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Salassier Bernardo Manual de Irrigação 2 / 17 CAPÍTULO 6 SISTEMATIZAÇÃO DE TERRENO PARA IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE CONSIDERAÇÕES GERAIS A irrigação por superfície exige terreno sobre o qual a água possa fluir sem causar erosão. Antes de iniciar a sistematização de um terreno, deve-se examiná-lo para ver se ele tem condições de ser irrigado por este método. Existem várias condições que, provavelmente tornam um terreno impróprio e antieconômico para a irrigação por superfície, sendo as principais: SOLO EXCESSIVAMENTE PERMEÁVEL Solos arenosos ou solos muito ricos em matéria orgânica são caracterizados por alta velocidade de infiltração. Em geral, os solos absorvem água rapidamente no início da infiltração, e depois mais devagar e com velocidade quase constante. Se a velocidade de infiltração final for igual ou maior do que 4 cm/h, ou menor em alguns casos, pode-se dizer que este solo é impróprio para irrigação por superfície, mas ideal para irrigação por aspersão. SOLO RASO OU POUCO PROFUNDO O solo raso, talvez possa ser arado e irrigado em condições naturais, mas não é bastante profundo para permitir uma sistematização, principalmente, quando a profundidade do «corte» exceder a profundidade do solo, causando a exposição do subsolo. Em alguns casos, esta exposição não é problema sério, necessitando apenas, para a sua correção, de adubação (com parte em forma de matéria orgânica). TOPOGRAFIA ACIDENTADA Quanto mais acidentada for a topografia do terreno, maior será o volume de terra, a ser movimentado e mais cara ficará a sistematização do terreno. Em geral, pode-se dizer que os trabalhos de sistematização, que requerem movimentação de mais de 1000 m3 por hectare, tornam a sistematização muito cara, economicamente imprópria em uma empresa Salassier Bernardo Manual de Irrigação 3 / 17 agrícola. DECLIVIDADE DO TERRENO A limitação da declividade é necessária para o próprio controle da irrigação. Em terrenos com declividade acentuada, em geral, a água tende a movimentar-se na direção da declividade, causando erosão. Também, à medida que a declividade aumenta, torna-se mais difícil umedecer o solo sem perda excessiva d'água. As limitações da declividade serão as mesmas que veremos para os diversos métodos de irrigação por superfície. INSTABILIDADE DA SUPERFÍCIE DO SOLO Existem certos solos que, sob irrigação por superfície, desenvolvem crateras («sink hole») em proporção tal, que a perda de solo e água tornam estes solos proibitivos para qualquer tipo de irrigação por superfície, devendo ser irrigados por aspersão. Sendo assim, é desaconselhável a sistematização de tais tipos de solos, uma vez que deverão ser irrigados por aspersão. Outro aspecto, que deve ser observado antes de iniciar a sistematização de um terreno, é saber qual o método de irrigação por superfície que será usado, pois a declividade, que se dará ao terreno, deverá ser condizente com o método de irrigação. PREPARAÇÃO PARA A SISTEMATIZAÇÃO DE UM TERRENO Depois de ter sido considerado que o terreno é propício e econômico para irrigação por superfície, após a sistematização, e escolhido o método de irrigação a ser usado, tem-se que observar os seguintes pontos: ÉPOCA A SER REALIZADA A SISTEMATIZAÇÃO É antieconômico e prejudicial ao solo realizar movimentação de terra em época chuvosa. Sendo assim, a sistematização de um terreno deve ser planejada para a época