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Leis e Justiça em Esparta e Atenas

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Esparta 
Legislação 
Entre o Século VII e VI a elaboração do : 
 Oráculo de Delphos: Oráculo de Delfos era dedicado principalmente a Apolo e 
centrado num grande templo, ao qual vinham os antigos gregos para colocar questões 
aos deuses. Situado na Grécia, no que foi a antiga cidade chamada Delfos (que hoje já 
não existe). Neste templo, as sacerdotisas de Apolo (Pitonisa) faziam profecias em 
transes. As respostas e profecias ali obtidas eram consideradas verdades absolutas. 
Conta-se que o oráculo de Delfos ganhou tamanho significado mágico após o deus 
Apolo matar a serpente Píton neste local, daí que se deriva o nome das sacerdotisas 
(pitonisas). O direito é colocado sob auspícios do oráculo. 
 
 Licurgo (Séc. VII a.C.) 
Criou as leis e depois pediu aos Reis de Esparta que as leis só fossem alteradas 
com o aval dele, Licurgo, e logo após pediu que fosse condenado ao ostracismo 
para que as Leis sobrevivessem aos homens. Alguns dizem que ele mesmo 
sumiu para ocasionar a imutabilidade das leis. 
 
Draco: Leis por escrito. Uma das suas mais importantes ações foi a elaboração de um 
código de leis ("thesmi", em grego) que serviram como a primeira constituição escrita 
da cidade de Atenas. As leis concebidas ficaram conhecidas como o "Código de 
Drácon", cuja redação ocorreu por volta de 620 a.C. e onde, para quase todos os crimes 
era aplicada a mesma pena, ou seja, a pena de morte, deixando bem clara a sua 
característica severidade e intransigência. Os dispositivos deveriam ser seguidos 
rigorosamente, sempre aplicadas por um magistrado denominado "tesmoteta", o que 
impedia os nobres eupátridas de interpretarem as leis segundo seus interesses. Seu 
principal mérito consistiu em proporcionar normas determinadas e iguais para todos, 
constituindo o primeiro passo para diminuir os privilégios da aristocracia, o que na 
época provocava contínuos conflitos sociais, desordens e instabilidade política. 
Uma peculiaridade no Código de Drácon, era a inexistência de pena em casos de 
"homicidio involuntário" (atualmente conhecido como homicidio culposo), visto que 
nestes casos a administração da justiça é que resolvia o entrave, colocando nas mãos do 
estado a administração da justiça em caso de assassinato. Com isso, pôs-se termo às 
disputas e intrigas familiares. Posteriormente, os próprios atenienses consideraram 
insatisfatório tal código, sendo substituído por outro redigido por Sólon em 594 a.C. 
Solon: Sólon se importava com os "reles mortais" e dedicou a vida a construir uma 
sociedade mais justa e igualitária. Tanto que os historiadores o consideram o pai da 
democracia ateniense. Sua primeira medida foi promulgar um código de leis escritas 
que aboliu a escravidão por dívida e proibiu os homens de vender filhas e irmãs. 
Também deu uma suavizada no código penal de Drácon. Segundo a nova lei, o ladrão 
teria de compensar a vítima com o dobro do valor do produto roubado. Ao que tudo 
indica, o arconte poeta só manteve a pena capital para os homicidas. uanto mais rico o 
cidadão, maior o cargo público que ele podia ocupar. Para quem viveu há 2,5 mil anos, 
quando o poder se perpetuava entre os mesmos sobrenomes, essa foi uma bela mudança 
rumo à democracia. Como muita gente podia acumular certa riqueza - graças ao 
comércio crescente, por exemplo -, o novo sistema era mais igualitário que o anterior. 
Os tetes não podiam disputar os cargos, pois temia-se que fossem mais propensos a 
receber propinas. Mas Sólon lhes deu o direito de se defender nos processos judiciais e 
integrar o júri. Mais importante: deu sinal verde para que o cidadão com mais de 18 
anos participasse da Ekklesia (Assembleia), inclusive os tetes (mas não os escravos, 
pois eles não eram considerados cidadãos). A Assembleia promulgava leis e decretos, 
decidia a concessão de privilégios, servia de palco para debates políticos e influía na 
escolha de arcontes (magistrados). Portanto, quem diria, os mais pobres podiam influir 
na formação do temível Areópago. 
 
1) Assembléia do Povo – Composto por todos os cidadãos maiores de 16 anos, 
independentemente de classe. Decidia sobre paz, guerra e estratégia. No século V 
chegou a ter 43.000 membros. A Ekklesia. 
2) Aerópago – Era o mais antigo e célebre tribunal, inicialmente julgava todos os crimes 
e posteriormente julgava os crimes apenados com morte; 
3) Tribunal dos Éfetas – Era composto por 51 juízes escolhidos pelo Senado que 
julgavam aqueles que cometiam homicídio não premeditado; 
4) Tribunal dos Heliastas – Órgão que se reunia na praça pública da cidade, sob o Sol 
(por isso a denominação "Heliastas") e tinha jurisdição comum. Como era composto por 
cidadãos, as suas decisões eram consideradas como proferidas pelo povo. SOL Apolo 
Julgamentos Famosos 
Estoicismo 
Levada a Roma via Grécia no ano 155 AC, o Estoicismo causou forte impressão ao 
pregar que a beatitude por meio do Logos (Espírito, Sabedoria) só pode ser alcançada 
pela indiferença em relação a tudo que é aflige o indivíduo: paixões, desejos, prazeres e 
sofrimentos. Os pensadores estoicos anunciavam a autossuficiência. O Estoicismo se 
caracterizava pela rejeição ao prazer do corpo, este visto como inimigo do Espírito, o 
Logos. Segundo os estóicos, o prazer é exaltação irracional da alma e, como tal, 
reprovável; devendo triunfar somente o espírito. Daí o preceito: as paixões devem ser 
erradicadas. Indiferente até a morte e aos deuses, os estóicos sublimaram todas as fontes 
do sofrimento, sobretudo, a energia sexual. 
Assim, uma vez que existe uma ordem cósmica a reger as coisas, sendo que a 
ocorrência de determinado resultado independe da ação e/ou vontade das pessoas, não 
devem, tais atos e resultados serem motivo de aflição, dor ou infelicidade, devendo, as 
pessoas, aceitarem os acontecimentos, e aproveitarem a nesga de liberdade que lhes é 
facultada para se garantir a felicidade, mediante o construir desta por meio do uso da 
vontade. Neste espectro, as coisas se dividem, para os estóicos em: boas – aquelas cuja 
ocorrência depende da atuação das pessoas, e que se deve buscar para ser feliz, como, 
v.g., a prudência, coragem e justiça–; más – aquelas que dependem da atuação das 
pessoas para acontecerem, mas que devem ser evitadas, posto que acarretam em dor e 
sofrimento, como os vícios e paixões –; e, ainda, as indiferentes, que são aquelas que 
independem da atuação ou vontade das pessoas para ocorrerem, e, portanto, não devem 
ser objeto de preocupação, como, por exemplo, a morte, a riqueza ou pobreza, e a saúde 
ou doença. 
Influência dos estoicos no cristianismo: A influência estóica em Paulo é nítida. Veja, 
por exemplo, as listas de sofrimento (2 Coríntios 4:10); o conceito de o “homem 
interior” (Romanos 7:22 e 2 Coríntios 4:16); o conceito de “auto-suficiência” (2 
Coríntios 9.8; Felipenses 4:11) e até mesmo a maneira de descrever o corpo humano 
(Romanos 12; 1 Coríntios 12). Desconsiderar a fonte estóica é desvirtuar a intenção dos 
escritores neotestamentários e fazer uma imagem equivocada da igreja das origens. 
Tudo nas crenças em que Deus é visto como criador de todas as coisas; na relação de 
Deus com os homens, os quais são tratados como filhos de Deus; na questão da relação 
social, à semelhança do que ensinava Sêneca, de que somos membros de um grande 
corpo, e do que o apóstolo Paulo igualmente sublinha quando afirma que os cristãos 
foram chamados num único corpo. A morte era o fim para os estóicos. Para os cristão era o 
começo 
 
