei de Coulomb estabelece o seguinte: - Módulo da força elétrica entre duas cargas elétricas puntiformes: 2 21 2 21 2112 4 1 r QQ r QQ KFF o === piε Farad m x C mN xK 92 2 9 109.109 =≅ . m Farad x mN C x Ko 12 2 2 12 1085,8 . 1085,8 4 1 −− === pi ε . - Direção da força elétrica: a força elétrica entre as cargas elétricas puntiformes Q1 e Q2 está dirigida ao longo da reta que une as duas cargas elétricas. - Sentido da força elétrica: se as cargas elétricas Q1 e Q2 forem do mesmo sinal (++) ou (−−), a força elétrica será repulsiva. Para as situações onde as cargas elétricas são de sinais diferentes (+−) ou (−+), a força elétrica será atrativa. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 6 Observe na Fig. 19 que não existe contato entre as cargas puntiformes Q1 e Q2. As forças elétricas de uma sobre a outra são exercidas pelos campos vetoriais elétricos gerados por elas na região do espaço de sua vizinhança. A carga puntiforme Q1 gera o campo vetorial elétrico ���� e a carga puntiforme Q2 gera o campo vetorial elétrico ����. Calculam-se os campos vetoriais elétricos gerados ���� e ���� isolando-se as cargas e utilizando a lei de Coulomb para obter o vetor força elétrica ��� exercida por esses campos sobre uma carga puntiforme de prova + q. Essa situação física é representada na Fig. 20. Figura 20 – Cálculo do campo vetorial elétrico ���� utilizando-se uma carga puntiforme de prova + q. Para mapear o campo vetorial elétrico ���� desloca-se a carga de prova para diferentes pontos do espaço da vizinhança da carga Q1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 7 O campo vetorial elétrico ���� gerado pela carga puntiforme Q1 em um dado ponto do espaço da sua vizinhança, que está a uma distância r da carga Q1, é calculado utilizando o vetor força elétrica ��� sobre a carga puntiforme de prova + q naquele ponto: Módulo de ����: 21 2 1 1 r Q K q r qQ K q F E E = / / == . Direção de ����: o campo vetorial elétrico gerado por Q1 no ponto r tem a mesma direção do vetor força elétrica sobre + q naquele ponto, ou seja, está ao longo da reta que une Q1 e + q. Sentido de ����: Se Q1 é positiva, o campo vetorialelétrico naquele ponto do espaço aponta para fora do espaço da vizinhança da carga Q1. Caso Q1 seja negativa, o campo vetorial elétrico aponta para dentro do espaço da sua vizinhança. Observe as duas situações na Fig. 21. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 8 Figura 21 – Em (a) representa-se o campo vetorial elétrico ��� gerado quando a carga puntiforme Q1 é positiva e em (b) quando a carga puntiforme Q1 é negativa. Isolando-se Q2, pode-se calcular o campo vetorial elétrico gerado por ela na região do espaço de sua vizinhança com um procedimento semelhante. Utilizando o princípio da superposição, pode-se obter o campo PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 9 vetorial elétrico resultante ���� em qualquer ponto da região do espaço da vizinhança das duas cargas elétricas puntiformes Q1 e Q2. Em geral, o campo vetorial elétrico resultante na região do espaço da vizinhança de um sistema de N cargas puntiformes é obtido da soma vetorial dos N campos vetoriais elétricos gerados por cada uma delas. Ou seja, escreve-se para o campo vetorial elétrico resultante a seguinte expressão de soma vetorial: ���� ����� � �� ���� � � �� �̂ � � ��� �̂� � � �� � �̂� �⋯� �� � �̂� �̂ = vetor unitário ao longo da reta que liga o ponto de localização da carga puntiforme Qi com o ponto da região do espaço da vizinhança do conjunto de cargas. No sistema de medidas SI, as unidades do campo vetorial elétrico gerado numa região do espaço nas vizinhanças de uma carga puntiforme Q, ou de um corpo material com carregamento elétrico, são dadas por: [ ] [ ][ ] m V C N q FE === . Portanto, o módulo do campo vetorial elétrico é medido em newtons/coulombs (N/C) ou volts/metros (V/m). As duas unidades são equivalentes. Entretanto, a medida em V/m é mais comum nas aplicações, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 10 porque torna explícita a relação entre tensão elétrica V, medida em volts, e o módulo E do campo vetorial elétrico ���: [ ] [ ][ ]L VE = → [ ] [ ][ ]LEV = . Na maioria dos fenômenos físicos macroscópicos, têm-se a interação entre corpos materiais carregados eletricamente que ocupam um volume V do espaço, como os eletrodos metálicos carregados. Um corpo material carregado eletricamente pode ser imaginado como constituído de infinitas