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Aula - Dosimetria Penal

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DIREITO PENAL II
AULA 10 – DOSIMETRIA PENAL
INTRODUÇÃO
O Direito Penal no período do chamado Antigo Regime era caracterizado pela crueldade na execução das penas, marcado por ser repleto de desigualdades, privilégios, arbitrário e excessivamente rigoroso.
No Iluminismo surge a reação humanitária que irá propor a reforma do sistema penal, com o objetivo de trazer a razão ao Direito Penal, proporcionando segurança jurídica e evitando a interpretação das leis pelos magistrados.
O Código Penal francês de 1791, vem carregado dessas ideias, baseado no sistema de legalidade extremada na determinação das penas, do qual decorriam 3 consequências:
1 – princípio da legalidade
2 – penas fixas, com duração estabelecida na lei e que não podem ser modificadas pelo juiz.
3 – fim do direito de graça. 
Com o Código Penal francês de 1810 apenas o primeiro efeito perdurou. Restaurou-se o direito de graça e ampliaram-se os poderes do juiz na determinação da natureza e duração da pena. O juiz não era mais um mero “executor autômato da lei”. No entanto, em sua prática deveria observar os limites impostos pela lei, adaptando-a à individualidade do agente.
Neste período a ideia de individualização da pena era marcada pelo positivismo, e objetivava o estudo da personalidade do delinquente. 
DETERMINAÇÃO DA PENA
Conceito: Compreende a fixação da espécie e duração (quantum) da pena, bem como a decisão acerca de sua eventual substituição ou suspensão condicional.
Sistemas: a determinação da pena pode ser realizada segundo 3 sistemas. São eles o sistema da absoluta determinação, sistema da absoluta indeterminação e sistema da relativa determinação.
SISTEMA DA ABSOLUTA DETERMINAÇÃO
Também chamado de legalismo extremo, nesse sistema o processo de individualização da pena se esgota na produção legislativa, cabendo ao juiz a mera aplicação da lei penal, que já fixa de antemão a natureza e a duração da pena a ser aplicada.
No Brasil um exemplo deste sistema foi o Código Criminal do Império de 1830 (inspirado no Código Penal francês de 1791). Apresentava uma rígida dosimetria penal dividida em 3 graus: máximo, médio e mínimo. O Código Penal de 1890 dividia a sanção em graus máximo, submáximo, médio, submédio e mínimo. 
SISTEMA DA ABSOLUTA INDETERMINAÇÃO
É o modelo que preconiza o livre-arbítrio judicial. A pena não acompanha a conduta típica no ordenamento, está apenas disposta nas disposições gerais. Cabe ao magistrado o poder ilimitado na tarefa de determinação da pena.
Os sistemas da absoluta indeterminação e absoluta determinação foram criticados por serem deficientes na missão de determinação da pena, dando ensejo a muitas injustiças.
SISTEMA DA RELATIVA DETERMINAÇÃO
Nesse sistema a individualização legislativa é complementada pela judicial. A pena se encontra determinada na lei penal no que tange à sua natureza e duração. Cabendo ao juiz fixá-la discricionariamente, observando os limites mínimo e máximo. 
O Código Penal de 1940 traz este sistema, que é mantido pela reforma de 1984. As circunstâncias judiciais previstas no art. 59 CP irão auxiliar o juiz a determinar a pena entre o mínimo e o máximo. Também servem a essa tarefa, as circunstâncias legais agravantes (arts. 61 e 62) e atenuantes (art. 65).
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
O princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI CF) é base do Estado Democrático de Direito, e abarca 3 momentos distintos e complementares: o legislativo (cominação), o judicial (aplicação) e o executório (execução). 
INDIVIDUALIZAÇÃO LEGISLATIVA
A determinação legal da pena trata-se da fixação abstrata da sanção penal .
As pena privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime (art. 53 CP). 
