Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PERIODONTIA I | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA INTRODUÇÃO Apresentar de modo sistematizado os conhecimentos da anatomia do periodonto, apresentar a morfologia do periodonto, identificar as alterações e diferença de um tecido saudável e doente. A mucosa difere da pele por representar um epitélio que reveste as regiões úmidas do corpo, enquanto a pele apresenta uma superfície seca. DESENVOL VIMENTO DO PERIODONTO A principal função do periodonto – inserir o dente no tecido ósseo da maxila e da mandíbula e a integridade da superfície. O periodonto é composto anatomicamente por: Gengiva livre e inserida (mucosa); Cemento radicular; Osso alveolar propriamente dito (lâmina dura); Ligamento periodontal O periodonto surge a partir do folículo dentário durante a formação dos dentes; e tem como principal função inserir o dente no osso alveolar (ancoragem); além de recobrimento, proteção marginal e sustentação do dente. O processo de formação do periodonto começa no início da fase embrionária, quando as células da crista neural migram para o 1° arco braquial, formando uma faixa e ectomesênquima abaixo do estomodeu (cavidade oral primitiva) ➢ O epitélio do estomodeu libera fatores que iniciam a interação do epitélio com o ectomesênquima que faz com que haja o desenvolvimento posteriormente. ➢ É então durante o estágio de capuz que as células ectomesenquimais a partir da condensação com o epitélio oral, dão origem ao folículo dentário, que origina os tecidos de suporte do dente (cemento, ligamento periodontal e osso alveolar) e a papila dentária origina o complexo dentina-polpa. O órgão dental é o órgão formador do esmalte. ➢ Os tecidos periodontais, inclusive o cemento acelular, desenvolvem-se durante a formação da raiz. VISÃO MACROSCÓPICA O periodonto é composto por uma mucosa mastigatór ia (queratinizada – atua como proteção), e uma mucosa alveolar (revestimento) – outro tipo de mucosa é a especializada, presente no dorso da língua. a) Mucosa mastigatória: envolve a região que recobre o palato duro e uma porção da gengiva; delimitada na junção mucogengival (delimita a gengiva inserida) b) Mucosa especializada: dorso da língua c) Mucosa de revestimento (alveolar): corresponde á porção restante da cavidade oral. A gengiva é a parte da mucosa mastigatória que reveste os processos alveolares e circunda as porções cervicais dos dentes, até a linha mucogengival, que separa a mucosa alveolar da mucosa ceratinizada. A gengiva saudável apresenta uma coloração rósea/rosa pálido, de contorno festonado, consistência firme, com aspecto de casca de laranja e sem sangramento á sondagem. A DIFERENÇA ENTRE MUCOSA E GENGIVA A GENGIVA INSERIDA possui coloração rósea, queratinizada, firmemente inserida, lâmina própria espessa e poucas fibras elásticas. Atua como proteção, por ser bem queratinizada e varia de largura nas diferentes regiões da dentição: ➢ Largura vestibular: a gengiva é mais larga na área de incisivos, mais estreita na região de pré, e mais larga nos superiores ➢ Largura lingual: a gengiva é mais estreita na área de incisivos e mais larga na região de molares. Já a MUCOSA AL VEOL AR possui coloração avermelhada, não queratinizada, móvel, lâmina própria fina e numerosas fibras elásticas. A lâmina própria corresponde à camada de tecido conjuntivo subjacente á gengiva, abaixo do epitélio (vaso e nervos). OBS: quanto mais espesso, melhor para procedimentos reabilitadores. Não existe linha mucogengival no palato, uma vez que o palato duro e o processo alveolar da maxila são revestidos pelo mesmo tipo de mucosa mastigatória. Periodonto de proteção Periodonto de sustentação / inserção 2 PERIODONTIA I | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA PERIODONTO DE PROTEÇÃO MUCOSA CERATINIZADA – gengiva papilar, gengiva marginal e gengiva inserida FIBRAS ELÁSTICAS – mucosa alveolar Tecido conjuntivo denso com predomínio de fibras colágenas Anatomicamente, a gengiva se divide em Livre e Inserida. GENGIVA MARGINAL Circunda o dente