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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
ADMINISTRAÇÃO
JOSÉ MICHAEL MIRANDA LEITE 
“a responsabilidade socioambiental e a gestão de pessoas: um estudo sob a ótica do direito empresarial e do trabalho”
GARANHUNS-PE
2016
JOSÉ MICHAEL MIRANDA LEITE 
“a responsabilidade socioambiental e a GESTÃO de pessoas: um estudo sob a otica do direito empresarial e do trabalho”
Trabalho apresentado ao Curso (nome do curso) da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas: Direito Empresarial e do Trabalho, Gestão de Pessoas, Responsabilidade Social e Ambiental.
Prof. Flavio Pierobon; Ana Celi Pavão; Julho Zamariam; José Adir Lins Marchado.
GARAHUNS-PE
2016
ECONOMIA SOLIDÁRIA, SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO: PROPOSTAS POSSÍVEIS? 
SOLIDARY ECONOMICS, SUSTAINABILITY AND DEVELOPMENT: 
VIABLE PROPOSITIONS? 
RESUMO 
Este estudo, de natureza teórica e conceitual, tem como objetivo fundir as noções de economia solidária, sustentabilidade e desenvolvimento em um novo arranjo dentro do campo social. Os embasamentos teóricos que orientam essa proposta são a formulação da produção e reprodução do capital em Marx; o entendimento de economia solidária e transição em Nascimento, Sardá e Novaes; a teoria do campo em Bourdieu; a noção de crise e paradigma em Kuhn e, por fim, as formulações sobre desenvolvimento em Daly. A abordagem metodológica centrou-se em revisão de literatura sobre as três expressões. Como resultado, foi visto que as limitações de ordem teórica e prática, contidas nesses termos, validam a hipótese de que os esforços empreendidos pela economia solidária e pela sustentabilidade na busca de um novo e justo modelo de desenvolvimento socioambiental não lograriam êxito isoladamente; juntas, no entanto, têm chances concretas de sucesso. 
Palavras-chave: economia solidária, sustentabilidade e desenvolvimento. 
1. INTRODUÇÃO 
O título deste trabalho foi formulado como uma indagação, já que a intenção é suscitar o debate a partir da revisão conceitual de três ideias, questionando a viabilidade operacional de cada uma delas isoladamente. Do resultado das análises, propõe-se um projeto de desenvolvimento socioeconômico e ambiental, baseado na integração de solidariedade e sustentabilidade como exercício à implantação de um novo marco civilizatório. Trata-se de uma proposição utópica, pois não se presumiu implantá-la em nenhum lugar específico. Portanto, fundamental não se gerar falsas expectativas: esse estudo é um mero exercício intelectual de desejo, e como tal deve ser lido. 
Para operacionalizar um projeto de desenvolvimento que associe trabalho, justiça social1, liberdade e questões ambientais, questiona-se se as idéias de “desenvolvimento”, “economia solidária” e “sustentabilidade” correspondem, isoladamente, a uma alternativa sistêmica possível, para então avaliar se a fusão delas pode requalificar adequadamente a idéia comumente aceita de desenvolvimento. Por carecerem de precisão conceitual, essas idéias vêm retroalimentando a forma hegemônica contemporânea de se produzir, centrada na valorização do capital e, por hipótese, sem qualquer possibilidade de reverter o quadro de crise social e ambiental presente e gerar uma proposta de desenvolvimento de cunho original. 
O conceito de justiça social faz referência à necessidade de alcançar uma repartição equitativa dos bens sociais. 
O argumento é que isso se deve à imprecisão conceitual que individualmente carregam e da contenção sistêmica que sofrem para serem de forma integrativa e harmônicas apropriadamente operacionalizadas. A tese é que, sinergicamente, elas têm chances concretas de empreender tal alteração e de gerar não apenas crescimento, mera produção em massa e consumo fetichizado de produtos (Marx, 1982, 1996), mas desenvolvimento, enquanto bem estar material e justiça socioambiental. 
Quanto ao desenvolvimento, desta forma entendido, e à maneira de alcançá-lo e vivenciá-lo, há primeiramente que se considerarem as diversas possibilidades de organização do trabalho e a distribuição de seus resultados, seus métodos e as formas que assume socialmente. Propõe-se nesse estudo que desenvolvimento seja traduzido como a junção de bem estar material, emancipação completa, respeito com o mundo natural e realização do indivíduo. O caminho para alcançá-lo e vivenciá-lo aqui proposto é pavimentado pela autogestão solidária aliada à sustentabilidade socioambiental. 
São cinco os embasamentos teóricos que orientam este estudo: a formulação da produção e reprodução do capital em Marx (1996); o entendimento de economia solidária e transição em Nascimento (2011) em Sardá (2011) e em Novaes (2011); a teoria do campo em Bourdieu (1983a, 1983b, 1990, 1996, 2004, 2007); a noção de crise e paradigma em Khun (2003); e as formulações sobre o desenvolvimento em Daly (1968, 1974, 1989, 1996). Com relação ao método, buscou-se, a partir de uma revisão bibliográfica, definir os três termos que compõem o título deste estudo – economia solidária, sustentabilidade e desenvolvimento –, de forma a dirimir suas imprecisões, para então integrá-los numa nova proposta de desenvolvimento e sociedade. 
2. DESENVOLVIMENTO 
O conceito de desenvolvimento é usualmente tomado no mesmo sentido de crescimento econômico. Para se compreender o porquê desta equivocada utilização de um termo por outro, optou-se por traçar a sua gênese e evolução histórica. 
Dos primeiros estudos sistematizados de economia do século XVIII3 até o final da Segunda Grande Guerra, pouco se ouviu falar em desenvolvimento econômico, mas em riqueza e crescimento. Longe do ideário feudal, no qual a posse da terra era fator determinante à riqueza, e baseado inicialmente nas idéias de Quesnay de 1755, as atenções voltaram-se para a identificação da riqueza como resultado do bom uso produtivo da terra. Smith atacou a questão da riqueza das nações pela dupla via da produção e do comércio em 1776. Depois vieram Marx, Ricardo e Mill, com foco no crescimento dos fatores de produção, sua distribuição e resultados. Posteriormente, na primeira metade do século XX, os olhares dirigiram-se para o controle das flutuações cíclicas da economia e os ciclos de prosperidade e depressão. 
Desconsiderou-se propositalmente nesse estudo a escola mercantilista. 
A exceção dentre esses estudiosos e economistas a falar primeiro e explicitamente sobre desenvolvimento econômico foi Schumpeter, em seu livro “A Teoria do Desenvolvimento Econômico” de 1911. 