partes com carga dQ dentro de um volume elementar dV. Assim, deve-se modificar a soma discreta obtida para o campo vetorial elétrico resultante do sistema de cargas puntiformes para uma soma de infinitas partes, ou seja, para uma integral: ���� � �� ���� �̂ r = distância de dQ sobre o corpo material até o ponto do espaço da vizinhança do corpo material com carregamento elétrico onde se calcula o campo vetorial elétrico gerado. A distribuição de carga elétrica sobre o corpo material determina como deve ser o valor de dQ. Ou seja, para corpos materiais isolantes ou nos isoladores elétricos a carga se distribui sobre todo o seu volume e então dVdQ ρ= . Ao contrário, para corpos materiais condutores ou nos eletrodos PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 11 metálicos, a carga se distribui apenas sobre a sua superfície e temos dSdQ σ= . Então, as somas mostradas na Fig. 22 devem ser efetuadas para calcular o campo vetorial elétrico resultante de um corpo material carregado eletricamente: ��� � ����� � �� ���� �̂ � �� �! �� �̂ (a) Corpos materiais isolantes carregados eletricamente. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 12 ��� � � ���� � � � ���� �̂ � � � "�# �� �̂ (b) Corpos materiais condutores carregados eletricamente. Figura 22 − Lei de Coulomb para obter o campo vetorial elétrico gerado por um corpo material carregado eletricamente. Se a carga elétrica estiver distribuída ao longo do comprimento do corpo material, então a soma abaixo se aplica tanto a materiais condutores quanto a materiais isolantes: ��� � � ���� � � � ���� �̂ � � � $�% �� �̂ . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 13 Figura 23 – Lei de Coulomb para obter o campo vetorial elétrico gerado por um corpo material carregado eletricamente quando a carga se distribui somente ao longo do seu comprimento. EXEMPLO 1 − FIO CONDUTOR SOBRE O EIXO DOS z CARREGADO COM UMA DENSIDADE DE CARGA + λλλλ. Figura 24 – Fio condutor de comprimento L carregado eletricamente. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 14 dzdL = ; ksenar r ˆˆcosˆ ξξ += ; 22 cos Rz R + =ξ ; 22 Rz z sen + =ξ ; 222 Rzr += ; [ ] ( ) ( )∫∫∫ + − + − + − → ++ + ++ = + + = 2 2 2222 2 2 2222 2 2 22 ˆ ˆ ˆ ˆcos L L L L r L L r RzRz kzdzK RzRz adzR K Rz ksenadz KE λλξξλ ; ( ) 0 ˆ2 2 2222 = ++ ∫ + − L L RzRz kzdzK λ ; ( )∫ + − → + = 2 2 2 3 22 ˆ L L r Rz dz aRKE λ ; ( ) ξξξ dRdztgRz 2sec=⇒= ; R L tg 21 −=ξ ; R L tg 22 =ξ ; ξξ 2222222 secRRtgRRz =+=+ ; ( ) ∫∫∫ === → 2 1 2 1 2 11 cos ˆ sec sec ˆ sec sec ˆ 33 2 2 2 3 22 2 ξ ξ ξ ξ ξ ξ ξξλξ ξξλ ξ ξξλ d R aK R d aRK R dR aRKE r rr ; [ ] rasensenR KE ˆ12 ξξλ −= → . Módulo do campo vetorial elétrico &���: [ ]12 ξξλ sensenR KE −= . Direção e sentido do campo vetorial elétrico &���: radial a partir do fio apontando para fora. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 15 EXEMPLO 2 − FIO CONDUTOR MUITO COMPRIDO SOBRE O EIXO DOS z CARREGADO COM UMA DENSIDADE DE CARGA + λλλλ. Quando o fio tiver comprimento muito grande comparado com a distância radial R, os ângulos 2ξ e 1ξ tendem a 2 pi e 2 pi − , respectivamente. Nesse caso, o campo vetorial elétrico é radial a partir do fio, com o sentido para fora. O módulo é dado por: R K sensen R KE λpipiλ 2 22 = −−= . 2.1.2 Cargas em Movimento: a lei de Biot e Savart Quando uma carga puntiforme Q ou um corpo material carregado eletricamente é posto em movimento retilíneo e uniforme com vetor velocidade !�� constante, ou seja, se desloca com vetor aceleração '� � 0, surge sobre a carga de prova q que se desloca na vizinhança de Q com vetor velocidade )� uma força adicional, além da força elétrica. Essa é a força magnética ���·. Diz-se, então, que o movimento da carga puntiforme Q gerou um novo campo, o campo vetorial magnético . Pode-se definir e calcular o campo vetorial magnético ��� utilizando a lei para o vetor força magnética ��� sobre a carga puntiforme q em movimento relativo com Q. A força ��� também é conhecida como a força de Lorentz. A força de Lorentz ��� sobre a PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 16 carga de prova q deslocando-se através de uma região do espaço preenchida com o campo vetorial magnético ��� dada por: ��� � *)� + ��� ���= Vetor força magnética sobre q exercido pelocampo vetorial magnético ���. q = valor da carga elétrica de prova q. )� = Vetor velocidade da carga elétrica de prova q. ��� = Campo vetorial magnético. O módulo, a direção e o sentido da força de Lorentz são obtidos da expressão vetorial para a força de Lorentz: Módulo da força magnética sobre q: BqvsenBvqFM ⊥=×××= θ . Componente do vetor velocidade )� perpendicular a ���: θvsenv =⊥ . Direção de ���: perpendicular ao plano que contém os vetores )� e ���. Sentido da força magnética ���: é obtido da regra do parafuso. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 17 Para situações físicas nas quais se pode produzir o esboço do fenômeno físico em estudo, utiliza-se com freqüência o que chamamos de primeira regra da mão direita para as direções entre ���, )� e ���. Mostra-se a primeira regra da mão direita na Fig. 25 que segue abaixo. Figura 25 – A relação entre as direções dos vetores ���, )� e ��� dada pela primeira regra da mão direita. O módulo B do campo vetorial magnético ��� pode ser obtido das medidas de ⊥v e do módulo da força magnética sobre q, MF : ⊥ = qv FB M . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 18 A definição do módulo B do campo vetorial magnético com a expressão anterior permite obter as unidades do campo vetorial magnético no sistema SI: [ ] [ ][ ][ ] TteslamA N m s C N s mC N vq F B M 11 == × = × = × == ⊥ . Suponha a situação geral onde uma carga puntiforme Q se desloca com vetor velocidade !�� e que a carga de prova q se desloca no espaço da vizinhança de Q com vetor velocidade → v . Os vetores velocidades → V e → v são medidos por um observador localizado no referencial inercial, ou seja, um observador que esteja em repouso sobre um ponto do corpo material de referência. O corpo material de referência ou está em repouso ou se deslocando com velocidade constante e em linha reta. Observe a situação na Fig. 26. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 19 Figura 26 – Cargas puntiformes Q e q em movimento relativo na região do espaço nas vizinhanças do corpo material de referência neutro. Quando as cargas Q e q estiverem em repouso relativo ao observador, sobre a carga puntiforme q atuará apenas a força elétrica ��� do campo vetorial elétrico → E gerado por Q. O movimento relativo de ambas resulta no aparecimento de uma nova força sobre a carga puntiforme q, a força magnética. O módulo �� do vetor força magnética ��� sobre q é obtido da medida do ângulo de espalhamento α e da medida do módulo da força elétrica entre ambas as cargas. O ângulo α é o ângulo entre a direção da força resultante ��� e a direção da força elétrica ���. Observe o ângulo α na Fig. 27 abaixo. Fig. 27 – Ângulo de espalhamento devido ao aparecimento da força magnética MF → . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 20 Da geometria da Fig. 27 pode-se estabelecer a relação entre o módulo MF do vetor força magnética e o módulo EF do vetor força elétrica: E M F F tg =α → [ ] EM FtgF α= . Pode-se mostrar que o ângulo de espalhamento α está relacionado com os módulos dos vetores velocidades de Q e q, ou seja, com V e v , respectivamente, e com a velocidade da luz c . A velocidade da luz tem o mesmo valor de 3x108 m/s independente de o corpo material que serve de referencial para o observador estar em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme com velocidade constante. Substituindo as expressões para a αtg e para a EF , pode-se obter a expressão para o módulo da força magnética MF : 2c vV tg ×=α ; 2 r QqKFe = ; [ ] =× ×= × × = 222222 r QV x c Kqvqv r QV c K r QqK c vVFM ; Se qvBF r QV c KB M =→×= 22 . Deduz-se, então, que a grandeza física B é o módulo do campo vetorial magnético ��� gerado pelo movimento relativo de Q e q. Isso segue da comparação dessa última expressão para o módulo da força magnética MF sobre q, devido ao movimento relativo entre Q e q, com a força de Lorentz: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 21 Força de Lorentz: [ ]BqvFM ⊥= ; Força devido ao movimento relativo de Q e q: = 22 r QV x c KqvFM ; Portanto, pode-se escrever: 22 r QV c KB ×= ; E c V r QK c VB 222 = = ; K = 9x109 N.m2/C2; c2 = 9x1016 m2/s2; 2 7 2 2 7 2 101.101 A N s C N c K −− ×=×= . Ou seja, pode-se escrever para o módulo B do campo vetorial magnético ��� gerado por Q a seguinte expressão: 24 r QVB o ×= pi µ ; 2 7101 4 A No −×= pi µ . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 22 A constante oµ é chamada de permeabilidade magnética do vácuo. Seu valor de 2 7104 A N −×pi segue das relações da constante elétrica K com a permissividade elétrica do vácuo oε e da velocidade da luz com essas duas constantes fundamentais: o K piε4 1 = ; oo c εµ 12 = ; pi µ εµ piε 41 4 1 2 o oo o c K == . É importante observar que a teoria da Relatividade Especial impõe restrições ao módulo �� do vetor força magnética ��� sobre devido à ação do campo vetorial magnético ��� gerado por Q. De acordo com essa teoria, a velocidade de qualquer corpo material não pode exceder o valor da velocidade da luz c . Então, a força magnética MF sobre q nunca excede o valor de EF . A igualdade ocorre quando as duas cargas se movem com a velocidade da luz: [ ] EM FtgF ×= α ; 2c Vv tg =α ; 12 = × =→== c cc tgcvV α EM FF = . Adicionalmente, deduz-se que o ângulo de espalhamento máximo é ,-á/ - � 45 no caso de ambas as cargas se moverem com a velocidade PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 23 da luz c. Se qualquer uma delas estiver em repouso relativo ao observador no referencial inercial então α = 0. Nessa situação, a força elétrica ��� é a força resultante sobre a carga q. A tangente do ângulo de espalhamento α é um invariante de Lorentz, ou seja, sua forma é a mesma para diferentes observadores em diferentes pontos do corpo material que serve de referencial inercial. O mesmo é verdadeiro para diferentes observadores em diferentes corpos materiais que são referenciais inerciais. Assim, as conclusões do parágrafo anterior sobre a relação entre a força elétrica e a magnética das cargas Q e q em movimento relativo são absolutas. Mostra-se a invariância de Lorentz para o ângulo de espalhamento α a partir da expressão geral da Relatividade Especial para a força resultante de duas cargas Q e q em movimento relativo: ( ) ( ) ( ) ( ) rVvsenr KQqVv c K r sen r QqKF R ˆˆˆ 1 1 ˆ 1 1 2 3 22 2 22 2 3 22 2 2 ×× − − ×+ − − = → ϑβ β ϑβ β ; c V =β ; rV Vr →→ = . cosϑ . ϑ = ângulo formado entre o vetor → r e o vetor → V . Veja na Fig. 28. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINASGERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 24 Figura 28 – O ângulo ϑ entre as direções de → r e → V . Pode-se obter da expressão geral para a força resultante RF → o ângulo de espalhamento α: ( ) ( )( ) ( )232222 2 2 3 222 2 1 1 1 1 ϑβ β ϑβ β α senrc KQqvV senr KQq tg − − − − = ; 2c Vv tg =α . Resumindo, deduz-se das relações entre as expressões do campo vetorial elétrico ��� e do campo vetorial magnético ��� gerado por Q no espaço da sua vizinhança: →→→ ×= EV c B 2 1 ; VVV ˆ= → ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 25 r r QKE ˆ2= → ; pi µ 42 o c K = ; rV r QV r rVQB oo ˆˆ 4 ˆ 4 22 × = × = → pi µ pi µ r ; Se ao invés de uma única carga puntiforme Q se tem um número grande de cargas elétricas se deslocando com velocidade constante na mesma direção, como ocorre nos fios condutores metálicos que conduzem uma corrente elétrica I (Veja na Fig. 29), então a lei de Biot e Savart pode ser obtida somando a contribuição da expressão vetorial → Bd para cada dQ que ocupa uma distância dL sobre o fio de comprimento L: 2 ˆ 4 r rVdQBd o ×= → → pi µ ; dt dLV = → ; 222 ˆˆ 4 ˆˆ 4 ˆˆ 4 r raIdL r radL dt dQ r ra dt dLdQ Bd to t o t o × = × = × = → pi µ pi µ pi µ ; I = Corrente elétrica no fio metálico. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 26 Figura 29 – Campo vetorial magnético gerado por um fio condutor que conduz uma corrente I. A soma de todos os → Bd s gerados por cada pedaço dL do fio permite obter o campo vetorial magnético total: ∫∫ × == →→ L o t r raIdL BdB o 2 ˆˆ 4pi µ . Essa expressão matemática é a lei de Biot e Savart. Ela é utilizada para calcular os campos vetoriais magnéticos gerados por correntes elétricas que percorrem fios condutores ou bobinas de fios condutores, isto é, os enrolamentos de fios. Aplicam-se nos exemplos abaixo essa lei para obter os campos vetoriais magnéticos gerados por pedaços de fio e por espiras circulares. EXEMPLO 1 – FIO RETILÍNEO DE COMPRIMENTO L CONDUZINDO UMA CORRENTE ELÉTRICA I. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 27 Um fio retilíneo condutor de comprimento L está disposto ao longo do eixo coordenado z, de modo que ele é perpendicular ao plano xy. Uma corrente elétrica I percorre o fio condutor no sentido positivo do eixo z. Identificam-se na Fig. 30 as várias grandezas necessárias para calcular o campo vetorial magnético → B gerado pelo fio utilizando a lei de Biot e Savart. Figura 30 – Fio condutor retilíneo de comprimento L conduzindo uma corrente elétrica I. dzdL = ; kat ˆˆ = ; ksenar r ˆˆcosˆ ξξ += ; φξark ˆcosˆˆ =× ; 222 Rzr += ; + == ∫∫ −− → 2 2 22 2 2 2 ˆcos 4 ˆcos 4 L L o L L o Rz adzI r adzI B φφ ξ pi µξ pi µ ; ξRtgz = ; ξξdRdz 2sec= ; ξ2222 secRRz =+ ; 12 ξtg R L =− ; 22 ξtg R L = ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 28 φ ξ ξ φ ξ ξ ξξ pi µ ξ ξξξ pi µ ad R I a R dRIB oo ˆcos 4 ˆ sec cossec 4 2 1 2 1 22 2 = = ∫∫ → ; [ ] φξξpi µ asensen R I B o ˆ 4 12 −= → ; = − R L tg 2 1 2ξ ; −= − R L tg 2 1 1ξ ; Módulo de → B : [ ]124 ξξpi µ sensen R IB o −= ; Direção e sentido de → B : tangencial ao círculo de raio R, sentido anti-horário. EXEMPLO 2 – FIO RETILÍNEO COMPRIDO. Quando o fio retilíneo é muito comprido, então a razão R L 2 torna-se grande e os ângulos 2ξ e 1ξ tendem para 2 pi e 2 pi − , respectivamente. Nesse caso, o campo vetorial magnético gerado pela corrente elétrica que percorre o fio condutor será dado por: ( )[ ] φφ pi µpipi pi µ a I asensen I B oo ˆ11 4 ˆ 224 −−= −−= → ; φpi µ a R I B o ˆ 2 = → ; Módulo de → B : R IB o pi µ 2 = ; Direção e sentido de → B : tangencial ao círculo de raio R, sentido anti-horário. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 29 Figura 31 – Fio condutor retilíneo comprido disposto ao longo do eixo z e que conduz uma corrente elétrica I. EXEMPLO 3 – ESPIRA CIRCULAR DE RAIO R. Quando um pedaço de fio condutor enrolado na forma de uma espira circular de raio R é percorrido por uma corrente elétrica I calcula-se sem dificuldade o campo vetorial magnético ��� gerado sobre o eixo de simetria da espira utilizando a lei de Biot e Savart. Suponha a situação física onde a espira está sobre o plano xy e que o seu centro de curvatura coincide com a origem dos eixos coordenados. Tem-se, dessa forma, o eixo z como eixo de simetria da espira, sendo perpendicular ao plano da mesma. A Fig. 32 mostra essa situação física. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 30 Figura 32 – Campo vetorial magnético sobre o eixo de uma espira circular gerado pela corrente elétrica I que percorre a mesma. φRddL = ; φaat ˆˆ = ; ksenar r ˆˆcosˆ ξξ += ; ( ) ( ) ( )kasenaaksenaara rrt ˆˆˆˆcosˆˆcosˆˆˆ ×+×=+×=× φφφ ξξξξ ; rt asenkra ˆˆcosˆˆ ξξ −=× ; 222 Rzr += ; [ ] ∫∫∫ + − + = + − = → pipipi ξφ pi µξφ pi µξξφ pi µ 2 0 22 2 0 22 2 0 22 ˆ 4 ˆcos 4 ˆ ˆcos 4 Rz asenRdI Rz kRdI Rz asenkRdI B rooro ( ) ( ) ∫∫ +−+= → pipi φ pi ξµφ pi ξµ 2 0 22 2 0 22 ˆ 44 ˆcos da Rz IRsend Rz kIR B r oo ; ∫ = pi piφ 2 0 2d ; 0ˆ 2 0 =∫ φ pi dar ; ( ) ( ) ( )2222 2 ˆcos 4 2ˆcos Rz kIR Rz kIR B oo + = + = → ξµ pi piξµ ; 22 cos Rz R + =ξ ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 31 ( )2322 2 2 ˆ Rz kIR B o + = → µ . Módulo de → B : ( )2322 2 2 Rz IRB o + = µ . Direção e sentido de → B : direção z no sentido positivo do eixo. 2.2 Representações Gráficas dos Campos Vetoriais Elétricos e Magnéticos. Deve-se ao fato de a visão humana ser um sentido poderoso na gravação da memória de qualquer fenômeno físico ocorrendo no mundo exterior que nos rodeia a necessidade da representação gráfica dos campos vetoriais elétricos e magnéticos. Assim, os primeiros cientistas a estudarem esses fenômenos sentiram a necessidade de “enxergar” os campos vetoriais que geravam as forças elétricas e magnéticas entre os corpos materiais carregados eletricamente. O cientista inglês Michael Faraday propôs a idéia de um fluído elétrico que emanava dos corpos materiais carregados eletricamente. Tal fluído foi substituído, posteriormente, por linhas do campo vetorial elétrico e também linhas do campo vetorial magnético. Assim, na representação gráfica do campo vetorial elétrico → E gerado por uma carga puntiforme,por exemplo, desenham-se linhas de campo emanando da carga para a região do espaço de sua vizinhança ou do espaço da sua vizinhança para a carga. Se a carga puntiforme é positiva, + Q, o sentido do fluído emanante é da carga para o espaço da sua vizinhança. O contrário ocorre para a carga puntiforme negativa, − Q: o sentido do fluído emanante é do espaço da sua vizinhança para a carga. As representações gráficas por PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 32 linhas de campo elétrico devem obedecer às leis da força elétrica, ou seja: (a) uma vez que a força elétrica é vetorial, ou seja, uma grandeza física que utiliza a geometria euclidiana para poder realizar as operações algébricas com ela, o caráter vetorial do campo elétrico deve ficar claro na representação gráfica; (b) a intensidade do campo vetorial elétrico na representação gráfica deve levar