seca e somente para uma área capaz de ser sistematizada no período seco. LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO Deve-se fazer um levantamento topográfico de toda a área, com piquetes distanciados uns dos outros de 20 m, nas duas direções, formando, então, quadrados de 20 m de lado (figura 6.1). Os piquetes poderão também ser afastados uns dos outros de 10 m ou de 25 m, dependendo da maior ou menor uniformidade da superfície, ou da precisão desejada. Salassier Bernardo Manual de Irrigação 4 / 17 2 0 m 2 0 m 1 0 m 1 0 m FIGURA 6.1 Piqueteamento de uma área para levantamento topográfico Para facilidade de identificação dos piquetes, colocam-se letras em uma direção e números em outra. Deve-se construir um mapa tal, que todas as anotações possam nele ser registradas. Para isso, faz-se uma cruz (+) sobre a posição de cada piquete, ou simplesmente quadricula-se o mapa, com as linhas passando sobre as posições dos piquetes. Todas as informações do campo deverão estar contidas neste mapa, da seguinte maneira: - A leitura da mira deverá estar no quadrante à direita e acima do piquete. - A «cota» original deverá estar no quadrante, à esquerda e acima do piquete. - Após cálculo, a cota calculada deverá estar à esquerda e abaixo do piquete. - O corte (C) ou aterro (A) devera estar à direita e abaixo do piquete. A figura 6.2. ilustra estas anotações: Cota original Leitura da mira 8,19 1,81 Cota calculada Corte (C) ou Aterro (A) 8,00 0,19 C FIGURA 6.2. Exemplo de anotação no mapa de campo CURVAS DE NÍVEL Elas devem ser construídas, a fim de que possam permitir melhor entendimento da topografia do terreno e poder dividi-lo em subáreas com topografia semelhante, de maneira a sistematizá-las independentemente, tornando menor o volume de terra a ser movimentado, por conseguinte, mais barato o custo de sistematização. Esta operação de subdivisão do terreno em subáreas independentes para a sistematização é muito importante. Na Figura 6.3 há um terreno com suas curvas de nível, através das quais o dividimos em três subáreas. Salassier Bernardo Manual de Irrigação 5 / 17 S uba re a I S uba re a II S uba re a III FIGURA 6.3. Divisão de um terreno em subáreas mais uniformes, para fins de sistematização RELAÇÃO CORTE E ATERRO Outro ponto, a ser considerado, é a relação entre volume de corte e volume de aterro. Em conseqüência do problema de compactação do solo, sempre é necessário maior volume de corte do que aterro. Usa-se, em geral, a seguinte relação: C / A = m (m deve variar de 1,2 a 1,4). CÁLCULO DA SISTEMATIZAÇÃO Existem vários métodos para o cálculo de sistematização de terreno. Apresentaremos somente um método básico, o Método do centróide ou da média do perfil. Este método é um procedimento estatístico, relacionando um grupo de pontos, o qual passamos a apresentar por partes. DETERMINAÇÃO (POSIÇÃO E COTA) DO CENTRÓIDE (CENTRO GEOMÉTRICO DA ÁREA) Existem dois casos: um com a área retangular e o outro com área não retangular. a) Determinação do centróide de áreas retangulares A figura 6.4. é uma área a ser sistematizada, piqueteada num intervalo de dez metros, nas duas direções {X e Y}. O piqueteamento iniciou a cinco metros da divisa do terreno. Marcou-se um ponto de origem «O» a cinco metros norte e a cinco metros oeste do «corner» noroeste da área. A orientação deve ser fictícia e de tal maneira que as direções norte-sul e leste-oeste fiquem paralelas às linhas divisórias do terreno. Sendo