Schumpeter foi o primeiro a tocar na questão do desenvolvimento já em 19114, rompendo com essa abstenção. Até ali, a depender do viés ideológico do autor, o desenvolvimento econômico era tema pertencente ao campo da História Econômica ou da Economia Política. Contrário ao pensamento econômico liberal precedente, no qual os agentes econômicos possuem racionalidade absoluta e o ambiente econômico é marcado pela perfeita simetria de informações, Schumpeter se opôs à idéia reinante de que o crescimento econômico estivesse ligado ao ritmo de crescimento demográfico, quando ocorre o pleno emprego simultâneo dos fatores de produção nos mercados de bens, trabalho e capitais. Assim, redefine as bases conceituais para o entendimento desse tema e cria novas categorias teóricas (Schumpeter, 1982) que permitem uma análise inédita dos saltos qualitativos existentes no mundo concreto. Para ele, o processo de desenvolvimento econômico é resultante de mudanças revolucionárias, não mais vinculadas ao passado, gerado no bojo do sistema produtivo econômico e embasado na inovação tecnológica, promovida pelo empresário inovador. A inovação é definida como um processo de orientação inédita dos fatores de produção. O desenvolvimento seria, em última instância o resultado disso que elechamou por destruição criativa (Schumpeter, 1982). 
A idéia de desenvolvimento ficou adormecida durante o período de guerras que se seguiu. Reapareceu somente após 1945, quando houve uma enorme transformação do ambiente e a palavra de ordem tornou-se reconstrução, factível somente com os recursos e a liderança do setor público. 
Segundo Müller (1998), foi nesse ambiente que as teorias de desenvolvimento surgiram nos países capitalistas centrais, alinhadas por um protagonismo estatal, motivado pela consolidação de um bloco rival ao capitalismo e potencializadas pelo surgimento de um conjunto de organismos e instâncias de cooperação internacionais. 
Paralelamente, houve diversas outras formulações socialistas de desenvolvimento, que tiveram outro âmbito e outros organismos e instâncias de elaboração e aplicação, mas delas não se ocupou esse trabalho. 
De acordo com Enríquez (2010), as teorias do desenvolvimento pós 1945 podem ser divididas em quatro principais linhas de abordagem. Com alguns ajustes e o acréscimo de uma quinta linha, a mesma lógica foi usada nesse estudo. A primeira delas agrega as teorias clássicas de crescimento, nas quais crescimento e desenvolvimento se confundem integralmente. A segunda linha diz respeito às teorias de inspiração marxista ou neomarxista, que representam
uma crítica aos modelos dominantes de crescimento. A terceira linha, as teorias institucionalistas ou neoinstitucionalistas, procuram elucidar o papel desempenhado pelas instituições na determinação dos resultados socioeconômicos. A quarta, as propostas de desenvolvimento sustentável, que vão desde um reformismo liberal até proposições de ruptura sistêmica, algumas de orientação marxista. Por fim, a economia ecológica com a inserção explícita das preocupações quanto ao sobre uso dos recursos naturais. Assim, são ilustrativos do primeiro grupo os modelos de Harrod/Domar dos estágios lineares de desenvolvimento (Harrod, 1939; Domar, 1946) e de Robert Solow (1957), além das etapas de crescimento de Rostow (1961 1969). Comum entre eles é a premissa que desenvolvimento é sinônimo de crescimento econômico, que, por sua vez, depende da relação capital/produto para projetar o crescimento do país. 
Roberto Campos (Campos, 2000) salienta que o modelo Harrod e Domar serviram como receituário em um momento em que havia grande redundância de mão-de-obra na agricultura e o capital, composto por máquinas e equipamentos, era o fator mais escasso. Por conta disso, seu rendimento era linear, isto é, diretamente proporcional à quantidade disponível. Contudo, a realidade mostrou-se muito mais complexa do que o modelo e o próprio Domar chegou a reconhecer posteriormente essa simplificação. 
Solow (1957), seguindo as trilhas de Domar e de certa forma a subvertendo, chamou atenção para o princípio que ficou conhecido como produtividade total dos fatores. Nele, a produção não é função apenas do capital e do trabalho, mas também da tecnologia e, portanto, em longo prazo, o crescimento é função das mudanças tecnológicas e não da taxa de investimento, a qual determina somente o nível do produto. 
Rostow (1961, 1969) encontrou uso à “teoria dos estágios lineares” de Domar, popularizando-a entre os planejadores desenvolvimentistas dos países industrializados, com vistas ao melhor caminho na transformação das sociedades agrárias subdesenvolvidas pelas potências econômicas desenvolvidas (Todaro, 1997). Assim, seria possível desenhar uma trajetória de modernização em países da América Latina, Ásia e África semelhante aos caminhos dos países então industrializados. 
A publicação de seu livro “Estágios do Crescimento Econômico” em 1960 veio a preencher a lacuna econômica para justificar as razões de um intervencionismo econômico-financeiro que se seguiu nos países de base agrária ou industrial fraca por parte dos países centrais. A obra classificava o desenvolvimento em cinco estágios econômico a ser percorrido por determinada economia nacional até que esta chegasse à "decolagem" para o desenvolvimento auto-sustentado. 
Situam-se no segundo grupo os posicionamentos teóricos à esquerda do espectro ideológico, que representam uma crítica aos modelos anteriores de crescimento. Nessa linha destacam-se aqui as teses estruturalistas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe-Cepal, as distintas interpretações da “escola da dependência” e os trabalhos de Celso Furtado. 
Nos anos 1950, intelectuais da Cepal, instituição criada em 1948 pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, fizeram a crítica à lei das vantagens comparativas7, dando fundamentação econômica à política de industrialização com participação ativa do Estado, além de haverem formulado a teoria estruturalista da inflação8 (Bresser-Pereira, 2005). 
Ao contrário do que pressupunha a teoria econômica clássica, a aplicação da lei das vantagens comparativas não permitia que os ganhos de produtividades que ocorriam com a industrialização nos países centrais se transformassem em baixa dos preços, beneficiando os países em desenvolvimento. 
As origens reais da inflação se encontrariam nos problemas estruturais do desenvolvimento econômico do país. Isto significa necessariamente que o próprio processo de desenvolvimento teria que ser afetado pelas condições inflacionárias em que o mesmo ocorria. 
A Cepal pôde contar com a sinergia intelectual de expoentes do pensamento econômico da época que compartilhavam os mesmos pressupostos como Raul Prebish, Aníbal Pinto e Oswaldo Sunkel. Dentre eles, Celso Furtado. Para Furtado, o desenvolvimento devia ser o produto de uma estratégia nacional de industrialização e para legitimá-lo seria necessário fazer a crítica da lei das vantagens comparativas (Furtado, 1974). 
Em uma linha consistente com as idéias da Cepal à época, afirmou ele que a América Latina caminhava para a estagnação devido à utilização de uma tecnologia trabalho-intensivo e à concentração de renda que ela provocava (Furtado, 1974; Bresser-Pereira, 2005). Somava-se a isto o fato de que, ao contrário do que previa a teoria do comércio internacional, os aumentos de salários nos países centrais não resultavam em baixa de preços, mas em aumento de salários proporcionais aos aumentos de produtividade, enquanto o mesmo não acontecia nos países em desenvolvimento com os ganhos de produtividade. Daí resultava a tese de que havia uma tendência secular à deterioração dos termos de intercâmbio (Bresser-Pereira, 2005). 
