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Resumo Comercial (1)

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Resumo de Direito Comercial – 2 º bimestre / 1º Semestre 2017
DAS PESSOAS E DOS BENS DO FALIDO
O falido perde a administração dos seus bens a partir da sentença que decreta a falência. Trata-se de uma decorrência lógica de seu status de falido e não de uma punição (Art. 102 LF).
O falido não deixa de ser proprietário até o momento da liquidação de seus bens, razão pela qual será lícito ao falido, realizar a fiscalização no trato com seu patrimônio, inclusive requerendo medidas protetivas.
O falido poderá realizar livremente os demais direitos de personalidade, ou seja, adotar, casar, registrar filho em seu nome e etc...
O falido não poderá se ausentar do local onde se processa a falência sem autorização judicial e, quando o fizer, deverá constituir procurador com poderes para representa-lo no processo.
Serão mitigados os direitos constitutivos de: Sigilo da correspondência e livre exercício da profissão.
Os bens do falido serão arrecadados.
Em se tratando de responsabilidade LTDA, os patrimônios dos sócios não serão invadidos, salvo se não estiver totalmente integralizado, neste caso, o AJ deve propor ação de integralização.
Nas sociedades de Responsabilidade Ilimitada (sócios da N/C e sócios comanditados), o patrimônio dos sócios será totalmente arrecadado, independente de integralização.
OBS- Lembre-se que nas sociedades de responsabilidade ilimitada, vigora a regra da responsabilidade subsidiária, ou seja, primeiro são executados os bens do falido e somente se necessário, serão executados os bens particulares dos sócios.
OBS- lembre-se que na fase nº02, isto é, cobrança entre os sócios, vigora a regra da solidariedade.
OBS- Não podem ser arrecadados os bens impenhoráveis previstos no Art. 833 CPC, dentre os quais se destaca o bem de família e o salário. 
O limite imposto ao AJ se dá até o limite da dignidade da pessoa humana, ou seja, uma casa ou um salário que ultrapasse a necessidade comum correspondente a um médio padrão de vida, poderá ser em parte penhorado. 
CONSTRIÇÃO DE BENS DE TERCEIRO
Pedido de restituição – Art. 85 LF
Trata-se de instituto jurídico utilizado por terceiro que teve seus bens constritos em juízo falimentar e que estão em poder do falido na data da SDF.
Estará caracterizado quando houver relação jurídica entre o falido e o terceiro. Ex: bens alugados de terceiro pelo falido.
OBS- Nos casos de venda a crédito nos 15 dias anteriores ao pedido de falência, caberá pedido de restituição, se ainda não alienados. 
Essa norma visa coibir o ato desleal do falido que ciente do pedido eminente de falência, realiza aquisições pelas quais não poderá pagar.
Caso o bem alienado tenha se perdido, deverá haver a restituição em dinheiro. Neste caso há caracterização de crédito extraconcursal (preferência sobre os demais). Ex: vinhos que já foram consumidos. 
OBS- O pedido de restituição somente poderá ser utilizado até a liquidação do ativo, pois após este prazo, o credor deverá habilitar-se e concorrer com os demais credores.
OBS- As instituições financeiras podem fazer pedido de restituição dos bens alienados fiduciariamente em garantia. 
Embargos de terceiro – Art. 93 LF
Trata-se de ação de conhecimento pela qual o possuidor ou o proprietário visa livrar de constrição judicial injusta, bens que foram aprendidos em processo do qual não é parte.
Estará caracterizada pela inexistência de relação jurídica do falido com terceiro. Ex: penhora de bens de cônjuge, casado pelo regime da separação convencional de bens.
DO REGIME JURÍDICO DOS ATOS E CONTRATOS DO FALIDO
Para proteger os credores a LF propõe a ineficácia de determinados atos ou contratos praticados pelo falido antes da falência. Mencionados atos ou contratos são ineficazes e não inválidos (nulos ou anuláveis).
 ESCADA PONTEANA 
 EFICÁCIA
 
 - Condição
 VALIDADE (art. 104 CC) - Encargo
 - Termo
 - Partes legítimas e capazes
 - Objeto lícito, possível, determinado
 ou determinável
 - Consentimento livre
 EXISTÊNCIA - Forma prescrita ou não defesa em lei
 - Partes
 - Objeto
 - Consentimento
 - Forma
A lei de falência defere aos credores a possibilidade da declaração de ineficácia dos atos do falido, quais sejam:
Ato ineficaz objetivo – Art. 129 LF 
Juiz realiza aferição meramente objetiva. Está relacionado a negócio jurídico celebrado dentro do termo legal da falência (período suspeito).
OBS- Neste caso a declaração de ineficácia pode ser deferida de ofício pelo Juiz, alegada em matéria de defesa, por meio de incidente no processo falimentar ou por meio de ação autônoma.