Já as penas restritivas de direitos são aplicáveis independentemente de cominação na parte especial, em substituição à penas privativas de liberdade até 4 anos (para crimes cometidos sem violência ou grave ameaça), ou em caso de crimes culposos (art. 44, I CP).
As modalidades de prestação de serviços comunitários ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana terão duração idêntica à da pena privativa de liberdade (art. 55 CP), ressalvado o disposto no art. 46, § 4º. 
Em relação à pena de multa, prevista em cada tipo legal de delito será de no mínimo 10 e no máximo 360 dias-multa (art. 49), aplicando-se independentemente de cominação na parte especial (art. 58, § único CP).
Ex.: Maus tratos (art. 136): pena de detenção de 2 meses a 1 ano ou multa. 
INDIVIDUALIZAÇÃO JUDICIAL
Refere-se ao estabelecimento pelo juiz da espécie de pena aplicável (na hipótese de ser cabível pena alternativa), de seu quantitativo, do regime de execução e de sua possível substituição ou suspensão condicional. 
A individualização judicial traz uma grande margem de discricionariedade ao juiz, que deverá se vincular aos critérios presentes no art. 59 do CP e pelos princípios penais de garantia. Cabe ao juiz ainda o dever de motivação e fundamentação de suas decisões.
Ao determinar a pena, o juiz deve nortear-se pelos fins a ela atribuídos (retribuição, intimidação e ressocialização). 
INDIVIDUALIZAÇÃO EXECUTÓRIA
Após a aplicação da pena pelo juiz, passa-se à execução penal. A individualização executória da pena se dá em âmbito administrativo, pelo estabelecimento prisional. Deve atender às exigências de retribuição, prevenção geral e especial do delinquente. 
Encontra-se constitucionalmente assegurada na Constituição Federal (art. 5º, incs. XLVI, XLVIII, XLIX, L), como consequência dos princípios da legalidade e humanidade. 
FIXAÇÃO DA PENA
O juiz, atendendo às circunstâncias judiciais arroladas no art. 59 caput CP (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstâncias e consequências do crime, bem como o comportamento da vítima) estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente (atendendo às 3 funções da pena):
as penas aplicáveis
a quantidade de pena aplicável
o regime inicial de cumprimento de pena
a substituição da pena privativa de liberdade por outra espécie, se cabível
PENA NECESSÁRIA E SUFICIENTE
Certeza da punição é mais relevante do que a severidade para obter a prevenção (Beccaria). Para Cirino, trata-se de um mito.
Exercício razoável do jus puniendi no Estado Democrático de Direito (Hassemer)
O Princípio da Subsidiariedade deve ser invocado sempre que possível (ultima ratio). 
Juarez Tavares: o hiato entre a pena real (sanção materialmente aplicada) e a pena ficta (sanção formalmente prevista), deve influenciar a dosimetria.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA DOSIMETRIA PENAL
O Art. 59 do CP deve ser reinterpretado à luz da CF 1988.
“Necessária e suficiente não seria a pena, mas a intervenção judicial que menor estigmatização e dessocialização acarretassem ao projeto existencial do condenado” (ROIG, Rodrigo).
I – NATUREZA DA PENA
A lei pode indicar a pena privativa de liberdade isolada, cumulativamente ou alternativamente à pena de multa.
Esta definição deve levar em conta a análise das circunstâncias judiciais. Caso sejam favoráveis, pode prever definição mais benéfica. 
Necessidade de ampliação da aplicação da pena de multa diante da realidade carcerária brasileira.
Na hipótese de cabimento de mais de uma espécie de pena (reclusão, detenção ou multa) cabe ao juiz optar pela que considerar mais adequada (art. 59, I CP).
	Ex.: art. 137 (rixa). Detenção de 15 dias a 2 meses ou multa.
Quando a pena cominada é única ou são previstas penas cumulativas, essa operação não é necessária.
	Ex.: art. 123 (Infanticídio) – detenção de 2 a 6 anos. Art. 168 (apropriação indébita) – reclusão de 1 a 4 anos e multa.
