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Crimes Contra a Liberdade Pessoal

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Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
 
FACULDADE DE DIREITO 
 
Direito Penal III 
 
MATERIAL 10 
 
Prof.º Rone Miller Roma 
Caiapônia-GO 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
O fundamento dos crimes contra a liberdade pessoal repousa no art. 5.º, caput, da Constituição 
Federal, que assegura a todos o direito à liberdade. Daí se extrai que qualquer espécie de 
violação à liberdade do ser humano reclama punição, justificando a tipificação das condutas 
definidas pelos arts. 146 a 149 do Código Penal. 
 
ART. 146 – CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
Objetividade jurídica 
É a liberdade do ser humano para agir dentro dos limites legalmente previstos. 
O fundamento desse delito, no âmbito de uma visão constitucional do Direito Penal, encontra-
se no art. 5.º, inciso II, da Constituição Federal: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Nesses termos, somente a lei pode obrigar alguém 
a adotar determinado comportamento, ou então proibi-lo de agir ao seu livre alvedrio. 
 
Objeto material 
É a pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
 
Núcleo do tipo 
Constranger equivale a coagir alguém a fazer ou deixar de fazer algo. Consiste, em suma, no 
comportamento de retirar de uma pessoa a sua liberdade de autodeterminação. Há crime, uma 
vez que somente ao Estado, não de modo arbitrário, mas exclusivamente por meio de lei, 
confere-se a tarefa de disciplinar a obrigação ou a proibição de condutas por seres humanos. 
Em síntese, o delito pode ocorrer em duas hipóteses: 
a) quando a vítima é compelida a fazer alguma coisa (conduta comissiva ou positiva). 
Exemplos: beber um copo de cerveja, andar sem sapatos em via pública etc.; e 
b) quando a vítima é compelida a deixar de fazer algo (conduta omissiva ou negativa), que 
também engloba a situação em que ela é coagida a permitir que o agente faça alguma coisa. 
Exemplos: não fumar em local permitido, não correr em um parque público etc. 
Mas não basta o agente obrigar a vítima a fazer ou deixar de fazer qualquer coisa. Precisa impor 
à vítima um comportamento certo e determinado. Além disso, o constrangimento há de 
ser ilegal, isto é, a ação ou omissão pretendida pelo sujeito ativo deve estar em desconformidade 
com a legislação em vigor. E, nesse contexto, a ilegitimidade da pretensão pode ser: 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
a) absoluta: quando o agente não tem direito à ação ou omissão. Exemplo: obrigar a vítima 
a cantar uma música; e 
b) relativa: quando o agente tem direito à ação ou omissão, mas a vítima não pode ser 
compelida a comportar-se da forma por ele visada. Exemplo: obrigar o ofendido a quitar 
uma dívida resultante de jogo de azar. 
Consequentemente, não há crime quando o constrangimento objetiva impedir a realização de 
ação ou omissão proibida pela lei. Quem assim age está acobertado no exercício regular do 
direito, causa excludente da ilicitude prevista no art. 23, inciso III, do Código Penal. Todavia, 
estará caracterizado o delito de constrangimento ilegal na hipótese em que o sujeito, valendo-
se de violência (própria ou imprópria) ou grave ameaça, busca evitar a realização de um ato 
meramente imoral pela vítima. 
Ressalte-se, porém, que, se o comportamento da vítima puder ser exigido por meio de ação 
judicial, o crime será o de exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345). Também estará 
configurado este delito sempre que o agente, embora incidindo em erro, acreditar ser legítima 
sua pretensão. 
Para realizar qualquer das condutas previstas no tipo penal, o sujeito pode se valer dos 
seguintes meios de execução: violência, grave ameaça e qualquer outro meio que reduza a 
capacidade de resistência da vítima. 
a) Violência: Violência própria, ou física, é o emprego de força bruta sobre a vítima. 
A violência pode ser direta ou imediata, quando dirigida contra a vítima, ou indireta ou 
mediata, quando dirigida a pessoa ou coisa ligada ao ofendido. 
b) Grave ameaça: Também chamada de violência moral, consiste na promessa de realização 
de mal grave, futuro e sério contra a vítima ou pessoa que lhe é próxima. Pode ser transmitida 
ao ofendido oralmente ou por escrito. Note-se que, ao contrário do crime de ameaça (CP, art. 
147), não precisa ser injusta. 
c) Qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima: o legislador 
previu a violência imprópria, valendo-se da interpretação analógica. Depois de estabelecer 
uma fórmula casuística (violência ou grave ameaça), recorreu a uma fórmula genérica. 
Constitui-se, portanto, meio de execução do crime de constrangimento ilegal qualquer outra 
conduta, ainda que não prevista em lei, mas análoga à violência própria e à grave ameaça, 
idônea a tolher a liberdade de autodeterminação da vítima. Exemplos: uso de narcóticos, 
hipnose, embriaguez etc. 
Fica nítido, portanto, que o constrangimento ilegal é crime de forma livre. 
 
Sujeito ativo 
Pode ser qualquer pessoa (crime comum). 
Entretanto, se o sujeito ativo for funcionário público, e o fato for cometido no exercício de suas 
funções, responderá por abuso de autoridade, na forma definida pelos arts. 2.º e 3.º da Lei 
4.898/1965. 
 
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa, desde que dotada de capacidade de autodeterminação. Excluem-se, portanto, 
as crianças de tenra idade e os doentes mentais, entre outros. 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Elemento subjetivo 
É o dolo. Não se admite a modalidade culposa. 
Para Damásio E. de Jesus, exige-se ainda um especial fim de agir, uma vez que a conduta é 
realizada com o fim de que a vítima não faça o que a lei permite ou faça o que ela não determina. 
Para outros autores, contudo, basta o dolo, pois as expressões “a não fazer o que a lei permite” 
e “a fazer o que ela não manda” constituem elementos objetivos do tipo, e não subjetivos. 
A finalidade do sujeito ativo é irrelevante, isto é, pouco importa o motivo que o levou a agir em 
contrariedade ao Direito. 
 
Consumação 
Dá-se no instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algo, em decorrência da violência ou 
grave ameaça utilizada pelo agente. Cuida-se de crime material e instantâneo. 
 