A IDÉIA DE DIREITO NA EXPERIÊNCIA JURÍDICA ROMANA 
Gregos x Romanos : A Grécia não produziu juristas. Roma, ao contrário, faz do Direito o objeto 
de uma jurisprudência profissional32. Outra, diferença fundamental : o costume,a regra não 
escrita enraizada em um passado mais ou menos distante, existe em diversos planos (familiar, 
religioso, econômico) mas não é considerado expressamente, teoricamente, como fonte do 
direito: “Há no grego uma disposição “intelectualista” que o inclina a não reconhecer outra 
norma além da norma escrita, que é como um decreto da inteligência a Lei. 
Direito natural. A idéia de um direito superior, ideal, proveniente de Deus ou decorrente da 
própria natureza humana que encontramos em textos romanos, tem suas raízes na filosofia 
grega. No tratado De Republica, Cícero inseriu a famosa definição de lei natural. nitidamente 
estóica : “Est quaedam vera lex, recta ratio, naturae congruens, difjusa in omnes, constans, 
sempiterna; quae vocet ad officium jubendo, vetczndo a fraude deterreat (...) “. Existe uma 
verdadeira lei, reta razão, conforme à natureza, difundida entre todos, constante, eterna; que por 
seus mandamentos chama ao cumprimento de um dever; por suas proibições afasta do mal 
(...)49. Cícero conclui dizendo que Deus é o autor dessa lei e que seus transgressores serão 
punidos pois repudiaram sua natureza humana. Villey chama a atenção para certas definições 
romanas do direito natural que nos foram conservadas pelas Institutas de Gaio ou pelo Digesto e 
que “possuem uma tintura estóica”49a. Assim, parece proceder de origem estóica a definição 
deUlpiano que estende o direito natural a todos os animais (omnia animalia). 
2. Coisas corpóreas e incorpóreas. Esta classificação das coisas em corpóreas e incorpóreas é 
anterior a Cícero e provém da filosofia estóica. Era desconhecida,no período do Antigo 
Direito50 
3. Direito e Moral. Giffard, depois de comentar textos de Ulpiano em que parece haver confusão 
entre o Direito e a moral, atribui essa confusão à influência dos filósofos gregos “que não 
separaram jamais o direito da moral e viam nesta a ciência geral das ações dos homens da qual o 
Direito constituía uma parte”51. Mais adiante voltaremos ao problema da distinção entre Direito 
e Moral. 
4. Aequitas, bona fides, utilitas. Essas três concepções, segundo Villers, penetram no Direito 
Romano através da Filosofia Grega. A primeira “é uma noção matemática extraída das obras de 
Aristóteles: inspira-se na proporção ou igualdade de duas relações. No plano jurídico, convida a 
manter entre os homens uma igualdade proporcional tanto às forças como às necessidades de 
cada um.” Daí o famoso suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu) de Ulpiano (D. 
I,1,10)52. O Exemplo de influência da eqüidade na elaboração do direito é a correção feita pelos 
pretores às “iniquitates” do velho direito civil, ao elaborarem as regras da sucessão 
pretoriana53. Na interpretação do Direito, a retórica ensina a preferir a intenção do legislador ou 
das partes às palavras proferidas. 
A fides (fé) era uma velha noção religiosa ligada à deusa Fides a quem o rei Numa havia 
consagrado um templo. Sob influência grega a fides secularizou-se, chegando a revestir um 
caráter puramente ético, como, por exemplo, em Cícero (De Officiis I, 7) que a qualifica de 
“fundamentum justitiae”54. No campo do jus, a fides, qualificada de bona fides, apresenta uma 
dupla acepção: objetiva e subjetiva. Na primeira, temos as ações de boa fé que possuem uma 
cláusula “ex bona fide”. Na segunda acepção, temos a bona fides quando um comprador de boa 
fé crê em determinadas qualidades da coisa adquirida55. 
Finalmente os juristas identificam o fim do direito com a utilidade comum. É o bem comum, o 
bem geral, anota Villers; “a idéia é admitida tanto pelos jurisconsultos como pelos 
magistrados”56. Os jurisconsultos do século III, por exemplo, dirão que o jus praetorium foi 
aceito por causa da utilidade pública (propter utilitatem publicam). 
5. Divisão do direito segundo Gaio. A famosa divisão do Direito segundo Gaio (I, 1-8) : Omne 
autem jus quo utimur vel ad personas pertinet vel ad res vel ad actiones (todo o direito de que 
usamos ou diz respeito às pessoas ou às coisas ou às ações), possuiria uma origem retórica e 
remontaria a um protótipo de inspiração grega57. 
6. A filosofia grega tem influência decisiva na formação dos jurisconsultos romanos e na 
didática jurídica. Marrou chama a atenção para o fato de que a sabedoria do juris prudens, por 
muito tempo intuitiva, tornou-se refletida, consciente e soube alimentar-se de toda a 
contribuição formal do pensamento grego, “da robusta armadura lógica do aristotelismo como 
da riqueza moral do estoicismo”58 . Ainda Marrou observa que foi somente a partir da geração 
de Cícero e largamente, ao que parece, graças à sua ação e propaganda que a pedagogia jurídica 
romana acrescenta ao ensinamento prático (respondentes audire) um ensinamento sistemático 
(instituere). “Cícero havia intitulado uma de suas obras, infelizmente perdida, de jure civili in 
artem redigendo; lançando mão de todos os recursos da lógica grega, o direito romano esforça-
se, desde então, por apresentar-se aos iniciantes sob a forma de um corpo de doutrina, de um 
sistema, constituído por um conjunto de princípios, de divisões e classificações apoiados em 
uma terminologia e em definições precisas. 
A INFLUÊNCIA CRISTÃ 
A influência cristã não se limitou somente ao domínio religioso em que, observa 
Gaudemet, ela é evidente e normal. Essa influência fez-se sentir também no campo da 
legislação familiar e social. Gaudemet cita os seguintes exemplos: 
1. Alteração do calendário, passando o dies solis a domingo (ver C. Theodósio 
2.8.18)85. 
2. A condenação dos jogos de gladiadores em 32 (embora de êxito limitado, pois 
esses jogos persistiram até o início do século V).86 
3. A repressão da prostituição em 343. 
4. Sobre a escravidão, anota Gaudemet : “Se a Igreja não pôde obter o 
desaparecimento da escravidão, foi sem dúvida ao Cristianismo que se deveu a proibição de 
marcar os escravos na fronte ou de separar as famílias servis. O reconhecimento da plena 
validade da manumissão in ecclesia, que na origem não foi senão uma forma particular de 
manumissão inter amicos, foi devida igualmente à intervenção da Igreja.”87 
5. No direito de família, a influência cristã é mais sensível. Temos, por exemplo, a 
proibição do casamento por affinitas; as restrições à liberdade do divórcio; as sanções que 
acompanham a ruptura injustificada dos esponsais: a proteção dos interesses pecuniários 
dos filhos do primeiro leito; a luta contra a exposição dos recém-nascidos, contra a venda de 
crianças e os abusos da patria potestas.88 
6. No campo do Direito penal, deve-se provavelmente à influência cristã a supressão 
do suplício da cruz; aos bispos foi também dada a missão de fiscalizar as prisões. 
7. Troplong, na segunda parte de sua conhecida obra Influence du Christianisme sur 
le Droit Civil des Romáins, estuda esta influência nos seguintes setores: escravidão, 
matrimônio, impedimentos matrimoniais em virtude do parentesco, restrições ao divórcio, 
celebração religiosa do matrimônio, concubinato, patrio poder, condição da mulher e direito 
das sucessões. 
 