II – QUANTIDADE DA PENA
Observando as margens da lei penal (mín. e máx. da pena cominada; mín. de 10 e máx. de 360 dias-multa), o magistrado fixará o quantum da pena a ser aplicada.
	Ex.: art. 171 (estelionato) – reclusão de 1 a 5 anos.
O mesmo raciocínio aplica-se ao crime qualificado. 
	Ex.: lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2ºCP) – reclusão de 2 a 8 anos. Na lesão corporal simples (art. 129) a pena é de detenção de 3 meses a 1 ano.
III – REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA
Na pena privativa de liberdade, deve-se determinar o regime inicial de sua execução (fechado, semi-aberto ou aberto), com base no sistema progressista, observando o disposto no art. 33, §§ 2º e 3º CP.
	a) pena superior a 8 anos - regime inicial fechado;
	b) condenado não reincidente, a pena superior a 4 anos e não superior a 8 - regime inicial semi-aberto;
	c) condenado não reincidente, a pena igual ou inferior a 4 anos – regime inicial aberto.
IV - SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Art. 44 CP. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
SISTEMA BIFÁSICO
CP 1940, em seu texto original (Roberto Lyra). 
Prevê 2 etapas a serem obedecidas pelo juiz:
1ª) fixação da pena base, através das circunstâncias judiciais e das agravantes e atenuantes;
2ª) Apreciação das causas de aumento e diminuição.
SISTEMA TRIFÁSICO
Adotado com a reforma de 1984 (Nélson Hungria). Baseia-se em 3 fases de fixação da pena:
1ª) Circunstâncias judiciais (art. 59); 
2ª) Circunstâncias agravantes e atenuantes; 
3ª) Causas de aumento e de diminuição.
APLICAÇÃO DO SISTEMA TRIFÁSICO (Art. 68 CP)
primeira fase: análise das circunstâncias judiciais
circunstâncias constantes do art. 59 do CP.
Ao final da primeira fase é fixada a pena-base.
segunda fase: análise das circunstâncias legais
circunstâncias agravantes ou atenuantes previstas nos arts. 61 e segs. do CP
ao final fixa-se a pena provisória
terceira fase: análise das causas de aumento ou diminuição de pena.
encontradas na parte geral e parte especial
São expressas por frações 
A pena resultante deste processo será a pena final
1ª FASE – CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
Análise, criteriosa, de cada uma das oito circunstâncias judiciais do art. 59.
Individualiza a pena para cada réu e para cada infração penal praticada.
Sentença sem fundamento para valoração das circunstâncias judiciais ou que não indica os elementos dos autos que formaram o convencimento do Juiz quanto a essa valoração padece de nulidade.
Não podem ser valoradas negativamente quando integrarem:
Elementar do tipo penal
Circunstância agravante
Causa especial de aumento de pena
Acréscimo de um quantum ao mínimo cominado no tipo penal, sem extrapolar, jamais, a pena máxima in abstrato
Valor quântico para cada circunstância:
Não há disposição legal
Jurisprudência: Há entendimento que orienta 1/6, há quem defenda 1/8 da pena mínima in abstrato
CRITÉRIO DE CÁLCULO MATEMÁTICO
Carla Bacila Sade – defende a adoção do critério matemático considerando apenas as circunstâncias judiciais constitucionalmente válidas.
Salo de Carvalho – entende que constitui um sistema de prova tarifada, típico de sistemas processuais inquisitórios. Defende que não há impedimento à fixação da pena base no mínimo legal.
FORMAS QUALIFICADAS E PRIVILEGIADAS
São levadas em consideração na 1ª fase, visto que estipulam uma nova pena-base, com patamares mínimo e máximo.
O Problema da Terminologia: Qualificadoras x Agravantes x Causas de Aumento
Pluralidade de Qualificadoras: 
Apenas uma circunstância qualifica o delito, as demais serão consideradas como Agravantes, se couber, ou como Circunstâncias Judiciais (Operação Migratória).