em consideração que a intensidade do campo varia linearmente com a densidade de carga, ou seja, quanto maior a densidade de carga dos corpos materiais carregados eletricamente, maior a intensidade dos campos vetoriais elétricos gerados por eles: σ∝E . O mesmo vale para as cargas puntiformes: QE ∝ . Então, um corpo material carregado eletricamente com uma grande densidade superficial de carga elétrica σ emana um fluído elétrico denso, ou seja, gera um campo vetorial elétrico intenso, com um grande número de linhas de campo elétrico por unidade de área: área nhasnúmerodeli A NE =∝ . Dessa forma, a região do espaço com o campo vetorial elétrico ��� uniforme é representada graficamente por linhas de campo paralelas, ou seja, a direção é sempre a mesma para qualquer ponto do espaço, e são igualmente espaçadas de modo que o campo vetorial elétrico tem o mesmo módulo A NE ∝ para qualquer ponto do espaço. Veja essa representação na Fig. 33. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 33 Figura 33 – Representação gráfica de uma região do espaço com campo vetorial elétrico uniforme. No caso de campo vetorial elétrico ��� variável, em direção e sentido, deve-se observar que as linhas de campo não podem se cruzar. Se isso ocorrer, a representação gráfica não corresponde à situação física real, onde em cada ponto do espaço o campo exerce uma força única sobre a carga de prova q localizada naquele ponto. De maneira geral, o esboço de linhas de campos vetoriais elétricos gerados por cargas puntiformes no espaço da sua vizinhança deve seguir as seguintes regras básicas: (a) O número de linhas de campo elétrico deve ser proporcional ao valor da carga Q; lembre-se que da lei de Coulomb deduziu-se que o modulo do campo vetorial elétrico de uma carga puntiforme é dado por 2 r QKE = . (b) As linhas de campo elétrico têm simetria radial e são orientadas emanando de cargas puntiformes positivas + Q para a região do PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 34 espaço de suas vizinhanças. Para cargas puntiformes negativas − Q as linhas de campo elétrico emanam do espaço da sua vizinhança para as cargas negativas. (c) As cargas puntiformes negativas são os sorvedouros das linhas de campo elétrico que emanam de cargas puntiformes positivas localizadas no espaço de suas vizinhanças. Em outras palavras, as linhas de campo elétrico sempre principiam em cargas positivas e terminam em cargas negativas. (d) As linhas de campo elétrico podem emanar para o espaço da vizinhança onde existem várias cargas puntiformes ou do espaço da vizinhança para as cargas. O sinal da carga líquida, iilíquida QQQ ∑∑ −−+= ,indicará se as linhas de campo elétrico emanam do sistema de cargas puntiformes para a o espaço da sua vizinhança ou deste para o sistema de cargas puntiformes. Mostram-se na Fig. 34 os esboços das linhas de campo elétrico geradas por cargas puntiformes isoladas de vários valores e de conjuntos de cargas puntiformes. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 35 (a) Linhas de campo elétrico emanando das cargas +Q e +2Q. (b) Linhas de campo elétrico emanando do espaço da vizinhança para −2Q e −3Q. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 36 (c) Linhas de campo elétrico emanando de um sistema de cargas puntiformes com carga líquida QQl += . Figura 34 – Linhas de campo elétrico geradas por várias distribuições de cargas puntiformes. A representação do campo vetorial magnético → B por linhas de campo também utiliza o conceito de um fluído magnético emanando da carga em movimento para o espaço de sua vizinhança. Entretanto, o fluído magnético envolve a carga Q em movimento. Ou seja, ao contrário do fluído elétrico que emana das cargas positivas para cargas negativas, ou fluído magnético preenche o espaço da vizinhança da carga, envolvendo a mesma. Então, quando uma carga puntiforme Q+ se move com velocidade → V , além do fluído elétrico emanando da mesma para o espaço de sua vizinhança, ela preenche esse espaço com um fluído magnético e é envolvida por ele. As linhas do campo vetorial magnético ��� da carga Q+ em movimento com velocidade → V devem obedecer à relação entre → B e → E : →→→ ×= EV c B 2 1 . Suponha a carga Q+ se movendo com velocidade constante na direção z, sentido positivo do eixo. Nesse caso, pode-se escrever para o vetor velocidade da carga a expressão kvV ˆ+= → . Uma vez que o campo PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 