Quanto às distintas interpretações da chamada “escola da dependência”, estas se manifestam em três versões: a da dependência associada, a nacional-dependente e a teoria da superexploração capitalista. Freqüentemente, a teoria da dependência é confundida com a teoria do imperialismo, quando a rigor é uma crítica dessa teoria, especialmente quando supõe a possibilidade de uma revolução nacional nos países periféricos com a participação ativa das diversas elites nacionais, a começar pela burguesia nacional (Bresser-Pereira, 2005). A teoria do imperialismo foi inicialmente desenvolvida por Hobson, que não era marxista. Foi mais tarde adotada por Lenin. Já a teoria da dependência, tanto na versão da superexploração capitalista quanto na da dependência associada, tem clara origem marxista. 
Resumidamente, a teoria da dependência em sua versão associada e, salvaguardadas as especificidades, também na nacional-dependente afirmavam que a teoria do imperialismo equivocava-se ao afirmar que os países centrais seriam contrários à industrialização dos países periféricos latino americanos. Tanto não era assim que as empresas multinacionais estavam, desde os anos 1950, investindo em plantas industriais na região. As empresas multinacionais e o capital financeiro internacional não impedem, mas condicionam o desenvolvimento econômico (Bresser-Pereira, 2005). 
Em sua versão da superexploração capitalista, a teoria da dependência adotou um raciocínio linear, muito próprio de um marxismo que se pretendia ortodoxo. Dada a impossibilidade da existência de uma burguesia nacional,não restaria alternativa para os trabalhadores, ou para as esquerdas, senão trabalhar pela revolução socialista (Bresser-Pereira, 2005). 
Em terceiro plano temos as teorias neo-institucionalista, que procuram elucidar o papel desempenhado pelas instituições na determinação dos resultados socioeconômicos. O principal objeto de estudo são as instituições políticas e econômicas e as regras formais e informais que conformam a cultura, o comportamento dos agentes e as organizações sociais. Nessa perspectiva têm-se as teses de Douglas North, Robert Putnam e algo de Joseph Stiglitz. 
O institucionalismo original, de Veblen, de inícios do século XX ocupava-se em negar que os padrões de consumo fossem o resultado do cálculo racional dos ganhos, como queriam os economistas clássicos, ou as perdas marginais, como queriam os neoclássicos, inaugurando outro viés explicativo. Afirmava que tais padrões eram isto sim, o resultado do hábito de “exibição emulativa” de imitar outros padrões de consumo (Veblen, 1994a, 1994b). 
Os neo-institucionalistas reencaminharam essa preocupação em outra direção. North (1981), em sua conceituação clássica, afirma que as instituições podem ser interpretadas como sendo as regras de um jogo. Do ponto de vista socioeconômico, a principal fonte das mudanças nestas regras residiria nas mudanças ocorridas nos preços relativos, que alterariam os incentivos dos agentes econômicos no processo de interação. Outra fonte de mudança institucional seriam as alterações nas preferências dos indivíduos (North, 1990). Em North (1990), há uma preocupação evidente em aprofundar a inter-relação entre o político e o econômico para além da simples relação entre o governante em busca de receita fiscal e a sociedade que demanda a definição de direitos e oferta de bens públicos. O desenvolvimento derivaria, em última instância, da harmonização e fluidez dessa inter-relação. 
Quase na mesma linha de North, Robert Putnam preocupa-se em responder o porquê de alguns governos democráticos terem bom desempenho e outros não, e quais são as condições necessárias para se criar instituições fortes, responsáveis e eficazes promotoras de desenvolvimento. Segundo Putnam (1996), nesse recorte teórico institucionalista as instituições influenciam o resultado porque dialeticamente moldam a identidade, o poder e a estratégia dos atores, enquanto seu desempenho prático é moldado também pelo contexto social em que elas atuam. O desenvolvimento é o resultado dessa interação. 
A diferença de pensamento desses dois autores institucionalistas no tocante a essa questão é bastante sutil. Para Putnam (bem como para North), as instituições seriam as “regras do jogo”, as normas que regem a tomada de decisões coletivas, o palco onde os conflitos se manifestam e, às vezes, se resolvem. Mas Putnam acrescenta outro aspecto à definição das instituições: elas seriam mecanismos para alcançar propósitos, não apenas com o fim de alcançar acordos, ou seja, as pessoas querem que o governo faça coisas, não apenas decida coisas. 
Na vertente do neo institucionalismo que foca nas instituições e desempenho econômico, Stiglitz faz coro a North (1990) e a Putnam (1996), por entender que as instituições desempenham um papel decisivo na dinâmica e no desenvolvimento de qualquer sistema econômico. Por meio delas é possível explicar o êxito ou fracasso, o crescimento ou a estagnação de um sistema socioeconômico. 
Finalmente, têm-se as propostas de desenvolvimento sustentável, consubstanciado originalmente no Relatório Brundtland10 (Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991), adensadas por propostas de mercantilização da natureza por meio dês inúmeras ferramentas de valoração, chamadas por economia verde11, até as proposições de ruptura sistêmica, que argumentam sobre a impossibilidade lógica da existência do desenvolvimento sustentável, como as de Goldsmith (1972, 1995), Altvater (1989, 1995), e Martinez-Allier (1994). O meio caminho há os que vêem o desenvolvimento sustentável como uma construção possível, desde que respeitados os critérios de justiça social, eficiência econômica e prudência ecológica. É o caso de Pearce (1989, 1991) e Sachs (1981 1993). 11 A definição mais largamente utilizada para a economia verde foi cunhada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), sendo considerada aquela que promove a melhoria do bem-estar humano e da igualdade, e, ao mesmo tempo, reduz significativamente os riscos ambientais. As três características principais das atividades dessa economia são: reduzir a emissão de carbono, ser eficiente no uso de recursos naturais e ser socialmente inclusiva. Edward Goldsmith (1972, 1995), vê o pacto como um oxímoro. Adepto do ecologismo radical, enxerga no progresso técnico-científico e na sociedade industrial inconsistências que arrastam para a morte, senão a natureza inteira, com certeza a humanidade. Rejeita a idéia de que o sistema pode ser transformado de forma a conciliar criação de riquezas, bem-estar material e preservação do planeta. Já em 1972 publica com co-autores o Manifesto pela Sobrevivência (Blueprint of Survival), no qual atribuía a culpa da degradação da natureza à ideologia do consumismo do supérfluo. 