Ex.: Homicídio praticado com emprego de tortura (qualificadora), por motivo torpe (agravante) e mediante emboscada (circunstância judicial, v.g. culpabilidade)
As circunstâncias judiciais do art. 59 CP são objeto de arbítrio exclusivo do juiz e compreendem os elementos do agente (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade e motivos), do fato (circunstâncias e consequências do crime) e da vítima (comportamento da vítima).
DEVER DE VALORAÇÃO DE TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS
Rogério Greco ressalta que: 
 “cada uma dessas circunstâncias judiciais deve ser analisada e valorada individualmente, não podendo o juiz simplesmente referir-se a elas de forma genérica, sob pena de macular o ato decisório, uma vez que tanto o réu como o MP devem entender os motivos pelos quais o juiz fixou a pena-base naquela determinada quantidade.”
DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO
Vide jurisprudência do STF:
 “Não responde à exigência de fundamentação de individualização da pena-base e da determinação do regime inicial de execução de pena a simples menção aos critérios enumerados em abstrato pelo art. 59 CP, quando a sentença não permite identificar os dados objetivos e subjetivos a que eles se adequariam, no fato concreto, em desfavor do condenado” (STF – HC 68.751 – Rel. Sepúlveda Pertence). 
FIXAÇÃO DO PONTO DE PARTIDA
A fixação do ponto de partida para a pena base é amparada por duas correntes:
A) Critério Tradicional: fundado em lógica matemática, propõe um ponto médio entre o mínimo e o máximo da pena cominada. Viola o Princípio da Culpabilidade;
B) Critério Moderno: fundado em razões humanitárias, propõe a partir da pena mínima (Cirino dos Santos). 
A regra seria a aplicação do mínimo legal, e a exceção admitiria a aplicação de pena-base superior, em casos de desvalor adicional do fato. 
61% das sentenças aplicam pena-base superior ao mínimo legal.
2ª FASE – CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS AGRAVANTES E ATENUANTES
Circunstâncias agravantes - arts. 61 e 62 do CP
Não majora a pena acima do máximo legal
Circunstâncias atenuantes - art. 65 e 66 do CP
- Não reduz a pena abaixo do mínimo legal
Valor quântico para cada circunstância:
Não há disposição legal, somente entendimento jurisprudencial 
Ao final tem-se a fixação da pena provisória.
CARACTERÍSTICAS
As circunstâncias agravantes e atenuantes possuem 2 características fundamentais: 
1 - são genéricas, pois aplicáveis a todos os fatos puníveis; 
2 – são obrigatórias, porque devem agravar ou atenuar a pena se verificadas concretamente.
VALOR DAS CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS
Ausência de determinação legal
É determinado exclusivamente pelo arbítrio do juiz. No entanto, depende de fundamentação concreta, como toda a decisão judicial (art. 93, IX CF). 
A jurisprudência tem entendimentos díspares: 
1ª corrente: 1/6 da pena mínima in abstrato
2ª corrente: 1/5 da pena mínima in abstrato
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES NO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirigea atividade dos demais agentes; 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES NÃO EXPRESSAS
As circunstâncias atenuantes não expressas constituem outras características relevantes do fato, anteriores ou posteriores ao crime, não previstas legalmente, mas capazes de influir no juízo de reprovação do autor pela realização do tipo de injusto (art. 66 CP). 
Para o prof. Juarez Cirino: 
“Crimes realizados em condições sociais adversas (autores marginalizados do mercado de trabalho e do processo de consumo), insuficientes para configurar a situação de exculpação de conflito de deveres, podem caracterizar a circunstância atenuante inominada do art. 66, como hipótese de coculpabilidade da sociedade organizada no poder do Estado, pena sonegação de iguais oportunidades sociais”.
