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01/06/2017 Controle mecânico do biofilme *A placa bacteriana é um biofilme bacteriano de difícil remoção da superfície dentária. *Os produtos do biofilme bacteriano são conhecidos por iniciarem a cadeia de reação que levam à proteção do hospedeiro, mas também à destruição do tecido. *A placa pode ser supragengival ou subgengival, e pode ou não estar aderida ao dente ou aos tecidos. *A composição da placa bacteriana varia de pessoa para pessoa e de sítio para sítio dentro da mesma boca. *Existem evidências substanciais demonstrando que a placa e a gengivite/periodontite podem ser controladas, com segurança, através da escovação, auxiliada por outros procedimentos mecânicos de limpeza. *As medidas de higiene oral são relativamente ineficazes quando usadas sozinhas, no tratamento de formas moderadas ou graves de periodontites. *Sem um adequado nível de higiene oral, indivíduos suscetíveis a periodontite apresentam uma tendência à deterioração da saúde periodontal com o estabelecimento da periodontite, e nova perda de inserção pode ocorrer. Características desejáveis da escova dental: 1. Deve atingir todos os sítios; 2. Facilidade de manipulação; 3. Cerdas macias e arredondadas; 4. Filamentos de poliéster ou náilon com extremidade arredondada de diâmetro não-superior a 0,23mm. Métodos de escovação: - Escovação horizontal: a cabeça da escova fica posicionada perpendicular à superfície do dente e aplica-se o movimento horizontais. As superfícies oclusais, linguais e palatinas são escovadas com a boca aberta, enquanto a vestibular é limpa com a boca fechada para diminuir a pressão da bochecha sobre a escova, conforme mostrado nas imagens 1 e 1.1. - Escovação vertical (Técnica de Leonard, 1939): semelhante à da horizontal, porém o movimento é aplicado na direção vertical, utilizando a movimentação para cima e para baixo, conforme mostrado na imagem 2. - Escovação circular (Técnica de Bass, 1948): a cabeça da escova é posicionada numa direção oblíqua voltada para o ápice radicular (para posicionar a escova em uma posição intra-sulcular). A escova é deslocada no sentido ântero-posterior em movimentos rítmicos curtos. Na superfície lingual, a escova trabalha na vertical (essa técnica pode alcançar uma profundidade de 1mm subgengivalmente), conforme mostrado na imagem 3. - Técnica vibratória (Técnica de Stillman, 1932): a cabeça da escova é posicionada numa direção oblíqua voltada para o ápice da raiz, com cerdas localizadas parcialmente na gengiva e na superfície dos dentes. Uma leve pressão, juntamente com o movimento vibratório (leve), é então aplicada sobre o cabo, sem que a escova seja deslocada de sua posição original, conforme mostrado na imagem 4. - Técnica vibratória (Técnica de Charters, 1948): a cabeça da escova é posicionada em uma direção oblíqua à superfície dentária, com a direção das cerdas voltada para a superfície oclusal ou incisal. Leve pressão é usada para flexionar as cerdas em direção aos espaços interproximais. Um movimento vibratório (leve) é aplicado sobre o cabo, enquanto a ponta da cerda se mantém no mesmo lugar, conforme mostrado na imagem 5. - Técnica de rotação: a cabeça da escova é posicionada numa direção oblíqua voltada para o ápice da raiz, com cerdas localizadas parcialmente na gengiva e na superfície dos dentes. As cerdas são pressionadas levemente contra a gengiva. A cabeça da escova é então girada sobre a gengiva e dentes na direção oclusal, conforme mostrado na imagem 6. - Técnica de Bass/Stillman modificada: a escova é colocada de maneira semelhante nas técnicas de Bass e Stillman. Após a ativação da cabeça da escova na direção ântero-posterior, a cabeça da escova é então girada sobre a gengiva e os dentes na direção oclusal, tornando possível que algumas cerdas alcancem o espaço interproximal, conforme mostrado na imagem 7. IMAGENS: Imagem 1 IMAGEM 1.1 IMAGEM 2 IMAGEM 3 Escovação: - Frequência: 2x ao dia é suficiente para evitar sinais clínicos de inflamação nos tecidos. - Duração da escovação: 30 à 60 segundos. - Substituição da escova dental: quando as cerdas começarem a se abrir ou se esfiapar-se, independentemente do tempo de uso, pois o uso padrão difere de indivíduo para indivíduo. Recomenda-se trocar de escova à cada 3 meses. *Escovas elétricas: não necessitam de técnicas especiais. - o paciente deve apenas imprimir correta pressão e repousar cerdas da escova sobre margem livre da gengiva. - Indicações: Crianças – estímulo fisiológico; Pacientes com destreza manual deficiente; Pacientes pouco motivados; Pacientes com dificuldade de controlar a escova manual; Pacientes ortodônticos; Pacientes hospitalizados; IMAGEM 4 IMAGEM 5 IMAGEM 6 IMAGEM 7 *Escova de dentes