Tentativa 
É possível, tanto quando busca o agente constranger a vítima a não fazer o que a lei permite 
(exemplo: “A”, em vão, diz a “B” para ele não frequentar uma praça pública, pois caso contrário 
irá agredi-lo), bem como quando deseja que ela faça o que a lei não manda (exemplo: “A” 
golpeia “B” com socos para que este último cante uma música, no que não é atendido). 
 
Subsidiariedade tácita 
O constrangimento ilegal é crime subsidiário. Destarte, a lei que o define é afastada pela lei 
que utiliza o constrangimento ilegal como elemento, qualificadora ou meio de execução de um 
crime mais grave. É o que se verifica nos crimes de extorsão (CP, art. 158) e estupro (CP, art. 
213), entre outros. 
 
Causas de aumento da pena: art. 146, § 1.º 
O art. 146, § 1.º, do Código Penal arrola duas causas de aumento da pena para o crime de 
constrangimento ilegal. Incidem, portanto, na derradeira etapa do critério trifásico de dosimetria 
da pena privativa de liberdade. Dizem respeito à execução do crime: reunião de mais de três 
pessoas e emprego de arma. 
A presença de uma ou de ambas as causas de aumento de pena produz os seguintes efeitos 
simultâneos: as penas previstas no caput (detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa) serão 
aplicadas cumulativamente (detenção e multa) e em dobro (detenção, de 6 meses a 2 anos, e 
duplicada a multa). 
 
Reunião de mais de três pessoas 
Pela redação do dispositivo legal, é imprescindívelque ao menos quatro pessoas tenham se 
envolvido nos atos executórios do constrangimento ilegal. Trata-se de crime plurissubjetivo, 
plurilateral ou de concurso necessário, e, por tal motivo, ingressam nesse número os 
inimputáveis e os sujeitos não identificados. 
A pena será aumentada em razão do concurso de agentes para a execução do constrangimento 
ilegal. Se, todavia, a união de quatro ou mais pessoas182 para a prática de crimes específicos for 
estável e permanente, haverá concurso material entre o constrangimento ilegal simples e a 
associação criminosa (CP, art. 288). 
 
 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Emprego de armas 
Como a lei não definiu o tipo de arma que leva ao aumento da pena, é possível falar na 
exasperação tanto quando se tratar de arma própria como no tocante à arma imprópria. Arma 
própria é todo objeto ou instrumento que foi originariamente concebido com a finalidade de 
ataque ou defesa, da qual são exemplos o revólver, o punhal e a pistola, etc. Ao contrário, arma 
imprópria é o objeto ou instrumento que, embora criado com finalidade diversa, pode ser 
utilizado para ataque ou defesa, tais como a faca de cozinha, o machado e a chave de fenda, 
entre outros. 
Nada obstante o dispositivo legal fale em “emprego de armas”, basta uma única arma para 
legitimar o aumento da pena. A lei faz menção ao gênero, e não ao número. 
E, para que seja aplicada a causa de aumento de pena, é necessário seja a arma efetivamente 
empregada pelo agente. Mas seu porte ostensivo, utilizado com o nítido propósito de 
amedrontar a vítima, também autoriza a incidência da majorante. 
Em face da reduzida quantidade de pena do constrangimento ilegal, os crimes de posse ilegal 
de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 12) ou de porte ilegal de arma de fogo (Lei 10.826/2003, 
art. 14) não são por ele absorvidos. Estará configurado o concurso material de crimes. 
Anote-se que o arquivamento de inquérito policial pela prática do crime de porte ilegal de arma 
de fogo não impede o reconhecimento da causa de aumento de pena prevista no § 1.º do art. 
146 do Código Penal. Enquanto o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003) define os 
crimes voltados à repressão do uso e porte de arma de fogo, a majorante do constrangimento 
ilegal refere-se a qualquer arma, desde que ela tenha a capacidade de impingir à vítima a grave 
ameaça contida nocaput do art. 146 do Código Penal. 
 
Concurso material obrigatório: art. 146, § 2.º 
O legislador entendeu que o emprego de violência torna o crime de constrangimento ilegal mais 
grave do que quando praticado com grave ameaça, pois é idôneo a proporcionar consequências 
mais funestas à vítima. Daí a razão de ser obrigatória, nessa hipótese, além das penas cominadas 
ao constrangimento ilegal, a imposição da pena resultante da violência utilizada na execução 
do crime. 
Em outras palavras, o agente que, com violência, constrange ilegalmente a vítima, vindo a feri-
la, deve responder por dois crimes em concurso material: constrangimento ilegal (simples ou 
agravado, conforme o caso), e lesão corporal, leve, grave ou gravíssima. 
 
Ação penal 
É pública incondicionada, em todas as modalidades do delito. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
O constrangimento ilegal é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); doloso; de 
forma ou ação livre (admite qualquer meio de execução); material (exige a produção do 
resultado naturalístico); simples (tutela um único bem jurídico, qual seja a liberdade pessoal ou 
poder de autodeterminação); instantâneo (consuma-se em um momento determinado, sem 
continuidade no tempo); de dano (consuma-se somente com a lesão ao bem jurídico 
penalmente protegido); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (praticado por uma 
única pessoa, mas compatível com o concurso de agentes, e eventualmente de concurso 
necessário, na figura agravada prevista no § 1.º); plurissubsistente (conduta pode ser 
fracionada em diversos atos); e subsidiário. 
 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Causas de exclusão do crime: art. 146, § 3.º 
O art. 146, § 3.º, do Código Penal arrola duas hipóteses nas quais “não se compreendem na 
disposição deste artigo”, ou seja, situações em que, nada obstante alguém tenha tolhida sua 
liberdade de autodeterminação, o fato não configura o crime de constrangimento ilegal. 
Justifica-se a opção legislativa pela proteção de um bem jurídico indisponível: a vida humana. 
A doutrina dominante classifica tais casos como causas especiais de exclusão da ilicitude, por 
se constituírem em manifestações inequívocas do estado de necessidade de terceiro. O sujeito 
é atingido em sua liberdade pessoal justamente para ser protegido do perigo que lhe rodeia. Há, 
contudo, posições contrárias. Para alguns autores, a redação da lei (“não se compreendem na 
disposição deste artigo”) instituiu causas excludentes da tipicidade, pois, se os fatos não se 
encontram compreendidos na norma penal incriminadora, são condutas atípicas. 
Qualquer que seja a posição adotada, porém, opera-se a exclusão do crime. Em verdade, se o 
delito é, no mínimo, o fato típico e ilícito, afastando-se a tipicidade ou a ilicitude, o crime deixa 
de existir. 
 
