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Fundamentos da Língua Latina São Cristóvão/SE 2007 José Raimundo Galvão Projeto Gráfi co e Capa Hermeson Alves de Menezes Diagramação Nycolas Menezes Melo Ilustração Alysson Prado dos Santos Edgar Pereira Santos Neto Manuel Messias de Albuquerque Neto Revisão Lara Angélica Vieira de Aguiar Elaboração de Conteúdo José Raimundo Galvão S237I Galvão, José Raimundo. Fundamentos da Língua Latina / José Raimundo Galvão -- São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2007. 1. Língua latina. 2. Latim. 3. Gramática latina I. Título. CDU 81=124(091) Copyright © 2007, Universidade Federal de Sergipe / CESAD. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização por escrito da UFS. FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Funadmentos da Língua Latina Presidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho Vice-Reitor Angelo Roberto Antoniolli Chefe de Gabinete Ednalva Freire Caetano Coordenador Geral da UAB/UFS Diretor do CESAD Antônio Ponciano Bezerra Vice-coordenador da UAB/UFS Vice-diretor do CESAD Fábio Alves dos Santos Diretoria Pedagógica Clotildes Farias de Sousa (Diretora) Diretoria Administrativa e Financeira Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor) Sylvia Helena de Almeida Soares Valter Siqueira Alves Coordenação de Cursos Djalma Andrade (Coordenadora) Núcleo de Formação Continuada Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora) Núcleo de Avaliação Hérica dos Santos Matos (Coordenadora) Carlos Alberto Vasconcelos Núcleo de Serviços Gráfi cos e Audiovisuais Giselda Barros Núcleo de Tecnologia da Informação João Eduardo Batista de Deus Anselmo Marcel da Conceição Souza Raimundo Araujo de Almeida Júnior Assessoria de Comunicação Edvar Freire Caetano Guilherme Borba Gouy Coordenadores de Curso Denis Menezes (Letras Português) Eduardo Farias (Administração) Haroldo Dorea (Química) Hassan Sherafat (Matemática) Hélio Mario Araújo (Geografi a) Lourival Santana (História) Marcelo Macedo (Física) Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas) Coordenadores de Tutoria Edvan dos Santos Sousa (Física) Raquel Rosário Matos (Matemática) Ayslan Jorge Santos da Araujo (Administração) Carolina Nunes Goes (História) Rafael de Jesus Santana (Química) Gleise Campos Pinto Santana (Geografi a) Trícia C. P. de Sant’ana (Ciências Biológicas) Vanessa Santos Góes (Letras Português) Lívia Carvalho Santos (Presencial) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Cidade Universitária Prof. “José Aloísio de Campos” Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE Fone(79) 2105 - 6600 - Fax(79) 2105- 6474 NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO Hermeson Menezes (Coordenador) Marcio Roberto de Oliveira Mendonça Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo AULA 1 Importânica e atualidade do latim...................................................... 07 AULA 2 Origem e expansão do latim.............................................................. 21 AULA 3 Alfabeto e fonologia do latim ............................................................. 33 AULA 4 Análise sintática e articulação das palavras em latim ....................... 41 AULA 5 As declinações latinas ....................................................................... 53 AULA 6 Estudo dos nomes da 2ª declinação ................................................. 65 AULA 7 Estudo do verbo esse (ser) ............................................................... 75 AULA 8 Adjetivos de 1ª classe ....................................................................... 83 AULA 9 Morfologia dos verbos de 1ª conjugação .......................................... 95 AULA 10 Terceira declinação - nomes masculinos e femininos ..................... 107 AULA 11 Nomes neutros da 3ª declinação ......................................................117 AULA 12 Morfologia dos verbos de 2ª conjugação ........................................ 129 AULA 13 Adjetivos de 2ª classe ..................................................................... 141 AULA 14 Estudo dos nomes de 4ª e 5ª declinação ........................................ 153 AULA 15 Morfologia dos verbos de 3ª conjugação ........................................ 265 Sumário AULA 16 Morfologia dos advérbios e das preposições .................................. 181 AULA 17 Morofologia dos verbos de 4ª conjugação ...................................... 195 AULA 18 Morofologia dos pronomes .............................................................. 205 AULA 19 Conjunções e interjeições ............................................................... 223 AULA 20 Formação de palavras ..................................................................... 233 IMPORTÂNCIA E ATUALIDADE DO LATIM META Mostrar a importância do latim e a sua atualidade no âmbito da língua portuguesa; Demonstrar a profunda relação entre o latim e o português; Explorar elementos conhecidos no léxico e nas expressões inseridas na prática da língua portuguesa. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula o aluno deverá ser capaz de: reconhecer a importância do latim a partir da sua atualidade na prática da língua portuguesa; identifi car elementos comuns às línguas latina e portuguesa; reavaliar o conceito de “língua morta” com que se classifi ca o latim; e analisar a maneira pela qual as formas latinas são recuperadas nos termos derivados e expressões que compõem o discurso de certas áreas do saber. Aula 1 8 Fundamentos da Língua Latina INTRODUÇÃO Caro aluno, seja bem vindo aos primeiros contatos formais com a língua latina. Você, certamente, terá gran- des surpresas com esta disciplina. Primeiro, porque você vai perceber que o estudo do latim não é tão complicado como se fala que é. Depois, porque você já conhece muita coisa de latim. Este conhecimento, acredite, vai contribuir para melhor aprofundamento da língua portuguesa. Tomara que você aprenda a gostar do latim e deseje seguir novos rumos na área de Letras, motivado pelo fascínio que o estudo de latim pode despertar em você. O estudo da língua latina é de suma importância para o curso de Letras, desde que não se adote uma didática em que se prioriza a memorização de regras e fórmulas para as quais não se evidencia um sentido lógico. Infeliz- mente, os próprios professores de latim e os métodos por eles empregados no trato com essa língua são os maiores responsáveis pela antipatia e rejeição que marcou a disciplina ao longo dos tempos. É claro que o pleno domínio da língua latina exige aprofundamento constante, o que, às vezes, requer esforço e dedicação de longos períodos de concentração nos estudos. No entanto, as informações aqui propostas que devem compor o estudo das Letras são de ordem prática e visam à percepção das bases latinas que entram na constituição da língua portuguesa, como também de outras línguas românicas. Fique tranqüilo: aqui não se pretende formar especialistas. O espaço lim- itado de tão poucas aulas também não seria sufi ciente para realizar tal intento. A razão de ser destas aulas é, principalmente, suscitar o interesse pela própria língua portuguesa abrindo os horizontes para a compreensão mais ampla de suas bases que se fi xam na língua latina. Além disso, elas lhe trarão grandes benefícios para os estudos no curso de Letras. Muita coisa dependerá de você. Sucesso! Línguas românicas Termo com que são identifi cadas todas as línguas prove- nientes do latim: português, francês, espanhol, italianoetc. Outras des- ignações também possíveis: línguas neolatinas ou novi- latinas, romances e romanços. 9 Importância e atualidade do latim Aula 1IMPORTÂNCIA DO LATIM Costuma-se caracterizar o latim como “língua morta”. Você já se perguntou o que isto signifi ca? Difi cilmente encontramos alguém que busca assimilar o signifi cado de tal expressão. O latim é realmente uma língua morta, mas no sentido em que ela não é mais usada por nenhuma comunidade como meio de comunicação escrita ou oral. Ninguém, por exemplo, será forçado a estudar o latim para poder comunicar-se em qualquer lugar do mundo para onde se dirija. Nenhum aeroporto do mundo será obrigado a expor letreiros em latim para orientar os transeuntes. O mesmo não acontece com o inglês, o francês, que possuem localização defi nida; nem mesmo com o grego e o hebraico, línguas antigas como o latim, mas ainda usadas por comunidades específi cas de falantes. Além do Estado do Vaticano, o qual ainda tem o latim como língua ofi cial, em nenhum outro lugar do mundo esta língua será necessária como tal. Até se pode dizer que o latim não é mais sufi cientemente estudado na formação dos religiosos católicos, sendo cada vez mais raros os membros do clero que o dominam e o empregam com fi rmeza. Tem-se a impressão, portanto, de que o estudo do latim, por causa das próprias circunstâncias nas quais se encontra, jamais será recuperado em sua totalidade, a não ser pelas universidades que mantêm os cursos de letras clássicas ou por especialistas que necessitem fazê-lo para a plena compreensão de documentos escritos nessa língua. Não há razão, pois, para alimentar saudosismos e imaginar a volta tri- unfal do latim, mas é igualmente lamentável que se queira excluir comple- tamente as abordagens de língua latina dos cursos de Letras como já se fez em todo o ensino brasileiro. 