eletronicamente ativa (iônica): enviam pequenas e imperceptíveis correntes eletrônicas através da sua cabeça, presumivelmente para melhorar a eficiência da escovação e eliminação da placa. Os elétrons poderiam reduzir os íons H+ dos ácidos orgânicos na placa, resultando da decomposição da placa bacteriana. Limpeza interdental: - Fio e fita dental: é a técnica mais recomendada. São mais úteis onde a papila interdental preenche completamente o espaço interproximal. - Palito dental: a diferença-chave entre um palito dental e um palito de madeira está relacionado ao desenho de secção triangular. Os palitos de madeira são inseridos no espaço interdental de forma que a base do triângulo repouse sobre o lado gengival. O vértice do triângulo deve ser direcionado oclusal ou apicalmente, de modo que os lados do triângulo estejam em contato com as superfícies dentárias proximais. Recomendado mais para pacientes com espaços interdentais abertos e, nesses casos, são excelentes substitutos do fio dental. É um pouco difícil de ser utilizado na região lingual, já que a secção triangular deve passar no espaço interproximal sob um ângulo específico. Em dentição saudável, pode retrair a margem gengival e em longo período de uso, pode causar perda permanente da papila e abertura dos espaços interproximais. - Escovas interproximais: alternativa ao palito dental. Cerdas de náilon macio torcidas em um fio fino de aço inoxidável. É o melhor método auxiliar de escolha quando superfícies radiculares expostas apresentam concavidades e ranhuras. Também é a melhor escolha para limpeza delicada das áreas de defeitos de furca Grau III (lado a lado). Devem ser usadas sem dentifrícios, a fim de evitar o risco de abrasão - Escova unitufo: as cerdas são colocadas diretamente na área a ser limpa, sendo então ativado um movimento de rotação. Melhora o acesso das superfícies distais dos molares superiores, dente mal posicionados, girados, para limpar em torno de próteses ficas parcial ou sob estas, pônticos, dispositivos ortodônticos ou attachment (anexo) de precisão, e também limpar dentes afetados por recessão gengival e margem gengival irregular ou área de envolvimento de furca. Métodos auxiliares: - Dispositivo de irrigação dental: o uso diário de irrigação oral tem mostrado reduzir placa dental, cálculo, gengivite, sangramento, profundidade de bolsa, patógenos periodontais e mediadores da inflamação do hospedeiro. O jato de água pulsátil é melhor que o jato de água contínuo. Não é monoterapia e sim um adjunto que melhora ou suplementa outros métodos de cuidados caseiros (escovação e fio dental). - Raspadores de língua: os raspadores de língua são mais efetivos do que as escovas na limpeza da língua. - Dentifrícios:causa redução no crescimento da placa bacteriana após a escovação comparada com a escovação utilizando apenas água - Esponjas, swabs ou dedeiras: dedeiras são comercializadas como um método de remoção de placa quando a escovação não é possível (o uso não substitui o regime de escovação diário). O swab é montado sobre o dedo indicador da mão de escovação (utiliza a agilidade e a sensibilidade do dedo). Esponjas dentais assemelham-se a uma esponja macia colocada sobre um estilete e tem sido utilizadas em pacientes hospitalizados para limpeza e hidratação intra-oral (não é substituta para a escova de dentes manual). Quando embebida com clorexidina pode ser tão efetiva quanto à escova de dentes normal para controlar níveis de placa e gengivite. Efeitos colaterais: - A força de escovação ideal é a de 300g (tanto para crianças, quanto para adultos). Estudos mostraram que a escova elétrica possui força inferior comparada à escova de dentes manual. As forças que excedem 300g podem causar dor e sangramento gengival. Porém fatores como ação da escova, tamanho da cabeça da escova, tempo de escovação e habilidade manual influenciam na boa escovação. - Abrasão por escovação: ocorre devido a um excesso de pressão da escova e do número de episódios/tempo de escovação. Fatores influenciadores incluem também as características da escova dental (acabamento e dureza das cerdas), abrasivos presentes nos dentifrícios são a principal causa de lesão teciduais graves, enquanto as lesões nos tecidos gengivais são causados pela escovação. Motivação do paciente: - A motivação é imprescindível para o sucesso da terapia periodontal. Rylander e Lindhe recomendaram que a instrução de higiene oral seja oferecida durante uma série de visitas, possibilitando ao paciente um feedback imediato e reforçando os cuidados orais caseiros, portanto a instrução de higiene oral deve ser adequada para cada paciente individualmente com base nas suas necessidades pessoais.
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