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Fundamentos de Lingua Latina.pdf

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Fundamentos da
Língua Latina 
São Cristóvão/SE
2007
José Raimundo Galvão
Projeto Gráfi co e Capa
Hermeson Alves de Menezes
Diagramação
Nycolas Menezes Melo
Ilustração
Alysson Prado dos Santos
Edgar Pereira Santos Neto
Manuel Messias de Albuquerque Neto
Revisão
Lara Angélica Vieira de Aguiar
Elaboração de Conteúdo
José Raimundo Galvão
S237I Galvão, José Raimundo.
 Fundamentos da Língua Latina / José Raimundo Galvão -- São 
 Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2007.
 1. Língua latina. 2. Latim. 3. Gramática latina I. Título.
CDU 81=124(091)
Copyright © 2007, Universidade Federal de Sergipe / CESAD.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada 
por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia 
autorização por escrito da UFS.
FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Funadmentos da Língua Latina
Presidente da República
Dilma Vana Rousseff
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Reitor
Josué Modesto dos Passos Subrinho 
Vice-Reitor
Angelo Roberto Antoniolli
Chefe de Gabinete
Ednalva Freire Caetano
Coordenador Geral da UAB/UFS
Diretor do CESAD
Antônio Ponciano Bezerra
Vice-coordenador da UAB/UFS
Vice-diretor do CESAD
Fábio Alves dos Santos
Diretoria Pedagógica
Clotildes Farias de Sousa (Diretora)
Diretoria Administrativa e Financeira 
Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor)
Sylvia Helena de Almeida Soares
Valter Siqueira Alves
Coordenação de Cursos
Djalma Andrade (Coordenadora)
Núcleo de Formação Continuada
Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora)
Núcleo de Avaliação
Hérica dos Santos Matos (Coordenadora)
Carlos Alberto Vasconcelos
Núcleo de Serviços Gráfi cos e Audiovisuais 
Giselda Barros
Núcleo de Tecnologia da Informação
João Eduardo Batista de Deus Anselmo
Marcel da Conceição Souza
Raimundo Araujo de Almeida Júnior
Assessoria de Comunicação
Edvar Freire Caetano
Guilherme Borba Gouy
Coordenadores de Curso
Denis Menezes (Letras Português)
Eduardo Farias (Administração)
Haroldo Dorea (Química)
Hassan Sherafat (Matemática)
Hélio Mario Araújo (Geografi a)
Lourival Santana (História)
Marcelo Macedo (Física)
Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas)
Coordenadores de Tutoria
Edvan dos Santos Sousa (Física)
Raquel Rosário Matos (Matemática)
Ayslan Jorge Santos da Araujo (Administração)
Carolina Nunes Goes (História)
Rafael de Jesus Santana (Química)
Gleise Campos Pinto Santana (Geografi a)
Trícia C. P. de Sant’ana (Ciências Biológicas)
Vanessa Santos Góes (Letras Português)
Lívia Carvalho Santos (Presencial)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Cidade Universitária Prof. “José Aloísio de Campos”
Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze
CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE
Fone(79) 2105 - 6600 - Fax(79) 2105- 6474 
NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO
Hermeson Menezes (Coordenador)
Marcio Roberto de Oliveira Mendonça
Neverton Correia da Silva
Nycolas Menezes Melo
AULA 1
Importânica e atualidade do latim...................................................... 07
AULA 2
Origem e expansão do latim.............................................................. 21
AULA 3 
Alfabeto e fonologia do latim ............................................................. 33
AULA 4
Análise sintática e articulação das palavras em latim ....................... 41
AULA 5
As declinações latinas ....................................................................... 53
AULA 6
Estudo dos nomes da 2ª declinação ................................................. 65
AULA 7
Estudo do verbo esse (ser) ............................................................... 75
AULA 8
Adjetivos de 1ª classe ....................................................................... 83
AULA 9
Morfologia dos verbos de 1ª conjugação .......................................... 95
AULA 10 
Terceira declinação - nomes masculinos e femininos ..................... 107
AULA 11
Nomes neutros da 3ª declinação ......................................................117
AULA 12
Morfologia dos verbos de 2ª conjugação ........................................ 129
AULA 13
Adjetivos de 2ª classe ..................................................................... 141
AULA 14
Estudo dos nomes de 4ª e 5ª declinação ........................................ 153
AULA 15
Morfologia dos verbos de 3ª conjugação ........................................ 265
Sumário
AULA 16
Morfologia dos advérbios e das preposições .................................. 181
AULA 17
Morofologia dos verbos de 4ª conjugação ...................................... 195
AULA 18
Morofologia dos pronomes .............................................................. 205
AULA 19
Conjunções e interjeições ............................................................... 223
AULA 20 
Formação de palavras ..................................................................... 233
IMPORTÂNCIA E
ATUALIDADE DO LATIM
META
Mostrar a importância do latim e a sua atualidade no âmbito da língua portuguesa;
Demonstrar a profunda relação entre o latim e o português;
Explorar elementos conhecidos no léxico e nas expressões inseridas na prática da língua portuguesa.
OBJETIVOS
Ao fi nal desta aula o aluno deverá ser capaz de:
reconhecer a importância do latim a partir da 
sua atualidade na prática da língua portuguesa;
identifi car elementos comuns às línguas latina e 
portuguesa;
reavaliar o conceito de “língua morta” com que 
se classifi ca o latim; e analisar a maneira pela 
qual as formas latinas são recuperadas nos 
termos derivados e expressões que compõem 
o discurso de certas áreas do saber.
Aula
1
8
Fundamentos da Língua Latina
INTRODUÇÃO
Caro aluno, seja bem vindo aos primeiros contatos formais com a língua 
latina. Você, certamente, terá gran-
des surpresas com esta disciplina. Primeiro, porque você vai perceber 
que o estudo do latim não é tão complicado como se fala que é. Depois, 
porque você já conhece muita coisa de latim. Este conhecimento, acredite, 
vai contribuir para melhor aprofundamento da língua portuguesa. Tomara 
que você aprenda a gostar do latim e deseje seguir novos rumos na área de 
Letras, motivado pelo fascínio que o estudo de latim pode despertar em você.
O estudo da língua latina é de suma importância para o curso de Letras, 
desde que não se adote uma didática em que se prioriza a memorização de 
regras e fórmulas para as quais não se evidencia um sentido lógico. Infeliz-
mente, os próprios professores de latim e os métodos por eles empregados 
no trato com essa língua são os maiores responsáveis pela antipatia e rejeição 
que marcou a disciplina ao longo dos tempos. É claro que o pleno domínio 
da língua latina exige aprofundamento constante, o que, às vezes, requer 
esforço e dedicação de longos períodos de concentração nos estudos.
 No entanto, as informações aqui propostas que devem compor o 
estudo das Letras são de ordem prática e visam à percepção das bases 
latinas que entram na constituição da língua portuguesa, como também de 
outras línguas românicas. 
Fique tranqüilo: aqui não se pretende formar especialistas. O espaço lim-
itado de tão poucas aulas também não seria sufi ciente para realizar tal intento.
A razão de ser destas aulas é, principalmente, suscitar o interesse pela 
própria língua portuguesa abrindo os horizontes para a compreensão mais 
ampla de suas bases que se fi xam na língua latina. Além disso, elas lhe 
trarão grandes benefícios para os estudos no curso de Letras. Muita coisa 
dependerá de você. Sucesso!
Línguas 
românicas 
Termo com que são 
identifi cadas todas 
as línguas prove-
nientes do latim: 
português, francês, 
espanhol, italianoetc. Outras des-
ignações também 
possíveis: línguas 
neolatinas ou novi-
latinas, romances e 
romanços.
9
Importância e atualidade do latim Aula
1IMPORTÂNCIA
 DO LATIM 
Costuma-se caracterizar o latim como “língua morta”. 
Você já se perguntou o que isto signifi ca? Difi cilmente 
encontramos alguém que busca assimilar o signifi cado de tal expressão. 
O latim é realmente uma língua morta, mas no sentido em que ela não é 
mais usada por nenhuma comunidade como meio de comunicação escrita 
ou oral. Ninguém, por exemplo, será forçado a estudar o latim para poder 
comunicar-se em qualquer lugar do mundo para onde se dirija. Nenhum 
aeroporto do mundo será obrigado a expor letreiros em latim para orientar 
os transeuntes. O mesmo não acontece com o inglês, o francês, que possuem 
localização defi nida; nem mesmo com o grego e o hebraico, línguas antigas 
como o latim, mas ainda usadas por comunidades específi cas de falantes.
Além do Estado do Vaticano, o qual ainda tem o latim como língua 
ofi cial, em nenhum outro lugar do mundo esta língua será necessária como 
tal. Até se pode dizer que o latim não é mais sufi cientemente estudado na 
formação dos religiosos católicos, sendo cada vez mais raros os membros 
do clero que o dominam e o empregam com fi rmeza.
Tem-se a impressão, portanto, de que o estudo do latim, por causa 
das próprias circunstâncias nas quais se encontra, jamais será recuperado 
em sua totalidade, a não ser pelas universidades que mantêm os cursos 
de letras clássicas ou por especialistas que necessitem fazê-lo para a plena 
compreensão de documentos escritos nessa língua.
Não há razão, pois, para alimentar saudosismos e imaginar a volta tri-
unfal do latim, mas é igualmente lamentável que se queira excluir comple-
tamente as abordagens de língua latina dos cursos de Letras como já se fez 
em todo o ensino brasileiro.
10
Fundamentos da Língua Latina
AS LÍNGUAS NEOLATINAS 
Entre as fi lhas do latim, as chamadas línguas neolatinas, no-
vilatinas ou românicas, o português é aquela que guarda maior 
afi nidade com a língua mãe. Mesmo que tenham existido grandes 
transformações na passagem do latim ao português, as marcas la-
tinas continuam vigentes no léxico da atualidade e – o que é mais 
interessante – os falantes conseguem circular entre as formas sem 
qualquer tipo de embaraço. 