10 Fundamentos da Língua Latina AS LÍNGUAS NEOLATINAS Entre as fi lhas do latim, as chamadas línguas neolatinas, no- vilatinas ou românicas, o português é aquela que guarda maior afi nidade com a língua mãe. Mesmo que tenham existido grandes transformações na passagem do latim ao português, as marcas la- tinas continuam vigentes no léxico da atualidade e – o que é mais interessante – os falantes conseguem circular entre as formas sem qualquer tipo de embaraço. Para citar alguns exemplos, eis a seguir um demonstrativo de como as formas latinas de onde o português se originou são recu- peradas em muitos termos derivados: Latim Português Latim nos derivados Vitrum, i Taurus, i Capra, ae Probabilis, e Hodie Pluvia, ae Aqua, ae Pectus, pectoris Cor, cordis Vidro Touro Cabra Provável Hoje Chuva Água Peito Coração Vitral, vitrifi car, vitrine Taurino Caprino, capricórnio Probabilidade, probabilístico Hodierno Pluvial, pluviômetro Aquário, aquarela, aquoso Expectorar, expectorante Cordial, concordar, recordar Até os falantes mais simples costumam circular com desenvoltura en- tre as palavras derivadas acima e outras tantas e variar as suas incidências, escolhendo, na situação concreta de uso, aquela que melhor se adapta ao contexto. Nessas circunstâncias e aplicado ao ensino das letras, o ensino do latim faz compreender a razão de ser da diferenciação das formas, sendo constatada a presença latina em grande parte do léxico português. Existem alguns meios de demonstrar tal presença, sobretudo no uso constante pelos falantes, atestando muito maior utilização do latim do que se pode imaginar. Para você, que já é um estudante de Letras, porém, este conhecimento deve ser ativado a fi m de torná-lo capaz de identifi car e explicar as marcas latinas, o que terá, como conseqüência, o domínio cada vez maior do léxico. Aos poucos, vai-se percebendo a lógica que permeia a constituição das palavras e as possíveis variações das formas, também conhecidas, nos estudos morfológicos, como alomorfi a. O conhecimento e a aplicação progressiva dos metaplasmos con- duzem à maior liberdade no trato com as palavras, segundo os princípios pelos quais, em circunstâncias idênticas, os efeitos esperados serão sempre os mesmos. Tal processo de análise, uma vez iniciado, não tem previsões de chegar a um ponto fi nal, até porque as palavras de origem latina constituem a maior quantidade em língua portuguesa. Alomorfi a Expressão grega que signifi ca outra forma, numa alusão à possibilidade que tem uma palavra de apresentar mais de uma forma para expressar o mesmo conceito, sem sair, porém, da família a que pertence. Ex- emplo: provável / probabilidade. Este fenômeno lingüísti- co retoma, quase sempre, as bases latinas da língua. 11 Importância e atualidade do latim Aula 1Pode-se dizer que, de certa forma, se fala latim, um latim modifi cado cuja versão atual se chama língua portuguesa. Em nosso léxico, inclusive, percebem-se as bases latinas, uma das razões para reconhecer que o latim representa importante contribuição no conhecimento de nossa língua. Recentemente, um fenômeno curioso se destacou nas instâncias políti- cas superiores: o esquema tão badalado de corrupção que recebeu o nome de mensalão. Claro que não vamos aqui tecer comentários a esse respeito, mas você já se perguntou por que todos os brasileiros entenderam esta expressão criada a partir desse acontecimento sem que suscitasse qualquer problema de compreensão? O termo foi construído sobre as bases latinas mens, mensis, que se tornou mês na língua portuguesa. Para evitar a infl uên- cia e a retomada do latim, o melhor termo seria mesalão, assim como se tem mesada, ambos referindo-se a mês. Percebe-se, no entanto, que, nesse caso, se pôs em prática algo internalizado assim como se tem a forma latina de mês na palavra menstruação. Daí a construção mensalão ser incorporada naturalmente em nosso léxico. Outros meios de reconhecer as marcas latinas podem ser explorados e não representam qualquer estranhamento para os rios do português. Observe quantas palavras você já conhece que têm bases latinas: Metaplasmos Expressão grega que se refere ao mecanis- mo pelo qual as pala- vras são plasmadas, ou seja, trabalhadas, seguindo determi- nados princípios ou leis que se aplicam diante das mesmas circunstâncias. Por exemplo: a relação entre p/b é um meta- plasmo, daí cabra/ca- prino; abelha/apiário. Metaplasmo e alo- morfi a são conceitos que se completam. I - Os signos do zodíaco e seus respectivos adjetivos: 1- Aquário / aquariano (aqua, ae = água). 2 - Peixes / pisciano (piscis, piscis = peixe). 3 - Áries / ariano (aries, arietis = carneiro). 4 - Touro / taurino ( taurus, tauri = touro). 5 - Gêmeos / geminiano ( geminus, i = gêmeo). 6 - Câncer/ canceriano ( cancer, canceris = caranguejo). 7 - Leão / leonino ( leo, leonis = leão). 8 - Virgem / virginiano ( virgo, virginis = virgem). 9 - Libra / libriano ( libra, librae = balança). 10 - Escorpião / escorpiano (scorpion, scorpionis = escorpião). 11- Sagitário / sagitariano (sagitta, sagittae = seta). 12 - Capricórnio / capricorniano (capra, caprae = cabra). 12 Fundamentos da Língua Latina II – As formas superlativas dos adjetivos: 1- Amável / amabilíssimo (amabilis, amabile = amável). 2- Amargo / amaríssimo (amarus, amari = amargo). 3- Agudo / acutíssimo (aucutus, acuti = agudo). 4- Azedo / acérrimo (acer, acris, acre = azedo). 5- Cruel / crudelíssimo (crudelis, crudele = cruel). 6- Doce / dulcíssimo (dulcis, dulce = doce). 7- Fiel / fi delíssimo (fi delis, fi dele = fi el). 8- Frio / frigidíssimo (frigidus, frigidi = frio). 9- Nobre / nobilíssimo (nobilis, nobile = nobre). 10- Pobre / paupérrimo (pauper, pauperis = pobre). ATIVIDADES Pesquise em gramáticas e dicionários da língua portuguesa e apresente outras formas dos superlativos dos adjetivosque comprovam a retomada perfeita do latim no léxico português. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Você encontrará, provavelmente, palavras como negro, cujo superlativo é nigérrimo; magro que tanto pode ser macérrimo (marca latina) quanto você poderá encontrar a forma magríssimo. Mas não se esqueça de que aqui o seu trabalho é buscar a recuperação das formas latinas. III – Os elementos químicos da tabela periódica: 1 - Au / ouro (aurus, auri = ouro). 2 - Ag / prata (argentum, argenti = prata). 3 - Cu / cobre (cuprum, cupri = cobre). 4 - Pb / chumbo (plumbum, plumbi = chumbo). 5 - Na / sódio (natrium, natrii = sódio). 13 Importância e atualidade do latim Aula 1IV – Termos do direito 1 - Habeas corpus. (Que tu tenhas corpo livre). 2 - Sub lege. (Sob a lei). 3 - Causa mortis. (A causa da morte). 4 - In dubio, pro reo. (Em caso de dúvida, seja-se a favor do réu). Sendo o Direito Romano o grande inspirador de leis e princípios no ocidente, muitas expressões jurídicas estão recheadas de latim e estão em constante uso no cotidiano: V – A igreja católica imprimiu marcas latinas em expressões reli- giosas de uso corrente: 1 - Corpus Christi (Corpo de Cristo) 2 - Agnus Dei (Cordeiro de Deus) 3 - Requiem (Descanso). 4 - Mater Christi (Mãe de Cristo) 5 - Via Sacra (Caminho sagrado). 6 - Ora pro nobis (Ora por nós). 7 - Sedes sapientiae (Sede, assento de sabedoria). VI – Outras expressões latinas já se encontram consagradas e aparecem naturalmente implicadas no contexto das frases de língua portuguesa: 1 - Et coetera (etc.) (e as coisas restantes). 2 - Honoris causa (por causa da honra). 3 - Grosso modo (de modo grosseiro, superfi cial). 4 - A priori (a princípio) 5 - In loco (no local). 6 - Ipsis litteris (com as mesmas letras). 7 - Sine die (sem dia). 8 - Vide Bula (vê, observa na bula) 9 - Alibi (outro lugar). 14 Fundamentos da Língua Latina VII – Certos produtos são colocados no comércio com rótulos em língua latina: 1- Plus Vita (mais vida) 2- Natu Nobilis (nascido nobre) 3- Carpe Diem (aproveita o dia!) 4- Lacrima Christi (lágrima de Cristo). 5- Primus (primeiro). 6- Domus (casa). VIII – Objetos, lugares, estabelecimentos, organizações costumam popularizar-se pela marca latina com que são identifi cados: 1- Vade Mecum (vai comigo). 2- Stella maris (estrela do mar). 3- Pueri Pax (paz da criança). 4- Opus Dei (obra de Deus). 5- Agenda, Merenda, Reprimenda, Legenda. 6- Apud (junto de) 7- Ibidem (aí mesmo). Esses exemplos são apenas algumas demonstrações de quanto o latim está presente nas construções do português e de outras línguas, não só românicas. É fácil perceber como muitas expressões latinas passaram a integrar o discurso de certas áreas do conhecimento humano. O estudo do latim vai além da necessidade de compreensão dos me- canismos do português. O latim possui um grande poder de exercitar o desenvolvimento do raciocínio, razão pela qual muitos países, cujos idiomas não pertencem às origens latinas, incluem, por um período razoável de tempo, o ensino do latim entre as disciplinas do currículo de seus alunos. Na verdade, o latim é rico em suas formas fl exionais, na diversidade da ordem dos termos da oração, na variedade de constru ções de um período, aspectos que exigem concentração e oferecem novas possibilidades ao pensamento e ao discurso, prevenindo-os contra a aridez intelectual tão freqüente até mesmo nas universidades. Tenha certeza de uma coisa: você estará descobrindo a grande riqueza da língua portuguesa, seu vocabulário, a variação de formas dos vocábulos de uma mesma família, as noções básicas de etimologia, a compreensão de muitos elementos de ortografi a e acentuação, as fl exões de ordem sintática, 15 Importância e atualidade do latim Aula 1a confi guração semântica de certos termos, enfi m, tenha a certeza de que a sua visão da própria língua nunca mais será a mesma. ATIVIDADES 1. Faça um breve resumo sobre a importância do latim na atualidade. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES A leitura atenta das considerações acima vai dar a você, caro aluno, uma visão da importância e atualidade do latim e, com certeza, você começará a ter interesse por esta disciplina no currículo de Letras desde o momento em que perceber a profunda relação entre o português e o latim. O estudo do latim terá resultados surpreendentes no desenvolvimento do raciocínio, da argumentação, da lógica, elementos básicos para o trato efi ciente com outras áreas do saber. 2. Associe às seguintes palavras latinas os termos conhecidos e em pleno uso na atualidade, como no modelo a seguir: a) Digitus = dedo: digital, digitação, digitador etc. b) Populus = povo: __________________________________________ c) Signum = sinal: ____________________________________________ d) Manus = mão: ____________________________________________ e) Periculum = perigo: ________________________________________ f) Littera = letra: ____________________________________________ COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES É importante você ir percebendo, pouco a pouco, as marcas latinas no léxico português. Elas aparecem em muitíssimas palavras. Com o tempo, você vai observando, mediante pequenas modifi cações, este trânsito entre o latim e o português e o que se pode esperar quando as mesmas circunstâncias se repetem. Nisto também se encontra um excelente exercício de ortografi a, mas esse assunto estará presente em muitos momentos do curso. 16 Fundamentos da Língua Latina 3. Escreva frases em português em cujo contexto se enquadrem perfeita- mente as seguintes expressões latinas: a) Pro labore. ______________________________________________ b) Per capita._______________________________________________ c) Sine qua non.____________________________________________ d) Ad referendum. __________________________________________ e) Curriculum Vitae. ________________________________________ f) Vide verso. ______________________________________________ g) Fac simile. ______________________________________________ COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Muitas expressões latinas encontram-se perfeitamente incorporadas ao exercício da língua portuguesa. Aqui você deve enquadrar as expressões acima em contextos específi cos como: As experiências in vitro (em vidro, no laboratório) estão facilitando a cura de várias doenças. Os produtos in natura (na natureza, naturais) garantem outra qualidade de vida. Como você pode observar, essas expressões latinas aparecem nas frases e não são traduzidas, mas não difi cultam a sua compreensão. Além de construir frases segundo os modelos acima, procure também colocar, entre parênteses, o signifi cado das expressões empregadas. 4. O sentido de muitas palavras do português recupera maior vita- lidade quando é percebido o signifi cado profundo de suas bases latinas. Assim, após tomar conhecimento do signifi cado de certas palavras, interprete o que elas imprimem às frases do português: a) Os corpos estão todos carbonizados (Carbo, carbonis = carvão). ____ _________________________________________________________ b) Este texto certamente não passou pelo crivo de minha avaliação (Cribrum, i = peneira). ________________________________________________ c) A polícia localizou um corpo crivado de balas (Cribrare= peneirar). ___ _________________________________________________________ d) Eu realmente te considero muito (sidus, sideris = astro, planeta, es- trela)._____________________________________________________ e) Você não consegue discernir o certo do errado. (Cernere = peneirar). ________________________________________________________ 17 Importância e atualidade do latim Aula 1 COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES É muito pouco compreender que os corpos carbonizados estão queimados. Ora, se carbonizados vem do latim carbo, carbonis, os corpos, na realidade,viraram carvão, o que é muito mais forte e mais real. Assim pode acontecer com muitas palavras, como as sugeridas nesse exercício. CONCLUSÃO Esta aula deve ser o ponto de partida de uma série de apreciações sobre o latim. É indispensável que você deseje realmente enveredar-se pelo caminho do reconhecimento do papel do latim na formação do estudante de Letras. Estes passos vão exigir de você total empenho para realizar as tarefas propostas e motivar, daqui por diante, a máxima curiosidade para reconhecer a presença do latim em lugares nos quais você nunca imaginou que ele estivesse, sobretudo na confi guração do léxico português e na facilidade com que das formas evoluídas se faz, em- bora inconscientemente, um retorno necessário e enriquecedor ao próprio vocabulário vernáculo. Na próxima aula, será realizado um percurso histórico e geográfi co mostrando como o latim, antes uma simples língua falada no Lácio, na Península Itálica, vai tornar-se uma grande potência lingüística e dar origem a outros tantos falares, entre os quais o português. 18 Fundamentos da Língua Latina RESUMO Embora identifi cado como “língua morta”, o latim jamais perderá a sua importância, cabendo ao profi ssional de Letras reconhecer a sua atualidade nos inúmeros traços lingüísticos que o identifi cam em outras línguas e na grande contribuição cultural que o faz presente em muitas áreas do saber humano. Atualmente, por exemplo, testemunha-se uma grande retomada da música gregoriana. Sua maior característica consiste na perfeita combi- nação entre a melodia de cunho popular, o canto chão como é conhecido, e a língua latina que lhe serve de base. Outro ponto de revitalização do latim pode ser percebido na quantidade considerável de obras recentes tratando da língua latina em si mesma e de propostas didáticas que venham facilitar e tornar agradável o seu ensino. Por muitas razões, portanto, pode-se dizer que o latim jamais desa- parecerá. A designação de língua morta que a ele se atribui deve ser em- pregada com reservas, pois trata-se de um morto que não se acostumou com a sepultura. Música gregoriana Essa é a música adotada pela igreja católica há sécu- los. Recebe este nome em alusão ao papa Gregório, que a estru-turou e lhe deu grande impulso. Também é conhecida como can to -chão , ou canto-plano, por ser especialmente concebida para a execução popular, isto é, sem notas muito agudas, nem notas muito graves. Atualmente o canto gregoriano, cujos textos são todos em latim, estão ampla- mente divulgados. Você pode encon- t ra r exce len tes gravações moder- nas em maravilho- sos CDs. Praemonitus est Praemunitus “Ecce! Illud accidit eis qui semper ungues mordent!!” 19 Importância e atualidade do latim Aula 1REFERÊNCIAS ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática latina. São Paulo: Saraiva, 1995. CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989. GONZAGA, Maria Cristina de Brito. Frases de latim forense. São Paulo: Livraria de Direito, 1994. LUIZ, Antônio Filardi. Dicionário de expressões latinas. São Paulo: Atlas, 2002. MACHADO, Luiz. Uma nova visão do latim pelo uso da inteligência. Rio de Janeiro: Cidade do Cérebro, 1999. VIARO, Mário Eduardo. Por trás das palavras. São Paulo: Globo, 2004. _______. Importância do latim na atualidade. Revista de ciências hu- manas e sociais. São Paulo: Unisa, v. 1, n. 1, p. 7-12, 1999. ORIGEM E EXPANSÃO DO LATIM META Situar o espaço histórico-geográfi co onde o latim se originou; Apresentar as razões que explicam a extensão do latim e das línguas neolatinas entre as quais se encontra o português. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: reconhecer o processo histórico, político e cultural por cujo meio o latim se expandiu e se diversifi cou; conceituar substrato, superstrato e adstrato; identifi car as variedades do latim nas regiões por onde se propagou e a sua pertinência na atualidade; e distinguir os fatores externos e internos das variações do latim. PRÉ-REQUISITOS Ter em mãos um atlas geográfi co e um livro de História Geral que trate sobre a expansão romana. Aula 2 Legionários romanos (Fonte: http://www.vroma.org). 22 Fundamentos da Língua Latina INTRODUÇÃO Na aula 1, você viu a importância e a atualidade do latim, que, apesar de ser considerado língua mor- ta, continua presente na atualidade sob diversas formas. Esta aula vai expor o processo de expansão do latim e as circunstâncias que favoreceram a sua aquisição como a língua mais importante em várias partes do globo. De uma simples língua primitivamente falada na região do Lácio – Itália central – em meados do século VIII a.C., vão ter origem outras tantas atu- almente conhecidas como neolatinas, novilatinas ou românicas. O surgimento de tais variações que se afi rmam como novos idiomas não ocorreria sem o caráter dinâmico da comunicação. Nesta perspec- tiva, o ambiente lingüístico e o meio sócio-cultural criaram as condições para que aparecessem falares diversos. Cada comunidade adotava o latim, somando-o ao seu falar já existente. Daí a diversidade dos falares, na qual se acha o português. Para o estudioso de Letras, o conhecimento do processo de transfor- mação do latim e o conseqüente surgimento dos diferentes romances pode ajudar a melhor compreender a dinâmica das variações que, ainda hoje, ocorrem no seio da própria língua portuguesa. Pode-se dizer, então, que, de certa maneira, o nosso português hoje vigente é o próprio latim trans- formado. Aliás, até o português do Brasil apresenta diferenças signifi cativas do português de Portugal. Romances Aprenda a distin- guir romance de romântico e ro- mance de români- co. Ao primeiro termo corresponde à concepção da maioria das pes- soas: são as obras literárias de fundo sentimental, amo- roso, passional etc. O segundo termo, também conheci- do como ro-maço ou romance cor- responde as lin- guas provenientes do latim, a língua de Roma. Assim, o português é um romance, o francês é um romance etc. 23 Origem e expansão do latim Aula 2LATIM O nome latim associa-se ao lácio, ou seja, o latim é, na sua origem, a língua do Lácio, região que hoje corresponde à cidade de Roma e suas cercanias. Os fi lólogos relacionam uma língua a uma determinada família. O reconhecimento de algumas semelhanças entre as línguas leva-nos a crer na existência de um falar mais antigo do qual se originaram. No contexto de uma ampla rede de línguas assemelhadas, o latim pertence à família das indo-européias, assim como o osco e o umbro, língua da Úmbria. As semelhanças entre esses três idiomas (o latim, o osco e o umbro) fazem supor a existência de uma língua única, que se convencionou chamar de Itálica, à qual pertencem outros idiomas falados na mesma época. Mapa do Lácio. Filólogos São aqueles que estudam rigorosa- mente os documen- tos escritos antigos e sua transmissão, para estabelecer, interpretar e edi- tar textos. Também estudam cientifi- camente o desen- volvimento de uma língua ou de família de línguas, em es- pecial a pesquisa de sua his tór ia m o r f o l ó g i c a e fonológica baseada em documentos es- critos e na crítica dos textos redigidos nessas línguas. Osco Língua do Sâmnio (Samnium) e da Cam-pânia (Cam- pania). 