 
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO ROMANO 
 
FRUTO DE UM TRABALHO SÉRIO DE JURISTAS E PRETORES 
No decurso da presente obra, o leitor poderá sentir que este primeiro traço 
caracteriza bem a multissecular elaboração do Direito Romano. No item referente às fontes 
teremos oportunidade de enfatizar a atuação dos juristas e dos pretores. Por ora, 
contentemo-nos em repetir Villey: “O Direito Romano é o fruto de um trabalho sério. Os 
pretores e jurisconsultos que o elaboraram pacientemente não pretenderam jamais refazer a 
sociedade sobre bases novas, o que estaria bem acima das forças do espírito humano. Mas 
lentamente, partirão de dados positivos, guiadossomente pela paixão da eqüidade e da 
utilidade social criaram um direito verdadeiramente adaptado à natureza do homem.” 
FALTA DE UNIDADE. TRADICIONALISMO 
Aqui estão duas características que, à primeira vista, parecem conflitar entre si, mas 
que se harmonizam perfeitamente quando consideradas sob o aspecto dinâmico da evolução 
histórica do Direito Romano. Assim, por exemplo, se considerarmos dois estratos jurídicos 
distintos como o jus civile e o jus honorarium, procedentes respectivamente de fontes 
diversas, aparece-nos nítida a falta de unidade, já sublinhada, aliás, quando tratamos da 
longa vigência do Direito Romano. Por outro lado, entretanto, mesmo nesta falta de unidade 
é possível perceber a marca do tradicionalismo. Assim, por exemplo, muitos aspectos do jus 
honorarium (criado pelos magistrados) que se estende a todos os campos do Direito Privado 
e do Processo Civil, encontram seu fundamento e sua origem no próprio Jus Civile. E talvez 
seja oportuno lembrar que “recentes estudos confirmaram que o jus civile era, na sua 
origem, consuetudinário, era o costume jurídico dos romanos”. Há, pois, na evolução do 
Direito Romano, uma certa unidade na diversidade, isto é, uma certa tradição que só aos 
poucos e diante da própria evolução histórica vai cedendo às transformações inevitáveis. 
Entre outras, duas razões explicam esse tradicionalismo. Em primeiro lugar porque os 
romanos, como observa Kaser, “não ab-rogam suas velhas instituições, mas críam junto a 
elas outras novas, confiando em que, em virtude das melhores vantagens que estas 
oferecem, as antigas irão perdendo a vigência. Só em poucos casos, nos quais é inevitável a 
inovação, recorre-se às leis ou normas reformadoras”.93 
Outra razão desse tradicionalismo reside na constante atuação dos juristas romanos 
através dos séculos. Esta atuação não se faz sentir somente no campo privado, mas no 
assessoramento direto de magistrados, juízes e jurados. O tradicionalismo, anota Grosso, 
está inserido , “na própria mentalidade do jurista (...)”94. 
Lembremos aqui, a título de exemplo, a importância que os juristas atribuem muitas 
vezes à autoridade de seus predecessores, citando-os e emprestando às suas opiniões mais 
valor que a argumentos de fundo95. Este fio condutor da tradição não impede as 
transformações, mas está presente em todas as fases da história do Direito Romano, até 
mesmo nas Compilações de Justiniano96. Concluamos lembrando o apego dos romanos ao 
tradicionalismo “com sua idéia de manter a todo o custo os costumes que tivessem 
mostrado sua razão de ser através das gerações. O mos maiorum criou um quadro muito 
claro das instituições da sociedade e de seus fundamentos, que, em parte, estavam já 
respaldados por preceitos e proibições; quadro que, firmando-se num conservadorismo 
agrícola, transmitido de pais para filhos, conduziu por leitos seguros o conhecimento do 
Direito até o final da época clássica97.” 
REALISMO 
Dois exemplos podem ser mencionados como manifestação do realismo: a atuação 
dos juristas, principalmente nos períodos pré-clássico e clássico, e a criação do jus 
honorarium. Nos períodos citados o Direito privado se manifesta de modo marcante como 
criação dos jurisprudentes que enfatiza Kaser (Derecho Romano Privado, p. 17), não são 
sábios idealistas, mas homens práticos “que extraem seus conhecimentos e seu saber da 
própria vida do Direito e que, por sua vez, influem com seus conhecimentos na prática 
jurídica”. 
A permissão dada aos magistrados com atribuições judiciárias (exemplo: pretores, 
edis curuis e governadores nas províncias) de aplicar em matéria de direito privado e direito 
processual princípios que não repousavam em explícitas bases legais foram admitidos por 
uma tácita tolerância porque correspondiam a exigências práticas), criando assim o jus 
honorarium, revela o senso realista que presidiu a evolução histórica do direito romano. O 
direito honorário. Enfatizando o sentido dos romanos para a realidade da vida o qual, tanto 
na política como no Direito, levava-os a encontrar sempre os meios mais idôneos para 
realizar suas intenções. Concluamos estas breves considerações sobre o realismo com dois 
textos que revelam de modo eloqüente como o jurista romano prezava a realidade das coisas 
que nem a lei poderia, de qualquer forma, alterar. Gaio (I. 3, 794) : “Pois nem a lei pode 
tornar ladrão manifesto quem não o é, como não pode tornar ladrão quem absolutamente 
não o é, ou tornar adúltera ou homicida quem não é nem uma nem outra cousa.” (Neque 
enim lex facere potest, ut quimanifestus fur non sit, manifestus sit, non magis quam qui 
omnio fur non sit, fur sit, et qui adulter aut homicida non sit, adulter vel homicida sit). 
Paulo (D. 41. 2 .1. 4) adverte que uma situação de fato não pode ser anulada pelo 
direito civil (res facti infirmari jure civili non potest). 
CASUÍSMO 
O enfoque do Direito sob a perspectiva do caso concreto domina todos os períodos 
da história do Direito Romano. Kaser sublinha que “o Direito Romano manteve sempre este 
caráter de casuística jurídica, ou melhor, de problemática jurídica. E isto continua sendo 
certo embora tenha havido atos de codificação em tempos primitivos com as XII Tábuas e, 
depois, no final da Idade Antiga, com o Corpus Juris. Estas codificações não excluem que o 
caráter total do Direito romano e, concretamente, do clássico, tenha sido determinado pelo 