O pensamento de Altvater quanto ao desenvolvimento sustentável o coloca numa posição distanciada do eco fundamentalismo, do reformismo sustentável e do pensamento marxista radical, esse último postulante de uma implosão do capitalismo por conta de crises sociais ou econômicas inerentes à sua própria lógica funcional. O que ele não exclui, entretanto, é a possibilidade de um colapso do sistema ecológico global, com conseqüências sociais imprevisíveis (Altvater, 1995). Joan Martinez-Alier defende a idéia de que o mundo hoje está diante de um conflito ecológico global que opõe desenvolvimento econômico, que favorece a poucos, à degradação ambiental, socializada pela massa da população mundial. Visto como um economista ecológico tornou-se um dos principais proponentes da corrente na economia ambiental batizada de ecologia popular, motivo pelo qual foi nesse estudo alocado no âmbito do desenvolvimento sustentável. 
Sua premissa é que os países e populações pobres na busca da sustentabilidade podem - e devem- se defender contra o desenvolvimentismo, incorporando nas suas atividades econômicas a prática da sustentabilidade ambiental e a congestão das áreas para que as populações locais tenham benefícios e que recebam pagamentos por serviços ambientais proporcionados por suas ações de conservação (Martinez-Alier, 1994). 
David Pearce em seu trabalho Blueprint for a Green Economy (1989) afirma que o desenvolvimento sustentável tornou-se um artigo de fé, uma prova ou teste: muitas vezes citado, mas pouco explicado. Não desconsidera que há várias razões por que a sustentabilidade forte pode ser preferível à sustentabilidade fraca12. A não-substituibilidade, a incerteza e a irreversibilidade são razões estreitamente relacionadas (Pearce, 1989). 
A sustentabilidade fraca propõe que basta apenas manter o estoque de capital total (natural e artificial) ao longo das gerações, defendendo que caso o capital natural diminua, essa diminuição poderá ser compensada pelo aumento do capital artificial. A sustentabilidade forte defende que o capital natural deve ser mantido ou aumentado entre as gerações, não sendo ambos os tipos de capital substitutos, mas sim complementares, devendo ser geridos em separado. 
Pearce argumenta que o requisito de manter constante o valor total do capital é consistente com “gastar” o capital natural – i.e. Com a degradação ambiental, desde que o capital de origem humana possa ser substituído por capital natural -, pois, se no passado custos e benefícios ambientais não foram habitualmente quantificados e incorporados na análise, hoje o requisito do desenvolvimento sustentável de integração de fins ambientais e econômicos busca justamente integrar estes custos e benefícios ambientais atribuindo-lhes preços e incorporando-os nos cálculos (Pearce, 1991).Ignacy Sachs defende a idéia que o desenvolvimento ambiental não pode ser dissociado das questões sociais e econômicas. Mas para haver uma relação de equilíbrio entre essas vertentes, é preciso intervenção do Estado para conter o mercado, que de forma geral não se preocupa com os custos sociais e ambientais (Sachs, 1993). 
A partir dele e Maurice Strong, foi desenvolvido o termo eco desenvolvimento (Sachs, 1981), que se popularizou a partir da Rio 92, evoluindo para desenvolvimento sustentável, mais usado atualmente. O discurso do desenvolvimento sustentável trata a realidade de forma holística, pois entende viver-se hoje em uma economia público-privada, na qual as decisões, os projetos, os investimentos não estão em uma só mão, havendo uma multiplicidade de atores que têm interesses distintos, muitas vezes conflitemos (Sachs, 2006). 
Por fim, uma quinta linha, desenquadrada da tipologia básica proposta por Enriquéz (2010), é a economia ecológica, que fixa os seus pressupostos na justiça distributiva dos recursos naturais e ambientais (Daly,1996) e nos limites ecossistêmicos ao desenvolvimento (Georgescu-Rogen, 1971). 
O pensamento de um de seus expoentes, Daly, ajuda a embasar teoricamente este trabalho e, de acordo com ele, é impossível à economia mundial crescer sem pobreza e degradação ambiental, sendo o desenvolvimento sustentável um oxímoro somente possível de ser ajustado a partir de modificações substitutivas de cunho qualitativo (Daly, 1996). 
A idéia de desenvolvimento permitiu diferentes abordagens ao longo do tempo, gerando uma multiplicidade de interpretações. Nenhuma dessas propostas deixou de mostrar caminhos. O que teria dado errado, então, visto que, independentemente da abordagem, se crescimentista ou sustentável, a justiça socioambiental qualitativamente próspera ainda não se estabeleceu? Que alternativa pode ser então proposta? Disso tratará as seções seguintes desse trabalho. 
2.1 REFORMA OU RUPTURA? 
Segundo Marx (1996), a cultura intelectual dominante de qualquer sociedade reflete, historicamente, os interesses de seu grupo dominante. De forma abrangente, as idéias que permeiam a psicologia, a sociologia, a história, a política e a economia refletem, fundamentalmente, certos interesses de elite. 
Marcuse (1978, 1996) afirma que em qualquer sociedade em que o sucesso e o status sejam medidos pela riqueza material e não pela contribuição social de seus componentes, sofrerá um distúrbio no sistema de valores, degradando-a gradativamente. 
As sociedades industriais capitalistas contemporâneas espelham bem essa disfunção (Marcuse, 1978; 1996). Nesse novo sistema desnaturalizado, o bem estar pessoal e social torna-se secundários ao acúmulo individualizado da riqueza material social. Como um vírus, esse distúrbio associa-se a todas as instituições desse tipo de sociedade – governo, mídia, lazer, instituições e até mesmo a academia–, fazendo-os trabalhar para si. 
Desde o início da década de 1970 vem se estabelecendo a idéia da finitude dos recursos naturais e da capacidade limitada de os ecossistemas reciclarem seus rejeitos (Meadows et al.,1978; Scheffer et al., 2001). Essa ideia, corroborada pelos estudos de Georgescu-Roegen (1971) e Daly (1968, 1974, 1989, 1996), encontra eco em áreas bastante diversas como a economia, a física, a biologia e as ciências sociais. De acordo com o enfoque historicista de Kuhn (2003), a ciência desenvolve-se segundo determinadas fases. Numa delas, a terceira de um total de seis, uma verdade científica não é mais capaz de resolver os problemas que a ela se colocam. É nessa circunstância que o paradigma2 é posto em xeque e que se começa a ponderar qual seria o marco mais adequado para a resolução daqueles problemas. 2 O termo paradigma está sendo empregado em sentido àquele atribuído por Kuhn (2003), como generalizações simbólicas a partir de um conjunto de regras, valores e crenças objetificadas (que façam sentido e explicam) e sedimentados (estágio a partir dos quais as bases não são mais questionadas) sobre realizações e problemas e soluções modelares compartilhados por uma comunidade. 