A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu 
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida: inciso I 
Pouco importa o motivo que leva o paciente em iminente perigo de vida, ou seu representante 
legal, a discordar da intervenção médica ou cirúrgica. Ainda que de cunho religioso, em que 
pese ser o Brasil um Estado laico, pode agir o profissional da medicina contra a vontade do 
paciente ou de quem o represente, a fim de salvar sua vida. 
 
A coação exercida para impedir suicídio: inciso II 
O suicídio não é definido como crime no Brasil. Mas é uma conduta ilícita, não tolerada pelo 
Direito, pois a vida humana é bem jurídico indisponível, de interesse coletivo e expressamente 
protegido pelo art. 5.º, caput, da Constituição Federal. Portanto, não há constrangimento ilegal 
na coação, exercida com violência ou grave ameaça, para impedir a eliminação da própria vida 
por quem quer que seja. O constrangimento, ao contrário, é legal, pois o suicídio, este sim, é 
ilegal. O dispositivo em análise permite o emprego de coação para combater um ato ilícito. 
Em geral, para impedir uma ação ou omissão ilícita, a constrição violenta de um indivíduo sobre 
outro deixa de ser criminosa. E, ao reconhecer expressamente a licitude da coação para evitar 
suicídio, o Código Penal o fez apenas para afastar a controvérsia doutrinária sobre se o suicídio 
é ato contra ius ou simplesmente imoral (ou indiferente ao direito). 
 
 
 
ART. 147 – AMEAÇA 
 
Objetividade jurídica 
O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberdade da pessoa humana, notadamente no 
tocante à paz de espírito, ao sossego, à tranquilidade e ao sentimento de segurança. 
 
Objeto material 
É a pessoa contra a qual se dirige a ameaça. 
 
 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Núcleo do tipo 
O núcleo do tipo é “ameaçar”, que significa intimidar, amedrontar alguém, mediante a 
promessa de causar-lhe mal injusto e grave. Não é qualquer mal que caracteriza o delito, mas 
apenas o classificado como “injusto e grave”, que pode ser físico, econômico ou moral. 
Mal injusto é aquele que a vítima não está obrigada a suportar, podendo ser ilícito ou 
simplesmente imoral. Por sua vez, mal grave é o capaz de produzir ao ofendido um prejuízo 
relevante. Além disso, o mal deve ser sério, ou fundado, iminente e verossímil, ou seja, passível 
de realização. Em outras palavras, a ameaça há de ser séria e idônea à intimidação dapessoa 
contra quem é dirigida. 
Destarte, o fato é atípico, por constituir crime impossível, quando inidôneo a amedrontar, tal 
como quando causa risos ou quando seu destinatário não lhe confere credibilidade, por pior que 
seja a intimidação. Em tais casos, o bem jurídico protegido pela lei penal não é atingido pela 
conduta do agente. A pessoa visada não foi abalada em sua paz de espírito e em seu sentimento 
de segurança e de tranquilidade. 
Também não há crime na praga e no esconjuro, tal quando alguém diz “vá para o inferno” ou 
“que um raio te parta”, uma vez que o agente não tem o poder de concretizar o mal prometido. 
Admite-se, contudo, a ocorrência do delito de ameaça na hipótese de dano fantástico, quando o 
sujeito passivo é supersticioso e o sujeito ativo tem consciência desta circunstância pessoal.188 
Trata-se de crime de forma livre. O próprio tipo penal é claro ao permitir seja a conduta 
praticada por palavras (exemplo: dizer a alguém que vai sequestrar seu filho), escritos 
(exemplo: remeter uma carta, na qual consta que a filha da vítima será estuprada), gestos 
(exemplo: fazer para alguém um indicativo de que irá cortar seu pescoço) ou qualquer outro 
meio simbólico (exemplo de Nélson Hungria: enviar a alguém o desenho de um punhal 
atravessando um corpo humano). 
Não há necessidade de ser a ameaça proferida na presença da vítima. Basta que chegue ao seu 
conhecimento. 
 
Espécies de ameaça 
A ameaça, quanto à pessoa em relação a qual o mal injusto e grave se destina, pode ser: 
a) direta ou imediata:é a dirigida à própria vítima. Exemplo: “A” telefona para “B” dizendo 
que irá matá-lo. 
b) indireta ou mediata:é a endereçada a um terceiro, porém vinculado à vítima por questões 
de parentesco ou de afeto. Exemplo: “A” diz a “B” que irá agredir “C”, filho deste último. 
Além disso, o delito em apreço divide-se também no tocante à forma pela qual a ameaça é 
praticada: 
a) explícita: cometida sem nenhuma margem de dúvida. Exemplo: apontar uma arma de fogo. 
b) implícita: aquela em que o agente dá a entender que praticará um mal contra alguém. 
Exemplo: “A” diz para “B”: “Já que você fez isso, pode providenciar seu lugar no cemitério”. 
c) condicional:é a ameaça em que o mal prometido depende da prática de algum 
comportamento por parte da vítima. Exemplo: “A” diz para “B”: “Irá morrer se cruzar 
novamente o meu caminho”. 
 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Ameaça e promessa de mal atual ou futuro 
Discute-se se o mal prometido deve ser unicamente futuro, ou se pode também ser atual. Há 
duas posições sobre o assunto: 
O mal necessariamente há de ser futuro 
O próprio tipo penal exige seja futuro o mal prometido, uma vez que ameaçar nada mais é do 
que prometer realizar, ulteriormente, mal injusto e grave. Consequentemente, o mal atual (que 
está ocorrendo) nada mais é do que ato preparatório ou executório de outro crime. Exemplo: 
“A” diz a “B” que irá pegar uma faca para matá-lo. De posse do instrumento pérfuro-cortante, 
é agarrado por terceiros que o impedem de agredir a vítima. Há, no caso, tentativa de homicídio, 
e não ameaça. É a posição a que nos filiamos. 
 
Sujeito ativo 
Pode ser qualquer pessoa (crime comum). Se, todavia, tratar-se de funcionário público no 
exercício de suas funções, estará caracterizado o delito de abuso de autoridade (Lei 4.898/1965, 
art. 3.º). 
 