fato de que o conjunto das idéias jurídicas se encarna nos problemas casuísticos que os 
juristas resolvem e expõem”99. 
INDIVIDUALISMO? 
Pode-se atribuir ao Direito Romano a característica de individualista por ter 
reconhecido a liberdade e a autonomia do indivíduo nas relações com outros membros da 
sociedade ou por considerar o indivíduo como titular de direitos subjetivos? De Martino, em 
interessante estudo sobre “Individualismo e Diritto Romano Privato”, chama a atenção para 
o fato de que essa autonomia e essa titularidade de direitos subjetivos constituem 
fundamentos essenciais do direito privado.100 Por si só não seriam suficientes para 
caracterizar um sistema jurídico como individualista. Individualista, segundo De Martino, é 
um sistema em que a liberdade individual é concebida e regulada como fim em si mesma, 
fora de qualquer subordinação aos interesses do grupo os quais são simplesmente 
considerados como soma dos interesses individuais que, devendo existir, limitam-se 
reciprocamente em sentido negativo. O mesmo autor considera a posição da vontade 
individual no sistema das fontes, em Roma, “bem limitada e definida”101. Vejamos, a 
seguir, alguns exemplos citados por De Martino em que o Direito Romano aparece com um 
sentido social, ético, oposto ao individualista. 
1. O formalismo na idade primeira do Direito Romano constitui a primeira vitória da 
sociedade sobre o individual102. 
2. A tipicidade dos negócios, considerada como uma das categorias fundamentais 
do pensamento jurídico romano, revela-se um grave limite à autonomia privada. 
Encontramos, com efeito, no Direito Romano figuras bem determinadas e definidas de 
negócios com seus elementos essenciais, com suas ações correspondentes103. 
3. O cunho dado à propriedade romana como senhoria absoluta, como poder 
independente, como ato de verdadeira soberania do paterfamilias, não constitui uma 
característica nítida de individualismo? De Martino considera esse cunho, essa marca, não 
como uma exasperação individualística, mas antes como “afirmação da autoridade do pater, 
isto é, de um grupo étnico autônomo”, e cita Bonfante que procura demonstrar “que quando 
necessidades gerais e absolutas da coexistência social o exigiram, também a propriedade 
romana tolerava limites. Refutando a opinião muito difundida que acusao condomínio 
romano de extremo individualismo, De Martino observa que o princípio do jus prohibendi, 
usado no Direito Romano direito de veto de um condômino em relação à atuação de outro 
condômino não é menos equânime e social que o princípio da maioria. Este, ao contrário, “é 
mais francamente individualístico porque dá aos mais fortes um poder quase tirânico contra 
os fracos, isto é, contra os menores e mais modestos interesses”105. 
4. No direito das obrigações, De Martino sublinha que “as idéias e tendências 
sociais possuem uma força preponderante”106. A aceitação da bona fides (que não é uma 
categoria originária do Direito Romano) constitui um “critério eminentemente social e 
ético” e revela “uma esplêndida influência das idéias sociais sobre o direito”107. 
5. A atuação do pretor, intervindo contra a rígida aplicação do jus civile (conforme 
veremos mais adiante, especialmente no estudo do processo), acentuou mais o espírito 
social que impregna certos aspectos do Direito Romano. 
DESIGUALDADE 
Estudando brevemente alguma das características do Direito Romano, Villey 
observa : “O direito romano, sem dúvida, é incompleto. Admite a escravidão, não protege 
os pobres, os doentes, os proletários; está bem longe de fazer reinar uma perfeita igualdade 
entre os homens.”108 A idéia difundida entre os intelectuais romanos pelo estoicismo de que 
todos os homens eram fundamentalmente iguais por direito natural (ver o que já escrevemos 
em páginas anteriores) era contrária ao espírito do Direito Romano que, segundo a clássica 
summa divisio de Gaio (1,9), dividia todos os homens em livres e escravos (omnes homines 
aut liberi sunt aut servi). A mentalidade que admite a igualdade fundamental dos homens 
como filhos do mesmo Deus, só triunfou graças à pregação cristã. Ao lado da desigualdade 
extrema entre livres e escravos, o Direito Romano admitia também desigualdade entre os 
próprios livres. Estudando o espírito do Direito Romano, Ihering enfatiza: “Em Roma não 
existia direito nem Estado, senão para os romanos; ou para falar com mais acerto, o direito 
era circunscrito à comunidade dos gentis. Gentilidade e capacidade civil plena, falta de 
gentilidade e completa incapacidade civil são, em sua origem, equivalentes109.” 
Notem-se aqui duas modificações impostas pela evolução dos tempos. A concessão 
do commercium aos estrangeiros e a ampliação da concessão da cidadania. 
Focalizando as diferentes formas de proteção aos estrangeiros, Ihering observa : “A 
mais apreciada consistia na concessão do commercium que fazia participar o estrangeiro das 
leis romanas sobre os bens, permitindo-lhe, por conseguinte, reclamar a proteção que o 
Estado garantia ao direito. Já neste ponto o Direito Romano eleva-se à concepção jurídica 
moderna que não estabelece distinção entre os estrangeiros e os indígenas, com a 
importante diferença de que, o que em Roma era resultado de um privilégio concedido, ou 
de um pacto público especialíssimo, é entre nós a aplicação de um princípio geral e o efeito 
de uma idéia jurídica superior. A concessão do commercium era, entre os romanos, a forma 
regular que dava acesso às relações jurídicas internacionais”110. 
Outra modificação importante é introduzida com a Constituição de Caracala do ano 
212 P.C. que, com algumas exceções, concedia a cidadania romana a todos os súditos do 
Império, transformando esta cidadania, no dizer de Grosso, “em uma cidadania universal do 
Império”.Entre os próprios cidadãos romanos o Direito estabelecia desigualdades quanto à 
capacidade jurídica. Assim, por exemplo, o cidadão romano liberto (ex-escravo) formava 
uma classe à parte e não possuía a mesma capacidade dos cidadãos romanos ingênuos (que 
haviam nascido livres e jamais haviam sido escravos). Justiniano iria conceder a todos os 
libertos a condição de ingênuos112. 
 