Para citar alguns exemplos, eis a seguir um demonstrativo de 
como as formas latinas de onde o português se originou são recu-
peradas em muitos termos derivados:
Latim Português Latim nos derivados
Vitrum, i 
Taurus, i
Capra, ae 
Probabilis, e 
Hodie 
Pluvia, ae 
Aqua, ae 
Pectus, pectoris
Cor, cordis 
Vidro
Touro
Cabra 
 Provável
Hoje
Chuva
Água 
Peito 
Coração
Vitral, vitrifi car, vitrine
Taurino
 Caprino, capricórnio
Probabilidade, probabilístico
 Hodierno
Pluvial, pluviômetro
Aquário, aquarela, aquoso
Expectorar, expectorante
Cordial, concordar, recordar
Até os falantes mais simples costumam circular com desenvoltura en-
tre as palavras derivadas acima e outras tantas e variar as suas incidências, 
escolhendo, na situação concreta de uso, aquela que melhor se adapta ao 
contexto. Nessas circunstâncias e aplicado ao ensino das letras, o ensino do 
latim faz compreender a razão de ser da diferenciação das formas, sendo 
constatada a presença latina em grande parte do léxico português. 
Existem alguns meios de demonstrar tal presença, sobretudo no uso constante 
pelos falantes, atestando muito maior utilização do latim do que se pode imaginar. 
Para você, que já é um estudante de Letras, porém, este conhecimento deve ser 
ativado a fi m de torná-lo capaz de identifi car e explicar as marcas latinas, o que 
terá, como conseqüência, o domínio cada vez maior do léxico. Aos poucos, vai-se 
percebendo a lógica que permeia a constituição das palavras e as possíveis variações 
das formas, também conhecidas, nos estudos morfológicos, como alomorfi a.
O conhecimento e a aplicação progressiva dos metaplasmos con-
duzem à maior liberdade no trato com as palavras, segundo os princípios 
pelos quais, em circunstâncias idênticas, os efeitos esperados serão sempre 
os mesmos. Tal processo de análise, uma vez iniciado, não tem previsões de 
chegar a um ponto fi nal, até porque as palavras de origem latina constituem 
a maior quantidade em língua portuguesa.
Alomorfi a 
Expressão grega 
que signifi ca outra 
forma, numa alusão 
à possibilidade que 
tem uma palavra 
de apresentar mais 
de uma forma para 
expressar o mesmo 
conceito, sem sair, 
porém, da família 
a que pertence. Ex-
emplo: provável / 
probabilidade. Este 
fenômeno lingüísti-
co retoma, quase 
sempre, as bases 
latinas da língua.
11
Importância e atualidade do latim Aula
1Pode-se dizer que, de certa forma, se fala latim, um latim modifi cado 
cuja versão atual se chama língua portuguesa. Em nosso léxico, inclusive, 
percebem-se as bases latinas, uma das razões para reconhecer que o latim 
representa importante contribuição no conhecimento de nossa língua.
Recentemente, um fenômeno curioso se destacou nas instâncias políti-
cas superiores: o esquema tão badalado de corrupção que recebeu o nome 
de mensalão. Claro que não vamos aqui tecer comentários a esse respeito, 
mas você já se perguntou por que todos os brasileiros entenderam esta 
expressão criada a partir desse acontecimento sem que suscitasse qualquer 
problema de compreensão? O termo foi construído sobre as bases latinas 
mens, mensis, que se tornou mês na língua portuguesa. Para evitar a infl uên-
cia e a retomada do latim, o melhor termo seria mesalão, assim como se tem 
mesada, ambos referindo-se a mês. Percebe-se, no entanto, que, nesse caso, 
se pôs em prática algo internalizado assim como se tem a forma latina de 
mês na palavra menstruação. Daí a construção mensalão ser incorporada 
naturalmente em nosso léxico.
Outros meios de reconhecer as marcas latinas podem ser explorados 
e não representam qualquer estranhamento para os rios do português. 
Observe quantas palavras você já conhece que têm bases latinas:
Metaplasmos 
Expressão grega que 
se refere ao mecanis-
mo pelo qual as pala-
vras são plasmadas, 
ou seja, trabalhadas, 
seguindo determi-
nados princípios ou 
leis que se aplicam 
diante das mesmas 
circunstâncias. Por 
exemplo: a relação 
entre p/b é um meta-
plasmo, daí cabra/ca-
prino; abelha/apiário. 
Metaplasmo e alo-
morfi a são conceitos 
que se completam.
I - Os signos do zodíaco e seus respectivos adjetivos:
1- Aquário / aquariano (aqua, ae = água).
2 - Peixes / pisciano (piscis, piscis = peixe).
3 - Áries / ariano (aries, arietis = carneiro).
4 - Touro / taurino ( taurus, tauri = touro).
5 - Gêmeos / geminiano ( geminus, i = gêmeo). 
6 - Câncer/ canceriano ( cancer, canceris = caranguejo).
7 - Leão / leonino ( leo, leonis = leão).
8 - Virgem / virginiano ( virgo, virginis = virgem).
9 - Libra / libriano ( libra, librae = balança).
10 - Escorpião / escorpiano (scorpion, scorpionis = 
escorpião).
11- Sagitário / sagitariano (sagitta, sagittae = seta).
12 - Capricórnio / capricorniano (capra, caprae = cabra).
12
Fundamentos da Língua Latina
 II – As formas superlativas dos adjetivos:
1- Amável / amabilíssimo (amabilis, amabile = amável).
2- Amargo / amaríssimo (amarus, amari = amargo).
3- Agudo / acutíssimo (aucutus, acuti = agudo).
4- Azedo / acérrimo (acer, acris, acre = azedo).
5- Cruel / crudelíssimo (crudelis, crudele = cruel).
6- Doce / dulcíssimo (dulcis, dulce = doce).
7- Fiel / fi delíssimo (fi delis, fi dele = fi el).
8- Frio / frigidíssimo (frigidus, frigidi = frio).
9- Nobre / nobilíssimo (nobilis, nobile = nobre).
10- Pobre / paupérrimo (pauper, pauperis = pobre).
ATIVIDADES 
Pesquise em gramáticas e dicionários da língua portuguesa e apresente 
outras formas dos superlativos dos adjetivosque comprovam a retomada 
perfeita do latim no léxico português.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Você encontrará, provavelmente, palavras como negro, cujo superlativo 
é nigérrimo; magro que tanto pode ser macérrimo (marca latina) quanto 
você poderá encontrar a forma magríssimo. Mas não se esqueça de 
que aqui o seu trabalho é buscar a recuperação das formas latinas. 
III – Os elementos químicos da tabela periódica:
1 - Au / ouro (aurus, auri = ouro).
2 - Ag / prata (argentum, argenti = prata).
3 - Cu / cobre (cuprum, cupri = cobre).
4 - Pb / chumbo (plumbum, plumbi = chumbo).
5 - Na / sódio (natrium, natrii = sódio).
13
Importância e atualidade do latim Aula
1IV – Termos do direito
1 - Habeas corpus. (Que tu tenhas corpo livre).
2 - Sub lege. (Sob a lei).
3 - Causa mortis. (A causa da morte).
4 - In dubio, pro reo. (Em caso de dúvida, seja-se a favor do réu).
Sendo o Direito Romano o grande inspirador de leis e princípios no 
ocidente, muitas expressões jurídicas estão recheadas de latim e estão em 
constante uso no cotidiano:
V – A igreja católica imprimiu marcas latinas em expressões reli-
giosas de uso corrente:
1 - Corpus Christi (Corpo de Cristo)
2 - Agnus Dei (Cordeiro de Deus)
3 - Requiem (Descanso).
4 - Mater Christi (Mãe de Cristo)
5 - Via Sacra (Caminho sagrado).
6 - Ora pro nobis (Ora por nós).
7 - Sedes sapientiae (Sede, assento de sabedoria).
VI – Outras expressões latinas já se encontram consagradas e aparecem 
naturalmente implicadas no contexto das frases de língua portuguesa:
1 - Et coetera (etc.) (e as coisas restantes).
2 - Honoris causa (por causa da honra).
3 - Grosso modo (de modo grosseiro, superfi cial).
4 - A priori (a princípio)
5 - In loco (no local).
6 - Ipsis litteris (com as mesmas letras).
7 - Sine die (sem dia).
8 - Vide Bula (vê, observa na bula)
9 - Alibi (outro lugar).
14
Fundamentos da Língua Latina
VII – Certos produtos são colocados no comércio com rótulos em 
língua latina:
1- Plus Vita (mais vida)
2- Natu Nobilis (nascido nobre)
3- Carpe Diem (aproveita o dia!)
4- Lacrima Christi (lágrima de Cristo).
5- Primus (primeiro).
6- Domus (casa).
VIII – Objetos, lugares, estabelecimentos, organizações costumam 
popularizar-se pela marca latina com que são identifi cados:
1- Vade Mecum (vai comigo).
2- Stella maris (estrela do mar).
3- Pueri Pax (paz da criança).
4- Opus Dei (obra de Deus).
5- Agenda, Merenda, Reprimenda, Legenda.
6- Apud (junto de)
7- Ibidem (aí mesmo).
Esses exemplos são apenas algumas demonstrações de quanto o latim 
está presente nas construções do português e de outras línguas, não só 
românicas. É fácil perceber como muitas expressões latinas passaram a 
integrar o discurso de certas áreas do conhecimento humano.
O estudo do latim vai além da necessidade de compreensão dos me-
canismos do português. O latim possui um grande poder de exercitar o 
desenvolvimento do raciocínio, razão pela qual muitos países, cujos idiomas 
não pertencem às origens latinas, incluem, por um período razoável de 
tempo, o ensino do latim entre as disciplinas do currículo de seus alunos. 
Na verdade, o latim é rico em suas formas fl exionais, na diversidade da 
ordem dos termos da oração, na variedade de constru ções de um período, 
aspectos que exigem concentração e oferecem novas possibilidades ao 
pensamento e ao discurso, prevenindo-os contra a aridez intelectual tão 
freqüente até mesmo nas universidades.
Tenha certeza de uma coisa: você estará descobrindo a grande riqueza 
da língua portuguesa, seu vocabulário, a variação de formas dos vocábulos 
de uma mesma família, as noções básicas de etimologia, a compreensão de 
muitos elementos de ortografi a e acentuação, as fl exões de ordem sintática, 
15
Importância e atualidade do latim Aula
1a confi guração semântica de certos termos, enfi m, tenha a certeza de que 
a sua visão da própria língua nunca mais será a mesma.
