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1 Ciclo de Carnot Objeto de aprendizagem: Segunda Lei da Termodinâmica NOA - UFPB Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796 – 1832), foi um físico e engenheiro francês que iniciou o estudo das máquinas térmicas e de- senvolveu uma teoria que consegue explicar o seu funcionamento bem como tirar um proveito máximo desta. Aos 28 anos publicou um único, mas brilhante trabalho, intitulado de Reflexões Sobre a Potên- cia Motriz do Fogo. Ele se interessou por esses estudos, pois acredita- va que a Inglaterra era tão poderosa devido a utilização das máquinas a vapor, como mostra essa citação do Carnot: “Retirar hoje da Ingla- terra as suas máquinas a vapor seria retira-lhe ao mesmo tempo o car- vão e o ferro. Secariam todas as suas fontes de riqueza.” Dizia tam- bém que seu uso provocaria uma grande revolução no mundo civili- zado. Apesar da enorme importância das máquinas térmicas, sua teo- ria era pouco conhecida na época, daí percebe-se o seu profundo inte- resse em descobrir como essas máquinas funcionam e como atingir o melhor rendimento. A Segunda Lei da Termodinâmica define a impossibilidade de uma máquina térmica operando em ciclos, transformar toda a energia recebida da fonte quente em trabalho mecânico. Desta forma, torna-se evidente que não é possível construir uma máquina térmica com eficiência de 100%. A ques- tão é em quais condições se pode obter a eficiência máxima destas máquinas? Do ponto de vista da Termodinâmica, processos realizados nas máquinas reais são irreversíveis. Onde parte da energia disponível para realizar trabalho é dissipada sob a forma de calor cedido a fonte fria. Jamais sendo reaproveitado na forma de energia para esta máquina realizar trabalho. Uma maneira de maximizar a conversão de energia em trabalho é evitar todo processo irreversível. Este raciocínio é suficiente para entendermos o ciclo idealizado por Carnot, que impõe um limite superior para o rendi- mento de qualquer máquina térmica. Pensando nisso, Carnot desenvolve um modelo hipotético, sem levar em conta as dificuldades técnicas reais e idealiza um ciclo termodinâmico completamente reversível. Esse modelo teórico é co- nhecido como máquina de Carnot e funciona a partir de um ciclo chamado de Ciclo de Carnot. Neste ciclo um gás ideal é encerrado em um cilindro de paredes adiabáticas (exceto nos pontos quando postos em contato com a fonte térmica), no qual um cilindro pode mover-se livremente (com atrito desprezí- vel, evitando dissipação de energia). O gás é submetido a uma sucessão de transformações sendo duas transformações isotérmicas reversíveis ligadas por duas adiabáticas reversíveis. Ressaltando que o e- quilíbrio térmico e o mecânico sempre foram mantidos em todas as partes do processo. A importância da máquina térmica ideal de Carnot é que nenhuma máquina térmica real que opere entre duas fontes térmicas de temperaturas diferentes pode ter uma eficiência maior que a máqui- na térmica de Carnot operando entre estas mesmas temperaturas. Vamos ver com mais detalhes o que representa esse ciclo. A máquina idealizada por Carnot é composta pelos seguintes ciclos: 1. Expansão Isotérmica Reversível retirando calor da fonte quente; na temperatura mais alta T2. 2. Expansão Adiabática Reversível. 2 3. Compressão Isotérmica Reversível cedendo calor à fonte fria; na temperatura mais baixa T1. 4. Processo de Compressão Adiabática Reversível; Vamos observar as figuras abaixo e descrever o que está acontecendo: Partindo do estado A, o gás sofre uma expansão isotérmica (isso significa que não há mu- dança de temperatura) de A para B, recebendo uma quantidade de calor Q2 da fonte térmica de tem- peratura mais alta, também chamada fonte quente que está a uma temperatura T2. Partindo do estado B, o gás continua se expandido, mas agora adiabaticamente (isto significa que não há troca de calor) até atingir o estado C. Apesar de não haver troca de calor, o gás se resfria da temperatura mais alta T2 até atingir uma temperatura mais baixa T1. 3 Agora partindo do estado C, o gás é comprimido isotermicamente à temperatura T1 até o es- tado D, enquanto libera uma parcela de calor Q1 para a fonte térmica de temperatura mais baixa, também chamada de fonte fria. A partir do estado D, o gás, através de uma compressão adiabática retorna ao estado inicial A, durante a qual o gás se aquece até a temperatura inicial T2 sem troca de calor com o meio. Podemos visualizar o ciclo completo abaixo: A expressão que descreve a eficiência da máquina térmica de Carnot em termos da tempera- tura é: ( ) ( ) 2 1 2 1 2 12 11 T T Q Q Q QQ fornecidoCalorQ produzidoTrabalhoW −=−=−==ε Para chegar na última igualdade, utilizamos que (veja o outro texto desse objeto de aprendi- zagem): 2 1 2 1 T T Q Q = 4 A eficiência de uma máquina térmica diz respeito a sua capacidade de transformar calor em trabalho.Do ponto de vista técnico, a eficiência da máquina térmica pode ser aumentada tornando máxima a diferença entre as temperaturas absolutas das fontes quente e fria. Uma opção seria baixar o máximo possível a temperatura da fonte fria. Mas atente para o limite imposto de se atingir o zero absoluto. Outra opção seria aumentar o máximo possível a tem- peratura da fonte quente. Porém, deve-se levar em conta a resistência mecânica dos materiais que compõem o sistema. As quais impõem limites a este aumento de temperatura. Um fato notório sobre o ciclo de Carnot é a possibilidade teórica do refrigerador ideal de Carnot. Já que cada etapa do ciclo de Carnot (motor térmico) é reversível, é possível o ciclo com- pleto ser revertido. Assim, o refrigerador pode ser tratado como uma reversão nas transferências de energia ocorrida na máquina térmica de Carnot. Entretanto, sem esperar que o calor retirado da fon- te fria, o calor cedido à fonte quente e o trabalho realizado sobre o sistema seja o mesmo nos dois ciclos. Uma característica do refrigerador de Carnot é seu coeficiente de desempenho K análogo do ren- dimento da máquina térmica. Podendo ser definido como a razão entre o calor (Q1) extraído do seu in- terior (fonte fria) e o trabalho líquido (Wcic) reali- zado pelo motor sobre o sistema. 2 1 2 1 12 11 1 Q Q Q Q QQ Q W QK cic − =−== Lembrando que 2 1 2 1 T T Q Q = em termos das temperaturas absolutas das fontes térmicas T1 (fonte fria), T2 (fonte quente), temos que: 12 1 TT TK −= Carnot morreu ainda jovem, em 1832, vítima de uma epidemia de cólera em Paris. Naquela época ainda se acreditava que o calor era uma espécie de fluido chamado de calórico, Carnot tam- bém usava o termo calórico, mas algumas de suas observações nos levam a crer que ele já tinha percebido que o calor é uma forma de energia. Suas idéias só foram bem entendidas alguns anos depois de sua morte, quando os físicos Lorde Kelvin e Rudolf Clausius as conheceram e percebe- ram sua importância.
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