 
 
 
 
Realeza: a estrutura política da Realeza apresentaria o seguinte esquema: o rei, a assembléia 
curiata e o senado. 
 Rei: Com base nas supracitadas fontes a realeza pode ser caracterizada como eletiva, 
vitalícia e não hereditária: A escolha do monarca obedeceria ao seguinte processo: “o 
rei é eleito pela assembléia curiata que, em virtude de um ato distinto e complementar, a 
lex curiata de imperio, investe-o do imperium, totalidade do poder executivo e 
confirmado pelo Senado, em virtude da auctoritas patrum. a autoridade real sofria 
limitações pelo fas (direito religioso) e pelos mores (costumes tradicionais). 
O senado era integrado pelos chefes (patres) das grandes famílias (gentes) 
República 
Dois fatos, entretanto, devem ser sublinhados no processo de substituição da monarquia pela 
república: a reação nacional latina dirigida pelo patriciado e a conseqüente queda da dominação 
etrusca. Constituição política republicana que apresenta uma tríplice estrutura: magistratura, 
senado e assembléias populares 
 Magistratura: cujos quadros, via de regra, preenchiam-se por eleição popular e 
estavam abertos a todos os cidadãos. Dois poderes caracterizam as magistraturas 
romanas: a potestas e o imperium. 
A. Potestas: 
 Designa de um modo geral toda forma de autoridade reconhecida pelo direito e que 
uma pessoa exerce sobre outra ou sobre coisas. Assim, por exemplo, o paterfamilias 
detém a potestas sobre os filhos (patria potestas) e sobre os escravos (dominica 
potestas). Em direito público potestas é um poder comum a todos os magistrados em 
virtude do qual estes representam a Res publica e podem estabelecer prescrições 
(jus edicendi), que serão obrigatórias enquanto o magistrado estiver no exercício de 
suas funções, e exercer uma certa coerção, por exemplo, através de multas 
(coercitio minor), no sentido de que sejam observadas suas prescrições. 
B. Imperium 
 Os mais altos magistrados de Roma (ditadores, cônsules e pretores) dispunham de 
uma vasta soma de poderes compreendida sob a designação de imperium. Segundo 
Homo, este poder “comportava ao mesmo tempo a administração civil do território, 
o comando das tropas, o exercício da justiça, numa palavra, o conjunto de 
atribuições civis, militares e judiciárias 
 Senado: integrado por antigos magistrados, revestia, em virtude da vitaliciedade de 
seus membros, um caráter de estabilidade que assegurava uma continuidade de governo 
e detinha várias atribuições que genericamente podem ser definidas como direção 
política, iniciativa e controle em face à atividade dos demais órgãos constitucionais357. 
Era o verdadeiro centro de governo da Roma republicana. 
Império 
a) Principado (do início do reinado de Augusto até o reinado de Diocleciano). 
No principado o imperador é o “primeiro” (princeps) dos cidadãos, mas submetido às leis como 
os demais. 
b) Dominato (do reinado de Diocleciano (284-305) até a morte de Justiniano em 565). 
O imperador não é mais o primeiro dos cidadãos, mas o senhor (dominus). Este qualificativo já 
exigido anteriormente torna-se obrigatório por ordem de Diocleciano. 
Direito Romano como o “conjunto de normas jurídicas que regeram o povo romano nas várias 
épocas de sua História, desde as origens de Roma até a morte de Justiniano, imperador do 
Oriente, em 565 da era cristã”1. 
O monarca detém a totalidade do poder judiciário: é o juiz supremo e os demais juízes são 
apenas seus delegados. O imperador é também o chefe militar supremo, decidindo sozinho da 
paz e da guerra 
É comum salientar-se que, enquanto a Grécia antiga notabilizou-se, entre outras características, 
pela vocação especulativa, cultora da idolatria da razão, que deu ao mundo ocidental a Filosofia, 
Roma, impregnada de um senso prático, criou um admirável ordenamento jurídico da sociedade, 
que reflete tão bem os traços marcantes do gênio romano: a gravitas(senso de 
responsabilidade), a pietas (expressão da obediência à autoridade tanto divina como humana) e a 
simplicitas (a qualidade do homem que vê claramente as coisas e as vê tais como são). 
Foi necessário ampliar o direito, por causa das invasões bárbaras 
1. Anonimato . Não se conservou o nome de um autor jurídico importante a partir do início do 
século IV até a época de Justiniano. 
2. Pouca originalidade . Os juristas são antes compiladores que criadores. 
A criatividade mais importante consiste em participar da elaboração da 
legislação imperial cuja interpretação é entretanto privilégio do imperador. 
3. Dogmatismo . Este traço se revela na predileção pelas classificações, 
pelas definições com sacrifício da análise e da discussão de casos “que 
haviam feito a glória da jurisprudência clássica” 
4. Simplificação . Havia preocupação de simplificar renunciando-se assim a 
discussões sutis que não estariam ao alcance do entendimento do leitor e, 
muitas vezes, do próprio autor 
FORMAS 
Jus scriptum x Jus non scriptum 
As que haviam sido elaboradas pelo Poder Público e emanavam diretamente daqueles de seus 
órgãos comícios, senado, magistrados, imperadores que tinham tal faculdade, eram jus 
scriptum, estivessem ou não materialmente fixadas por escrito embora, como é natural, o 
estivessem normalmente. As normas surgidas do costume, assim como aquelas resultantes da 
interpretatio dos juristas primitivos, formam o jus non scriptum. 
Jus Civile 
Designa uma contraposição diante do jus gentium e também em face do jus honorarium. 
Expressa igualmente todo o direito privado elaborado pelos juristas (em oposição ao jus sacrum 
e ao jus publicum) e também um direito distinto do jus militare (direito singular dos militares) 
Via de regra o jus civile aplica-se exclusivamente aos cidadãos romanos. Os não cidadãos a que 
se concedia o commercium (capacidade para celebrar determinados negócios próprios do jus 
civile) ou o conubium (capacidade para celebrar um matrimônio válido, de acordo com o jus 
civile) constituíam a exceção à regra. 
Jus honorarium 
Em pleno desenvolvimento da República, quando Roma se expande e o relacionamento entre 
romanos e estrangeiros, especialmente no campo econômico, se intensifica, o Estado, através do 
imperium do praetor peregrinus (o pretor para os estrangeiros), protege estes últimos. O praetor 
urbanus (a quem estavam afetas as causas entre cidadãos romanos), investido do mesmo 
imperium de seu colega, o praetor peregrinus, possuía também o poder de prescindir das normas 
do jus civile “quando a estrita aplicação destas levava a conseqüências que se consideravam 
injustas ou que não correspondiam a condições sociais mais avançadas: Como seu colega, podia 
também proporcionar remédios juridicos em situações não enfrentadas pelo jus civile. 
Desta necessidade de adaptar o jus civile a situações novas, criadas pela evolução da vida 
econômico social, surgiu o jus honorarium. “Pouco a pouco, resultou desta prática um corpo de 
princípios estáveis que, em seu conjunto, constituiu o jus praetorium (direito pretoriano) ou, 
com mais propriedade, o jus honorarium. 
grande período do jus honorarium situa-se no último século republicano caracterizada por 
profundas alterações políticas, sociais e econômicas. 
A promulgação de editos continuou durante o período imperial mas a atividade criativa e 
inovadora do pretor viu-se cerceada, desde o início da nova fase histórica, pela preponderância 
do poder do soberano. Sob Adriano (117-138), os editos pretorianos e edilícios foram redigidos 
de forma definitiva pelo jurista Sálvio Juliano: o edictum perpetuum (assim chamado 
posteriormente). 
“O jus honorarium como o jus civile havia terminado sua carreira. A função criadora passou às 
mãos dos imperadores. A distinção entre jus honorarium e jus civile manteve-se enquanto se 
usou o sistema judiciário com o qual estavam relacionados. Na realidade os juristas romanos 
todavia foram capazes de desenvolver ulteriormente o jus honorarium por meio da interpretação 
criadora de máximas e instituições declaradas no edictum perpetuum 
Jus Gentium 
Compunha-se das normas de direito romano que eram aplicáveis aos estrangeiros. Os antigos 
romanos permitiam que os estrangeiros invocassem determinadas regras do direito romano de 
modo a facilitar as relações comerciais com outros povos. Desenvolveu-se sob a influência do 
pretor peregrino, em contraposição ao ius civile, isto é, o conjunto de instituições jurídicas 
aplicáveis aos cidadãos romanos. 
O pretor precisava, pois, privilegiar os acordos reais, não os vínculos formais, a substância, em 
vez da forma, pois esta é própria de uma só comunidade e não se pode universalizá-la com 
facilidade. Nos contratos, deveria privilegiar a volutas, o consensus, ainda que a forma fosse 
precária. Essa qualidade destaca-se do restante do direito romano, formalista por essência. 
Mesmo nos seus primórdios, já se delineia a tarefa fundamental desse ramo: “governar as 
relações entre os „estranhos‟, entre seres que não pertencem à mesma tribo, ao mesmo clã, à 
mesma nação, à mesma cultura, mas que compartilham somente uma humanidade comum”. 
o jus gentium apresentava-se como um conjunto de normas universais, com um processo de 
formação bastante vinculado ao do costume. 
Perceba-se que o direito civil, o direito da cidade, encontra-se contraposto ao direito das gentes, 
o direito que decorre da natureza, da ampla sociedade dos homens. Todo direito origina-se de 
uma sociedade: o direito civil, de uma sociedade pequena que é a própria cidade, e o direito das 
gentes de uma magna communitas humana, a sociedade de todos os homens. 
FONTES DO DIREITO ROMANO 
Ordenamento jurídico do tempo, têm a função de criar a norma jurídica”. São também chamadas 
fontes em sentido material. Exemplo: os comícios, o senado, as magistraturas, etc. As segundas 
são “os modos, as várias maneiras pelas quais se declara, ou se manifesta, a regra jurídica”431. 
São também chamadas fontes em sentido formal. Assim, por exemplo, a lei, o senatusconsulto, 
o edito dos magistrados. 
 