24 Fundamentos da Língua Latina Em perspectiva mais ampla, o grupo das Itálicas pertenceria a uma família bem maior à qual se relacionariam todas as línguas oriundas do hipotético indo-europeu. É esta uma tentativa de buscar uma língua comum que teria dado origem a uma grande parte dos falares da humanidade. Em resumo: o latim é uma língua do grupo Itálico da família indo-européia à qual também pertencem outros grupos: o índio,o irânio, o armênio, o frígio, o hitita, o tocário, o grego, o albanês, o ilírio, o celta, o germânico, o báltico e o eslavo. O conceito de línguas indo-européias refere-se, pois, aos grandes gru- pos de línguas acima destacados, que são faladas hoje na Europa e em parte da Ásia. Tais idiomas, incluindo, pois, os do grupo itálico a que pertence o latim, encontram-se aparentados entre si como se fossem todos derivados de uma fala antiqüíssima e mãe comum de todos eles. Esta língua ancestral e hipotética não se conserva na atualidade, e ninguém sabe como ela era exatamente. Entretanto, é possível afi rmar que a língua indo-européia existiu, num determinado momento da nossa história, pois os fi lólogos, através de comparações de textos antigos, a reconstituíram observando os pontos em comum entre todos esses dialetos. Eles supuseram que o indo-europeu foi falado por um grupo que se dispersou, alguns milênios antes da era cristã, por motivos até hoje descon- hecidos, espalhando-se pela Europa e pela Ásia onde o primitivo idioma se disseminou e se diversifi cou. Resumindo: o termo língua indo-européia, ou proto-língua, refere-se à língua primitiva ou fundamental. Todas as outras que dela se originam são identi- fi cadas como dialetos ou línguas indo-européias. Tais línguas aparentadas entre si formam o que se chama Tronco Lingüístico Indo-europeu e a cada grupo daí proveniente se pode particularizar mediante expressões, como: indo-germânicas, indo- celtas, indo-irânico etc. O latim é, portanto, língua indo-européia, do grupo indo-itálico. A história do latim também não foi diferente. Durante o longo período em que foi utilizado como língua viva, sofreu profundas transformações, o que se deve ao próprio caráter dinâmico e evolu- tivo das línguas. O latim foi levado a todos os territórios conquistados pelos romanos e, dessa maneira, a Ancestral Aquilo que per- tence aos antepas- sados, tudo quanto se refere à cultura e costumes antigos. Hipotética Algo que está sob hipótese, ou seja, carente de provas e demonstrações que garantam a veracid- ade dos fatos. 25 Origem e expansão do latim Aula 2língua originariamente falada no Lácio e em outras regiões da Itália nunca mais foi a mesma. Roma e todo o seu império não tinham preocupações com sua própria língua em relação às políticas de imposição aos novos povos dominados por eles. As tropas romanas não se deslocavam para divulgar a língua latina. Eles estavam interessados, na maioria das vezes, em conquistar mais terras para aumentar seu poder econômico e político. O latim vai, por assim dizer, na bagagem dos conquistadores e coloniza- dores. Essa língua que saía de Roma junto com seus soldados, funcionários da administração, comerciantes, artesãos era a língua popular, o sermo vulgaris em oposição ao sermo urbanus, ou seja, o falar das classes eruditas, dos escri- tores e oradores, conhecido e utilizado por um número limitado de habitantes. Como se percebe, já existiam variações dentro do próprio latim e foi esse latim das classes populares que se espalhou pelos domínios de Roma. Da mesma forma, percebemos essas variações em nossa língua atual. Tanto você pode dizer “nós vamos”, como “a gente vai”. As duas formas estão corretas sob o ponto de vista do uso padrão da língua portuguesa. Mas sabemos que a forma “a gente vai” é mais popular, é mais coloquial do que a forma “nós vamos”. Sermo vulgaris Também chama- do de latim pop- ular, rústico e vulgar, era uti- lizado pelo povo s e m g r a n d e s preocupações quanto ao uso erudito. Sermo urbanus Também conhe- cido como latim clássico, literário ou erudito, era a língua dos es- critores e ora- dores, a exemplo de César, Cícero, Virgílio, Horácio, Tito Lívio etc. Expansão do latim no Mundo Ocidental (Fonte: www.geocities.com). 26 Fundamentos da Língua Latina Para melhor entendermos a transformação progressiva do latim, é necessário conhecermos as diversas fases ou momentos classifi cados de acordo com os períodos históricos de sua evolução. A primeira delas é o período pré-histórico. Essa denominação foi dada ao momento em que a língua latina fora usada nos primeiros tempos, ou seja, por volta do séc. VIII a.C. Depois, ele foi suplantando os outros falares da região e estendeu-se por toda a península itálica. Nos fi ns do III século a. C., começam as conquistas romanas em ter- ritórios que comportam praticamente toda a Europa Ocidental e parte da Europa Oriental, o Norte da África e as regiões da Ásia Menor. ATIVIDADES Destaque as razões que levaram o latim a tornar-se a língua da Península Itálica, de grande parte da Europa e de algumas faixas da África do Norte. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES O latim, por se tratar de uma língua, não foi sozinho a nenhum lugar. Os soldados romanos, que falavam o latim vulgar, ao conquistarem as terras da Península Itálica, de grande parte da Europa e de algumas faixas da África do Norte, levavam consigo sua língua. Daí o latim ser falado nessas regiões. Em outras palavras, as causas da expansão do latim no mundo estão diretamente ligadas à expansão do Império Romano. O latim, inicialmente, sofreu infl uência do etrusco (língua não indo- européia), do gaulês e, sobretudo, do grego cuja cultura os romanos pro- curavam imitar e assimilar. Nos períodos da República e do Império, a língua latina já apresentava dois níveis fundamentais: o sermo urbanus e o sermo vulgaris. Foi o latim vulgar que saiu de Roma para representar a língua do invasor, do dominador e para ser prestigiado e imitado pelos povos dominados. Períodos do Império Romano Monarquia: séculos VIII a V a.C.; República: séculos V a II a.C.; Império: séculos I a.C. a século V d.C; No século V. d.C., precisamente em 476, acontece a queda do Império Romano do Ocidente. 27 Origem e expansão do latim Aula 2ATIVIDADES Caracterize os níveis fundamentais da língua latina. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Da mesma forma que temos uma língua culta e uma outra menos formal, o latim também apresentava esses dois níveis: o erudito que se empregava na literatura dos grandes oradores, pois obedecia às normas gramaticais da escrita; e o popular que não possuía uma forma escrita e, dessa maneira, era menos rígido e muito mais variado do que o latim clássico. Assim, qualquer dialeto que já era falado pelas comunidades invadidas pelos romanos era denominada de substrato, quer dizer, a língua de base de uma população, pois, em nenhum dos territórios conquistados, os romanos teriam encontrado um povo mudo, sem qualquer expressão lingüística de suas comunicações. O latim, por sua vez, aparece como superstrato, a língua que vem de fora, de cima, falada por um menor número de pessoas, mas com grande poder político e econômico, o que leva a superar paulatinamente os idiomas nativos. Do contato da língua do invasor romano com cada substrato, vão surgir os romanços ou romances, as novas línguas fi lhas do latim, dentre elas, o português. Muitas vezes, observa-se uma convivência natural e sem atritos entre idiomas, situação em que perduram contribuições paralelas com elementos que vêm de ambos os lados. A isso denomina-se de adstrato, persistindo, num mesmo ambiente lingüístico, características diferenciadas nas quais se percebem origens distintas como tantas vezes aconteceu no contato do latim com o grego. 