A partir dessas considerações iniciais, notam-se hoje indícios de que estamos diante de uma dupla crise, na qual seus elementos se combinam e se retroalimentam: uma crise do trabalho e uma crise ambiental. Pelo lado do trabalho, não se trata de uma crise de produção, mas da capacidade de consumir sem endividamento. Pelo lado do meio ambiente, não se está diante de uma crise de escassez de tecnologias produtivas ambientalmente sustentáveis, mas de custos de produção crescentes. Isso se dá pela dificuldade maior de extração dos insumos e pelo impacto ambiental que geram em sua produção e processamento. Por sua vez, por outras questões e interesses que extrapolam o escopo desse estudo, implica na introdução de medidas mitigadoras ou de novas tecnologias reparadoras, com impacto recorrente sobre o próprio custo de produção. As ciências, particularmente a ciência econômica, e as tecnologias não têm conseguido equacionar essa questão. 
Essa dupla crise social e ambiental contemporânea enfrenta, pois, impossibilidades paradigmáticas. Por um lado, devido ao conflito estabelecido entre a necessidade de se produzir incessante e ampliadamente frente às limitações intrínsecas do ambiente natural; por outro, pelo apartamento de vasto e crescente número de trabalhadores ao trabalho não precarizado, à remuneração digna e ao acesso qualitativamente adequado aos bens socialmente valorizados. 
Do espectro ideológico, polarizado entre o mais puro liberalismo à direita aos posicionamentos mais radicais à esquerda, surgem aqui e acolá preocupações com essas questões. Foster (2002), pensador marxista contemporâneo, percebeu a necessidade de se agregar a economia (produção e distribuição de bens) às questões sociais, para indiretamente se gerar um modelo de desenvolvimento de cunho ecológico. Pensadores liberais têm se orientado nessa mesma direção. 
Um pouco mais ao centro dos pólos do espectro, a associação economia (produção e distribuição de bens) – justiça social vem sendo cada vez mais pervadida nas últimas décadas pelo ideário da justiça ambiental, às vezes misturando-se e confundindo-se com o repisado bordão desenvolvimento sustentável; outras vezes, procurando diferenciar-se dele. 
Essa associação dá sinais de querer ampliar o escopo e reconfigurar as feições de cada termo, com potencial para acomodá-los em um novo ethos e viabilizar o surgimento de um novo paradigma socioprodutivo de desenvolvimento. Como explica Veiga (2005), esse modelo de desenvolvimento “de centro” difere dos modelos tradicionais mecanicistas, que são baseados na idéia de equilíbrio e que não levam em conta a existência de limites naturais e do componente biótico presente em qualquer sistema econômico. 
Diferenciando-se dessas proposições, configura-se o modelo aqui proposto como algo novo para o enfrentamento da crise socioambiental emergente. Buscou-se a adoção de um modelo que contemplasse as idéias da economia solidária como autogestão e preço justo, da sustentabilidade como campo receptivo e agregador, e do desenvolvimento como bem estar material, individualismo solidário, liberdade, justiça socioambiental e, por que não dizer, felicidade, ainda que não exista indicador que lhe possa medir. 
Os posicionamentos teóricos sobre a origem e a dinâmica dessa crise que embasaram esse estudo, acabaram por dar-lhe a feição utópica que apresenta. Contudo, trata-se não apenas da apresentação de uma utopia (nenhum lugar) estrito senso, mas de um esboço de topia (um lugar), visto que, concomitante à sua fundamentação teórica, nele também se encontram incipientes proposições à sua viabilidade existencial. 
Para isso, foi preciso primeiro definir se esse trabalho tratava de uma proposta de reforma do modelo produtivo ou se de sua ruptura. Romper é propor algo novo, desconexo em sua quase integridade com o modelo anterior. Reformar é fazer ajustes, adaptando o que se tem ao que se quer, ou seja,fazer remendos à tessitura para adequá-la de alguma forma. . 
O posicionamento teórico assumido por esse estudo é o de que um modelo produtivo centrado na valoração do capital não tem condições, por sua lógica funcional de acumulação e exclusão, e pelo próprio caráter cíclico de recomposição desse capital, de oferecer soluções pertinentes e permanentes à crise contemporânea do trabalho: desemprego estrutural, precarização do trabalho e estagnação da renda, carência de bem estar inclusivo e contínuo às populações generalizadamente (Marx, 1996). De igual modo, também não consegue propor saída que não seja transitória para a crise ambiental, haja vista o impacto que isso teria sobre
os custos de produção e a mínima estabilidade necessária ao ciclo dos negócios (Foster, 2002). Assim, a proposta aqui contida é de ruptura.
3. ECONOMIA SOLIDÁRIA 
Segundo Singer (2002), a definição da economia solidária está ligada à associação do trabalhador aos meios de produção. A finalidade básica da empresa solidária não é maximizar lucro, mas a quantidade e a qualidade do trabalho. A empresa solidária é basicamente de trabalhadores, que apenas secundariamente são seus proprietários. 
Uma conceituação similar, mas de espectro ampliado por incorporar outras dimensões da economia solidária, foi explicitado por Nascimento (2011). Para ele a economia solidária é sinônima de socialismo autogestionário e compreende três instâncias fundamentais: i) a socialização dos meios de produção, implicando a abolição da propriedade privada dos recursos produtivos e sua substituição pela propriedade social; ou seja, a autogestão social; 
ii) a socialização do poder político, a participação dos cidadãos livres e iguais na formação coletiva de uma vontade política e no exercício direto da autoridade, ou seja, a democracia direta; 
iii) a transformação do mundo das relações intersubjetivas, no sentido da afirmação da solidariedade; ou seja, a revolução cultural do cotidiano (Nascimento, 2011, p. 99). 
Nascimento entende que o conceito de economia solidária deve ser traçado até as suas origens para não se permitir vê-lo descaracterizado além de um limite possível pelas diversas formas contemporâneas de economias solidárias. Seu núcleo duro deve assentar-se sobre quatro pilares: autogestão, preço justo, solidariedade e questionamento ao desemprego estrutural e à precarização do trabalho sob a hegemonia do capital em todos os seus momentos e nuances, ainda mais em época de globalização produtivo-financeira como a atual. . Além disso, a cultura do movimento operário, com seus valores de autonomia e mutualismo, encontra eco na proposta autogestionária da economia solidária, como expressão de democracia econômica e gestão coletiva (Nascimento, 2011). A economia solidária tem por conteúdo a manutenção das bases solidárias da produção e reprodução humana com suas atividades, com vistas a garantir-lhe ampla satisfação. Em tese, essa idéia traz consigo a subversão do modelo produtivo ao impor-lhe outra lógica que não a lógica da valoração cêntrica do capital. 