Na Realeza a principal fonte do Direito foi o costume dos antepassados (mos maiorum, jus non 
scriptum), “normas consuetudinárias transmitidas de geração em geração, não desligadas de 
todo da norma religiosa (fas) e completadas, quanto ao Direito público, pelos tratados (foedem) 
intergentilícios que estruturaram a cidade 
Plebiscita eram pois as deliberações da plebe (plebs) reunida no concilium plebis (ver no 
capítulo VII, as atribuições dos comícios tributos). 
Período clássico 
 Leis: Na elaboração da lei cooperavam a magistratura, o senado e o comício: a lei é 
uma publica pactio: um público acordo entre os vários elementos constitucionais da 
República. Nenhuma lei podia ser proposta a não ser por um magistrado (os 
membros da assembléia não tinham o poder de apresentar uma proposta legislativa. 
Quando o plebiscito foi equiparado à lei, a iniciativa legislativa passou, de fato, para 
os tribunos da plebe 
 Costume: (usus, mos; consuetudo) continua como fonte do Direito no período 
clássico. o papel supletivo novo desempenhado pelo costume ao lado de outras 
fontes, desde o momento em que deixou de ser a única fonte em virtude da lei 
escrita. 
Vejamos três textos que indicam respectivamente cada uma dessas funções: 
Interpretativa: Paulus (D. 1. 3. 37) afirma: O costume é o melhor intérprete da lei 
(optima enim est legum interpres consuetudo). 
Supletiva: Juliano (1.3.32) diz expressamente que naquelas causas em que não se 
aplicam as leis escritas, é conveniente observar aquilo que foi introduzido pelos usos e 
costumes (De quibus causis scriptis legibus nan utimur, idcustodiri oportet, quod moribus 
et consuetudine in ductum est). 
Revogatória: No já citado texto de Juliano (D. 1.3.32.1) afirma-se expressamente que a lei 
pode ser revogada pelo desuso: “sed etiam tacito consensu omnium per desuetudinem 
abrogentur”. Há períodos em que certas leis antigas não mais se adaptam às novas 
circunstâncias, opondo-se assim ao atual sentimento jurídico popular. Os costumes, 
traduzindo diretamente esse sentimento, agem, então, de duas maneiras diversas: ou de um 
modo positivo, revelando um novo direito contrário à lei escrita (usus, consuetudo) ou de 
um modo negativo, pelo abandono, pelo não uso da lei (desuetudo). 
 Edito dos magistrados: Ao focalizarmos o Jus honorarium já sublinhamos a 
importância dos Editos dos Magistrados. Gaudemet considera-os “uma das fontes 
essenciais do direito clássico” e observa que “se trata aqui de uma fonte muito 
original que não se encontra, sob esta forma, em qualquer outro sistema jurídico. 
Também os editos dos pretores gozam de não pequena autoridade jurídica; este é também o 
direito que costumamos chamar direito honorário, por serem os que desempenham as 
honras, isto é, os magistrados, os que deram autoridade a esse direito. O pretor que assumia 
o cargo não tinha a obrigação de acolher o edito de seu antecessor. Ordinariamente porém 
aceitava as disposições do edito anterior que haviam sido aprovadas pela prática e 
acrescentava novas disposições. 
O edito tinha em princípio, validade anual. Seu autor podia modificá-lo ou revogá-lo. O edito só 
se aplicava no território sob a jurisdição do magistrado que o promulgara. No espaço, a extensão 
do jus honorarium às províncias foi assegurada pelo fato de os governadores e questores 
reproduzirem as partes essenciais do edictum translaticium do pretor urbano ou dos edis de 
Roma. 
Responsa Prudentium e interpretatio prudentium 
A interpretatio prudentium (os jurisconsultos romanos encarregavam-se de preencher as 
lacunas das leis) e a responsa prudentium (os jurisconsultos tinham a tarefa de responder as 
consultas que lhes eram formuladas, quer forem escritas ou orais). 
 O interpretatio prudentium abarca a responsa prudentium. 
 Agere significa conduzir um processo, orientando o litigante (indicando, por exemplo, a 
fórmula). TAMBÉM CHAMADO DE responsa prudentium. 
 Cavere significa aconselhar os particulares em sua vida de negócios. 
 Respondere significa responder a consultas feitas quer em casa (domo) quer em público 
(no Forum). 
Giffard observa que neste texto de Gaio a expressão responsa prudentium não possui o 
mesmo sentido da época de Augusto e de Tibério quando o responsum era uma consulta de 
direito dada a um particular em um caso determinado. Agora responsa são as opiniões 
encontradas nos escritos dos jurisconsultos. 
Respostas dos prudentes são as sentenças e as opiniões daqueles a quem é permitido 
constituir o direito. E se todos estiverem de acordo em uma mesma opinião, seu conteúdo 
tem força de lei; se porém dissentirem, ao juiz será lícito seguir a opinião que quiser, como 
dispõe um rescrito do divino Adriano 
A interpretatio prudentium se caracterizou por ser uma atividade de um conjunto dos juristas, 
porque as fontes do Direito, as vezes não compreendem todos os fatos. Cada solução de um 
caso prático se dava no convencimento e na vontade de que, produzindo-se novamente o mesmo 
caso, devia ter lugar a mesma solução. Este método pode ser assim descrito: pondera-se sobre a 
solução mais razoável do ponto de vista prático, em consideração às circunstâncias. Após, 
evocam-se os casos semelhantes, os casos opostos e utiliza-se, finalmente, do argumento ab 
absurdo, reiterando que outra solução não seria razoável. Os critérios para encontrar-se a 
solução mais razoável têm como fundamento o justo eqüitativo e como fim específico a 
utilidade (D.1.3.25) e a benignidade 
 
 O jurista, com sua interpretação, coordenava os vários modos de produção normativa e dava ao 
aplicador – o magistrado – uma diretiva clara de como proceder: o prudente não era um 
“criador”, pois atuava assistindo e ajudando a norma no momento em que se manifestava. O 
sentido de uma responsa prudentium é exprimir o conteúdo de uma regra individual que a 
decisão do magistrado tornará obrigatória e, assim, seu valor estava ligado ao modo de produção 
do Direito em que a responsa se inspirava: lei, costume, edito, senatusconsulto, etc. Na medida 
em que por meio do labor dos juristas sobre os diversos fatos de produção normativa foram 
elaborados conceitos, figuras, regras e princípios comuns, a interpretatio não foi só método, mas 
também substância jurídica: o jurisprudente é o criador da prática jurídica. 
 
O processo, segundo o qual se atingia a norma partia da intuição de cada prudente, através da 
qual se encontrava a decisão mediante a compreensão imediata que não necessita de 
argumentação racional. A eficácia prática da decisão sempre dependia, contudo, da persuasão 
que o prudente poderia obter com sua resposta. A motivação racional surgiu por causa da 
disputatio fori (D.1.2.2.5) – confronto entre os prudentes e os oradores preparados 
dialeticamente – e, a partir disso a jurisprudência deixou de operar internamente apenas através 
do recurso ao precedente doutrinal. O prudente sai do círculo de casuística (ligação a uma 
opinião consolidada; motivação utilizando uma regula iuris; utilização de uma construção 
jurisprudencial; motivação fundada em uma opinião controvertida ou singular) quando passa a 
apelar para outras fontes normativas que estão além de sua competência, como a lei, o costume 
e o edito. No entanto, regressa ao círculo casuístico através da ponderação tópica dos fatos 
normativos e da sua conciliação com os moldes racionais internos da interpretação obtidos pelas 
sucessivas abstrações de casos concretos, como a regula, a definitio, conceitos-guia como a 
bona fides, animus, etc. Este método (indutivo) permitia uma livre indagação sobre os motivos 
de justiça material presentes no caso, de modo que o jurista podia colecionar tais motivos em 
estreitos critérios materiais de decisão. Com isso, o discurso jurídico desprendeu-se do 
problema e concentrou-se na regra, do particular passou ao geral. 
 