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa certa e determinada, desde que capaz de compreender o caráter intimidatório 
da ameaça contra ela lançada. Excluem-se, entre outros, as crianças de pouca idade, os loucos 
e todas as pessoas incapazes, no caso concreto, de entenderem a ameaça (exemplo: um surdo 
em relação a uma ameaça verbal). 
Se a ameaça é endereçada simultaneamente a diversas pessoas, reunidas por qualquer motivo 
ou acidentalmente, há diversos crimes (dependendo do número de ofendidos) em concurso 
formal. 
Não há crime de ameaça contra a coletividade, nem contra pessoas indeterminadas. 
Há crime contra a Segurança Nacional, definido pelo art. 28 da Lei 7.170/1983, quando a 
ameaça é proferida contra o Presidente da República, do Senado, da Câmara dos Deputados e 
do Supremo Tribunal Federal. 
 
Elemento subjetivo 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de intimidar alguém. É imprescindível tenha 
sido a ameaça efetuada em tom de seriedade, nada obstante seja irrelevante possua o agente, 
em seu íntimo, a real intenção de realizar o mal prometido. Não se reclama nenhuma finalidade 
específica, e também não se admite a modalidade culposa. 
A intenção de brincar (animus jocandi), a simples bravata e a mera incontinência verbal não 
caracterizam o crime de ameaça. 
Prevalece o entendimento de que o crime de ameaça não depende de ânimo calmo e 
refletido por parte do agente. Em suma, o estado de ira não afasta por si só o delito, pois subsiste 
o dolo, consistente na vontade de intimidar. Além disso, a emoção e a paixão não excluem a 
imputabilidade penal (CP, art. 28, inc. I). 
A cautela recomenda, contudo, a análise individual do caso prático. Com efeito, em algumas 
situações a ira pode agravar ainda mais a ameaça, causando elevado temor à vítima. Em outras 
hipóteses, porém, o descontrole emocional é capaz de fazer com as que as pessoas lancem em 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
vão as palavras ao vento, atacando-se umas às outras sem a firme vontade de concretizarem o 
que foi dito. 
Igual raciocínio se aplica à ameaça proferida pelo ébrio. A embriaguez, como se sabe, não 
exclui a imputabilidade penal (CP, art. 28, inc. II). Em algumas situações, subsiste o crime, pois 
o estado de embriaguez pode causar temor ainda maior à vítima; em outros casos, todavia, retira 
completamente a credibilidade da ameaça, levando à atipicidade do fato. 
 
Consumação 
Dá-se no instante em que se verifica a percepção da ameaça pelo sujeito passivo, isto é, no 
momento em que a vítima toma conhecimento do conteúdo da ameaça, pouco importando sua 
efetiva intimidação e a real intenção do autor em fazer valer sua promessa. O crime é formal, 
de consumação antecipada ou de resultado cortado. Basta queira o agente intimidar, e tenha 
sua ameaça capacidade para fazê-lo. 
 
Tentativa 
É admissível nas hipóteses de ameaça escrita, simbólica ou por gestos, e incompatível nos casos 
de ameaça verbal. 
 
Ação penal 
É pública condicionada à representação. 
 
Distinções 
O crime de ameaça não se confunde com o de constrangimento ilegal (CP, art. 146). Naquele, 
o agente quer apenas amedrontar a vítima; neste, deseja uma conduta positiva ou negativa do 
sujeito passivo. 
Em face do princípio da especialidade no conflito aparente de leis penais, a ameaça na cobrança 
de dívida caracteriza crime contra as relações de consumo, de ação penal pública 
incondicionada (Lei 8.078/1990, art. 71). 
 
Subsidiariedade 
O crime de ameaça é subsidiário em relação a outros delitos mais graves. Exemplificativamente, 
serve como elementar do tipo penal do roubo, da extorsão e do estupro. E, se após a ameaça for 
praticada lesão corporal contra a mesma vítima, aquele delito será por este absorvido. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
A ameaça é crime doloso; comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); de forma 
livre (admite qualquer meio de execução); unissubsistente (exemplo: ameaça verbal) ou 
plurissubsistente (exemplo: ameaça escrita); formal (é irrelevante se a vítima sentiu-se ou não 
ameaçada); instantâneo (consuma-se em um momento determinado, sem continuidade no 
tempo);unilateral, unissubjetivo ou de concurso eventual (em regra praticado por uma única 
pessoa, mas admite o concurso); e subsidiário.Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
ART. 148 – SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO 
 
Objetividade jurídica 
O bem jurídico protegido pela lei penal é a liberdade de locomoção, consistente no direito de 
ir, vir e permanecer, de toda e qualquer pessoa humana. O fundamento constitucional deste 
delito encontra-se no art. 5.º, caput, da Constituição Federal: “Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade...”. 
Tão relevante é esse direito que a Constituição Federal prevê o habeas corpus como garantia 
para zelar pelo seu respeito, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder (art. 5.º, LXVIII). 
 
Objeto material 
É a pessoa humana que suporta a conduta criminosa, com a privação da sua liberdade. 
 
Núcleo do tipo 
A nota comum entre os crimes de sequestro e de cárcere privado é a privação da liberdade da 
vítima, sem o seu consentimento, por tempo juridicamente relevante. O núcleo do tipo 
é “privar”, que significa tolher, total ou parcialmente, a liberdade de locomoção de alguém. 
Vale destacar que a palavra “cárcere” é sinônima de calabouço, cela ou prisão, evidenciando a 
inserção da vítima em local fechado, enclausurado. 
Anote-se, porém, que a diferenciação entre sequestro e cárcere privado é eminentemente 
doutrinária. Em termos práticos, esta distinção não interfere na tipicidade do delito, podendo 
influenciar somente na dosimetria da pena, em consonância com as circunstâncias judiciais 
previstas no art. 59, caput, do Código Penal. 
Admite-se a execução do crime por ação (regra geral), ou, excepcionalmente, por omissão, 
desde que presente o dever de agir (CP, art. 13, § 2.º), tal como na hipótese em que o pai nota 
que o filho de pouca idade está preso em seu quarto, mas dolosamente nada faz para libertá-lo. 
Ademais, o sequestro e o cárcere privado podem ser cometidos mediante detenção (exemplo: 
levar a vítima a um cativeiro) ou retenção (exemplo: impedir a saída da vítima de sua 
residência). 
 