ATIVIDADES
1. Faça um breve resumo sobre a importância do latim na atualidade.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
A leitura atenta das considerações acima vai dar a você, caro aluno, 
uma visão da importância e atualidade do latim e, com certeza, você 
começará a ter interesse por esta disciplina no currículo de Letras desde 
o momento em que perceber a profunda relação entre o português 
e o latim. O estudo do latim terá resultados surpreendentes no 
desenvolvimento do raciocínio, da argumentação, da lógica, elementos 
básicos para o trato efi ciente com outras áreas do saber.
2. Associe às seguintes palavras latinas os termos conhecidos e em pleno 
uso na atualidade, como no modelo a seguir:
a) Digitus = dedo: digital, digitação, digitador etc.
b) Populus = povo: __________________________________________
c) Signum = sinal: ____________________________________________
d) Manus = mão: ____________________________________________
e) Periculum = perigo: ________________________________________
f) Littera = letra: ____________________________________________
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
É importante você ir percebendo, pouco a pouco, as marcas latinas 
no léxico português. Elas aparecem em muitíssimas palavras. Com o 
tempo, você vai observando, mediante pequenas modifi cações, este 
trânsito entre o latim e o português e o que se pode esperar quando 
as mesmas circunstâncias se repetem. Nisto também se encontra um 
excelente exercício de ortografi a, mas esse assunto estará presente em 
muitos momentos do curso.
16
Fundamentos da Língua Latina
3. Escreva frases em português em cujo contexto se enquadrem perfeita-
mente as seguintes expressões latinas:
a) Pro labore. ______________________________________________
b) Per capita._______________________________________________
c) Sine qua non.____________________________________________
d) Ad referendum. __________________________________________
e) Curriculum Vitae. ________________________________________
f) Vide verso. ______________________________________________
g) Fac simile. ______________________________________________
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Muitas expressões latinas encontram-se perfeitamente incorporadas ao 
exercício da língua portuguesa. Aqui você deve enquadrar as expressões 
acima em contextos específi cos como: As experiências in vitro (em 
vidro, no laboratório) estão facilitando a cura de várias doenças.
Os produtos in natura (na natureza, naturais) garantem outra 
qualidade de vida.
Como você pode observar, essas expressões latinas aparecem nas frases 
e não são traduzidas, mas não difi cultam a sua compreensão. Além de 
construir frases segundo os modelos acima, procure também colocar, 
entre parênteses, o signifi cado das expressões empregadas.
4. O sentido de muitas palavras do português recupera maior vita- lidade 
quando é percebido o signifi cado profundo de suas bases latinas. Assim, 
após tomar conhecimento do signifi cado de certas palavras, interprete o 
que elas imprimem às frases do português: 
a) Os corpos estão todos carbonizados (Carbo, carbonis = carvão). ____
_________________________________________________________
b) Este texto certamente não passou pelo crivo de minha avaliação (Cribrum, 
i = peneira). ________________________________________________
c) A polícia localizou um corpo crivado de balas (Cribrare= peneirar). ___
_________________________________________________________
d) Eu realmente te considero muito (sidus, sideris = astro, planeta, es-
trela)._____________________________________________________
e) Você não consegue discernir o certo do errado. (Cernere = peneirar). 
________________________________________________________
17
Importância e atualidade do latim Aula
1
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
É muito pouco compreender que os corpos carbonizados estão 
queimados. Ora, se carbonizados vem do latim carbo, carbonis, os 
corpos, na realidade,viraram carvão, o que é muito mais forte e mais 
real. Assim pode acontecer com muitas palavras, como as sugeridas 
nesse exercício.
CONCLUSÃO 
Esta aula deve ser o ponto de partida de uma série de apreciações sobre 
o latim. É indispensável que você deseje 
realmente enveredar-se pelo caminho do reconhecimento do papel do 
latim na formação do estudante de Letras. Estes passos vão exigir de você 
total empenho para realizar as tarefas propostas e motivar, daqui por diante, 
a máxima curiosidade para reconhecer a presença do latim em lugares nos 
quais você nunca imaginou que ele estivesse, sobretudo na confi guração do 
léxico português e na facilidade com que das formas evoluídas se faz, em-
bora inconscientemente, um retorno necessário e enriquecedor ao próprio 
vocabulário vernáculo.
Na próxima aula, será realizado um percurso histórico e geográfi co 
mostrando como o latim, antes uma simples língua falada no Lácio, na 
Península Itálica, vai tornar-se uma grande potência lingüística e dar origem 
a outros tantos falares, entre os quais o português.
18
Fundamentos da Língua Latina
RESUMO
Embora identifi cado como “língua morta”, o latim jamais perderá a sua 
importância, cabendo ao profi ssional de Letras reconhecer a sua atualidade nos 
inúmeros traços lingüísticos que o identifi cam em outras línguas e na grande 
contribuição cultural que o faz presente em muitas áreas do saber humano. 
Atualmente, por exemplo, testemunha-se uma grande retomada da 
música gregoriana. Sua maior característica consiste na perfeita combi-
nação entre a melodia de cunho popular, o canto chão como é conhecido, 
e a língua latina que lhe serve de base. 
Outro ponto de revitalização do latim pode ser percebido na quantidade 
considerável de obras recentes tratando da língua latina em si mesma e de 
propostas didáticas que venham facilitar e tornar agradável o seu ensino. 
Por muitas razões, portanto, pode-se dizer que o latim jamais desa-
parecerá. A designação de língua morta que a ele se atribui deve ser em-
pregada com reservas, pois trata-se de um morto que não se acostumou 
com a sepultura.
Música 
gregoriana 
Essa é a música 
adotada pela igreja 
católica há sécu-
los. Recebe este 
nome em alusão 
ao papa Gregório, 
que a estru-turou 
e lhe deu grande 
impulso. Também 
é conhecida como 
can to -chão , ou 
canto-plano, por 
ser especialmente 
concebida para a 
execução popular, 
isto é, sem notas 
muito agudas, nem 
notas muito graves. 
Atualmente o canto 
gregoriano, cujos 
textos são todos em 
latim, estão ampla-
mente divulgados. 
Você pode encon-
t ra r exce len tes 
gravações moder-
nas em maravilho-
sos CDs.
Praemonitus est Praemunitus
“Ecce! Illud accidit eis qui semper ungues mordent!!”
19
Importância e atualidade do latim Aula
1REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática latina. São Paulo: Saraiva, 
1995.
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989.
GONZAGA, Maria Cristina de Brito. Frases de latim forense. São Paulo: 
Livraria de Direito, 1994.
LUIZ, Antônio Filardi. Dicionário de expressões latinas. São Paulo: 
Atlas, 2002.
MACHADO, Luiz. Uma nova visão do latim pelo uso da inteligência. 
Rio de Janeiro: Cidade do Cérebro, 1999.
VIARO, Mário Eduardo. Por trás das palavras. São Paulo: Globo, 2004.
_______. Importância do latim na atualidade. Revista de ciências hu-
manas e sociais. São Paulo: Unisa, v. 1, n. 1, p. 7-12, 1999.
ORIGEM E EXPANSÃO DO
LATIM
META
Situar o espaço histórico-geográfi co onde o latim se originou;
Apresentar as razões que explicam a extensão do latim e das línguas neolatinas entre as quais se 
encontra o português.
OBJETIVOS
Ao fi nal desta aula, o aluno deverá:
reconhecer o processo histórico, político e cultural por cujo meio o latim se expandiu e se diversifi cou;
conceituar substrato, superstrato e adstrato;
identifi car as variedades do latim nas regiões por onde se propagou e a sua pertinência na atualidade; 
e distinguir os fatores externos e internos das variações do latim.
PRÉ-REQUISITOS
Ter em mãos um atlas geográfi co e um livro de História Geral que trate sobre a expansão romana.
Aula
2
Legionários romanos 
(Fonte: http://www.vroma.org).
22
Fundamentos da Língua Latina
INTRODUÇÃO
Na aula 1, você viu a importância e a atualidade do latim, que, apesar 
de ser considerado língua mor-
ta, continua presente na atualidade sob diversas formas. 
Esta aula vai expor o processo de expansão do latim e as circunstâncias 
que favoreceram a sua aquisição como a língua mais importante em várias 
partes do globo.
De uma simples língua primitivamente falada na região do Lácio – Itália 
central – em meados do século VIII a.C., vão ter origem outras tantas atu-
almente conhecidas como neolatinas, novilatinas ou românicas.
O surgimento de tais variações que se afi rmam como novos idiomas 
não ocorreria sem o caráter dinâmico da comunicação. Nesta perspec-
tiva, o ambiente lingüístico e o meio sócio-cultural criaram as condições 
para que aparecessem falares diversos. Cada comunidade adotava o latim, 
somando-o ao seu falar já existente. Daí a diversidade dos falares, na qual 
se acha o português.
Para o estudioso de Letras, o conhecimento do processo de transfor-
mação do latim e o conseqüente surgimento dos diferentes romances pode 
ajudar a melhor compreender a dinâmica das variações que, ainda hoje, 
ocorrem no seio da própria língua portuguesa. Pode-se dizer, então, que, 
de certa maneira, o nosso português hoje vigente é o próprio latim trans-
formado. Aliás, até o português do Brasil apresenta diferenças signifi cativas 
do português de Portugal.
Romances 
Aprenda a distin-
guir romance de 
romântico e ro-
mance de români-
co. Ao primeiro 
termo corresponde 
à concepção da 
maioria das pes-
soas: são as obras 
literárias de fundo 
sentimental, amo-
roso, passional etc. 
O segundo termo, 
também conheci-
do como ro-maço 
ou romance cor-
responde as lin-
guas provenientes 
do latim, a língua 
de Roma. Assim, 
o português é um 
romance, o francês 
é um romance etc.
23
Origem e expansão do latim Aula
2LATIM 
O nome latim associa-se ao lácio, ou seja, o latim é, na sua origem, a 
língua do Lácio, região que hoje 
corresponde à cidade de Roma e suas cercanias.
Os fi lólogos relacionam uma língua a uma determinada família. O 
reconhecimento de algumas semelhanças entre as línguas leva-nos a crer 
na existência de um falar mais antigo do qual se originaram. No contexto 
de uma ampla rede de línguas assemelhadas, o latim pertence à família das 
indo-européias, assim como o osco e o umbro, língua da Úmbria. 