28 Fundamentos da Língua Latina CONCLUSÃO A expansão do latim em grande parte do mundo, ainda que tenha transformado em falares diversos, é, com certeza, bem mais signifi cativa do que o seria se estivesse permanecido no território de origem. Sem o movimento dos romanos para o exterior, provavelmente não aconteceriam as grandes transformações do latim e nem o extraordinárioefeito multiplicador, hoje confi rmado por grande parte das línguas modernas. RESUMO Esta aula forneceu bases para bem situar o latim, suas origens e sua expansão. O reconhecimento dos espaços geográfi cos e da periodização histórica contribui para uma visualização mais ampla, não somente do fator lingüístico, mas de todo o contexto cultural, político, econômico e social que fez a língua de Roma tornar-se um idioma importante pela grande herança que deixou para a humanidade. O latim foi levado a pontos distantes do seu território de origem e teve grande efeito na formação de outras línguas, dada a aproximação com outras culturas para as quais serviu de superstrato lingüístico. O conhecimento dessa realidade leva a perceber como o dina- mismo das línguas vivas proporciona grandes variações num processo que até hoje se verifi ca com o desenvolvimento das línguas modernas. O nosso português é o próprio latim transformado. 29 Origem e expansão do latim Aula 2 Gratias ante Cenam Viator quidam, dum iter per siluam facit, leoni occurrit uitam petens geni- bus nixus est. Nihil tamen factum est, sed ubi aperuit leonem quoque genibus nixum uidit. Viator, “Tunc quoque,” inquit, “uitam petis?” Leo, “Minime uero”, inquit, “Gratias ante cenam ago.” ATIVIDADES A leitura atenta das considerações expostas e a visualização dos mapas e gráfi cos vão permitir a você, caro aluno, atingir a meta aqui proposta. Observe com atenção esses recursos didáticos, procurando compreender os dados que eles querem transmitir. É de suma importância situar histórica e geografi camente as origens e a expansão do latim e compreender a con- ceituação básica que envolve a questão de sua diversifi cação em outros idiomas, até para melhor captar a confi guração da língua portuguesa e toda a dinâmica da variação, assunto em grande pauta na atualidade. 1. Agora marque com um x as afi rmações corretas: a) Na Península Ibérica dominada pelos romanos, o latim se classifi ca como língua de substrato ( ). b) O basco é uma língua indo-européia. ( ). c) O grego moderno pertence ao grupo helênico das línguas indo-européias. d) Grande parte da valorização do latim se deve à importância que a Igreja Católica lhe conferiu. ( ) e) As línguas românicas derivam do latim pelos bons escritos dos autores clássicos. ( ). f ) Mesmo com todo o poderio de Roma, o latim jamais conseguiu desbancar defi nitivamente o grego. ( ) g) Os romanos tinham sérias preocupações lingüísticas entre as suas am- bições de domínio sobre o mundo. ( ) 30 Fundamentos da Língua Latina COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Você deve, com certeza, ter marcado os itens c,d e f. Isto porque, ao que se sabe, entre famílias linguísticas do indo-europeu, o grego pertence ao grupo helênico. O latim deve muito ao grego e os romanos têm na civilização Helênica muitas bases para defi nir a sua própria cultura . Muitas vezes aparece a expressão greo-romana como destaque para as fortes semelhanças entre as duas culturas, sendo, porém, muito grande a dívida do latim em relação ao grego. Helênico Esta palavra e out- ras como helenis- mo, hele-nístico, helenização etc., dizem respeito às considerações so- bre a infl uência da Grécia para a cul- tura do mundo. 2. Sem qualquer recurso de dicionário, tente decifrar o que querem dizer as frases latinas a seguir: a) Roma est in Italia. b) Italia poeninsula longa est. c) Sicilia insula magna et agradabilis est. d) Rosa esta alba est rubra. e) Aquila non captat muscas. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Você conseguiu traduzir as frases da questão 2? Veja que elas não são difíceis porque se parecem muito com o nosso português. A primeira frase, por exemplo, signifi ca Roma está na Itália. Observe como se assemelha ao português. A curiosidade é o verbo “ser” (est) também aparecer com o sentido de “estar”, o que não é novidade, pois no português isso também acontece: “O senhor é (está) convosco”. “Deus seja (esteja) contigo” etc. Cabe a você buscar nas outras frases a compreensão do latim a partir das semelhanças com o português. 3. Nas palavras destacadas das frases da questão 2, reconheça semelhanças entre o latim e o português: INSULA / MAGNA / AGRADABILIS / ALBA / RUBRA / AQUILA / CAPTAT. 4. Estabeleça correlação entre as palavras latinas e os termos que aparecem destacados nas frases portuguesas: a) Ele é obrigado a tomar INSULINA todos os a dias. b) Algum estado brasileiro tem capital INSULAR? c) Você possui um espírito MAGNÂNIMO. 31 Origem e expansão do latim Aula 2d) A raça ALBINA sofre com a luminosidade. e) Aquele rapaz tem nariz AQUILINO. f) CAPTASTE o que eu te disse? COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Viu que foi o latim a língua base da nossa língua? A insulina, por exemplo, é uma palavra que vem do latim insùla,ae que signifi ca ilha, porque essa substância (a insulina) é secretada numa área do pâncreas chamada ilhotas de Langerhans. Insular também é uma palavra que tem a mesma origem de insulina, ou seja, uma capital insular signifi ca uma capital que é uma ilha. Alguém que tem um espírito magnânimo é alguém bondoso, generoso, grandioso. Essa palavra tem a sua base no latim magnus, a, um que signifi ca grande, nobre e generoso. Daí, Carlos Magno, quer dizer, Carlos o Grande. O mesmo se diga de Leão Magno, Gregório Magno e de tantos termos que possuem a mesma raiz: magnânimo, magnífi co, magnitude, magnifi cência etc. Tente fazer o mesmo com as outras palavras. REFERÊNCIAS CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989. COMBA, Júlio. Gramática latina. São Paulo: Salesiana, 1981. SOARES, João S.. Latim 1 – Iniciação ao latim e à civilização romana. Coimbra: Almedina, 1999. TARALLO, Fernando. Tempos lingüísticos. São Paulo: Ática, 1994. ALFABETO E FONOLOGIA DO LATIM META Apresentar os sons da língua latina e as suas possíveis pronúncias; Demonstrar a posição do acento tônico pela quantidade de tempo que a pronúncia de cada sílaba requer. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: identifi car os elementos fonéticos que compõem a língua latina; reonhecer o alfabeto latino e a sua relação com o alfabeto português; relacionar as pronúncias latinas entre si, reconhecendo particularidades na articulação das sílabas; e identifi car as posições do acento latino, em conformidade com as noções da quantidade de tempo que se deve demorar em cada sílaba. PRÉ-REQUISITOS Leitura das aulas 1 e 2. Aula 3 34 Fundamentos da Língua Latina INTRODUÇÃO Caro aluno, o reconhecimento dos sons é o primeiro momento de contato com uma nova língua. Se você estuda uma língua moderna, este trabalho torna-se mais fácil porque hoje são muitos os recursos para captar, na mais perfeita sutileza, os dife- rentes sons ou fonemas que compõem uma língua. Quando se trata de línguas antigas, mortas ou desaparecidas, essa tarefa se mostra bem mais complexa, devido à inexistência ou total carência de registros de toda ordem, sendo os registros sonoros inteiramente impossíveis de se obter. Parece complexa a tarefa de identifi car os sons de uma língua antiga, uma vez que não se dispõe de provas registradas da modalidade oral da língua antiga que se deseja conhecer. O ensino das línguas contemporâneas desconhece esse problema, so- bretudo depois dos grandes avanços na arte de registrar os sons. No caso específi co do latim, porém, a tarefa é, de certa forma, simplifi cada, haja vista as considerações de gramáticos romanos que se ocuparam do assunto fornecendo descrições dos fonemas da língua em certas épocas. As três pronúncias latinas aqui apresentadas são hipóteses, sendo permitida qualquer uma delas à escolha de quem pratica o latim. Ainda assim, recomenda-se, para facilitar ao máximo os estudos,que o estudante se atenha a uma delas. Convém, no entanto, dizer que a pronúncia tradi- cional é aquela à qual os ouvidos já estão habituados, não causando muita estranheza ao principiante. 35 Alfabeto e fonologia do latim Aula 3ALFABETO E FONOLOGIA O alfabeto latino foi adaptado do alfabeto grego por ter sido este levado a Roma pelos etruscos, os quais o utilizaram relativamente muito cedo, como atestam as primeiras inscrições do século VII ou VI a.C. Por muito tempo, o alfabeto latino constou de 21 letras: a/b/c/d/e/f/g/h/i/k/l/m/n/o/p/q/r/ s/t/u/x. No século I a. C., a fi m de transcrever certas palavras gregas, as letras /y/ e /z/ foram acrescentadas ao alfabeto, que passou a conter 23 letras. Como se percebe, as letras /j/ e /v/ não existiam no alfabeto original. A função dessas letras até hoje associadas, respectivamente, ao /i/ e ao /u/ pode ser notada em palavras nas quais constituem exemplos de alomorfi as. Por exemplo, a inscrição posta sobre a cabeça do Cristo crucifi cado “INRI” traduz Jesus Nazareno Rei dos Judeus e aí se tem o /i/ substituindo o /j/, assim como se tem no léxico atual a variação das formas /maior/ e /major/ para dizer exatamente o mesmo conceito. No que diz respeito à relação /u/ e /v/, tem-se: riuus > rivus > rival neurologia > nevralgia Observem-se também as possibilidades de pronúncia da letra w, ora relacionando-a ao /u/, como é o caso de Wellington, ora relacionando-a ao /v/, como em Walter. As consoantes /x/ e /z/ são duplas e têm o som /ks/ e /dz/, respec- tivamente. A fi m de evitar confusão no uso do latim, aqui será apresentada a pronúncia tradicional, cabendo a você, estudante, realizar pesquisas e estabelecer paralelismos, a fi m de perceber as diferentes possibilidades de pronúncia. Entenda, porém, que esse é um elemento secundário para quem quer conhecer o latim. E tenha certeza de que, aos poucos, você estará habitu- ado com a maneira de pronunciar as palavras, reconhecendo que você já dominava grande parte do conhecimento nesta área. A Pronúncia Tradicional difere da pronúncia do português nestes casos: 1. Os ditongos ae e oe soam e: Exemplo: Regina Coeli (céli), Curriculum vitae (vite) e et coetera (et cétera). O uso do trema (¨) serve para desfazer o ditongo nos casos acima. Ex: Pöeta. 