assim, o piquete de cota 9,15 m está a dois piquetes leste e a quatro sul do «O». Salassier Bernardo Manual de Irrigação 6 / 17 9.22 9.18 9.22 9.19 9.20 9.17 9.15 9.19 9.15 9.18 9.17 9.21 9.21 9.16 9.07 9.18 9.05 8.94 9.25 9.09 9.01 9.00 9.25 9.09 9.06 9.16 9.28 9.15 9.19 9.25 C entroide 9.15 O Y X 1 2 3 4 5 6 a b c d e Total 46,01 45,84 46,16 45,72 45,47 45,42 274,62 Media 9,20 9,16 9,23 9,14 9,09 9,08 Total Media 54,98 9,16 54,72 9,12 54,76 9,12 54,89 9,14 55,27 9,21 N FIGURA 6.4. Área retangular a ser sistematizada Locação do centroide O centroide esta afastado de «O» em: - na direção X Xm = (1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6) / 6 = 3,5 piquetes - na direçãoY Ym = (1 + 2 + 3 + 4 + 5) / 5 = 3 piquetes Determinação da cota do centroide A sua cota é a soma da cota de todos os piquetes, dividida pelo número deles, ou seja. Cota do centroide = 274,62 / 30 = 9,15 m Nota: Como a área é retangular, poderíamos localizar o centroide pela interseção das duas diagonais do retângulo. b) Determinação do centroide de uma área não retangular A Figura 6.5. é a área a ser sistematizada. Seguem-se as mesmas considerações no que diz respeito ao piqueteamento do caso anterior. O piquete de cota 0,82 esta quatro piquetes ao norte e três ao leste de «O». Salassier Bernardo Manual de Irrigação 7 / 17 FIGURA 6.5. Área não retangular a ser sistematizada Locação do centróide - na direção X Xm = 78 / 25 = 3,12 piquetes ou seja, o centróide está a 3,12 piquetes, na direção x, a partir de «O». - na direção Y Ym = 82 / 25 = 3,28 piquetes ou seja, o centróide está a 3,28 piquetes, na direção y, a partir de «O». Determinação da cota do centróide A cota do centróide é a soma da cota de todos os piquetes, dividida pelo número deles. Cota = 21,46 / 25 = 0,858 m DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE QUE MELHOR SE ADAPTA AO TERRENO Deve-se lembrar, caso seja desejado que a superfície fique na horizontal, simplesmente deve-se fazer que as cotas de todos os pontos fiquem iguais à cota do centroide. Nos pontos, cuja cota original for maior do que a cota do centroide faz-se corte, e naqueles em que ela for menor, faz-se aterro. Mas no caso de sistematização de terrenos para irrigação precisa-se de um pequeno declive. Este método, que está sendo considerado, determina o declive a ser conseguido, de modo que este cause o menor movimento de terra, e em consequência, seja o mais barato. Para que seja melhor entendido, é desejável que se plote a média das cotas das linhas e das colunas, o que apresentamos para os dados do problema da área retangular, nas Figuras 6.6. e 6.7. Para o caso de área não regular, o procedimento seria o mesmo, porém neste caso, o método do centroide não é muito exato. A fim de evitar confusão com os gráficos, as coordenadas serão designadas de: «H» para cota e «S» para distância em piquetes do ponto de origem «O». De acordo com este método, a declividade, que melhor se adapta no terreno, será dada pela seguinte equação: N 2S)( - 2(S) N H)S)(( - (SH) weGou nsG equação 6.1. S = É a distância em piquetes ao ponto de origem «O» de cada coluna ou linha; Gns = É a declividade, que melhor se adapta ao terreno, na direção «norte- sul» Gwe = É a declividade, que melhor se adapta ao terreno, na direção «oeste- leste»; (S) (H) = É o produto da soma das distâncias em piquetes, pela soma das Salassier Bernardo Manual de Irrigação 8 / 17 cotas dos pontos plotados nas Figuras 6.6. ou 