As semelhanças entre esses três idiomas (o latim, o osco e o umbro) 
fazem supor a existência de uma língua única, que se convencionou chamar 
de Itálica, à qual pertencem outros idiomas falados na mesma época.
Mapa do Lácio.
Filólogos 
São aqueles que 
estudam rigorosa-
mente os documen-
tos escritos antigos 
e sua transmissão, 
para estabelecer, 
interpretar e edi-
tar textos. Também 
estudam cientifi-
camente o desen-
volvimento de uma 
língua ou de família 
de línguas, em es-
pecial a pesquisa 
de sua his tór ia 
m o r f o l ó g i c a e 
fonológica baseada 
em documentos es-
critos e na crítica 
dos textos redigidos 
nessas línguas.
Osco
Língua do Sâmnio 
(Samnium) e da 
Cam-pânia (Cam-
pania).
24
Fundamentos da Língua Latina
Em perspectiva mais ampla, o grupo das Itálicas pertenceria a uma 
família bem maior à qual se relacionariam todas as línguas oriundas do 
hipotético indo-europeu. É esta uma tentativa de buscar uma língua comum 
que teria dado origem a uma grande parte dos falares da humanidade. Em 
resumo: o latim é uma língua do grupo Itálico da família indo-européia 
à qual também pertencem outros grupos: o índio,o irânio, o armênio, o 
frígio, o hitita, o tocário, o grego, o albanês, o ilírio, o celta, o germânico, 
o báltico e o eslavo.
O conceito de línguas indo-européias refere-se, pois, aos grandes gru-
pos de línguas acima destacados, que são faladas hoje na Europa e em parte 
da Ásia. Tais idiomas, incluindo, pois, os do grupo itálico a que pertence o 
latim, encontram-se aparentados entre si como se fossem todos derivados 
de uma fala antiqüíssima e mãe comum de todos eles. Esta língua ancestral 
e hipotética não se conserva na atualidade, e ninguém sabe como ela era 
exatamente. Entretanto, é possível afi rmar que a língua indo-européia existiu, 
num determinado momento da nossa história, pois os fi lólogos, através de 
comparações de textos antigos, a reconstituíram observando os pontos em 
comum entre todos esses dialetos.
Eles supuseram que o indo-europeu foi falado por um grupo que se 
dispersou, alguns milênios antes da era cristã, por motivos até hoje descon-
hecidos, espalhando-se pela Europa e pela Ásia onde o primitivo idioma se 
disseminou e se diversifi cou. Resumindo: o termo língua indo-européia, ou 
proto-língua, refere-se à língua primitiva ou fundamental. Todas as outras 
que dela se originam são identi-
fi cadas como dialetos ou línguas 
indo-européias.
Tais línguas aparentadas entre 
si formam o que se chama Tronco 
Lingüístico Indo-europeu e a cada 
grupo daí proveniente se pode 
particularizar mediante expressões, 
como: indo-germânicas, indo-
celtas, indo-irânico etc. O latim é, 
portanto, língua indo-européia, do 
grupo indo-itálico. 
A história do latim também 
não foi diferente. Durante o longo 
período em que foi utilizado como 
língua viva, sofreu profundas 
transformações, o que se deve ao 
próprio caráter dinâmico e evolu-
tivo das línguas. O latim foi levado 
a todos os territórios conquistados 
pelos romanos e, dessa maneira, a 
Ancestral 
Aquilo que per-
tence aos antepas-
sados, tudo quanto 
se refere à cultura 
e costumes antigos.
Hipotética
Algo que está sob 
hipótese, ou seja, 
carente de provas e 
demonstrações que 
garantam a veracid-
ade dos fatos.
25
Origem e expansão do latim Aula
2língua originariamente falada no Lácio e em outras regiões da Itália nunca 
mais foi a mesma.
Roma e todo o seu império não tinham preocupações com sua própria 
língua em relação às políticas de imposição aos novos povos dominados 
por eles. As tropas romanas não se deslocavam para divulgar a língua latina. 
Eles estavam interessados, na maioria das vezes, em conquistar mais terras 
para aumentar seu poder econômico e político. 
 O latim vai, por assim dizer, na bagagem dos conquistadores e coloniza-
dores. Essa língua que saía de Roma junto com seus soldados, funcionários da 
administração, comerciantes, artesãos era a língua popular, o sermo vulgaris 
em oposição ao sermo urbanus, ou seja, o falar das classes eruditas, dos escri-
tores e oradores, conhecido e utilizado por um número limitado de habitantes.
Como se percebe, já existiam variações dentro do próprio latim e foi 
esse latim das classes populares que se espalhou pelos domínios de Roma. 
Da mesma forma, percebemos essas variações em nossa língua atual. Tanto 
você pode dizer “nós vamos”, como “a gente vai”. As duas formas estão 
corretas sob o ponto de vista do uso padrão da língua portuguesa. Mas 
sabemos que a forma “a gente vai” é mais popular, é mais coloquial do que 
a forma “nós vamos”. 
Sermo vulgaris 
Também chama-
do de latim pop-
ular, rústico e 
vulgar, era uti-
lizado pelo povo 
s e m g r a n d e s 
preocupações 
quanto ao uso 
erudito.
Sermo urbanus
Também conhe-
cido como latim 
clássico, literário 
ou erudito, era 
a língua dos es-
critores e ora-
dores, a exemplo 
de César, Cícero, 
Virgílio, Horácio, 
Tito Lívio etc.
Expansão do latim no Mundo Ocidental (Fonte: www.geocities.com).
26
Fundamentos da Língua Latina
Para melhor entendermos a transformação progressiva do latim, é 
necessário conhecermos as diversas fases ou momentos classifi cados de 
acordo com os períodos históricos de sua evolução. A primeira delas é o 
período pré-histórico. Essa denominação foi dada ao momento em que a 
língua latina fora usada nos primeiros tempos, ou seja, por volta do séc. VIII 
a.C. Depois, ele foi suplantando os outros falares da região e estendeu-se 
por toda a península itálica.
Nos fi ns do III século a. C., começam as conquistas romanas em ter-
ritórios que comportam praticamente toda a Europa Ocidental e parte da 
Europa Oriental, o Norte da África e as regiões da Ásia Menor.
ATIVIDADES
 Destaque as razões que levaram o latim a tornar-se a língua da Península 
Itálica, de grande parte da Europa e de algumas faixas da África do Norte.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
O latim, por se tratar de uma língua, não foi sozinho a nenhum lugar. 
Os soldados romanos, que falavam o latim vulgar, ao conquistarem as 
terras da Península Itálica, de grande parte da Europa e de algumas faixas 
da África do Norte, levavam consigo sua língua. Daí o latim ser falado 
nessas regiões. Em outras palavras, as causas da expansão do latim no 
mundo estão diretamente ligadas à expansão do Império Romano.
O latim, inicialmente, sofreu infl uência do etrusco (língua não indo-
européia), do gaulês e, sobretudo, do grego cuja cultura os romanos pro-
curavam imitar e assimilar.
Nos períodos da República e do Império, a língua latina já apresentava 
dois níveis fundamentais: o sermo urbanus e o sermo vulgaris. Foi o latim 
vulgar que saiu de Roma para representar a língua do invasor, do dominador 
e para ser prestigiado e imitado pelos povos dominados.
Períodos do Império Romano
Monarquia: séculos VIII a V a.C.;
República: séculos V a II a.C.;
Império: séculos I a.C. a século V d.C;
No século V. d.C., precisamente em 476, acontece a queda do 
Império Romano do Ocidente.
27
Origem e expansão do latim Aula
2ATIVIDADES
Caracterize os níveis fundamentais da língua latina.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Da mesma forma que temos uma língua culta e uma outra menos 
formal, o latim também apresentava esses dois níveis: o erudito que 
se empregava na literatura dos grandes oradores, pois obedecia às 
normas gramaticais da escrita; e o popular que não possuía uma forma 
escrita e, dessa maneira, era menos rígido e muito mais variado do que 
o latim clássico.
Assim, qualquer dialeto que já era falado pelas comunidades invadidas 
pelos romanos era denominada de substrato, quer dizer, a língua de base de 
uma população, pois, em nenhum dos territórios conquistados, os romanos 
teriam encontrado um povo mudo, sem qualquer expressão lingüística de 
suas comunicações.
O latim, por sua vez, aparece como superstrato, a língua que vem de 
fora, de cima, falada por um menor número de pessoas, mas com grande 
poder político e econômico, o que leva a superar paulatinamente os idiomas 
nativos. Do contato da língua do invasor romano com cada substrato, vão 
surgir os romanços ou romances, as novas línguas fi lhas do latim, dentre 
elas, o português.
Muitas vezes, observa-se uma convivência natural e sem atritos entre 
idiomas, situação em que perduram contribuições paralelas com elementos 
que vêm de ambos os lados. A isso denomina-se de adstrato, persistindo, 
num mesmo ambiente lingüístico, características diferenciadas nas quais 
se percebem origens distintas como tantas vezes aconteceu no contato do 
latim com o grego.
28
Fundamentos da Língua Latina
CONCLUSÃO 
A expansão do latim em grande parte do mundo, ainda que tenha 
transformado em falares diversos, é, com 
certeza, bem mais signifi cativa do que o seria se estivesse permanecido 
no território de origem. Sem o movimento dos romanos para o exterior, 
provavelmente não aconteceriam as grandes transformações do latim e 
nem o extraordinárioefeito multiplicador, hoje confi rmado por grande 
parte das línguas modernas.
RESUMO
Esta aula forneceu bases para bem situar o latim, suas origens e sua 
expansão. O reconhecimento dos espaços geográfi cos e da periodização 
histórica contribui para uma visualização mais ampla, não somente do fator 
lingüístico, mas de todo o contexto cultural, político, econômico e social que 
fez a língua de Roma tornar-se um idioma importante pela grande herança 
que deixou para a humanidade. O latim foi levado a pontos distantes do 
seu território de origem e teve grande efeito na formação de outras línguas, 
dada a aproximação com outras culturas para as quais serviu de superstrato 
lingüístico. O conhecimento dessa realidade leva a perceber como o dina-
mismo das línguas vivas proporciona grandes variações num processo que 
até hoje se verifi ca com o desenvolvimento das línguas modernas. O nosso 
português é o próprio latim transformado. 