como um colarinho, de forma arredondada com 1,5 a 2mm de espessura, formando a parede da margem gengival; se estendendo até o sulco gengival, correspondente a junção cemento-esmalte (JCE) GENGIVA INSERIDA Delimitada coronalmente pelo sulco gengival livre, ou quando ausente (presente de 30 a 40%), por um plano horizontal que passa pelo nível da junção cemento-esmalte (JCE). Apresenta aspecto de casca de laranja, rica em queratina, a partir das depressões ou pontilhado presentes por conta das papilas do tecido conjuntivo; estando finamente aderida ao osso alveolar e cemento subjacentes por meio de fibras do tecido conjuntivo. Seus tipos são especificamente estruturados para funcionar apropriadamente quanto á proteção contra injúrias microbianas e mecânicas. PAPIL A INTERDENTAL Ocupa a meia e é determinada pelo contorno da superfície/ ponto de contato e largura da superfície proximal. Nos anteriores a papila interdental tem formato piramidal e nos posteriores são mais achatadas no sentido V-L. Na região de pré-molares, os dentes possuem superfícies de contato proximais, e como a papila interdental segue o contorno da superfície de contato, forma-se uma concavidade nessa região, denominada ÁREA DE COL. Forma então uma porção vestibular e uma porção lingual da papilar interdental, com uma depressão da mucosa formada somente por epitélio juncional. Diferentemente do epitélio gengival, a área de col apresenta um epitélio não queratinizado, onde há uma dificuldade maior de higienização e maior impacção alimentar – é onde se inicia a periodontite, o local de predileção das bactérias periodontopatogênicas. A gengiva é composta por um tecido conjuntivo denso com predomínio de fibras colágenas, e apresenta um tecido de revestimento fibroso, que é a queratina. ANATOMIA MICROSCÓPICA Microscopicamente, o periodonto é composto por epitélio e tecido conjuntivo subjacente; sendo o epitélio que recobre a gengiva livre diferenciado em: EPITÉL IO ORAL Voltado para a cavidade oral, estende-se da marge m gengival até a linha mucogengival, formado por um epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, com alta renovação celular. Queratinócitos (90%), melanócitos na camada basal e células de Langerhans, que são células dendríticas apresentadoras de antígenos que atuam na resposta imune – ligadas por desmossomos (formando uma coesão sólida), exceto as de Merkel; uma célula clara. O epitélio oral queratinizado (orto – com núcleos, para – sem núcleos) é composto por camadas de epitélio: basal (germinativo), camada espinhosa, camada granulosa, camada córnea (queratina) A membrana basal é uma entidade só na microscopia ótica, mas na micrografia eletrônica é constituída por uma lâmina lúcida e uma lâmina densa, com fibras do tecido conjuntivo adjacente. A lâmina lúcida voltada para a membrana celular mantém-se aderida por hemidesmossomos e os tonofilamentos citoplasmátic os convergem para os hemidesmossomos. Funções de proteção e defesa TODOS os indivíduos, pouco ou intensamente pigmentados, apresentam melanócitos no epitélio. EPITÉL IO DO SUL CO OU SUL CUL AR É o epitélio voltado para o dente, se estendendo da crista da gengiva marginal até o limite coronal do epitélio juncional; revestindo o sulco gengival. É revestido por um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado ou 3PERIODONTIA I | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA paraqueratinizado; e apresenta apenas 2 camadas celulares – camada basal, espinhosa e granulosa. O sulco histológico mede 0,69mm e o sulco clínico mede de 1 a 3mm, até onde a sonda penetra. EPITÉL IO JUNCIONAL Forma um colar ao redor do dente, em que há um mecanismo de adesão com a superfície dentária, aderência epitelial, mantida por hemidesmossomos e não pelas células basais. Assim, a interface entre o esmalte e o epitélio juncional é semelhante á interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo. Composta por epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado com células cúbicas, localizado apicalmente ao epitélio sulcular. As células