Senatusconsultos 
define senatusconsulto como “o que o senado ordena e constitui” (. Curioso é que Gaio, 
logo após esta definição, afirma que o senatusconsulto tem força de lei mas acrescenta 
que isto foi posto em dúvida (quamvis fuerit quaesitum). 
Durante o Império o poder legislativo é mais aparente que real. 
 
Constituições Imperiais 
 
A origem do poder de legislar do príncipe reside pois na própria autoridade de que gozava o 
soberano. 
Edicta - eram disposições de ordem geral tomadas pelo imperador e aplicáveis, segundo a 
vontade do soberano, a todo o Império, a uma província, a uma cidade ou a uma 
determinada categoria de pessoas. NÃO É EDITO DOS MAGISTRADOS. O edito imperial 
diferente pela natureza (formulava regra geral obrigatória para todos) e pela duração de sua 
vigência (em princípio continuava em vigor mesmo depois da morte de seu autor, a não ser 
que fosse expressamente revogado). 
Decreta - eram as sentenças que, no exercício da sua função judiciária, o imperador 
prolatava em seu tribunal (auditorium principis), com o auxílio de seus conselheiros ou 
assessores. O imperador podia avocar causas ou julgar em grau de recurso. A força 
obrigatória do decretum restringia-se à espécie prevista na decisão, constituindo coisa 
julgada. 
Rescripta - eram respostas dadas por escrito pelo Imperador (ou por seu conselho) à 
consulta de um particular ou de um magistrado sobre determinada matéria jurídica. Em 
geral a resposta a um particularera feita por uma nota escrita à margem ou debaixo da 
consulta. 
Mandata - eram instruções de caráter administrativo expedidas pelo imperador a seus 
funcionários, especialmente aos governadores de províncias. O conteúdo dos mandatos 
versa geralmente sobre matéria administrativa ou fiscal. Acessoriamente, entretanto, contém 
disposições de direito civil ou criminal. 
 
LEIS DAS CITAÇÕES 
Uma constituição dos imperadores Teodósio II e Valentiniano III do ano 426 (a famosa lei 
das citações) destacou, entre diversas obras doutrinárias, “as cinco autoridades de Gaio, 
Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino, que formaram, na frase de Serafini, um colégio de 
mortos sob a presidência de Papiniano. 
se todos os jurisconsultos a quem fora permitido constituir o direito, estivessem de acordo 
(si in unum sententiae concurrunt), este acordo teria força de lei (legis vicem optinet); se 
porém dissentissem, o juiz poderia decidir livremente. 
Em caso de divergência entre os cinco jurisconsultos ou entre estes e os que eles citavam, o 
juiz devia decidir de acordo com a opinião da maioria. Se houvesse empate, prevalecia a 
opinião de Papiniano e se este não se tivesse pronunciado, o juiz escolheria a opinião que 
lhe parecesse mais adequada. 
O 1º Código 
A decadência acentuada dos estudos jurídicos, a inumerável quantidade de obras 
dos jurisconsultos (copia immensa librorum) e de leis imperiais haviam tornado 
praticamente impossível a aplicação eficiente das regras jurídicas. 
Justiniano (527 - 565), que tinha como ideal a unidade romana e cristã na 
universalidade do Império e da Igreja, decidiu empreender à unificação e atualização do 
Direito mediante a compilação da massa enorme e confusa de leges e de jura. Justiniano 
nomeou uma comissão de dez membros presidida por João, ex quaestor sacri palatii e 
integrada, entre outros juristas, por Teófilo professor de direito em Constantinopla, para 
fazer uma compilação de Leges. 
 
O Digesto (Pandectas) 
O objetivo da compilação era pôr fim às incertezas e confusões provocadas pelo grande 
número de obras e opiniões dos jurisconsultos clássicos. Justiniano rompia assim os estreitos 
limites estabelecidos pela Lei das Citações, fornecendo aos litigantes o essencial da 
jurisprudência numa seleção levada a cabo por eminentes e atualizados juristas. 
A comissão tinha poderes expressos para completar o imperfeito (quod imperfectum est 
repleatis), corrigir (hoc reformetis) e suprimir as normas caídas em desuso (jam in desuetudinem 
abierunt), manter o que se coaduna com a prática quotidiana ou o que o inveterado costume 
confirmou 
As Institutas 
Esta obra, dedicada à juventude desejosa de estudar as leis (cupidae legum juventuti), obedece 
ao plano das Institutas de Gaio. Mais simples que o Digesto e mais teóricas que o Código, as 
Institutas de Justiniano apresentam noções gerais, definições e classificações que tornam o 
estudo do direito fácil e atraente. 
2º Código 
Novelas 
As Constituições promulgadas a partir da data da vigência do segundo código chamam-se 
Novellae e constituem, hoje, parte do Corpus juris civilis. 
 
RECEPÇÃO DO DIREITO ROMANO 
 Surgimento das universidades 
Cruzadas: surgimento das uiversidades, muitas universidades eram ligadas a igreja, e algumas 
não eram e nessas surgiam o trivium e o quadrivium, as universidades traziam a ideia de 
universalidade, comunhão de ideias. 
As universidades fomentam os estudos jurídicos, o DR era a razão humana do universo, 
universal. 
O trivium e o quadrivium seriam as os métodos de ensino de matérias básicas de ensino, cada 
um com seu método específico, o quadrivium seria mais complexo que o trivium, como uma 
complementação do ensino, como estágio de estudo (ensino fundamental e médio). 
Para Platão a filosofia pressuporia o estudo da aritmética, pois a matemática é o estudo mais 
puro, o conhecimento racional mais purificado. 
 
 Ius Commune 
Base do direito comunitário utilizado pela UE. Ocorre principalmente na França, Portugal, 
Itália, Espanha. 
Estudo do Ius Comunne pela Universidade de Bolonha. 
É a incorporação e aplicação do Direito Romano adjunto ao Direito canônico. 
Dificuldade na distinção Ius commune e Ius gentium, apronfundamento do direito das gentes. 
 
A contemporaneidade do estudo do ius commune torna-se veemente quando se está a pensar 
numa união entre os países europeus, uma união que abrange, também, a esfera jurídicas, sendo 
constituído um sistema para toda a comunidade dos países inclusos. 
 - O ius commune era recurso ao qual se lançava mão em caso de lacunas. A aplicação como 
direito subsidiário, por sua vez, não fazia do ius commune um simples direito secundário. Ele 
não suplantava os direitos locais. 
O Ius Commune consegue “mundializar” o Direito, sem desconsiderar as realidades com suas 
manifestações jurídicas próprias de cada região. A formação do Ius Commune possibilitou a 
recepção do Direito Romano por meio do estudo do Corpus Iuris Civilis. 
 Fusão direito do cidadão com o direito das cidades(ius civile), ideia de direito comunitário 
mesmo e não apenas direito comum aos cidadãos. 
Baseado em fontes escritas nessa fase, e não em decisões como no período clássico. 
 
Escolas de Interpretação 
 
Glosa: dar voz. 
Glossadores: interpretam o CIC, fazem comentários no Corpus. Destrichamento do código. 
Pós-glossadores: releitura do código com inovações. 
 