6.7., ou seja, produto da soma das distâncias em piquetes, pela soma das cotas médias das colunas ou linhas; (SH) = É a soma do produto da distância em piquete pela cota de cada ponto plotados nas Figuras 6.6. e 6.7., ou seja, soma do produto da distância em piquete pela cota média de cada coluna ou linha; H = Cota média de cada coluna ou linha, ou seja, cota de cada ponto plotado na Figura 6.6. ou 6.7.; N = Número de pontos plotados na Figura 6.6. ou 6.7. Sendo, pois o número de colunas ou linhas do mapa; (S)2 e (S)2 = Soma dos quadrados e quadrado da soma das distâncias em piquetes de cada ponto plotado na Figura 6.6. ou 6.7., ou seja, das distâncias em piquetes de cada linha ou coluna ao ponto de origem «O» FIGURA 6.6. Média do perfil «oeste-leste» FIGURA 6.7. Média do Perfil «norte-sul» Desenvolvendo a equação acima teremos: 6 1)- N(N H - 12 1) - 1)(N N(N (SH) Gou G wens ....equação 6.2. Calculando para os dados, apresentados no terreno retangular, tem-se: para Gwe (direção oeste-leste) (SH) = (1x9,20) + (2x9,16) + (3x9,23) + (4x9,14) + (5x9,09) + (6x9,08) = 191,70 S = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21 H = 9,20 + 9,16 + 9,23 + 9,14 + 9,09 + 9,08 = 54,90 (S)2 = 1 + 4 + 9 + 16 + 25 + 36 = 91 N = 6 Salassier Bernardo Manual de Irrigação 9 / 17 0257,0 6 2)21(91 6 90,542170,191 x weG Nota: O sinal negativo indica declividade para leste a partir de «O». Para Gns (direção norte-sul). (HS) = (1x9,16) + (2x9,12) + (3x9,12) + (4x9,14) + (5x9,21) = l37,37 S = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 H = 9,16 + 9,12 + 9,12 + 9,14 + 9,21 = 45,75 (S)2 = 1 + 4 + 9 + 16 + 25 = 55 N = 5 012,0 5 2)15(55 5 75,451537,137 x nsG Nota: O sinal positivo indica aclividade para o sul e a partir de «O». As declividades encontradas acima são as diferenças de nível que deverão existir entre dois piquetes consecutivos. Se os piquetes estiveram afastados de 20 m, para encontrar a declividade em porcentagem, deve-se multiplicar o valor encontrado por 5, se a distância entre piquetes for de 25 m, multiplicaremos por 4, etc. No nosso caso, os piquetes estão afastados uns dos outros de 10 m, para conseguirmos a declividade em porcentagem, temos que multiplicar o valor encontrado por 10. Sendo assim, a declividade que melhor se adapta à nossa área, causando o menor movimento de terra, é de +0,12% na direção norte-sul e de - 0,257% na direção oeste-leste. Para conferir o resultado com os dados de campo, pode-se plotar o plano com declividade +0,12% (N-S) e -0,257% (W-E) nas Figuras 6.6. ou 6.7., respectivamente. PLANO QUE MELHOR SE ADAPTA A SUPERFÍCIE A terceira parte consiste em, usando as declividades Gns e Gwe e a cota de centróide, determinar a cota de todos os outros piquetes de modo que obtenha o plano que melhor se adapta à superfície, causando o mínimo de corte e aterro. Conhecendo os valores de Gwe, Gns e H(m) (cota de centróide), substitua-os na equação 6.3., para determinar a cota do ponto de origem «O». Hm = «O» + (Gwe) (Xm) + (Gns) (Ym) equação 6.3. em que: Salassier Bernardo Manual de Irrigação 10 / 17 Hm - cota do centróide «O» - cota do ponto de origem no novo plano; Xm e Ym - distância horizontal e vertical, em piquetes, do centróide, em relação ao ponto de origem «O». Para o nosso problema temos: Hm = 9,15 Xm = 3,5 Ym = 3,0 Gns = +0,0120 Gwe = -0,0257 Nota: Gns e Gwe não são declividades em percentagem, porém, a diferença de nível entre dois piquetes consecutivos. Substituindo-os