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Aula 1 – Equações diferenciais ordinárias e lineares de 1 a ordem. O que é uma equação diferencial? Suponhamos que uma função y = f(x) descreve um fenômeno do ponto de vista quantitativo. Examinando este fenômeno, é as vezes impossível estabelecer diretamente o caráter da dependência entre y e x, mas pode-se estabelecer uma dependência entre as quantidades x, y, e as derivadas de y em relação a x: y', y'', …, y(n), isto é, que se pode escrever uma equação diferencial. Deduzir da relação entre x, y, e as derivadas a relação direta entre y e x, isto é encontrar y = f(x), é que ainda se chama integrar uma equação diferencial. Exemplo 1.1 Deixe-se cair um corpo de massa m de uma certa altura h. Estabelece a variação de velocidade v da queda livre, se o corpo experimentar uma resistência de travagem da parte do ar proporcional a velocidade (sendo o coeficiente de proporcionalidade k), isto é encontrar v = f(t). Resolução Em virtude da segunda lei de Newton , onde é a aceleração do corpo em movimento (a derivada da velocidade em relação ao tempo) e F, a força que age sobre o corpo no sentido do movimento. Esta força é constituída pelas duas forças: pela força de gravidade m·v e pela resistência do ar k·v (toma-se o sinal menos porque esta força é oposta a velocidade). Assim . (1) Temos uma relação entre a função desconhecida v e a sua derivada , isto é, uma equação diferencial sobre a função desconhecida v. Resolver esta equação diferencial é procurar uma função v = f(t), que a verifica identicamente. Existe uma infinidade de tão soluções. Podemos verificar que toda a função da forma (2) verifica a equação (1) com qualquer valor da constante C. Mas qual destas funções dá a relação procurada entre v e t? Para a encontrar, imponhamos uma condição suplementar: conhecemos uma velocidade inicial v0 do corpo (que, no caso especial, pode ser nula), i.e. para o momento t = 0. Para achar o valor da constante C, substituímos t = 0 e v(t) = v0 na fórmula (2): , resultando em . Assim a constante C é determinada e a fórmula (2) pode ser escrita como 1 . Obs. Para k = 0 (a resistência do ar nula) encontra-se o resultado v(t) = v0 + gt. Definição 1.1 Chama-se equação diferencial a uma equação que estabelece uma relação entre a variável independente x e, a função desconhecida y = f(x) e suas derivadas y', y'', …, y(n). Podemos escrever simbolicamente uma equação diferencial como ou . Se y = f(x) é função de uma só variável independente, a equação diferencial é chamada ordinária. Definição 1.2 Chama-se ordem de uma equação diferencial à ordem da derivada mais elevada contida nessa equação. Exemplo 1.2 Equação diferencial é uma equação de primeira ordem e é uma equação de segunda ordem, etc. Exercício 1.1 Determine a ordem das equações diferenciais em baixo: 1) , 2) , 3) , 4) . 2 Definição 1.3 Chama-se solução ou integral de uma equação diferencial a função y = f(x) que verifica identicamente essa equação. Exemplo 1.3 Seja a equação diferencial . As funções y = sen x, y = 2 cos x, y = 3 sen x – cos x e, mais geralmente, a função da forma geral é solução da equação diferencial acima independente dos valores das constantes C1 e C2. Verificamos que , . Substituindo d²y/dx² em equação diferencial obtemos . Exercício 1.2 Consideramos a equação diferencial . As suas soluções são funções da forma , em que C é uma constante arbitraria. Verifique a identidade da equação diferencial usando a função dada. Definição 1.4 Uma função y(x) definida implicitamente pela equação φ(x, y, c1, c2, …, cn) = 0, que contém n constantes arbitrarias e é solução de uma equação diferencial, é chamada de solução geral da equação diferencial. Atribuindo valores às constantes c1, c2, …, cn, obtemos uma solução particular da equação diferencial. 3 Definição 1.5 Uma função diferencial de 1a ordem é da forma . Ela pode ser escrita em forma . Exemplo 1.4 A situação mais simples que pode ocorrer em termos da função f é quando f não depende de y. Temos então, . Segue então que a solução geral desta equação diferencial é . Definição 1.6 A equação diferencial onde é chamada de linear de primeira ordem. Os dados do problema são as funções a(x) e b(x), e elas compareçam em integrais no processo de resolução da equação. Como então achar a solução da equação diferencial linear de 1a ordem? 1 o Método de Solução: Vamos supor que y(x) = u(x) v(x) onde as funções u(x) e v(x) são também desconhecidas. Substituindo na primeira equação linear da primeira ordem, teremos logo, . Se escolhermos a função u(x) de forma que ela satisfaça a equação 4 então . Mas a equação acima tem um segundo membro que só depende de x e assim, é do tipo anterior. Então, e a solução da equação dada sendo y(x) = u(x) v(x) dará . Resta-nos então o problema de resolver a equação chamada de equação homogênea associada à equação linear de primeira ordem dada que, por isto, é chamada de equação não-homogênea ou completa. Podemos resolver a equação homogênea como , então . Chamando c2 à exponencial de c3 e usando o fato de que a função exponencial é sempre positiva, temos , onde definimos a função g(x) como sendo . Fica assim estabelecido, que a função g(x) tem módulo constante. Por outro lado, a função g(x) é o produto da função u(x), que é derivável pois é solução da equação diferencial homogênea por uma função exponencial. Segue, então, que a função g(x) é continua. Podemos concluir que g(x) = c2, e 5 . Logo, , onde c = c1 c2. Não aparece constante no primeiro termo pois a expressão de u(x) envolve a constante c2. Exemplo 1.5 Determine a solução geral da equação diferencial . Solução Consideramos em primeiro lugar a equação homogênea cuja solução é . Pelo 1o método temos , então , onde c = c1 c2. 2 o Método de Solução: Vamos considerar a função Então, 6 Usamos o fato que e . Segue então que . Mas a equação diferencial acima é linear e com um segundo membro função somente de x, já resolvida anteriormente. Então, . Resolvendo em relação a y teremos a solução geral da equação linear. Observe que o fator é chamado de fator integrante, pois se multiplicarmos ambos os membros da equação diferencial por ele é possível então integrá-lo. Exemplo 1.6 Determine a solução geral da equação diferencial do exemplo 1.5 usando 2o método. Solução O fator integrante é . Multiplicando ambos os membros da equação diferencial dada pelo fator integrante temos e a solução final é . Exercício 1.3 Dê a solução geral da equação diferencial . 7 3 o Método de Solução: Resolva a equação diferencial . Em primeiro lugar consideramos a equação homogênea , cuja solução é . Consideramos agora onde tomamos a equação homogênea e em vez de uma constante consideramos uma função de x, a qual devemos determinar. Substituindo w(x) na equação dada, teremos . Segue então que . Integrando por partes . A solução geral y(x) da equação dada é tal que , onde fizemos c = c1 + c2. Este método de encontrar uma solução particular da equação completa é chamado método da variação das constantes. 8
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