Diferentemente de outras formas participativas no contexto das relações sociais do capital, a autogestão é o ingrediente chave que define o campo da economia solidária (Nascimento, 2011). Um empreendimento solidário não deve ser confundido com aqueles existentes nos moldes do chamado “empreendedorismo popular” que são as micro e pequenas empresas capitalistas, os arranjos produtivos que subordinam os pequenos produtores a uma ou várias grandes empresas e, muito comum no Brasil, as cooperativas de modelo tradicional tipo OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras)13. Assim, a proposta de economia solidária baseada na autogestão significa estrito senso, um corte epistemológico na lógica do modelo produtivo vigente, ao lastrear-se em “relações sociais novas, coletivistas, igualitárias e fundadas em práticas de democracia direta nos espaços de produção e da sociedade em geral” (Sardá e Novaes, 2011, p. 155). 
Ocorre que, na prática, economia solidária e empreendimentos solidários são usualmente tomados um pelo outro. Se por um lado, a amplitude dos conceitos de Singer e Nascimento dá feições à economia solidária que a deixa mais próxima a de uma proposta civilizatória, uma utopia; por outro, nota-se ainda sua indefinição. O próprio Nascimento afirma que a economia solidária pode ser caracterizada como “o conjunto de empreendimentos produtivos de iniciativa coletiva, com certo grau de democracia interna e que remunera o trabalho de forma privilegiada em relação ao capital, seja no campo ou na cidade” (Nascimento, 2011, p. 91). 
Mas talvez resida aí a maior virtude e a maior fraqueza da economia solidária. O apelo de suas proposições carrega em si algo intrinsecamente positivo, mas sua operacionalização na consecução tem sido lenta, senão frágil. Isso porque o capitalismo é um sistema totalizante e integrado em escala mundial e a sua “reprodução exige que as relações sociais que lhe dão substância se estendam a todas as esferas da vida social” (Sardá e Novaes, 2011, p. 170), quase sem deixar brechas, permitindo apenas dentro de determinados limites que outras formas produtivas se estabeleçam. 
3.1 SUSTENTABILIDADE 
Segundo Veiga (2005), a palavra sustentabilidade possui tantos sentidos que sua própria origem foi esquecida. Incorporado pelo Relatório Brundtland, a noção polissêmica de sustentabilidade derivou numa expressão, pretensiosa e vaga: desenvolvimento sustentável, que se tornou quase universalmente aceito. Para Amazonas (2002), isso se explica porque essa noção reuniu sobre si posições teóricas e políticas contraditórias e até mesmo opostas. E isso só foi possível exatamente porque ela não nasceu definida: seu sentido é decidido no debate teórico e na luta política. Sendo assim, sua força está em delimitar um campo bastante amplo em que se dá a luta política sobre o sentido que deveria ter o meio ambiente no mundo contemporâneo (Amazonas, 2002, p. 8). Segundo Nascimento e Costa (2010), o conceito de sustentabilidade melhor seria definido se conformado num campo social novo, o campo da sustentabilidade, de modo a garantir a reprodução da espécie humana em boas condições, remetendo à durabilidade do gênero humano em condições tais que todos possam desenvolver suas potencialidades. 
A idéia de campo encontra-se originalmente em Bourdieu (1983a, 1983b, 1990, 2004, 2007). Um campo é parte de uma arena ampla de disputa com objetos, agentes e regras próprias, onde estão presentes o campo econômico, político, empresarial, jornalístico e as ciências sociais 
Um campo é como um jogo que se joga segundo as regras, mas no qual se pode também jogar para modificá-las (Bourdieu, 1983b). Assim, diferentemente dos jogos comuns, suas regras não são externas, mas intrínsecas, e podem ser alteradas de maneira a contribuir para a criação, manutenção e reprodução do campo. 
Ao criar a noção de campo como um espaço específico com regras próprias, Bourdieu, a exemplo de outros clássicos da sociologia, centrou a análise sociológica não sobre pessoas ou objetos, mas sobre relações sociais. Assim, os habitantes de um campo são chamados agentes e sua presença é reconhecida quando atuam transformando o campo (Bourdieu, 2004). 
Tratar a sustentabilidade sob essa ótica é retirar-lhe a possibilidade estreita de ser conceituada, atribuindo-lhe, no máximo, o status de uma noção. Isso, longe de significar uma limitação, ao contrário, a fortaleceria, pois, de forma plástica e transformadora, compartilharia de elementos comuns a outros campos (Nascimento e Costa, 2010). 
Hoje, no campo da sustentabilidade, a ideia ou corrente do desenvolvimento sustentável ocupa uma posição hegemônica, obrigando as outras correntes a se referirem a ele. As injunções econômicas, políticas e ambientais que fizeram com que ele adquirisse essa proeminência é assunto que ainda carece de consenso, variando a explicação pelo matiz ideológico de quem explica. Assim, ela vai da percepção de uma real preocupação por partedaqueles que detém a hegemonia econômico-financeira planetária às explicações radicais de refazimento e realimentação do ciclo de acumulação do capital da parte do marxismo mais radical. 
Contudo, o campo da sustentabilidade, diferentemente dos conceitos de biocentrismo, ecocentrismo e preservacionismo, que atribuem valor intrínseco à natureza, valoriza a natureza somente enquanto ethos fundamental à adequada existência da espécie humana. A sobrevivência do ambiente natural é, por isso mesmo, somente uma parte de seu escopo. 
Assim, o que se tenta conceituar por sustentabilidade deveria ser mais bem interpretado e ter seu escopo alargado para além do conceito biológico original, do conceito econômico mecanicista, e mesmo do conceito contido no termo desenvolvimento sustentável com o qual muitas vezes se confunde. 
Dever-se-ia situá-la, portanto, não nas estreitezas de um conceito, mas na vastidão de um campo, que poderia ser chamado de campo da sustentabilidade. Esta simples adequação de termos, aparentemente preciosista, permitiria livrar a idéia de uma má formação congênita, por assim dizer, abrindo espaço para a devida exploração de suas reais potencialidades e sinergias na implantação de uma ordem sócia ambientalmente justa. 
3.1.2 ECONOMIA SOLIDÁRIA, SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO 
Nesta seção se procura fundir as idéias de economia solidária, sustentabilidade e desenvolvimento, no âmbito de um novo campo da sustentabilidade solidária. No âmbito da economia solidária as relações autogestionárias são antagônicas àquelas centradas no capital e por conta disso os empreendimentos solidários vêm encontrando dificuldade para se manifestar em larga escala. A sustentabilidade, ao permitir que o desenvolvimento sustentável, com toda a fragilidade conceitual que carrega, lhe defina os parâmetros de atuação, agindo como o seu controlador de campo, não consegue se firmar como alternativa ao modelo produtivo vigente (Nascimento e Costa, 2010). 
A proposta deste estudo é integrar duas idéias: o rompimento deste isolamento econômico da economia solidária por meio da formação de redes de intercâmbio para a produção que concorra com o mercado, e a sua viabilização em base sustentável em um campo mais amplo. 