2. Os grupos ch, ph e th soam respectivamente k, f, t: Ex.: brachium (brákium), philosophus (fi lósofus) e thesaurus (tesáurus). 3. A sílaba ti, quando seguida de vogal, soa ci : laetitia (Letícia). Esta sílaba, porém, embora seguida de vogal, soa igual ao português, quando está no início da palavra ou quando é precedida por s, x ou t: tiara, ostium, mixtio, Alomorfi as Termos que dizem o mesmo conceito, na mesma família, apenas tendo alter- nados os metaplas- mos. 36 Fundamentos da Língua Latina Bruttium. 4. A vogal u soa sempre: quintus (qüintus). 5. O x soa ks e o y soa i: exemplum (eksemplum), Lyra (lira). Observações gerais: a) Evite-se o som mudo do e e do o, e todo som nasal, ou seja, e é sempre e, o é sempre o e não como em português (menino = mininu). Assim mare (mare e não mari), dono (dóno e não dônu), amamus (amámus e não amâmus). b) Pronunciem-se todas as consoantes, também as geminadas, mas não se acrescente nenhum outro som.: Stella (sté-la e não Estela). c) O m fi nal soa como na palavra inglesa him e não como em jardim. ACENTUAÇÃO DAS PALAVRAS Em latim, como em outras línguas, a sílaba é formada por um conjunto de fonemas pronunciados em uma só emissão de voz. Assim, a sílaba pode ser representada por uma só vogal (a-mo), por um ditongo (ae-ter-nus, au-rum, Eu-ro-pa) ou por conjuntos de uma ou duas sílabas consoantes mais vogal ou ditongo (ro-sas, pra-tum, coe-lum, proe-li-um) ou conjun- tos terminados por consoantes (for-tis). Se terminar em vogal, a sílaba é chamada aberta e, terminando em consoante, a sílaba é chamada fechada. Para defi nir a posição da sílaba tônica nas palavras, o latim trabalha com a noção de quantidade. A língua desconhece os acentos à semelhança do português. Apenas duas marcas indicam se a tônica deve estar no mesmo lugar do indicativo da quantidade ou se deve recuar para a sílaba anterior. Também desconhece a posição da tônica na última sílaba. Assim, o latim não pos- sui palavras oxítonas e, tal como em português, a sílaba tônica jamais virá antes da proparoxítona. Em que consiste a quantidade? Esse elemento de prosódia que se perdeu nas línguas românicas representa a duração de vogais ou sílabas, que po- dem ser longas ( __ ) ou breves . Uma vogal ou sílaba longa leva o dobro do tempo de uma vogal ou sílaba breve para ser articulada. Portanto, uma longa equivale a duas breves: __ =. Você pode pensar na teo- ria musical e fazer a mesma relação de valores: uma semibreve equivale a duas mínimas; uma mínima equivale a duas colcheias e assim sucessivamente. Geminadas Geminadas são as consoantes gêmeas, ou seja, que apa- recem duplicadas numa sílaba. Ex.: illuminatio. Oxítonas São aquelas em que a sílaba tônica re- cai sobre a última, como em café, caju, abacaxi etc. 37 Alfabeto e fonologia do latim Aula 3Você vai notar, ao logo do curso, que o latim tem pronúncias diferen- tes, mas que não perturbam a compreensão do texto oral. Na escrita, essas marcas já vêm impressas e basta um pouco de atenção para situar a tônica no seu devido lugar, conforme a orientação seguinte: Onde estiver a marca da longa, aí também estará a tônica: docere = docére. E onde estiver a marca da breve, a tônica virá para a sílaba anterior: discere = díscere. Esses exemplos são de fácil associação, pois, no primeiro, trata-se do verbo ensinar e, no segundo, do verbo aprender. A QUANTIDADE E SUAS REGRAS Aqui você terá uma breve noção de como as sílabas são consideradas em latim. Este é um dos assuntos mais difíceis no trato com a língua, pois comporta uma centena de regras, todas bastante complicadas. Em muitos textos, tentando facilitar a compreensão do acento latino, costuma-se recorrer ao mesmo sinal do português, o acento agudo ( ´). Você vai ver muito este procedimento em textos que servem de base para os ofícios, celebrações e documentos da Igreja Católica: Dóminus, pópulus, árborem etc. Esta postura, no entanto, não é recomendável, visto que o latim não possui este tipo de acento. A difi culdade, contudo, só existe para as palavras com três ou mais sílabas. Os outros casos são de fácil solução. Como foi dito, o acento não vai jamais para a última sílaba. Nesse caso, se a palavra só tem duas sílabas, ela será sempre paroxítona. O problema está nas palavras com três ou mais sílabas, as quais podem ter a tônica na penúltima ou na antepenúltima. Neste caso, a atenção deve ser maior, sobretudo se a marca da quantidade não estiver grafada. Para tanto, algumas orientações se fazem necessárias: a - Em princípio, uma vogal é breve quando é seguida de outra vogal: cus- todiam, pueros, Amulius. b - Uma sílaba pode ser longa por natureza ou por posição. É longa por natureza se contém uma vogal longa ou um ditongo: Roma, Rex, Rheam, misit, amoena. É longa por posição se a vogal é seguida por duas consoantes (exceto oclusiva seguida de líquida) ou de uma consoante dupla ou geminada: custodiam, infan- tes, postea, mitto, examen. Ao contrário do que veio a acontecer nas línguas neolatinas em que o acento é 38 Fundamentos da Língua Latina de intensidade, o acento em latim era de altura ou melódico e só, secundari- amente, de intensidade. A tendência, porém, já predominava, desde o século V d.C., não só para o acento de intensidade como também para tornar-se norma tanto no latim culto quanto no latim vulgar. Assim, as marcas de altura e de quantidade foram desaparecendo e hoje se pronunciao latim como se pronuncia o português, imprimindo maior força à sílaba tônica. Você vai reconhecer como é difícil distinguir na pronúncia as sílabas breves das longas, mas uma breve noção pode elucidar parte do problema. eram (eram = breve) por oposição a Felix ( felix = longa). opera ( ópera = breve) por oposição a Roma (Roma = longa). A quantidade da penúltima sílaba, porém, é fundamental para a orto- fonia do latim em palavras com 3 ou mais sílabas. Assim: a) O acento recai sobre a penúltima sílaba, se esta for longa: infantes, Palatino. b) O acento recai sobre a antepenúltima, se a penúltima for breve: Amulis, custodiam, pueros, Romulus, condidit. c) Nas palavras de duas sílabas, o acento sempre recai sobre a penúltima: Rheam, dedit. Eis a razão pela qual, em português, a maioria das palavras tem o acento na penúltima sílaba. ATIVIDADES 1. Pesquise as três pronúncias possíveis do latim e estabeleça um quadro de comparações: Ortofonia orto= correto; fo- nia= som. Daí, or- tofonia significa pronúncia correta. CONCLUSÃO A incomparável clareza do alfabeto latino não impõe muitas difi cul- dades para um leitor contemporâneo, em- bora não seja possível determinar a pronúncia exata da língua latina no tempo dos romanos. 39 Alfabeto e fonologia do latim Aula 3RESUMO Num primeiro contato com uma língua, um dos aspectos mais impor- tantes é o reconhecimento dos sons que a compõem. Assim, no latim, o alfabeto foi adaptado do Grego, e somente depois de algum tempo é que teremos as 23 letras que já conhecemos hoje. O maior problema está na pronúncia, uma vez que não temos registros orais, mas as descrições feitas pelos romanos acerca dos fonemas da língua contribuíram signifi cantemente para os estudos posteriores do latim. A pronúncia tradicional prevê deter- minadas regras, às vezes, diferindo das regras do português, como é o caso dos ditongos /ae/ que se pronunciam /oe/ em latim; às vezes, respeitando, imitando-as, como é o caso da acentuação de algumas palavras paroxítonas. ATIVIDADES 2. Colecione palavras com acentos em posições variadas e relacione-as entre si. REFERÊNCIAS CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989. COMBA, Júlio. Gramática latina. São Paulo: Salesiana D. Bosco, 1981. MACHADO, Luiz. Uma nova visão do latim pelo uso da inteligência. Rio de Janeiro: Cidade do Cérebro, 1999. SOARES, João S. Latim 1 - Iniciação ao latim e à civilização romana. Coimbra: Almadina, 1999. ANÁLISE SINTÁTICA E ARTICULAÇÃO DAS PALAVRAS EM LATIM META Revisar os conhecimentos de análise sintática para os estudos da língua latina; Demonstrar a associação de funções e casos no contexto das frases latinas. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: avaliar o funcionamento de uma língua fl exional; reconhecer a ligação entre análise sintática e língua latina; e descrever os casos latinos e sua distribuição nas diferentes funções da sintaxe. PRÉ-REQUISITOS Leitura das aulas anteriores e conhecimentos básicos de análise sintática, segundo as normas gramaticais. Aula 4 Sintaxe espacial (Fonte: http://urbanidades.arq.br). 42 Fundamentos da Língua Latina INTRODUÇÃO Caro aluno(a), na língua latina, as palavras variáveis não possuem apenas duas formas – uma do singular, outra do plural – como acontece com as línguas modernas. Certas línguas antigas, como o latim e o grego, são consideradas fl exionais, pois as ter- minações das palavras devem variar de acordo com a função sintática que elas exerçam na frase. Assim, jamais você vai ter certeza da terminação de uma palavra se não conhecer a sua posição sintática na frase e, para isso, você precisa ter um conhecimento seguro de análise sintática. Essa exigência não vai parecer tão árdua se você estiver disposto a re- visar um assunto que, certamente, já foi estudado diversas vezes na escola. Por outro lado, aproveite a ocasião e tente assimilar o conhecimento desse assunto para nunca mais esquecer. Começamos, pois, com um trabalho de revisão de análise sintática de acordo com as normas da gramática tradicional. Não procure decorar re- gras, tente apenas entender os conceitos e exercitar a sua aplicação prática em qualquer circunstância. Se você, por exemplo, assimilou o que seja um objeto direto, um adjunto adnominal etc., não há como não reconhecê-los no contexto das frases. O domínio deste conhecimento é indispensável para trabalhar o latim. (Fonte: http://img362.imageshack.us). 