do epitélio oral possuem uma pequena quantidade de desmossomos, o que aumenta o espaço intercelular, garantindo a troca de componentes entre a lâmina própria e o dente para resposta imune (neutrófilos e fluido crevicular para hidratação) O epitélio juncional é mais largo próximo a coroa e menos espesso próximo á JCE. Apresenta somente uma camada basal e suprabasal e uma camada de células ligadas ao dente (células DAT) O limite entre o epitélio oral e tecido subjacente tem um trajeto ondulado, com papilas do tecido conjuntivo que se projetam para o epitélio, separadas por cristas epiteliais. Não há papilas entre o epitélio juncional e o tecido conjuntivo; assim, um aspecto morfológico característico do epitélio oral e sulcular é a existência das cristas interpapilares. L ÂMINA PRÓPRIA É o tecido subjacente ao epitélio gengival, o componente tecidual predominante da gengiva e do ligamento periodontal. Os componentes principais do tecido conjuntivo são as fibras colágenas (60%), fibroblast os (5%), vasos e nervos (35%) – integrados na matriz, uma substância amorfa. ❖ Os diferentes tipos celulares presentes no tecido conjuntivo são fibroblastos, mastócitos, macrófagos e células inflamatórias. FIBRAS DO TECIDO CONJUNTIVO As fibras do tecido conjuntivo extrínsecas presentes são produzidas pelos fibroblastos e podem ser divididas em: Fibras colágenas – constituinte predominante do tecido conjuntivo gengival (60%). A mais presente é a do tipo I, e são fibras mais predominantes e mais essenciais do periodonto (a menor unidade é o tropocolágeno). São divididas quanto ao seu tipo de inserção e trajetória que segue no tecido: Fibras circulares – circundam o dente como um anel Fibras dentogengivais – estão integradas no cemento supra-alveolar (cervical) em direção ao tecido gengival livre, em forma de leque. Fibras dentoperiosteais – estão integradas na mesma porção que as fibras dentogengivais, mas seguem uma trajetória em sentido apical sobre a crista óssea, terminando no tecido da gengiva inserida. Fibras transeptais – são fibras horizontais que se estendem entre o cemento supra-alveolar (cervical) de dentes adjacentes. 4 PERIODONTIA I | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA Fibras reticulares – são numerosas no tecido adjacente á membrana, encontradas na interface epitélio-tecido conjuntivo; composta por colágeno IV Fibras oxitalânicas – são fibras escassas na gengiva, porém numerosas no ligamento periodontal, paralelas ao longo eixo do dente; inserindo-se no CAFÉ e atuando na mecanotransdução Fibras elásticas – encontradas em associação a vasos sanguíneos, bem presente na mucosa alveolar (revestimento); e muito escassa na mucosa mastigatória DIMENSÕES BIOL ÓGICAS A altura do espaço biológico (inserção de tecido supracrestal), depende claramente do fenótipo periodontal. • Epitélio do sulco: profundidade de sulco (0,69mm) • Epitélio juncional: 0,97mm • Inserção conjuntiva: 1,07mm O epitélio juncional + inserção conjuntiva correspondem ao espaço biológico, que é de 2,04mm – també m denominado inserção do tecido supracrestal. Caso haja invasão da inserção de tecido supracrestal – respostas inflamatórias ao ‘’corpo estranho’’, periodonto tenta se remodelar para reestabelecer a distância biológica. São dimensões invioláveis em saúde, e caso seja violado, há múltiplos processos inflamatórios (edema, dor) e o espaço biológico deve ser reestabelecido a partir do aumento de coroa clínica. Em reabilitações orais, o limite do término deve ser de 0,5mm do sulco gengival. Num transplante ou enxerto gengival de mucosa alveolar (não-queratinizado) em contato íntimo com o dente, é formado um novo tecido gengival com características da mucosa mastigatória sobre o tecido transplantado; um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As células epiteliais migram do transplante de mucosa alveolar para o tecido conjuntivo gengival recém-formado. Dessa forma, o tecido gengival localizado heterotopicamente manteve sua especificidade original. Essa observação demonstra que as características da