29
Origem e expansão do latim Aula
2
Gratias ante Cenam
Viator quidam, dum iter per siluam 
facit, leoni occurrit uitam petens geni-
bus nixus est. Nihil tamen factum est, 
sed ubi aperuit leonem quoque genibus 
nixum uidit.
Viator, “Tunc quoque,” inquit, “uitam 
petis?”
Leo, “Minime uero”, inquit, “Gratias 
ante cenam ago.”
ATIVIDADES
A leitura atenta das considerações expostas e a visualização dos mapas 
e gráfi cos vão permitir a você, caro aluno, atingir a meta aqui proposta. 
Observe com atenção esses recursos didáticos, procurando compreender 
os dados que eles querem transmitir. É de suma importância situar histórica 
e geografi camente as origens e a expansão do latim e compreender a con-
ceituação básica que envolve a questão de sua diversifi cação em outros 
idiomas, até para melhor captar a confi guração da língua portuguesa e toda 
a dinâmica da variação, assunto em grande pauta na atualidade.
1. Agora marque com um x as afi rmações corretas:
a) Na Península Ibérica dominada pelos romanos, o latim se classifi ca como 
língua de substrato ( ).
b) O basco é uma língua indo-européia. ( ).
c) O grego moderno pertence ao grupo helênico das línguas indo-européias.
d) Grande parte da valorização do latim se deve à importância que a Igreja 
Católica lhe conferiu. ( )
e) As línguas românicas derivam do latim pelos bons escritos dos autores 
clássicos. ( ).
f ) Mesmo com todo o poderio de Roma, o latim jamais conseguiu desbancar 
defi nitivamente o grego. ( )
g) Os romanos tinham sérias preocupações lingüísticas entre as suas am-
bições de domínio sobre o mundo. ( )
30
Fundamentos da Língua Latina
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Você deve, com certeza, ter marcado os itens c,d e f. Isto porque, ao que 
se sabe, entre famílias linguísticas do indo-europeu, o grego pertence 
ao grupo helênico. O latim deve muito ao grego e os romanos têm 
na civilização Helênica muitas bases para defi nir a sua própria cultura 
. Muitas vezes aparece a expressão greo-romana como destaque para 
as fortes semelhanças entre as duas culturas, sendo, porém, muito 
grande a dívida do latim em relação ao grego.
Helênico 
Esta palavra e out-
ras como helenis-
mo, hele-nístico, 
helenização etc., 
dizem respeito às 
considerações so-
bre a infl uência da 
Grécia para a cul-
tura do mundo.
2. Sem qualquer recurso de dicionário, tente decifrar o que querem dizer 
as frases latinas a seguir:
a) Roma est in Italia. 
b) Italia poeninsula longa est. 
c) Sicilia insula magna et agradabilis est.
d) Rosa esta alba est rubra.
e) Aquila non captat muscas.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Você conseguiu traduzir as frases da questão 2? Veja que elas não são 
difíceis porque se parecem muito com o nosso português. A primeira 
frase, por exemplo, signifi ca Roma está na Itália. Observe como se 
assemelha ao português. A curiosidade é o verbo “ser” (est) também 
aparecer com o sentido de “estar”, o que não é novidade, pois no 
português isso também acontece: “O senhor é (está) convosco”. 
“Deus seja (esteja) contigo” etc. Cabe a você buscar nas outras frases 
a compreensão do latim a partir das semelhanças com o português.
3. Nas palavras destacadas das frases da questão 2, reconheça semelhanças 
entre o latim e o português:
INSULA / MAGNA / AGRADABILIS / ALBA / RUBRA / AQUILA 
/ CAPTAT.
4. Estabeleça correlação entre as palavras latinas e os termos que aparecem 
destacados nas frases portuguesas:
a) Ele é obrigado a tomar INSULINA todos os a dias.
b) Algum estado brasileiro tem capital INSULAR? 
c) Você possui um espírito MAGNÂNIMO.
31
Origem e expansão do latim Aula
2d) A raça ALBINA sofre com a luminosidade.
e) Aquele rapaz tem nariz AQUILINO.
f) CAPTASTE o que eu te disse?
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Viu que foi o latim a língua base da nossa língua? A insulina, por 
exemplo, é uma palavra que vem do latim insùla,ae que signifi ca ilha, 
porque essa substância (a insulina) é secretada numa área do pâncreas 
chamada ilhotas de Langerhans. Insular também é uma palavra que 
tem a mesma origem de insulina, ou seja, uma capital insular signifi ca 
uma capital que é uma ilha. Alguém que tem um espírito magnânimo 
é alguém bondoso, generoso, grandioso. Essa palavra tem a sua base 
no latim magnus, a, um que signifi ca grande, nobre e generoso. Daí, 
Carlos Magno, quer dizer, Carlos o Grande. O mesmo se diga de Leão 
Magno, Gregório Magno e de tantos termos que possuem a mesma 
raiz: magnânimo, magnífi co, magnitude, magnifi cência etc. Tente fazer 
o mesmo com as outras palavras.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989.
COMBA, Júlio. Gramática latina. São Paulo: Salesiana, 1981.
SOARES, João S.. Latim 1 – Iniciação ao latim e à civilização romana. 
Coimbra: Almedina, 1999.
TARALLO, Fernando. Tempos lingüísticos. São Paulo: Ática, 1994.
ALFABETO E FONOLOGIA 
DO LATIM
META
Apresentar os sons da língua latina e as suas possíveis pronúncias;
Demonstrar a posição do acento tônico pela quantidade de tempo que a pronúncia de cada sílaba 
requer.
OBJETIVOS
Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: 
identifi car os elementos fonéticos que compõem a língua latina;
reonhecer o alfabeto latino e a sua relação com o alfabeto português;
relacionar as pronúncias latinas entre si, reconhecendo particularidades na articulação das 
sílabas; e identifi car as posições do acento latino, em conformidade com as noções da quantidade 
de tempo que se deve demorar em cada sílaba.
PRÉ-REQUISITOS
Leitura das aulas 1 e 2.
Aula
3
34
Fundamentos da Língua Latina
INTRODUÇÃO 
Caro aluno, o reconhecimento dos sons é o primeiro momento de 
contato com uma nova língua. Se você 
estuda uma língua moderna, este trabalho torna-se mais fácil porque 
hoje são muitos os recursos para captar, na mais perfeita sutileza, os dife-
rentes sons ou fonemas que compõem uma língua. 
Quando se trata de línguas antigas, mortas ou desaparecidas, essa tarefa 
se mostra bem mais complexa, devido à inexistência ou total carência de 
registros de toda ordem, sendo os registros sonoros inteiramente impossíveis 
de se obter. Parece complexa a tarefa de identifi car os sons de uma língua 
antiga, uma vez que não se dispõe de provas registradas da modalidade oral 
da língua antiga que se deseja conhecer. 
O ensino das línguas contemporâneas desconhece esse problema, so-
bretudo depois dos grandes avanços na arte de registrar os sons. No caso 
específi co do latim, porém, a tarefa é, de certa forma, simplifi cada, haja 
vista as considerações de gramáticos romanos que se ocuparam do assunto 
fornecendo descrições dos fonemas da língua em certas épocas.
As três pronúncias latinas aqui apresentadas são hipóteses, sendo 
permitida qualquer uma delas à escolha de quem pratica o latim. Ainda 
assim, recomenda-se, para facilitar ao máximo os estudos,que o estudante 
se atenha a uma delas. Convém, no entanto, dizer que a pronúncia tradi-
cional é aquela à qual os ouvidos já estão habituados, não causando muita 
estranheza ao principiante.
35
Alfabeto e fonologia do latim Aula
3ALFABETO E FONOLOGIA 
O alfabeto latino foi adaptado do alfabeto grego por ter sido este levado 
a Roma pelos etruscos, os quais o 
utilizaram relativamente muito cedo, como atestam as primeiras 
inscrições do século VII ou VI a.C. Por muito tempo, o alfabeto latino 
constou de 21 letras:
a/b/c/d/e/f/g/h/i/k/l/m/n/o/p/q/r/ s/t/u/x. 
No século I a. C., a fi m de transcrever certas palavras gregas, as letras 
/y/ e /z/ foram acrescentadas ao alfabeto, que passou a conter 23 letras.
Como se percebe, as letras /j/ e /v/ não existiam no alfabeto original. 
A função dessas letras até hoje associadas, respectivamente, ao /i/ e ao /u/ 
pode ser notada em palavras nas quais constituem exemplos de alomorfi as. 
Por exemplo, a inscrição posta sobre a cabeça do Cristo crucifi cado “INRI” 
traduz Jesus Nazareno Rei dos Judeus e aí se tem o /i/ substituindo o /j/, 
assim como se tem no léxico atual a variação das formas /maior/ e /major/ 
para dizer exatamente o mesmo conceito.
No que diz respeito à relação /u/ e /v/, tem-se:
riuus > rivus > rival
neurologia > nevralgia
Observem-se também as possibilidades de pronúncia da letra w, ora 
relacionando-a ao /u/, como é o caso de Wellington, ora relacionando-a 
ao /v/, como em Walter.
As consoantes /x/ e /z/ são duplas e têm o som /ks/ e /dz/, respec-
tivamente.
A fi m de evitar confusão no uso do latim, aqui será apresentada a 
pronúncia tradicional, cabendo a você, estudante, realizar pesquisas e 
estabelecer paralelismos, a fi m de perceber as diferentes possibilidades de 
pronúncia. 
Entenda, porém, que esse é um elemento secundário para quem quer 
conhecer o latim. E tenha certeza de que, aos poucos, você estará habitu-
ado com a maneira de pronunciar as palavras, reconhecendo que você já 
dominava grande parte do conhecimento nesta área. 
A Pronúncia Tradicional difere da pronúncia do português nestes casos:
1. Os ditongos ae e oe soam e:
Exemplo: Regina Coeli (céli), Curriculum vitae (vite) e et coetera (et 
cétera). O uso do trema (¨) serve para desfazer o ditongo nos casos acima. 