43 Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula 4ANÁLISE SINTÁTICA E ARTICULAÇÃO Os estudos de gramática apresentam duas possibilidades de análise das palavras. Uma delas é a morfológica, tradicionalmente chamada de análise léxica, em cuja prática são detectadas e explicadas as classes a que as palavras pertencem, bem como as suas diferentes partes – prefi xos, radicais, sufi xos, vogais de ligação, desinências - que, somadas, formam um conjunto harmonioso, ou seja, a confi guração fi nal com que as palavras são usadas pelos falantes. Esse tipo de análise será visto na aula 19, quando trataremos do processo de formação das palavras. No entanto, durante o desenvolvimento do curso, você irá tomando conhecimento desse processo, haja vista a necessidade de conhecer os componentes imediatos da palavra para exercitar a aplicação de desinências ao radical. Nesta aula, porém, o seu interesse deve concentrar-se na identifi cação das funções sintáticas que as palavras assumem nas frases para relacioná- las entre si e imprimir sentido à sentença. Para trabalhar as palavras latinas, você precisa ter um bom conhecimento de análise sintática. Observe como a função sintática interfere na forma das palavras. Você já deve ter visto as expressões latinas que são apresentadas a seguir. Nelas a palavra DEUS vai aparecer em formas variadas a depender da função sintática exercida na frase. Em português, não haveria qualquer alteração, seria a forma DEUS para qualquer função. No latim, é diferente. Observe: a) DEUSdet ou DEUSdedit (nomes de pessoas – signifi cando (que) Deus dê ou (foi) Deus (que) deu. Como sujeito das duas frases, a forma é DEUS. b) Agnus DEI (signifi ca Cordeiro DE DEUS (divino). Na função de ad- junto adnominal restritivo, a forma DEUS que serviu para o sujeito nas frases anteriores, já não serve mais para esta frase. A forma correta é DEI. c) DEO gratias ( quer dizer graças A DEUS ). A palavra Deus agora é um objeto indireto e deve ser escrita DEO. d) Te DEUM laudamos (parte de um canto de ação de graças (louvamos-te Deus). Agora, como objeto direto, a forma da palavra já deve ser DEUM. O exemplo acima é apenas um demonstrativo de como o latim trabalha suas palavras. Imagine que esse processo deve ser feito com todas as palavras variáveis, de modo especial, substantivos e adjetivos. Não adianta, portanto, decorar uma única forma de cada palavra e nem se desesperar imaginando uma loucura de formas para assimilar. Fique tranqüilo! Você não vai precisar memorizar nada. Você Morfológica Diz respeito às for- mas que as palavras apresentam na lin- guagem. Nesse es- tudo são analisadas as configurações de gênero, número, classes e os proces- sos de formação a que obedecem as palavras. Léxica Repertório de pala- vras de uma língua, o inventário de to- dos os termos usa- dos para a efetiva- ção de uma língua. Sintática Combinação entre funções devidam- ente reconhecidas para, fi nalmente, ser possível a comuni- cação além da sim- ples palavra isolada e no contexto mais amplo da frase. Criação de Adão (detalhe), de Michelangelo (Fonte: http://studentorgani- zations.missouristate.edu). 44 Fundamentos da Língua Latina receberá um quadro em que todas as formas estarão contidas.Se você souber análise sintática e estiver bem certo da função das palavras nas frases, irá buscar no lugar certo do quadro aquela forma que lhe interessa, naquele momento, para aquela frase específi ca. Certamente não é um trabalho muito fácil, sobretudo pela falta de segurança em análise sintática, assunto já tantas vezes estudado. Tenha certeza de uma coisa: será bem mais difícil a questão da sintaxe do que do próprio latim em si mesmo. O terror do latim sempre foi a obrigação de saber de cor as declina- ções, os verbos. Esse método está superado, embora muitos mestres ainda o adotem – até por certo prazer doentio de mostrar que os alunos nada sabem. Fazendo isso, estão desestimulando os alunos e negando ao latim as boas chances de ser uma disciplina agradável, leve, cuja necessidade, pelo menos nos cursos de Letras, é inquestionável. Portanto, nada de decoreba! Importante é saber consultar, é saber buscar no lugar certo, depois de ter plena consciência da função de cada palavra na frase em apreço. REVISANDO A ANÁLISE SINTÁTICA Para o estudo do latim, é indispensável conhecer os termos da oração, ou seja, de uma palavra ou conjunto de palavras com que se exprime o pensamento. As gramáticas são unânimes em referir-se aos termos da oração por ordem de importância: Essenciais > Integrantes >Acessórios. Aqui se faz uma proposta em que alguns dados podem ajudar a mel- hor compreender o assunto. Por ordem de importância, observe sinais e números e a própria designação usada para cada termo: 1. + (mais) Essenciais: signifi ca dizer que não se pode expressar um pensam- ento sem estes termos. Eles demonstram o que é a essência da comunicação. São eles o sujeito e o predicado. 2. + ou – (mais ou menos) Integrantes ou Complementares: signifi ca dizer que eles ajudam, completam o pensamento, mas não são totalmente ne- cessários. Sem eles, a frase fi ca sem complemento, mas não sem a essência. São eles: o objeto direto, o objeto indireto, o complemento nominal e o agente da passiva. 3. – (menos) Acessórios: signifi ca dizer que eles não têm grande importância na compreensão da frase; funcionam como enfeites. São eles: o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o aposto (o vocativo é analisado como um caso à parte, mas muitos o concebem como termo acessório). O estudo do latim vai exigir de você um completo senso de identifi - cação de cada termo. Aqui não é conveniente fazer uma revisão completa 45 Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula 4do assunto, mas procure entender o verda deiro signifi cado de cada termo e muitas difi culdades desaparecerão. Por exemplo: TERMOS ESSENCIAIS Sujeito – para o latim, não importa se é o que sofre ou pratica a ação. Importa que ele é sub-jectus, ou seja, o que está lançado por baixo da ação verbal. Assim, em frases como “Pedro caiu”, “Pedro morreu”, “Pedro comprou”, “Pedro gosta”, “Pedro concede”, por baixo da ação verbal está o sujeito “Pedro”. Predicado – é o que diz, é o que se prega. Praedicare é dizer, falar. Nas frases acima, os verbos são os predicados. O que se pregou, se falou de Pedro é que ele caiu, morreu, comprou etc. Certamente não faz parte da essência do predicado informar se ele caiu agora, ontem, de fraqueza, da escada etc. Esses elementos são termos acessórios e não têm importância para a essência da compreensão da mensagem. TERMOS INTEGRANTES Quando os verbos ou os nomes querem complementos, os termos integrantes vão aparecer. Nas frases que ilustram o sujeito, ninguém vai perguntar: “morreu o quê?”. Mas alguém pode querer saber “comprou o quê?”. É que os verbos são diferentes. O verbo transitivo quer um comple- mento: o verbo intransitivo, porém, não o requer. Os termos que completam o sentido das frases são: o objeto direto, o objeto indireto, o complemento nominal e o agente da passiva. Ob-jectus, diferentemente do sub-jectus, é lançado diante de, depois de. Isso pode acontecer diretamente (sem preposição, como no caso do objeto direto) e indiretamente (com preposição, como no caso do objeto indireto). Esse mesmo complemento, se for pedido por um nome, será um complemento nominal. Alguém que diz: “acho que ainda não estou apto...”, certamente vai ouvir a pergunta: “apto para quê?” Isso ocorre porque o nome apto exige um complemento que esclareça o sentido da frase. O agente da passiva supõe alguém que age (agente) para que o outro sofra a ação. Importante é saber distinguir a voz do verbo, se é ativa, pas- siva ou refl exiva. Na frase: “A criança foi atacada pelo cão”, o verbo está na voz passiva, logo o termo em destaque é o AGENTE DA PASSIVA. O cão agiu para a criança sofrer a ação. 46 Fundamentos da Língua Latina TERMOS ACESSÓRIOS Os termos acessórios têm um sentido semelhante ao que conhecemos, por exemplo, sobre acessórios de um carro (adesivos, antena, som etc.). Na oração, existem elementos que apenas enfeitam, não tendo peso sobre a signifi cação essencial da mensagem. Pedro (sujeito) caiu (predicado) ontem da escada por causa da fraqueza (acessórios). Outro exemplo: O governador (sujeito) concedeu (predicado) audiência (integrante) a grevistas (integrante) ontem à tarde no gabinete (acessórios). Como você percebe, essas noções básicas servem para situar a im- portância do conhecimento de análise sintática para o estudo do latim. Para melhor domínio do assunto, é recomendável fazer uma revisão completa com apoio de uma boa gramática. (Fonte: http://modaparausar.fi les.wordpress.com). OS CASOS LATINOS Para bem trabalhar o latim, é necessário identifi car com segurança os termos da oração na frase e a função exata de cada termo. O latim exige que as palavras sejam distribuídas de acordo com os casos apropriados a cada função. São seis os casos latinos que assim se distribuem pelas diferentes funções sintáticas: 1. Nominativo – É o caso do sujeito e do predicativo do sujeito. É tam- bém o caso em que se enuncia simplesmente um nome e, por vezes, o da exclamação. 