37 vetorial elétrico gerado pela carga emanando para o espaço da sua vizinhança é dado por raEE ˆ= → , então o campo vetorial magnético preenchendo esse espaço será dado por: [ ] φvEa c akvE c EV c B r 222 1 ˆ 11 =×=×= →→→ ; 2 r QKE = . O vetor φaˆ indica que a direção de ��� é sempre tangencial a um círculo de raio r, tendo a carga como origem do círculo, sendo seu módulo constante sobre o círculo. Então, as linhas de campo magnético geradas envolvendo a carga + Q e preenchendo o espaço da sua vizinhança podem ser esboçadas como mostrado na Fig. 35. Mostra-se também a situação para a carga se deslocando no sentido negativo do eixo z. (a) Linhas de campo magnéticas geradas quando kvV ˆ+= . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 38 (b) Linhas de campo magnéticas geradas quando kvV ˆ−= . Figura 35 – Linhas de campo magnético envolvendo uma carga puntiforme Q+ . A segunda regra da mão direita, ou regra do parafuso, mostrada na Fig. 36, é uma ferramenta útil para esboçar as linhas de campo magnético que preenchem o espaço da vizinhança de cargas puntiformes em movimento. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 39 Figura 36 – A segunda regra da mão direita utilizada para esboçar as linhas de campo magnético. Se há na direção z um fio condutor que conduz uma corrente elétrica I, o esboço das linhas de campo magnético preenchendo o espaço da vizinhança do fio é mostrado na Fig. 37. O mesmo é feito para a situação na qual o fio é enrolado de modo a constituir uma espira circular. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 40 (a) Linhas de campo magnético geradas por um fio metálico queconduz uma corrente elétrica I e está disposto ao longo da direção z (b) Linhas de campo magnético geradas por um fio enrolado na forma de espira circular de raio R. Figura 37 – Linhas de campo magnético em torno de alguns fios condutores que conduzem uma corrente elétrica I. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 41 2a Lista de Exercícios 1− A distribuição de cargas elétricas da Fig. 38 tem Q1 = Q2 = + 323 e Q3 = Q4 = 6 µC. (a) Calcular o campo vetorial elétrico resultante no ponto (0,0). (b) Se uma carga q = + 5 µC for colocada no ponto (0,0), qual é a força elétrica resultante sobre ela? Dados: 2 r QKE = ; 4321 →→→→→→ +++== ∑ EEEEEE iR ; RR EqF →→ = . Respostas: (a)���� � 6,757109:̂ � 37109< = !/? ; (b) ��� � 33,75710@9:̂ � 15710@9< = � PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 42 Figura 38 – Distribuição de cargas puntiformes no plano xy. 2 − Utilizando a representação gráfica do campo vetorial elétrico por linhas de força, esboçar as linhas de campo elétrico do dipolo elétrico localizado no plano xy que é mostrado na Fig. 39. Figura 39 – Dipolo elétrico localizado sobre o plano xy. 3 − Esboçar as linhas de força do campo elétrico geradas pelas seguintes distribuições de carga elétrica: (a) Três cargas +Q, −Q e +Q em linha sobre o eixo dos y. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 43 Figura 40 – Três cargas puntiformes em linha sobre o eixo dos y. (b) Condutor plano de área A = 10 cm2 com cargas as cargas: (i) 10 µC; (ii) 20 µC; (iii) 40 µC. (c) (i) Uma carga puntiforme isolada de valor Q = 10 C; (ii) Uma esfera condutora com Q = 10 C distribuída sobre sua área superficial de 2 m2; (ii) a mesma esfera com carga distribuída igual a 5 C. 4 − O isolador elétrico esférico 1 de raio R = 10 cm está carregado eletricamente com Q1 = + 100 C. Suponha que outro isolador elétrico esférico 2 de mesmo raio R tenha a densidade superficial de carga σ2 = − 20 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 44 C/m2 e que os isoladores elétricos 1 e 2 estejam separados da distância d = 1 m. Encontrar: (a) A carga elétrica Q2 sobre a superfície do isolador elétrico esférico 2. (b) A força elétrica entre os isoladores elétricos esféricos. Dados: 22 4;;2; RSSQRdr r QKE piσ ==+== ; EQF 2= . Resposta: (a) Q2 = - 2,513 C; (b) F = 1,571x1012 N. 5 − O fio isolante de comprimento L = 2 m está sobre a direção z e carregado eletricamente com a carga Q = 10 µC. (a) Calcular a densidade de carga elétrica λ. (b) Se a carga puntiforme q = − 6 nC for colocada sobre uma reta que divide o fio em duas partes iguais num ponto R que dista de 2 cm do fio, encontrar o valor do módulo da força elétrica sobre a carga q? Dados: [ ]12 ξξλ sensenR KE −= ; R L tg 22 =ξ ; R L tg 21 −=ξ ; qEF = . Respostas: (a) λ = 5x10-6 C/m; (b) F = 