gengiva são geneticamente determinadas em vez de representarem uma adaptação funcional aos estímulos ambientais. DIAGNÓSTICO: • Visualização do término • Inflamação em áreas restauradas • Profundidade da sondagem • Radiográfico: proximidade da crista (interproximal é o padrão ouro) PERIODONTO DE SUSTENTAÇÃO O periodonto de sustentação é composto pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar (lâmina dura é a parte do processo alveolar que recobre o alvéolo, crista óssea alveolar é o ponto mais coronal do osso). Tem a função de manter o dente em posição e função, absorver forças mastigatórias, remodelação e homeostasia. L IGAMENTO PERIODONTAL É um tecido conjuntivo frouxo ricamente vascularizado e celular que circunda as raízes dos dentes e une o cemento radicular á lâmina dura e osso alveolar, separado coronalmente pelas fibras colágenas – tipo I e III – do tecido conjuntivo (dentoperiosteais e dentogengivais). Forma-se o espaço do ligamento periodontal (LP), que é mais estreito no terço médio da raiz. A principal função do ligamento periodontal é permitir a distribuição e absorção das forças produzidas durante a função mastigatória, pelo processo alveolar através do osso alveolar propriamente dito. Funções físicas (suporte e barreira): insere o dente no osso alveolar, transmite e absorve as forças oclusais para o osso alveolar, forma um arcabouço de proteção para vasos sanguíneos e nervos. Formativas (manutenção das estruturas dentárias): atua do processo de formação e reabsorção do osso alveolar; participação ativa nos processos de movimentação ortodôntica; atua no reparo do periodonto após lesões. Nutritivas: por ser altamente vascularizada, atua ativamente na distribuição de nutrientes aos tecidos periodontais Nervosa: respondem a estímulos potencialmente lesivos a estímulos de baixo limiar; mecanorreceptores detectam deformações mecânicas deles próprios ou de células adjacentes; nociceptores transmitem sensação de dor; presença de terminações nervosas livres O dente é unido ao osso por feixes de fibras colágenas que podem ser divididas de acordo com suas formas de arranjo: 1. Fibras da crista alveolar – a inserção é na porção mais cervical 2. Fibras horizontais – logo abaixo das fibras da crista alveolar 3. Fibras oblíquas – é o tipo de fibra mais presente, a partir dos 2/3 da raiz 5 PERIODONTIA I | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA 4. Fibras apicais – localizadas na região de ápice 5. Fibras interradiculares – surgem em região de furca em dentes multirradiculares. As fibras colágenas do ligamento periodontal surgem em associaçãocom a erupção do dente, estando localizadas na região marginal do osso alveolar; enquanto as fibras colágenas do tecido conjuntivo são produzidas pelos fibroblastos durante o processo de maturação do germe dentário. As fibras mais terminais que se inserem entre o osso e o cemento radicular são as FIBRAS DE SHARPEY, que são as principais fibras do ligamento periodontal mais calcificadas, ligadas às fibras principais (ancoragem). As células do ligamento periodontal (LP) são fibroblastos, osteoblastos, cementoblastos, osteoclastos, células epiteliais e fibras nervosas. Os fibroblastos estão alinhados ao longo das fibras principais, os cementoblastos revestem a superfície do cemento, e os osteoblastos revestem a superfície óssea. CEMENTO RADICUL AR É um tecido mineralizado, que recobre as superfícies radiculares, e ocasionalmente, pequenas porções das coroas dentárias. Não contem vasos sanguíneos e linfáticos, não tem inervação, não sofre remodelação e reabsorção fisiológicas (somente patológica), mas se forma continuamente ao longo da vida, deposição incremental. É ancorado no dente pelas fibras de sharpey. Contém fibras colágenas e proteínas não-colagênicas (tipo I; osteopontina e sialoproteína) e hidroxiapatita, e atua inserindo as fibras principais do ligamento periodontal á raiz e recobre a dentina radicular. CÉL UL AS DO CEMENTO RADICUL AR: Cementoblastos: produção do cemento celular e acelular, presentes no ligamento