Ex: Pöeta.
2. Os grupos ch, ph e th soam respectivamente k, f, t: 
Ex.: brachium (brákium), philosophus (fi lósofus) e thesaurus (tesáurus).
3. A sílaba ti, quando seguida de vogal, soa ci : laetitia (Letícia). Esta sílaba, 
porém, embora seguida de vogal, soa igual ao português, quando está no 
início da palavra ou quando é precedida por s, x ou t: tiara, ostium, mixtio, 
Alomorfi as 
Termos que dizem 
o mesmo conceito, 
na mesma família, 
apenas tendo alter-
nados os metaplas-
mos.
36
Fundamentos da Língua Latina
Bruttium.
4. A vogal u soa sempre: quintus (qüintus).
5. O x soa ks e o y soa i: exemplum (eksemplum), Lyra (lira).
Observações gerais:
a) Evite-se o som mudo do e e do o, e todo som nasal, ou seja, e é sempre e, 
o é sempre o e não como em português (menino = mininu). Assim mare 
(mare e não mari), dono (dóno e não dônu), amamus (amámus e não amâmus).
b) Pronunciem-se todas as consoantes, também as geminadas, mas não 
se acrescente nenhum outro som.: Stella (sté-la e não Estela).
c) O m fi nal soa como na palavra inglesa him e não como em jardim.
ACENTUAÇÃO DAS PALAVRAS
Em latim, como em outras línguas, a sílaba é formada por um conjunto 
de fonemas pronunciados em uma só emissão de voz. Assim, a sílaba pode 
ser representada por uma só vogal (a-mo), por um ditongo (ae-ter-nus, 
au-rum, Eu-ro-pa) ou por conjuntos de uma ou duas sílabas consoantes 
mais vogal ou ditongo (ro-sas, pra-tum, coe-lum, proe-li-um) ou conjun-
tos terminados por consoantes (for-tis). Se terminar em vogal, a sílaba é 
chamada aberta e, terminando em consoante, a sílaba é chamada fechada.
Para defi nir a posição da sílaba tônica nas palavras, o latim trabalha com 
a noção de quantidade. A língua desconhece os acentos à semelhança do 
português. Apenas duas marcas indicam se a tônica deve estar no mesmo 
lugar do indicativo da quantidade ou se deve recuar para a sílaba anterior. 
Também desconhece a posição da tônica 
na última sílaba. Assim, o latim não pos-
sui palavras oxítonas e, tal como em 
português, a sílaba tônica jamais virá 
antes da proparoxítona. 
Em que consiste a quantidade?
Esse elemento de prosódia que se 
perdeu nas línguas românicas representa 
a duração de vogais ou sílabas, que po-
dem ser longas ( __ ) ou breves . Uma 
vogal ou sílaba longa leva o dobro do 
tempo de uma vogal ou sílaba breve para 
ser articulada.
Portanto, uma longa equivale a duas 
breves: __ =. Você pode pensar na teo-
ria musical e fazer a mesma relação de 
valores: uma semibreve equivale a duas 
mínimas; uma mínima equivale a duas 
colcheias e assim sucessivamente.
Geminadas 
Geminadas são as 
consoantes gêmeas, 
ou seja, que apa-
recem duplicadas 
numa sílaba. Ex.: 
illuminatio.
Oxítonas 
São aquelas em que 
a sílaba tônica re-
cai sobre a última, 
como em café, caju, 
abacaxi etc.
37
Alfabeto e fonologia do latim Aula
3Você vai notar, ao logo do curso, que o latim tem pronúncias diferen-
tes, mas que não perturbam a compreensão do texto oral. Na escrita, essas 
marcas já vêm impressas e basta um pouco de atenção para situar a tônica 
no seu devido lugar, conforme a orientação seguinte:
 Onde estiver a marca da longa, aí também estará a tônica: docere = docére.
 E onde estiver a marca da breve, a tônica virá para a sílaba anterior: 
discere = díscere. Esses exemplos são de fácil associação, pois, no primeiro, 
trata-se do verbo ensinar e, no segundo, do verbo aprender.
A QUANTIDADE E SUAS REGRAS
Aqui você terá uma breve noção de como as sílabas são consideradas 
em latim. Este é um dos assuntos mais difíceis no trato com a língua, pois 
comporta uma centena de regras, todas bastante complicadas. Em muitos 
textos, tentando facilitar a compreensão do acento latino, costuma-se 
recorrer ao mesmo sinal do português, o acento agudo ( ´). Você vai ver 
muito este procedimento em textos que servem de base para os ofícios, 
celebrações e documentos da Igreja Católica: Dóminus, pópulus, árborem 
etc. Esta postura, no entanto, não é recomendável, visto que o latim não 
possui este tipo de acento. 
A difi culdade, contudo, só existe para as palavras com três ou mais 
sílabas. Os outros casos são de fácil solução. Como foi dito, o acento não 
vai jamais para a última sílaba. Nesse caso, se a palavra só tem duas sílabas, 
ela será sempre paroxítona. O problema está nas palavras com três ou mais 
sílabas, as quais podem ter a tônica na penúltima ou na antepenúltima. 
Neste caso, a atenção deve ser maior, sobretudo se a marca da quantidade 
não estiver grafada. Para tanto, algumas orientações se fazem necessárias:
a - Em princípio, uma vogal é breve quando é seguida de outra vogal: cus-
todiam, pueros, Amulius.
b - Uma sílaba pode ser longa por natureza ou por posição. É longa por 
natureza se contém uma 
vogal longa ou um ditongo: 
Roma, Rex, Rheam, misit, 
amoena. É longa por posição 
se a vogal é seguida por duas 
consoantes (exceto oclusiva 
seguida de líquida) ou de 
uma consoante dupla ou 
geminada: custodiam, infan-
tes, postea, mitto, examen.
Ao contrário do que 
veio a acontecer nas línguas 
neolatinas em que o acento é 
38
Fundamentos da Língua Latina
de intensidade, o acento em latim era de altura ou melódico e só, secundari-
amente, de intensidade.
A tendência, porém, já predominava, desde o século V d.C., não só para 
o acento de intensidade como também para tornar-se norma tanto no latim 
culto quanto no latim vulgar. Assim, as marcas de altura e de quantidade 
foram desaparecendo e hoje se pronunciao latim como se pronuncia o 
português, imprimindo maior força à sílaba tônica. 
 Você vai reconhecer como é difícil distinguir na pronúncia as sílabas 
breves das longas, mas uma breve noção pode elucidar parte do problema. 
eram (eram = breve) por oposição a Felix ( felix = longa).
 opera ( ópera = breve) por oposição a Roma (Roma = longa).
A quantidade da penúltima sílaba, porém, é fundamental para a orto-
fonia do latim em palavras com 3 ou mais sílabas. Assim:
a) O acento recai sobre a penúltima sílaba, se esta for longa: infantes, 
Palatino.
b) O acento recai sobre a antepenúltima, se a penúltima for breve: Amulis, 
custodiam, pueros, Romulus, condidit.
c) Nas palavras de duas sílabas, o acento sempre recai sobre a penúltima: 
Rheam, dedit.
Eis a razão pela qual, em português, a maioria das palavras tem o acento 
na penúltima sílaba.
ATIVIDADES
1. Pesquise as três pronúncias possíveis do latim e estabeleça um quadro 
de comparações:
Ortofonia 
orto= correto; fo-
nia= som. Daí, or-
tofonia significa 
pronúncia correta.
CONCLUSÃO 
A incomparável clareza do alfabeto latino não impõe muitas difi cul-
dades para um leitor contemporâneo, em-
bora não seja possível determinar a pronúncia exata da língua latina 
no tempo dos romanos.
39
Alfabeto e fonologia do latim Aula
3RESUMO
Num primeiro contato com uma língua, um dos aspectos mais impor-
tantes é o reconhecimento dos sons que a compõem. Assim, no latim, o 
alfabeto foi adaptado do Grego, e somente depois de algum tempo é que 
teremos as 23 letras que já conhecemos hoje. O maior problema está na 
pronúncia, uma vez que não temos registros orais, mas as descrições feitas 
pelos romanos acerca dos fonemas da língua contribuíram signifi cantemente 
para os estudos posteriores do latim. A pronúncia tradicional prevê deter-
minadas regras, às vezes, diferindo das regras do português, como é o caso 
dos ditongos /ae/ que se pronunciam /oe/ em latim; às vezes, respeitando, 
imitando-as, como é o caso da acentuação de algumas palavras paroxítonas.
ATIVIDADES
2. Colecione palavras com acentos em posições variadas e relacione-as 
entre si.
REFERÊNCIAS 
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989.
COMBA, Júlio. Gramática latina. São Paulo: Salesiana D. Bosco, 1981.
MACHADO, Luiz. Uma nova visão do latim pelo uso da inteligência. 
Rio de Janeiro: Cidade do Cérebro, 1999.
SOARES, João S. Latim 1 - Iniciação ao latim e à civilização romana. 
Coimbra: Almadina, 1999.
ANÁLISE SINTÁTICA E 
ARTICULAÇÃO DAS PALAVRAS 
EM LATIM
META
Revisar os conhecimentos de análise sintática para os estudos da língua latina;
Demonstrar a associação de funções e casos no contexto das frases latinas.
OBJETIVOS
Ao fi nal desta aula, o aluno deverá:
avaliar o funcionamento de uma língua fl exional;
reconhecer a ligação entre análise sintática e língua latina; e
descrever os casos latinos e sua distribuição nas diferentes funções da sintaxe.
PRÉ-REQUISITOS
Leitura das aulas anteriores e conhecimentos básicos de análise sintática, segundo as normas 
gramaticais.
Aula
4
Sintaxe espacial (Fonte: http://urbanidades.arq.br).
42
Fundamentos da Língua Latina
INTRODUÇÃO 
Caro aluno(a), na língua latina, as palavras variáveis não possuem apenas 
duas formas – uma do singular, outra 
do plural – como acontece com as línguas modernas. Certas línguas 
antigas, como o latim e o grego, são consideradas fl exionais, pois as ter-
minações das palavras devem variar de acordo com a função sintática que 
elas exerçam na frase. 
Assim, jamais você vai ter certeza da terminação de uma palavra se 
não conhecer a sua posição sintática na frase e, para isso, você precisa ter 
um conhecimento seguro de análise sintática. 