Recepção do direito romano no ocidente 
 
Recebeu o Direito Romano como uma verdade absoluta, fórmula pronta, sendo que é uma forma 
errônea de se ver o Direito Romano, pois o seu grande ideal é a reflexão teórica acerca da 
realidade. 
A recepção da ratio júris* romana no Direito Moderno 
Tentaram esticar o DR para ser aplicado na modernidade mas não dava conta de se adequar aos 
institutos existentes na nova era. 
*Motivo que o hermeneuta encontra no direito vigente para justificar a interpretação ou solução que dá a 
uma regra jurídica ou a certo caso concreto. 
 
Sobrevivência do Direito Romano na Idade Média 
A interpretação do Direito Romano pela igreja, agregado ao Direito canônico, fez com que o 
direito romano não fosse esquecido. 
O império começou a tutelar a relação entre os romanos e os bárbaros. 
- Do mesmo modo, no que tange ao direito, os povos germânicos procuraram preservá-lo. 
Mesmo que tivessem um direito próprio, entendiam que, para reinar sobre partes do império, 
deveriam ter uma legislação adequada para seus súditos latinos. Desse modo, empreenderam 
coletâneas das leis romanas, que contribuíram não só para a conservação do direito romano, 
como também para fundi-lo com o direito costumeiro germânico. 
- Sua influência foi marcante no Ocidente, sobrevivendo à queda do Império Romano 
Ocidental, permanecendo até as codificações bárbaras. As leges romanae do século IV, sendo 
que foi em parte retomado na Lex romana visigothorum. O desenvolvimento econômico e social 
fez com que o direito romano clássico não cedesse as invasões bárbaras, isto fez com que as leis 
desenvolve-se mais no Oriente do que no Ocidente.. 
E o Direito Romano sofreu influência dos dogmas cristãos. O Direito romano, recém-
descoberto, e o canônico formam o «utrumque ius», e chegam a constituir o «ius commune» que 
está na base de todos os ordenamentos seculares do Ocidente. 
 
 Racionalismo: As descobertas científicas na virada do século 14 para o 15, ganham 
outra conotação: o homem não é o ponto de partida do Universo, mas é o ponto de 
partida do conhecimento, a razão faz o homem conhecer o mundo. Razão > parte do 
homem e não do divino, mas não há negação do divino. A autonomia da vontade é a 
razão humana nos atos. Distinção do direito e damoral. 
Descartes é o principal racionalista da época, inaugura a escola com sua preponderância da 
razão para o saber, principal ideia é DUBTO COGITO ERGO SUM. 
PACTA SUNT SERVANDA: os pactos devem ser cumpridos, ideia básica do direito, princípio 
natural do mesmo. 
 Necessidade de codificação: A razão humana é tão absoluta que ela pode legislar o 
comportamento humano. Com ápice do jusnaturalismo há o surgimento do positivismo, 
o impulsionamento da codificação 
 
Teoria da argumentação jurídica equivale aos precedentes. 
 
A argumentação jurídica são apresentações faladas para um juiz ou tribunal de apelação 
por um advogado, ou grupos de advogados, enquanto defendem as razões legais pelo qual eles 
deveriam prevalecer. Alegações orais em grau de recurso são acompanhadas de resumos 
escritos, que também servem para avançar o argumento de cada uma das partes na disputa legal. 
Um argumento de encerramento, ou soma, é a declaração de conclusão do conselho de cada 
parte reiterando os argumentos importantes para o julgador de fato, muitas vezes o júri, em um 
processo judicial. Um argumento de encerramento costuma ocorrer após a apresentação de 
provas 
 
Empirismo 
Se liga a tradição britânica devido a forma de construir o conhecimento, com a descrição 
minunciosa da realidade através da experiência. 
 - Aristóteles: empirismo moderado preocupa-se com a razão abstrata e também com a 
experiência. Longa tradição, principal empirista na modernidade é Bacon. A realidade e a 
experiência imprimem no homem sua realidade: Locke. Hobbes não é necessariamente 
empirista mas usa de dados da experiência para criar o Leviatã. 
 
CODIFICAÇÃO DO DIREITO 
Finalidades 
a) Sistematização: pôr-lhes ordem; 
b) Simplificação: torná-las mais claras, quando se trata de sua aplicação 
c) Divulgação do ordenamento jurídico: facilitar-lhes o acesso 
Distinções conceituais 
 Consolidação: Leis esparsas. Dentro do processo histórico a consolidação antecede a 
codificação. 
 
Escola histórica - Savigny (volksgeist) 
Primeiro grande embate entre uma defesa da codificação e uma repulsa está entre: Savigny e 
Thiebaut. 
 Escola Histórica: percussor Gustav Hugo, o surgimento esta muito atrelado ao 
romantismo e o idealismo alemão. Sec 19, problemas da história, tem grande impacto 
na escola histórica, no mesmo ambiente existem o movimento pandectismo alemão. 
Todos os processo sociais decorrem do processo histórico das tradições daquele povo. 
 Savigny é contra a forma da codificação que foi feita, não é contra a codificação, a 
codificação prussiana para ele é um péssimo exemplo de uma codificação abstrata 
regularia a vida civil. E que a codificação deveria ser fruto das tradições do povo, o 
espírito do povo, plano da cultura, formalização de tradições sedimentadas e 
reproduzidas por um povo, se cristalizaria na lei, o que é exatamente uma crítica feita a 
ele, pois a sociedade não poderia se desenvolver, pois estaria presa a uma cultura antiga, 
que vincularia como lei. 
Já Thiebaut prega que o código deveria ser feito pelo legislador, que deveria construir as leis 
para o povo e não o contrário. 
 Escola histórica se liga ao direito natural: mas a escola histórica acredita na tradição e 
não na razão. 
Hegel se opõe: base do direito seria a razão. 
Jurisprudência dos conceitos: Ciência jurídica dos conceitos: torna a compreensão do direito 
extremamente racional, as regras seriam deduzidas através dos conceitos gerais do direito, para 
entender a realidade jurídica, abstrai o direito, oposição forte a escola histórica. 
 Postulados: 
1. Dimensão Histórica: Voltada para o passado procurando a raiz das normas – 
Volksgeist 
2. Dimensão sistemática (apesar de ser mais filosófica): Preocupada com a 
unidade e sentido do direito oferecido pela orgânica das instituições. 
3. Prático- normativa: Submete-se à dogmática. 
 
Código civil Francês: São três projetos, até chegar a quarto e ultimo. Primeiro projeto era 
mediano, tinha como objetivo de versar sobre a realidade de forma ampla, e o segundo seria 
mais sintético e vê-se claramente a influência do direito natural. O terceiro abandona a visão jus 
racionalista. 
A França após a Revolução tem sua primeira Constituição. 
Projeto final 
Expandiu toda a experiência jurídica da época, quando expande para as colônias leva o seu 
direito. 
 Imperialismo cultural da França sobre o Brasil: Após a independência o Brasil se 
aproxima da cultura francesa, o intelectualismo se ligava ao conhecimento da língua 
francesa, dos teatros franceses e de sua literatura. 
Formação do direito no Brasil se apropriava do direito Francês. 
Chegada da Escola da Exegese no século 19 no Brasil, consolidação do bacharelado. 
Grande influência na forma de ver o Direito. 
Forja-se o movimento de codificação brasileiro, os códigos se sobrevaliam sobre a constituição. 
O Código Civil é a constituição do homem comum, é o que estabelece as relações do cotidiano, 
que molda as relações jurídicas mais corriqueiras. 
O legado mais importante de Napoleão: Seu código civil.

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