periodontal; de componentes não-colágenos da matriz interfibrilar (proteoglicanos, glicoproteínas, fosfoproteínas) Cementócitos: cementoblastos aprisionados na matriz do cemento que possuem prolongamentos citoplasmáticos utilizados para comunicação celular (transporte de nutrientes e metabólitos) Cementoclasto: reabsorção do cemento por processos patológicos. O cemento pode se apresentar em 4 diferentes formas, de acordo com Schoeper: 1. CEMENTO ACEL UL AR AFIBRIL AR (CAA) – encontrado na porção cervical do esmalte, formado quando o epitélio reduzido do esmalte regride, se estendendo até o CAFE. 2. CEMENTO ACEL UL AR DE FIBRAS EXTRÍNSEC A S (CAFE) – encontrada na porção cervical e média da raiz e contém principalmente as fibras de Sharpey sendo formada ao mesmo tempo da dentina e mais mineralizado; 3. CEMENTO CEL UL AR ESTRATIFICADO MISTO – encontrado no terço apical da raiz e nas áreas de ramificação (furca), mais presenta no terço apical, contendo fibras extrínsecas e intrínsecas. 4. CEMENTO CEL UL AR DE FIBRAS INTRÍNSECAS – contém células e fibras intrínsecas, com cementócitos aprisionados em lacunas na matriz. Há o cementoide por cementoblastos típicos. OSSO AL VEOL AR O osso alveolar (processo alveolar) é uma estrutura que atua como suporte e ancoragem do dente no alvéolo, com capacidade de remodelação, composto por cristais de hidroxiapatita (maior parte mineral) e colágeno tipo I. É a porção que forma e suporta os alvéolos dentários, formado após a erupção para promover a inserção óssea para o ligamento e desaparece quando o dente é perdido. Originado por células do folículo dentário; O processo alveolar tem uma espessura maior no lado palatino que no vestibular nos prés e incisivos; 6 PERIODONTIA I | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA As paredes externas são revestidas por osso cortical, que são internamente ocupados por osso trabecular (esponjoso) Os fenômenos de perda óssea nas faces livres são a FENESTRAÇÃO – perda fracionada de osso na porção marginal da raiz – e a DEISCÊNCIA – perda contínua de osso na porção marginal da raiz. O osso alveolar propriamente dito é composto por osso lamelar (maduro em anéis), composto por vasos sanguíneos do canal de Havers. O canal de Havers são uma série de tubos estreitos dentro do osso, por onde passam vasos sanguíneos e linfáticos e células nervosas, localizados na região mais compacta do osso para nutrir os osteócitos, osteoblastos e osteoclastos do ósteon. Os canais de Havers comunicam-se entre si por intermédio de canais transversais ou oblíquos, chamados de canais de Volkmann; A superfície externa do osso é revestida por uma camada de osteoblastos, que estão organizados no periósteo, e na superfície interna do osso, há um endósteo (espaço medular) onde há fibras colágenas compactadas. Os osteoblastos possuem prolongamentos citoplasmátic os utilizados para comunicação celular (transporte de nutrientes e metabólitos), que mantém contato entre si via canalículos. O osso alveolar renova-se constantemente em resposta ás demandas funcionais (cortical e esponjoso), como durante a inclinação dentária, que faz com que haja remodelação e neoformação óssea (osteoclastos e osteoblastos, na ordem) – novos canais de Havers são formados durante a decomposição óssea. A reabsorção óssea está sempre associada aos osteoclastos (derivado do monócito da medula óssea) – células grandes com múltiplos núcleos, especializadas na degradação da matriz. Ácidos são liberados e degradam a matriz (ácido lático), e os remanescentes eliminados por enzimas e fagocitose osteoclástica. Os osteoclastos produzem lacunas de Howship, depressões escavadas no meio da matriz. SUPRIMENTO SANGUÍNEO DO PERIODONTO O periodonto é suprido pelos ramos das artérias maxilares superior e inferior, a artéria dentária emite a artéria intrasseptal, que penetra a lâmina dura em todos os níveis do alvéolo pelos canais de Volkmann (ramos perfurantes). Ao chegar no espaço do ligamento periodontal, eles se anastomosam com os vasos sanguíneos originários da porção apical, antes de