Essa exigência não vai parecer tão árdua se você estiver disposto a re-
visar um assunto que, certamente, já foi estudado diversas vezes na escola. 
Por outro lado, aproveite a ocasião e tente assimilar o conhecimento desse 
assunto para nunca mais esquecer.
Começamos, pois, com um trabalho de revisão de análise sintática de 
acordo com as normas da gramática tradicional. Não procure decorar re-
gras, tente apenas entender os conceitos e exercitar a sua aplicação prática 
em qualquer circunstância. Se você, por exemplo, assimilou o que seja um 
objeto direto, um adjunto adnominal etc., não há como não reconhecê-los 
no contexto das frases. O domínio deste conhecimento é indispensável 
para trabalhar o latim.
(Fonte: http://img362.imageshack.us).
43
Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula
4ANÁLISE SINTÁTICA E ARTICULAÇÃO 
Os estudos de gramática apresentam duas possibilidades de análise 
das palavras. Uma delas é a morfológica, tradicionalmente chamada de 
análise léxica, em cuja prática são detectadas e explicadas as classes a que 
as palavras pertencem, bem como as suas diferentes partes – prefi xos, 
radicais, sufi xos, vogais de ligação, desinências - que, somadas, formam um 
conjunto harmonioso, ou seja, a confi guração fi nal com que as palavras 
são usadas pelos falantes. Esse tipo de análise será visto na aula 19, quando 
trataremos do processo de formação das palavras. No entanto, durante o 
desenvolvimento do curso, você irá tomando conhecimento desse processo, 
haja vista a necessidade de conhecer os componentes imediatos da palavra 
para exercitar a aplicação de desinências ao radical.
Nesta aula, porém, o seu interesse deve concentrar-se na identifi cação 
das funções sintáticas que as palavras assumem nas frases para relacioná-
las entre si e imprimir sentido à sentença. Para trabalhar as palavras latinas, 
você precisa ter um bom conhecimento de análise sintática. 
Observe como a função sintática interfere na forma das palavras. Você 
já deve ter visto as expressões latinas que são apresentadas a seguir. Nelas 
a palavra DEUS vai aparecer em formas variadas a depender da função 
sintática exercida na frase. Em português, não haveria qualquer alteração, 
seria a forma DEUS para qualquer função. No latim, é diferente. Observe:
a) DEUSdet ou DEUSdedit (nomes de pessoas – signifi cando (que) Deus 
dê ou (foi) Deus (que) deu. Como sujeito das duas frases, a forma é DEUS.
b) Agnus DEI (signifi ca Cordeiro DE DEUS (divino). Na função de ad-
junto adnominal restritivo, a forma DEUS que serviu para o sujeito nas 
frases anteriores, já não serve mais para esta frase. A forma correta é DEI.
c) DEO gratias ( quer dizer graças A DEUS ). A palavra Deus agora é um 
objeto indireto e deve ser escrita DEO.
d) Te DEUM laudamos (parte de um canto de ação de graças (louvamos-te 
Deus). Agora, como objeto direto, a forma da palavra já deve ser DEUM.
 O exemplo acima é apenas 
um demonstrativo de como o latim 
trabalha suas palavras. Imagine que 
esse processo deve ser feito com 
todas as palavras variáveis, de modo 
especial, substantivos e adjetivos. 
Não adianta, portanto, decorar 
uma única forma de cada palavra e 
nem se desesperar imaginando uma 
loucura de formas para assimilar. 
Fique tranqüilo! Você não vai 
precisar memorizar nada. Você 
Morfológica 
Diz respeito às for-
mas que as palavras 
apresentam na lin-
guagem. Nesse es-
tudo são analisadas 
as configurações 
de gênero, número, 
classes e os proces-
sos de formação a 
que obedecem as 
palavras.
Léxica
Repertório de pala-
vras de uma língua, 
o inventário de to-
dos os termos usa-
dos para a efetiva-
ção de uma língua.
Sintática
Combinação entre 
funções devidam-
ente reconhecidas 
para, fi nalmente, ser 
possível a comuni-
cação além da sim-
ples palavra isolada 
e no contexto mais 
amplo da frase.
Criação de Adão (detalhe), de Michelangelo (Fonte: http://studentorgani-
zations.missouristate.edu).
44
Fundamentos da Língua Latina
receberá um quadro em que todas as formas estarão contidas.Se você souber 
análise sintática e estiver bem certo da função das palavras nas frases, irá 
buscar no lugar certo do quadro aquela forma que lhe interessa, naquele 
momento, para aquela frase específi ca. 
Certamente não é um trabalho muito fácil, sobretudo pela falta de 
segurança em análise sintática, assunto já tantas vezes estudado. Tenha 
certeza de uma coisa: será bem mais difícil a questão da sintaxe do que do 
próprio latim em si mesmo. 
O terror do latim sempre foi a obrigação de saber de cor as declina-
ções, os verbos. Esse método está superado, embora muitos mestres ainda 
o adotem – até por certo prazer doentio de mostrar que os alunos nada 
sabem. Fazendo isso, estão desestimulando os alunos e negando ao latim as 
boas chances de ser uma disciplina agradável, leve, cuja necessidade, pelo 
menos nos cursos de Letras, é inquestionável. 
Portanto, nada de decoreba! Importante é saber consultar, é saber 
buscar no lugar certo, depois de ter plena consciência da função de cada 
palavra na frase em apreço. 
REVISANDO A ANÁLISE SINTÁTICA
Para o estudo do latim, é indispensável conhecer os termos da oração, 
ou seja, de uma palavra ou conjunto de palavras com que se exprime o 
pensamento.
As gramáticas são unânimes em referir-se aos termos da oração por 
ordem de importância: 
Essenciais > Integrantes >Acessórios.
Aqui se faz uma proposta em que alguns dados podem ajudar a mel-
hor compreender o assunto. Por ordem de importância, observe sinais e 
números e a própria designação usada para cada termo:
1. + (mais) Essenciais: signifi ca dizer que não se pode expressar um pensam-
ento sem estes termos. Eles demonstram o que é a essência da comunicação. 
São eles o sujeito e o predicado. 
2. + ou – (mais ou menos) Integrantes ou Complementares: signifi ca dizer 
que eles ajudam, completam o pensamento, mas não são totalmente ne-
cessários. Sem eles, a frase fi ca sem complemento, mas não sem a essência. 
São eles: o objeto direto, o objeto indireto, o complemento nominal e o 
agente da passiva.
3. – (menos) Acessórios: signifi ca dizer que eles não têm grande importância 
na compreensão da frase; funcionam como enfeites. São eles: o adjunto 
adnominal, o adjunto adverbial e o aposto (o vocativo é analisado como 
um caso à parte, mas muitos o concebem como termo acessório).
 O estudo do latim vai exigir de você um completo senso de identifi -
cação de cada termo. Aqui não é conveniente fazer uma revisão completa 
45
Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula
4do assunto, mas procure entender o verda deiro signifi cado de cada termo 
e muitas difi culdades desaparecerão. Por exemplo:
TERMOS ESSENCIAIS
Sujeito – para o latim, não importa se é o que sofre ou pratica a ação. 
Importa que ele é sub-jectus, ou seja, o que está lançado por baixo da ação 
verbal. Assim, em frases como “Pedro caiu”, “Pedro morreu”, “Pedro 
comprou”, “Pedro gosta”, “Pedro concede”, por baixo da ação verbal está 
o sujeito “Pedro”.
Predicado – é o que diz, é o que se prega. Praedicare é dizer, falar. Nas 
frases acima, os verbos são os predicados. O que se pregou, se falou de 
Pedro é que ele caiu, morreu, comprou etc. Certamente não faz parte da 
essência do predicado informar se ele caiu agora, ontem, de fraqueza, da 
escada etc. Esses elementos são termos acessórios e não têm importância 
para a essência da compreensão da mensagem.
TERMOS INTEGRANTES
Quando os verbos ou os nomes querem complementos, os termos 
integrantes vão aparecer. Nas frases que ilustram o sujeito, ninguém vai 
perguntar: “morreu o quê?”. Mas alguém pode querer saber “comprou o 
quê?”. É que os verbos são diferentes. O verbo transitivo quer um comple-
mento: o verbo intransitivo, porém, não o requer.
Os termos que completam o sentido das frases são: o objeto direto, o 
objeto indireto, o complemento nominal e o agente da passiva. 
Ob-jectus, diferentemente do sub-jectus, é lançado diante de, depois de. 
Isso pode acontecer diretamente (sem preposição, como no caso do objeto 
direto) e indiretamente (com preposição, como no caso do objeto indireto).
Esse mesmo complemento, se for pedido por um nome, será um 
complemento nominal. Alguém que diz: “acho que ainda não estou apto...”, 
certamente vai ouvir a pergunta: “apto para quê?” Isso ocorre porque o 
nome apto exige um complemento que esclareça o sentido da frase.
O agente da passiva supõe alguém que age (agente) para que o outro 
sofra a ação. Importante é saber distinguir a voz do verbo, se é ativa, pas-
siva ou refl exiva. Na frase: “A criança foi atacada pelo cão”, o verbo está 
na voz passiva, logo o termo em destaque é o AGENTE DA PASSIVA. O 
cão agiu para a criança sofrer a ação.
46
Fundamentos da Língua Latina
TERMOS ACESSÓRIOS
Os termos acessórios têm um sentido semelhante ao que conhecemos, 
por exemplo, sobre acessórios de um carro (adesivos, antena, som etc.). Na 
oração, existem elementos que apenas enfeitam, não tendo peso sobre a 
signifi cação essencial da mensagem. Pedro (sujeito) caiu (predicado) ontem 
da escada por causa da fraqueza (acessórios).
Outro exemplo: O governador (sujeito) concedeu (predicado) audiência 
(integrante) a grevistas (integrante) ontem à tarde no gabinete (acessórios).
Como você percebe, essas noções básicas servem para situar a im-
portância do conhecimento de análise sintática para o estudo do latim. Para 
melhor domínio do assunto, é recomendável fazer uma revisão completa 
com apoio de uma boa gramática.
(Fonte: http://modaparausar.fi les.wordpress.com).