2,699x10-2 N. 6 − A carga puntiforme de valor Q = 3,5 pC está a uma distância 4 d , com d = 4 mm, do plano de cargas positivos que tem σ = 20 µC/m2. Calcular: (a) O campo vetorial elétrico gerado pelo plano de cargas. (b) A força resultante sobre a carga Q. Suponha que a direção z é perpendicular ao plano de cargas. (c) PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 45 Dados: σpiKE 4= → ; →→ = EQF E . Resposta: (a) 2,262x106 V/m; (b) ��� � 7,917710@B CD N. 7 − Duas cargas puntiformes iguais em módulo, Q1 = Q2 = 0,1 nC, mas de sinais opostos, estão inicialmente em repouso sobre o eixo dos y nas posições y = + 2 m e y = − 2 m, conforme mostrado na Fig. 42. As cargas puntiformes Q1 e Q2 são impulsionadas, de repente, e adquirem velocidades v1 = 3x105 m/s e v2 = 6x106 m/s. A carga Q1 se desloca para a direita do eixo dos y e a carga Q2 para cima, no sentido negativo do eixo dos x. Achar: (a) O módulo da força elétrica entre as cargas, na posição de repouso. (b) O módulo da força magnética sobre a carga puntiforme Q1 quando elas entram em movimento. (c) A força resultante sobre a carga puntiforme Q1. Dados: →→ = EQF E 1 ; ( )i r QKE ˆ22 −= → ; ( ) EM FtgF α ; 22 MER FFF += . Respostas: (a) �� � 5,625710@�� N; (b) �� � 1,125710@�B N; (c) �� � 5,625710@�� N. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 46 Figura 41 − Distribuição de cargas sobre o eixo dos x. 8 − Os elétrons do feixe de um canhão eletrônico de um tubo de raios catódicos estabelecem uma corrente de 1,6 µ A. O feixe de elétrons se desloca ao longo do eixo y, no sentido positivo, com vetor velocidade )� � 2710F <̂ ?/G . Existe uma região de 8 cm de comprimento ao longo da trajetória do feixe onde existe um campo vetorial magnético iB ˆ01,0=→ T. O diâmetro d do feixe eletrônico é de 1 mm. Calcular: (a) O número de elétrons livres do feixe de elétrons. (b) O vetor força magnética MF → sobre os elétrons livres do feixe. (c) O vetor aceleração '� devido à ação da força magnética. Dados: →→→ ×= BvqF M ; H � IJ)K; K � M��; →→ = aMF R ; Melétron = 9,11x10-31 kg. Respostas: (a) n = 1,592x1013 elétrons/cm3; (b) ��� � N3,2710@�B CD N; (c) '� � N3,514710�O CD ?/G�. 9 − Um próton executa um movimento circular de raio 5 cm paralelo ao plano yz numa região onde existe um campo vetorial magnético de módulo B na PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 47 direção x, sentido positivo do eixo. A velocidade do próton é de 4x106 m/s. (a) Qual o sentido de rotação do próton? (b) Qual o valor de B? Dados: θqvBsenFM = ; R vMFcentrípeta 2 = . Respostas: (a) horário; (b) B = 0,8365 T. Figura 42 – Próton executando movimento circular de raio R no plano yz. Essa região do espaço está preenchida com linhas de um campo vetorial magnético → B . 10 −(a) Calcular a força magnética entre dois fios compridos localizados no plano xz que conduzem a mesma corrente elétrica I = 45 A. Os fios estão ao longo da direção z. Um deles passa pela origem do sistema de coordenadas e o outro pelo ponto (0, +4, z). As posições estão em centímetros. (b) De igual modo, calcular a força magnética quando as correntes estão em sentidos opostos, ou seja, a corrente do fio que passa pela origem está no PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 48 sentido positivo do eixo z e a do outro fio que está localizado no ponto (0, +4, z) está no sentido negativo do eixo z. Dados: →→→ ×= BLIF M ; θILBsenFm = ; φpi µ a R I B o ˆ 2 = → ; R IB o pi µ 2 = . Respostas: (a) �� � PN1,01710@�%Q<̂ �; (b) �� � P1,01710@�%Q<̂ � 11 − A carga Q = 0,8 nC é distribuída sobre um anel condutor de raio R 5 cm que tem o seu plano paralelo ao plano xy e o seu centro de curvatura coincide com a origem do sistema de eixos coordenados. Calcular: (a) O campo vetorial elétrico →E gerado pela distribuição de carga sobre o eixo dos z. (b) A freqüência angular do anel se ele passar a girar com f = 20 Hz. (c) O campo vetorial magnético →B gerado sobre o eixo dos z quando o anel passa a girar com a freqüência de 20 Hz. (d) A força resultante sobre uma carga q = 6 µC que está a 8 cm do centro de curvatura do anel. Dados: ��� � R S� T UVW�XYP�UZ[UQ\U �] ^ CD; )� � _`'aY; ��� � b��/� �� cU . Respostas: (a) ��� � Sd� P�UZ[UQ\U CD �/3; (b) ω = 125,7 rad/s; (c) ��� � efdg�U O]P�UZ[UQ\U 'ah; (d) �� � 2,57710@9CD � 1,43710@��'ah �. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 49 Figura 43 − Anel condutor de raio R com carregamento elétrico.
Compartilhar