penetrar no canal radicular. As gengivas livres e inseridas são irrigadas por vasos sanguíneos supraperiosteais, que são os ramos terminais da artéria sublingual, da artéria mentual, da artéria oral, artéria facial, da artéria palatina maior, infraorbitária e artéria alveolar superior posterior. Em vez de unidades individualizadas de vasos, há um sistema de suprimento sanguíneo que vasculariza tecidos duros e moles do periodonto. Os vasos sanguíneos supraperiosteais emitem ramos para o plexo subepitelial, localizado imediatamente sob o epitélio oral da gengiva. Esse plexo forma alças capilares para cada uma das papilas do tecido conjuntivo que se projeta para o epitélio oral – eles se anastomosam com os vasos sanguíneos do LP e do osso. E sob o epitélio juncional há o plexo dentogengival (vênulas principalmente). 7 PERIODONTIA I | RODRIGO C. LUEDY | ODONTOLOGIA UFBA SISTEMA LINFÁTICO DO PERIODONTO Há uma rede extensa de capilares linfáticos (pequenos vasos), com uma única camada de células endoteliais. A linfa é absorvida através das paredes delgadas dos capilares, que passa para vasos linfáticos maiores, e antes de penetrar na circulação sanguínea, atravessa os linfonodos (a linfa é filtrada e suprida de linfócitos). A linfa dos tecidos periodontais é filtrada e drenada por linfonodos da cabeça e do pescoço: Linfonodos submentuais – gengiva vestibular e lingual dos incisivos inferiores Linfonodos cervicais profundos – gengiva palatina da maxila Linfonodos submandibulares – gengiva vestibular da maxila e gengiva vestibular e lingual de prés inferiores – demais dentes e periodonto com exceção do 3° molar e incisivos inferiores. Linfonodo jugulodigástricos – 3° molares NERVOS DO PERIODONTO Há receptores que registram dor, tato e pressão – nociceptores e mecanorreceptores; que possuem seu centro tróficono gânglio trigeminal, inervando o periodonto através dos ramos do nervo trigêmeo. Graças aos receptores presentes no LP, é possível identificar pequenas forças aplicadas ao dente – movimentos reflexos de abertura de boca são gerados se for encontrado uma partícula dura na mastigação. Ramos labiais superiores – a gengiva vestibular dos incisivos, caninos e pré-molares superiores – ramos do nervo infraorbital Ramos alveolares superiores posteriores – a gengiva vestibular na região de molares superiores (ramo do nervo maxilar) Nervo palatino maior – a gengiva palatina exceto na área de incisivos, que é inervada pelo nervo nasopalatino. Nervo sublingual – a gengiva lingual inferior – um ramo terminal do nervo lingual Nervo mentual – a gengiva, no lado vestibular dos incisivos e caninos inferiores, enquanto, no lado vestibular de molares, é inervada pelo nervo bucal. Na mandíbula, os dentes e seus ligamentos periodontais são inervados pelo nervo alveolar inferior e ramos do nervo incisivo, enquanto os dentes da maxila são inervadas pelo plexo alveolar superior. IMPLANTES OSSEOINTEGRADOS (NOVA PERSPECTIVA) Implantes osseointegrados Reabilitação Técnica cirúrgica Osseointegração (‘’uma conexão direta entre osso vivo e a superfície de um implante submetido a uma carga funcional’’) ANATOMIA PERIIMPL ANTAR 1. Tecido duro e mole – mucosa periimplantar 2. Semelhante a gengiva 3. Possui características clínicas e histológicas em comum 4. Quando saudável, firme e com coloação rósea 5. Mucosa periimplantar com cerca de 3mm em direção corono-apical 6. Tecido epitelial e tecido conjuntivo CARACTERÍSTICAS: • Epitélio oral queratinizado • Cobre a porção marginal do tecido conjuntivo periimplantar • Inserção via hemidesmossomos (epitélio não- queratinizado) • Selamento biológico (barreira epitelial) 2 fase • Barreira conjuntiva periimplantar é similar a inserção conjuntiva dos dentes • Fibras organizadas paralelamente a superfície do implante • Estendem-se da crista óssea a marge m periimplantar • BC periimplantar possui poucos vasos • Reforça teoria de baixa defesa e agressões exógenas As fibras estão dispostas paralelamente ao longo eixo do dente. Em condições normais, as fibras ficam oblíquas.
Compartilhar