No mesmo sentido, Nilo Batista disserta sobre o princípio da co-culpabilidade, : 
“Trata-se de considerar, no juízo de reprovabilidade que é a essencial da culpabilidade, a concreta experiência social dos réus, as oportunidades que se lhes depararam e assistência que se lhes foi ministrada, correlacionando sua própria responsabilidade a uma responsabilidade geral do Estado que vai impor-lhes a pena, em certa medida, a co-culpabilidade faz sentar no banco dos réus, ao lado dos mesmos réus, a sociedade que os produziu. “
CONCURSO DE CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS
Se as circunstâncias legais agravantes e atenuantes são de igual natureza objetiva ou de igual natureza subjetiva, existe compensação recíproca.
Se as circunstâncias legais agravantes e atenuantes são de natureza desigual, preponderam as circunstâncias subjetivas (motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência) sobre as objetivas (tempo, lugar, consequências do crime, etc) (art. 67 CP).
Na hipótese de concurso de circunstâncias qualificadoras, igualmente definidas como circunstâncias agravantes (ex.: homicídio qualificado, art. 121, § 2º I-IV CP), apenas uma das circunstâncias é considerada para qualificar o crime, enquanto as demais funcionam como circunstâncias agravantes genéricas.
Um mesma circunstância não pode ser aferida duas vezes, sob pena de violação do princípio ne bis in idem.
	Ex.: no caso de homicídio privilegiado (causa especial de diminuição de pena, art. 121 § 1º CP), impelido o agente por motivo de relevante valor social ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, não é possível o reconhecimento das circunstâncias atenuantes descritas no art. 65, III a e c.
Ou seja, é possível:
1 – a compensação de agravantes e atenuantes
2 – Preponderância de uma circunstância legal sobre outra
3 - Incidência de mais de uma agravante ou atenuante
LIMITES DE AGRAVAÇÃO E ATENUAÇÃO
A dogmática e a jurisprudência dominantes entendem que as circunstâncias legais, agravantes ou atenuantes, não podem exceder os limites máximo e mínimo da pena cominada ao tipo legal.
Juarez Cirino propõe uma revisão de tal entendimento. Para o autor, o limite máximo da agravação é incontroverso: o princípio da legalidade proíbe que as circunstâncias agravantes excedam o limite máximo previsto no tipo.
Quanto ao limite de atenuação, há controvérsia. A corrente dominante entende que não pode reduzir a pena aquém do mínimo. 
Vide a Súmula 231 STJ: “a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir a pena abaixo do mínimo legal”.
Cirino defende posição contrária à súmula por 2 razões:
1 – não existe nenhuma proibição legal para atenuar a pena abaixo do mínimo legal, pois o princípio da legalidade garante a liberdade do indivíduo contra o poder punitivo do Estado, e não o contrário.
2 – a proibição de redução de pena abaixo do mínimo constitui analogia in malam partem, fundada na proibição de circunstâncias agravantes excederem o limite máximo da pena cominada.
Rogério Greco afirma que o entendimento da Súmula 231 STJ configura interpretação contra legem, visto que o art. 65 CP afirma, categoricamente, que são circunstâncias que sempre atenuam a pena.
Para o autor, além de inviabilizar um direito do sentenciado, essa interpretação faz com que, na prática, o juiz tente aumentar a sua aplicação de pena-base para um pouco superior ao mínimo, o que fere ainda mais a mens legis.
REINCIDÊNCIA
Reincidência Ficta – o trânsito em julgado de condenação anterior significa “presunção de periculosidade”
Reincidência Real – novo crime (a experiência concreta do cárcere tem efeito criminógeno)
Obs. Para efeitos de reincidência, são considerados os crimes militares próprios e os crimes políticos. 