Ato ineficaz subjetivo – Art. 130 LF
Difícil comprovação, uma vez que está relacionado a um ato subjetivo. Não importa a época em que foi realizado.
Os credores terão que comprovar conluio fraudulento e prejuízo à massa falida.
OBS- Mencionado ato deverá ser comprovado em ação de conhecimento de rito ordinário. São legitimados ativos: Qualquer credor, o AJ e o MP. São legitimados passivos: Todos aqueles que participaram do ato questionado, inclusive seus sucessores. 
O juízo falimentar é o competente para conhecer da ação.
OBS- A lei de falência denomina ato ineficaz subjetivo de ato revogável, contudo, mencionada denominação não está alinhada com a melhor técnica jurídica, já que o ato revogável está ligado à invalidade e não à ineficácia.
OBS- Prazo para propositura da ação é decadencial de três anos, contados da decretação da falência.
Exemplo – Exceção do termo legal da falência.
José – EI, vendeu sítio a Antônio em Agosto de 2011.
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 VENDEU PRENOTOU/PROTOCOLOU SDF REGISTRO
 AGOSTO/2011 18/10/2011 20/10/2011 05/11/2011
O negócio jurídico é válido? Sim, pois foi prenotado antes da SDF. (Ineficácia Objetiva, Art. 129, VII da LF).
“Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
VII - os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.”
Como os credores podem tornar ineficaz este ato/contrato praticado pelo falido? Mediante comprovação de conluio fraudulento + prejuízo da massa falida. (IneficáciaSubjetiva, Art. 130 da LF).
OBS- Da sentença que decreta a revogação do ato ineficaz subjetivo, cabe recurso de Apelação.
DOS EFEITOS DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA NOS CONTRATOS DO FALIDO
Com a SDF, deverão ser rescindidos os contratos celebrados pelo falido?
R: No direito civil os contratos bilaterais serão considerados cumpridos, quando ambas as partes cumprirem as obrigações assumidas. No direito falimentar, contudo, o conceito de contrato bilateral é um pouco diferente, isto é, considerar-se-á cumprido, quando apenas uma das partes levar a cabo, sua obrigação.
Ex: No contrato de compra e venda em que o vendedor entrega bens ao falido e este último não efetua o pagamento, ter-se-á que manter hígido o contrato celebrado entre ambos (contrato bilateral).
Já os contratos unilaterais (apenas uma parte assume obrigação – doação pura e simples) deverão ser cumpridos quando a parte que deveria realiza-lo, o faz.
OBS- Se no contrato estiver previsto resolução (rescisão por inadimplemento contratual) em casos de falência, o AJ deverá cumpri-lo. O interessado deverá interpelar o AJ 90 dias após a assinatura do termo de compromisso, acerca do cumprimento ou não do contrato questionado. O AJ decide em 10 dias.
OBS- Os contratos celebrados em moeda estrangeira são convertidos em moeda nacional, na data da decretação da SDF.
OBSimportante- Os prazos prescricionais (lapso de tempo após o qual perde-se o direito da ação) de terceiro perante a massa falida, se suspendem entre a SDF e o trânsito em julgado da SEF.
Não se suspendem os prazos prescricionais de que o falido é credor e não se suspendem os prazos decadenciais (lapso de tempo após o qual perde-se o direito material) dos quais o falido seja credor ou devedor.
DOS EFEITOS DOS CONTRATOS
A SDF não produz necessariamente a rescisão dos contratos do falido, uma vez que devem ser observados os melhores interesses dos credores.
Contratos unilaterais favoráveis ao falido: mantido e cumprido, porém, a prestação será quitada nas mãos do AJ e não do falido.
Contratos unilaterais desfavoráveis ao falido – Art. 118 LF: O AJ cumprirá o contrato se for favorável a massa falida.
Caso o AJ se omita, o contratante deverá interpela-lo dentro do prazo de 90 dias da assinatura do termo de compromisso do AJ. Este deverá decidir dentro de 10 dias.
Em caso de negativa, somente restará ao contratante propor ação ordinária contra a massa falida e, sendo procedente a decisão, o montante apurado deverá fazer parte da lista de créditos quirografários. 
Caso o falido seja sócio de outra empresa, os haveres apurados serão direcionados à massa falida para futuro pagamento de credores? 
R: Sim, na forma do que dispõe o estatuto social como regra. Art. 123 LF: “Qualquer outra forma de liquidação do ativo pode ser autorizada por credores que representem dois terços dos créditos”.
DO REGIME JURÍDICO DOS CREDORES DO FALIDO
Os credores que aqui se tratam são empresários e não empresários, estes podem se fazer representar por si ou por procuradores. 
Os credores têm direitos:
Intervirem como assistentes em qualquer ação em que a massa falida for parte ou interessada;
Fiscalizar a administração da massa falida;
Independentemente de autorização judicial, examinar livros e documentos;
Requerer o que for de interesse dos credores.