Na trilha aberta por Sardá e Novaes (2011), a passagem da economia solidária de projeto de sociedade à realidade dependerá de seu adensamento em rede, considerando que o isolamento econômico dos empreendimentos solidários acaba favorecendo o estabelecimento de relações com o mercado e não entre si. Ademais, isso tem rebatimento na questão tecnológica e ambiental que, por não serem devidamente considerada nos projetos empreendidos, acabam também por favorecer o desenvolvimento de relações sociais de produção capitalistas no interior desses empreendimentos como forma de superação dessa dificuldade. 
Aliada a essas considerações, a idéia contida nas proposições de Daly (1968, 1974, 1989, 1996), identifica a busca por um modelo de desenvolvimento que contemple os limites ambientais e sociais com proposições de bem estar qualitativamente desvinculadas de crescimento. Isso, para ele, não implica dizer decrescimento ou a perpetuação em um estado de coisas identificado como estacionário. Nesse modelo, caberá à técnica e à inovação, alinhadas às aspirações sociais, induzirem qualitativamente o crescimento. 
Os empreendimentos solidários articulados em amplas e variadas redes que se verifica a partir dos dados da Senaes/MTE14 mostram-se numericamente tímidos e no geral isolados ou pouco articulados. Pouco adensada e articulada, a economia solidária não consegue contribuir para alterar o paradigma utilitarista que tem marcado tradicionalmente a relação entre o capital e o trabalho. Algo similar pode ser dito quanto à sustentabilidade e a relação nela existente entre o capital e o ambiente natural. Na prática, essas relações continuam sendo enfocadas sob um ponto de vista meramente instrumental, servindo à ampliação do capital e preservação de grupos sociais privilegiados. 
É possível que essa prática isolacionista da economia solidária e da sustentabilidade colabore para seus resultados fracos e paliativos que se observa manifesto na dupla crise socioambiental. Decerto, o processo de “solidarizarão” da economia encontra sérios obstáculos à sua implantação. De igual forma a sustentabilidade, quando ampliada para além dos limites do desenvolvimento sustentável. 
Aqui interessa ressaltar que são obstáculos, não impedimentos, pois o próprio funcionamento do modelo produtivo permite-se ao luxo de acomodar “economias paralelas”, dentro de certos limites, sem que isso venha a comprometer o seu funcionamento ou o seu crescimento. Não é incomum que muitas empresas e organizações, estrategicamente, se aproveitem desse discurso, implantando medidas de sustentabilidade e solidariedade com impacto redutor sobre os seus custos, aumentando fortemente suas margens de lucratividade. 
Quanto ao termo desenvolvimento, chega a ser irônico que etimologicamente signifique desvinculo o oposto do que aqui se propõe. Gonçalves, resgatando a etimologia do termo (2002), diz que (...) o significado do que seja desenvolvimento [...], antes de qualquer outra coisa, é des (+) envolver, isto é, quebrar o envolvimento dos homens e mulheres entre si e com a terra, com a água, com as plantas, com os animais, com o sol, com a lua [...]. Assim, des (+) envolver é separar aqueles homens e aquelas mulheres da natureza; é torná-los livres dela (Gonçalves, 2002, p. 259). 
O significado que aqui se quer dar ao termo é justamente seu oposto etimológico: integração. Para tanto, a alternativa aqui proposta se apóia na fusão das idéias de economia solidária e de sustentabilidade. 
Relocando o termo desenvolvimento para fora da esfera de influência do discurso liberal transferindo-o para a esfera do discurso do desenvolvimento sustentável, verifica-se a existência da mesma lógica sistêmica, pouco distributiva dos resultados do crescimento, apenas agora matizada pelas cores socioambientais. Inexoravelmente, o mundo dos negócios se sujeita a fechamentos de balanços empresariais anuais, e a distribuição dos resultados entre seus cotistas ou acionistas. A sustentabilidade, então, é um componente desse resultado, não uma questão de ética do bem comum. 
Isoladamente, a economia solidária luta com considerável dificuldade para gerar a sustentação econômica de seus empreendimentos. Isso se deve às barreiras que vem encontrando para constituir-se numa ampla e variada rede de cadeias produtivas locais, nacionais e internacionais. 
Ademais, da mesma forma que qualquer empresa ou negócio inserido na economia capitalista, os empreendimentos [inclusive os solidários] acabam por sofrer os mesmos efeitos de expansão e retração da ciclotomia inerente ao funcionamento do sistema (Marx, 1996), refletindo os movimentos peristálticos das economias onde estão situados, que por sua vez espelham os movimentos da economia global. 
Percebe-se, pois, que a dupla crise ambiental e social, derivada da lógica funcional capitalista dos últimos duzentos e cinqüenta anos, não pode ser superada isoladamente pelo advento do desenvolvimento sustentável ou da economia solidária. Ganha espaço, então, uma nova abordagem, moldada sob uma ótica integrativa dos seres humanos à natureza e ao trabalho não disruptivo. A economia solidária e a sustentabilidade, juntas, têm esse potencial. Mas, como operacionalizar um projeto de mudanças como esse? 
3.1.3 DA TEORIA À PRÁTICA 
Para operacionalizar esse projeto de mudanças é fundamental manter em mente que as expressões economia solidária e sustentabilidade significam um ajuste complementar à racionalidade dos modelos tradicionais de desenvolvimento aqui apresentados e que o “desenvolvimento é um problema [mais] complexo [porquanto] sua essência [resta num] tecido de problemas inseparáveis, exigindo uma reforma epistemológica da própria noção de desenvolvimento” (Morin e Terena, 2001, p. 9). 
Assim, quando se coloca no mesmoplano de ação desenvolvimento, economia solidária e sustentabilidade, uma melhor definição terminológica das suas proposições individuais é requerida, para que haja a integração e o conseqüente sucesso dessa fusão em um novo modelo socioeconômico solidário e sustentável. Sem isso, no máximo, individualmente retardarão os processos de exploração e deterioração social e ambiental, mas não empreenderão uma efetiva mudança paradigmática de rumos. 
O entendimento proposto do que deva ser traduzido por desenvolvimento exige, portanto, outro enfoque. Nele não se propõe em absoluto renunciar ao crescimento econômico, mas ajustá-lo qualitativamente a uma nova dimensão social, ambiental e humana. Assim, esse novo entendimento deve servir como orientador das ações que a economia solidária e a sustentabilidade irão empreender para a superação da sobre-exploração natural e humana. 