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa (crime comum). Se, todavia, tratar-se de funcionário público, no exercício 
das suas funções, estará caracterizado o crime de abuso de autoridade, na forma definida pelo 
art. 3.º, a, da Lei 4.898/1965: “Constitui abuso de autoridade qualquer atentado à liberdade de 
locomoção”, ou, dependendo do caso concreto, pelo art. 4.º, a, da Lei 4.898/1965: “Constitui 
também abuso de autoridade ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem 
as formalidades legais ou com abuso de poder”. 
 
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa. Se, porém, a vítima é ascendente, descendente, cônjuge, ou companheiro do 
agente, ou pessoa com idade superior a 60 (sessenta) anos ou inferior a 18 (dezoito) anos, incide 
a figura qualificada (CP, art. 148, § 1.º, inc. I ou IV). 
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Estará caracterizado crime contra a Segurança Nacional, definido pelo art. 28 da Lei 
7.170/1983, na hipótese de sequestro ou cárcere privado praticado contra o Presidente da 
República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal. 
O consentimento da vítima, se válido, exclui o crime. Essa afirmação deve ser interpretada com 
bom-senso. 
Com efeito, o direito à liberdade é indisponível e irrenunciável. Não se aceita, a título 
ilustrativo, a autorização de alguém para ser mantido em prisão perpétua. Mas nada impede 
uma pessoa de deixar de exercer temporariamente seu direito de locomoção, em condições 
éticas, legítimas e toleradas pelo ordenamento jurídico, a exemplo do que se dá no tempo 
mínimo de permanência de candidatos em salas de vestibulares, provas em geral e concursos 
públicos. 
 
Elemento subjetivo 
É o dolo, sem qualquer finalidade específica. Não se admite a modalidade culposa. 
Se o propósito do agente, com a privação da liberdade de uma pessoa, for obter, para si ou para 
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate, o crime será de extorsão 
mediante sequestro (CP, art. 159). 
Por sua vez, se o sequestro ou cárcere privado for cometido com fins libidinosos, incidirá a 
figura qualificada definida pelo art. 148, § 1.º, inciso V, do Código Penal. 
A retenção de paciente em hospital para garantir o pagamento dos honorários médicos tipifica 
o delito de exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345). 
De outro lado, a privação de liberdade com finalidade corretiva caracteriza o crime de maus-
tratos (CP, art. 136). Exemplo: pai que não permite que seu filho saia do quarto, em razão de 
ter sido reprovado na escola. 
Finalmente, não se caracteriza o crime tipificado pelo art. 148 do Código Penal quando a 
privação da liberdade de alguém objetiva a fuga, por parte de criminosos, da ação da autoridade 
pública. 
 
Consumação 
O crime é permanente e material. Por corolário, a consumação se prolonga no tempo, ou seja, 
reclama a privação da liberdade de alguém por tempo juridicamente relevante, a ser aferido 
com razoabilidade no caso concreto. É possível a prisão em flagrante a qualquer momento, 
enquanto subsistir a eliminação da liberdade da vítima. 
Há, todavia, entendimentos no sentido de que a duração da privação de liberdade é irrelevante 
para a consumação do delito, devendo ser considerada unicamente na dosimetria da pena. 
Exige-se certeza da intenção do agente de tolher o poder de locomoção da vítima. 
Nesse contexto, o crime de sequestro ou cárcere privado distingue-se nitidamente do 
constrangimento ilegal (CP, art. 146). Enquanto no sequestro ou cárcere privado o sujeito ativo 
retira da vítima sua liberdade de locomoção por período razoável, sem nenhuma motivação 
especial (exemplo: prender alguém, gratuitamente, no porta-malas de um automóvel), no 
constrangimento ilegal o agente interfere na esfera de locomoção da vítima para obrigá-la a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa (exemplo: vítima compelida a dar fuga a um criminoso 
em seu automóvel). 
 
Tentativa 
É possível, tanto no sequestro como no cárcere privado. 
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Subsidiariedade 
O sequestro e o cárcere privado subsistem como delitos autônomos somente quando a privação 
da liberdade não funciona como elementar ou meio de execução de outro crime. 
Exemplificativamente, o crime de extorsão mediante sequestro (CP, art. 159) absorve o delito 
tipificado pelo art. 148 do Código Penal. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
O crime é doloso; material (reclama o resultado naturalístico, consistente na privação da 
liberdade de alguém); permanente (a consumação se prolonga no tempo, por vontade do 
agente); de forma livre (admite diversos meios de execução); comum (pode ser praticado por 
qualquer pessoa); comissivo ou omissivo (nesse último caso, quando presente o dever de 
agir); unissubsistente ou plurissubsistente; unissubjetivo, unilateral ou de concurso 
eventual (praticado por uma única pessoa, mas admite o concurso de agentes); e subsidiário. 
 
Qualificadoras: §§ 1º e 2º 
Os §§ 1.º e 2.º do art. 148 do Código Penal elencam diversas qualificadoras, relacionadas à 
condição da vítima, ao meio de execução do crime, ao tempo de duração da privação da 
liberdade, à finalidade do agente e ao resultado produzido. 
A pena, que era de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, no caput, passa a ser de reclusão, de 2 
(dois) a 5 (cinco) anos, no § 1º, e de reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, no § 2º. Em todas as 
qualificadoras o Código Penal apresenta crimes de elevado potencial ofensivo, incompatíveiscom os benefícios instituídos pela Lei 9.099/1995. 
 
Qualificadoras do § 1.º 
 
Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 
(sessenta) anos: inciso I 
A maior gravidade da conduta repousa no fato de ter sido o crime praticado no âmbito das 
relações familiares, no seio da união estável, ou ainda contra pessoa idosa, mais frágil em razão 
da avançada idade, e, consequentemente, com menor possibilidade de defesa. 
No tocante ao ascendente, ao descendente, ao cônjuge e à pessoa maior de 60 (sessenta) anos, 
não se aplicam as agravantes genéricas do art. 61, inciso II, alíneas “e”, e “h”, do Código Penal, 
sob pena de dupla punição pelo mesmo fato (bis in idem). 
O pai que sequestra o próprio filho, descumprindo ordem judicial, comete somente crime de 
desobediência (CP, art. 330). 
Como o crime definido pelo art. 148 do Código Penal é permanente, incide a qualificadora 
mesmo que a conduta seja iniciada antes de a vítima completar 60 (sessenta) anos, desde que 
subsista depois de completar esta idade. 
 
Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital: inciso 
II 
Esse crime, conhecido como internação fraudulenta, pode ser praticado por médico ou por 
qualquer outra pessoa. A razão da maior punição repousa no estratagema empregado pelo 
agente, que, na maioria das vezes, utiliza-se de remédios ou drogas para criar uma suposta 
debilidade física e mental na vítima, e, assim, interná-la em casa de saúde ou hospital. 
 
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Se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias: inciso III 
A privação da liberdade, por si só, já caracteriza o crime, em sua forma simples. A privação 
de longa duração ou duradoura, entretanto, constituiu uma qualificadora, pois quanto mais 
longa a supressão da liberdade, maiores são as possibilidades de a vítima suportar danos físicos 
e psíquicos. 
Trata-se de crime a prazo. O período legalmente exigido deve ser computado em conformidade 
com a regra traçada pelo art. 10 do Código Penal, compreendendo o intervalo entre a 
consumação do delito e a libertação do ofendido. 
 
Se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos: inciso IV 
Aplica-se às hipóteses em que a vítima é criança ou adolescente, e, nesse último caso, impede 
a utilização da agravante genérica prevista no art. 61, inciso II, alínea “h”, do Código Penal. 
Justifica-se a opção legislativa na circunstância de se tratar de pessoa mais vulnerável e ainda 
em desenvolvimento físico e mental. 
Essa figura qualificada não se confunde com o crime tipificado no art. 230 da Lei 8.069/1990 
– Estatuto da Criança e do Adolescente: “Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, 
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem 
escrita da autoridade judiciária competente: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos”. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta um crime menos rigoroso, no qual a criança 
ou o adolescente é apreendido (detido) de forma ilegal, sem, contudo, ser colocado no cárcere. 
No crime previsto no Código Penal, com a redação dada pela Lei 11.106/2005, a situação é 
mais grave: a criança ou o adolescente é privado de sua liberdade por tempo juridicamente 
relevante, e não simplesmente retido e levado à Delegacia de Polícia sem ordem judicial ou 
situação de flagrante de ato infracional. 
 
Se o crime é praticado com fins libidinosos: inciso V 
Esse inciso foi acrescido pela Lei 11.106/2005 para suprir a lacuna surgida em razão da 
revogação do crime de rapto, que cuidava somente da privação da liberdade de mulher honesta. 
Atualmente, a qualificadora consiste na privação da liberdade de uma pessoa, homem ou 
mulher, com fins sexuais. 
Ao contrário do caput (crime material), a figura qualificada contém um crime formal, de 
resultado cortado ou de consumação antecipada: consuma-se com a privação da liberdade, 
desde que o sujeito deseje praticar atos libidinosos com a vítima, pouco importando se alcança 
ou não o fim almejado. Se envolver-se sexualmente com a vítima, responderá, em concurso 
material, pelo delito em apreço e pelo respectivo crime contra a liberdade sexual, tal como o 
estupro. 
 
Qualificadora do § 2.º: Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da 
detenção, grave sofrimento físico ou moral 
O art. 148, § 2.º, do Código Penal contempla um crime qualificado pelo resultado. 
Os maus-tratos consistem na conduta agressiva do agente que ofende a moral, o corpo ou a 
saúde da vítima, sem produzir lesão corporal. Contudo, se ocorrer lesão corporal estará 
caracterizado concurso material entre o sequestro ou cárcere privado, na forma simples, e o 
crime de lesão corporal leve, grave ou gravíssima. Igual raciocínio se aplica se houver a morte 
da vítima, situação em que haverá concurso material com o homicídio, doloso ou culposo. 
Por sua vez, a natureza da detenção diz respeito ao aspecto físico da privação da liberdade do 
ofendido, tal como prendê-la em local frio e úmido, sem luz solar, etc. 
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ART. 149 – REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO 
O crime tipificado pelo art. 149 do Código Penal é doutrinariamente conhecido como plágio. 
Essa denominação remonta ao Direito Romano, época em que a Lex Fabia de Plagiariis vedava 
a escravização de homem livre, bem como o comércio de escravo alheio, então chamado 
de plagium, indicativo da total e completa submissão de uma pessoa à vontade alheia. 
Não se trata, todavia, de escravidão. É suficiente seja a vítima reduzida à condição análoga, isto 
é, semelhante à de escravo. 
 
Objetividade jurídica 
O bem jurídico protegido é o status libertatis, ou seja, o direito à liberdade de qualquer 
indivíduo, e não somente do trabalhador, em todas as suas formas de exteriorização, como 
corolário da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1.º, III).195 Esse direito é inviolável e 
assegurado peremptoriamente pelo art. 5.º, caput, da Constituição Federal. Em síntese, a lei 
penal busca impedir seja uma pessoa submetida à servidão e ao poder de fato de outrem, 
assegurando sua autodeterminação. 
Mas há situações em que o art. 149 do Código Penal, sem prejuízo da liberdade individual, 
também tutela a organização do trabalho (crime pluriofensivo). Nesses casos, a competência 
para processo e julgamento do delito será da Justiça Federal, como estudaremos no item 
1.6.1.4.13. 
 
Objeto material 
É a pessoa humana tratada como escravo. 
 