na equação 6.3., teremos: «O» = 9,15 - (-0,0257 x 3,5) - (+0,012 x 3) «O» = 9,204 Sendo assim, a nova cota de qualquer piquete será dada pela equação 6.4., ou seja, somando algebricamente à cota do ponto de origem, o produto da declividade pela distância em piquete de cada ponto ao ponto de origem «O» Hi = «O» + (Gwe) (Xi) + (Gns) (Yi) ... equação 6.4. Por exemplo, a nova cota do piquete com cota original de 9.19, onde X = 2 e Y = 3. Será: H = 9,204 + (-0,0257 x 2) + (+0,012 x 3) H = 9,188 m Fazendo o cálculo para todos os piquetes do nosso problema teremos: Piquetes Cota original Cota Calculada a.1 9,20 9,190 a.2 9,17 9,164 a.3 9,17 9,139 a.4 9,21 9,113 a.5 9,16 9,088 a.6 9,07 9,062 b.1 9,19 9,203 b.2 9,15 9,177 b.3 9,21 9,151 b.4 9,18 9,126 b.5 9,05 9,100 b.6 8,94 9,074 c.1 9,22 9,215 Salassier Bernardo Manual de Irrigação 11 / 17 c.2 9,19 9,189 c.3 9,25 9,163 c.4 9,09 9,138 c.5 9,01 9,112 c.6 9,00 9,086 d.1 9,18 9,227 d.2 9,15 9,201 d.3 9,25 9,175 d.4 9,09 9,150 d.5 9,06 9,124 d.6 9,16 9,098 e.1 9,22 9,239 e.2 9,18 9,213 e.3 9,28 9,187 e.4 9,15 9,162 e.5 9,19 9,136 e.6 9,25 9,110 Verifica-se, em alguns casos, que a declividade calculada por este método é muito pequena ou muito grande, para o método de irrigação que se tem em mente. Neste caso, pode-se traçar um plano quepasse pelo centróide com a declividade desejada. Por exemplo: Pede-se que a declividade no sentido norte- sul seja de 0,5%. Em dez metros (distância entre piquetes), a diferença de nível será de 0,05, que é o valor de GNS, substitui-se este valor nas equações 6,3 e 6,4 e calculam-se as cotas dos outros piquetes. Após a sistematização, ter-se-á uma declividade no sentido norte-sul de 0,5%. Nestes casos, ou seja, quando a declividade não for a calculada e sim imposta para satisfazer uma necessidade, o movimento de terra será maior. AJUSTAMENTO DE CORTE E ATERRO A relação entre corte e aterro deve variar de 1,2 a 1,4. Ou seja o volume de corte deve ser de 1,2 a 1,4 vezes maior do que o volume do aterro. Se o sistema de piqueteamento for retangular e os piquetes da periferia estiverem afastados do limite da área de uma distância igual à metade da distância entre eles, todos os piquetes representam mesma área. No caso, cada piquete representa uma área de 100 m2. Sendo assim, pode-se supor que a soma das profundidades de cortes em todos os piquetes ( corte) e a soma dos aterros ( aterro) têm a mesma proporção entre si, que a relação entre volume de corte com volume de aterro. Se existir algum piquete na periferia, representando uma área maior do que a área dos piquetes do centro, deve-se dar maior ou menor peso à profundidade de corte ou aterro dessa área, para igualar em volume às Salassier Bernardo Manual de Irrigação 12 / 17 outras áreas. Então, a fórmula para ajustamento de corte e aterro deve ser: m aterro corte (m deve Variar de 1,2 a 1,4) A profundidade de corte ou de aterro é obtida pela diferença entre a cota original com a cota calculada. Quando a cota original for maior do que a cota calculada, deverá ser feito um corte com profundidade igual à diferença entre as duas. Quando acontecer o contrário, dever-se-á fazer um aterro de profundidade igual à diferença. Se o somatório dos cortes for igual ao dos aterros ou pouco maior, deverá ser abaixada a cota de todos os piquetes de uma determinada quantia, que nada mais é do que aumentar a profundidade de todos os cortes de e diminuir a profundidade dos aterros de . A