Há que se falar ainda sobre os efeitos da SDF sobre os credores:
Formação da massa falida subjetiva;
Provoca o vencimento antecipado dos créditos, Art. 77 LF;
Provoca suspensão das ações individuais contra o falido, Art. 6º LF;
Suspensão da fluência de juros, Art. 124 LF.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Trata-se de inovação da nova lei de falência para substituir a concordata;
A concordata somente admitia perdão de juros e parcelamento da dívida, objeto de ação de falência;
A concordata poderia ser preventiva ou suspensiva, a primeira antes da propositura da ação de falência e a segunda, durante o curso da mesma;
Em tese, a concordata tinha a missão de recuperar uma empresa viável economicamente, contudo, a prática demonstrou que na verdade, a concordata era uma etapa que precedia a ação de falência;
Com a instituição da concordata, o juiz designava o síndico, a fim de auxiliar no desenvolvimento da concordata;
Contudo, a figura do síndico em nada auxiliava, uma vez que faltava vocação do mesmo, pois normalmente era designado para tal, o maior credor;
A concordata era somente judicial e não era necessária anuência dos credores;
A fim de corrigir determinadas impropriedades e colocar os credores no centro do processo, a nova lei de falência traz as seguintes características principais:
Não há R.J no curso da ação de falência;
O síndico foi substituído pelo AJ, sendo certo que este último será escolhido com base em critério técnico (economistas, contadores, advogados, administrador de empresas ou pessoas jurídicas especializadas e administração judicial);
É necessária anuência dos credores;
A RJ admite toda e qualquer forma de negociação com os credores (dação em pagamento, compensação, transação, venda de parte da empresa, mudança dos gestores, etc...) e não apenas abatimento nos juros e moratória no valor principal.
DA ANÁLISE DAS SITUAÇÕES DE CRISE ECONÔMICA DO EMPRESÁRIO
Crise de grau leve em que o próprio empresário tem habilidade para solucionar. 
- Não cabe RJ ou falência
Crise de grau alto em que o empresário não tem habilidade para solucionar, mas a empresa é viável
- Caberá RJ
Crise de grau auto em que o empresário não tem habilidade para solucionar, e a empresa é inviável
- Caberá Falência
O que é crise? É o intervalo de tempo em que o modelo adotado não é mais capaz de produzir os efeitos pretendidos e, ainda não há o surgimento de um novo modelo capaz de alterar a atual situação. 
Foro Competente – Art. 3º LF: É o local do principal estabelecimento do devedor, ou seja, local do maior volume de negócios.
Legitimidade passiva – empresário (EI, EIRELI, SE)
Não podem sofrer: Art. 2o Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
DOS TIPOS DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
Recuperação geral Recuperação Judicial
 Recuperação Extrajudicial
Recuperação especial – ME/EPP
OBS- Na recuperação extrajudicial, o acordo entre os credores é feito longe dos pretórios (foro, tribunal) e, após o acordo final, o mesmo será levado para homologação perante o juízo competente.
OBS- Os empresários optantes do sistema ME e EPP poderão escolher entre a recuperação geral e aquela especial.
DOS REQUISITOS LEGAIS – Art. 48 LF
Empresário regular por no mínimo 2 anos;
Não ter sido beneficiado com a concessão de RJ nos últimos 5 anos;
 Não ser falido e se o for, que estejam declaradas extintas as responsabilidades por sentença transitada em julgado;
Não ter sido condenado como administrador ou sócio controlador por crime falimentar.
Legitimidade ativa: O próprio devedor empresário, cônjuge sobrevivente, herdeiro ou inventariante e o sócio remanescente.
OBS- A ação de RJ poderá ter início a partir de uma ação de falência em que o devedor empresário em sede de contestação requer a RJ.
OBS- a convolação da recuperação judicial em falência consiste na rejeição da primeira para o estado de falência.
DOS PRINCÍPIOS
Função social da empresa (prevalência do nós sobre o eu)
A RJ tem a função de promover o reerguimento da empresa em dificuldade econômica, mas que seja viável, promovendo a continuação da circulação de riquezas, manutenção de postos de trabalho e pagamentos de tributos. 
Princípio da superação do dualismo pendular.
O juiz deve proteger ora credor, ora devedor. O devedor, com o deferimento da RJ, faz com que, seus credores tenham que se sentar para negociar seus créditos. Contudo,se esse direito for exageradamente utilizado, os credores sofrem enormes perdas financeiras. Em contrapartida, os credores deverão atuar com bom senso a fim de que se atinja o objetivo de recuperar a empresa.