Núcleo do tipo 
O núcleo do tipo é “reduzir”, que no âmbito do art. 149 do Código Penal significa subjugar, 
forçar alguém a viver em situação semelhante àquela em que se encontravam os escravos em 
períodos remotos. Contudo, ao contrário do que ocorria em épocas pretéritas, não mais se exige 
seja a vítima açoitada ou acorrentada. 
O tipo penal contém a palavra “escravo”, que funciona como elemento normativo do tipo. 
Seu significado, portanto, deve ser extraído mediante uma valoração por parte do magistrado. 
Atualmente, escravo traduz a ideia de um indivíduo incapaz de ditar os caminhos a seguir em 
sua vida, pois outra pessoa (patrão ou empregador) se considera como seu legítimo e exclusivo 
proprietário. 
Em sua redação original, o dispositivo legal estabelecia: “Reduzir alguém a condição análoga 
à de escravo”. O tipo penal era excessivamente aberto, impreciso e vago, e reclamava o uso 
rotineiro da analogia, procedimento inadequado no Direito Penal. Na prática, o crime era 
compreendido como uma espécie de sequestro ou cárcere privado, uma vez que os escravos 
sempre foram privados desse bem jurídico, associado ao emprego de maus-tratos.A situação foi alterada com a edição da Lei 10.803/2003. A figura típica agora descreve 
minuciosamente os modos de execução do delito, que era de forma livre e passou a ser de forma 
vinculada. A finalidade da reforma legislativa foi estabelecer as hipóteses em que se configura 
a condição análoga à de escravo, tanto nas modalidades do caput como nas formas equiparadas 
do § 1.º. Fica nítido que não mais se exige o tratamento do ser humano como em épocas 
distantes da nossa história (pessoas acorrentadas e sujeitas a chibatadas, aprisionadas no 
pelourinho etc.). O conceito de escravo há de ser interpretado em sentido amplo, abrangendo 
inclusive a submissão de alguém a uma jornada exaustiva de trabalho. 
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O escopo do legislador, evidentemente, foi combater o problema, ainda existente em grandes 
fazendas, notadamente nas cidades longínquas e distantes dos centros urbanos, dos 
trabalhadores privados da liberdade e forçados a trabalhos excessivos e degradantes, que não 
recebem a remuneração mínima prevista em lei e são arbitrariamente excluídos de benefícios 
trabalhistas e previdenciários. 
O art. 149, caput, do Código Penal enumera formas de conduta alternativas, e não cumulativas. 
Todavia, o sujeito que incide em mais de uma conduta prevista no tipo penal, em relação a uma 
só vítima, pratica um único crime. Essa circunstância deve ser levada em conta na dosimetria 
da pena-base, para o fim de aumentá-la, nos termos do art. 59, caput, do Código Penal. 
a) Submeter alguém a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva: 
Não é qualquer trabalho forçado que caracteriza o crime. Não se configura esse delito, 
exemplificativamente, quando o patrão determina ao seu serviçal que realize, uma só vez, 
alguma atividade para a qual não foi contratado. 
Trabalhos forçados consistem em atividades desenvolvidas de forma compulsória, e 
continuamente, com emprego de violência física ou moral, pois a vítima pode suportar algum 
castigo se não desempenhá-las na forma desejada. Note-se que o ordenamento jurídico em vigor 
veda os trabalhos forçados até mesmo aos condenados (CF, art. 5.º, inc. XLVII, alínea “c”). 
Com maior razão, portanto, essa espécie de trabalho não pode ser imposta a pessoas livres. 
Jornada exaustiva, por sua vez, é o período de labor diário que extrapola as regras da 
legislação trabalhista, esgotando física e psiquicamente o trabalhador, pouco importando o 
pagamento de horas extras ou qualquer outro tipo de compensação. Exemplo: “A” obriga “B” 
a trabalhar 18 horas por dia, sem descanso semanal remunerado. 
É imprescindível a supressão da vontade da vítima. Nesse contexto, cumpre destacar que, 
se é o próprio trabalhador quem busca a jornada exaustiva, seja para aumentar sua renda, seja 
para alcançar qualquer outro tipo de vantagem, o fato é atípico, pois não há redução da vítima, 
pelo empregador, a condição análoga à de escravo. O tipo exige seja o ofendido submetido, 
isto é, colocado por outrem, contra sua vontade, em jornada exaustiva de trabalho. 
b) Sujeitar alguém a condições degradantes de trabalho 
Condições degradantes de trabalho são as que caracterizam um ambiente humilhante de 
trabalho para um ser humano livre e digno de respeito. Exemplo: colocar vigias armados para 
impedir cortadores de cana de beberem água durante a jornada de trabalho. 
Um bom parâmetro para identificar se as condições de trabalho são degradantes ou não repousa 
nas disposições trabalhistas, pois asseguram as condições mínimas para o trabalho humano. 
c) Restringir, por qualquer meio, a locomoção de alguém em razão de dívida contraída 
com empregador ou preposto 
É o que usualmente ocorre em propriedades rurais que alojam trabalhadores originários de 
outros Estados. Utiliza-se o expediente ilícito de constituir o empregado em eterno devedor, 
incapaz de honrar suas obrigações, criando um vínculo obrigatório que o impede de abandonar 
livremente seu local de trabalho. Exemplo: o valor do aluguel da casa em que reside é muito 
superior aos rendimentos do empregado, e, como sua dívida sempre aumenta, ele não pode 
deixar de trabalhar para o patrão. 
Qualquer que seja o meio empregado, se a liberdade de ir e vir do trabalhador for cerceada em 
função de dívida contraída com o empregador ou preposto seu,196 configura-se o delito do art. 
149. Caso o patrão proporcione ao empregado a oportunidade de adquirir bens em comércio de 
sua propriedade, o que por si só não é ilícito, lhe é vedado em qualquer hipótese vincular a saída 
do empregado do seu posto em virtude da existência de dívida. 
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O delito do art. 149, caput, do Código Penal, nessa modalidade, não se confunde com a figura 
típica delineada pelo art. 203, § 1.º, inciso I, do Código Penal (“obriga ou coage alguém a usar 
mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em 
virtude de dívida”). 
Na redução a condição análoga à de escravo, o patrão restringe a liberdade de locomoção porque 
o empregado lhe deve algo em razão de dívida, logo é o equivalente a impor um cárcere privado 
por conta de dívida não paga. No delito contra a organização do trabalho (CP, art. 203, § 1.º, I), 
figura residual e mais branda, o empregador obriga o trabalhador a usar mercadoria de 
determinado estabelecimento com o fim de vinculá-lo, pela dívida contraída, ao seu posto de 
trabalho, mas sem afetar sua liberdade de locomoção. 
Destarte, se o trabalhador se sentir vinculado ao local de trabalho por conta de dívida, embora 
possa ir e vir, estará configurado o tipo penal do art. 203, § 1.º, inciso I, mas se não puder 
locomover-se em razão disso, o crime passa a ser o do art. 149. Além disso, o crime do art. 203, 
§ 1.º, inciso I, é formal, enquanto o do art. 149 é material (deve envolver sempre restrição 
efetiva à liberdade de ir e vir). 
 