seguinte equação permite calcular qual devera ser a variação da cota de todos os piquetes, para encontrar a relação m desejada. NcmNa CAm ... equação 6.5. Em que: = variação na cota de todos os piquetes ( (+) abaixar, (-) subir); m = relação desejada entre o volume de corte e de aterro; A = somatório dos aterros; C = somatório dos cortes; Na = n de piquetes com aterro; Nc = n de piquetes com corte. Nota: deve ser aproximado para um múltiplo de 5 mm. Testa-se novamente a relação entre o corte/aterro para ver se atingiu a razão desejada. Para ilustrar este procedimento, apresenta-se a relação de corte com aterro nosso problema. Na primeira determinação, tem-se Corte = 0,861 Aterro = 0,745 155,1 aterro corte Esta relação é pequena, deve-se fazer o ajustamento, ou seja. abaixar a Salassier Bernardo Manual de Irrigação 13 / 17 cota calculada de cada piquete de 5 mm (0.005 m). Agora temos: Corte = 0,94 Aterro = 0,675 394,1 aterro corte Esta relação é satisfatória, sendo assim, as primeiras anotações de Corte e Aterro no mapa de Campo deverão ser modificadas, fazendo com que o plano passe 0,005 m mais baixo, ou seja, aumentando os cortes e diminuindo os aterros de 0,005. Veja a Figura 6.8. CÁLCULO DO VOLUME DE TERRA O volume total de terra proveniente dos cortes é a base principal para estimar o equipamento necessário, bem como o custo de sistematização. O volume de terra a ser escavado nas unidades de áreas, compreendidas entre quatro piquetes, será mais exato, quando for calculado pelo método da «média dos cortes», podendo também ser calculado pelo método dos «quatro pontos», que é quase tão preciso quanto o anterior e bem menos trabalhoso Existe ainda o método do «Somatório dos cortes», bem menos preciso, porém, mais fácil e rápido de ser executado. Método do «somatórios dos cortes» Este método é baseado na seguinte fórmula: Volume de corte = (cortes) (Área representada por piquete) Tem-se, para o problema: FIGURA 6.8. Mapa mostrando as cotas originais e as calculadas, bem como os cortes e aterros necessários. No quadrante de cortes e aterros há dois números: o superior, representando os cortes e aterros que foram calculados pelo método do centróide, e o inferior, quando todas as cotas foram abaixadas de 0,005 m, pala satisfazer a relação C/A. Volume de corte = 0,941 m x 100 m2 = 94,100m3 Salassier Bernardo Manual de Irrigação 14 / 17 Método da «média dos cortes» O cálculo do volume de corte por este método é bem mais trabalhoso, e deverá calculado para cada unidade de área compreendida entre quatro piquetes, o qual ilustramos abaixo: Sendo EF a linha de transição entre corte e aterro. Então, a área EBF receberá aterro e a área AEFCD, corte. As distâncias dos pontos E e F em relação a A-B e B-C, são obtidos por interpolação (veja o cálculo). A área AEFCD pode ser subdividida em três subáreas: AEGH, HFCD e EFG. Área AEGH = (AE) (HA), sendo que HA = FB Área AEGH = (3/8 x 10) (5/7 x 10) Área AEGH = 26,79 m2 Área HFCD = (DC) (CF) Área HFCD = (10) (2/7x 10) Área HFCD = 28,57 m2 EB FG e BF EG :que sendo ,2 )GF( x )EG( EFG Área 2 10) x (5/7 x )10 x (5/8 EFG Área Área EFG = 22,32 m2. O volume de corte será a soma dos volumes nas três subáreas, e o volume em cada subárea é o produto de sua área pela média do corte nos seus três ou quatro pontos periféricos. Volume de corte = 22,32 x 3 )0,0456,00,0( 4 )9,02,00,0729,0(57,284 )729,0456,00,03,0(79,26 Volume de corte = 26,39 m3 O volume de aterro será o produto da