Distribuição adequada dos ônus
Credores e devedor devem suportar determinados ônus em prol do sucesso da RJ. Os credores suportarão a suspensão das ações impostas pelo despacho deferitório, bem como suportar o plano de recuperação. Já o devedor deverá atuar com coerência na elaboração do plano, bem como atuar com lealdade.
RITO PROCESSUAL
 homologação 
 
PI da RJ Despacho deferitório 60 dias Apresentação do plano 30 dias Objeção do plano Assembleia de credores 2 anos
 pelos credores
 
* art. 51 LF * PI ok * não apresentado o plano, * sem objeção aprova o plano * reprovado plano = falência * período 
 * deferimento da ação da RJ a consequência é a falência * com objeção, obrigatória * aprovado plano = prazo de crítico, com
 obs: se for indeferido, a assembleia de credores 2 anos simples PI, juiz 
 consequência é a falência. decreta a falência
 
OBS- A doutrina questiona se o juízo falimentar tem a opção de homologar ou não, o plano aprovado em assembleia. A doutrina majoritária diz que “o juiz está obrigado a homologar o plano que foi aprovado em assembleia geral de credores (AGC) ou que não tenha sofrido objeções”. A doutrina minoritária, incluindo o professor Breno, entende que “o juiz deverá obstar abusos de direito que prejudiquem eventualmente o devedor ou algum credor” (vide caso GIOTOKO).
Somente o empresário regular pode requerer “RJ”. ART 51, IV 5, LF. 
Somente a empresa viável poderá requerer RJ. Será considerada viável aquela que preencha todos os requisitos do ART 51, da LF. 
Portanto, a viabilidade não é aferida abstratamente, mas objetivamente. 
Caso um empresário seja inicialmente viável e em um segundo momento vier a se tornar inviável terá havido circunstancia apta a aplicação do instituto da convolação da RJ em falência. 
Pode ocorrer de que o empresário seja desde o início inviável a RJ. Neste caso dever-se à aplicar a norma mais favorável do direito falimentar decretando a morte do empresário (Dissolução total). Deste modo abrevia-se o sofrimento ao empresário falido (Empregados, credores e o fisco), e faz com que a sociedade em geral deixe de suportar o ônus de manter um empresário que não cumpre com a função social da empresa. 
OBS: (RJ ESPECIAL): No plano de RJ especial o empresário não tem a opção de negociar com os credores, tal qual sugere o ART. 50 da LF. Restará apenas o parcelamento das dívidas em até 36x parcelas mensais iguais e sucessivas sendo que a primeira parcela será paga em 180 dias contados da distribuição do pedido de RJ (Vide ART. 70 e ss. da LF). 
O empresário ME e EPP pode optar por requerer a recuperação geral (Judicial e Extrajudicial). Neste último caso o empresário ME e EPP terá ampla possibilidade de negociação com seus credores, na forma do que sugere o ART. 50º da LF. 
Importante destacar que no plano de Recuperação especial caso algum credor apresente objeção, não será realizada assembleia geral de credores, ou seja, se o plano prever pagamento parcelo em até 36x, com abatimento de juros, o juiz deverá decretar a falência no caso de objeções de algum dos credores. ART. 72, parágrafo único LF. 
OBS: Na recuperação Geral, credor e devedor podem livremente debater e negociar os termos do plano de RJ, conforme exemplifica o ART. 50º da LF (Números apertos). Exemplo: Cisão, incorporação, fusão, transformação, aumento de capital, trespasse, dação em pagamento e etc. 
OBS: A aprovação do plano constitui em novação das obrigações do devedor empresário. A novação do direito civil não se encaixa perfeitamente a novação do direito falimentar. Com a aprovação do plano, apesar de ter havido mencionada novação, o descumprimento do mesmo faz com que as obrigações anteriores á novação sejam revigoradas e exigíveis. 
Lei nº 11.101 de 09 de Fevereiro de 2005
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:
I - concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
II - cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
III - alteração do controle societário;
IV - substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
V - concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;
VI - aumento de capital social;
VII - trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;
VIII - redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
IX - dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;
X - constituição de sociedade de credores;
XI - venda parcial dos bens;
XII - equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII - usufruto da empresa;
XIV - administração compartilhada;
XV - emissão de valores mobiliários;
XVI - constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.
§ 2o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial.
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:
I - a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira;
II - as demonstrações contábeisrelativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
III - a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;
IV - a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;
V - certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;
VI - a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor;
VII - os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;
VIII - certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;
IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.
§ 1o Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado.
§ 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica.
§ 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes.
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.
Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1o desta Lei e que se incluam nos conceitos de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da legislação vigente, sujeitam-se às normas deste Capítulo.
§ 1o As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta Lei.
§ 2o Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos habilitados na recuperação judicial.
Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será convocada assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei.
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do art. 55 desta Lei, de credores titulares de mais da metade dos créditos descritos no inciso I do caput do art. 71 desta Lei.

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