EFEITOS DA REINCIDÊNCIA
Agravante (art. 61, I)
Determina regime inicial fechado (art. 33, §2º b)
Determina regime inicial semi-aberto em hipóteses de regime semi-aberto (art. 33, §2º, c)
Exclui a suspensão condicional da pena
Impede a substituição por pena restritiva de direitos
Amplia os prazos do livramento (art. 83) e da prescrição da pretensão executória (art. 110) 
Interrompe o prazo de prescrição (art. 117, VI)
Revogação da reabilitação 
Exclui o furto privilegiado (art. 155, §2º)
Exclui a transação penal e a suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95)
3ª FASE – CAUSAS DE AUMENTO OU DIMINUIÇÃO
Encontrarem-se dispersas no Código.
parte geral – Ex.: tentativa, concurso formal, crime continuado
parte especial – Ex.: art. 157 §2º, art. 155 §1º § 2º
São facilmente identificáveis
sempre expressas por uma fração (aumenta-se da metade, diminui-se de um a dois terços, etc).
Pena pode ultrapassar os limites mínimos e máximos
Também chamadas de Majorantes ou Minorantes.
As causas de aumento e de diminuição não incidem sobre a pena-base (calculada na 1ª fase), mas sim sobre a pena provisória (calculada na 2ª fase, após incidência das circunstâncias agravantes e atenuantes). Após, chega-se à pena definitiva.
ORDEM DE APLICAÇÃO		
Primeiramente são aplicadas as causas de aumento de pena e, em seguida, as causas de diminuição de pena.
A minorante da tentativa, por expressa disposição do parágrafo único do artigo 14, do CP, deve ser a última aplicada, para se encontrar “a pena correspondente ao crime consumado). 
Igualmente, as majorantes do concurso formal e do crime continuado só podem ser aplicadas ao final da dosimetria de todos os crimes, para se saber qual “a mais grave das penas cabíveis” ou se são iguais.
Podem ser genéricas ou especiais.
Genéricas: situadas na Parte Geral do CP, aumentam e diminuem as penas em proporções fixas (1/2, 1/3, 1/6, 2/3, etc).
	Ex.: arts. 14 II (tentativa); 16 (arrependimento posterior); 21 (erro sobre a ilicitude do fato), 28, § 2º (embriaguez); 29, § 1º (participação de menor importância) e 2º (cooperação dolosamente distinta), 71 (crime continuado).
Especiais: situadas na Parte Especial do CP.
	Ex.: arts. 121 § 1º (homicídio privilegiado) e 4º (aumento de pena no homicídio), 129, § 4º (lesão corporal), 155, § 1º (furto); 157, § 2º (roubo).
VALOR QUÂNTICO DAS CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO
Critériospara definição do valor quântico das majorantes ou minorantes:
Quantidade de infrações
Desvalor da conduta
Intensidade da Majorante ou Minorante
Ex.: FIXAÇÃO DE PENA NO CONCURSO FORMAL PERFEITO
 O juiz deve determinar a variação desse aumento (1/6 a ½) conforme o número de infrações penais. Quanto mais infrações penais forem geradas com a conduta, mais próximo de metade. Quanto menos infrações penais foram geradas com a conduta, mais próximo de 1/6. É a posição do STF. 
CONCURSO DE CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO
No concurso de causas de aumento e de diminuição na Parte Especial do CP, o juiz pode limitar-se a um só aumento ou diminuição, prevalecendo a que mais aumente ou mais diminua (art. 68 § único CP). (Boschi diverge)
	Ex.: no caso de incêndio cometido com o intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio (art. 250, § 1º, I CP), praticado em casa habitada (art. 250, § 1º, II, a, CP), o juiz aplicará apenas uma causa de aumento de pena, acrescendo a pena em 1/3.
LIMITE DAS PENAS
De acordo com o caput do artigo 75, do CP:
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.
É possível, portanto, a CONDENAÇÃO do acusado a uma pena superior a 30 anos, visto que a limitação só diz respeito ao tempo de efetivo cumprimento de pena.
O §1o, do mesmo artigo, determina que:
§ 1º. Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
Unificar as penas equivale a somá-las e, após, extrair do todo o excedente a trinta anos. Somente este será o tempo a ser cumprido pelo condenado.