área EBF pela média do aterro nos seus três pontos periféricos. Área EBF = área EFG Área EBF = 22,32 m2 Volume de aterro = 22,32 (0,0 + 0,5 + 0,0) / 3 Volume de aterro = 3,72 m3. Para saber o volume de corte total no terreno, tem-se que fazer estes cálculos para todas as quadrículas limitadas por quatro piquetes, e depois somam Salassier Bernardo Manual de Irrigação 15 / 17 os volumes de cortes das quadrículas. Método dos «quatro pontos» Este método é bem menos trabalhoso, e quase tão preciso quanto o anterior. Ele é baseado nas equações 6.6 e 6.7. Vc = A/4 x (c)2/(c + a) ... equação 6.6. Va = A/4 x (a)2/(a + c) ... equação 6.7. Em que: Vc = volume de corte em cada quadrícula; Va = volume de aterro em cada quadrícula; A = Área de cada quadrícula; c = soma dos cortes, nos quatro piquetes que limitam a quadrícula; a = soma dos aterros, nos quatro piquetes que limitam a quadrícula. Usando estas equações para a quadrícula apresentada no método anterior, tem-se: Vc = 100/4 x (1,4)2/(1,4 + 0,5) Vc = 25,8m3 Va = 100/4 x (0,5)2/(0,5 + 1,4) Va = 3,3m3 Verifica-se que os volumes do corte e de aterro, calculados por este método, não diferem muito do calculado pelo método da média dos cortes, e são bem mais fáceis e rápidos de serem calculados. Como no caso anterior, para se saber o volume total de corte, tem-se que fazer o cálculo para todas as quadrículas do terreno. MARCAÇÃO DOS CORTES E ATERROS NO TERRENO Há vários métodos e maneiras de marcação de corte e aterro no terreno. De um modo geral, em qualquer que seja o método usado, há os seguintes pontos em comum: - Colocar estacas junto a cada piquete com marca, a uma distância constante da superfície do terreno; esta distância pode ser de 50 cm. Esta marca servirá como ponto de referência. - A profundidade de corte ou aterro deverá ser pintada em cada estaca. de modo que possa ser vista a uma distânciamínima de 50 m. - Estas marcações devem ter uma duração suficiente, para que não Salassier Bernardo Manual de Irrigação 16 / 17 desapareçam antes de terminar a sistematização. - Em geral, a profundidade de corte em cada estaca é indicada por uma faixa vermelha, a partir do ponto de referência, para baixo, de comprimento igual à profundidade do corte. E a profundidade de aterro é indicada por uma faixa azul, a partir do ponto de referência, para cima, de comprimento igual à profundidade de aterro. Ou a profundidade de corte por uma faixa vermelha, a partir da parte superior da estaca, para baixo, de comprimento igual à profundidade de corte. E a profundidade de aterro, por uma faixa azul, a partir da base da estaca, para cima. de comprimento igual à profundidade de aterro. Salassier Bernardo Manual de Irrigação 17 / 17 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. BERNARDO, S. Sistematização de terreno Para Irrigação Por Superfície. Viçosa. Imprensa Universitária da U.F.V. 1976. 17p. (Boletim n 48). 2. GATTIS, J.L. et alii. Land Grading for Surface Irrigation. Arkansas Agricutural Extension Service, 1957. 55 p. (bul. 491). 3. MARR, J. C. Granding Land for Surface Irrigation. California Agricultural Experimental Station, Extencion Service, 1957. 55 p. (bul. 438) 4. SHIH, S.F. & G.J. KRIZ. Tables and Formulas for Eartwork Calculation in Land Forming. North Caroline Agricultural Experiment Station, 1970. 63 p. (bul. 203). 5. USDA. Land Leveling. Washington, D.C., SCS National Engineering Handbook. 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