Figuras equiparadas: art. 149, § 1.º 
O § 1.º do art. 149 do Código Penal arrola figuras equiparadas àquelas descritas pelo caput, 
pois se sujeitam às mesmas penas. São de tipos penais básicos e autônomos que também 
configuram o crime de redução a condição análoga à de escravo. 
 
a) Cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de 
retê-lo no local de trabalho: inciso I 
Consiste em impedir o trabalhador de utilizar qualquer meio de transporte para mantê-lo 
integralmente vinculado ao seu posto de trabalho. 
Esse dispositivo visa precipuamente grandes fazendas, distantes dos centros urbanos, nas quais 
o empregador arbitrariamente retira o meio de transporte que levava os trabalhadores às cidades, 
para passeios, diversões, compras ou encontros familiares, para retê-los em seus locais de 
trabalho. Nada impede, todavia, a incidência desse tipo penal também em áreas urbanas, pois 
se admite o cerceamento de qualquer meio de transporte (ônibus, caminhões, carros, bicicletas 
etc.), e não somente daquele fornecido pelo patrão. 
 
b) Manter vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderar de documentos ou 
objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho: inciso II 
Manter vigilância ostensiva no local de trabalho, por si só, não constitui crime. Exemplo: 
seguranças armados de agências bancárias. 
Aperfeiçoa-se o delito somente quando presente uma finalidade específica: reter o trabalhador 
em seu local de trabalho. Não se exige o emprego de armas. Basta a vigilância ostensiva, ou 
seja, perceptível por qualquer empregado. É o que ainda ocorre em fazendas nas quais os 
capangas proíbem a saída dos empregados de seus postos de trabalho. 
Apoderar-se de documentos ou objetos pessoais do trabalhador consiste em crime 
permanente,pois visa tolher a liberdade de locomoção do trabalhador. Essa é a finalidade 
específica prevista no tipo penal, que o diferencia do delito definido pelo art. 203, § 1.º, inciso 
II, do Código Penal (“impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante 
coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais”). 
Com efeito, no crime contra a organização do trabalho (art. 203), crime instantâneo que se 
consuma com a mera retenção dos documentos, o empregador retém documentos pessoais ou 
contratuais do empregado, com o propósito de mantê-lo vinculado ao trabalho, mas sem cercear 
sua liberdade de locomoção. Trata-se de tipo subsidiário, aplicável quando não restar 
caracterizada a figura equiparada à condição análoga à de escravo. 
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Sujeito ativo 
Qualquer pessoa (crime comum), nada obstante o delito seja normalmente cometido pelo 
empregado ou por seus prepostos. 
 
Sujeito passivo 
Em uma primeira análise, qualquer ser humano, pouco importando seu sexo, raça, idade ou cor. 
É irrelevante seja a vítima civilizada ou não. Entretanto, a leitura atenta do tipo penal deixa 
claro que apenas a pessoa ligada a uma relação de trabalho pode ser vítima do crime de redução 
a condição análoga à de escravo. 
De fato, nada obstante a descrição típica fale em “alguém”, em todas as condutas criminosas a 
lei se refere a “trabalhador”, “empregador” ou “preposto”, e também a “trabalhos forçados” ou 
“jornadas exaustivas”, evidenciando a necessidade de vínculo de trabalho entre o autor do crime 
e o ofendido. 
 
Causas de aumento de pena: § 2.º 
Como já analisado, qualquer pessoa pode ser vítima do delito. Se, entretanto, o ofendido for 
criança (pessoa com idade inferior a 12 anos) ou adolescente (pessoa com idade entre 12 e 18 
anos), ou o crime for praticado por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem 
(inciso II), a pena será aumentada de metade. 
 
Elemento subjetivo 
É o dolo. Não se admite a forma culposa. 
Nas figuras equiparadas previstas no § 1.º, exige-se, além do dolo, um especial fim de agir, 
representado pelas expressões “com o fim de retê-lo no local de trabalho” (nos incisos I e II). 
 
Consumação 
A consumação ocorre quando o agente reduz a vítima à condição análoga à de escravo, 
mediante alguma das condutas taxativamente previstas no art. 149 do Código Penal. O ofendido 
é privado da sua liberdade de autodeterminação, de forma não transitória. Trata-se de crime 
material e permanente. 
É desnecessária a imposição de maus-tratos, e também não se exige a comprovação do 
sofrimento suportado pelo sujeito passivo. Basta o cerceamento da sua liberdade individual. 
 
Tentativa 
É possível. 
 
Penas: acumulação material 
O crime é punido com reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Além disso, se houver o 
emprego de violência, responderá também o agente pelo crime dela resultante (exemplo: lesão 
corporal). Adotou-se, portanto, o sistema do concurso material obrigatório entre a redução 
análoga à condição de escravo praticado com violência e o crime dela decorrente. 
 
Competência 
A redução à condição análoga à de escravo está prevista no Título I do Código Penal – Crimes 
contra a Pessoa –, em seu Capítulo VI, inerente aos Crimes contra a Liberdade Individual. 
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Consequentemente, a competência para processar e julgar este delito é, em regra, da Justiça 
Comum Estadual. 
Entretanto, a reforma efetuada pela Lei 10.823/2003 revelou a nítida preocupação do legislador 
com a liberdade de trabalho. De fato, nada obstante o delito esteja previsto no capítulo relativo 
aos crimes contra a liberdade individual, há o interesse em tutelar a organização do trabalho, 
o que o coloca entre os delitos de competência da Justiça Comum Federal, nos termos do art. 
109, inciso VI, da Constituição Federal. 
Cumpre destacar, entretanto, que será competente a Justiça Estadual quando o crime for 
cometido contra uma única pessoa, ou então no tocante a poucas pessoas, e não a um grupo de 
trabalhadores. Nessa hipótese, ofende-se unicamente a liberdade individual do ser humano. 
Ação penal 
É pública incondicionada, em todas as modalidades do crime. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa) doloso; simples (um só 
bem jurídico é tutelado); de forma vinculada; permanente (a consumação se prolonga no 
tempo, por vontade do agente); material (reclama a produção do resultado naturalístico, 
consistente no cerceamento da liberdade ou de qualquer situação abusiva ou degradante da 
atividade laboral); de dano(depende da lesão do bem jurídico, ou seja, da liberdade 
individual); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual(praticado em regra por uma 
única pessoa, mas admite o concurso); comissivo ou, excepcionalmente, omissivo impróprio 
ou comissivo por omissão (pode ser praticado por omissão, quando presente o dever de agir. 
Exemplo: Um policial toma ciência de que uma pessoa é reduzida à condição análoga à de 
escravo, e, dolosamente, não lhe presta auxílio); e plurissubsistente (conduta composta de 
diversos atos).

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