 Entretanto, a pena em sua totalidade é que será utilizada para o cálculo dos benefícios:
Súmula 715 STJ - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
TRAJETÓRIA DA FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Para fixar a pena privativa de liberdade o juiz deverá percorrer as seguintes etapas:
	a) Determinar a espécie de pena aplicável, se houver alternatividade, atendendo às circunstâncias do art. 59 caput CP.
b) Fixar a quantidade de pena aplicada obedecendo os limites mínimo e máximo, art. 59 II. 
Segundo o sistema trifásico, o juiz deve:
1º - determinar a pena-base com fulcro nas circunstâncias judiciais previstas no art. 59 CP.
2º - considerar as circunstâncias agravantes (arts. 61 e 62 CP) e atenuantes (arts. 65 e 66 CP). Incidem sobre a pena-base.
3º - considerar as causas de aumento (Arts. 60, § 1º; 70; 71; 73; 74) e de diminuição (Arts. 14, § único; 16; 24, § 2º; 26, § único; 28, § 2º), gerais e especiais. Incidem sobre a pena provisória, e não sobre a pena-base.
Ex.: no crime de roubo (art. 157 CP), para o qual é prevista pena de reclusão de 4 a 10 anos (além da multa), estabelece o magistrado pena de 5 anos, p.e., observado o disposto no art. 59 CP. Posteriormente incide sobre a pena uma circunstância atenuante prevista no art. 65 II, d, e por fim, aumenta a pena provisória em 1/3 (art. 157, § 2º, I, CP), obtendo a pena definitiva.
c) Determinar o regime inicial de cumprimento de pena (com base no art. 33 CP).
d) Examinar se é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos (se preenchidos os requisitos do art. 44, II e III CP).
FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA
O CP adota o sistema de dias-multa. Cada multa equivalerá a certo valor pecuniário variável de acordo com a condição econômica do apenado. A fixação da pena de multa segue 2 fases:
	1ª fase – o juiz estabelece um nº determinado de dias-multa, segundo a culpabilidade do autor (art. 59 CP). Esse nº será no mínimo 10 e no máximo 360 dias-multa (art. 49 CP).
	2ª fase – o juiz arbitra o dia-multa em uma quantidade concreta de dinheiro, segundo a condição econômica do réu (art. 60). O valor do dia-multa não poderá ser inferior a 1/30 do salário mínimo vigente, nem superior a 5 vezes esse salário (art. 49, § 1º).
	Multiplica-se então o nº de dias-multa pelo valor calculado como taxa diária, obtendo o total da pena de multa que deverá ser pago pelo condenado.
	Se o juiz considerar que em razão da condição econômica do réu a multa é ineficaz, poderá aumentá-la até o triplo (art. 60, § 1º). 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA DOSIMETRIA PENAL
APELAÇÃO. HOMICIDIO SIMPLES TENTADO. SENTENÇA CONDENATORIA. REFORMADA DOSIMETRIA DA PENA.
1. APLICAÇÃO DA PENA-BASE NO MINIMO LEGAL. INOCORRENCIA. PRESENÇA DE CIRCUNSTANCIAS DESFAVORAVEIS.
2. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO. INAPLICABILIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. CONFISSÃO QUALIFICADA. Apelante não admitiu sua autoria na pratica do crime de homicídio na sua forma tentada, apenas admitiu sua autoria de mera lesão corporal estando imbuído do animus necandi.
3. AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DO MOTIVO TORPE. IMPOSSIBILIDADE. O conjunto probatório existente nos autos evidencia que o ciúme foi à razão direta que impeliu o agente ao cometimento do ilícito penal, restou configurada a circunstância agravante ante a torpeza do ciúme.
4. FIXAÇÃO DO QUANTUM 2/3 A TITULO DA TENTATIVA. NÃO ACOLHIMENTO. A REDUÇÃO DA PENA CONTIDA NA SENTENÇA GUARDA COMPATIBILIDADE COM O ITER CRIMINIS PERCORRIDO. CONDENAÇÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

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