OS CASOS LATINOS
Para bem trabalhar o latim, é necessário identifi car com segurança os 
termos da oração na frase e a função exata de cada termo. O latim exige que 
as palavras sejam distribuídas de acordo com os casos apropriados a cada 
função. São seis os casos latinos que assim se distribuem pelas diferentes 
funções sintáticas:
1. Nominativo – É o caso do sujeito e do predicativo do sujeito. É tam-
bém o caso em que se enuncia simplesmente um nome e, por vezes, o da 
exclamação. 
2. Genitivo – É o caso do adjunto adnominal restritivo ( possessivo ou 
qualifi cativo, representado por um substantivo e precedido da preposição 
de) e alguns complementos nominais de substantivos e do partitivo. Para 
não confundir-se: a ocorrência do genitivo exige a preposição DE cercada 
47
Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula
4de substantivo: Imperador (substantivo) DE Roma (substantivo), logo o 
segundo termo (Roma) é um genitivo. O mesmo não acontece com Cheguei 
(verbo) DE Roma (substantivo) em que o segundo termo (Roma) é um 
adjunto adverbial de lugar – ablativo.
3. Vocativo – É o caso do chamado, da interpelação e, por vezes, da ex-
clamação.
4. Dativo – É o caso do objeto indireto e alguns complementos adnominais.
5. Ablativo – É o caso dos adjuntos adverbiais não preposicionados ou 
regidos por preposições especiais, do agente da passiva, do complemento 
de comparação, do sujeito de particípio em orações reduzidas (ablativo 
absoluto) a depender da preposição.
6. Acusativo - É o caso do objeto direto, da exclamação, e do sujeito e do 
predicativo em orações infi nitivas, predicativo do objeto direto e adjuntos 
adverbiais a depender da preposição.
ATIVIDADES
Agora você construirá um quadro relacionando os casos latinos às fun-
ções sintáticas específi cas. Neste quadro, além de cada caso relacionado à 
função sintática específi ca (e nenhuma função sintática deve ser esquecida), 
é necessário eleborar frases em português que ilustrem cada situação. Esta 
atividade vai permitir uma assimilação completa da relação dos casos latinos 
com as funções sintáticas.
Sem esta segurança, fi ca impraticável a compreensão do latim e o 
prosseguimento dos estudos nesta área.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Como você percebe, cada palavra declinável latina possui12 formas, 
sendo 6 para o singular e 6 para o plural. A escolha de uma dessas 
formas vai depender, primeiramente, do número e aí já se eliminam 6 
formas, caso esteja a palavra no singular ou no plural. Daí, a escolha 
das seis formas em questão vai ser orientada pela função sintática da 
palavra na frase. 
Há também que se reconhecer o Adjunto Adnominal Restritivo. Este 
vem sempre precedido em português pela preposição de e leva a palavra 
regida por esta para o caso genitivo. 
Ex.: Imperador de Roma – de Roma – é restritivo – vai para o genitivo.
Imperador Romano – romano. Vai acompanhar Imperador em gênero, 
número e caso.
Não sendo, portanto, restritivo, o adjunto é um simples adjetivo, 
48
Fundamentos da Língua Latina
concordando em gênero, número e caso com o substantivo que ele 
determina. Por isso, você pôde ver que, na relação entre casos e 
funções, não aparece o adjunto adnominal, nem aparece o aposto. 
Essas funções sintáticas podem ir para qualquer caso, a depender do 
elemento principal a que estejam ligadas. Assim, você pode encontrar 
aposto e adjunto adnominal em qualquer dos casos latinos a depender 
da posição sintática do termo fundamental (sujeito, vocativo, objeto 
direto etc.) Aí eles terão o mesmo caso das funções principais a que 
eles servem.
Observe os seguintes exemplos e veja como aposto e adjunto 
adnominal podem estar relacionados a qualquer caso:
Aposto e adjunto adnominal do sujeito: José, meu fi lho, esteve aqui. 
Objeto direto: Encontrei José, meu fi lho, na porta de casa.
Adjunto adnominal restritivo: Os livros de José, meu fi lho, foram 
roubados.
Agente da passiva: Todo este trabalho foi realizado por José, meu fi lho.
Objeto indireto: Dei os melhores livros a José, meu fi lho.
Vocativo: José, meu fi lho, tem paciência!
Adjunto adverbial: Resolvi sair com José, meu fi lho.
Na distribuição das funções entre os casos, você notou que, apesar de 
exercer função bem secundária, o vocativo tem um caso só para ele.
ATIVIDADES
Reconheça as funções sintáticas das palavras em destaque e identifi que 
os casos latinos a que elas se destinam. Justifi que, de forma breve, sua 
resposta.
a) Encontrei Maria saindo de casa.
b) A mãe de Pedro plantou rosas brancas no jardim adubado.
c) Pedro, meu fi lho, olha com quem andas!
d) Dei presentes valiosos ao fi lho de minha tia.
e) As crianças desaparecidas foram localizadas por aquele policial.
49
Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula
4
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Aos poucos você vai aprendendo a associar os casos latinos às funções 
sintáticas, e esta compreensão é fundamental para trabalhar as frases 
e dominar o mecanismo da língua. Aceite, portanto, a sugestão de 
fazer uma séria revisão de análise sintática de acordo com a gramática 
tradicional. Isso deve ser realizado imediatamente, porque é impossível 
progredir no conhecimento do latim sem este domínio de análise 
sintática.
CONCLUSÃO 
Em latim, não existe uma forma única para as palavras variáveis, mas 
elas devem variar de confi guração de acor-
do com a função sintática exercida nas frases.
Um exemplo, em português, pode ilustrar o processo das declinações: 
a forma do pronome pessoal eu é própria do sujeito, enquanto as formas 
me ou mim são específi cas para a função de complemento. Assim, você 
pode dizer: Eu vou chegar atrasado hoje / Traga um livro para eu ler. Mas 
deverá dizer: Traga um livro para mim. Você poderia ajudar-me. Também 
em português, em alguns casos, existem formas específi cas para funções 
sintáticas específi cas.
Não é preciso precipitar-se! As funções sintáticas relacionadas aos 
casos latinos serão sempre revistas e explicadas, facilitando, assim, a mais 
completa assimilação do tema.
De início você certamente terá difi culdade, mas tenha plena convicção 
de que o domínio da análise sintática pode ser maior problema do que o 
latim em si mesmo.
50
Fundamentos da Língua Latina
RESUMO
Esta aula mostrou os procedimentos de uma língua fl exional. Em latim 
as palavras se declinam, isto é, elas variam a forma de acordo com a função 
sintática das palavras nas frases. As palavras vão ganhando a forma apro-
priada e isto faz com que uma determinada forma sirva para uma frase, mas 
não sirva em outra frase se a função sintática não for a mesma. Existem, para 
cada palavra declinável, seis formas do singular e seis do plural. Você não 
precisa decorar as declinações, pois encontrará, no quadro, todas as formas 
que a palavra tem para serem usadas de acordo com a função sintática. 
Conhecendo o número da palavra na frase, você já elimina seis formas. 
Dentre as outras seis formas do número específi co, a escolha vai ser de-
terminada pela função sintática, ou seja, o caso será aquele que contempla 
exatamente a função sintática em pauta.
ATIVIDADES
As atividades propostas visam ao pleno conhecimento das funções 
sintáticas e à distribuição correta dos casos latinos:
I – Responda:
1. O que signifi ca dizer que o latim é uma língua fl exional?
2. O que é declinar uma palavra?
3. O que você entendeu por caso?
4. Quais são os casos latinos? 
5. Por que na distribuição das funções sintáticas pelos casos latinos não há 
referência ao caso do aposto e do adjunto adnominal? Explique.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Quanto ao item 1, sabemos que, diferentemente das línguas modernas, 
o latim possui desinências próprias para cada função sintática, mas 
as formas estão apresentadas no quadro das declinações, você não 
precisa decorar nada, basta saber consultar.
Já no item 2, lembre-se que declinar signifi ca descer, cair (o sol declina 
no horizonte) e é este o processo das palavras em latim: você deve 
ir descendo na lista de cada declinação, de forma vertical, até achar a 
forma apropriada a cada frase que está sendo trabalhada.
Referente ao item 3, esclarecemos que o nome ocaso; signifi ca queda 
(o sol está no seu ocaso; Maria esta de caso com o porteiro) ou seja, 
quedado, pendido em direção a. O processo de declinação é, pois, um 
processo de queda, de cima para baixo, você vai descendo até achar 
a forma que convém à frase em questão.
51
Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula
4
No tocante ao item 4, lembramos que os casos latinos são seis e eles 
já foram apresentados nesta lição, é só recordá-los.
Referente ao item 5, relembramos que aposto e adjunto adnominal 
podem direcionar-se a qualquer caso a depender do termo fundamental 
a que eles se ligam.
II – Identifi que com F ou V o Falso ou o Verdadeiro:
1. O ablativo é o caso do adjunto adnominal restritivo ( ).
2. O nominativo é o único caso do sujeito ( ).
3. O objeto indireto destina-se ao caso dativo ( ). 
4. O predicativo do sujeito pode ir para o acusativo ( ).
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
As respostas a esta questaõa já foram comentadas durante a aula. Tente 
comparar as suas respostas com o conteúdo expresso na aula.
III- . Na frase: Quando saí de Roma, senti saudades, a expressão sublinhada 
é um adjunto adnominal restritivo por causa da preposição de?
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
A resposta é não. A preposição DE, que caracteriza o adjunto 
adnominal restritivo, deve estar cercada de substantivos, o que não se 
verifi ca na frase em questão.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989.
COMBA, Júlio. Gramática latina. São Paulo: Salesiana, 1981.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Latim para o português. Florianópolis: 
EDUFSC, 2006.
MACHADO, Luiz. Uma nova visão do latim pelo uso da inteligência. 
Rio de Janeiro: Cidade do Cérebro, 1999. 
SOARES, João S. Latim 1 – Iniciação ao latim e à civilização romana. 
Coimbra: Almedina, 1999.
TARALLO. Fernando. Tempos lingüísticos. São Paulo: Ática, 1994.
AS DECLINAÇÕES LATINAS. 
ESTUDOS DA PALAVRA DE 1ª
DECLINAÇÃO
META
Explicar

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