2. Genitivo – É o caso do adjunto adnominal restritivo ( possessivo ou qualifi cativo, representado por um substantivo e precedido da preposição de) e alguns complementos nominais de substantivos e do partitivo. Para não confundir-se: a ocorrência do genitivo exige a preposição DE cercada 47 Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula 4de substantivo: Imperador (substantivo) DE Roma (substantivo), logo o segundo termo (Roma) é um genitivo. O mesmo não acontece com Cheguei (verbo) DE Roma (substantivo) em que o segundo termo (Roma) é um adjunto adverbial de lugar – ablativo. 3. Vocativo – É o caso do chamado, da interpelação e, por vezes, da ex- clamação. 4. Dativo – É o caso do objeto indireto e alguns complementos adnominais. 5. Ablativo – É o caso dos adjuntos adverbiais não preposicionados ou regidos por preposições especiais, do agente da passiva, do complemento de comparação, do sujeito de particípio em orações reduzidas (ablativo absoluto) a depender da preposição. 6. Acusativo - É o caso do objeto direto, da exclamação, e do sujeito e do predicativo em orações infi nitivas, predicativo do objeto direto e adjuntos adverbiais a depender da preposição. ATIVIDADES Agora você construirá um quadro relacionando os casos latinos às fun- ções sintáticas específi cas. Neste quadro, além de cada caso relacionado à função sintática específi ca (e nenhuma função sintática deve ser esquecida), é necessário eleborar frases em português que ilustrem cada situação. Esta atividade vai permitir uma assimilação completa da relação dos casos latinos com as funções sintáticas. Sem esta segurança, fi ca impraticável a compreensão do latim e o prosseguimento dos estudos nesta área. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Como você percebe, cada palavra declinável latina possui12 formas, sendo 6 para o singular e 6 para o plural. A escolha de uma dessas formas vai depender, primeiramente, do número e aí já se eliminam 6 formas, caso esteja a palavra no singular ou no plural. Daí, a escolha das seis formas em questão vai ser orientada pela função sintática da palavra na frase. Há também que se reconhecer o Adjunto Adnominal Restritivo. Este vem sempre precedido em português pela preposição de e leva a palavra regida por esta para o caso genitivo. Ex.: Imperador de Roma – de Roma – é restritivo – vai para o genitivo. Imperador Romano – romano. Vai acompanhar Imperador em gênero, número e caso. Não sendo, portanto, restritivo, o adjunto é um simples adjetivo, 48 Fundamentos da Língua Latina concordando em gênero, número e caso com o substantivo que ele determina. Por isso, você pôde ver que, na relação entre casos e funções, não aparece o adjunto adnominal, nem aparece o aposto. Essas funções sintáticas podem ir para qualquer caso, a depender do elemento principal a que estejam ligadas. Assim, você pode encontrar aposto e adjunto adnominal em qualquer dos casos latinos a depender da posição sintática do termo fundamental (sujeito, vocativo, objeto direto etc.) Aí eles terão o mesmo caso das funções principais a que eles servem. Observe os seguintes exemplos e veja como aposto e adjunto adnominal podem estar relacionados a qualquer caso: Aposto e adjunto adnominal do sujeito: José, meu fi lho, esteve aqui. Objeto direto: Encontrei José, meu fi lho, na porta de casa. Adjunto adnominal restritivo: Os livros de José, meu fi lho, foram roubados. Agente da passiva: Todo este trabalho foi realizado por José, meu fi lho. Objeto indireto: Dei os melhores livros a José, meu fi lho. Vocativo: José, meu fi lho, tem paciência! Adjunto adverbial: Resolvi sair com José, meu fi lho. Na distribuição das funções entre os casos, você notou que, apesar de exercer função bem secundária, o vocativo tem um caso só para ele. ATIVIDADES Reconheça as funções sintáticas das palavras em destaque e identifi que os casos latinos a que elas se destinam. Justifi que, de forma breve, sua resposta. a) Encontrei Maria saindo de casa. b) A mãe de Pedro plantou rosas brancas no jardim adubado. c) Pedro, meu fi lho, olha com quem andas! d) Dei presentes valiosos ao fi lho de minha tia. e) As crianças desaparecidas foram localizadas por aquele policial. 49 Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula 4 COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Aos poucos você vai aprendendo a associar os casos latinos às funções sintáticas, e esta compreensão é fundamental para trabalhar as frases e dominar o mecanismo da língua. Aceite, portanto, a sugestão de fazer uma séria revisão de análise sintática de acordo com a gramática tradicional. Isso deve ser realizado imediatamente, porque é impossível progredir no conhecimento do latim sem este domínio de análise sintática. CONCLUSÃO Em latim, não existe uma forma única para as palavras variáveis, mas elas devem variar de confi guração de acor- do com a função sintática exercida nas frases. Um exemplo, em português, pode ilustrar o processo das declinações: a forma do pronome pessoal eu é própria do sujeito, enquanto as formas me ou mim são específi cas para a função de complemento. Assim, você pode dizer: Eu vou chegar atrasado hoje / Traga um livro para eu ler. Mas deverá dizer: Traga um livro para mim. Você poderia ajudar-me. Também em português, em alguns casos, existem formas específi cas para funções sintáticas específi cas. Não é preciso precipitar-se! As funções sintáticas relacionadas aos casos latinos serão sempre revistas e explicadas, facilitando, assim, a mais completa assimilação do tema. De início você certamente terá difi culdade, mas tenha plena convicção de que o domínio da análise sintática pode ser maior problema do que o latim em si mesmo. 50 Fundamentos da Língua Latina RESUMO Esta aula mostrou os procedimentos de uma língua fl exional. Em latim as palavras se declinam, isto é, elas variam a forma de acordo com a função sintática das palavras nas frases. As palavras vão ganhando a forma apro- priada e isto faz com que uma determinada forma sirva para uma frase, mas não sirva em outra frase se a função sintática não for a mesma. Existem, para cada palavra declinável, seis formas do singular e seis do plural. Você não precisa decorar as declinações, pois encontrará, no quadro, todas as formas que a palavra tem para serem usadas de acordo com a função sintática. Conhecendo o número da palavra na frase, você já elimina seis formas. Dentre as outras seis formas do número específi co, a escolha vai ser de- terminada pela função sintática, ou seja, o caso será aquele que contempla exatamente a função sintática em pauta. ATIVIDADES As atividades propostas visam ao pleno conhecimento das funções sintáticas e à distribuição correta dos casos latinos: I – Responda: 1. O que signifi ca dizer que o latim é uma língua fl exional? 2. O que é declinar uma palavra? 3. O que você entendeu por caso? 4. Quais são os casos latinos? 5. Por que na distribuição das funções sintáticas pelos casos latinos não há referência ao caso do aposto e do adjunto adnominal? Explique. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES Quanto ao item 1, sabemos que, diferentemente das línguas modernas, o latim possui desinências próprias para cada função sintática, mas as formas estão apresentadas no quadro das declinações, você não precisa decorar nada, basta saber consultar. Já no item 2, lembre-se que declinar signifi ca descer, cair (o sol declina no horizonte) e é este o processo das palavras em latim: você deve ir descendo na lista de cada declinação, de forma vertical, até achar a forma apropriada a cada frase que está sendo trabalhada. Referente ao item 3, esclarecemos que o nome ocaso; signifi ca queda (o sol está no seu ocaso; Maria esta de caso com o porteiro) ou seja, quedado, pendido em direção a. O processo de declinação é, pois, um processo de queda, de cima para baixo, você vai descendo até achar a forma que convém à frase em questão. 51 Análise sintática e articulação das palavras em latim Aula 4 No tocante ao item 4, lembramos que os casos latinos são seis e eles já foram apresentados nesta lição, é só recordá-los. Referente ao item 5, relembramos que aposto e adjunto adnominal podem direcionar-se a qualquer caso a depender do termo fundamental a que eles se ligam. II – Identifi que com F ou V o Falso ou o Verdadeiro: 1. O ablativo é o caso do adjunto adnominal restritivo ( ). 2. O nominativo é o único caso do sujeito ( ). 3. O objeto indireto destina-se ao caso dativo ( ). 4. O predicativo do sujeito pode ir para o acusativo ( ). COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES As respostas a esta questaõa já foram comentadas durante a aula. Tente comparar as suas respostas com o conteúdo expresso na aula. III- . Na frase: Quando saí de Roma, senti saudades, a expressão sublinhada é um adjunto adnominal restritivo por causa da preposição de? COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES A resposta é não. A preposição DE, que caracteriza o adjunto adnominal restritivo, deve estar cercada de substantivos, o que não se verifi ca na frase em questão. REFERÊNCIAS CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1989. COMBA, Júlio. Gramática latina. São Paulo: Salesiana, 1981. FURLAN, Oswaldo Antônio. Latim para o português. Florianópolis: EDUFSC, 2006. MACHADO, Luiz. Uma nova visão do latim pelo uso da inteligência. Rio de Janeiro: Cidade do Cérebro, 1999. SOARES, João S. Latim 1 – Iniciação ao latim e à civilização romana. Coimbra: Almedina, 1999. TARALLO. Fernando. Tempos lingüísticos. São Paulo: Ática, 1994. AS DECLINAÇÕES LATINAS. ESTUDOS DA PALAVRA DE 1ª DECLINAÇÃO META Explicar
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