Afastados os paradigmas liberais e desenvolvimentistas que enfatizam o mercado como cenário privilegiado das relações sociais e ambientais, gerando sua própria política social e ambiental comprometida com o capital, o conceito de desenvolvimento aqui proposto deve, para se estabelecer, necessariamente transitar por estradas alternativas. E esse é o ponto nevrálgico do processo: a transição. A proposta é ambiciosa, mas, não enseja processos revolucionários radicais, mas sua realização dentro da normalidade jurídica. Certamente as dificuldades não cairão por terra somente por conta da justeza da proposição nem do bom-mocismo de seus agentes. É preciso boa dose de paciência e muita estratégia para se empreender tal mudança paradigmática. Assim, entre o dente da engrenagem da economia solidária que se propõe seja ajustado ao dente da sustentabilidade, existem rebarbas a serem limadas. É preciso, antes de tudo, alargar a densidade numérica de empresas que utilizam preceitos solidários, colocá-las em rede e inserir-lhes concomitantemente os preceitos da sustentabilidade. Sabe-se que o número de empreendimentos solidários está longe de traduzir-se em massa crítica, mas ao menos se pode dizer que ele é crescente, segundo dados da Senaes/MTE15. Existem hoje no Brasil cerca de 380 empresas que são autogeridas e cerca de 15.000 empreendimentos econômicos solidários de vários tipos alguns já atuando em rede16. A própria existência do “Fórum”, de natureza não-governamental, já é um indício de que mudanças configuram-se no horizonte, mas não necessariamente no sentido aqui proposto. 
Da mesma forma, existe um número grande de empreendimentos “sustentáveis”, de bancos a mercadinhos, que se utilizam desse adjetivo como plataforma de diferenciação e aumento de lucratividade. Esse é o estado quantitativo e qualitativo da arte sobre o qual se deseja criar algo novo. 
Dessa forma, ciente da baixa densidade numérica de empreendimentos geridos sob a lógica da economia solidária e de sua dificuldade no ganho de densidade17, devido ao complexo e demorado processo de construção de redes solidárias; e também ciente da impossibilidade de a sustentabilidade, hoje confundida com desenvolvimento sustentável, promover isoladamente a superação do modelo produtivo, propõe-se aqui uma junção de esforços para que surja uma “sustentabilidade solidária”. Tamanha transformação oferece possibilidades de causar uma remodelação, uma radical alteração do modelo produtivo em parâmetros sócios ambientalmente justos e duradouros, e não somente mais uma remodelação, um ajuste, cosmético e passageiro. 
Processualmente, para o sucesso dessa proposição, sua instrumentalização deve ocorrer pelo uso de um “óleo” que azeite a engrenagem motora da economia solidária em seu engate e subsunção à sustentabilidade. Tal óleo pode ser traduzido como o alargamento das cadeias produtivas solidárias e sustentáveis em rede e com empresas autogeridas, concomitantemente “aditivadas” por inovações tecnológicas. Apesar disso, a superação das imprecisões, contidas em cada uma das duas idéias - economia solidária e sustentabilidade- em ações conjuntas e sinérgicas, revela potencialidade na materialização da proposta aqui entabulada. 
Questionável no longo prazo pelas contradições sistêmicas que o cercam, o desenvolvimento sustentável apresenta, contudo, no curto e médio prazo, ações positivas de incorporação gradativa de práticas sustentáveis no âmbito da economia capitalista. Práticas essas que podem ser maximizadas quando inseridas numa proposta conjunta com a economia solidária. 
Enquanto isso, a economia solidária, como proposta de superação, esbarra em limitações que a impedem de prosperar sozinha. A superação desses entraves diz respeito à premência do alargamento das cadeias produtivas solidárias em rede, única forma de ganhar densidade e massa crítica para se colocar como alternativa sistêmica. Aproveitando-se dos movimentos de curto e médio prazo do desenvolvimento sustentável, a economia solidária deve ter por estratégia deixar-se levar por esse movimento, que lhe imporá novos modos de produzir e consumir. Esses, uma vez incorporados em rede, passarão a pressionar o sistema produtivo capitalista por sua manutenção. 
Quando, por questões estruturais, o sistema encontrar resistência à sua manutenção, um novo embate se estabelecerá carregado de novas e imprevisíveis possibilidades. Uma delas, a depender da sinergia gerada pela retroalimentação constante dos pontos de contato entre economia solidária e desenvolvimento sustentável será paradigmática, a “sustentabilidade solidária”. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No decorrer deste trabalho foram apresentadas algumas idéias sobre desenvolvimento, economia solidária e sustentabilidade, apontando-se para algumas de suas nuances e até imprecisões. A análise teve por base o contexto contemporâneo dos últimos duzentos e cinqüenta anos, centrado primordialmente na expansão, manutenção e reprodução do capital em nível global. Nesse período, o trabalho e o mundo natural foram considerados somente tangencialmente, enquanto elementos dessa lógica. 
Repensar o desenvolvimento, considerando a fusão da economia solidária com a sustentabilidade é demandar por mudanças que vão além da operacionalização de simples paliativos. Para que a materialização dessa utopia se viabilize, impõe-se, por questões lógicas, uma ruptura sistêmica, já que tais paliativos não contribuem para a solução de longo prazo da crise ambiental e social instaurada. 
Essa dupla crise, com seu desemprego estrutural, precarização do trabalho, renda estacionada aos níveis da sobrevivência ou pouco acima dela, distribuição muito irregular dos resultados, degradação ilimitada do ambiente natural e baixa qualidade de vida para a maior parte dos seres humanos no planeta, resiste em ser debelada. Assim é por conta de velhos paradigmas que dissimulam os reais processos e interesses que determinam esse estado de coisas. 
A imprecisão, algumas vezes voluntária, no trato conceitual das expressões aqui destacadas – desenvolvimento, economia solidária e sustentabilidade - acaba prestando um desserviço à construção de uma sociedade sócia ambientalmente justa. Isso porque, quando ressaltada tais imprecisões, aliadas às suas práticas pouco objetivas e totalmente comprometidas com o status quo, turva-se a vista dos seus impactos negativos sobre o hoje e o devir, na temporalidade humana. 
A idéia de propor um modelo no qual coexista, de maneira equilibrada, geração e ampliação das condições justas de trabalho e renda, sustentabilidade ambiental e crescimento econômico foi a motivação para este trabalho. Não se pretendeu apresentar uma solução definitiva para o problema social e ambiental face à lógica funcional produtiva dos últimos duzentos e cinqüenta anos, mas questionar a operacionalidade das propostas contidas no âmbito da economia solidária e da sustentabilidade e propor-lhes novo arranjo produtivo com vistas a um desenvolvimento socioambiental harmônico. 
Retrospectivamente, o que se buscou nesse estudo foi suscitar o debate sobre três questões principais: i) avaliar a possibilidade dea economia solidária e o desenvolvimento sustentável promoverem, isoladamente, um projeto de desenvolvimento justo e; ii) propor um novo modelo socioeconômico e ambiental que supere a centralidade do capital e respeite os princípios da existência humana; e, iii) operacionalizar os conceitos de solidariedade e sustentabilidade para a construção de um novo paradigma existencial. Caso se tenha ao menos despertado no leitor o interesse por esse tema, enquanto exercício de pura utopia, o estudo terá cumprido o seu papel.
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